Luta e Arte Marcial Movimentos Que Ajudam

July 23, 2017 | Author: amddiniz1762 | Category: Karate, Jujutsu, Japan, Taekwondo, Judo
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Este é um material que fala sobre lutas e que pode ser utilizado na escola....

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LUTA E ARTE MARCIAL: MOVIMENTOS QUE AJUDAM NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR. Guilherme Aurélio Machado Neto1 Resumo O presente artigo diz respeito à luta e a arte marcial, como podem vir a ajudar no desenvolvimento psicomotor, juntamente com uma proposta pedagógica para educação física. Devido aos poucos trabalho sobre lutas, e poucas pesquisas, percebemos que é de grande relevância levar tais resultados para os leitores, cujo foco principal é atingir os professores de educação física. Ao levar tais resultados e conteúdo temos a intenção de fazer com que os professores despertem interesses pelo mesmos, podendo ampliar ou incluir esses em seu trabalho.

Abstract The present article has the objective to speak about the fight and the tourney martial. Also how the fight and tourney martial help in the development psychic motor and a pedagogic proposal to physical education. We acknowledge that there are few works about fights and few investigations. We perceive the great importance to consider these results to the readers, whose objective principal is reach the teachers of physical education. Our objective are awake the teachers of physical education to the advantages of the fights and tourney martial and use their in your work.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física, Motricidade, Luta e Arte Marcial. 1. INTRODUÇAO O homem desde seu nascimento tem a necessidade se desenvolver seus fatores psicomotor para poder sobreviver em seus diversos meios, os movimentos das lutas e das artes marciais tem tido uma grande contribuição para com aqueles que as praticam. No início das artes marciais podemos notar que a mesma era utilizada por diversas classes, desde o pacífico monge a guerreiros que duelavam em combates mortais. Quando analisamos os diversos praticantes deste conjunto de técnicas, fica evidente que todos eles tinham um aspecto moral, filosófico e habilidades corporais, e que essa habilidade vem do treinamento contínuo, acima da média, ou seja, aqueles que tinham um treinamento nas lutas ou nas artes marciais desenvolviam alguns fatores psicomotor acima das pessoas que não as praticavam. Podemos observar que no passar da história fica evidente que o objetivo mais básico das artes marciais era atingir um elevado nível de habilidade motora e controle emocional, para que a pessoa pudesse vencer o seu adversário. A Educação Física vem crescendo juntamente com as lutas e artes marciais, mesmo que não tenha se integrado devidos a vários motivos, não 1

Graduado em Licenciatura em Educação Física pela Universidade Federal de Goiás. Pos-graduado em Psicopedagogia pela Universidade Estadual de Goiás.

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podemos negar a grande contribuição que ambas tem uma com a outra. Percebamos também que as faculdades de Educação Física na grande maioria não compartilha desses conhecimentos, porém são poucas que oferecem em suas grades curriculares Lutas ou arte marcial. Algumas as oferecem de forma optativa e também com uma visão de treinamento e não como uma contribuição generalizada da luta. Situação que talvez tenha sido ocasionada devido ao campo relativamente amplo do conhecimento que a Educação Física aborda. A questão é que muitos conteúdos são negligenciados nas aulas. Um deles diz respeito às lutas, que é sugerido nos PCN's. Podemos estar deixando de lado um dos conteúdos que ajuda no desenvolvimento tanto de crianças, jovens, adultos, tanto motor quanto psíquico além de promover o conhecimento entre o fator sócio-cultural. 2. CONSIDERAÇÕES HISTÓRICO E SÓCIO-CULTURAL. É de suma importância uma abordagem histórica das lutas, pois somente assim poderemos compreender sua evolução durante os tempos e sua importância sócio-cultural. Buscamos apresentar, em primeiro momento, estudos e relatos históricos que possam solidificar nosso estudo, abordando o início histórico das lutas e realizando uma análise comparativa dos sistemas (gêneros) de algumas lutas como a capoeira, judô, jiu-jitsu, karatê e taekwondo e essas foram escolhidas por serem algumas das mais conhecidas. Antes de relatarmos os aspectos históricos das lutas, consideramos necessário explicitar o termo. Para BARSA (1997, p. 88): ‘’Luta é todo tipo de combate corpo a corpo, sem armas e sem luva, em que dois contendores procuraram pôr um ao outro no chão.’’ TABOADA (s/d) além de conceituar a luta ele faz uma diferenciação de luta e briga sendo que:

...na luta, o homem trata de plasmar um ideal, e este deve tão forte que o homem passa a converter-se em um elemento secundário e quase nulo no que se refere ao individuo, e somente é levado em consideração à medida que pode ser útil para lograr a consagração do mencionado ideal. (...) na briga, ao contrário, somente se disputa por questões da personalidade; aqui não existe o sacrifício, pois, se alguém briga, é para obter resultados no que se refere a prestigio e privilégios que somente podem ser desfrutados em vida.(76 e 77)

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Neste trabalho, adotaremos o conceito de luta explicitado anteriormente, sendo que a mesma pode ser tanto uma classificação de gêneros de combate como um confronto direto entre duas ou mais pessoas, onde se demonstram as técnicas do sistema de combate. Além disso, as lutas podem ser com armas (espadas, facas, bastões, lanças etc.) ou não, no caso do nosso artigo, estaremos trabalhando com sistemas que utilizam somente o corpo como arma. Quando se trata de uma pesquisa histórica, principalmente numa época na qual não se tinha costume e às vezes nem meios para transcrever os fatos da época, torna-se difícil falar de épocas locais e principalmente de matérias relacionadas às lutas, como afirmam os autores abaixo citados: É imensa a dificuldade de pesquisar temas relativos à cultura chinesa, mormente devido à barreira idiomática e, em se tratando de assuntos concernente às artes marciais, a dificuldade se amplia por causa da escassez de documentação fidedigna. Poucos são os registros de procedência histórica e ainda menor o número de tradições verbais que se mantiveram preservadas com o passar do tempo. (NATALI, 1984, p.17) Por não haver praticamente nenhum material escrito sobre a história do início do karatê, não sabemos quem o inventou e desenvolveu, e nem mesmo onde teve origem e evoluiu. Sua história inicial pode apenas ser deduzida a partir de lendas antigas que nos foram transmitidas oralmente, e elas, como a maioria das lendas, tendem a ser criações imaginárias e provavelmente incorretas. (FUNAKOSHI, 1975, p.42)

Segundo FONTEYN (1981), o homem desde sua existência já exercia papel de caçador e de presa, devido a isso, para sobreviver, ele precisava correr, saltar, escalar e até mesmo lutar. Durante todo o tempo, o homem teve a necessidade de defender-se de predadores ou até mesmo de inimigos da mesma espécie, e isso fez com que ele desenvolvesse diversos gêneros de luta, em diferentes épocas e regiões, ressaltando que a grande parte dessas lutas é fruto da observação e aprendizagem das técnicas de defesas dos animais. A diferença de época e de local fez com que surgissem vários gêneros e estilos de luta. REID e CROUCHER (1983) relatam a descoberta de alguns desenhos de luta nas muralhas do Egito já no período de 4000~3000 a.C., e também comprovou a existência da luta na Índia no século VI e V a.C., em Ebina no ano 470. TABOADA (s/d) complementa dizendo que ‘’alguns dados que se referem a uma

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‘’luta sem armas’’ e que remontam a 4000 anos a.C. estes dados abrangem ÍNDIA, IRÃ, CHINA E TAMBÉM EGITO e MESOPOTÂNIA.’’ PAYNE (1997, p.70) também descreve que já havia a criação de golpes de combate na Grécia, no século V a.C., ou seja, os ‘’antigos gregos praticavam diversos tipos de combate.’’ Mas até hoje temos a criação de alguns novos gêneros de lutas, o que, segundo FUNAKOSHI, são meras fusões de estilos ou gêneros de combate. Há também muitas pessoas que tentam misturar um pequeno conhecimento de jiujitsu com um mínimo de estudo de karatê. O resultado é esdrúxulo e não merece ser chamado de jiujitsu nem de karatê. Na mesma linha de raciocínio, alguns homens andam por aí tentando vender suas próprias combinações caseiras como tal e tal estilo de karatê ou tal e tal estilo de kenpô. (FUNAKOSHI, 1988, p.29)

Segundo TEGNER (1999, p.9), ‘’ há uma considerável controvérsia a respeito das origens e histórias das artes marciais. Há registros de métodos de lutas similares sendo praticados em diversos países pelo menos desde 2000 a.C.’’ Entretanto, é certo que os vários gêneros de luta tiveram maior desenvolvimento no Oriente e que, mais tarde, se espalharam mundialmente, não significa que não houve desenvolvimento no oriente. Como já afirmado anteriormente, a grande maioria dessas lutas é fruto da observação e aprendizagem de técnicas de defesas dos animais, principalmente as lutas orientais como Kung-fu, o Karatê, o Taekwondo e diversas outras conhecidas como artes marciais. Muitos sistemas de artes marciais são baseados na observação minuciosa das lutas realizadas entre os animais. Por não ter mente racional, o animal move-se livre e espontaneamente quando ataca e quando se defende, o que evidencia sua inteligência natural. (PAYNE, 1997, p.72)

Quando se fala de luta corpo-a-corpo, logo em seguida temos que falar de ‘’arte marcial’’, algo indispensável quando se fala de luta num aspecto amplo, como o nosso. Segundo REID e CROUCHER (1983), arte marcial é um termo ocidental, que deriva do nome latino ‘’Marte’’, o deus romano da guerra. Geoffrey Chaucer foi quem escreveu pela primeira vez o termo, em língua inglesa no ano de 1357, se referindo ao tourney marcial, da época medieval. ‘’Em 1430, o termo já era usado em referência ao treinamento para guerra, aos próprios atos de guerra e também aos esportes. ’’ (p.12). Para VELTE (1989), a arte marcial é um termo que designa

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todas as artes de lutas utilizadas em guerra, numa alusão metafórica ao deus Marte, que era o deus da guerra entre os gregos. Já TEGNER (1999, p. 9) entende pelo termo o seguinte: O termo “artes marciais’’, conforme é usado atualmente, abrange uma ampla gama de atividades derivadas dos antigos estilos asiáticos de combate corpo-a-corpo. Seria lógico incluir os estilos europeus e americanos de boxe, luta livre, esgrima e arco e fecha entre as artes marciais. Afinal também derivam das antigas técnicas de combate. Mas no uso corrente somente as formas de lutas asiáticas estão incluídas nas artes marciais.

TABOADA (s/d) tem um conceito bem complexo sobre a arte marcial, sendo que essa e um conjunto (filosofia, religião, misticismos, ritual, natureza, movimento e outros tantos elementos) sendo assim se prestarmos atenção a um só coisa, se perde a natureza do conjunto. O autor diz: ‘’É como querer descrever o vôo de uma ave. É o agitar das asas?; a velocidade de deslocamento? Ou talvez o momento da trajetória descrita pela ave em movimento? Definitivamente não, o vôo é tudo isso.’’(p.8)

Pode-se perceber que as lutas no decorrer da história têm contribuído em vários aspectos (físicos, abstrato e histórico), conservando elementos da cultura e da filosofia da época. Muitos gêneros e estilos de lutas desapareceram juntamente com as civilizações que as criaram, já outros gêneros tiveram o privilégio de sobreviver durante os tempos chegando até os dias atuais, entre eles estão o boxe chinês, mais conhecido como kung fu. Segundo GIMENEZ (2002), alguns gêneros de lutas fizeram a diferença na história e educação de seus países, como o karatê em Okinawa, kendô no Japão e a capoeira no Brasil. Uma das grandes influências das lutas foi o Ken-jitsu (arte da espada) no Japão, com várias batalhas e conflitos sangrentos e devastadores de vidas, sendo que uma dessas batalhas ocorreu no período dos xugunatos. O período dos Xogunatos foi marcado por conflitos sangrentos. O objetivo do governo central, representado pelo xogun, era unificar o país. O dos daimyô era defender a sua independência em relação ao xogun. A maior batalha foi provavelmente, a se Sekigara, em 1600. Em seis horas de confronto, morreram 35000 homens só do lado derrotado. (GIMENEZ, 2002, p. 60)

Era uma época em que os confrontos, ou seja, as lutas aconteciam homem a homem, onde as tecnologias de arma eram meras espadas, e o próprio

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corpo e a agilidade eram objeto de combate, o que iria fazer a diferença entre aqueles que treinavam artes marciais e os que não treinavam ou os que tinham menos habilidades com esses ‘’objetos’’. A capoeira, o jiu-jitsu, o judô, o karatê e o taekwondo são lutas de combate que surgiram no decorrer da história. Pode-se notar que a capoeira e o judô são os mais recentes desses citados. Segundo VIEIRA (2004), há controvérsia em torno da história da capoeira, inclusive no período que surgiu, provavelmente no século XVII e o século XIX, em que aparecem registros confiáveis. Para HISTÓRIA (2004), a capoeira surgiu no século XVI, com a vinda dos negros, que eram trazidos da África, para o uso do trabalho escravo. ‘’A capoeira é uma luta brasileira, a qual foi criada pelos negros africanos’’ (FERREIRA, s/d, p.14). Os negros criaram a capoeira com intuito de utilizá-la como luta no movimento preciso para sua defesa e para os instantes de folga para se divertirem, e também como forma de se preparar para fugas. Com as fugas dos escravos, criaram os palmares, constituindo assim uma nova forma de vida e cultura. Vimos que as lutas têm várias dimensões e, de acordo com o local em que surgem, têm finalidades e objetivos diferentes. PRUDÊNCIO (2000), embasado em AREIAS (1983), vem afirmar que foi através da observação à mãe natureza que os negros, aproveitando-se das horas livres no interior das matas e nas senzalas onde dormiam ou eram encarcerados e até nos refúgios após a fuga, notaram as brigas de alguns animais; assim, tentavam reproduzir tais movimentos para defesa, os quais eram camuflados com a dança e o ritual. No entanto, a capoeira vem se modificando e se dividindo através dos tempos, como afirma VIEIRA (2004): Esse processo de desenvolvimento da capoeira teve como figura chave o capoeirista baiano conhecido como Mestre Bimba [...] Criou, por volta de 1930, a capoeira Regional, uma variação da capoeira tradicional (conhecida como Capoeira Angola), que incluía uma série de inovações e métodos de ensino.

Já o judô foi criado no Japão, com uma preocupação pedagógica e esportiva, na década de 1880, pelo educador Dr. Jigaro Kano (TERGNER, 1999). Porém, para melhor compreender o judô, temos que passar pelo Jiu-jitsu. Segundo LASSERRE (1975) e TERGNER (1999), no século XVIII, um grande número de

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sistema de lutas se desenvolveu no Japão (jiu-jitsu, yawara, taijitsu, wa-jitsu, toride, kagusoku, etc.) conhecidos pelo termo genérico de Jiu-jitsu. Sendo assim, entre os sistemas de Jiu-jitsu, há dezenas de estilos principais. Para TERGNER (1999, p.10), o judô é ‘’um novo estilo de jiu-jitsu que envolve técnicas modernas.’’ Segundo o mesmo autor, Jigoro Kano, na década de 1860, começou um estudo sistemático das diversas formas de jiu-jitsu, essas não mais proibidas (hauve um tempo que essas lutas eram proibidas). Jigaro Kano percebeu que grupos praticantes só conheciam e apreciavam uma forma de luta, descartando as demais. ‘’Esses grupos defendiam seu estilo próprio de luta, mais por ignorar outras técnicas do que pela convicção de eficácia de seu sistema.’’ (p.16) Percebeu também que havia um grupo, que considerava-se de elite, cultuando a luta como algo misterioso e nesse grupo não havia teoria ou nem mesmo compreensão do trabalho, mas tudo isto era uma questão de ‘’manha ou segredo’’, que passava do professor para o aluno. ‘’O Dr. Kano levou muitos anos estudando, avaliando, comparando e praticando as antigas artes de luta. Até que, em 1882, sintetizou tudo que havia aprendido, criando uma nova arte, conhecida como judô’’. (TEGNER,1969, p.17)

Apesar da relação judô e jiu-jitsu ser bem aparente, ou seja, se encontram no Japão, o jiu-jitsu é uma arte que remonta suas história na Índia, na época de Buda (A HISTORIA, 2004). No Brasil, o judô, o jiu-jitsu e o karatê chegaram com os imigrantes japoneses na década de 1900. No princípio, é somente ensinado entre os imigrantes japoneses, só mais tarde passou a ser praticado por poucos brasileiros. (INÍCIO, 2003). É bom lembrar que o jiu-jitsu praticado hoje no Brasil é bem diferente do praticado no Japão durante o feudalismo. O jiu-jitsu que vemos hoje pode ser considerado como uma arte desenvolvida no Brasil, com base no Jiu-jitsu oriental. SAGAI (2000) descreve algumas características do jiu-jitsu japonês, nos deixando clara a diferença entre o jiu-jitsu brasileiro que tem como características torções e agarramento, e é uma luta de concentração no solo. Vejamos as características do jiu-jitsu japonês descrito por SAGAI (2000 p.201): ‘’Esse fato propiciou o desenvolvimento de métodos especiais de bater, de tocar ou cortar com as mãos,

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dedos, cotovelo, punhos, chutes, joelhadas ou pontas de pés [...] as técnicas do jiujitsu são as mais especializadas em termos de autodefesa.’’ Entre as lutas temos também o karatê e o taekwondo. E essas têm origem okinawense e coreana; ambas usam um sistema de golpes de mão e de pés parecidos. Tanto a Coréia como Okinawa mantiveram nos últimos mil anos um contato próximo com a China e com o Japão, sendo assim, ambas as artes têm contribuições chinesa e japonesa. (REID e CROUCHER, 1983). No conceito de FERREIRA (s/d, p.42), o taekwondo tem algumas dezenas de anos, mas com raízes que remontam há 2 mil anos, sendo o resultado de vários estilos coreanos de combate. Segundo ORIGEM (2004), em 1909, embora a Coréia fosse beneficiada industrialmente pela ocupação nipônica, os coreanos queriam a liberdade. Durante a ocupação pelo Japão, a cultura coreana permaneceu estagnada e os japoneses proibiram qualquer manifestação cultural, incluindo a prática do Tae-kyon, ancestral do Taekwondo. Essa questão da proibição imposta pela nação nipônica é bastante interessante, pois também ocorreu em Okinawa (ilha que pertencia à China, onde se desenvolveu os diversos estilos de karatê), quando a mesma passou a ser dominada pelos japoneses. Não esquecendo também que a pratica da capoeira foi proibida no Brasil durante um período. Quando o Japão foi derrotado na segunda Guerra Mundial (1945), os coreanos voltaram a treinar o Tae-kyon de forma ostensiva (pois nunca deixaram de treinar clandestinamente) e, dez anos depois, durante a guerra da Coréia, um grupo, chefiado pelo general Choi Hong Hi, juntou esforços e, após diversas dissidências, conseguiu em 1955 a união das diversas escolas e estilos, sendo adotado o nome de Taekwondo. (FERREIRA, s/d, p.43)

O taekwondo só chega ao Brasil em julho de 1970, com o mestre Sang Min Cho, 8º dan, que o introduz em São Paulo e, em 1973, há o primeiro campeonato de taekwondo, quatro anos depois do primeiro campeonato brasileiro de karatê, que foi em 1969. (INÍCIO, 2003) Segundo FUNAKOSHI (1988), a história do karatê remonta na Índia. Estudos dizem que em 520 A.c. o monge budista indiano Bodhidarme (conhecido também como Tamo e Duruma Taishi) viajou da Índia para a China, com objetivo de ensinar o Budismo no Templo Shaolim, localizado na China. Esse, ao ensinar os monges chineses, notou que diante dos longos períodos de meditação o corpo enfraquecia; então, disse aos monges ‘’[...] a partir de amanhã, vocês vão levantar

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cedo e treinar de acordo com o método seguinte’’ (FUNAKOSHI, 1988, p.22). Esse método foi a forma original de treinamento das artes marciais. Em Okinawa, no reinado do rei Shoshin, foi publicado um decreto proibindo a prática das artes marciais e do uso de armas (NAKAYAMA, 1977). O Tode (também chamado simplesmente de Te, que significa mão), ancestral do karatê, era uma arte de defesa pessoal que há séculos estava sendo desenvolvida em Okinawa. Essa teve bastante influência das lutas chinesas, devido à relação de comércio de Okinawa e China, e também sua posição geográfica. (FUNAKOSHI, 1988; NAKAYAMA,1977). Segundo REID e CROUCHER (1983), com o desarmamento na cidade de Shuri, dois movimento nasceram em Okinawa. Os nobres, por um lado, procuraram aprenderam e desenvolveram a arte de combate do tê, que não faz uso de armas. Os agricultores e pescadores, por outro lado, começaram a desenvolver sistemas de luta armada baseados no uso combativo de ferramentas e instrumentos agrícolas. (p.189)

Toda tradição, fosse de luta armada ou não, era praticada em segredo e permanecia restrita, cada qual em uma classe social. Como afirma FUNAKOSHI (1975, p.42): ‘’[...] o karatê foi proibido pelo governo nos primeiros anos de Meiji, quando eu ainda era pequeno. Não podia praticá-lo legalmente e, claro, não havia dojos de karatê.’’ Na fala de REID e CROUCHER (1981, p.189), a prática de lutas em segredo também fica clara: ‘’[...] muito embora a arte fosse praticada em segredo, em lugares remotos, e principalmente à noite ou antes do amanhecer.’’ Somente na década de 1920 é que o Japão conhece o Tode. Esse foi difundido nas Universidades Japonesas, nas quais foi bem aceito por todos. Podemos notar que tanto o judô, o jiu-jitsu, o karatê e o taekwondo são artes de luta provenientes da Ásia. Pode-se notar que essas e outras lutas provenientes da Ásia influenciaram as lutas brasileiras, entre elas, a capoeira. FALCÃO (1998, p.75) afirma que ‘’[...] é importante salientar que muitos golpes são resultados de pequenas variações dos já existentes, outros são copiados de lutas orientais.’’ Como já foi colocado anteriormente, a vinda dessas lutas para o Brasil possibilitou a criação de um Jiu-jitsu brasileiro, mostrando sua capacidade de influência a ponto de se criar novas lutas.

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Enfim, acompanhamos alguns passos da história dessas lutas e pudemos ver que são de origens diferentes, mas algumas com características semelhantes. O processo de ensino das mesmas também vêm se modificando durante os tempos e que cada sistema tem maneiras particulares de avaliação e classificação: umas usam faixas coloridas, nas quais cada cor tem seu valor em graus, já outras utilizam cordões coloridos também na cintura. Hoje podemos encontrar a prática dessas lutas em várias academias e entre outro ponto a escola, tem deixado a desejar essa pratica. Diante desse breve histórico, podemos perceber que cada sistema encaixa numa realidade, mas não deixa de estarem interligados, Por quê? Ambos os sistemas tem a necessidade do homem como fator de desenvolvimento, ambas fazem parte do movimento humano. Estamos diante de um mar de movimentos que a cada dia vem desenvolvendo e crescendo e se aperfeiçoando. A luta e a arte marcial têm movimentos riquíssimos e históricos. Esses movimentos

predeterminados

podem

contribuir

de

forma

significante

no

desenvolvimento psicomotor da pessoa sem dar ênfase em outros determinados aspectos que podem ser de grande contribuição na formação do ser como um todo. Os movimentos dessas lutas e os movimentos de lateralidade e de coordenação motora estão bem relacionados, pois esses aspectos é um dos principais itens no aprendizado das lutas. Para entender melhor essa ligação veremos um pouco o contexto da motricidade. 3. CONTEXTO DA MOTRICIDADE Ao fazer o levantamento do referencial, podíamos notar que o estudo da psicomotricidade é recente. A psicomotricidade, nos seus primórdios, compreendia o corpo nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenandose e sincronizando-se no espaço e no tempo, para emitir e receber significados. Esse numa primeira fase tínhamos uma pesquisa que se fixou, sobretudo no desenvolvimento motor da criança. Nos dias atuais, o estudo da psicomotricidade ultrapassa os problemas motores: pesquisa também as ligações com a lateralidade, espacial e a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de crianças de inteligência normal. FONSECA (1988) comenta que a psicomotricidade é atualmente

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concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. 3.1O QUE É PSICOMOTRICIDADE? Atribui-se à educação psicomotora uma formação de base, indispensável a toda criança (normal ou com problemas), que responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano. É possível, através de uma ação educativa a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecer o início da formação de sua imagem corporal, o núcleo da personalidade.

A educação psicomotora é um meio prático de ajudar a criança a dispor de uma imagem do "corpo operatório", a partir da qual poderá exercer sua disponibilidade. Esta conquista passa por vários estágios de equilíbrio, que correspondem aos estágios da evolução psicomotora. (LE BOULCH, 1982, p. 18)

MOLINARI & SENS (2003) traz alguns conceitos de alguns autores como Pirre vayer, que diz que a educação psicomotora é uma ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança, Jean Claude Coste, que trata como a ciência encruzilhada, onde temos o cruzamento e onde se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos, Jean Ajuriaguerra, também a vê como uma ciência é uma ciência do pensamento através do corpo preciso, econômico e harmonioso. Dessa forma, podemos definir psicomotricidade como a educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas. Como o comportamento físico da criança expressa, uma a uma, suas dificuldades intelectuais e emocionais, pode-se dizer que a psicomotricidade é a

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ciência do corpo e da mente. Ao vermos o corpo em movimento, percebemos a ação dos braços, pernas e músculos gerada pela ação da mente. É necessário, portanto, educar o movimento pela mente. Numa visão educativa do movimento FREIRE (1989) vem dizer que: Não há por que desenvolver habilidades (correr, saltar, girar, etc) que não sejam significativas isto é, que não seja uma promoção de relações aperfeiçoadas do sujeito com o mundo, de modo a produzir as ações que o tornem cada vez mais humano, isto é, mais presente, mais consciente, testemunha do mundo em que vive.

A psicomotricidade integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo tempo que põe em jogo as funções intelectuais. Podemos observar que as primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras. 3.2 CORRENTE EDUCATIVA EM PSICOMOTRICIDADE Segundo LE BOULCH (1982), a corrente educativa em psicomotricidade tem sua origem das insuficiências na educação física que não teve condições de corresponder ás necessidades de uma educação real do corpo. Para o autor acima nessa época o objetivo da educação física ‘’era o domínio do corpo, e na realidade correspondia ao desenvolvimento das funções psicomotoras, fato que tem sido relatado nos meus trabalhos. (p.23) A educação física também tem algumas deficiências no que se refere as lutas e artes marciais, se pegarmos as grades curriculares das faculdades de Educação física de Goiás veremos que poucas são as que oferecem disciplina de lutas, quando oferecem não são obrigatórias e é feita a escolha de uma luta e aprendendo assim os movimentos restritos de um estilo ou de um tipo de luta. FERREIRA (2006) traz um estudo onde coloca possibilidades de compreender a utilização da abordagem psicomotora na educação física escolar. Chegou a essa conclusão através de estudo bibliográfico de autores como Damasceno, Le Boulch, Oliveira e Souza. Defende a idéia que ‘’a posição que podemos utilizar a Psicomotricidade na aula de Educação Física, assim como podemos recorrer a práticas

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da Educação Física nas sessões de psicomotricidade.’’(p.6) A psicomotricidade e a

Educação Física não são cargas opostas e incompatíveis, podem ser integradas e que ao invés de serem inimigas podem ser instrumentos auxiliares, percebemos que não se faz impossível a junção de uma metodologia com a outra, pois ambas podem ser auxiliar e se completar. 3.4 EDUCAÇÃO E MOVIMENTO Muitas das vezes utilizamos o movimento para explicar alguns aspectos de algo que não seja o motor e vise verso, utilizamos de outros meios para chegar ao movimento e na educação motora, não temos duvidas da importância do movimento. Segundo FREIRE(1989 p.83) ‘’O corpo, sem duvida alguma, tem uma infindável capacidade de educarse. Não se pode e nem se deve negar, sob pena de continuarmos a prejudicar a educação das crianças, a inteligência corporal, componente fundamental no processo de adaptação dos seres humanos ao meio ambiente. Sem risco de incorrermos em erro poderíamos falar em educação corporal como um dos objetivos a serem atingidos pela Educação Física’’

O corpo tem uma grande capacidade de se adaptar tanto ao meio como ao movimento. MOLINARI & SENS (2003) cita FONSECA(1988) esse vem dizer que o movimento do homem é construído em função de um objetivo. E mais que, ‘’a partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante’’. Esse movimento é obtido através de três fatores, esses que são os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalização que lhes permitem atuar de forma coordenada. As atividades motoras exercem um papel importantíssimo, no ser ainda mais nas fases iniciais da vida. Durante a primeira infância, até os 3 anos, a inteligência é função imediata do desenvolvimento neuromuscular. Mais tarde, esta associação é rompida e a inteligência e a motricidade se tornam independentes. Ela se mantém somente nos casos de retardamento mental, em que a um quociente intelectual diminuído corresponde um rendimento motriz também deficiente . LE BOULCH (1982) BARROS (1972) coloca que as estruturas psicomotoras básicas, é, locomoção, manipulação e tônus corporal, que interagem com a organização

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espaço-tempo, as coordenações finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Essas estruturas pode ser traduzida pelos esquemas posturais e de movimentos, como os de andar, correr, saltar, lançar, rolar, rastejar, engatinhar, trepar e vários outras consideradas superiores, como estender, elevar, abaixar, flexionar, oscilar, suspender, inclinar, e outros movimentos que se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Temos na Educação Física esses movimentos como movimentos naturais e espontâneos da criança. Baseiam-se nos diversos estágios de desenvolvimentos psicomotor, assumindo características qualitativas e quantitativas diversas. MOLINARI & SENS (2003) posiciona que o movimento é o deslocamento de qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade biopsicomotora em ação. Temos os movimentos voluntários e os involuntários esses que são atos reflexos, comandados pela substância cinzenta da medula, antes dos impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Temos

no

desenvolvimento

psicomotor

característica

como

uma

maturação que integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do esquema corporal. As lutas e artes marciais oferecem todas esses itens citados, podemos fazer uma proposta onde ocorra com espontaneidade a educação física juntamente com a psicomotricidade. 4. PENSANDO AS LUTAS NUMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL. Com esta proposta pretendemos não solucionar ou dar receita de como trabalhar com as lutas, mas sim de romper com alguns paradigmas sobre a utilização e aprendizados das lutas e artes marciais. Como podemos ver na primeira parte desse trabalho, as lutas e artes marciais sofreram algumas transformações e evoluções. Isso também continua acontecendo, pois para que essas modalidades possam sobreviver é necessário que adapte com os tempos modernos. O PCN (Parâmetro Curricular Nacional) do ensino fundamental traz as lutas como conteúdo da Educação física, esse podendo ser trabalhado nessa disciplina, o PCN conceituado da seguinte forma:

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As lutas são disputas que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s) mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. (PCNs, 49)

O PCN cita alguns exemplos de lutas como cabo-de-guerra, braço-deferro e as mais complexas capoeira, judô e caratê. Deve ser incluído nesse conteúdo informações históricas sobre as origens e características fazendo junto sua valorização e apreciação dessas práticas,fundamentada na primeira parte do artigo, onde é feito um resgate histórico de algumas lutas, essa é a forma que o PCN de Educação Física aborda e propõem tal conteúdo. No PCN do Ensino médio temos uma proposta de que o desenvolvimento de um comportamento autônomo depende de suportes materiais, intelectuais e emocionais. E que isso pode ser trabalhado com uma atividade de luta, ‘’o professor poderá propor aos alunos que tentem levar seus oponentes para fora de um espaço previamente delimitado. A repetição dessa atividade com companheiros mais altos mais leves, mais fortes levará ao desenvolvimento de pequenas estratégias da ataque e defesa.[...] nesse contexto, caberão algumas técnicas desenvolvidas primariamente e que posteriormente, poderão ser descobertas enquanto pertencentes às lutas já conhecidas, entre elas o judô, o jui-jitsu e o sumô.’’(PCN, 163)

Mesmo assim, os professores de Educação Física não atentam por esse conteúdo. Foi feito uma pesquisa de campo com onze professores de educação física das escolas estaduais de Itaberaí-go, onde pudemos ver o não conhecimento por uma grande parte dos professores. Utilizaremos para identificar os professores os numerais Romanos de I a XI. O instrumento de pesquisa utilizado foi o questionário aberto. Entre os onze professores apenas um dizia trabalhar com o conteúdo de lutas e arte marcial, e que ao trabalhar com esse conteúdo tinha o objetivo de ‘’levar aos alunos à um conhecimento mais profundo sobre esta modalidade’’(prof. VI), porém ao conceituar a luta é arte marcial o professor faz uma inversão dos conceitos dados por alguns autores citados anteriormente, o professor conceitua a luta e a arte marcial da seguinte maneira; ‘’Luta- tem como objetivo alcançar o perfeito equilíbrio entre o corpo e a mente do atleta. Arte marcial – é luta ente pessoas, no intuito de se sair uma delas vencedora.’’(prof. VI)

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Temos que analisar com muito cuidado, pois não estamos procurando quem esta certo ou quem esta errado, não é uma procura pelo culpado e sim como ajudar a melhorar essa situação, como trabalhar esse conteúdo sem que haja distorções de informações e também sem tirar o mérito dos especialistas de cada luta ou arte marcial. Ao questionar se já havia feito alguma leitura ou estudo sobre arte marcial ou luta, apenas seis professores disseram que sim, só que dois dos seis professores ao serem questionados se conseguiria conceituar o que é luta e o que é arte marcial disseram que não era possível. Dos cinco professores que disseram que não fez nenhum estudo ou leitura dois deles disseram conseguir conceituar mesmo não tendo lido ou estudado, conceituaram da seguinte forma: ‘’Luta: tem vários tipos. Arte Marciais são um conjunto de lutas.’’(prof. VII) O professor VIII antes de conceituar ele ressalta que irá conceituar no que ele achava. ‘’Luta envolve mais contato físico entre os competidores e arte marcial é um tipo de luta ou competição onde os competidores utilizam de movimentos simulando a luta’’. Esta pesquisa de campo vem mostrar a necessidade de levar mais informações para os professores de Educação física, tanto informações teóricas para dar-nos embasamento para fazer a ação ou a práxis. Pois a teoria vem ajudar a compreender a pratica do movimento, seus benefícios e sua contribuição em varias áreas, principalmente a educação física. MOREIRA (2003) apresenta a arte marcial dizendo que é composta de várias valências físicas, habilidades motoras básicas e, no passado, mesmo sem o entendimento do que era a inteligência interpessoal, esta já poderia estar sendo trabalhada, e acredita que este conjunto se refletia nos comandos das batalhas. Os praticantes de várias lutas da antiguidade mesmo não tendo o conhecimento da importância do movimento como uma forma educativa, já usufruía de suas contribuições, pois o treinamento já exigia que fosse trabalhado ambos os lados do corpo, tinha a necessidade de encontrar o equilíbrio e ter noção de espaço e tempo. MOREIRA (2003) chama a atenção para a importância dos movimentos diversificados do kata, como meio da aprendizagem motora, que em adição ao resgate social da historia do karatê, poderá desenvolver as áreas cerebrais somáticas e, com certeza, um indivíduo crítico dentro e fora do contexto esportivo,

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ou seja, através de uma prática de movimento juntamente com um resgate social teremos mais do que crianças com boa educação motora. “Entendo que a diversificação de modalidades é de suma importância para a formação de uma base motora das crianças, e que o principal componente para tal é o movimento. Assim sendo, acredito que os movimentos diversificados do kata e os conteúdos socioculturais e filosóficos do karatê, possam desenvolver os aspectos biopsiquicosociais e a criticidade do indivíduo”. (Moreira, 2003).

Não somente no karatê tem kata, ou seja nas outras artes também possui uma forma estabelecida de movimentos, às vezes com menos ou mais movimento, ou até mesmo com nomes diferentes. Esses movimentos estabelecidos seqüenciais ou não tem uma grande parte a contribuir, com o desenvolvimento motor do praticante, podendo ser utilizados de uma forma bem pedagógica e simplificada. Podemos montar nossa própria seqüência criar nossos próprios movimentos de luta, tendo um objetivo a ser atingido, mas como fazer isso? Os katas do karatê envolvem movimentos em todas as direções, e, assim, não tendem em nenhuma direção. Alem disso, os pés são usados tanto quanto as mãos, e todos os tipos de movimentos, inclusive giros e saltos, são empregados, de modo que os quatro membros se desenvolvam igualmente.’’ (Funakoshi, 1988, p.27)

Os professores podem aprender uma ou mais seqüência de movimento de uma luta, e trabalhar com seus alunos, sendo que essas seqüências podem ser modificadas para atender a faixa etária que esta sendo trabalhada e também ao objetivo da aula. Entendemos que ao elaborar uma seqüência deve se pensar não na quantidade de movimentos mais sim no equilíbrio entre movimentos, que possam ser equilibrados, esquerda, direita, para frente, para traz, movimentar membro superior direito, membro superior esquerdo, movimentar membro inferior direito, membro inferior esquerdo. E que possam fazer parte desde gestos simples como saltar, andar para frente e andar para traz, até movimentos mais elaborados como giros e mudança de direção, que permita o aluno terminar a seqüência no mesmo lugar ou no mesmo ponto onde começou. O movimento estático das lutas vem contribuir no que se refere ao equilíbrio, atingindo também a dimensão e aspectos corporais podendo perceber que os membros não reagem da mesma forma. Exemplos: pular com o pé direito ou com o

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esquerdo; escrever com a mão direita ou com a esquerda; equilibrar com o pé direito com pé esquerdo. Como fazer esse trabalho?

Propomos levar os movimentos como um jogo. Faz-se a separação em duplas, desenhe dois circulo no chão de mais ou menos de com raio de vinte centímetros com uma distancia de trinta centímetros entre os círculos, cada um dos alunos entra em um dos círculos ambos tentam tirar o outro de dentro do circulo, podendo fazer varias modificações como a troca de colegas, entrarem no circulo somente com um dos pés, colocarem as mãos para traz ou poder utilizar somente uma das mãos. As lutas devem ser apresentadas dentro de uma aula de Educação Física, onde deve ser elaborada como forma de atividades que tragam a idéia de jogos de confronto, ou atividades de movimento ou de cooperação e assim por diante, sem adentrar em diferenças a cerca das modalidades esportivas de lutas, assim que este tema em forma de “luta genérica” for assimilado, assim devemos destacar as diferenças entre as modalidades, assim como o futebol de campo é diferente do futsal, o vôlei de quadra é diferente do vôlei de areia, as lutas também tem suas diferenças como o Judô é diferente do Jiu-jitsu, o karatê é diferente do Taekwondo, mostrando tanto no que diz respeito à origem, aos movimentos como nos aspectos filosóficos e socio-culturais, sempre levando em conta que o mesmo deve seguir uma linha pedagógica coerente para uma aula de Educação Física escolar. 5. CONCLUSÃO Ao resgatar a historia das lutas estamos mais perto de compreender essa realidade além de poder utilizar como recurso é conteúdo nas aulas de educação física. Levando em conta que a razão do homem desenvolver métodos e técnicas de autodefesa baseia-se também na observação de defesa para a sobrevivência dos animais e hoje para a sua sobrevivência pessoal. E hoje é possível utilizá-las como recurso e conteúdo nas aulas de Educação Física. Podendo ser utilizadas para resgatar a auto-estima, confiança, equilíbrio, socialização,

autodefesa

lateralidade,

coordenação

(de

uma

motora,

forma para

psíquica), adquirir

movimentos

habilidades

rítmicos,

corporais

e

reconhecimento do próprio corpo. Além disso, consta do PCN (Parâmetro Curricular Nacional) do ensino fundamental e médio – as lutas como conteúdo da Educação Física.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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