LOGÍSTICA REVERSA - UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO

August 15, 2017 | Author: riacaj | Category: N/A
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LOGÍSTICA REVERSA: Uma análise de sua evolução por meio da revisão da literatura

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LOGÍSTICA REVERSA: Uma análise de sua evolução por meio da revisão da literatura Autoras: Gisele de Lorena Diniz Chaves & Rosane Lúcia Chicarelli Alcântara

INTRODUÇÃO Um processo de produção tradicional implica que matérias-primas sejam transformadas em produtos, sendo, então, estruturados canais de distribuição com o objetivo de fazer cheg ar os produtos finais aos consumidores. No entanto, produtos defeituosos, danificados, fora do prazo de validade, recicláveis, oriundos de erros de pedido, dentre outros fatores, geram um fluxo contrário do cliente final ou de outros membros do canal de distribuição para a indústria ou outro agente responsável pela adequada destinação destes produtos. Estes produtos (aqui também chamados de retornos) geram fluxos reversos que demandam um gerenciamento diferenciado daquele utilizado no fluxo direto para um melhor desempenho de seus processos. Esta operação, denominada de logística reversa, é compreendida como a atividade responsável pelo planejamento e gerenciamento deste fluxo reverso de produtos. Esta atividade tem a finalidade de promover a valorização dos bens recuperados com redução de custos, permitir ganhos por diferenciação de imagem corporativa e atendimento às questões ambientais impostas pela legislação ou pelo próprio mercado consumidor. Além do aumento da eficiência e da competitividade das empresas que impulsiona a otimização das atividades logísticas, a mudança na cultura de consumo dos clientes, assim como sua conscientização para a preservação ambiental e pressão exercida junto aos órgãos fiscalizadores e governos, também têm incentivado a expansão da logística reversa. Mas, além destes fatores, a logística reversa tem conquistado maior importância e espaço na operação logística das empresas também por seu potencial econômico.

Nas grandes empresas norte-americanas, a logística reversa contabiliza cerca de 4% dos custos logísticos totais, um valor estimado de US$ 35 a 42 bilhões ao ano. Este fato determina a importância do melhoramento dos processos envolvidos com os produtos e materiais retornados. Embora cada vez mais empresas estejam encarando a habilidade para levar de volta material pela cadeia de suprimentos como uma capacidade logística importante, a maioria destas empresas ainda não enfatiza a logística reversa como uma atividade capaz de suscitar em vantagens competitivas. Portanto, o objetivo deste artigo é mostrar a evolução da logística reversa por meio de uma revisão da literatura e uma evolução das publicações ao longo do tempo. As bases eletrônicas utilizadas para busca nesta pesquisa foram o Emerald (Portal de Periódicos da Capes) e o Service Commun de la Documentation da Université de la Mediterranée, assim como o acervo da Biblioteca Comunitária da UFSCAR, da Biblioteca Central da EESC-USP, da Bibliothèque Nationale de France (BNF) e da Bibliothèque Universitaire de la Faculté de Sciences Économiques et de Gestion (Aix-Marseille II). Além disso, também foram consultados os anais dos eventos citados.

BREVE DEFINIÇÃO E ESCOPO DA LOGÍSTICA REVERSA Nos últimos anos, tem-se observado um crescente interesse pela logística reversa, tanto pela literatura quanto pelo mercado. Em resposta à crescente preocupação da sociedade com as questões ambientais, as empresas buscam reduzir os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente. Este fato impulsiona ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem de uma empresa que se preocupa com o meio ambiente. A

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logística reversa é uma atividade que faz muito bem este papel e, por ser muito explorada neste sentido, é muitas vezes associada somente às questões ambientais da logística. A definição de logística reversa mudou ao longo do tempo, começando como um simples fluxo em direção contrária, passando por uma ênfase exagerada nas questões ambientais e voltando aos pilares originais do conceito. Por ser um conceito relativamente novo, as definições e escopo ainda estão sendo estabelecidos na literatura especializada. A logística reversa pode ser definida como o fez o Conselho de Profissionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2005): “um segmento especializado da logística que foca o movimento e gerenciamento de produtos e materiais após a venda e após a entrega ao consumidor. Inclui produtos retornados para reparo e/ou reembolso financeiro”. Leite (2003, p. 16-17) descreve as atribuições da logística reversa e as vantagens envolvidas como:

[...] a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregandolhes valor de diversas naturezas: econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

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A logística reversa pode ser analisada segundo a estrutura proposta por De Brito (2004), que segue as questões fundamentais para esta atividade: - Por que implementar? os motivadores para que as empresas se envolvam com a logística reversa (estimuladores); - Por que retornar? - as razões pelos quais os produtos são retornados (motivos de retorno); - Como? - como o retorno é realizado (processos); - O que? - o que está sendo retornado (características de produto e os tipos de produto); - Quem? - quem está realizando os retornos (atores e seus papéis). Estas questões fundamentais constituem as dimensões da logística reversa. Os principais autores afirmam que os objetivos para a implantação desta atividade são principalmente o econômico (ganho financeiro na operação), a diferenciação no serviço, a legislação e o ganho de imagem corporativa. Como procedimento logístico, a logística reversa diz respeito ao fluxo de produtos ou embalagens que voltam à empresa por algum motivo (devoluções de clientes, retorno de embalagens, retorno de produtos para atender a legislação, defeito, falta de atendimento às expectativas, erro de pedidos, excesso de estoque, danificação ou contaminação do produto e produtos fora de linha (Surplus), dentre outros). Os diferentes tipos de retornos (produtos ou embalagens, retornos comerciais ou retornos logísticos como recall, por exemplo) ocorrem por variados motivos, mas pode-se identificar três tipos de retornos: os retornos de fabricação, os retornos de distribuição e retornos do cliente, como apontam Dekker et al. (2004). A logística reversa trata de questões muito mais amplas que os recalls. Inicialmente, as atividades envolvidas com a logística reversa incluem a coleta, a inspeção e a classificação dos produtos e embalagens. Os materiais podem retornar ao fornecedor ou podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Além disso, os bens podem ser recondicionados, ou

reciclados. O foco de atuação da logística reversa envolve a reintrodução dos produtos à cadeia de valor pelo ciclo produtivo ou de negócios e, portanto, um produto só é descartado em último caso. Para que haja um fluxo reverso, todas estas atividades devem ser realizadas pelas empresas fabricantes ou distribuidoras dos produtos, assim como podem ser terceirizadas a empresas especializadas na execução de algumas tarefas como coleta, separação, reciclagem, dentre outros. Os atores envolvidos vão ser definidos em função dos diferentes canais reversos. Por exemplo, em canais reversos de pósvenda (em que os produtos não foram utilizados), utilizam-se os mesmos atores do canal de distribuição direto já que retornam os produtos às indústrias de origem. O mesmo não vale para o canal reverso pós-consumo (em que os produtos já foram consumidos), pois as empresas devem desenvolver novos canais reversos e isto inclui definir os agentes envolvidos no canal. Além disso, algumas características dos produtos, como periculosidade, definem os agentes especializados para seu transporte e descarte. Nesta operação, vale ressaltar que os atores envolvidos e a relação entre eles é muito importante para evitar ineficiência no processo reverso. A falta de gerenciamento do retorno de bens pode ocasionar problemas comerciais entre as empresas produtoras e seus canais de distribuição, influenciando até mesmo o consumidor final.

ALGUMAS PUBLICAÇÕES RELEVANTES SOBRE LOGÍSTICA REVERSA Nos anos noventa, o antigo CLM (hoje CSCMP) publicou estudos relevantes em logística reversa. O primeiro foi o livro de Stock (1992) cujo título é Reverse Logistics. Este livro é uma referência por introduzir a perspectiva de redução dos resíduos e afirmou, a partir de pesquisa na indústria norteamericana, que o desenvolvimento da logística reversa estava em seu estágio inicial. No ano seguinte o CLM publicou o livro de Kopicky et al (1993): Reuse and Recycling Reverse Logistics Opportunities que, por sua vez, como o próprio título

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informa, destaca as oportunidades que o gerenciamento dos fluxos reversos trazem por meio da reutilização e reciclagem de produtos e embalagens. Um segundo livro de Stock foi lançado em 1998: Development and Implementation of Reverse Logistics Programs, abordando a implantação e o desenvolvimento da logística reversa considerando aspectos c o m o a s u a g e s t ã o, c o n t r o l e, performance e custos; assim como casos de aplicação de logística reversa. Outra publicação importante é o livro Going Backwards: Reverse Logistics Trends and Practices de Rogers e TibbenLembke em 1998, baseado em uma extensiva pesquisa com empresas norteamericanas. O estudo aborda questões econômicas, objetivos estratégicos, redução de custo e os canais reversos. Após estas publicações que auxiliaram o desenvolvimento da logística reversa, foi publicado o livro Quantitative Models for Reverse Logístics de Fleischmann (2001), baseado em sua tese de doutorado, que considera modelos quantitativos que incorporam os fluxos reversos e sua implementação na IBM. O RevLog (European Working Group on Reverse Logistics) publicou o livro de Dekker et al (2004): Reverse Logistics: Quantitative Models for Closed-Loop Supply Chains; dedicado à modelag em quantitativa como auxílio na tomada de decisão para a logística reversa de ciclo fechado e traz exemplos reais. Sob uma ótica distinta, neste mesmo ano, Dyckhoff et al (2004) organizou a publicação do livro Supply Chain Management and Reverse Logistics, que integra a logística reversa ao um conceito de SCM. No Brasil foi publicado o livro Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade de Paulo Roberto Leite (2003) que aborda os conceitos de canais reversos e propõe um modelo relacional entre os diversos direcionadores de um prog rama de logística reversa, apresentando casos brasileiros. Além dos livros, várias teses enriqueceram a literatura sobre o tema. Destacam-se algumas como a de Marianne Jahre (1995), que investigou o desempenho dos sistemas de coleta e reciclagem de lixo doméstico, com ênfase nas embalagens. Outra tese com repercussão internacional foi a de Moritz 2

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Fleischmann (2000), que trabalhou com modelos qualitativos para analisar o design da rede de logística reversa e a gestão de inventário. Outro trabalho relevante foi a tese de Antoine Landrieu (2001) sobre produtos elétricos e eletrônicos. Seu trabalho enfatiza as estratégias de coleta considerando, o produto e a zona geográfica. Neste mesmo setor de atividade, Marlene Monnet defendeu sua tese em 2007 sobre a intermediação dos prestadores de serviços logísticos considerando as questões de sustentabilidade (MONNET, 2007). Por fim, a tese de Marisa de Brito (2004) traz uma ampla análise da logística reversa e uma estrutura de diagnóstico, bem como identifica fatores críticos que determinam como a logística direta e a reversa devem ser combinadas (DE BRITO, 2004). Não somente os livros e teses publicadas, mas diversos outros

trabalhos como artigos relevantes, influenciaram o desenvolvimento da literatura atual sobre logística reversa. O Quadro 1 traz, de forma reduzida e breve, alguns trabalhos relevantes para as áreas relacionadas. Porém, devem-se destacar alguns trabalhos como o Gungor e Gupta (1999) publicaram uma extensiva revisão a partir de mais de 300 artigos e livros sobre a produção que considera as questões ambientais e a recuperação de produtos. Como conclusão, os autores observaram a necessidade de mais estudos qualitativos e quantitativos para auxiliar a tomada de decisão nas empresas. Carter e Ellram (1998) também fazem uma revisão de literatura sobre compras, transporte e embalagens relacionados com a logística reversa e propõem uma estrutura com os determinantes da logística reversa. Outros autores que propõem uma revisão da literatura sobre logística reversa são Lambert e Riopel (2003). Já

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Mahadevan e Deb (2007) também fazem uma revisão bibliográfica sobre a legislação relacionada com a logística reversa e propõem uma estrutura para a recuperação e remanufatura dos produtos em fim de vida útil. Além destes artig os, Fleischmann et al (1997) que trazem uma revisão de modelos de pesquisa operacional para a logística reversa. Esta revisão é organizada considerando a distribuição, controle de inventário e planejamento da produção em que o autor considera a relevância de uma abordagem que considere tanto aspectos econômicos quanto ambientais. Cabe citar também o recente trabalho realizado por Leite et al (2008) que é um diagnóstico dos hábitos empresariais brasileiros em logística reversa. Este estudo envolveu 188 empresas de diversos setores da economia e faz uma análise para o mercado nacional.

Quadro 1 AUTORES

CONTRIBUIÇÃO Práticas e Processos na Logística Reversa

Lacerda (2003) Rogers e Tibben-Lembke (2001) Dowlatshahi (2000)

Classificação da Logística Reversa

Leite (2003) Beaulieu (2000) Rogers e Tibben-Lembke (1998)

Redução de Custos na Logística Reversa

Daher; Silva e Fonseca (2003) Goldsby e Closs (2000)

Performance e Logística Reversa

Richey et al (2005) Daugherty; Autry e Ellinger (2001) Goldsby e Stank (2000)

Métodos Quantitativos para a Logística Reversa

Fleischmann (2001) Krikke et al. (1999a) Fleischmann et al (1997)

Sistema de Informação que incorpore a Logística Reversa

Daugherty; Myers e Richey (2002)

Estratégia

Daut (2005)

Coordenação na Logística Reversa

Flygansvær; Gadde e Haugland (2008)

Prestadores de Serviços

Li e Olorunniwo (2008) Mukhopadhyay e Setaputra (2006) Meade e Sarkis (2002)

Gestão de Estoques

Fleischmann et al. (2002) Minner (2001) Korugan et Gupta (1998)

Embalagens

Rosenau et al (1996)

Aquisição de Produtos

Jahre (1995)

Fonte: CHAVES e ALCÂNTARA, (2009)

Blumberg (1999) Stock (1998) Dawe (1995)

Quadro 1: Publicações em várias áreas da logística reversa

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Já o Quadro 2 relaciona alguns artigos que apresentam estudos de caso específicos sobre a logística reversa para setores diversos. Ressalta-se o trabalho de De Brito et al. (2003) que fazem uma detalhada revisão e classificação de estudos de caso em logística reversa e também serve como fonte para pesquisas.

Quadro 2 AUTORES

SETOR Computadores

Tan e Arun (2006) Tan, Yu e Arun (2003) Knemeyer; Ponzurick e Logar (2002)

Varejo

Koster; De Brito e Van de Vendel (2002) Tibben-Lembke e Rogers (2002)

Mercado Editorial

Wu e Cheng (2006) Brito, Leite e Macau (2005)

Automóveis

Lukashik (2006) Srivastava (2006) Krikke et al. (1999b)

Equipamentos Elétricos e Eletrônicos

Walther; Spengler (2005) Lee; Mcshane e Kozlowski (2002) Sodhi et Reimer (2001)

Indústria Química

De Oliveira; Gamboa e Dos Santos (2003)

Equipamentos Médicos

Aminia; Retzlaff-Robertsb, e Bienstock (2005)

Agroalimentar

Chaves e Alcântara (2006) Chaves (2005)

Cerâmica

Ramos (2004) Betini e Ichihara (2007)

Vidros

Gonçalves e Marins (2006) Goldsby et Closs (2000)

Exército

Diener et al (2004)

Fonte: CHAVES e ALCÂNTARA, (2009)

Giuntini e Andel (1995)

Meyer (1999)

Quadro 2: Periódicos internacionais com publicações em logística reversa

A EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA POR MEIO DA AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE PUBLICAÇÕES EM PERIÓDICOS EVENTOS O próximo Quadro 3 traz os resultados de uma busca realizada por Mahadevan e Deb (2007) em diversos periódicos internacionalmente conhecidos por artigos relacionados ao tema logística reversa entre 1996 e 2006.

Quadro 3 PERIÓDICOS INTERNACIONAIS

NÚMERO DE ARTIGOS

International Journal of Production Economics

24

European Journal of Operational Research

24

International Journal of Production Research

14

Omega

14

International Journal of Physical Distribution & Logistics Management

8

California Management Review

9

Management Science

8

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Production & Operations Management

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Interfaces

6

Supply Chain Management: An International Journal

3

International Journal of Operations and Production Management

4

Journal of Operations Management

4

Manufacturing & Services Operations Management

2

Harvard Business Review

3

Journal of the Operational Research Society

2

European Management Journal

1

Decision Sciences

1

Logistics Information Management

1

Production Planning & Control

1

The Journal of Business & Industrial Marketing

1

Management Research News

1

Transportation Research

1

Industrial Management & Data Systems

1

MIT Sloan Management Review

1

Proceedings of The Institution of Mechanical Engineers

1

IIMB Management Review

1

Journal of Business Logistics

1

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144

Total Fonte: Mahadevan e Deb (2007, p. 33)

Quadro 3: Periódicos internacionais com publicações em logística reversa entre 1996-2006

O Quadro 4 traz uma lista não exaustiva dos trabalhos publicados nos periódicos nacionalmente reconhecidos (Qualis Capes Nacional A na área de Engenharias III) relacionados ao tema logística reversa.

Quadro 4 PERIÓDICOS NACIONAIS

Nº DE ARTIGOS

AUTORES

Gestão & Produção

6

Chaves e Batalha (2006) Gonçalves e Marins (2006) Gonçalves-Dias (2006)

Seliger; Kernbaum e Zettl (2006) Simonetto e Borenstein (2006) Cunha e Caixeta Filho (2002)

4

Dlmaier e Sellitto (2007) Gonçalves-Dias e Teodósio (2006) Guarnieri (2006)

Lima e Romero-Filho (2003)

Produção

4

Da Costa et al. (2007) Prado Filho e Sobreira (2007) Massukado e Zanta (2006)

Cimino e Zanta (2005)

Engenharia. Sanitária Ambiental

Investigação Operacional

2

Barroso e Machado (2005) Alves e Carvalho (2004)

Ambiente e Sociedade

1

Motta (2008)

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Revista Brasileira de Ciências Farmaceuticas

1

Total

18

Fonte: CHAVES e ALCÂNTARA, (2009)

Além disso, uma análise das publicações em eventos (encontros e simpósios) de relevância no país na área de Engenharia de Produção nos últimos anos foi realizada. Todos os artigos do ENEGEP (Encontro Nacional de Engenharia de Produção), do SIMPOI (Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais) e do SIMPEP (Simpósio de Engenharia de Produção) dos anos de 2005 a 2008 que continham os termos logística reversa, canais ou fluxos reversos no título ou palavras-chave foram considerados. Pôde-se verificar que as publicações relacionadas ao tema têm aumentado a cada ano. Portanto, a atual fase de desenvolvimento do tema de pesquisa a logística reversa - pode ser considerada inicial pela evolução do número de publicações no tempo. Mahadevan e Deb (2007) apontam 144 artigos publicados em periódicos internacionais sobre logística reversa entre 1996 e 2006. No Brasil, foram publicados 18 artigos em periódicos nacionalmente reconhecidos entre 2000 e 2008. Outros estudos que abordam esta evolução são Gungor e Gupta (1999) e Lambert e Riopel (2003). No entanto, uma análise do

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Gil (2007)

Quadro 4: Periódicos nacionais (Qualis A) com publicações em logística reversa entre 2000-2008

Quadro 2 mostra que o volume de estudos que abordam a operacionalização da logística reversa em alguns setores importantes da economia ainda é bastante limitado. A logística reversa e seus canais de distribuição reversos ainda não foram suficientemente explorados, mesmo os canais para os produtos mais conhecidos e melhor estruturados não possuem dados organizados para estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A revisão da literatura mostra que as pesquisas são realizadas para solucionarem os problemas encontrados na indústria, seus fornecedores e distribuidores. A evolução do número de publicações evidencia que a logística reversa é uma área de pesquisa que se encontra em fase de desenvolvimento. Os trabalhos publicados sobre este tema ainda definem o escopo e limites da atividade de gestão dos fluxos reversos, assim como a consolidação de seus conceitos. Apesar de ser notório o crescimento da importância do gerenciamento do fluxo reverso nas empresas e sua influência no relacionamento entre os elos do canal de distribuição, a carência de estudos sobre

este tema dificulta a visualização das vantagens inerentes ao uso da logística reversa. A insuficiência de informação e conseqüente estrutura deficiente dos canais podem comprometer seu funcionamento de forma eficiente ocasionando perdas. Muitas vezes, as empresas não possuem informações e dados que suportem as decisões inerentes ao gerenciamento da logística reversa. Os autores consultados assumem que a logística reversa ainda é um tema de pesquisa com várias lacunas a serem preenchidas e sugerem vários tópicos para pesquisas futuras. Portanto, após a análise da literatura existente sobre o tema e seu agrupamento por assunto e setor pesquisado, sugere-se pesquisas que abordem aspectos específicos da logística reversa, como as suas práticas, os fatores críticos para o gerenciamento da atividade, a avaliação de sua performance para os diversos setores da economia. Além disso, sugere-se um aprofundamento do estudo da logística reversa interagindo com outras áreas de estudo como os canais de distribuição e a cadeia de suprimentos.

Referências CARTER, C. R.; ELLRAM, L. M. Reverse logistics: a review of the literature and framework for future investigation. Journal of Business Logistics, v. 19, n. 1, p. 85-102, 1998. CHAVES, G. L. D., ALCÂNTARA, R.L. C. Logística Reversa: uma análise de sua evolução por meio da revisão da literatura. Anais… XXIX Encontro Nacional de Engenharia de Produção XXIX ENEGEP, Salvador, 2009. COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS (CSCMP). Supply chain and logistics terms and glossary, 2005. Disponível em: http://www.cscmp.org/Terms/glossary03.htm Acesso em: janeiro de 2005. DE BRITO, M. P. Managing reverse logistics or reversing logistics management? 2004. 324p. Tese (doutorado) - Erasmus University Rotterdam, Rotterdam, 2004. DEKKER, R. et al. Reverse logistics: quantitative models for closed-loop supply chains. Berlin: Springer-Verlag, 2004. FLEISCHMANN, M. Quantitative Models for Reverse Logistics. Berlim: Springer-Vergag, 2001. ______. Quantitative models for reverse logistics. Rotterdam, Holanda, 2000. 223p. Tese (doutorado). Erasmus University Rotterdam, 2000. FLEISCHMANN, M.; BLOEMHOF-RUWAARD, J.M.; DEKKER, R.; VAN NUNEN, J.; VAN WASSENHOVE, L. N. Quantitative models for reverse logistics: A review. European Journal of Operational Research, vol. 103, n. 1, 1997. p.1-17. GUNGOR, A.; GUPTA, S. M. Issues in environmentally conscious manufacturing and product recovery: a sur vey. Computers &

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