Maleta Pedagogica

July 2, 2018 | Author: TIAGO VASCONCELOS | Category: Spider, Chicken, Fairies, Cats, Dogs
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Descrição: histórias...

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FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS

MALETA LÚDICO/PEDAGÓGICA CONTOS E JOGOS DRAMÁTICOS

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ÍNDICE INTRODUÇÃO À MALETA LÚDICA ...................................................................................3 HISTÓRIAS ........................................................................................................................................5 O LOBOFEROZ ......................................................................................................................................5 A ARANHA COM TEIAS DE OURO .........................................................................................................8 A VASSOURA MÁGICA........................................................................................................................ 12 PORQUE É QUE EU SOU TÃO PEQUENO? ...........................................................................................20 A FADA DESASTRADA .........................................................................................................................23 A CHUPETA DE NINA ..........................................................................................................................29 A GALINHA QUE PUNHA OVOS DE OURO ..........................................................................................32 A PRINCESA QUE BOCEJAVA A TODA A HORA ...................................................................................35 O CASAMENTO DA GATA ...................................................................................................................38 O GRILO VERDE ..................................................................................................................................41 A CASA DA MOSCA FOSCA .................................................................................................................47 A BORBOLETA BRANCA ......................................................................................................................55 O GIGANTE E AS TRÊS IRMÃS .............................................................................................................59 O LAGO DOS CISNES ...........................................................................................................................68 CHIBOS SABICHÕES ............................................................................................................................ 72 A FESTA DE ANOS ...............................................................................................................................77 QUEM ESTÁ AÍ? ..................................................................................................................................82 UMA HISTÓRIA DE DEDOS .................................................................................................................89 JOGOS..................................................................................................................................................92 NOME DO JOGO: TELEGRAMA ...........................................................................................................92 NOME DO JOGO UM BAÚ MÁGICO ....................................................................................................93 NOME DO JOGO: PANOS ....................................................................................................................94 NOME DO JOGO: DE QUEM É? ...........................................................................................................95 NOME DO JOGO: SEGREDOS ..............................................................................................................96 NOME DO JOGO: PADRÕES ................................................................................................................97 NOME DO JOGO: IMITA-ME... ............................................................................................................98 NOME DO JOGO: TRANSMITINDO EMOÇÕES ....................................................................................99 NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS ........................................................................................... 100 NOME DO JOGO: O TESOURO .......................................................................................................... 101 NOME DO JOGO: JOGO DO TACTO................................................................................................... 102 1

FORMAÇÃO MODULAR—PLANEAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES DE TEMPOS LIVRES ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE BARCELOS NOME DO JOGO: DE QUE OBJECTO ESTOU A FALAR? ...................................................................... 103 NOME DO JOGO: PASSOS & PASSOS ................................................................................................ 104 NOME DO JOGO: EXPLORAR OS OBJECTOS REDONDOS .................................................................. 105 NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS ........................................................................................... 106 NOME DO JOGO: BRINCANDO COM A VOZ...................................................................................... 107 NOME DO JOGO: UMA VASSOURA É UM CAVALO........................................................................... 108 NOME DO JOGO: BRINCANDO COM FANTOCHES ............................................................................ 109

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INTRODUÇÃO À MALETA LÚDICA A Maleta Lúdico/Pedagógica é um projecto a longo prazo e que se vai construindo. Nesta Maleta Lúdico/Pedagógica estão presentes vários jogos dramáticos, histórias, cartas ilustradas e cartas com palavras. Relativamente às cartas ilustradas, as imagens recolhidas são de contos ilustrados pela Manuela Bacelar, tendo também duas imagens de outros dois ilustradores. A imagem da floresta é do ilustrador Stephane Jorisch e a imagem do pássaro, da ilustradora Elsa Navarro. É relevante referir a importância de utilizar, como instrumento de trabalho, esta Maleta Pedagógica em contexto escolar. Através desta maleta há possibilidade de criar contos a partir de imagens, fazer jogos de expressão dramática, contar, dramatizar e explorar interdisciplinarmente as histórias. Relativamente aos jogos dramáticos, estes dão oportunidade à criança para experienciar situações que possibilitam a construção do conhecimento e o desenvolvimento de uma expressão ampla, verbal, gestual e criadora. No domínio da expressão dramática há um grande número de tipos jogos que se podem implementar. Nesta Maleta Pedagógica são abordados os jogos de apresentação, que ajudam a pôr as pessoas à vontade num grupo recém-formado e permitem descobrir coisas interessantes ou especiais sobre os outros membros do grupo. No maior número de jogos, os jogadores desempenham sozinhos os seus papéis. É frequente que estes jogos sejam de curta duração e que os pares se vão alternando, para que todos se fiquem a conhecer. São também abordados os jogos de sensações, que ajudam os participantes a utilizar os sentidos e a desenvolver a concentração. Os jogos de sons destinam-se a consciencializar os participantes para os sons que os rodeiam. Os jogos com máscaras são jogos onde a cara está parcial ou totalmente coberta, o que implica que o meio típico de expressar emoções está escondido, por isso mesmo, é necessário exagerar nos gestos e torná-los mais claros. Os jogos com fantoches implicam que o seu manipulador tenha confiança e esteja bem preparado na apresentação para que o fantoche não faça movimentos incorrectos. Os jogos de confiar, ver e ouvir e, também, os jogos de Pantomima permitem a 3

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representação de emoções, acções e situações sem recurso a falas, a efeitos sonoros ou a adereços. Para não ficarem muito silenciosos, o educador/animador pode pôr música ambiente, apropriada para a história ou situação.

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HISTÓRIAS O LOBOFEROZ Era uma vez um lobo mandrião que, para não se esforçar muito, só comia papas de arroz com noz. Um dia, olhando-se ao espelho, percebeu que estava tão magro que já não metia medo nenhum. Então decidiu mudar de vida e tornar-se num lobo feroz. Anda que anda, o lobo encontrou uma CABRA: - Cabra, tenho fome…e por isso vou comer-te! - Então, tu que és? – perguntou a cabra. - Sou o Loboferoz, farto de papas de arroz com noz. - Pois abre bem a boca, que vou dar um salto para que me engulas de uma só vez. O lobo abriu a boca. A cabra subiu a uma colina, desceu a correr… E deu-lhe tal cornada, que lhe partiu três dentes. Quando o lobo recuperou os sentidos, viu um BURRO a pastar no prado: - Burro, tenho muita fome… e vou comer-te! - Então, tu quem és? – perguntou o Burro. - Sou o Loboferroz, Farto de cabras, e de papas de arroz com noz. - Pois vai começando pelo rabo, que eu continuarei a comer erva para estar mais gordo, e te encher mais. E quando o lobo se pões atrás dele, o burro deu-lhe tal coice que o atirou para cima de um carvalho. Quando o lobo conseguiu descer da árvore, encontrou uma OVELHA: - Ovelha, tenho muita muita fome… e vou comer-te! 5

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- Então, tu quem és? – perguntou a ovelha. - Sou o Loboferoz, farto de cabras, burros, e de papas de arroz com noz. - Pois aproxima a tua orelha, que eu digo-te onde há agulhas para tricotar meias com a minha lã. O lobo aproximou-se confiado. A ovelha, com uma dentada, trincou-lhe a orelha inteira e deixou-o completamente pálido. Ainda não estava de todo recuperado o pobre lobo, quando passou uma VACA. - Vaca, tenho muitíssima fome… e vou comer-te! - Então, tu quem és? – perguntou a vaca. - Sou o Loboferoz, farto de cabras, de burros, de ovelhas, e de papas de arroz com noz. - Pois bebe primeiro um bocadinho de leite das minhas tetas, que tenho as carnes duras, e assim farás melhor a digestão. Quando o lobo se pôs a beber, a vaca sentou-se em cima dele e deixou-o tal qual um tapete de pele de lobo. Aos poucos, aproximou-se um PORCO que andava a esgravatar bolotas: - Porco, estou morto de fome… e vou comer-te! - Então, tu quem és? – perguntou o porco. - Sou o lobo feroz, farto de cabras, de burros, de ovelhas, de vacas, e de papas de arroz com noz. - Pois monta-te em cima de mim, que vou lavar o focinho e as orelhas para que possas regalar-te com gosto. O lobo montou-se em cima do porco e puseram-se a andar. Quando estavam a chegar à aldeia o porco disse: - É melhor avisarmos para que nos vão preparando o banho e nos despachemos depressa. Grita tu, que eu estou sem fôlego. 6

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- AUUU…! – uivou o lobo. Quando ouviram o lobo a uivar, os cães saíram de todas as casas da aldeia. O lobo teve de fugir a correr para o monte, para não acabar esfolado. E lá ficou para sempre o Loboferoz, a comer papas de arroz com noz.

Ficha Técnica da História Autor

Patacrúa

Ilustrador

Chené Gómez

Local e data

Pontevedra, 2006

Editora

OQO

Tradução

Dora Isabel Batalim

Tema (s)

Educação Alimentar

Direcções de exploração pedagógica

- A narrativa sensibiliza as pessoas a terem uma alimentação saudável e variada, por isso a educadora pode propor a construção de uma pirâmide dos alimentos; - No Domínio da Expressão Plástica pode ser construído um livro de receitas saudáveis, no jardim-de-infância; - Na Área do Conhecimento do Mundo, podem ser explorados os vários animais que estão presentes na narrativa (o que comem, de que região são…).

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A ARANHA COM TEIAS DE OURO

À primeira vista esta pequena aranha não era muito diferente das suas semelhantes, ocupadas como ela a tecerem as suas teias entre os espinheiros ou os fetos da floresta. Passaria despercebida no pequeno mundo dos insectos, se não tivesse a faculdade extraordinária de tecer fios…de ouro! Porquê? Sabe Deus porquê. A verdade é que as suas teias brilhavam maravilhosamente ao sol e que a aranhazinha tinha muita vaidade nelas. Não deixava de elogiar a qualidade excepcional dos seus fios, além do mais tão finos e tão leves como os outros. Um velho escaravelho que vivia no bosque e que os jovens insectos tratavam por Papá Resmungão, recomendava-lhe muitas vezes mais modéstia e humildade, mas perdia o seu tempo, como acontece muitas vezes aos que desejam ensinar aos outros as suas experiências. - Ah! Ah! Ah! – dizia, rindo, a aranha -, se você tecesse teias de ouro como estas, ficaria tão orgulhoso delas como eu! E assim espalhou-se por toda a floresta que a nossa pequena aranha pouco modesta tecia teias de ouro: e todos vinham admirar o seu prodigioso trabalho e faziam-lhe enormes elogios. Esta notícia em breve correu o país inteiro e chegou mesmo aos ouvidos da princesa. Esta, tão curiosa como vaidosa, quis possuir para seu uso pessoal uma fiandeira de tanto talento. Enviou à floresta servidores com a missão de trazerem para o palácio aquele insecto prodigioso. Quais não foram a surpresa e a vaidade da aranha quando se viu assim transportada, com todas as pompas dignas de uma pessoa importante, à presença da princesa! Todos os insectos da floresta se reuniram para assistirem à partida da sua companheira e viram-na com inveja entrar na caixa forrada de seda que lhe devia servir de coche.

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Todos os insectos excepto o escaravelho que resmungava que tantas honras não eram necessárias para uma vida feliz. Assim, a pequena aranha compareceu perante princesa, que pediu logo para ver uma amostra do seu trabalho. A nossa hábil tecedeira pôs-se então a tecer os seus belos fios, e a princesa, maravilhada, mandou-a instalar numa bonita gaiola de cristal, dando ordem aos criados para lhe fornecerem todos os pulgões gorduchos que ela quisesse comer. Muito lisonjeada e satisfeita pela sua sorte, a aranha, dando livre curso à sua imaginação e à sua fantasia, pôs-se então a fazer rendas maravilhosas, arabescos caprichosos para adornar com enfeites sumptuosos a princesa. Quando esta tinha convidados, mandava sempre que lhe trouxessem a gaiola de cristal e a aranhazinha empertigava-se, sentindo-se assim o foco das atenções dessas nobres assembleias: ah! Se o escaravelho pudesse vê-la assim encantando os mais altos dignitários do país! Mas, um dia em que trabalhava à frente da janela aberta sobre o jardim, sentiu vontade de ir correr um pouco no bosque. Pediu autorização à princesa, que recusou de imediato: - Não, minha bela amiga – respondeu-lhe ela -, és demasiado preciosa para mim. E se nunca mais voltasse? - Mas eu volto – protestou a aranha. - Acredito em ti, mas podias ser devorada por um pássaro ou esmagada pelo pé de uma pessoa… Não, não quero correr nenhum risco de te perder. E foi assim que a aranhazinha perdeu a esperança de voltar a ver a sua floresta natal. De repente, o seu palácio de cristal tornou-se para ela uma prisão detestável. Apesar de saborear as suas suculentas refeições, pôs-se a invejar cada vez mais os insectos que pulavam, rastejavam, volteavam lá fora. Quando viu, uns dias depois, uma aranha a balançar-se na ponta do seu fio, ficou com o coração despedaçado. E pôs-se a pensar no velho escaravelho e nos seus sábios conselhos: porque não lhe tinha dado ouvidos e vivera simplesmente no seu espinheiro, em vez de gritar aos sete ventos do que era capaz? 9

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- Se conseguir fugir, nunca mais vou ser vaidosa – prometeu ela a si própria. Um dia, o lacaio encarregado de levar a gaiola de cristal à princesa tropeçou e deixou-a cair: cric! crac! Partiu-se em mil pedaços no chão. Primeiro, atordoada pelo choque, a aranha rapidamente voltou a si, percebendo que estava livre. Que felicidade! A toda a velocidade das suas oito patas atravessou a sala, passou por baixo da porta e embrenhou-se na relva do jardim e depois correu, correu a toda a velocidade para a floresta. Em vão se lastimou a princesa e os criados, muito confusos, a procurarem pelo parque e no palácio…Bem escondida sob uma folha de amoreira, a aranha, que reencontrara a alegria de viver, contava as suas aventuras aos insectos da floresta. E, satisfeito por não se ter enganado, o velho escaravelho acenava com a cabeça por aquele feliz desenlace. Ficha Técnica da História Autor

Janine Gollier

Ilustrador

François Ruyer

Local e Data Editora

Civilização

Tema (s)

Vaidade

Direcções de exploração pedagógica

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, dialogar com as crianças sobre a atitude da aranha: “o que é que fez a aranha reconhecer que o escaravelho tinha razão?” - Também na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social fazer a distinção entre vaidade e humildade e pedir às crianças

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que identifiquem os humildes e os vaidosos da narrativa; - Na área do Conhecimento do Mundo explorar sobre a vida das aranhas, nos conteúdos relativos à biologia; - No domínio das expressões realizar um trabalho de expressão plástica sobre as teias de aranhas.

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A VASSOURA MÁGICA

Era uma vez uma vassoura que não era como as outras vassouras. Não era uma vassoura de jardim, com cabeleira de ramos. Não era uma vassoura de cozinha, com cabeleira de palha. Não era uma vassoura de casa de banho, com cabeleira de piaçaba. Não era uma vassoura de sala, com cabeleira de penas. Nem destas modernas vassouras, todas feitas de plástico. Era uma vassoura mágica.

Quando a bruxa Rabucha ia, nas noitas de 6ª feira, aos bailes das bruxas, montava na vassoura, pronunciando as palavras mágicas: Varre, varre, abracadabra, A poeira que há no ar. Rasga no céu uma estrada Sempre, sempre a vassourar. E a vassoura voava, como um cavalo de asas. Naquele ano o Inverno ia longo e frio. A bruxa Rabucha tiritava no seu fato de farrapos, na gruta coberta de teias de aranha e ninhos de morcegos. Com a vassoura arrumada atrás da porta, o gato preto aos pés, a fazer de botija, dormitava quando bateram à porta. - Quem é? - Não adivinhas? É a tua prima, a bruxa Capucha. -Entra, entra, que tenho uma ratazana cozida para o jantar, com esparregado de urtigas…Vais gostar…E um docinho de baba de sapo…

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- Não me apetece. Sabes, habituei-me a comer em restaurantes ou a comprar comida feita nos supermercados. Já não me caem bem os pratos tradicionais. - Também tu! Deixaste de ser bruxa? -Hoje sou, com muito orgulho, limpa-chaminés! - E usas a vassoura voadora para limpar chaminés? -Pois claro! -Isto realmente vai de mal a pior. -A prima Ramelosa empregou-se como porteira de um milionário para assustar os pedintes. A prima Guedelhuda, que antes fazia vassouras mágicas, é operária de uma fábrica de aspiradores. Ganha ordenado certo, férias pagas e até subsídio de Natal. A prima Chafurdona, que preparava os caldos enfeitiçados, faz hoje caldo verde na Feira Popular. A prima Olheirenta, especialista no mau olhado, vende óculos para o sol. A prima Malvina, que era a rainha das curas milagrosas, tirou o curso de enfermagem e trabalha agora num hospital. -E a Verruguinha, a filha dela, que ainda andava a estudar? -Ah, essa trabalha num circo, a fazer magias. Parece que até está para casar com um palhaço. -Que vergonha… -São os novos tempos. A razão da minha visita é mesmo informar-te de que és a última bruxa a exercer a profissão. A bruxa Rabucha mal podia acreditar nas palavras que ouvia. Tomou um duche gelado numa nuvem escura para refrescar as ideias e sentou-se à porta de casa a deitar contas à vida. Perdera família, amigos, clientes (quem é que ainda acredita nas bruxas?). tinham-se acabado os bailes de 6ªa feira, com as fogueiras crepitantes, à roda das 13

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quais tanto gostava de dançar. Restava-lhe um gato velho, um mocho zarolho, uma vassoura despenteada. Olhou para o calendário espetado com um dente de cobra na parede e exclamou: -Carnaval! É a melhor altura para eu descer até à cidade sem ninguém estranhar. Montou na vassoura até à paragem da camioneta. Nem cinco minutos esperou. Sentou-se comodamente (melhor que na vassoura, que não tem encosto) e deixou-se levar. Só que a camioneta virava à direita, à esquerda, subia, descia, travava, acelerava, enquanto a bruxa enjoava, enjoava, enjoava. -Ai que não trouxa os pós mágicos…Ai que se me viram as tripas… E saiu, aflita na primeira paragem da cidade. Tão aflita, uma mão agarrada à barriga, a outra à boca, que se esqueceu da vassoura mágica, que continuou viagem até ao fim da carreira. Ao vê-la ali caída, o motorista sorriu – Olha a vassoura sem bruxa! - e atirou-a pela janela. Muita gente passou, sem lhe ligar importância. Até que a Ana, uma menina do bairro de lata, a apanhou. Lavou-a no chafariz, penteou-a com os dedos, espetou-lhe dois pregos a fingir de olhos, desenhou-lhe o nariz e a boca. Pôs-se a dançar com ela ao som de um rádio. Era uma boneca. Só que no bairro de lata, uma vassoura, mesmo sendo uma boneca, tem de trabalhar. Com ela a menina limpava o tecto de tábuas, as esteiras de palha, a rua de terra batida diante da porta. Quando acabava de trabalhar, a vassoura era de novo boneca, era soldado muito direito a marchar e uma noite foi a cavalo. A menina montou-a como se monta qualquer vassoura, mas aquela estranha vassoura saiu pela janela, subiu pelo céu, passou por cima de cidades, rios, campos a perder de vista. Ia chocando com um avião militar, assustou um bando de patos bravos, furou 257 nuvens e por mais que a menina lhe gritasse, lhe arrepelasse os cabelos, não havia meio de parar. Finalmente, desesperada, Ana deu-lhe um pontapé e

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a vassoura, muito mansa, pôs-se a baixar devagarinho, furou em sentido contrário as 257 nuvens, planou sobre a cidade e entrou pela janela aberta da casa de lata. A partir daí, todas as noites, com o coração em sobressalto, não fosse alguém descobri-la, ou perder o controlo da sua montada, a menina viajava. Se é verdade que de dia não estudava as lições, porque estava cheia de sono, o certo é que ia conhecendo o mundo, sabia onde nasciam os rios, onde crescia o trigo, onde levavam os caminhos-de-ferro, onde os barcos se abrigavam da tempestade. Tinha visto palácios reais, templos forrados a ouro, florestas virgens, cidades imensas. -Como pode ela saber tanta coisa? - Perguntava a professora. -É de ver televisão - dizia a mãe, pouco convencida. Se um gato fugia com medo de um cão para o cimo da araucária, a maior árvore do jardim, às escondidas montava a vassoura para o ir salvar. Os rapazes admiravam-se. -Dantes era sempre preciso chamar os bombeiros… Se as bolas caíam no telhado do Sr. Zacarias, que não deixava ninguém ir buscálas, era certo e sabido que no dia seguinte estavam no chão. A menina subira com a vassoura. -Seria o vento que atirou a bola abaixo? – Perguntavam, admirados, os miúdos. Se algum papagaio de papel se prendia nos fios, lá ia ela, sorrateira, soltá-lo. -Como é possível? Estava tão embaraçado… Só a menina sabia. Como o pai de peixe, montava de noite a vassoura, por cima do mar e chegava a casa toda salpicada das ondas mas como o camaroeiro cheio de carapaus, sardinhas, pescadas e até peixes voadores. Para sobremesa, trazia nêsperas, cerejas, nozes, castanhas, que colhia do alto das árvores. -A que mercado foste tu buscar esta fruta? 15

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-A nenhum. -Não mintas, ó Ana – zangava-se o pai. Quando faltava a água, dias a fio, no Verão, ia tomar banho e lavar a roupa ao lago mais próximo, a 20 quilómetros. -Onde é que lavaste a cabeça, rapariga? Como é que estás a estender a roupa? O chafariz deita água só para ti? – Bisbilhotavam as vizinhas. -Espero pela noite. -Anda por aqui mistério, anda, anda….- todos diziam. Mas qual seria? Se a mãe se queixava do preço dos ovos, ao almoço apresentava-lhe uma omoleta de ovos de águia. -ó Ana, olha que isto não são ovos de galinha. Foste roubá-los à Srª Ermelinda, que cria peruas? -Não fui, não fui, achei-os – desculpava-se ela. -Olha que ando com o olho em cima de ti. Somos pobres mas honrados. Livrate de roubar! – ameaçava a mãe. – Agarra-te à vassoura e limpa as teias de aranha, a esteira, a rua diante da porta. A vassoura cada dia ia ficando mais velha. Já não voava como antigamente. Estava mesmo a precisar de oficina. Havia noites em que não pegava, como um carro depois de uma grande chuvada, outras em que se ia abaixo, fraquejava. Tinha o pau todo carunchoso e só lhe restavam três pêlos no alto da cabeça. Ora numa noite de frio, em que a neve vestia de um cobertor branco o bairro de lata, a menina abriu a janela mais uma vez para sair. Bem empurrava ela a vassoura, lhe arrepelava os três pêlos, que ela teimava em não partir. Até que, tem-te-não-cais, levantou voo para o norte, entre os flocos muito brancos que desciam pela escuridão. -Vamos ver os pinguins e os ursos – propôs a menina. A vassoura abanou a cabeça como quem diz que não. 16

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-Vamos ver os esquimós e as focas, estás a ouvir? A vassoura tornou a abanar a cabeça. -Já não tens genica. Estás boa para a reforma. Para cavalo de pau. Ao ouvir isto, a vassoura pareceu reunir as últimas forças num solavanco ofendido e rumou para a estrela polar. Mas de repente - Zás, catrapás- começou a falhar: subia, para logo descer às cambalhotas pelo ar. -Volta para trás. Vamos descansar para casa, minha vassourinha – gritava a menina, guiando-a em vão. A vassoura continuava a descer, às cambalhotas, céu abaixo. Até que por fim – pum! – se estatelou num campo aberto. A Ana enregelava. Chamava e nenhuma voz lhe respondia. Só os lobos, ao longe uivavam. Deixou-se ficar, muito encolhidinha, no seu casaco de malha fina, mas as mãos sem luvas iam-se tornando duras e insensíveis, brancas como as mãos das estátuas. Tirou uma caixa de fósforos da algibeira e acendeu um para se aquecer. Um lindo fogo pequenino brilhou na noite, desentorpeceu-lhe os dedos, mas logo se apagou. Acendeu outro. Logo se apagou. E outro e outro. Ia morrer gelada, porque só tinha um único fósforo e não havia lenha para fazer a fogueira. Lembrou-se do pai, da mãe, da sua pequena casa de lata. Acendeu o último fósforo. Então a vassoura, num repente, moveu-se, pousando os três únicos cabelos no lume. Um clarão de fogo de artifício rasgou a noite quando ela começou a arder, primeiro a cabeça, depois a cara pintada, finalmente o pau carunchoso do seu corpo. Os pastores da serra viram o clarão, desceram até à planície, onde encontraram a Ana a chorar sobre as cinzas. Da vassoura nada restava senão os pregos dos olhos, que a menina recolheu como um tesouro. Quando chegou a casa, acompanhada de um pastor, levou uma sova para não voltar a passar a noite ao relento.

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E a bruxa? Sem dinheiro nem vassoura mágica, não podia voltar para casa. Apanhou o Diário de Notícias num caixote de lixo e percorreu a página dos anúncios. “Hospedeira do ar – Precisa-se”. Foi apresentar-se, cheia de esperança, pois tinha grande prática de voar. Não a aceitaram pela horrível figura. Em seguida foi oferecer-se como empregada a um colégio. Mas os meninos, mal a viram, desataram a chorar e a fugir. Resolveu então concorrer ao baile de máscaras do Carnaval e ganhou o primeiro prémio. -Parece uma autêntica bruxa! -Até mete horror! -Só lhe falta a vassoura! – exclamava toda a sala, aplaudindo. Com o dinheiro do prémio comprou um vestido e dirigiu-se a um instituto de beleza. Arranjou o cabelo, tirou os pêlos que lhe cresciam no queixo, arrancou as verrugas, besuntou-se com cremes para amaciar a pele. Ao mirar-se ao espelho não acreditou nos que os seus olhos viam. No dia seguinte esta empregada ao balcão da Casa da Sorte a vender lotaria. Por mais estranho que pareça, nunca adivinhou o número da sorte grande. A menina para ir para a escola, a bruxa para ir para o emprego entram sempre na mesma carruagem no metropolitano. -Se em vez de ir aqui apertada, eu tivesse uma vassoura mágica – suspirava a bruxa. -Se em vez de ir aqui apertada também eu tivesse uma vassoura mágica – suspira a menina.

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Ficha Técnica da História Autor

Luísa Ducla Soares

Ilustrador

Paula Oliveira

Local e Data

Porto, 1986

Editora

Edições Asa

Tema (s)

Imaginário; Ambição.

Direcções de exploração pedagógica

- Na Área do Conhecimento do Mundo, pode ser explorado o planeta terra através de globos, mapas e atlas; os diferentes continentes e descobrir as pessoas e os animais que lá habitam; - Também na Área do Conhecimento do Mundo, pesquisar as grandes mudanças que ocorrem ao longo dos anos a nível do vestuário, alimentação, profissões, hábitos sociais, entre outras.

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PORQUE É QUE EU SOU TÃO PEQUENO?

Todas as manhãs, o Óscar perguntava a mesma coisa a si próprio: “Porque é que eu sou tão pequeno? O meu irmão Marco é grande...porque é que eu também não posso ser grande?” O Óscar entrou na cozinha e perguntou à mãe: “Porque é que eu sou tão pequeno?” “És pequeno, és querido e és o meu ratinho fofinho!”, respondeu a mãe. Mas o Óscar ainda não tinha percebido e, por isso, decidiu perguntar ao seu irmão Marco. O Marco estava na casa de banho a lavar os dentes: “Porque é que eu sou tão pequeno”, perguntou o Óscar “ e tu és maior do que eu?” “Eu sou maior do que tu, porque faço muito desporto, como muita comida saudável e durmo muito”, disse o Marco. “Talvez eu fique grande se fizer tudo o que o Marco faz”, pensou o Óscar e correu para o jardim. Fez exercício de alongamento, saltou à corda um bocadinho e jogou à bola. Depois, correu para a cozinha. Sentou-se com a mãe e comeu alguma comida saudável: cenouras e rabanetes, feijões e pão fresco... Também bebeu imenso leite. Na hora da cesta o Óscar foi para o quarto e enfiou-se na cama mas não conseguia adormecer... Estava tão excitado com a perspectiva de ficar maior! Depois de descansar, o Óscar foi tomar um banho. Já se sentia um bocadinho maior e pôs no cabelo um pouco do gel do Marco para parecer maior ainda. A seguir, foi ao quarto do irmão e encontrou uma camisola de futebol vermelha. Agora que estava mais crescido, já lhe devia servir. No Óscar, a camisola do Marco parecia mais uma camisa de noite, mas ele nem reparou.

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O Óscar decidiu ir para o parque de diversões com o Marco. Estava morto que os amigos do irmão o vissem e dissessem: “estás tão grande!”. De certeza que seria maior do que todos eles. Quando chegaram ao parque de diversões, o Marco e os seus amigos subiram para as barras. O Óscar também tentou subir, mas, por muito que tentasse as barras eram muito altas e ele não lhe chegava. “PASSA-SE ALGUMA COISA!”, gritou o Óscar. “Porque é que eu continuo tão pequeno?” “Não se passa nada”, disse o Marco. “Crescer demora tempo... tens de fazer exercício, comer e dormir durante muito tempo!”. O Marco levou o Óscar para o sítio onde brincavam os ratinhos pequeninos. “Olha para estes bebés. Tu já foste pequenino como eles, depois cresceste e cada dia ficas maior... Talvez um dia fiques ainda maior do que eu!” O Óscar sentiu-se muito melhor. Pegou num dos ratinhos mais pequeninos ao colo. “Sabes porque é que és tão pequenino?” perguntou o Óscar. “ Deixa-me levar-te ás cavalitas por esta encosta a baixo, enquanto te explico tudo!”

Ficha Técnica da História Autor

Eun Ju Kim

Ilustrador

Eun Ju Kim

Data e Local

2002, Porto

Editora

Âmbar

Tema (s)

Crescimento e Educação Ambiental

Direcções de exploração pedagógica

- Na temática corpo humano a educadora pode explorar com as crianças as etapas do crescimento e desenvolvimento humano; 21

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- Na temática de saúde e bem-estar físico e mental, a educadora deve sensibilizar as crianças para a prática de exercício físico e para terem uma alimentação saudável (corpo são e mente sã); - No Domínio da Expressão Plástica podese construir uma pirâmide dos alimentos e colocar fotografias dos alimentos. Para fomentar a participação da família, as fotografias deverão ser tiradas pelas crianças com um acompanhamento dos pais.

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A FADA DESASTRADA Tu sabes que as fadas são lindas e prendadas. Mas a Fada Desastrada nasceu errada… Nem parecia uma fada! Era feia, gorda, desajeitada. O penteado estava sempre desmanchado. Trazia o manto do avesso e tinha um sorriso tão travesso!... Era traquina como qualquer menina e era até capaz de ter traquinices de rapaz. Atirava fisgadas ás pessoas despreocupadas, puxava o rabo ao gato… Era um desacato! Por vezes, montava a vassoura da cozinha, em grandes cavalgadas. -Parece uma bruxinha!, diziam as outras fadas. A Fada Rainha quis conhecê-la e , ao vê-la, disse desapontada: -De fada não tem nada! E sempre que a via, repetia desanimada: -De fada não tem nada! Então a Fadazinha tentou ser perfeita no que fazia, mas não conseguia! Tocava as plantas com a varinha de condão, mas em vez de flores bonitas, nasciam fitas. Fitas de todas as cores! Eram bonitas mas não eram flores! Começaram a temê-la e ela, com ar sisudo, quis compor tudo, mas apareceram rosas na Amendoeira e amêndoas na Roseira! Então, as plantas revoltadas convocaram o Conselho das Fadas, para a julgar. A sessão ia começar. A Fada Rainha com um manto de luz preso por uma estrela sentou-se no seu trono de cristal. As outras fadas sentaram-se junto dela.

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A Roseira, a Amendoeira e outras plantas eram testemunhas de acusação. E até o gato lá estava, muito quietinho, sentado num cantinho, com muita atenção. A ré acabara de chegar e de se sentar. A Fada de Acusação perguntou zangada: -Sabes de que és tu acusada? -Não, Senhora Fada! -

Não estejas a fingir! Se começas a mentir, o castigo será maior! É melhor dizeres a verdade! O teu comportamento será mesmo maldade? E ela respondeu apressada:

- Não, eu sou apenas desastrada! A Roseira, uma das mais atingidas com asneiras repetidas, perguntou: -Porque não fazes as coisas com acerto? E a Fadazinha, apesar de estar perto, gritou: -Gostaria de ser perfeita no que faço, mas isto parece andaço! A Rainha que fazia de juiz censurou: -Não sabes que é feio gritar? E a Desastrada, desorientada, já nem sabia como se desculpar! E então, resolveu contar: -

Bem, eu estava destinada a ser um modelo de perfeição, mas nunca mais nascia, e quando «cá cheguei» já era quase dia! As fadas estavam ensonadas e as palavras mágicas saíram-lhes erradas! Nem me tocaram com a estrela da varinha, como convinha, mas com o lado oposto! A mim, até me dava gosto fazer o que me apetecia…e quando via as outras admiradas…dava gargalhadas! Ria, ria… até cair para o chão… então vinham os ralhos e os conselhos! Era preciso ter juízo! Mas eu não tinha! E todos contra mim, trouxeram-me até aqui!

-

E cheios de razão!, disse o gato refilão. 24

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E lembrando-se bem do que tinha passado, disse ainda, com ar de enfado: -Proponho que esta Maria Rapaz me deixe o rabo em paz! Então, nervosa, a tremer, a Fadazinha perguntou à Fada indicada para a defender: -Será meu destino ficar sempre assim? Dizem que sou ruim! -Penso que não. Para seres ajuizada tu precisas de ser ajudada, e não castigada. Não tens boas maneiras, mas tens bom coração! Poderás mudar para melhor! -Sim senhor! A Fada tem razão!, gritaram as Plantas numa grande confusão! E, muito interessadas, pediram à Rainha das Fadas que resolvesse a situação. Então, sorrindo com bondade, ela tocou-lhe na mão com a varinha de condão. Todos os presentes ficaram conscientes que algo de importante se iria passar. O olhar da Fadazinha ficou preso à varinha e, pouco a pouco, começou a deixar de ser gordinha e a tornar-se elegante e bonitinha. Depois, a Fada Rainha tocou-lhe o coração e foi completa a transformação. Bastava-lhe olhar para tudo embelezar, e as próprias flores lhe pediam favores. Bastava respirar junto delas, para as tornar mais belas. É agora uma das fadas mais bem comportadas, uma das de maior encanto. Já não trás o manto do avesso, tem um sorriso lindo sem ser travesso… já não faz nada do que antes fazia. - Estar junto dela é uma alegria! - Será?? - As plantas, o gato e a própria fadazinha andam contentes? - Parece que estão a conversar. - Vamos espiar?

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-Ninguém deseja que tu sejas má, mas, afinal, fadas boazinhas há tantas! Parecem santas! Um pouco de traquinice não faz mal! É como o sal! Dá gosto e tempero à vida! Dá alegria! Agora é uma monotonia! Diz lá Fadazinha, não andas aborrecida? - Ando, sim senhor! Isto é vida? Gostava tanto de brincar, de arreliar! Não era melhor uma partidinha de vez em quando? Eu ando mortinha por isso! Livrem-me deste enguiço! Desta perfeição exagerada! Ser tão certinha em tudo não leva a nada! Não prejudicar ninguém, está certo, está bem, mas umas partidinhas das minhas… até tinham piada!... -Não digas mais nada! Vamos além, à Montanha de Cristal, onde há remédio para o teu e o nosso mal, pedir ao Génio da Graça que, embora te mantenha bondosa e bonita, te deixe de vez em quando, dando largas á imaginação, fazer a tua partidita, deixando toda a gente a rebolar-se a rir pelo chão… -

Oh! Meus amigos, tanto também não! Puseram-se a caminho, com jeitinho, porque lá perto, quase ao chegar, o piso

também, era de cristal, e por seu mal quem não fosse devagar poderia rebolar, batendo de certeza com as costas na dureza. Não havia portas na montanha. Para entrar, bastava usar de manhã e dizer, concentrando a mente: - Quero e vou passar! O cristal será mole como a gelatina quando eu o atravessar! Como a mente tem muito poder, é só querer! O gato passou adiante e, muito lambareiro, imaginou uma sobremesa gigante, que tremeu. Ele até lambeu! O Génio tinha uma carequinha muito redondinha, com cabelos dos lados muito branquinhos! Parecia linho. E a barba também parecia. Era uma simpatia! Olhou-os e começou a rir. E quando ele se ria tinha uma cara patusca, tão cómica e descarada que a Fadazinha ficou embaraçada.

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Já sei o que vos trás aqui! Larilolá, lariloli!, disse ele para as plantas e para o bichano. Querem que todo o ano ela faça das suas! Que tanto em casa como nas ruas ande desaustinada, sem comportamento de fada! -Todo o ano não! Tenha compaixão! -Então, dia sim, dia não? -Oh! Por amor de Deus! Isso bradava aos Céus! Quase nem tínhamos descanso e nós gostamos do nosso ripanço! -

Se não me engano, de quinze em quinze diz era o que tu querias, não era bichinho?

-

Sim, não estaria mal, se ela tivesse um pouco de respeito e me puxasse o rabo com jeito…com carinho…

-

A Roseira mês sim, mês não, mas a Amendoeira não foi dessa opinião, porque partidinhas muito espaçadas e assim deixariam até de ser engraçadas e propôs de oito em oito dias, como qualquer série da T.V.

A Desastrada disse que não, porque se a partida tivesse continuação teria de parar no momento de maior emoção e acrescentou: -

Por mim vou faze-las todos os dias!

-

Isso era o que tu querias!, disse o bicharoco já rouco. Todos os dias vê-la e sofrê-la como à Telenovela? Queriam doença maior?

-

Não senhor! Todos os dias era demais, disseram todos à uma. Algumas partidinhas sim, mas sem nenhuma é que não queremos passa!

-

Vamos lá combinar!

-

E continuaram a falar, a falar, sem nunca mais parar!

-

E ainda lá estão, sem chegarem a uma conclusão! Não te é difícil acreditar, que através do cristal tudo se pode observar, pois

não? A Fadazinha acenou-me agora com a mão. Continua boazinha e bela. Gostarias de conhecê-la? Sonha um pouco e talvez chegues a vê-la. 27

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Ficha Técnica da História Autor

Renata Gil

Ilustrador

Luísa Brandão

Local e Data

Porto, 1989

Editora

Afrontamento

Tema (s)

Diferença

Direcções de exploração pedagógica

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, explorar a atitude de tolerância perante a diferença; - No domínio da Expressão Dramática, as crianças podem dramatizar a história.

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A CHUPETA DE NINA

- Quando vais tu deixar de chupar essa chupeta? – pergunta a mamã. - Nunca – responde Nina. – É a minha chupeta. - Mas quando fores grande, vai ser preciso desembaraçares-te dela! Nina põe a chupeta na boca. - `Unca, ` unca, `unca! - Então, quando fores passear, vais levá-la? - C`aro! Com os bô`os e os choco`ates! - E quando fores para a piscina, também a vais levar? - Sim. Me`gulho com e`a! - E, quando fores grande, vais com ela para o trabalho? - Sim. Terei semp`e a minha supeta. - Mas, quando casares não vais, com certeza, usar a tua chupeta? - Sim! Fica`á `onita com um be`o `estido! E, então, Nina vai sair. De repente, um lobo sai da mata. Um lobo terrível, furioso e esfomeado. - Ah, menininha, vou comer-te! - Oh! – exclama Nina. – Dei`a-me em pa! - O quê? – disse o lobo, que não compreendeu nada. Nina repete: - Dei`a-me em pa! Decididamente, o lobo não compreende. - O quê? Que é que tu dizes? Nina tira a chupeta e grita: - Tu não és bonito, não és simpático e cheiras mal! Deixa-me em paz! 29

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O sangue do lobo sobe-lhe à cabeça! - Ah, sim? Não sou bonito! Não sou simpático! Cheiro mal! Agora é que vais ver, menininha! “AHHHHHH!!!” Poc! - Toma, chupa. Isto vai acalmar-te. Por fim, o lobo já não quer comer Nina. O lobo terrível, esfomeado e furioso tornou-se um lobo meigo, sossegado e fofinho. Com um sorrisinho, o lobo desaparece na mata. Nunca mais voltará. Nina volta para casa. - Então, já não tens a tua chupeta? – admira-se a mãe. - Espero que não a tenhas perdido. - Não – responde Nina. – Dei-a a alguém que precisava mesmo muito dela.

Ficha Técnica da História Autor

Christine Naumann-Ville

Ilustrador

Marianne Barcilon

Local e Data

Porto, 2004

Editora

Âmbar

Tema (s)

Crescimento e Generosidade

Direcções de exploração pedagógica

- Na Área do Conhecimento do Mundo, a educadora pode explorar com as crianças o corpo humano e as etapas do crescimento e desenvolvimento do mesmo;

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- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, pode explorar valores como, a generosidade e o respeito pelas escolhas e vontades individuais; - No domínio da linguagem a educadora poderá pedir às crianças que identifiquem as palavras ditas pela Nina, incorrectamente e corrigi-las.

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A GALINHA QUE PUNHA OVOS DE OURO

Era uma vez um homem que tinha uma bela capoeira muito bem recheada de gordos galináceos. Naquela capoeira havia lindíssimos perus; patos e patinhos muito remexidos, que era um encanto ver a caminho da ribeira próxima quando lhes abriram a porta da capoeira; galinhas gordas e um galo de truz! Tudo criação de se lhe tirar o chapéu! O homem mais a sua mulher é que tratavam da bicharada toda e com o maior dos cuidados, como se está a ver! Eles não eram nem ricos nem pobres: eram remediados e, com a ajuda dos produtos da horta que tratavam, e da exploração da capoeira, lá iam vivendo muito felizes. Um dia o homem foi à capoeira recolher ovos que as galinhas tinham posto naquele dia e…o que havia ele de ver?! Um ovo a brilhar, por entre os outros! Pegou nele e nem podia acreditar no que os seus olhos viam: era nem mais nem menos do que um ovo de ouro, o que estava ali à sua frente! A correr, foi mostrá-lo à mulher. Ficaram os dois excitadíssimos com a novidade: tinham, na sua capoeira, uma galinha que tinha posto ovos de ouro! No dia seguinte foram os dois recolher os ovos, em grande curiosidade e…lá estava outro ovo também de ouro, por entre outros ovinhos normais que as galinhas costumavam pôr! Ficaram radiantes, como bem se pode calcular. No dia seguinte, bem cedinho, a mulher escondeu-se na capoeira e, a seguir a cada galinha que subia para pôr o seu ovo, ela ia ver qual seria a que punha os ovos de ouro. Assim, descobriu que era a galinha mais gorda que ela tinha! A partir desse momento, não sabiam mais o que haviam de fazer à galinha: deram-lhe um poleiro especial, ração dobrada, enfim, prestaram-lhe todos os cuidados que prestariam a uma senhora galinha que fosse uma princesa encantada!

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Para ver se o ouro era de boa qualidade, o homem foi vender alguns ovos à cidade, onde muitos lhos gabaram e lhe deram por eles tanto dinheiro como ele nunca julgou ver na vida! Tornaram-se ambiciosos e começou a parecer-lhes pouco que aquela galinha só pusesse um ovo por dia…disse o homem para a mulher: -Ó mulher, ela que pões todos os dias um ovo de ouro, muitos ovos deve ter lá dentro dela!!! E disse a mulher: - Também acho, homem! E se a gente a matasse e lhe tirasse todos os ovos de lá de dentro?! Escusávamos de os receber aos bocadinhos… E assim fizeram: foram à galinha e mataram-na. Dentro dela não encontraram ovo nenhum e, a partir desse dia, nunca mais houve nenhuma galinha que pusesse ovos de ouro!

Galinha dos ovos de ouro Houve só uma e mais não! Ainda podia ser viva, Se não fosse a ambição!

Ficha Técnica da História Autor

Maria Alberta Meneres

Ilustrador

Dago Vianna

Local e Data

Porto, 2002

Editora

Edições ASA

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Tema (s)

Ambição

Direcções de exploração pedagógica

- No domínio da Linguagem Oral e abordagem escrita, pode-se cruzar esta história com outras que retratam a ambição; - No domínio da Expressão Plástica (realizar um desenho, uma colagem, uma pintura, …) e no domínio da expressão musical (ouvir uma melodia e marcar o ritmo dessa melodia) relacionada com os temas, quinta e animais; - Na Área do Conhecimento do Mundo, explorar os animais da capoeira e questionar as crianças sobre quais os animais que põem ovos, se os ovos são todos iguais.

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A PRINCESA QUE BOCEJAVA A TODA A HORA

Esta é a história de um palácio amarelo, de um rei com uma coroa de ouro e de uma princesa que bocejava a toda a hora. O rei passava o dia a percorrer de cá para lá e de lá para cá o quarto real. Tinha uma enorme preocupação: a sua filha não fazia mais do que bocejar! Abria tantas vezes a boca que já lá tinha entrado um par de moscas varejeiras, um colibri despistado e uma borboleta violeta. Como os bocejos são muito contagiosos, o palácio inteiro andava com a boca aberta: o rei bocejava, a rainha bocejava, os ministros bocejavam... até o gato e o cão do jardineiro bocejavam! - Por que bocejará tanto esta princesa? - perguntava-se o rei – Será de fome? Preocupado, mandou trazer os manjares mais requintados de países longínquos: gelado de Itália, arroz da China, cacau do Brasil, peixe cru do Japão, gafanhotos fritos da Tailândia... A princesa comeu até se fartar, mas não deixou de bocejar! E tal como ela, também o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro! O rei continuava preocupado, percorrendo de cá para lá e de lá para cá o quarto real. – Por que bocejará tanto esta princesa? Será de sono? Desta vez mandou preparar uma cama macia com colchão de penas lençóis de seda e dossel de cetim. Para além disso, ordenou que a perfumassem cm pétalas de rosa e que trouxessem o melhor trovador tocando o seu alaúde para embalar a princesa com doces canções. A princesa dormiu um sono profundo até que um raio de sol travesso se infiltrou pela janela e se pôs a brincar com o seu cabelo, mas ela não deixou de bocejar! E tal como ela, o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro! O rei, pensando e repensando, de cá para lá e de lá para cá, já tinha gasto as solas dos sapatos reais e tornou a perguntar-se: - Porque bocejará tanto esta princesa? Será de aborrecimento? Desta vez mandou vir de um reino afastado uma elefanta amarela que contava anedotas que faziam rir. Mas a princesa continuou a 35

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bocejar! E tal como ela, também o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro! A notícia foi correndo de boca em boca. Depressa, todos os reinos vizinhos souberam do grande problema daquela corte. Vieram médicos e curandeiros de todo o lado; mas pró mais xaropes que lhe fizessem tomar, por mais mezinhas que lhe aplicassem, a princesa continuava a bocejar! E tal como ela, também a rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro! Um dia, enquanto passeava pelos jardins, o filho de um criados do palácio tentou aproximar-se da princesa. O pobre estava tão nervoso que tropeçou na raiz de um carvalho e caiu de cabeça na fonte real. Quando saiu, molhado como um pinto, trazia um peixe colorido dentro da boca e um par de caranguejos pendurados nas orelhas. Ao vê-lo, a princesa teve um ataque de riso e esteve mais de um quarto de hora ah ah ah! Hi hi hi! Sem dar um bocejo. E tão-pouco bocejaram o rei, a rainha, os ministros... ou o gato e o cão do jardineiro! O rapaz, a tremer como im pudim, mas feliz com o rso da princesa, conseguiu dizer-lhe: - Dão per, Ciprensa! Que na linguagem dos que se ensarilham com a língua quer dizer: Perdão, Princesa! Quanto mais falava o rapaz, mais vontade de rir tinha a menina. E quanto mais ria a menina, mais falava o rapaz: - Radíama a nhora, Gamestade, de ecaitar uma ferota? Que na linguagem dos que se ensarilham com a língua que dizer: dar-me-ia a honra, Magestade, de aceitar uma oferta? O filho do criado, encarnado como um tomate, entregou-lhe uma caixa de madeira. Quando a abriu, no rosto da princesa nasceu um sorriso: lá de dentro estava a rã mais verde e brilhante que alguma vez vira. O rapaz levou a princesa a caçar grilos, a dar cambalhotas na montanha, a procurar fantasmas num castelo abandonado, a chapinhar no charco, a jogar à apanhada, a pintar a cara com lama... e a divertir-se com as brincadeiras que sempre lhe tinham sido proibido. A partir daquele dia tornaram-se amigos. 36

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A princesa deixou de bocejar a toda a hora. E tal como ela, também o rei, a rainha, os ministros... e até o gato e o cão do jardineiro! Isto porque nem as bolas de gelado de Itália, nem colchões macios de penas, nem as elefantas amarelas alegram tanto o coração das princesas como um bom amigo.

Ficha Técnica da História Autor

Carmen Gil

Ilustrador

Eliana Odriozola

Local

Pontevedra, 2006

Editora

OQO

Tradução Tema

Valores humanos (amizade)

Direcções de orientação pedagógica

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, explorar a noção de valores tais como amizade; - Na Área do Conhecimento do Mundo, explorar a vida dos reis, onde viviam, o que faziam, que desportos preferiam, como se vestiam, entre outros; - A nível gastronómico, a educadora pode explorar com as crianças os pratos típicos de cada país;

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O CASAMENTO DA GATA

Diz o Dom Gato para a Dona Gatinha: Não queres casar a nossa filhinha? Já tem seis meses, sabe arranhar E os seus bigodes são de encantar.

Já temos a noiva para se casar. Mas esse noivo? Vamos lá procurar. Salta o coelho da toca do prado: Se querem noivo, estou preparado.

Já temos noivo para casar. Mas os padrinhos? Vamos lá procurar. Saltam os lobos do grande rochedo: Nós somos padrinhos, não tenham medo.

Temos padrinhos para apadrinhar. Mas cozinheiro? Vamos lá procurar. Salta a mosquita de uma estrumeira: Sou muito limpa para cozinheira.

Temos cozinheira para cozinhar. Mas costureira? Vamos lá procurar. Salta velha aranha da sua teia: 38

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Faço vestido, grinalda e meia.

Temos costureira para costurar, Mas uma orquestra? Vamos lá procurar. Saem dez grilos da verde alface: Tocamos música com grande classe.

Temos orquestra, que sabe tocar. Mas bailarinas? Vamos lá procurar. As borboletas que brincam no ar Dizem: cá estamos prontas a bailar.

Temos as bailarinas para bailar. Mas falta o padre. Vamos lá procurar. Sai o negro melro de entre a folhagem: Aqui está o padre, sigam viagem.

Vai o cortejo pelos campos fora, Mas é bem tarde, já passa da hora. Então a aranha, cheia de fome, Chega-se à mosca e quase a come.

Então um dos lobos, cheio de fome, Vai-se ao coelho e quase o come. Fogem os bichos, em louca corrida: 39

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Não tem piada servir de comida.

A noiva trepa para o telhado, Vai namorar belo gato malhado. Deita para o lixo vestido e véu: Os Gatos gostam de andar ao léu.

Ficha Técnica da História Autor

Luísa Ducla Soares

Ilustrador

Pedro Leitão

Local e Data

Lisboa, 2004

Editora

Terramar

Tema (s)

Casamento e os Animais

Direcções de exploração pedagógica

- No Domínio da Expressão Dramática, dramatizar a história, fazer cenários e adereços; - No Domínio da Linguagem, trabalhar as rimas, os fonemas e as sílabas; - Na Área do Conhecimento do Mundo explorar a temática “casamento”.

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O GRILO VERDE

Certo dia, apareceu na horta do Tio Manuel Liró um grilo espantoso. Era verde, tão verde como as alfaces repolhudas que cresciam num pequeno canteiro ao cimo da horta. E em dias de sol e noites estreladas, punha-se a assobiar modinhas. Os grilos que viviam por perto, como não eram verdes nem sabiam assobiar, acharam aquele vizinho esquisito, muito invulgar. Foram contar aos colegas que moravam por aquelas redondezas. « VERDE» ?! « E ASSOBIA?!... PODE LÁ SER!» A notícia espalhou-se, andou de toca em toca, voou de lura em lura. Todos os grilos ficaram a saber das afrontas do parceiro que morava na horta do Tio Manuel Liró. Sim, afrontas! Ser-se verde e assobiar não eram coisas de grilo que se fizessem… Resolveram fazer-lhe uma visita para o convencer a mudar de farda e de música. Numa tarde de domingo deixaram as luras que tinham nos quintais, campos, bouças e matas. Entraram na horta do Tio Manuel Liró e perguntaram ao companheiro: - Por que não tens uma cor igual à nossa? Porque não cricrilas? Então grilo Verde respondeu: - Se nasci verde, não posso ser preto. E se assobio é porque não sei fazer outra coisa. E vós – pergunto – por que não sois verdes e não sabeis assobiar como eu? - Porque sempre fomos pretos e só sabemos cricrilar. - Então – concluiu o Grilo Verde – estamos empatados: se eu sou verde, vós sois pretos; se assobio, vós cricrilais. Para quê tanta preocupação? - Alto lá! – reagiram os grilos pretos. – Esqueceste-te que és o primeiro colega a fazer tamanhos disparates! - E não será disparate ter cor preta e cricrilar?

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- Não venhas com bazófia. Por acaso já pensaste na confusão que vais criar? - Confusão!? – espantou-se o Grilo Verde. – Eu?!... - Já pensaste que, se por acaso os homens te vêem, vão logo dizer aos amigos que há grilos que não são pretos e grilos que assobiam. Já pensaste nisso? E por tua causa todos os grilos do Mundo ficam desacreditados! - Não vejo mal nisso… Mas dizei-me – pediu o Grilo Verde – o que devo fazer? O Grilo Verde ficou calado, pensativo. - Ides desculpar - disse ele - mas não posso fazer o que me pedis. - Pensa bem… - Já pensei o que devia pensar, e volto a dizer que estais a pedir coisas impossíveis, coisas malucas. Cada um é como é… - Então – decidiram os grilos pretos – somos obrigados a agir imediatamente para remediar o equívoco: vamos prender-te. - Prender-me? - Sim, caro colega. Serás metido na lura mais funda que conseguirmos fazer. Ninguém mais verá esse ridículo verde da tua pele, ninguém mais escutará essas estúpidas modinhas que assobias… Descansa, fome não passarás, haverá sempre à tua disposição alface e serradela com fartura. O Grilo Verde olhou à sua volta e ficou desesperado: eram tantos os grilos pretos a rodeá-lo… como poderia escapar? - Não vos passou pela cabeça - disse o Grilo Verde - que ides fazer uma coisa estúpida, praticar uma injustiça? Que mal vos fiz? Governo a minha vida como qualquer grilo e dou umas assobiadelas. Onde está o mal, dizei-me?! - Ó Coleguinha estás a esquecer um assunto demasiado importante para todos nós: A NOSSA REPUTAÇÂO! - RE-PU-TA-ÇÂO? O que é isso?!... - admirou o grilo verde.

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- É o nome, a fama, a tradição, a reputação! Os grilos sempre foram pretos e nunca deixaram de cricrilar! - E o nome, a fama, a tradição e a reputação dos grilos também diz que se deve prender os que não são pretos nem sabem cricrilar?- perguntou o Grilo Verde. - Não venhas com conversa fiada, nem tentes baralhar-nos as ideias. Prepara-te para partires connosco. Os grilos pretos começaram a fazer um cerco cada vez mais apertado ao colega vestido de verde – e este, quando se viu muito enrascado, desatou aos saltos, tentado fugir. - Agarra que é verde! Apanha o assobiador! Cri-cri-cri-cri. E os grilos pretos saltavam, pulavam, caíam. O Grilo Verde, esse fugia para um lado, fintava um colega, saia para o lado contrário, dava um salto e fintava outro. - Ai a minha vida! Ai que lá vou para a toca funda! -mas o Grilo verde fugia sempre, sempre, cada vez mais aflito, mais cercado, mais cansado… E se o tio Manuel Liró não entrasse na horta a tempo de escorraçar os grilos pretos, certamente o Grilo Verde seria apanhado pelos colegas e de seguida metido numa lura funda. Eu conto como tudo se passou. Nas tardes de sol, o Tio Manuel Liró costumava ir sentar-se sob a sombra de uma oliveira ramalhuda que havia no fundo da horta para ler o jornal, e por fim dormir uma soneca. Ora, nessa tarde de domingo, o Tio Manuel Liró entrou na horta e, como de costume, foi sentar-se à sombra da oliveira, ignorando que havia visitas por perto. Abriu o jornal, leu as palavras das letras gordas com muita atenção. Depois virou a página e começou a ler as letras mais pequenas. Mas essas letras, como eram pequenas, gostavam de brincar: punham-se a dar saltinhos de um lado para o outro, pulavam para cima e para baixo, faziam danças de roda… E os olhos do Tio Manuel, que já estavam um pouco cansados, não acharam piada nenhuma àquelas letras brincalhonas – fecharam-se. O sono, que rondava por perto, aproveitou a ocasião e, rápido, enfiou-se no corpo do Tio 43

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Manuel Liró. Mas foi por pouco tempo. Era grande, muito grande a barulheira que os grilos faziam. E o sono, que detesta barulho, fugiu a grande velocidade. O Tio Manuel Liró acordou estremunhado. - Raio de grilos! Que barulho, santo Deus!... Calai-vos, desafinados duma cana! Todavia, os grilos continuavam a fazer algazarra, indiferentes à zanga do dono da horta. - Calai-vos!- gritou o tio Manuel Liró. E a barulheira continuava… - Ai sim !Então espera pelas alfaces… esperai. Zangado, estremunhado, o Tio Manuel levantou-se, atirou o jornal ao chão, e correndo atravessou a horta. Voltou daí a momentos com uma grande enxada nas mãos. Sem fazer barulho começou a percorrer a horta, talho a talho, tentando localizar os importunadores barulhentos. E tanto andou, tanto rebuscou, que conseguiu descobrir o paradeiro deles. Mas ó grande azar, ó pouca sorte! Onde é que os grilos haviam de estar metidos? - No meio do feijoal, no talho dos seus viçosos feijoeiros… «E agora, Manuel? – pôs-se o velho Manuel Liró a pensar.- desfaço ou não desfaço? Se desfaço o feijoal e espanto os grilos para longe daqui, passo a dormir descansado. MAS se não desfaço os feijoeiros e não espanto os grilos, jamais dormirei uma soneca em paz. E agora, que faço?» O Tio Manuel pensou, matutou, ponderou e finalmente decidiu: - Guerra aos grilos! Nem mais um cri-cri na minha horta! Quero dormir descansado. Fora! Fora daqui, seus casacas! - E, pegando na enxada, pôs-se o Tio Manuel a cavar o talho, a arrancar os feijoeiros, a cortar as vagens... Os grilos pretos mal viram aquele pedaço de ferro afiado a arrasar tudo, tiveram medo, esqueceram de dar caça ao colega verde e tentaram escapar-se, fugindo ligeirinhos, mais lestos que saltaricos. E o Grilo Verde? Esse, empoleirou-se numa couve, e dando um suspiro de alívio, escondeu-se entre as suas folhas verdes, tenras e largas, deixando-se estar quieto, caladinho. E o Tio Manuel continuou a cavar o talho, mexendo de ponta a ponta. Grilos não vi. E voltou a cavar, cada vez mais furioso. Cavou, cavou, estrangulou, revirou a 44

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terra e voltou a revirar… Mas como podiam aparecer grilos se já tinham dado à pata?! Transpirado, corado, aborrecido, enervado, fatigado, o Tio Manuel pensou «foram-se os grilos e foi-se o feijoal». Exausto, voltou para a sombra da oliveira. Pegou num jornal, leu novamente as palavras de letras gordas, virou a folha, suspirou três vezes, esqueceu o incidente, fechou os olhos e adormeceu. E foi então que se deu um caso extraordinário, só estando lá para ver e pasmar: enquanto o Tio Manuel dormia a sua soneca, cresceram umas asas cor de fogo no corpo do grilo verde, e este, saindo da couve estava empoleirado, começou a voar à roda da horta por cima dos talhos. Subiu e foi poisar no ramo mais alto da oliveira, enquanto assobiava uma bela e estranha melodia. O Tio Manuel acordou de mansinho ao som da música. «Mas que bela melodia! Onde é que está o seu executante?»- pôs-se o dono da horta a pensar enquanto olhava para todos os lados, atento, admirado. A música vinha de cima, dos ramos da oliveira, mas não se via nada! - Quem assobia tão bem que faça o favor de descer e de se mostrar para que eu o felicite! - pediu o tio Manuel. Então o Grilo Verde desceu da oliveira voando com as suas asas cor de fogo e mostrouse ao dono da horta. -Que bicho tão estranho tu és! Pareces uma borboleta, mas assobias maravilhosamente… Também és parecido com um grilo… mas és verde! És tão estranho!...Espera aí! – E o Tio Manuel pensou apanhar o Grilo Verde e levá-lo consigo para mostrar aos amigos. Mas, quando estendeu os braços e abriu as mãos para o apanhar, o Grilo Verde escapou-se e, de imediato, começou a subir no céu azul. Foi subindo, subindo e assobiando aquela estranha melodia, até que e para espanto do Tio Manuel, o Grilo Verde desapareceu entre um castelo de nuvens, voando, voando com as suas asas cor de fogo.

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Ficha Técnica da História Autor

António Mota

Ilustrador

Elsa Navarro

Local e data

Janeiro de 2005

Editora

Gailivro

Tema

Diferença

Direcções de orientação pedagógica - Na Área do Conhecimento do Mundo, trabalhar a vida dos grilos; - Também na mesma Área, construir uma horta; - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, trabalhar as diferenças entre as pessoas e animais, e a aceitação e compreensão das mesmas.

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A CASA DA MOSCA FOSCA

Era uma vez a MOSCA FOSCA que vivia num bosque distante.

Farta de zunir, de dar voltas sem parar, decidiu fazer uma casa para morar.

Podia dormir na cama, e ficar muito quentinha, podia receber amigos e preparar doces na cozinha.

E a Mosca Fosca pôs-se a trabalhar erguendo uma casa num lindo lugar.

Pra o seu lar inaugurar sem demora, preparou um belo bolo de amora. O seu aroma espalhou-se pelo bosque afora.

Arranjou SETE assentos, e para a mesa, SETE pratos. Não cabia nem mais um.

Pouco tempo passado, bateu à porta o ESCARAVELHO. 47

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- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca. Faço uma festa para inaugurar este que é o meu novo lar. E tu quem és? - Sou o Escaravelho Carquelho, aquele que tem o nariz vermelho. Que bom cheiro! Posso entrar? - Claro que sim. És o PRIMEIRO a chegar!

E muito contentes os DOIS decidiram merendar. Mas quando iam começar, passou por ali o MORCEGO. Viu a casa, cheirou-lhe a bolo e bateu à porta.

- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca e o Escaravelho Carquelho. E tu quem és? - Sou o Morcego Ralego, o que gosta da noite para ter sossego. 48

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Ai que fome, posso entrar? - Claro que sim. És o SEGUNDO a chegar!

E muito contentes os TRÊS decidiram merendar. Mas antes da primeira dentada, passou ali o SAPO. Cheirou-lhe a bolo e ficou com apetite.

- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca, o Escaravelho Carquelho, e o Morcego Ralego. E tu quem és? - Eu sou o Sapo Larapo, com laçarote de trapo. Que bem cheira! Posso entrar? - Claro que sim. És o TERCEIRO a chegar!

E muito contentes os QUATRO decidiram merendar. Mas quando iam começar, passou pelo bosque a CORUJA. Viu a casa, ouviu a festa e aproximou-se. 49

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- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca, o Escaravelho Carquelho, o Morcego Ralego, e o Sapo Larapo. E tu quem és? - Sou a Coruja Rabuja, a que limpa e nunca suja. Boa festa! Posso entrar? - Claro que sim. És a QUARTA a chegar!

E muito contentes os CINCO decidiram merendar. Mas quando iam começar, passou por ali a RAPOSA. Cheirou-lhe a bolo e animou-se a entrar.

- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca, o Escaravelho Carquelho, o Morcego Ralego, o Sapo Larapo, 50

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e a Coruja Rabuja. E tu quem és? - Sou a Raposa Tramosa, sou muito esperta e muito gulosa. Que bolo apetitoso! Posso entrar? - Claro que sim. És a QUINTA a chegar!

E muito contentes os SEIS decidiram merendar. Mas quando iam provar o bolo, passou por ali o LOBO. O cheiro fez-lhe crescer água na boca e bateu à porta.

- Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca, o Escaravelho Carquelho, o Morcego Ralego, o Sapo Larapo, a Coruja Rabuja e a Raposa Tramosa. E tu quem és? 51

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- Sou o Lobo Rebobo, o mais narigudo à face do globo. Que bolo tão bem feito! Posso entrar? - Claro que sim. És o SEXTO a chegar!

E muito contentes os SETE decidiram merendar. Quando por fim iam provar o bolo, apareceu por ali o urso. Tinha estado toda a tarde à procura de amoras sem encontrar nenhuma. Viu a casa, ouviu a festa e pensou: Porque não me convidaram?

E bateu à porta. - Quem vive neste lugar? Quem venho visitar? - A Mosca Fosca, o Escaravelho Carquelho, o Morcego Ralego, o Sapo Larapo, a Coruja Rabuja, a Raposa Tramosa e o Lobo Rebobo. 52

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E tu quem és?

EU SOU O URSO LAMBEIRO, O MAIS GULOSO DO MUNDO INTEIRO. E ESTE RICO BOLO DE AMORA VOU COMÊ-LO TODO… AGORA!

E assim se acaba o conto… Com uma dentada e… pronto!

Ficha Técnica da História Autor

Eva Mejuto

Ilustrador

Sérgio Mora

Local e Data Editora

Kalandraka

Tema (s)

Amizade e Animais

Direcções de exploração pedagógica

- Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social podem ser explorados valores tais como, amizade e respeito pelos outros; - No Domínio da Matemática explorar os números cardinais e os números ordinais; - Como a narrativa fala sobre um bolo de amora, a educadora poderá fazer uma receita de um bolo à escolha das crianças; - Na área do Conhecimento do Mundo

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pode ser explorado o fruto de que fala a narrativa, a amora. A amora é um fruto de época, por isso a Educadora pode explorar com as crianças o fruto em questão e pedir às crianças que digam se conhecem mais algum fruto de época; - Também na mesma Área podem ser explorados os animais que estão abordados no texto; - A educadora poderá também questionar as crianças sobre a atitude do lobo; - No domínio da linguagem a educadora podem explorar as rimas.

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A BORBOLETA BRANCA

A primavera tinha chegado finalmente. A Natureza reencontrara as suas belas cores. As flores abriam as pétalas para melhor se colorirem. Os animais cantavam e brincavam. Estavam todos felizes. Todos, à excepção de uma borboleta branca. Só ela se lamentava. Estava desesperada. As suas grandes asas eram completamente brancas. Gostaria de ser uma borboleta multicolor. A Natureza tinha-lhe pregado uma partida. Então, chorando de tristeza, procurou incansavelmente um meio de se colorir, esfregando-se com o pólen das flores ou rebolando-se na erva molhada. Uma bela manhã, banhou-se na lama. Uma rã, que habitava perto, não acreditou no que os seus olhos viam: “Ter prazer em se sujar deste modo, é deveras repugnante!” Mas, ao secar, a lama quebrou-se e transformou-se em pó que voou ao sabor do vento. As sãs da nossa borboleta, de novo, imaculadas de brancura. Que decepção! A borboleta branca pensava que, se comesse cenouras, podia ficar cor-delaranja. Por isso, foi visitar o seu amigo coelho. Infelizmente, não conseguia trincar tão grande legume. Teve de renunciar ao seu projecto. Um dia esfregou-se num enorme morango. O sumo fez-lhe muitas manchas vermelhas nas asas. A borboleta branca ficou muito contente. Mas uma joaninha que descansava numa folha disse-lhe intrigada: - Que te aconteceu? Feriste-te? A joaninha tinha confundido o sumo vermelho do morango com sangue! Muito humilhada, a borboleta branca lavou as asas numas gotas de orvalho. Chegara o Verão. As borboletas resplandeciam ao sol como papagaios multicolores. Para elas, era uma festa. Mas não para a nossa borboleta branca. A sua vergonha era tão grande que, amuada, pousava numa margarida para se esconder. Esta 55

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flor era a sua única amiga. Também ela tinha, em vão, utilizado todos os meios para se colorir. Um dia, aconteceu que Fabrice, um rapazinho, passou no campo com a sua rede de borboletas, para apanhar as mais bonitas de entre elas. A borboleta branca não se assustou, pensando que a sua brancura não cativava aquele pequeno caçador. Contudo, Fabrice parou junto dela, admirado, e perguntou-lhe: - Porque és toda branca? Que te aconteceu para perderes as tuas cores? - Pobre de mim! Nunca as tive; os anjinhos-pintores devem ter-se esquecido de mim. - Pobre borboleta! È triste o que te aconteceu. Mas… tenho uma ideia… amanha voltarei para cuidar de ti. Mal chegou a casa, Fabrice procurou a sua caixa de aguarelas: - Amanhã, vou pintar as asas daquela pobre borboleta branca. Na manhã do dia seguinte, partiu ás pressas, com a caixa das aguarelas debaixo do braço, para ir ter com a sua amiga que o esperava pousada numa papoila: - Trouxe as minhas tintas para pintar as tuas asas. Ficarás a ser a mais bonita das borboletas. Então Fabrice escolheu as cores mais bonitas para pintar as asas da borboleta. No final, tremendo de alegria e de emoção, ela foi mirar-se num charco de água. Virava-se, tornava-se a virar, dava voltas e mais voltas. Não estava a sonhar, as suas asas já não eram brancas! Todos os animais da vizinhança ficaram pasmados. Não acreditavam no que viam: aquela borboleta era realmente extraordinária. A borboleta branca estava feliz, causava a admiração de todos. A meio do Verão, os insectos organizaram um concurso de beleza. Pela primeira vez na sua vida, a nossa borboleta pode participar. Foi vivamente aplaudida e o júri admirou as suas cores raras, a tal ponto que lhe concebeu o “pistilo” de ouro. Era um sucesso!

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- Numa bela tarde, uma menina, Aurélia, parou junto desta esquisita borboleta de asas diferentes: - Tenho de a apanhar para a minha colecção! Correu atrás dela e não tardou a prende-la na sua rede. Mas, de repente, umas grandes nuvens negras deixaram cair uma chuva que apagou as belas cores da borboleta. Aurélia, espantada e desiludida, soltou-a. Tremendo de medo, a borboleta esvoaçou e, depois, rodopiou de alegria: a sua brancura e a chuva acabaram-lhe de lhe salvar a vida. Muito alegre, a borboleta branca foi ter com a margarida, que continuava triste por ser branca: - Não sabes a sorte que tens por seres branca. Se fosses colorida, há muito que te teriam colhido, minha amiga. - Tens razão, não tinha pensado nisso - admitiu a margarida, corando de prazer. - E olha para a lua!... Também ela é branca e é muito feliz assim! A nossa borboleta branca e a margarida desataram a rir. O branco era tão bonito!...

Ficha Técnica da História Autor

Brigitte Blach-Tabet

Ilustrador

Claude Dessons

Local e Data Editora

Edições Asa

Tema (s)

Amizade e Igualdade

Direcções de exploração pedagógica

- No Domínio das Expressões elaborar uma linha de tempo com as estações do ano; - Na Área do Conhecimento do Mundo, 57

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explorar a vida das borboletas, os tipos de borboletas e as mudanças que ocorrem durante os diferentes ciclos de vida das borboletas;

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O GIGANTE E AS TRÊS IRMÃS

Era uma vez um lenhador que tinha três filhas. Estava ele um dia a cortar lenha quando, detrás de uma árvore, lhe apareceu um gigante que o quis matar. - Não me mates – implorou o homem – senão as minhas filhas não terão quem cuide delas. - Não te matarei – disse o gigante – mas terás de me prometer que amanhã, por esta hora, aqui estarás para me entregares o primeiro ser vivo em que os teus olhos poisarem até chegares a casa. Lembrou-se o lenhador de um velho rafeiro que costumava sempre encontrar no caminho e não teve dúvidas em concordar com o gigante: - Amanhã a esta hora aqui estarei. E seguiu a caminho de casa, sem pensar mais na promessa. Mas, como saíra logo de manhãzinha e agora já caía a noite, as filhas estavam em cuidados. - Vou sair à sua procura – disse a filha mais velha fazendo-se à estrada. Mal tinha andado meia dúzia de passos e já o avistava. - Ainda bem que nada de mal vos aconteceu! – gritou. - Aconteceu-me o pior dos males – gemeu o pobre homem – Foste o primeiro ser vivo em que meus olhos pousaram, terei de te entregar ao gigante. E ali lhe contou o que sucedera. - O que tem a fazer, que se faça – disse a menina. E, no dia seguinte, seguiu na garupa do cavalo do gigante em direcção a um castelo desconhecido.

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- Amanhã vou à caça - disse o gigante no fim do jantar. – Poderás provar de todos o manjares, beber de todas as fontes do jardim, entrar em todas as salas do castelo… Mas ai de ti se ousares abrir a porta de ferro junto às ameias! - Podereis partir descansado – disse ela. Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que nunca por nunca a tirasse do pescoço. Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta? A tremer, subiu as escadas que levavam às ameias, a tremer deu a volta à chave que estava na fechadura da porta de ferro, e logo ela se abriu. Mas lá dentro nem ouro, nem prata, nem pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia soprar de invisíveis abismos. Assustou-se muito a menina e logo fechou a porta tremendo de medo. De repente olhou para a correntinha de ouro mas o ouro tinha-se transformado em ferro, pesando-lhe no pescoço. Tentou tirá-la mas não foi capaz. E, por mais que a limpasse, o brilho não voltava. Chegou o gigante da caça e olhou para a correntinha. - Ai de ti que me enganaste! Entraste na sala proibida e por isso serás castigada! E, levando-a até a porta de ferro, abriu-a com grande estrondo, atirou-a lá para dentro e deu três voltas à chave. No dia seguinte foi de novo o gigante ao encontro do lenhador. - Como passa a minha filha mais velha? – perguntou ele, assim que o viu. - Passa bem, mas não pára de chorar com saudades das irmãs. Se não a queres morta de desgosto, amanhã de manhã estarás aqui com a tua filha do meio. Irá comigo para lhe fazer companhia. Nessa noite o pai chorou a sua triste sorte, mas a filha acalmou-o: - Não vos atormenteis, meu pai. Se a minha irmã está bem, mal não hei-de eu ficar, com certeza. 60

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E, no dia seguinte, a filha do meio seguia na garupa do cavalo do gigante em direcção a um castelo desconhecido. - Onde está minha irmã? – perguntou assim que chegaram – Onde está ela que não me veio esperar? - Vossa irmã não tarda – disse o gigante. – Foi ao rio banhar-se. Mas eu tenho de partir já para a caça. Poderás comer de todos os manjares, beber de todas as fontes do jardim, entrar em todas as salas do castelo - mas ai de ti se ousares abrir a porta de ferro junto à ameias! - Podereis partir descansado – disse ela. Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que nunca por nunca a tirasse do pescoço. Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta de ferro? A tremer subiu as escadas que levavam às ameias, a tremer deu a volta à chave que estava na fechadura da porta de ferro, e logo ela se abriu. Mas lá dentro nem ouro, nem prata nem pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia soprar de invisíveis abismos.

E, desses abismos, se erguia uma voz que suplicava: Estende as tuas mãos minha irmã do meio salva a minha vida não tenhas receio

Mas logo nesse momento se ouviram os passos do gigante que regressava da caça, e a menina fechou a porta, tremendo de medo. De repente olhou para a correntinha de ouro mas o ouro tinha-se transformado em ferro, pesando-lhe o

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pescoço. Tentou tirá-la mas não foi capaz. E, por mais que o limpasse, o brilho não voltava. Chegou o gigante junto dela e olhou para a correntinha: - Ai de ti, não és melhor do que a tua irmã! Entraste na sala proibida, por isso serás castigada! E levou-a até a porta de ferro abriu-a com grande esforço, atirou-a lá para dentro e deu três voltas à chave. No dia seguinte foi mais uma vez o gigante ao encontro do lenhador: - Como passam minhas filhas? – perguntou ele assim que o viu. - Passam bem, mas não param de chorar com saudades da irmã. Se não as queres mortas de desgosto, amanhã de manhã estarás aqui com a tua filha mais nova. Irá comigo para lhes fazer companhia. Nessa noite o pai chorou a sua triste sorte, mas a filha acalmou-o: - Não vos atormenteis, meu pai. Se as minhas irmãs estão bem, mal não hei-de eu ficar, com certeza. E no dia seguinte a filha mais nova seguia na garupa do cavalo do gigante em direcção a um castelo desconhecido. - Onde estão minhas irmãs? - perguntou assim que chegaram – Onde estão que não vieram esperar-me? - Vossas irmãs não tardam – disse o gigante – Foram ao rio banhar-se. Mas eu tenho de partir já para a caça. Poderás comer de todos os manjares, beber de todas as fontes do jardim, entrar em todas as salas do castelo – mas ai de ti se ousares abrir a porta de ferro junto às ameias! Deu-lhe então o gigante uma correntinha de ouro, recomendando-lhe que nunca por nunca a tirasse do pescoço. Assim que o gigante desapareceu na poeira do caminho, a curiosidade encheu o coração da menina: que tesouros se esconderiam para lá daquela porta de ferro? E por que tardavam tanto suas irmãs? Subiu a correr as escadas que levavam às ameias, 62

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e sentiu que a correntinha lhe pesava muito no pescoço. Retirou-a com cuidado, meteu-a no bolso da saia e, sem mais tardança, deu a volta à chave que estava na fechadura de ferro e logo a porta se abriu. Mas lá dentro nem ouro, nem prata nem pedras preciosas. Apenas nuvens de pó e um vento gelado que parecia soprar de invisíveis abismos. E, desses abismos se erguiam vozes que suplicavam: Estende as tuas mãos nossa irmã mais nova tira-nos depressa desta fria cova!

A menina encheu-se de coragem e avançou. Pelo meio do pó que lhe cegava os olhos e do frio que lhe tolhia os movimentos, descobriu a entrada para um poço profundo onde as suas irmãs choravam de fome, de frio e de sede. - Não tenham medo - disse ela -, estou aqui para as salvar! Estendeu os braços – mas os braços eram fracos de mais para o peso das irmãs. Lembrou-se então da correntinha, dentro da algibeira da saia. Atirou-a para o fundo do poço e logo ela se transformou em grossas cordas a que as duas irmãs se agarraram, conseguindo assim sair do poço. Abraçaram-se as três meninas, quando se viram de novo juntas. - Agora vão esconder-se debaixo da minha cama. Mais tarde lhes direi o que é preciso fazer – disse a irmã mais nova, dando três voltas à chave na fechadura da porta de ferro. Olhou em volta à procura das cordas para as esconder, mas as cordas nem rasto. Levou a mão ao pescoço e a correntinha continuava no seu lugar, como se de lá nunca tivesse saído. Nessa noite quando o gigante chegou da caça e olhou para a correntinha de ouro, ela brilhava tal qual quando ele a colocara no pescoço da menina. - Vejo que cumpriste as minhas ordens. Por isso vou satisfazer-te um desejo. Diz-me o que pretendes: Ouro? Prata? Pedras preciosas? 63

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- Para mim nada quero, senhor. Mas ficaria muito feliz se amanhã antes de partires para a caça, passasses por casa do meu pai e entregasses um saco de açúcar. - Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo dizendo adeus. De manhã a menina ajudou a irmã mais velha a entrar para dentro de um saco, atou-a muito bem e entregou-o ao gigante depois subiu as escadas até ao mirante, e lá ficou acenando-lhe com um lenço branco, até que ele desapareceu na poeira do caminho. Quando o gigante voltou da caça, de novo olhou para a correntinha e de novo ficou satisfeito de a ver brilhar como no primeiro dia. - Continuas a cumprir as minhas ordens. Por isso decidi satisfazer-te um segundo desejo. Diz-me o que pretendes agora: Ouro? Prata? Pedras preciosas? - Para mim nada quero, senhor. Mas ficaria muito feliz se amanhã, antes de partires para a caça, passasses pela casa do meu pai e lhe entregasse um saco de farinha. - Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo dizendo-me adeus. De manhã, a menina ajudou a irmã do meio a entrar dentro de um saco, atou-o muito bem e entregou-o ao gigante. Depois subiu as escadas até ao mirante, e lá ficou acenando-lhe com um lenço branco, até que ele desapareceu na poeira do caminho. Nessa tarde a menina não descansou. Trouxe do jardim um velho tronco de árvore do seu tamanho, e escondeu-o debaixo da cama. Quando o gigante regressou, de novo olhou para a correntinha e de novo ficou satisfeito de a ver brilhar como sempre. - Vejo que as minhas ordens continuam a ser cumpridas. Por isso decidi satisfazer-te um terceiro desejo. Diz-me o que pretendes: Ouro? Prata? Pedras preciosas? 64

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- Para mim nada quero, senhor. Mas ficarei muito feliz se amanhã, antes de partires para a caça, passasses por casa do meu pai e lhe entregasses um saco de aveia. - Assim farei – disse o gigante -, desde que tu fiques no mirante do castelo dizendo-me adeus. Nessa noite a menina foi buscar o velho tronco de árvore, colocou-lhe o seu manto por cima e, num dos ramos, prendeu o lenço branco. Depois meteu-se dentro de um saco e rolou-se pelas escadas abaixo até ficar junto da porta onde o gigante saía para a caça. De manhã, apressado, o gigante pôs o saco às costas e, olhando para o mirante, lá viu como sempre, o lenço branco a acenar. E desapareceu na poeira do caminho. Quando o gigante regressou da caça, estranhou não encontrar a menina à sua espera. Gritou, mas ninguém lhe respondeu. Abriu a porta do quarto, mas ninguém lá estava. Subiu as escadas que levavam ao mirante, mas só lá encontrou um velho tronco de árvore com um lenço branco atado num dos ramos. - Maldita, que desobedeceste às minhas ordens! – gritou, enquanto subia as escadas que levavam às ameias, e dava a volta à chave na fechadura da porta de ferro. – Irás fazer companhia às tuas irmãs e todos os que me desobedeceram e se encontram nas profundezas do poço do inferno! Mas assim que a porta se abriu, uma nuvem de pó envolveu o gigante, cegando-o por completo, e uma rajada de vento gelado empurrou-o para dentro do poço sem fundo, donde nunca mais conseguiu sair. Dizem os mais velhos que, em noites de Lua cheia, ainda hoje a voz do gigante se ouve, prometendo ouro, prata e pedras preciosas a quem o conseguir tirar do poço. Mas os mais novos não acreditam, e dizem que é apenas o barulho do vento nas árvores, anunciando a tempestade. No entanto, pelo sim, pelo não, nunca passam diante do castelo.

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Ficha Técnica da História Autor

Alice Vieira

Ilustrador

Teresa Lima

Local e Data

Lisboa, 1998

Editora

Caminho

Tema (s)

Curiosidade, ambição e esperteza

Direcções de exploração pedagógica

-

Relativamente

Desenvolvimento

à

Área

Pessoal

e

do Social,

podem-se abordar os valores da família, inter-ajuda,

curiosidade,

ambição

e

esperteza. Na história o valor da família está presente na atitude de protecção do lenhador para com as filhas e na cooperação e auxílio entre as irmãs; a inter-ajuda entre as irmãs para se escaparem do gigante; a curiosidade que todas as irmãs tiveram para entrar na sala proibida; a

ambição

das irmãs ao

desejarem e sentirem curiosidade em encontrar tesouros na sala proibida; e a esperteza da irmã mais nova para arranjar uma estratégia de forma a ela e as irmãs escaparem ao gigante; - Na Área da Expressão e Comunicação, pode-se trabalhar a matemática através da sequencialização da história por imagens.

Na

área

da

expressão

e

66

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comunicação também se pode trabalhar a linguagem, pedindo às crianças que façam rimas acerca da história como as que se encontram no texto proferidas pelas irmãs a pedirem auxílio, quando fechadas na sala proibida.

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O LAGO DOS CISNES

Em tempos que já lá vão, tudo o que se precisava para transformar qualquer pessoa numa árvore, numa pedra, ou até num animal, era da mistura certa de uma boa dose de mal e de um bom sortilégio. Havia, nessa época um príncipe, ainda muito jovem, que achava que a vida se resumia ao seu próprio divertimento. Passava os dias a devanear e a divertir-se, e as noites a andar de festa em festa. O príncipe era muito feliz e não tinha o menor desejo de alterar fosse o que fosse. Na noite que precedeu o dia em que faria vinte anos, o príncipe convidou alguns amigos para uma grande festança. Houve dança sob as árvores o jardim do castelo e divertiam-se todos com as moças da aldeia. Mas a mãe do príncipe não estava nada satisfeita com o filho. Não estava mesmo nada satisfeita. “Meu querido filho”, disse ela, “em que é que isto tudo vai dar? És praticamente adulto e ainda não tens uma esposa! Amanhã vamos oferecer um baile e convidar muitas princesas. E tu vais escolher uma para casar.” O príncipe ficou surpreendido, mas não preocupado. “O amanha ainda vem longe”, disse para consigo.”Não vou deixar que isto me estrague a noite.” Foi então que o ar ciciou, voando um bando de cisnes selvagens por cima das cabeças dos convidados. “Venham!”, gritou o príncipe para os amigos. “Vamos à caça.” Armados de arcos e flechas, correram atrás das grandes aves, lançando bem alto as setas, mas mal conseguiam acompanhar os cisnes, cujas penas brilhavam na escuridão. De súbito, o príncipe sentiu-se um pouco tonto e ficou para trás, para descansar junto ao lago, enquanto os amigos continuavam a perseguição. Num clarão, o lago ficou banhado de uma luz tremeluzente e diante dele ergueu-se a mulher mais linda que ele jamais vira. 68

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“Quem és tu?”, perguntou o príncipe. Ela sobressaltou-se, assustada com a voz, e fixou nervosamente o arco e as flechas. Só depois de ele os ter pousado é que ela falou: “Eu sou a Rainha dos Cisnes”, disse, “sou o cisne que tentaste matar.” “Como é que pode ser?”, perguntou o príncipe. E ela contou-lhe a sua trágica história. Um feiticeiro malvado tinha-a transformado em cisne, a ela e às amigas. Todas as noites, à meia-noite, podia retomar a forma humana mas, ao romper do dia, voltava a ser um cisne. A Rainha dos Cisnes suspirou: “Só uma coisa me poderá libertar deste bruxedo - o verdadeiro amor de um homem.” “Mas então tudo se vai resolver”, disse o príncipe, ajoelhando-se diante dela, “pois eu amo-te de verdade. Só a ti e a mais ninguém.” Mal tinha acabado de falar quando com um fragoroso bater de asas, uma coruja atravessou os ares. Era o feiticeiro malvado, o próprio, que tinha tomado a forma de coruja para espiar o parque. O príncipe suplicou à Rainha dos Cisnes para vir ao baile do castelo na noite seguinte, quando poderia apresentá-la como sua noiva. Cheia de alegria, ela concordou, e ficaram de mãos dadas até à alvorada. Ao raiar do Sol, um grupo de raparigas vestidas de branco corre agitadamente. Cheio de espanto, o príncipe observa a Rainha dos Cisnes e as amigas transformarem-se, uma vez mais, em aves. Na noite seguinte, o castelo tinha sido esplendidamente enfeitado para o baile. Os convidados usavam os seus fatos mais elegantes. Todas as princesas tinham feito os possíveis por se embelezar. Era a noite em que o príncipe ia escolher noiva e cada uma queria ser a escolhida. Pálido, o príncipe estava junto da mãe e cumprimentava os convidados. Muitas e muitas princesas lhe foram apresentadas. Cada uma dançava em sua honra, mas o príncipe achava tudo aquilo muito aborrecido. Após cada dança a mãe dizia: “então, meu filho?”, mas o príncipe só pensava na sua amada Rainha dos Cisnes. 69

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De repente, extinguiram-se as luzes do salão de baile. A música parou e os que dançavam imobilizaram-se. Todos os olhos se voltaram para as grandes portas envidraçadas por onde, no meio de relâmpagos e trovões, chegavam novos convidados - um príncipe e a sua bela filha, ambos vestidos de negro. “Até que enfim! Até que enfim que chegaste!”, gritou o príncipe. Correu para a bela e beijou-lhe as mãos. Ela parecia ter algo de diferente. O vestido negro e o porte altivo confundiam-no, mas, mesmo assim, ele voltou-se para a mãe e declarou: “Eis a mulher que amo e irei amar para sempre. Só a ela e a mais ninguém.” O som das suas palavras ainda pairava no ar quando as portas envidraçadas se abriram de novo. Uma mulher entrou, com um vestido branco, resplandecente. Era a rainha dos Cisnes. Ai dela, que tinha visto tudo! O príncipe que ainda na noite anterior lhe jurara o seu amor eterno tinha outra mulher nos braços! Traída, a rainha dos Cisnes saiu do castelo a soluçar. O príncipe percebeu imediatamente que tinha sido enganado. A mulher que tinha nos seus braços era uma desconhecida. Nada nela lhe lembrava o seu amor. E, atentando melhor, viu que o pai tinha traços bastante parecidos com os de uma coruja. O Príncipe Negro não era outro senão o próprio feiticeiro! Angustiado, o príncipe correu atrás da Rainha dos Cisnes. Temia que tudo estivesse perdido, mas esperava mesmo assim salvá-la. Fora de si, cheio de dor e de raiva, correu pela floresta até chegar ao lago e aí encontrou-a rodeada pelas amigas. Ao ver o príncipe aproximar-se, as raparigas cerraram um círculo em redor da sua rainha. Mas que sabiam elas do amor? Momentos antes, a Rainha dos Cisnes queixara-se amargamente da inconstância do seu príncipe - jurando rejeitá-lo para sempre. E agora corria para ele de braços abertos. “Aconteça o que acontecer”, disse o príncipe, “estou pronto para te defender. O meu amor por ti é mais forte do que tudo. Não há perigo algum que me afugente.” 70

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Mal acabara de falar, surgiram grandes ondas no lago. A água subia cada vez mais alto, inundando as margens. A Rainha dos Cisnes foi apanhada pela maré. O poder do feiticeiro era verdadeiramente grande. Mas maior ainda foi o poder do amor… O príncipe atirou-se ao lago procurando salvar a sua amada. Depois de muito lutar para não se afogar, conseguiu agarrá-la e trazê-la para terra. Assim se quebrou o bruxedo do príncipe Negro. O príncipe apresentou à mãe o seu verdadeiro amor, casando-se logo em seguida. As damas de honor tiveram relutância em usar vestidos brancos, debruados com penas de cisne - e quem lhes poderia levar a mal? Vestiram-se, então, de verde e a noiva trajou um elegante fato de seda cor-de-rosa muito pálido. Juntos, o príncipe e a princesa viveram uma vida longa e feliz.

Ficha Técnica da História Autor

Pyotr I. Tchaikovsky

Ilustrador

Lisbeth Zwerger

Local e Data

Lisboa, 2006

Editora

Âmbar

Tema

Amor, magia e Lealdade;

Direcções de orientação pedagógica

- Na Área do Conhecimento do Mundo, pode ser trabalhado o Cisne; - No Domínio da Expressão Dramática, a educadora pode pedir às crianças que se expressem, através do movimento corporal, ao som do bailado de Tchaikovsky “Lago dos Cisnes”.

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CHIBOS SABICHÕES Era uma vez três chibos que viviam no cimo de uma montanha: um chibinho sabichão pequeno, um chibo sabichão médio e um chibão sabichão grande.

O chibinho sabichão pequeno tinha uma barbicha pequena e uns chifres curtinhos.

O chibo sabichão médio tinha uma barbicha que não era grande nem pequena e uns chifres que não eram curtos nem compridos.

O chibão sabichão grande tinha uma barbicha grande e uns chifres compridos e retorcidos.

Certo dia, o chibinho, o chibo e o chibão desceram da montanha porque na outra margem do rio cresciam umas ervas frescas e viçosas.

Mas, para lá chegar era preciso atravessar uma ponte. Debaixo da ponte vivia um ogre terrível. 72

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Tinha os pés peludos, os braços grossos como troncos e o nariz cheio de verrugas.

Era tão malvado que vigiava a ponte dia e noite. Ninguém se atrevia a passar por ali.

Os chibos sabichões tinham ouvido falar do ogre, mas a erva era tão apetitosa que decidiram enfrentá-lo. E encaminharam-se para a ponte.

Primeiro chegou o chibinho sabichão pequeno, com a sua barbicha pequena e chifres curtinhos, avançando decidido pela ponte... patati patati patati

Quando estava a chegar ao meio da ponte, apareceu o ogre: Quem faz patati patati patati na minha ponte? O chibinho sabichão. Pois vou-te comer...! Ai, não, que ainda sou muito pequeno! Espera pelo chibo sabichão médio, que é mais gordo do que eu. 73

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O ogre, coçando a orelha, disse: Por aqui nunca ninguém atravessou, mas com esse chibo sabichão médio ficarei melhor servido. Passa, passa...!

E o chibinho sabichão pequeno atravessou a ponte.

Logo depois, chegou o chibo sabichão médio, com a sua meia-barbicha e chifres pouco compridos, avançando decidido pela ponte... patatã patatã patatã

Quem faz patatã patatã patatã na minha ponte? O chibo sabichão médio. Pois vou-te comer...! Ai, não, que ainda não sou crescido! Espera pelo chibão sabichão grande, que é muito mais gordo do que eu.

O ogre grunhiu: Tenho muita fome, mas esperarei por esse chibão sabichão grande para comer até me fartar. Passa, passa...!

E chegou o chibão sabichão grande, 74

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com a sua barbicha grande e chifres compridos, avançando decidido pela ponte... patatão patatão patatão

O ogre surgiu imediatamente: Quem faz patatão patatão patatão na minha ponte? O chibão sabichão grande! Pois vou-te comer...! Pois a ver se te atreves!

O ogre, furioso, desatou aos saltos pela ponte. E o chibão sabichão grande baixou a cabeça, bufou... E marrou no ogre com todas as suas forças! Tal cornada lhe deu Que o fez voar pelos ares. E o ogre nunca mais voltou! O chibão sabichão grande foi juntar-se ao chibo sabichão médio e ao chibinho sabichão pequeno. E tanta erva comeram que se transformaram em três chibos sabichões... enormes!

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Ficha Técnica da História Autor

Olalla González

Ilustrador

Federico Fernández

Local

Pontevedra, 2006

Editora

OQO

Tema

Coragem, Ambição

Direcções de orientação pedagógica

- No Domínio da Matemática, pode-se explorar com as crianças a seriação, através do vocabulário usado ao longo da história, “pequeno”, “médio” e “grande”; - Também no Domínio da Matemática podese trabalhar os contrastes – comprido/ curtinho, grande/ pequeno, lago/fino, entre outros; - Na Área do Desenvolvimento Pessoal e Social, é possível trabalhar os valores com as crianças, como a coragem; enfrentar os obstáculos; o trabalho em equipa e a ambição excessiva do ogre, que permitiu que os chibos pequeno e médio passassem pela ponte e que o chibo grande desse uma cornada ao ogre; -

No

Domínio

da

Linguagem

Oral

e

Abordagem à Escrita, pode-se trabalhar as palavras – patati, patati, patatã, patatã, patatão, patatão.

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A FESTA DE ANOS

A avestruz catrapus fazia anos. - Vou dar uma festa e convidar os meus amigos – disse ela á gatita Titã Escreveu os convites em folhas de árvore:

É dia dos meus anos E tu não podes faltar. Ás três horas da tarde, Vem cá para festejar.

- Queres que eu leve as cartas? – Perguntou a gata. A avestruz aceitou. - Sim, mas tem cuidado com os carros ao atravessares as ruas. - Não te preocupes que eu não vou pelo chão. Salto pelos telhados. Aí não há trânsito. Anda comigo, bate lá essas asas. A avestruz Catrapus, que não sabia voar porque era muito pesada, desculpou-se: - E quem é que prepara a festa? Tenho tanto que fazer! A avestruz começou a correr dum lado para outro. Apanhou flores do campo e enfeitou o seu grande ninho debaixo da palmeira. Depois preparou o lanche. Fez um bolo de farinha crua, cobriu-o com chaves, parafusos, berlindes…Como brilhava ao sol! Mas faltavam as velas… Como havia ali perto um canavial, cortou quatro canas verdes e espetou-as, muito direitinhas, no bolo. Estava lindo! 77

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Arranjou tacinhas com feijões de varias cores. Trouxe dois grandes girassóis, cheios de sementes. A servir de pratos, havia folhas de couve. Para que ninguém tivesse sede, encheu um alguidar com água do rio. Estava tudo pronto. Sentou-se de patas cruzadas dentro do ninho, à espera dos convidados. O primeiro a chegar foi o cão Sultão, que lhe trazia de presente um osso dos maiores, óptimo para roer. - Espero que gostes… A avestruz Catrapus ficou toda contente. - Ah é muito bom para meter medo a certos malandros que me querem arrancar penas para fazerem chapéus. A seguir apareceu o rapaz, o Tomás. - Pois eu comprei-te um ovo de chocolate. - Que casca maravilhosa a dele! Parece prata! - admirou-se a avestruz. - Dá-lhe uma dentada. Deve ser saboroso – disse o rapaz. - Não tenho dentes nem eu ia estragar um ovo assim. Vou choca-lo para ver que bicho nasce… - Quem adivinha o que eu trago? - perguntou a bonita, vaidosita gatita Titã. – É uma coisa macia, fofinha, própria para jogar à bola. Como ninguém adivinhava, tirou do embrulho com lacinhos um novelo de lá cor-derosa. A avestruz Catrapus desenrolou o novelo, entusiasmada com o comprimento do fio. - Vai já forrar o meu ninho. A foca Pinoca trouxe-lhe umas barbatanas de borracha. -Deves usá-las para nadares mais depressa.

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- Nadar? – assustou-se a avestruz Catrapus. – Tomar banho não é a minha especialidade. Mas acho-as maravilhosas para enxotar moscas. Como não havia mais convidados, a avestruz Catrapus perguntou: - Querem lanchar? Não é para me gabar, mas preparei uns petiscos deliciosos. Todos olharam para os petiscos e franziram o nariz. Que horror! Só conseguiram beber água fresquinha do alguidar. O cão sonhava com bifes, o Tomás com gelados, a gata e a foca com peixe fresco. - Se ainda não têm fome, vamos começar o baile. - Mas onde está a música? - Ligo já a minha aparelhagem! – disse a avestruz, pedindo aos pássaros que cantassem. O Tomás dançava com a foca, o cão com a gata, e a avestruz saracoteava no meio da passarada. Quando começou a anoitecer, a avestruz acendeu as velas do bolo e todos cantaram:

Parabéns, Catrapus, Nesta data tão querida. Muitas felicidades Muitos anos de vida!

Depois de os convidados se despedirem, com a barriga a dar horas, a avestruz disse: - Ah como é bom ter amigos! A festa estava tão divertida que até nos esquecemos do delicioso banquete. Sozinha, comeu o feijão, as sementes de girassol, o bolo coberto de chaves, parafusos e berlindes. Cansada mas feliz, pôs-se então a chocar o ovo de chocolate. 79

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Que bicho nasceu de lá? És capaz de adivinhar?

Ficha Técnica da História Autor

Luísa Ducla Soares

Ilustrador

Chico

Data e Local

Porto, 2004

Editora

Civilização

Tema (s)

Amizade

Direcções de exploração pedagógica

- No Área do Conhecimento do Mundo a educadora pode explorar os animais de que fala a história (o que comem, o seu habitat natural e no nosso país onde podemos encontrá-los); - Na área do Desenvolvimento Pessoal Social, explorar a tolerância e a compreensão da diferença; - Também na Área do Conhecimento do Mundo, a educadora pode organizar uma visita de estudo ao Jardim Zoológico; - No domínio da Expressão Plástica podem construir uma linha de tempo com os aniversários de todas as crianças; - No Domínio da Matemática, com a ajuda da educadora, as crianças podem fazer um bolo (de aniversário, caso alguém faça 80

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anos) para desenvolver a noção de quantidade, contagem e a noção de tempo; - Também no Domínio da matemática, a educadora pode explorar as horas;

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QUEM ESTÁ AÍ?

Era noite. Uma noite escura, escura, sem lua. A avó Chica já tinha dito: - Meninos: lavar os dentes, chichi, cama! Mas os cinco primos não se queriam deitar. - Parece que ouvi abrir o portão – notou a Rita. – Quem será a esta hora? Mas ninguém bateu à porta. - É o vento – disse a avó, cheia de sono. - Qual vento, qual carapuça! – contrariou o João, oferecendo-se logo para ir ver o que se passava. Saiu às apalpadelas e voltou gritando: - Mistério! Então quatro grandes troncos de árvore ao pé da garagem. Amanhã faço com eles um castelo para nós. - Também vou espreitar – decidiu a Mafalda. Mas pouco se demorou. Veio furiosa e toda molhada. - Peguei numa grande mangueira que estava ao pé do tanque. Desatou a deitar água. Olhem como eu fiquei! Estou toda a pingar… Amanhã vou aproveitá-la para regar a relva. O Miguel não podia ficar parado. Avançou no escuro, cheio de coragem. - Encontrei duas espadas com as pontas um bocado tortas! Com certeza entortaram-se nalguma guerra. Amanhã vamos brincar aos soldados de antigamente. O Rui não quis ficar atrás. Pulou para o jardim, de braços no ar. De repente sentiu um vento que não saía do mesmo lugar. Aproximou-se.

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- Ai, são os dois abanos cá de um tamanho! Refrescam mais do que duas ventoinhas. Amanhã, se estiver calor, já temos com que nos abanar! - O quê?! – exclamou a Rita. – Tudo isso é misterioso. Eu é que vou esclarecer o que se passa. Foi. Mas regressou bem desiludida. - Não achei nada do que vocês acharam. Agarrei num corda que estava pendurada. Estive para a trazer. Mas pareceu-me suja e malcheirosa. Amanhã vou lavá-la. Vão ver como eu salto bem à corda! O avô levantou finalmente os olhos do jornal. - Muito gostam vocês de inventar! Não há nada de novo no quintal! Mas, pelo sim pelo não, resolveu verificar. Voltou assombrado. - Ai, o que eu encontrei foi uma espécie de autocarro com as luzes apagadas a passar por cima das minhas alfaces. Seria um disco voador? Amanhã vou ter de plantar tudo de novo! Todos falavam, ninguém se entendia, quando, de repente, se ouviu um tremendo estrondo. - Uuuuuuuuuuuuuuuuuu! - Uuuuuuuuuuuuuuuuuuu! - Que trovoada! – exclamou a avó, fechando portas e janelas. E repetiu a frase de todas as noites: - Meninos: lavar os dentes, chichi, cama! Só que nessa noite ninguém conseguiu dormir. Mas o Sol nasceu, todos se precipitaram para o jardim. Mas não viram nem troncos de árvore, nem a mangueira, nem as espadas, nem os abanos, nem a corda suja, nem o autocarro. Que desilusão! Para tristeza do avô, só as alfaces estavam esmagadas. Foi então que o sino da igreja começou a tocar. 83

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- Dlim, dlão, dlão, dlim! Já alguém tocou assim?! Era realmente uma música diferente da habitual. Largaram todos a correr. Que se passava? Um grande elefante cinzento tocava o sino. Tinha patas grossas como troncos de árvore, dentes longos como espadas, orelhas como abanos. A tromba parecia uma mangueira, a cauda parecia uma corda. E era do tamanho de um autocarro. De vez em quando dava urros tão fortes como trovoada… - Óptimo! Vou ficar com o elefante para tocar o sino – disse o padre. - Não, não! – refilaram os pobres. – Ele vai pedir moedas para nós vivermos melhor. - Manda-se para o Jardim Zoológico – declarou a professora. - O circo é o lugar dele – acharam os miúdos. Mas o elefante lá tinha a sua ideia. Viera só de visita. Cumprimentou todos com um aperto de tromba e foi viver para a floresta.

Ficha Técnica da História Autor

Luísa Ducla Soares

Ilustrador

Maria João Lopes

Data e Local

2003, Barcelos

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Editora

Civilização

Tema (s)

Mistério e Imaginação

Direcções de exploração pedagógica

- Realizar uma actividade plástica sobre os medos (por exemplo: escuro) - Explorar a vida dos elefantes na área das ciências da natureza - Na temática família pode ser explorado os graus de parentesco e a educadora pode propor que se faça as árvores genealógicas das crianças.

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UMA HISTÓRIA DE DEDOS

Os dedos

Nós somos os dedos. Vivemos todos ao lado uns dos outros. Na mão. Quando a mão se fecha, Ficamos escondidos Como o bicho de conta ou a tartaruga. Quando a mão se abre, Somos uma estrela de cinco pontas. Nos somos os dedos! Mata piolhos ou polegar, Fura-bolos ou INDICADOR, Pai de todos ou MÉDIO, Seu vizinho ou ANELAR, Mindinho ou MINIMO. Eu sou o dedo mindinho, o mais pequeninho. Sou o bebe da família. Meto-me em todos os buraquinhos onde os outros não cabem. Mas por favor, não me metam no nariz. As pessoas crescidas preferem chamar-me MÕNIMO. Mas eu acho que sou o máximo! Já viram algum dedo mais engraçado do que eu?

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Eu sou o seu vizinho, porque moro mesmo ao lado do mindinho. Estamos sempre perto um do outro. Ora experimentem afastar-nos muito. Os Grandes chamam-me ANELAR porque é em mim que enfiam os anéis. Sou o mais rico de todos os dedos.

Eu sou o pai de todos. Porquê? Vejam bem, sou o maior! Os outros dedos parecem meus filhos. … bom que me tenham algum respeito! os adultos puseram-me o nome de MÉDIO, porque fico no meio. Também parece que há uns médios no futebol. Mas nada de confusões Eu dou piparotes, não dou pontapés.

Eu sou o fura-bolos. Realmente o meu maior prazer é furar bolos, aqueles bolos maravilhosos de creme. Vocês nunca fizeram o mesmo? A gente séria, que finge que não é gulosa, chama-me INDICADOR. Porque estou sempre espetado a indicar as coisas. Dizem que È feio apontar. Eu acho que È a melhor maneira de falar sem fazer barulho.

Eu sou o mata-piolhos. Tenho muito trabalho quando os meninos não lavam a cabeça. Em cima da minha unha È que matam os piolhos. Dizem que sou feio, curto e gordo. Mas sem a minha ajuda os meus irmãos pouco podiam fazer. 87

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Meus amigos façam com que acabe a minha profissão! Os mais velhos conhecem-me por POLEGAR. Antes de inventarem o metro, usavam-me como medida. Mas nem todos os polegares são iguais. Experimentem medir um lápis em polegadas.

Nós os dedos, quando gostamos de alguém somos só festas e carinhos. Quando nos zangamos, arranhamos a valer. Brincamos, brincamos, brincamos. Entramos nalgumas marotices. Trabalhamos tanto, que chegamos à noite casados.

Contem lá o que fizerem hoje com os vossos dedos....

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UMA HISTÓRIA DE DEDOS Um dia os dedos resolveram ser independentes. Estavam fartos de andarem sempre juntos. Afinal, cada um tinha a sua cabeça... Esticaram-se, fizeram força para fugirem. Mas continuavam sempre presos à mão. -1- Eu não me importo de ficar com vocês – confessou o MINDINHO. – Sou tão pequenino, podia perder-me. -2- Enquanto os irmãos refilavam, começou a puxá-los para o parque infantil. Quando deram por si, agarrados ao baloiço dos bebés, os outros dedos reclamaram! -2- Já não temos tamanho para isto! Queremos ir para outro sitio!

O PAI DE TODOS, que era o maior, deu as suas ordens, como de costume: - Eu é que mando. Vamos para a praia apanhar conchinhas. O INDICADOR indicou o caminho e todos seguiram atrás. Quando já tinham apanhado uma mão cheia de conchas, o pai de todos disse: -3- Já chegam para um colar. Foi então que o SEU VIZINHO ficou furioso: -4- Os dedos não usam colares. Devíamos antes apanhar pedrinhas para anéis. Arranjaram sete anéis, que o seu vizinho enfiou logo, muito vaidoso. -5- Agora vamos à festa de anos do Miguel – propôs o FURA-BOLOS. – Preparam-se para uma tarde divertida. Mal chegaram · mesa, o fura-bolos furou o bolo de velas, o pudim de gelatina, o bolo de chocolate. Quando o Miguel viu os bolos cheios de buracos e o incansável fura-bolos a furar, a furar, a furar, atirou-lhe com um copo de laranjada.

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Os dedos, a pingar sumo, puseram-se a fugir dali. A toda pressa. O ANELAR até perdeu três dos seus anéis -6- É a minha vez de decidir! – disse o MATA-PIOLHOS. Os irmãos riram-se: -7- Esperamos que não te apeteça ir matar piolhos. Que porcaria! O dedo grosso enervou-se: - Quantas vezes é preciso eu repetir que quero mudar de profissão? Podíamos ir todos fazer champô para os piolhos acabarem de uma vez para sempre. Os outros acharam boa ideia. Como estavam todos sujos aproveitaram para tomarem banho de champô. Estavam eles muito bem a trabalhar quando a Rita, dona dos dedos, começou a esfregar os olhos. E pôs-se a chuchar no dedo. -8- Transformaste-te numa chucha, mata-piolhos – troçou o fura-bolos. -9- Que bonita profissão! – achou o MINDINHO. -10-Que horror! – disse o seu vizinho, afastando-se. – Ainda bem que a mim não me chucham. Podiam engolir os meus lindos anéis. O pai de todos resolveu pôr ordem na conversa: - Vamos dormir, que já são horas. Os outros nem fizeram um gesto. Estavam a cair de sono. Ficha Técnica da História Autor

Luísa Ducla Soares

Ilustrador

Sara Pirson

Data e Local Editora Tema (s)

Corpo Humano

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Direcções de exploração pedagógica

- Através desta narrativa, as crianças poderão tomar consciência dos nomes dos vários dedos existentes na mão. Esta história possibilita a criação de fantoches de dedo para a criação de uma dramatização da mesma.

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JOGOS NOME DO JOGO: TELEGRAMA

Objectivos: Consciencialização de que é necessário pronunciar bem; Desenvolvimento da atenção; Num segundo tempo: desenvolvimento da imaginação; Aceitar propostas de outrem. Desenvolvimento: Num primeiro tempo: As crianças estão sentadas em círculo na área de jogo, bastante afastadas umas das outras. Uma delas começa: diz uma mensagem (o telegrama) ao ouvido do vizinho da direita, que vai transmiti-la ao ouvido de outro vizinho, e assim sucessivamente; finalmente a última dirá em voz alta a frase que terá compreendido. Num segundo tempo: Logo que este jogo esteja bem assimilado, pode-se pedir à primeira criança que diga uma palavra, que será o início de uma história, ao ouvido do seu vizinho. A segunda criança deverá retomar a palavra, acrescentar-lhe uma outra e assim sucessivamente até que nasça uma história. O último participante contará em voz alta a história assim construída. Conselhos: Deve ser mantido um extremo rigor. Este jogo deve ser feito em silêncio para que se possa ouvir bem a mensagem, porque esta só pode ser transmitida uma vez ao vizinho. As crianças divertem-se muito ao comparar as mensagens de início e de conclusão. Pode-se analisar com elas a origem dos erros.

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NOME DO JOGO UM BAÚ MÁGICO

Objectivos Desenvolvimento da imaginação Desenvolvimento da capacidade de contar Tomada de consciência da expressão do rosto Material Um baú, uma arca ou uma mala (é melhor se o seu formato for invulgar) Desenvolvimento Cada criança trabalhará individualmente perante o grupo. No centro da área de jogo está colocado o baú. A criança vai abri-lo e descrever o conteúdo aos espectadores ( é preciso que ela imagine porque, evidentemente, ele está vazio). Nenhum obstáculo deve refrear a sua imaginação, tudo deve ser aceite, o baú pode conter tanto o «prédio em que moro» como o «amor da mamã» ou ainda a «minha escova de dentes». Conselhos - Pode-se ajudar a criança a descrever o conteúdo do baú, fazendo-lhe perguntas. O que ela vê no baú deve surgir diante dos olhos dos espectadores. - Um exercício de recentragem e de visualização pode ser experimentado antes de fazer este trabalho.

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NOME DO JOGO: PANOS Objectivos: Estimular a criatividade e imaginário das crianças. Escalão etário: Desenvolvimento: Durante alguns minutos, individualmente, cada criança explora o seu pano, fazendo com ele e dele o que quiser (tapar-se, fazer uma cabana, deslizar sobre ele, entre outras). Dar tempo suficiente para que todos possam passar das utilizações imediatas e óbvias para utilizações cada vez mais imaginativas e originais. Em seguida, a Educadora deverá propor que cada um vista o seu pano como se fosse uma peça de roupa. Depois de uma série de personagens, a educadora sorteia uma, que anuncia em voz alta. Imediatamente, todos os alunos, em conjunto, ou à vez, vestem o pano, caracterizando-se de acordo com a personagem escolhida pela educadora. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: Um pano para cada criança Duração: 10 minutos

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NOME DO JOGO: DE QUEM É? Objectivos: Estimular a observação de detalhes, a criatividade e imaginação das crianças. Escalão etário: A partir do 4/5 anos Desenvolvimento: Para dar início a este jogo, os jogadores devem estar todos em círculo. Quando estiverem todos em círculo, a Educadora pedirá que cada jogador coloque no meio do círculo um objecto seu. Esse objecto pode ser um relógio, um sapato, uma peça de roupa. Depois de todos terem colocado um objecto seu no círculo a Educadora pedirá a uma criança para ir ao círculo buscar um objecto e entregá-lo ao dono desse objecto. Para prolongar o jogo, logo que o dono se apodere do objecto, a Educadora poderá pedir que essa criança conte onde comprou esse objecto, se a história for interessante e as crianças mostrarem interesse por ela, a Educadora pode propor às crianças que a representem. Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Material: Nenhum

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NOME DO JOGO: SEGREDOS Objectivos: Fomentar a percepção auditiva; Escalão etário: a partir dos 3 anos Desenvolvimento: Para iniciar a actividade a educadora deve pedir às crianças que se sentem em círculo. Depois de estarem todos sentados, a Educadora inicia o jogo pondo uma frase a circular, segredando-a à criança que está à sua direita. O aluno, por sua vez, segreda esta mesma frase ao colega seguinte e assim sucessivamente. Quando a frase chegar à última criança, que está à esquerda da Educadora, já pode ser dita em voz alta, para que seja comparada com o segredo dito pelo professor. Numa segunda volta, deve ser uma criança a pôr um segredo seu em circulação. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: Nenhum Duração: 10 minutos

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NOME DO JOGO: PADRÕES Objectivos: Imitar padrões; Explorar a imaginação e criatividade das crianças; Escalão etário: A partir dos 3 anos Desenvolvimento: Para iniciar o jogo, a Educadora deve dizer aos jogadores para andarem à vontade pela sala. A um sinal seu, devem parar e olhar para um jogador indicado por si. Este deverá movimentar-se de uma forma específica pela sala (andar de um lado para o outro, rodopiar aos círculos, entre outros). Todos os outros participantes deverão imitar este padrão. Enquanto se movimenta a criança pode também criar um som para esse movimento. Quando terminar, começam a andar novamente pela sala e a criança que acabou de fazer o movimento escolhe outra para que essa mostre o seu movimento. O jogo termina quando todas as crianças mostrarem o seu movimento. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: Nenhum Duração:

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NOME DO JOGO: IMITA-ME... Objectivos: Fomentar a criatividade e imaginação das crianças; Exploração das brincadeiras de imitação; Sensibilizar as crianças a terem hábitos a nível higiénico; Exploração do imaginário e criatividade. Escalão etário: a partir dos 3/4 anos Desenvolvimento: O jogo inicia-se quando as crianças se posicionarem na sala de modo o poderem ver toda gente. Depois de estarem todos bem posicionados, uma criança, à sorte, inicia o jogo fazendo uma pequena mímica, como por exemplo pentear o cabelo, e o grupo deve imitar essa criança. A criança que estiver a fazer a mímica quando quiser deve apontar para outra criança, e esta deve fazer outra mímica e o grupo imitá-la. O jogo termina quando todo o grupo fizer uma mímica. A educadora deve incentivar as crianças a criarem rapidamente as mímicas. O jogo pode ser realizado de outra forma, isto é, em vez de as crianças se imitarem a mímica umas das outras, a educadora pode sugerir que cada criança faça a mesma mímica, mas à sua maneira. Por exemplo, cada pessoa tem uma forma diferente de se pentear. As mímicas podem ser acompanhadas de som e de caricaturas engraçadas. Para prolongar e desenvolver mais o jogo, a educadora pode propor que as crianças façam a mímica da sua rotina matinal (acordar, tomar o pequeno almoço, vestir-se, lavar os dentes, fazer a cama, ...) Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Material: Nenhum Duração: 20 minutos

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NOME DO JOGO: TRANSMITINDO EMOÇÕES Objectivos: Explorar as emoções: expressar as emoções/ fazer caretas; Fomentar a criatividade e imaginação das crianças; Visualizar fotos com expressões faciais e interpretar a emoção visualizada. Escalão etário: a partir dos 4/5 anos Desenvolvimento: Antes de iniciar o jogo escolha as diferentes emoções (tristeza, alegria, raiva, medo, preocupação, entusiasmo, perplexidade, entre outras) que quer trabalhar com as crianças e de seguida peça-lhes para representá-las. Esta é um boa forma de a Educadora aperceber-se se as crianças conseguem ou não expressar as suas emoções de forma perceptível, e também se as crianças conhecem ou não o significado das palavras que a Educadora diz. Peça a cada participante para escolher cinco e dê-lhes algum tempo para pensar nas expressões faciais que usarão para transmitir as emoções. A educadora pode mostrar-lhes um filme mudo cómico para dar ideias de como usar diferentes expressões faciais para transmitir emoções. Este é um jogo para ser feito a pares, em que, um elemento do par faz as expressões faciais e o outro fotógrafa. Depois de cada par ter fotografado as expressões faciais, a Educadora imprimirá as fotos, de forma a que as crianças se olhem e descrevam o que estão a expressar. Uma outra forma de dar continuidade ao jogo é misturar as fotos, virá-las com a face para baixo e pedir a cada criança que pegue em uma foto e descreva a emoção que está a visualizar. Nº de Jogadores: Grupos de dois elementos. Material: Máquina fotográfica digital. Duração: 30 minutos

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NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS Objectivos: Explorar a mímica, a criatividade e a imaginação das crianças. Escalão etário: a partir do 4/5 anos Desenvolvimento: Divida às crianças em pequenos grupos e peça a cada grupo para ensaiar uma situação em que as portas sejam importantes. Depois faça-os representar a cena diante todo o grupo. Certifique-se que pequenas acções (como pôr uma chave na porta) são representadas de forma expressiva, clara e lenta. Comece sempre o jogo fazendo os participantes passarem por uma porta ou série de portas para os envolver imediatamente. Ponha um ponto final no jogo fazendo toda gente passar por uma porta imaginária. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: nenhum Duração: 15 minutos

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NOME DO JOGO: O TESOURO Objectivos: Estimular a criação de mapas e a interpretação dos mesmos; Trabalhar a lateralidade, na interpretação dos mapas; Explorar o imaginário e a criatividade das crianças; Escalão etário: A partir dos 5/6 anos Desenvolvimento: Para iniciar a actividade a Educadora deve pedir às crianças para desenharem um mapa do tesouro. Incentive as crianças a fazerem mapas onde utilizem códigos secretos, símbolos, armadilhas, passagens bloqueadas. Para proporcionar alguma inspiração, tenha à mão livros para crianças que incluam mapas do tesouro ou histórias sobre piratas. A Educadora deve ter em conta o espaço onde as crianças preferem realizar a caça ao tesouro, para que assim seja mais fácil desenhar o mapa. Depois de estarem concluídos os mapas mostre os mapas do tesouro, a Educadora deve dividir os jogadores em pequenos grupos e pedir a um elementos de cada grupo para escolher um mapa. Para dar mais ênfase ao jogo, as crianças deverão estar devidamente caracterizadas com chapéus, calças, camisas, palas para os olhos, espadas, ganchos, entre outras. Ao longo da procura do tesouro, as crianças deverão comportar-se como verdadeiros piratas, dramatizando a caça ao tesouro. Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Material: Papel e caneta; adereços de pirata. Duração: 35 minutos

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NOME DO JOGO: JOGO DO TACTO Objectivos: Exploração sensorial; Fomentar a criatividade e imaginação das crianças; Escalão etário: A partir dos 4/5 anos Desenvolvimento: A educadora antes de iniciar o jogo deve fazer uma recolha pela sala de objectos de formas e materiais diferentes. Os objectos estarão dentro de um saco. O jogo inicia-se com as crianças sentadas no chão em forma de círculo e com os primeiros participantes de olhos vendados. O primeiro jogador tirará o primeiro objecto do saco e dirá uma característica desse objecto, sem dizer que objecto é e depois passá-lo à pessoa ao lado. Cada participante deverá dizer uma característica diferente, como por exemplo: se é duro, mole, áspero, suave, quente, frio. Quantas mais características foram ditas mais fácil será de adivinhar. Quando o objecto chegar ao final do círculo, a última pessoa terá que adivinhar de que objecto se trata sem lhe tocar. Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Material: Materiais diferentes recolhidos na sala de Jardim-de-Infância e que as crianças conheçam Duração:

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NOME DO JOGO: DE QUE OBJECTO ESTOU A FALAR? Objectivos: Incentivar à descrição pormenorizada de objectos; Fomentar a imaginação e criatividade das crianças; Exploração do imaginário: contar e inventar histórias; improvisação e teatro infantil. Escalão etário: A partir dos 5/6 anos Desenvolvimento: Inicialmente a Educadora irá pedir a uma criança que visualize um objecto à escolha e o descreva, mas sem mencionar a sua cor, forma ou nome, os restantes jogadores têm que adivinhar de que objecto se trata. Se as crianças não conseguirem adivinhar de que objecto se trata, a criança pode dar uma pista mais fácil dizendo a sua cor, forma ou até mesmo o nome. A Educadora deve encorajar a criança a descrever o objecto com o maior número de características. Este jogo pode-se tornar mais rico e aliciante se em vez de mencionar as características, a criança inventar uma história ou uma situação que envolva o objecto. Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Local: Jardim-de-Infância Material: Objectos da sala do Jardim-de-Infância Duração: 15 minutos

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NOME DO JOGO: PASSOS & PASSOS Objectivos: Fazer padrões; Estimular a criatividade das crianças Escalão etário: a partir dos 3 anos Desenvolvimento: A educadora divide a classe em grupos de quatro e dá e aceita sugestões de diferentes passos e maneiras de andar (em pontas, sobre os calcanhares, em câmara lenta, à palhaço, a jogar à macaca, a saltitar como um atleta, em marcha atrás, aos saltos, como um patinador, com passos malucos, como um pinguim, entre outras). Depois de cada grupo escolher passos e maneiras de andar, apresenta-as à classe. É, depois, a vez do segundo grupo, e depois dos outros grupos. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: nenhum Duração: 20 minutos

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NOME DO JOGO: EXPLORAR OS OBJECTOS REDONDOS Objectivos: Trabalhar as formas geométricas, a classificação e a seriação; Estimular à caracterização dos objectos, enriquecendo o vocabulário delas. Escalão etário: A partir do 4/5 anos Desenvolvimento: A Educadora começará por pedir, no dia anterior, às crianças para trazerem objectos redondo de casa, mas que sejam especiais. Para dar início ao jogo, as crianças deverão estar sentadas em círculo e os objectos à sua frente. As crianças falarão porque trouxeram os objectos, porque é que são especiais. Para estimular o sentido de observação das crianças e para prolongar o jogo, a Educadora poderá perguntar-lhes se conseguem encontrar na sala objectos redondos. Para tornar o jogo mais rico, a Educadora poderá propor às crianças que encontrem objectos com outras formas geométricas, tais como: quadrangulares, triangulares, rectangulares. Para terminar peça às crianças que façam conjuntos de objectos (conjunto dos triângulos, conjunto de rectângulos, …) e depois para seriá-los do maior para o mais pequeno. Nº de Jogadores: Mais de dois jogadores Material: Objectos geométricos Duração: 20 minutos

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NOME DO JOGO: O JOGO DAS PORTAS

Objectivos: Explorar a mímica, a criatividade e a imaginação das crianças. Escalão etário: a partir do 4/5 anos Desenvolvimento: Divida às crianças em pequenos grupos e peça a cada grupo para ensaiar uma situação em que as portas sejam importantes. Depois faça-os representar a cena diante todo o grupo. Certifique-se que pequenas acções (como pôr uma chave na porta) são representadas de forma expressiva, clara e lenta. Comece sempre o jogo fazendo os participantes passarem por uma porta ou série de portas para os envolver imediatamente. Ponha um ponto final no jogo fazendo toda gente passar por uma porta imaginária. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: nenhum Duração: 15 minutos

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NOME DO JOGO: BRINCANDO COM A VOZ

Objectivos: Explorar a linguagem oral; Explorar a intensidade da voz (falar alto, sussurrar, entre outras); Exploração do imaginário: contar e inventar histórias; improvisação e teatro infantil. Escalão etário: A partir do 5/6 anos Desenvolvimento: Os participantes devem estar divididos em pequenos grupos e cada grupo deve escolher uma história que já conheça ou então inventar uma. A Educadora deve incentivar as crianças a exagerarem no tom de voz enquanto representam a história, mas, ao mesmo tempo, deve dizer-lhes para representarem a história com a máxima clareza possível. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: O material para a representação das histórias pode ser o da área da casa. Duração: 35 minutos

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NOME DO JOGO: UMA VASSOURA É UM CAVALO

Objectivos: Exploração do imaginário: contar e inventar histórias; improvisação e teatro infantil. Escalão etário: A partir dos 4/5 anos Desenvolvimento: Antes do início do jogo, a Educadora deve reunir vários objectos do dia-a-dia. Devida as crianças em grupos de quatro e peça-lhes que criem uma peça curta usando no máximo quatro objectos. Sugira também aos participantes para imaginarem utilizações invulgares para cada objecto: as crianças não podem usar uma vassoura para varrer ou uma cadeira para se sentarem. Nº de Jogadores: grupos de quatro elementos. Material: Objectos do quotidiano, como vassouras, baldes, cadeiras, mesinhas e bancos. Duração: 35 minutos

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NOME DO JOGO: BRINCANDO COM FANTOCHES Objectivos: Fomentar à interiorização de regras sociais; Exploração do imaginário e criatividade das crianças: improvisação e teatro infantil. Escalão etário: A partir dos 3 anos Desenvolvimento: Divida os participantes em pares e peça-lhes que segurem os fantoches cara a cara enquanto praticam acções básicas, tais como, acenar que sim, abanar a cabeça, olhar para o outro fantoche e dizer olá. Peça a cada par para escolher cinco movimentos associados com encontros (reconhecerem-se um ao outro, dizer olá, saudarem-se com um cumprimento ou um abraço, ficarem contentes com a outra pessoa ou dizer adeus). Logo que os grupos tenham acabado de praticar faça-os representar para todo o grupo. Nº de Jogadores: mais de dois jogadores Material: Fantoches Duração: 35 minutos

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É importante referir que esta maleta nunca está completa e tem que estar sempre em constante mudança. De uma pequena caixa pode-se tornar num gigante baú, com aventais dos contos, livros diversos, dedoches, fantoches, sombras chinesas, novas cartas, jogos, entre outras coisas. Nunca se esqueçam que nem todas as pessoas têm jeito para contar histórias mas todas podemos aprender. Dentro da maleta é importante que esteja sempre a aula sobre como contar histórias. Desejo que tenham um percurso profissional promissor na área. Mas, principalmente espero que tenham gostado da formação e que esta vos tenha acrescentado algo tanto a nível pessoal como profissional. Continuem a aprender porque o saber não ocupa espaço. 

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