Manuais - Prevenção e primeiros socorros em geriatria.docx

May 23, 2018 | Author: CdSakura | Category: Diabetes Mellitus, Hypertension, Skin, Insulin, Blood Pressure
Share Embed Donate


Short Description

Download Manuais - Prevenção e primeiros socorros em geriatria.docx...

Description

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

FORMAÇÃO TECNOLÓGICA

Data de Inicio: 25 de Maio de 2011 Data de Fim: 1 de Agosto de 2011 Formador (a): Cátia Duarte Localidade: Torres Vedras Carga Horária: 50 Horas

1 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

INDÍCE INDÍCE ......................................................................................................................... 2 OBJECTIVOS GERAIS................................................................................................. 3 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 3 PROGRAMA ................................................................................................................. 3 BENEFÍCIOS E CONDIÇÃO DE UTILIZAÇÃO DOS MESMOS .................................... 4 PÚBLICO-ALVO OU DESTINATÁRIOS DA FORMAÇÃO ............................................ 4 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 5 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................. 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 45 ANEXOS........................................................................ Error! Bookmark not defined.

2 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

OBJECTIVOS GERAIS Os formandos no final do curso deverão estar aptos a aplicar correctamente os conhecimentos e as competências adquiridas ao longo do curso.

OBJECTIVOS ESPECÍFICOS 

Identificar os factores e utilizar as medidas que contribuem para a prevenção de úlceras de pressão.



Reconhecer e utilizar medidas de prevenção do risco de acidente para a pessoa idosa no domicílio.



Identificar alguns factores que contribuem para o isolamento e imobilidade da pessoa idosa.



Actuar em situações de emergência.

PROGRAMA Úlceras de pressão 

Conceito de úlcera de pressão



Processo de desenvolvimento



Classificação



Factores de risco



Cuidados com a pele



Posicionamento



Transporte e manipulação do idoso

Risco de acidente 

Quedas



Intoxicações



Atropelamentos



Incêndios

Isolamento e imobilidade 

Envelhecimento físico e psicológico



Sedentarismo/desporto



Hábitos culturais/animação



Exercício físico e mobilidade 3 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO 

Patologias várias o

Hipertensão arterial

o

Diabetes

o

Arterial

o

Diabetes

Primeiros socorros 

Primeiros socorros o

Asfixia

o

Hemorragia

o

Traumatismo

o

Fracturas

o

Queimaduras

o

Reanimação cardiorrespiratória

BENEFÍCIOS E CONDIÇÃO DE UTILIZAÇÃO DOS MESMOS Este manual está elaborado com base numa linguagem técnica e com base teórica ao que será apresentado em contexto de sala de aula. Os formandos poderão ter neste manual um apoio teórico-prático para o desenvolvimento da sua futura actividade. O manual deverá ser utilizado como suporte das sessões teórico-práticas a ministrar na sala de formação. Todas as definições, rácios e conclusões estarão presentes neste manual.

PÚBLICO-ALVO OU DESTINATÁRIOS DA FORMAÇÃO Destinatários: Activos Empregados Idade: Igual ou superior a 18 anos Habilitações: Iguais ou superiores ao 6ºano de escolaridade

4 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

INTRODUÇÃO

Face às alterações a nível sócio demográfico, com o aumento da esperança média de vida e o consequente envelhecimento da população, surgem situações para as quais é necessário habilitar a população para não só a sua resolução, mas também para que as possamos prevenir. Assim, com este manual pretende-se providenciar conhecimentos que permitam aos formandos actuar na prevenção de úlceras de pressão e promover acções que promovam a sua cicatrização aquando da sua existência. Pretende-se também dotar os formandos de conhecimentos que permitam esclarecer acerca dos processos de envelhecimento e as alterações que ocorrem durante este, não só a nível físico, como social, psicológico e emocional, para que os formandos possam ter um papel activo na prevenção de acidentes. Por fim, quando a prevenção já não é possível, urge saber actuar nas situações em que há necessidade de prestar socorro, contendo este manual noções de socorrismo.

5 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

DESENVOLVIMENTO

1. PREVENÇÃO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO Uma úlcera de pressão é uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção

Conhecidas também por: Úlceras de decúbito e/ou Escaras, no entanto estes termos devem ser evitados.

PELE 

A pele é o maior órgão do corpo ADULTO



Pesa cerca de 2,7 a 3,6 kg



Cobre uma área de 1,9 m²



Espessura da pele varia de 0,5 (pálpebras) a 5 mm (zona escapular), consoante a localização no corpo



O pH cutâneo é de 4,5 a 6



Recebe quase 1/3 do volume de sangue circulante.



Produz cerca de 1250 células por dia para cada cm²



A pele é composta por duas camadas principais: Epiderme e Derme



A hipoderme ou tecido subcutâneo separa a derme das estruturas mais profundas (músculo e osso)

Epiderme 

Barreira protectora:



Protecção da perda de água da epiderme;



Manutenção da integridade cutânea contra barreiras físicas (forças de deslizamento, fricção, irritantes tóxicos).



Síntese da vitamina D;



Pigmentação (melanócitos); 6 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO 

Protecção contra UVA;



Reconhecimento alergénico (contém células Langerhans);



Estrutura de suporte



Força mecânica



Fornece nutrição



Resiste a forças de fricção



Resposta inflamatória

Derme

Tecido Subcutâneo ou Hipoderme 

Composto por tecido conjuntivo e adiposo o

Células adiposas: armazenam lípidos e regulam a temperatura corporal;



Contém grande parte dos vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos



Isolamento térmico;



Armazenamento calórico (energia);



Controlo da forma corporal;



“Absorvente de choque” mecânico.

Funções da pele  Actua como barreira para a perda de água e para lesões proveniente do ambiente externo, como a entrada de agentes tóxicos e microorganismos.  Os melanócitos exercem protecção contra os efeitos indesejáveis da radiação solar ultravioleta por meio da melanina, que a absorve amplamente.  Tem a importante função de percepção do meio.  As fibras de colágenio e de elastina da derme e sua substância fundamental conferem à pele propriedades viscoelásticas e de resistência.  A pele desempenha uma função endócrina, pois a acção da radiação ultravioleta sobre os queratinócitos forma a vitamina D3, que estimula a absorção de cálcio e fosfato no intestino.  A pele controla a temperatura através de diferentes mecanismos.

7 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Etiopatologia das UP •

Factores Internos - Existem inúmeros factores de risco que modificam tolerância tecidular e que contribuem para o aparecimento de UP. •

Idade •

Está diminuída a produção de vitamina D, resposta inflamatória, síntese de colagenio, angiogenese e velocidade de cicatrização.



A derme diminui 20% da espessura.



Existe também diminuição de até cerca de 50% da junção dermo‐epidermal



Poderá haver perda de massa corporal com consequente diminuição da elasticidade da pele.



Maior probabilidade de ocorrerem doenças crónicas que predispõem ao seu surgimento.



Uma vez existente, estas são mais difíceis de cicatrizar do que nos jovens.



Peso corporal •

Doentes emagrecidos, por se encontrarem desprovidos de gordura localizada sobre as proeminências ósseas, têm menor protecção.



Nos doentes obesos:



observam-se lesões tecidulares, muitas vezes precipitadas pelo posicionamento por arrastamento, pela dificuldade em mobilizálos.



a humidade resultante da sudorese, que ao acumular-se nas pregas cutâneas, causa maceração da pele.



Doenças sistémicas



Deficiente estado nutricional



Desidratação



Limitação de mobilidade •

Incapacidade de mover‐se significa que a pessoa não é capaz de aliviar a pressão das áreas sujeitas à mesma.



Risco de escorregar na cama ou na cadeira, causando fricção e forças de deslizamento.



Provoca estase na circulação periférica, especialmente nos membros inferiores. 8 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO •

Défices sensoriais •

Todos os doentes com pouca capacidade para reagirem de forma voluntária perante um incómodo têm um risco aumentado.



A perda de sensibilidade é mais preocupante que a limitação na mobilidade. O indivíduo imóvel com sensibilidade mantida consegue solicitar ajuda quando sente desconforto, enquanto que o indivíduo que tem a sensibilidade comprometida tolera pressões prolongadas com consequente desenvolvimento de úlceras de pressão.



Humidade •

A

excessiva

humidade

resultante

da

transpiração,

da

incontinência fecal e/ou urinária, do exsudado das feridas e da secagem inadequada da pele do doente, constitui um dos factores de risco. •

A sua presença diminui a resistência da pele conduzindo à maceração dos tecidos.



Factores Externos - Raramente ocorrem de modo isolado, verificando-se que todos eles estão implicados no desenvolvimento da maioria das UP. •

Pressão •

Carga perpendicular ou força exercida numa unidade de área.



• •





Dependente de: •

Intensidade;



Duração;



Tolerância dos tecidos.

A aplicação de pressão, por si só, não causa danos. A intensidade da pressão aplicada sobre a pele terá de ser suficiente para causar a oclusão dos vasos sanguíneos subjacentes. A pressão terá de ser aplicada durante o tempo suficiente para que ocorra uma lesão.

Tolerância dos tecidos •

Habilidade da pele e de suas estruturas subjacentes (vasos 9 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

sanguíneos, fluído intersticial, colagénio) de suportar pressão sem sequelas adversas, ou seja, redistribuir a pressão aplicada. •

Depende de factores intrínsecos.

Desenvolvimento da UP 1. Oclusão do fluxo sanguíneo cutâneo e consequente dano devido à reperfusão abrupta do leito vascular isquémico; Pressão Local

•Microcirculação Restabelecida

Resposta Hiperémica Reactiva

Alivio da Pressão local

•Obstrução Vascular por GB e GV

Oclusão do fluxo sanguíneo

•Obstrução do lúmen vascular

Fenómeno de REDUÇÃO/ AUSÊNCIA de fluxo

2. Dano endotelial das arteriolas e da microcirculação devido à aplicação de forças de fricção e de deslizamento;

Distorção dos vasos sanguíneos

Mecanismos de coagulação (agregação de plaquetas)

Oclusão do lúmen dos vasos

Necrose

Oclusão directa dos vasos sanguíneos pela pressão externa durante um período prolongado, resultando em morte celular.

Pressão prolongada não aliviada

Não existe reperfusão celular

Morte celular

10 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Localizações mais comuns das UP

Avaliação das UP •

Localização



Dimensão



Forma



Sinus tratus/loca/fístula



Exsudado



Bordos



Tipo de tecido



Pele perilesional



Estádio • A UP é classificada do grau/categoria I ao IV em referência à profundidade de comprometimento tecidual e não da gravidade da lesão.

Estadio das UP UP Grau/categoria I • Pele intacta • Eritema não branqueável • Sem flictenas • Ultrapassa as 24 horas.

UP Grau/categoria II • Perda parcial da pele • Envolve a epiderme, a derme ou ambas. • É superficial • Apresenta-se como um abrasão ou flictena.

11 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

UP Grau/categoria III • Perda da espessura total da pele • Lesões ou mesmo necrose do tecido subcutâneo, não chegando até a fáscia muscular.

UP Grau/categoria IV • Destruição extensa • Necrose dos tecidos ou lesão muscular, óssea ou

das

estruturas

de

apoio

como

tendão

ou

articulações

PREVENÇÃO DAS UP • Manter a integridade tecidular, para prevenir lesões (cuidados com a pele) • Proteger contra efeitos adversos de forças externas (posicionamentos e recurso a superfícies de apoio) • Melhorar o estado nutricional • Melhorar os resultados dos doentes em risco por meio de programas educacionais (ensino ao doente e família)

CUIDADOS COM A PELE Promoção de uma higiene cuidada que permita manter a pele limpa, seca, hidratada e protegida. • Lavar a pele com sabão e água morna e após o banho secá-la cuidadosamente sem esfregar – a pele húmida é mais frágil e mais susceptível a lesões por fricção e a quebras cutâneas e tem mais risco de infecções. • Utilizar sabões ou substâncias de limpeza de baixo potencial irritativo. • Não utilizar soluções alcoólicas sobre a pele. • Aplicar cremes hidratantes, promovendo a sua absorção. • Dedicar uma atenção especial a zonas onde existiram lesões por pressão.

POSICIONAMENTOS • Posicionamento ou dispositivos correctos devem ser usados para evitar que as saliências ósseas fiquem em contacto umas com as outras. • Frequência do posicionamento, depende de: 12 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO 

Tolerância dos tecidos



Actividade e mobilidade da pessoa



Condição clínica global



Condição da pele



Superfícies de apoio em uso

• A frequência de reposicionamento necessária para prevenir isquémia é variável e desconhecida. • No entanto, através do reposicionamento regular o peso corporal é redistribuído e são introduzidas novas áreas de pressão. • O período de tempo deve ser definido no plano de tratamento individualizado, mas não deve exceder mais de 2 horas. • As pessoas devem ser encorajadas a se reposicionarem, quando possível. • Evitar o apoio sobre as proeminências ósseas. • Evitar o apoio sobre UP. • Evitar posicionar sobre proeminências ósseas que apresentem eritema não branqueável. • Manter os lençóis sempre secos, sem vincos e sem restos alimentares. • Posicionamento ou dispositivos correctos devem ser usados para evitar que as saliências ósseas fiquem em contacto umas com as outras. • Frequência do posicionamento, depende de: •

Tolerância dos tecidos



Actividade e mobilidade da pessoa



Condição clínica global



Condição da pele



Superfícies de apoio em uso

• Decúbito Semi-dorsal • Posicionar a pessoa em decúbitos laterais de 30º redistribuindo a pressão das proeminências ósseas para zonas de maior massa tecidular. • Evitar a carga directa dos grandes trocanteres (não confirmado; quando o estado clinico do doente o permite). • Decúbito Dorsal • Manter os calcâneos elevados com almofadas –“flutuação dos calcâneos”. • Manter a elevação da cabeceira da cama a a 30º ou inferior (se o estado clinico do doente o permitir). • Não colocar pressão indevidamente na tuberosidade isquiática e calcâneo. 13 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Evitar forças de cisalhamento. • Pés podem estar bloqueados e os joelhos flectidos para prevenir as forças de deslizamento

TRNASFERÊNCIAS • Proceder às transferências de modo correcto, não arrastando o doente. • Aplicar

dispositivos

de

elevação,

de

rolamento

ou

lençóis

aquando

transferências.

2. ENVELHECIMENTO “Envelhecer é um processo complexo, influenciado por múltiplos factores”

Ao contrário da doença, o envelhecimento é um fenómeno normal e universal. As alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se a um ritmo diferente para cada pessoa e dependem de factores externos, como o estilo de vida, actividades e ambiente, e de factores internos como a bagagem genética e o estado de saúde; o processo também resulta de factores externos, como o clima, as agressões físicas e psicológicas, as radiações, o estado nutricional, educação, medidas de higiene, etc.

Promover um Envelhecimento Saudável Plano Físico: • Praticar actividades múltiplas e variadas; • Trabalhar e ter um papel social; • Conservar a mobilidade física; • Manter ou modificar a mobilidade física; Plano Psicológico: • Querer aprender e evoluir, adaptar-se e modificar- -se; • Apelar à criatividade e invenção; Plano Social: • Criar novas e significativas relações; • Empenhar-se numa causa e alargar de experiências sociais; • Evitar o isolamento e ter um ou dois bons amigos; • Poder conservar a capacidade sexual ou emocional; • Adaptar-se à evolução social; 14 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Conservar as crenças religiosas. Intervenções para promover um Envelhecimento Saudável 1. Responsabilidade pessoal; • Implica que as pessoas de idade tomem a seu cargo o seu bem-estar; • Responsabilização dos idosos pelo seu estado de saúde e pela escolha e aplicação de medidas indicadas para o manter; • Verificação regular do estado de saúde e escutar as mensagens corporais e o desenvolvimento de uma percepção pessoal da saúde – pelo idoso; • Prevenção da doença e diminuição do stress físico; • Os idosos devem informar-se sobre a saúde e conhecerem os seus diferentes aspectos; • Devem agir correctamente e ser capazes de distinguir as suas forças e os seus limites; • O prestador de cuidados deve encorajá-los a assumirem-se como são e a visar o bem-estar óptimo. • Se uma pessoa “optar” pela doença ou for incapaz de ver a velhice de uma maneira positiva, o prestador de cuidados deve aceitar o facto e tentar ajudá-la sem julgar, tentando, no entanto, incutir hábitos de vida e de sobrevivência que melhorem a qualidade de vida. 2. Actividade física; • É um aspecto essencial à manutenção da saúde dos idosos; • Não existe qualquer doença crónica ou qualquer razão que impeça a elaboração de um programa de exercícios físicos – visando prevenir o envelhecimento prematuro e que actue directamente sobre as causas que predispõem às doenças degenerativas; • Visam repor a forma, melhorar e manter a condição física; • Têm de ter em conta os antecedentes e as capacidades do indivíduo e serem (principalmente) orientados para o fortalecimento e para o relaxamento; • O exercício permite ao idoso desenvolver uma atitude positiva e dinâmica quanto à saúde e ao bem-estar; • Aumenta as trocas gasosas e as reservas de oxigénio; • Diminui o stress, a rigidez e a fraqueza muscular; • Mantém a vitalidade e melhora a função cardíaca; • Pode baixar a gordura corporal; 15 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • A prática de exercício físico deve ser promovida, através da criação de programas específicos para cada doente, tendo em conta os antecedentes e capacidades do indivíduo. 3. Nutrição adequada; • Os principais problemas alimentares dos idosos relacionam-se com factores como a falta de conhecimentos sobre as necessidades alimentares e os maus hábitos; • A pobreza, a malnutrição, dificuldades económicas, falta de interesse e de motivação, depressão e isolamento social, bem como a perda de apetite em consequência da diminuição das papilas gustativas, vêm agravar os problemas de nutrição; • Devemos ajudar os idosos a informarem-se e a elaborar um regime alimentar que corresponda às suas necessidades; • Verificar (ocasionalmente) o nível de vitaminas, sais minerais e ferro que absorvem; • Deixar, na medida do possível, os utentes escolherem a ementa e informá-los sobre os bons hábitos alimentares; • Devem tornar as refeições agradáveis e convidar os idosos a comer acompanhados. 4. Adaptação ao stress; • O idoso deve desenvolver atitudes positivas face à sua saúde física e mental; • É preciso ensinar os idosos a reagir ao stress, utilizando a sua capacidade de adaptação para manter a homeostasia, que vai diminuindo com o avanço da idade; • Podemos ajudar o idoso a reconhecer as suas emoções básicas e a desenvolver estratégias de adaptação face às situações de stress; • Pode ensinar diferentes métodos de combater o stress: relaxação, meditação, treino autogénio, resolução de problemas, exercícios físicos, etc.; • Ensinar o idoso a adoptar atitudes positivas, como o “egoísmo altruísta”, isto é, primeiro olhar para si próprio, depois dar prazer a si próprio e, finalmente, dar prazer aos outros. 5. Organização do ambiente.  Embora a acção do ambiente sobre o envelhecimento seja ainda pouco conhecida, a poluição tem um efeito real no envelhecimento sobre o aparelho respiratório; 16 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO  Os idosos têm que recorrer a todos os meios à sua disposição para controlar o ambiente físico, psicológico e social;  Nem sempre é possível modificar os factores ambientais, mas há intervenções concretas que podem ajudar os idosos a conservar a energia, preservar o seu espaço pessoal e integrar-se no meio;  A escolha dos amigos, a integração numa rede de apoio, a socialização,… cabe ao prestador de cuidados apoiar e ajudar o idoso ao máximo, bem como pôr-se à disponibilidade do idoso de modo a integrá-lo e a ajudá-lo a superar os obstáculos provenientes do meio (físico ou social).

3. PRINCIPAIS PATOLOGIAS NO IDOSO A. Acidente Vascular Cerebral (AVC) Conjunto de sintomas de deficiência neurológica, durando pelo menos 24 horas e resultantes de lesões cerebrais provocadas por alterações da irrigação sanguínea.

Tipos de AVC •

AIT - Conjunto de sinais neurológicos que regridem completamente ao fim de alguns minutos ou, no máximo ao fim de 24 horas.



AVC HEMORRÁGICO - É provocado pela ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, que provoca duas situações distintas: o

Isquémia na zona distal ao rompimento do vaso, por insuficiência do fluxo sanguíneo;

o

Irritação local inflamatória provocada pelo sangue que sai do vaso, com consequente sofrimento das células nervosas e edema.



AVC ISQUÉMICO - É provocado pela oclusão de um vaso sanguíneo provocando um défice de oxigenação cerebral, e consequente isquémia dos tecidos. o

Esta obstrução pode ser provocada por um trombo (quando o obstáculo se forma no local), ou por um embolo (quando o obstáculo migra através da corrente sanguínea até um vaso de calibre mais pequeno, onde provoca a obstrução).

17 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Factores de Risco Mutáveis Imutáveis • HTA • Factores Genéticos • Diabetes Mellitus • Antecedentes pessoais: doença • Obesidade cardiovascular; AIT. • Dislipidémia • Raça: afro-americanos são 2vezes mais • Sedentarismo propensos a AVC trombótico e 3 vezes • Tabagismo mais propensos a AVC hemorrágico. • Álcool • Sexo: no sexo masculino a incidência é • Contraceptivos orais superior. • Idade • Idade: a maior parte dos AVC’s ocorrem • Consumo de drogas em pessoas com mais de 65 anos. • Arteriosclerose O RISCO AUMENTA QUANDO A PRESENÇA É CONCOMITANTE

SINAIS DE AVC • Desvio da comissura labial • Diminuição ou perda da força muscular num hemicorpo, bilateralmente ou num membro • Disartria • Confusão mental ABORDAGEM AO DOENTE COM AVC BASES FISIOLÓGICAS DO CONCEITO DE BOBATH •

O córtex cerebral esquerdo comanda os movimentos do lado direito do corpo e vice-versa. No entanto mesmo o planeamento de movimentos unilaterais (ex: levantar o braço esquerdo), precisa da coordenação de ambos hemisférios, pelo que a execução de movimentos do lado não afectado também pode estar comprometida.



Os movimentos são registados, pelo cérebro, como unidades funcionais, resultantes da informação combinada entre as funções sensoriais e motoras. Assim, um doente com alteração da percepção terá dificuldade em movimentar-se normalmente.



Plasticidade Cerebral – capacidade do cérebro humano de “criar” novas áreas para as funções perdidas fora das áreas lesadas. 18 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO •

Aprendizagem neuronal contínua – o cérebro humano mantem a capacidade de aprender ao longo da vida. Embora não distinga os conteúdos da aprendizagem sendo eles positivos ou negativos, podendo, por exemplo apreender os movimentos espásticos como normais.

PRINCIPIOS DE BOBATH •

Estimulação da percepção



Normalização do tónus muscular



Estimulação da mobilidade normal



Cuidados 24horas



Equipa terapêutica



Reabilitação precoce

POSICIONAMENTO DO DOENTE COM AVC •

Objectivos:



Combater a espasticidade;



Estimular a percepção;



Regular o tónus muscular;



Evitar o ombro doloroso e a síndrome do ombro-mão;



Preparação para os movimentos normais.



Decúbito dorsal O

Deve ser evitado, pois é considerada a posição do corpo que estimula mais

reflexos,

surgindo

frequentemente

reacções

espásticas

(especialmente se a cabeceira não estiver na horizontal); O •

A capacidade de percepção do doente não é estimulada.

Sentado no leito O

Adequado para alimentação, hidratação e comunicação, quando doente ainda não pode fazer levante.

O

Ter em atenção ao correcto posicionamento, pois é uma posição que pode favorecer o aparecimento de contracturas.



Posicionamento sobre o lado afectado O

Do ponto de vista terapêutico, é a forma mais adequada de posicionamento no leito, já que : 

Ocorre a estimulação do lado afectado pela pressão exercida pelo corpo;



Evita a posições espásticas da cabeça, ombro e braço; 19 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO 

A rotação do torso exerce um efeito regulador sobre o tónus muscular;



A flexão das pernas é extremamente importante para a futura retoma da marcha, já que o cérebro a reconhece.

O •

Doente permanece activo, pois pode mexer o lado não afectado.

Posicionamento sobre o lado não afectado O

Tem efeito regulador sobre o tónus muscular e é importante para a preparação da marcha.

O

Não estimula a percepção.

O

Doente fica dependente de terceiros, já que está deitado sobre o seu lado activo.



Levante O

No avc isquémico o doente pode fazer levante ao 2º dia, se o seu estado geral o permitir.

O

O facto de estar sentado transmite uma sensação de normalidade, estimula o interesse do utente por aquilo que o rodeia e inibe os espasmos de extensão da perna e pé equino.

O

A cadeira de rodas apenas deve servir para transportar o doente, pois provoca frequentemente posições incorrectas.

O

Sempre que esteja sentado, o doente com avc, deverá ter os pés bem apoiados e o braço afectado deve ser colocado à frente do corpo, em cima de uma superfície de apoio.

MOBILIZAÇÃO E ESTIMULAÇÃO DA MOBILIZAÇÃO DO DOENTE •

Organização do espaço físico O

Todos os elementos da unidade do doente deverão estar do lado afectado, da mesma forma todos os contactos deverão ser feitos desse lado, de forma a motivar o utente a virar a cabeça para esse lado.



Elevação da bacia O

É uma acção fundamental, não só para a prevenção do pé equino, como para a realização de outros movimentos.



Higiene corporal, vestir-se e despir-se O

Devem ser treinadas e estimuladas todas estas acções de forma a que o utente as execute autonomamente o mais cedo possível.

20 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO O

Para ajudar o utente a ultrapassar possíveis alterações de acção e planeamento, o treino de autonomia deve ser repetido diariamente e com a mesma sequência.

O

Preconiza-se que os cuidados de higiene e conforto seja efectuados no wc o mais cedo possível

O

O doente deve começar a vestir-se sempre pelo lado contrário e a despir-se pelo lado não afectado.



Comer e beber O

Posição sentada;

O

Não devem ser oferecidos ao mesmo tempo alimentos com diferentes consistências;

O •

Encorajar a mastigar com o lado afectado da boca.

Eliminação O

A incontinência fecal e urinária, geralmente só é problema na fase aguda, regredindo muitas das vezes com a mobilização precoce.

O

A obstipação pode também surgir devido à baixa movimentação.

B. Hipertenção Arterial TENSÃO ARTERIAL Quando se mede a pressão arterial, registam-se dois valores. O mais elevado produz-se quando o coração se contrai (sístole); o mais baixo corresponde à relaxação entre um batimento e outro (diástole). A pressão arterial transcreve-se como a pressão sistólica seguida de uma barra e, em seguida, a pressão diastólica [por exemplo, 120/80mmhg (milímetros de mercúrio)]. Esta medição seria lida como «cento e vinte, oitenta». HIPERTENSÃO ARTERIAL (HTA) A hipertensão arterial é, geralmente, uma afecção sem sintomas na qual a elevação anormal da pressão dentro das artérias aumenta o risco de perturbações como o avc, a ruptura de um aneurisma, uma insuficiência cardíaca, um enfarte do miocárdio e lesões do rim. Designam-se de hipertensão arterial todas as situações em que se verificam valores de tensão arterial aumentados. Para esta caracterização, consideram-se valores de tensão arterial sistólica superiores ou iguais a 140 mm hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de tensão arterial diastólica superiores a 90 mm hg. 21 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Com frequência, apenas um dos valores surge alterado. Quando os valores da “máxima” estão alterados, diz-se que o doente sofre de hipertensão arterial sistólica; quando apenas os valores da “mínima” se encontram elevados, o doente sofre de hipertensão arterial diastólica. A primeira é mais frequente em idades avançadas.

A elevação da pressão nas artérias pode dever-se a vários mecanismos: • O coração pode bombear com mais força e aumentar o volume de sangue que expulsa em cada batimento; • Perda da elasticidade das grandes artérias tornando-se rígidas, deste modo não conseguem expandir-se quando o coração bombeia sangue através delas; • A pressão arterial aumenta de forma similar na vasoconstrição; • Aumento da quantidade de líquidos no sistema circulatório.

Factores de risco •

Obesidade;



Tabagismo;



Consumo exagerado de sal e



Stress;

de álcool;



Hereditariedade;



Sedentarismo;



Idade;



Má alimentação;



Presença de outras doenças.

Sintomas de HTA Regra geral, nos primeiros anos, a hipertensão arterial não provoca quaisquer sintomas, à excepção de valores tensionais elevados, os quais se detectam através da medição da pressão arterial. Em alguns casos, a hipertensão arterial pode, contudo, manifestar-se através de sinais como a ocorrência de cefaleias, tonturas ou um malestar vago e difuso, que são comuns a muitas outras doenças.

22 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Com o decorrer dos anos, a pressão arterial acaba por lesar os vasos sanguíneos e os órgãos vitais (o cérebro, o coração e os rins), provocando sintomas e sinais de alerta vários.

Tratamento da HTA Não há uma cura para a hipertensão arterial. Contudo, apesar de ser uma doença crónica, na maioria dos casos é controlável. A adopção de um estilo de vida saudável proporciona geralmente uma descida significativa da pressão arterial. A diminuição do consumo do sal reduz a pressão arterial em grande número de hipertensos. A prática regular de exercício físico pode reduzir significativamente a pressão arterial. O exercício escolhido deve compreender movimentos cíclicos (marcha, corrida, natação ou dança são boas escolhas). Mas os hipertensos devem evitar actividades que aumentem a pressão arterial durante o esforço, como levantar pesos, por exemplo. Se algum tempo depois de ter posto em prática estas medidas não tiver registado uma descida adequada da pressão arterial, torna-se necessário recorrer ao tratamento farmacológico. Convém sublinhar que os medicamentos não curam a hipertensão arterial, apenas ajudam a controlar a doença. Por isso, uma vez iniciado o tratamento, ele deverá ser, em princípio, mantido ao longo de toda a vida.

Felizmente, já existem

muitos medicamentos eficazes na redução da pressão arterial. Compete ao médico decidir qual o fármaco mais apropriado para iniciar o tratamento. Em alguns casos, não basta apenas um fármaco, sendo necessária uma medicação combinada. Noutros casos, os doentes não toleram a medicação indicada, pelo que devem contactar novamente o médico para que ele a substitua por outra.

C.Diabetes Mellitus A INSULINA • Para desempenhar as suas funções, as células do nosso organismo precisam de receber energia, que obtêm da glicose. • Contudo, sem a ajuda da insulina, a glicose não consegue penetrar nas células de modo a ser utilizada. • A insulina é produzida no pâncreas (órgão do sistema digestivo, situado junto ao estômago).

23 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • A insulina actua como uma “chave”, permitindo que a glicose dos alimentos penetre nas células, para que estas a possam utilizar, obtendo assim a energia que precisam.

A DIABETES SURGE QUANDO: • O pâncreas não produz insulina; • O pâncreas produz menos quantidade de insulina; • A insulina produzida não exerce a sua função na plenitude. Acontece então que: •

A glicose que obtemos dos alimentos acumula-se no sangue, não conseguindo penetrar nas células para ser utilizada na obtenção de energia, porque o nosso organismo não dispõe de insulina;



Como o nosso organismo não queima a glicose que ingerimos, o seu nível sanguíneo vai aumentando;



As células não recebem alimento.

TIPOS DE DIABETES Existem dois tipos de diabetes: a tipo 1 e a tipo 2. A maior parte das pessoas tem a do tipo 2. Uma em cada dez pessoas tem diabetes tipo 1. • DIABETES TIPO 1 • Neste caso o pâncreas não produz insulina. • Habitualmente este tipo de diabetes desenvolve-se na infância ou na juventude. • Estas pessoas precisam de injectar insulina pra continuar a viver. É possível controlar a diabetes tipo 1, seguindo uma alimentação adequada e fazendo um tratamento à base de insulina. • DIABETES TIPO 2 • Neste caso o pâncreas continua a produzir insulina, mas o organismo não a aproveita bem. • Habitualmente este tipo de diabetes desenvolve-se após os 35 anos de idade. • Para controlar a Diabetes tipo 2 é preciso controlar o peso e seguir um programa alimentar. Algumas pessoas poderão também necessitar de tratamento farmacológico, com anti-diabéticos orais ou mesmo com insulina.

24 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

• Factores que contribuem para o aparecimento da diabetes tipo 2: • Antecedentes familiares;

• Excesso de peso;

• Idade (>45anos);

• Vida sedentária;

• Diabetes gestacional;

• Alimentação pouco equilibrada.

• Hipertensão;

SINTOMAS CARACTERÍSTICOS DA DIABETES • Aumento de apetite e variações significativas de peso • A falta de insulina impede que a glicose penetre nas células, que, como precisam de energia, enviam um sinal de alarme ao cérebro, porque “pensam” que a sua falta de energia se deve a uma escassez de alimentos, o que leva a uma sensação de muita fome. • Na DM1, produz-se uma diminuição de peso devido ao facto do não ser possível ao organismo metabolizar a glicose e o organismo utilizar como substituto a gordura. • Aumento da frequência e da quantidade de urina • Ao comer mais, consomem-se mais açúcares e a glicose no sangue continua a aumentar, o que só piora o problema. • O nosso organismo tentará eliminá-la através da urina, o que leva a urinar mais e mais vezes. • Sede intensa • Como se perde muito liquido, o nosso organismo tenta compensar ”fazendo” sede, o que obriga a beber frequentemente.

CONTROLO DA DIABETES

• Alimentação equilibrada • Tratamento farmacológico • Exercício físico • Auto-vigilãncia

4.PRIMEIROS SOCORROS 25 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Nas situações de doença súbita e acidente, os cuidados imediatos podem ser garantidos por qualquer pessoa com formação em Socorrismo. Por vezes revela-se virtualmente necessário um conjunto de meios e de acções que envolvem a intervenção

activa

de

vários

componentes

da

comunidade,

com

vista

ao

restabelecimento da normalidade. A) O SIEM – CONCEITO Intervenção activa dos vários elementos comunitários, individuais e colectivos, sejam eles extra-hospitalares ou hospitalares programados de modo a possibilitar uma acção rápida, eficaz e com economia de meios, em situação de doença súbita, acidente ou catástrofe, cujo objectivo final é o restabelecimento total da vítima.

Fases fundamentais do SIEM 1. Detecção Detecção da ocorrência de emergência médica que corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou várias vítimas de acidente ou doença súbita. 2. Alerta Fase na qual se contacta, através do número nacional de emergência (112) ou de qualquer outro meio, uma central de emergência dando conta da ocorrência anteriormente detectada. 3. Pré-socorro Conjunto de gestos simples de socorrismo básico, normalmente executado por socorristas formados no seio da população e que são mantidas até à chegada de meios de socorro mais especializados. 4. Socorro Corresponde ao conjunto de gestos de socorro complementar executado por equipas de socorro especializadas e que visam a estabilização da vítima ou doente. 5. Transporte Transporte desde o local onde ocorreu a situação de emergência até à entrada no estabelecimento de saúde adequado e definitivo, garantindo ao doente a continuidade da prestação de cuidados de saúde. 6. Tratamento hospitalar

26 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Após a entrada no estabelecimento de saúde, sap ou hospital mais próximo, a vítima é avaliada e são iniciadas as medidas de diagnóstico e terapêutica com vista ao seu restabelecimento. Pode-se considerar o transporte para mais diferenciado caso justifique. Objectivos do siem  Chegada rápida ao local da ocorrência  Estabilização da vítima ou doente no próprio local  Transporte adequado do sinistrado ou doente  Tratamento adequado a nível hospitalar, estando prevista a possibilidade de transferência para um hospital mais diferenciado que garanta os cuidados definitivos

B) PRINCÍPIOS GERAIS DO SOCORRISMO  Prestar primeiro socorro é saber aplicar um conjunto de conhecimentos que permitem, perante uma situação de acidente ou doença súbita, estabelecer prioridades e desenvolver acções adequadas com o fim de estabilizar ou, se possível, melhorar a situação da(s) vítima(s).  Este conjunto de acções destina-se a ser aplicado o mais rapidamente possível, após a ocorrência e tem um carácter limitado e temporário.

ALERTAR  O socorrista destina-se a chamar para o local do acidente, pessoal especializado na sua estabilização e no transporte da(s) vítima(s) para um centro médico de urgência.  A acção do socorrista, se bem que fundamental, é restrita e temporária, necessitando por isso de ser complementada.  Como primeiro elo na cadeia de socorros ele actua lançando o alerta.  O socorrista não deve abandonar a(s) vítima(s) para efectuar o alerta, excepto se estiver só. Assim deve pedir a duas pessoas que estejam presentes que, deslocando-se em sentidos opostos, dêem as seguintes informações: 27 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO O

Local exacto do acidente

O

Número de vítimas e o seu estado

O

Idade aproximada da(s) vítima(s)

O

Estado de consciência das mesmas

O

Existência de factores agravantes: perigo de incêndio, de explosão, afogamento, acidentes eléctricos, …

SOCORRER  O socorrista deve ter presente que, independentemente da situação que se lhe depare, o sucesso das acções que desenvolve está relacionado com a rapidez, destreza e qualidade das técnicas aplicadas.  Uma vez que as situações não apresentam todas a mesma gravidade, deve estabelecer prioridades a fim de ordenar e sistematizar as suas acções.  Socorros essenciais – São situações prioritárias em relação a todas as outras, quer na prestação do primeiro socorro, quer na evacuação para uma unidade de saúde, uma vez que comprometem rapidamente a vida da(s) vítima(s).São 4 as situações especiais:  Alterações cárdio-respiratórias  Choque  Hemorragia  Envenenamento / intoxicação  Socorros secundários – são todas as situações não contempladas anteriormente, as quais devem ser socorridas depois das situações de socorro essencial estarem estabilizadas, uma vez que não põem directamente em risco a vida da(s) vítima(s).No entanto, estas vítimas necessitam de vigilância constante, pois o seu estado pode agravar-se evoluindo para uma situação de socorro essencial, nomeadamente o choque. Exemplos: queimaduras, fracturas, feridas, …

C) CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA A probabilidade de sobreviver a uma paragem cardíaca depende da eficiência e rapidez com que são assumidos os passes necessários para salvar essa vida.

28 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

1. • Reconhecimento da situação • O pedido de ajuda

2. • Suporte básico de vida enquanto a ajuda não chega • Objectivo: manter circulação e oxigenação dos órgãos vitais (em particular do coração e cérebro)

3. • Desfibrilhação em tempo oportuno: é o passo mais decisivo na recuperação da maior parte das paragens cardíacas no adulto.

4. • Suporte avançado de vida • Objectivo: assegurar cuidados pós-reanimação (quando o doente recuperar)

RECOLHER E PASSAR INFORMAÇÃO Quando estamos perante uma situação de emergência e chamamos o “112” sãonos feitas uma bateria de perguntas que muitas vezes achamos exagerado, mas que são fundamentais para o envio de meios de socorros adequados para o local o mais rapidamente possível. Assim, quando ligamos para o 112 e a chamada é passada ao CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) existem vários dados que devemos recolher para que o socorro seja o mais adequado possível! Para ser mais fácil recordar, designamos estes dados como CHAMU. C – Circunstâncias do Acidente – Engloba não só o tipo de acidente mas também a localização do mesmo. H – História da Vítima – Todos os dados da Vítima (sexo, idade, patologias conhecidas…). A – Alergias – Alergias conhecidas. M – Medicação Habitual – Medicação que a vítima tome habitualmente ou que tenha tomado. U – Última Refeição – Hora da última refeição conhecida. 29 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Dificuldade Respiratória • Sempre que há dificuldade na trocas gasosas. • Sendo uma patologia comum a asma.

ASMA Crise Moderada

Crise Grave

• Não consegue dizer uma fazer

• Cianose; • Sudorese;

completa; • Pieira audível;

• Silêncio respiratório;

• FC e FR aumentadas.

• Não consegue completar 3 palavras (nome); • FC diminuída.

ACTUAR NA DIFICULDADE RESPIRATÓRIA • Colocar a vítima em posição semi-sentada; • Promover ambiente calmo, arejado e sem poluentes; • Acalmar verbalmente a pessoa; • Dar medicação, caso a tenha prescrita, senão contactar 112.

Reacção Anafilática Reacção alérgica, sistémica exagerada ao antigénio com activação do sistema imonulógico. Pode ter diversas consequências, incluindo convulsões, broncospasmo, urticária, vómitos, diarreia… ACTUAR NA REACÇÃO ANAFILÁCTICA • Suspender contacto com o Alergeno • Promover socorro imediato  112 ou transporte ao hospital (casos graves com risco de vida)

Hemorragias Saída de sangue do seu circuito habitual, independentemente da quantidade.

CLASSIFICAÇÃO 30 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Quanto ao vaso: • Arteriais • Venosas • Capilares Quanto à origem: • Externas • Internas visíveis • Internas Invisíveis

CONTROLO DA HEMORRAGIA •

Compressão Manual Directa - Compressão directa sobre o foco hemorrágico. Não utilizar caso exista presença de corpos estranhos encravados ou fracturas expostas.



Compressão Manual Indirecta - Compressão da artéria que irriga a área adjacente à hemorragia. Faz-se através da compressão da artéria contra o osso adjacente da mesma.

Hemorragias mais frequentes Epistáxis - Saída de sangue pelo nariz. Pode ser provocado por: • Traumatismo local; • Fragilidade vascular; • Consequência de TCE. Otorragias - Saída de sangue pelo ouvido. Pode ser provocado por: • Traumatismo local; • Fragilidade vascular; • Consequência de TCE.

ACTUAR NA EPISTÁXIS • Colocar a vítima numa posição confortável, garantindo o alinhamento da cabeça com o corpo. • Controlar a hemorragia, fazendo compressão digital por cerca de 10minutos. • Associar aplicação de gelo local (fazendo protecção da pele).

31 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Sempre que se suspeite que a causa é traumática, não se deve tamponar nem fazer compressão digital!

ACTUAR NA OTORRAGIA • Colocar, independentemente da causa, apenas compressas no pavilhão auricular, para absorção do sangue exteriorizado.

Queimaduras Lesões dos tecidos desencadeadas por uma excessiva exposição a agentes que as possam provocar (térmicos, químicos, eléctricos ou radioactivos). A GRAVIDADE depende: da intensidade do agente, da extensão e profundidade, do estado do doente e idade e da precocidade do tratamento.

CAUSAS • Térmicas: São provocadas pelo calor (húmido ou seco) ou pelo frio. • Químicas: São o resultado do contacto com substâncias químicas (Ácidos ou Bases) • Eléctricas: A electricidade provoca queimadura no ponto de entrada, trajecto e saída do corpo. Além disso pode provocar também paragem ventilatória ou alterações cardíacas muito graves. • Radiações: Podem ser provocadas por raios solares (ultravioleta), raios X ou outras substâncias radioactivas.

AVALIAÇÃO DA QUEIMADURA Quanto à profundidade da lesão 1º Grau – São as menos graves, envolve apenas a epiderme (superfície exterior da pele). A pele fica vermelha, dolorosa, quente e sensível. 2º Grau – Envolve a primeira e segunda camadas da pele (epiderme e derme). Formam-se flictenas (bolhas), é dolorosa. Os apêndices cutâneos na derme profunda são poupados. 3º Grau – Observa-se destruição de toda a espessura da pele (derme e epiderme) e dos tecidos subjacentes. A pele pode parecer pálida ou com aspecto de carbonizada. Geralmente perde-se a sensação de dor, o que pode induzir em erro em relação à gravidade das lesões. Estas queimaduras requerem assistência médica urgente. 32 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Quanto à sede ou local da queimadura Face – as queimaduras das vias aéreas são sempre graves pelo risco de atingir planos profundos e pelos orifícios naturais que aí se encontram (Fossas nasais; boca) Mãos – as cicatrizes deixam alteração da função. Articulações –provocam impossibilidade de movimentos. Períneo – grande risco de infecção.

ACTUAR NAS QUEIMADURAS: • Afastar a vítima do agente que provoca a queimadura • Manter a abertura das vias aéreas • Cobrir a queimadura com pensos ou compressas esterilizadas. • Não aplicar qualquer tipo de GORDURA sobre a queimadura, apenas se podem aplicar compressas frias e húmidas para aliviar a dor. • Colocar pensos entre as zonas de contacto para impedir que adiram. • Se a roupa estiver aderente à queimadura não se deve tirar, pelo risco de agravar a lesão.

Lesões articulares, musculares e ósseas • Cãibra – Dor local de instalação súbita; – Rigidez com contractura muscular; – Edema. • Distensão – Dor local de instalação súbita; – Rigidez muscular; – Edema. • Entorse – Dor violenta no momento do acidente; – Edema na região articular. – Poderá existir equimose. • Luxação – Dor violenta; – Impotência funcional; – Deformação; – Edema. • Fractura – A gravidade das lesões e consequências vão depender do tipo de violência que atingiu a zona. 33 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO •

Podem ser classificadas em: •

Parciais/completas;



Fechadas/Abertas.

Sinais e sintomas de fractura • Dor violenta que agudiza com o movimento • Deformação • Edema/Hematoma • Encurtamento de um membro – situações de fractura completa • Impotência funcional • Mobilidade anormal • Crepitação óssea ACTUAR NAS LESÕES ARTICULARES, MUSCULARES E ÓSSEAS • Verificar a gravidade da lesão. • Sempre que haja perda de funcionalidade, ou suspeita, providenciar socorro adequado! • Casos Simples: Aplicação de gelo local e massagem relaxante.

Traumatismos São lesões resultantes do “choque”/impacto de algo na pele. No entanto, os danos nem sempre são visíveis ou se restringem apenas à pele. Na criança, resultam muitas vezes de quedas ou acidentes durante as brincadeiras, sendo o Traumatismo Crânioencefálico (TCE) o mais grave

ACTUAR NO TCE • Avaliar: o Confusão Mental e/ou desorientação espaço-temporal o Presença de cefaleias permanente ou recorrente o Alterações visuais o Náuseas ou Vómitos • Controlo de hemorragia • Actuar de acordo com lesão • Não dar nada a beber ou comer Co-financiado pelo FSE e Estado Português

Nível de Consciência: – Alerta – Vigil – reage à Dor – Sem resposta 34

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Posicionar de acordo com grau de consciência • Vigilância do estado geral • Transporte ao hospital!

Lesões de pele Resultam de lesões traumáticas, que comprometem a integridade cutânea. Podem ser: Abertas: Apresentam ruptura da pele e restantes tecidos – FERIDAS. Fechadas: Lesão dos tecidos subjacentes, sem haver alteração da integridade cutânea. – EQUIMOSE ou HEMATOMA. ACTUAR NAS LESÕES DE PELE (ABERTAS) •

Controlo da hemorragia e outras complicações imediatas



Prevenção de maior contaminação



Imobilização/protecção da Zona

Intoxicações A intoxicação é a presença de determinadas substâncias no organismo que pela sua natureza ou quantidade se tornam nocivas. Consiste numa série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contacto com a pele, olhos ou membranas mucosas. Os sintomas de intoxicação dependem do produto, da quantidade ingerida e de certas características físicas da pessoa que o ingeriu. «Tudo é veneno e nada é veneno, só a dose faz o veneno” (Paracelso – séc. XVI)

Em caso de intoxicação ou de suspeita: 1º - Recolher dados sobre a intoxicação:

O quê

Quanto

Quando

Onde

Quem

Como

2º - Contactar o CIAV (808250143) dando as informações recolhidas 35 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

3º - Seguir as indicações fornecidas pelo CIAV

Vias de contacto/Penetração do Tóxico • Via Cutânea • Via Inalatória • Via Injectável • Via Ocular • Via Oral (ingestão)

Deve ter-se sempre em conta, independentemente do tipo de intoxicação, as medidas de segurança necessárias e o uso de material de protecção.

Intoxicação por via Cutânea Sinais e sintomas

Actuação



Irritação



Retirar o vestuário contaminado



Mudança de coloração da pele



Lavar abundantemente com



Descamação

água corrente (15- 30 min) •

Não aplicar qualquer produto sobre a zona atingida



No caso de pesticidas, lavagem abundante com água e sabão

Intoxicação por via Inalatória: Sinais e sintomas

Actuação



Ardor na garganta e pulmões





Tosse



Rouquidão



Retirar o vestuário contaminado



Congestionamento das vias



Manter a vítima aquecida

Retirar o intoxicado da atmosfera contaminada

respiratórias

Intoxicação por via Injectável: Caso tenha ocorrido por picada de animal (abelha, vespa, peixe, lacrau e víbora) as medidas são: •

Desinfecção da ferida



Imobilização da zona atingida



Aplicações quentes (Peixe Aranha) ou frias (outros animais) 36 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Intoxicação por via Ocular: Actuação •

Lavar abundantemente com um fio de água (10- 15min), mantendo as pálpebras separadas. A observação pela oftalmologia é fundamental.

Intoxicação por via oral (ingestão Sinais e sintomas

Actuação



Irritação da boca e garganta





Dor no peito



Náuseas



Diarreia



Transpiração anormal



Dor de cabeça

SNG de 1 via (nível



Fraqueza e cãibra

hospitalar)

Esvaziamento gástrico: •

Indução do vómito digital

(Atenção à substância ingerida e às indicações do CIAV!) •

Lavagem gástrica com

Choque Para existir vida é necessário que os órgãos e as células que os constituem funcionem de forma eficaz. Para isso, todas as células do organismo precisam de Oxigénio para executar as suas tarefas – Metabolismo aérobio. Choque surge sempre que o fornecimento de O2 às células é insuficiente ou mesmo ausente, devido a uma diminuição da perfusão sanguínea, por: • Diminuição da pressão arterial; • Diminuição da volémia. Contudo, as células apresentam um “sistema de reserva” pra gerar energia na ausência de oxigénio: Metabolismo anaeróbio. Mas que tem desvantagens… •

Dura por um curto período de tempo em emergência fisiológica;



Produz apenas 5,5% de energia (2moléculas de ATP) por cada combustão de molécula de glicose;



Gera um maior número de detritos prejudiciais ao organismo.

Tipos de Choque • Choque Séptico • Choque Hipovolémico 37 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Choque Cardiogénico • Choque Neurogénico • Choque Anafilático

SINAIS E SINTOMAS DE CHOQUE • Palidez;

• Agitação psicomotora inicial até

• Sudorese com pele fria;

uma situação de apatia ou

• Cianose das extremidades;

mesmo inconsciência;

• Náuseas e vómitos;

• Dilatação pupilar;

• Pulso rápido;

• Sede;

• Ventilação Superficial e rápida;

• Zumbido.

ACTUAR NO CHOQUE • Acalmar a vítima • Combater a causa – controle de hemorragia/perda de líquidos • Desapertar a roupa a nível do tronco • Manter a temperatura corporal • Colocar em decúbito dorsal • Lateralizar a cabeça • Vigiar funções vitais • Se consciente, elevar os membros inferiores • Se inconsciente, colocar em PLS

Suporte básico de vida e Desobstrução da via aérea A PCR é uma situação clínica caracterizada pela interrupção súbita da circulação de sangue e da oxigenação do organismo que é potencialmente reversível. Esta é a principal causa de morte na Europa, deste modo torna-se imprescindível a formação nesta área, porque nunca se sabe quem será a próxima vítima. Qualquer cidadão deveria ter formação em SBV, porque só assim, se conseguiria ter uma detecção precoce do colapso, a activação do sistema de emergência e o início de manobras de RCP em qualquer lugar. As causas de PCR são múltiplas resultam de doença e de acidentes, daí a sua ocorrência ser elevada. Estas podem ser por: obstrução da via aérea, doença cardíaca 38 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

súbita, grandes hemorragias, electrocussão, doenças respiratórias, intoxicações, doenças neurológicas, traumatismos de coluna, afogamento, entre outras. O ritmo de PCR mais frequente é a fibrilhação ventricular, que é caracterizada por, um ritmo caótico onde o coração perdeu a coordenação e deixou de bombear o sangue. O tratamento mais adequado para esta situação é o SBV associado à desfibrilhação eléctrica, daí se justifica a importância da desfibrilhação na cadeia de sobrevivência. As manobras de SBV permitem à vítima manter cerca de 30% da circulação, conseguindo-se assim, que circule sangue pelos órgãos nobres (cérebro e coração) e também consegue-se uma melhor resposta à desfibrilhação. Desta forma, aumenta-se a probabilidade de coração voltar a ter um ritmo eficaz compatível com a vida. O SBV deve ser realizado de uma forma rápida, segura e metódica com vista à sua eficácia, assim os devem ser executados pela ordem correcta e sem descorar nenhum deles. 1. Segurança A segurança da vítima e do reanimador são extraordinariamente importantes, porque poderemos por em causa a eficácia dos nossos procedimentos e também colocar a nossa vida em risco, podendo agravar assim o número de vítimas. Assim, deve-se aproximar com cuidado e livrar-se do perigo existente para reanimador e vítima. 2. Estado de consciência A avaliação inicial da vítima consiste em perguntar à pessoa “Está bem” e abanar suavemente os ombros. 2.A. Responde Deixar a vítima na posição que foi encontrada (desde que esteja em segurança). Avaliar a situação, verificar o sucedido e chamar por ajuda se necessário. Reavaliar a vítima frequentemente. 2.B. Não responde Chamar por ajuda sem abandonar a vítima. 3. Via Aérea A obstrução da via aérea deve ser observada colocando a vítima de costas, abrindo a boca e visualizar se tem um corpo estranho na via aérea. Devendo este ser 39 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

removido para resolver a obstrução, desde que se tenha a certeza que pode ser removido, caso contrário poderemos estar a agravar a obstrução. As obstruções da via aérea podem ser originadas por líquidos (vómito), sólidos (queda da língua, placa dentária, comida), e mecânica (doenças respiratórias ou reacções alérgicas). De seguida deve-se permeabilizar a via aérea, efectuar a extensão da cabeça (colocar uma mão na testa) e elevar o queixo com as extremidades da mão contrária. Em vítimas que apresentem história de trauma, é de evitar realizar a extensão cabeça, pois pode agravar lesões cervicais. Neste caso deve-se realizar a subluxação da mandíbula, se o socorrista está bem treinado na técnica. 4. Respiração A respiração da vítima é avaliada mantendo a via aérea permeável e efectuando o VOS (ver, ouvir e sentir), verificando se a respiração é normal. Vendo os movimentos torácicos Ouvir os sons respiratórios Sentir a respiração na face do reanimador O VOS deve ser realizado até 10s, se existirem dúvidas relativas à normalidade da respiração, assume como esta não estando normal. 4.A. Respira Colocar a vítima em Posição Lateral de Segurança (PLS) Ir ou mandar pedir ajuda diferenciada, telefonando 112. Deve transmitir dados relevantes para o centralista (sexo, idade, problema actual da vítima, avaliação da vítima, manobras efectuadas, medicação, doenças anteriores, localização precisa) e só desligar a chamada após ter recebido ordem para tal. Caso contrário, arriscamonos a não ter êxito na nossa actuação por quebrarmos a cadeia de sobrevivência. Voltar junto da vítima mantendo a vigilância sobre a sua respiração 4.B. Não respira Ir ou mandar pedir ajuda diferenciada Iniciar RCP (30 compressões torácicas: 2 insuflações) ao ritmo de 100 compressões por minuto (um pouco menos 2 duas compressões por segundo). As compressões são realizadas: • Ajoelhar-se ao lado da vítima; • Apoiar a proeminência tenar de uma das mãos no centro do tórax da vítima; • Colocar a mão contrária por cima da primeira; 40 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Entrelaçar os dedos assegurando que a pressão se faz sobre o esterno e não sobre as costelas; • Colocar-se em posição perpendicular ao tórax da vítima com os braços esticados; pressionar o tórax da vítima 4-5 cm; • Aliviar a totalmente a pressão sobre o tórax da vítima. • Após realizar as 30 compressões torácicas, procede-se às 2 insuflações: 

Permeabiliza-se a via aérea e com a mão que está sobre a testa da vítima clampa-se o nariz;



Executar uma inspiração normal;



Selar a boca da vítima com os lábios do reanimador;



Soprar o ar para a boca da vítima, verificando a expansão torácica;



Manter a via aérea permeável e afastar a boca da vítima observando a descida do tórax;



Proceder à segunda insuflação;

Caso a primeira insuflação não seja eficaz, pesquisar obstrução da via aérea e voltar a permeabilizar a mesma, não devendo fazer mais do que duas tentativas para realizar a insuflação de forma eficaz. As insuflações podem ser realizadas com mascara de bolso, neste caso, deve ser efectuada uma “chave” em redor da máscara com indicador e polegar, para fixação da máscara. Caso o reanimador não decida realizar insuflações através do método de boca-aboca e não tiver outro meio de o fazer, deverá executar as compressões torácicas, que são mais eficazes do que não realizando nenhuma manobra de reanimação. A RCP deve ser mantida sem interrupções, a não ser que a vítima comece a respirar normalmente. Só deve ser suspenso o SBV quando: •

Chegar ajuda

diferenciada; •

O reanimador ficar

exausto; •

A vítima recuperar a

respiração. 41 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA A obstrução da via aérea é uma situação que ocorre na grande maioria dos casos durante a ingestão de alimentos e a maior parte das ocorrências são presenciadas. O que faz com que, exista possibilidade de intervenção ainda com a vítima consciente. As causas de obstrução nos adultos podem ser por corpos estranhos e inflamação derivada de alergia ou ainda por doença, por isso deve-se sempre perceber a causa da obstrução. Isto, devido ao facto, de as obstruções derivadas de doença ou intoxicações não serem reversíveis com manobras de desobstrução. As vítimas de engasgamento têm normalmente uma postura típica, em que seguram a garganta com ambas as mãos. Os sinais da obstrução da via aérea permitem-nos classificá-la como ligeira ou grave, conferindo-lhe diferentes prioridades: Obstrução Parcial: a vítima consegue falar, tossir e respirar; Obstrução Total: não consegue falar, a respiração é estridulosa ou não consegue respirar, as tentativas de tossir são silenciosas; pode estar inconsciente. A obstrução da via aérea deve ser realizado o despiste de outras situações como o desmaio, a doença cardíaca súbita, convulsão ou outra que cause dificuldade respiratória súbita, cianose ou perda de consciência. Desta forma poderemos desenvolver uma actuação correcta e eficaz. Os procedimentos a desenvolver para desobstrução da via aérea são similares aos que estão preconizados para a criança com mais de 1 ano. Na obstrução parcial deve-se incentivar a vítima a tossir, porque o reflexo da tosse é muito eficaz. Vítimas Conscientes 1. Dê cinco pancadas inter-escapulares (entre as omoplatas) vigorosas, usando a palma da mão. Cada pancada deve ter a força suficiente para tentar desalojar o corpo estranho. Para realizar esta técnica o socorrista deve: • Colocar-se ao lado da vítima, perpendicular a esta; 42 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO • Segurar com uma das mãos o tórax vítima e inclina-a para a frente, para favorecer a saída do corpo estranho; • Dar até cinco pancadas inter-escapulares, se a desobstrução for resolvida não há necessidade de dar as cinco. 2. Se a obstrução se mantiver após as cinco pancadas, fazem-se 5 compressões abdominais (Manobra de Heimlich) que deve ser executada: • Esteja por detrás da vítima, cercando-a pelas axilas com os braços ao nível da região superior do abdómen; • Dobre a vítima para frente; • Coloque uma mão fechada contra o abdómen da vítima, na linha média, acima do umbigo e logo abaixo do apêndice xifoíde; • Coloque a outra mão em cima da anterior e exerça uma série de 5 compressões rápidas para dentro e para cima. Não tocar no apêndice xifoíde ou nas margens inferiores da grelha costal, porque a força aplicada nessas estruturas pode danificar órgãos internos. • Cada compressão deve ser um movimento separado e distinto, com a intenção de aliviar a obstrução. 3. Se a obstrução se mantiver alternar 5 compressões abdominais com 5 pancadas inter-escapulares, até à desobstrução ou até a vítima ficar inconsciente.

Vítima Inconsciente 1. Coloque a vítima em posição dorsal. 2. Abra a via aérea da vítima e veja se há algum objecto na faringe. Se o objecto é visível, remova-o. Não utilize a técnica de varredura digital cega. 3. Inicie 30 compressões torácicas. 4. Verifique novamente a presença de corpo estranho na boca. 5. Realize duas tentativas de insuflações. 6. Repetir os passos 3, 4 e cinco até que o corpo estranho seja recuperado ou as ventilações sejam eficazes.

43 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

CONCLUSÃO Com este manual pretendeu-se reunir um conjunto de conhecimentos de forma a dotar os formandos com conhecimentos que permitam aos formandos adequar os seus comportamentos aquando da interacção com a pessoa idosa, não só no contexto do dia-a-dia, mas também em situações de urgência. No entanto, é sempre importante adequar os gestos e conhecimentos a cada situação específica.

44 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APEEPH – Manual de Suporte Básico de Vida, 2007.

Duque Et Al – Manual de Boas práticas: úlceras de pressão – uma abordagem de boas práticas. Coimbra, Formasau, 2009 Jorge,

Sílvia

A.;

DANTAS,

Sónia

Regina

P.

E.



Abordagem

Multiprofissional do Tratamento de Feridas. São Paulo: Aditora Atheneu, 2003. Manual da VMER – tomo II – Procedimentos clínicos (INEM) Manual de Tripulante de Ambulância de Socorro (INEM) Manual Merk disponível on-line em www.manualmerck.net/

Morison, Moya. - Prevenção e tratamento de úlceras de pressão. Loures, Lusociência- Edições Técnicas e científicas, Lda., 2004. Phipps, Wilma Et Al. – “Enfermagem médico-cirúrgica: Conceitos e Prática Clínica”. Lusociência, Sexta edição, 2003, ISBN: 972-8383-65-7 Schäffler, Anne

e Menche, Nicole – “Medicina Interna e Cuidados de

Enfermagem”. Lusociência,2004, ISBN: 972-8383-78-9 Seelei, Rod Et Al. – “Anatomia e Fisiologia”. Lusodidacta, Terceira Edição, 2001, ISBN: 972-96610-5-7 Sheehy, Susan Et AL. – “Enfermagem de Urgência: Da Teoria à Prática”. Lusociência, Quarta Edição, 2001, ISBN:972-8383-16-9 Sociedade Portuguesa de AVC, disponível online: http://www.spavc.org/ Swerungen, Pamela L. e Hicks Keen, Janet - "Manual de Enfermagem no cuidado crítico"; tradução Anne Marie Weissheimer... [et al.], - 4. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005 Tlelan, Lynne A. Et Al. – “Enfermagem em Cuidados Intensivos: Diagnóstico e Intervenção”. Lusodidacta, 1993.

45 Co-financiado pelo FSE e Estado Português

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF