Livro Professor POR PROF 1-4
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Ensino Profissional · Nível 3
PORTUGUÊS Textos de carácter autobiográfico Módulo1 Textos expressivos e criativos e textos poéticos Módulo2 Textos dos media I Módulo3 Textos narrativos / descritivos I Módulo4 Olga Magalhães | Fernanda Costa
CADERNO DO PROFESSOR Resolução das actividades do manual Fichas de avaliação (com soluções)
P
Módulos 1|2|3|4
2
Módulo
1
Textos de carácter autobiográfico
| Textos | 1
2.1.
Antes de ler [pág. 17] 1. O cartoon representa um sonho de um funcionário de uma repartição – nome dado aos locais onde funcionam secções de determinados serviços, muitas vezes ligados ao Estado. Nos diversos momentos do sonho, o funcionário vê-se a si próprio a atender diversos utentes sempre com uma atitude de grande simpatia e disponibilidade que se reflecte quer no sorriso omnipresente quer na forma como se vai dirigindo a cada um deles. A maneira como cumprimenta a primeira personagem ou se despede da última, a solicitude que apresenta perante todas as outras são exemplo da humanização que é tão pouco vulgar neste tipo de locais, cujo atendimento é, por norma, frio e impessoal. Quando acorda, com um ar visivelmente assustado, o funcionário refere-se ao sonho como um ‘pesadelo’, através de um acto ilocutório profundamente expressivo. É nesta última vinheta que melhor se evidencia a função crítica deste cartoon: aquilo que para os utentes seria, de facto, um ‘sonho’, é, para o funcionário que os atende, um pesadelo. 2. Esta ‘definição’ corresponde à ideia generalizada de burocracia: o cliente que vai sendo empurrado de guichet em guichet. A mensagem deste texto opõe-se à ideia transmitida no sonho/pesadelo do funcionário público do cartoon de Luís Afonso.
Compreender [pág. 19] 1.1. “(…) comprometemo-nos em coordenar as nossas políticas (…); “(…) Com isto, comprometemo-nos a atingir estes objectivos (…)” 2. A nota deveria ser introduzida no texto a seguir a ECTS (quarto parágrafo, ponto 3).
4. A afirmação falsa é a b. – a Declaração de Bolonha pretende incentivar, também, a mobilidade de professores, investigadores e pessoal administrativo (no reconhecimento e na valorização dos períodos passados num contexto europeu de investigação, de ensino e de formação, sem prejuízo dos seus direitos estatutários).
Compreender
[págs. 21-22]
1. O destinatário é o Presidente da Assembleia da República, o requerente é o deputado do Grupo Parlamentar do PSD, Adão Silva, e o assunto é o Plano Nacional de Leitura.
c.
afastamento, omissão;
d.
relato sumário da sucessão de factos que marcam cultural e profissionalmente a carreira de uma pessoa;
e.
mais do que a capacidade de ler e escrever, é entendida como a capacidade de compreender e usar a informação escrita nas actividades do quotidiano;
a.
inevitável, que tem de ser tido em conta.
b.
3. 1.a parte – do ponto 1 ao 7; 2.a parte – a partir de “Por isso”. 3.1. O conector “Por isso”, que articula as duas partes referidas, tem um valor consecutivo (indica que o que se segue é consequência do que atrás foi exposto). 4. Por exemplo: Por isso, nos termos constitucionais e regimentais, venho requerer à Senhora Ministra da Educação que: – explicite os critérios científicos ou outros que servem de base ao “apagamento” (…) que frequentam o 5.° ou 6.° anos de escolaridade; – informe se obras como (…) chegaram a ser equacionadas no processo de selecção levado a cabo; – disponibilize a listagem de todas as obras e todos os autores “avaliados” e torne públicas as justificações que levaram à exclusão daqueles que foram afastados da listagem dos “recomendados”; – divulgue o curriculum (…) para o Plano Nacional de Leitura. 5.1. Os pedidos do requerente não podem ser considerados completamente satisfeitos, pois aí não se encontra esclarecido o solicitado nos pontos 2. e 3. do requerimento e a resposta ao ponto 4. é vaga.
| Textos | 2 Antes de ler
[pág. 23]
1. Na BD assistimos à história de uma personagem masculina que se encontra dentro de um bar e que, depois de olhar apaixonadamente para a foto de uma mulher (Maria), decide escrever-lhe uma carta de amor para a qual vai fazendo e recusando vários rascunhos. No momento em que se encontrava concentrado em mais uma tentativa, vê, estupefacto, Maria passar abraçada a outro homem. Na última vinheta vemos a personagem feminina a ler a carta que acaba por receber: em vez de uma carta de amor, recebe um conjunto de insultos e impropérios.
2007
ISBN 978-972-0-91247-3
Este livro foi produzido na unidade industrial do Bloco Gráfico, Lda., cujo Sistema de Gestão Ambiental está certificado pela APCER, com o n.° 2006/AMB.258 Produção de livros escolares e não escolares e outros materiais impressos.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
3.1. Nos três primeiros parágrafos da declaração, evidencia-se a evolução do processo europeu nos últimos anos, salienta-se que a Europa do conhecimento é um factor fundamental para o enriquecimento da cidadania europeia e reconhece-se ser da máxima importância que as universidades europeias se ajustem às novas exigências.
avaliado(a); analisado(a) em detalhe;
Módulo 1 Textos de carácter autobiográfico
Compreender
[pág. 25]
1. banalização: vulgarização; omnipresença: ubiquidade; trivialidades : banalidades; grilheta : prisão; sequestrado : enclausurado; distendido: dilatado; fustigadas: flageladas; desfalecendo: desmaiando. 2.1. A nota explicativa seria inserida a seguir à seguinte passagem: “usando um direito inalienável de autodeterminação” (l. 7). 3. À medida que o telemóvel se foi vulgarizando, foi criando a fantasia de que “o outro” está sempre ‘presente’ e disponível; o facto de o contacto não ser estabelecido ou de não haver uma resposta imediata do outro lado causa sofrimento. 4. As “trivialidades” são as seguintes: ficar sem bateria ou sem rede ou desligar o telemóvel. 5. Afirmação b..
Funcionamento da língua
[págs. 25-26]
1.1. SMS – Short Message Service; MMS – Multimedia Messaging Service; PC – Personal Computer; CD – Compact Disk; WWW – World Wide Web. 2.1. Mail e messenger. 3.1. correspondência – mails, SMS, carta, postal dos correios (diferentes tipos de correspondência). 3.2. telegrama, encomenda, vale postal, fax, bilhete, memorando, nota. 3.3. Epístola, missiva.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
4.1.1. A segunda oração da frase – “para avaliar o impacto de um amor” – é uma oração não finita infinitiva com valor final. 4.1.2. Sujeito nulo indeterminado; predicado – avaliar o impacto de um amor; complemento directo – o impacto de um amor; complemento do nome – de um amor. 4.2. Exemplo: Os segundos de resposta são contabilizados pelos amantes.
Oficina de escrita
hierarquia (administradores das roças/Governador). A carta B é uma carta particular, dirigida por Luís Bernardo ao seu amigo João (Cf. fórmulas de tratamento e de despedida) e o assunto é de índole pessoal – sentindo-se só e infeliz, Luís Bernardo faz um pedido desesperado ao amigo para que o venha visitar. 2.2.1. Hipótese de carta: Querido amigo Luís, Estou a responder-te logo após ter recebido a tua carta que me deixou deveras preocupado. Não imaginava que te encontrasses tão profundamente deprimido. Nada nas tuas cartas anteriores fazia antever tal situação. Creio, porém, que estarás a exagerar e que, quando receberes esta missiva, já te encontrarás, certamente, de melhor humor. Infelizmente não vou poder aceder ao teu pedido: não me é possível ir a S. Tomé este Verão, pois o trabalho no escritório não mo permite: vou ter apenas uma semana de férias e tenho já hotel reservado na Praia da Granja. Este último facto não seria grave e tudo se poderia arranjar se não fosse a distância: é que uma semana de férias não dá sequer para aí chegar. Vou fazer os possíveis para te visitar no Natal. Nessa altura penso que o trabalho terá acalmado e que disporei de mais tempo para poder empreender tão longa viagem. Até lá, aguenta-te, amigo! Sabes que, em pensamento, estou a teu lado e lembra-te da importante missão que aí estás a cumprir. Um grande abraço cheio de saudades deste teu amigo (que não se perdoa por não poder ir a correr ao teu encontro), João
| Textos | 3 Antes de ler
[pág. 28]
2. Personagens: Sandra, Xana, Jonas Machibundo, Paulo, Deolinda, Fragoso; Lugares: Moçambique; Tempo: Natal.
[pág. 27]
2.1. Na carta A o destinatário é tratado por “Excelentíssimo Senhor ”, “Vossa(s) Excelência(s)”; trata-se de uma carta dirigida aos administradores das roças de S. Tomé e Príncipe pelo Governador das ilhas, o emissor, que assina com o nome completo – Luís Bernardo Valença. É uma carta formal adequada ao assunto em questão – a visita de um inglês às roças para, a mando do seu governo e do governo português, verificar as condições de trabalho dos trabalhadores – e às relações de
Compreender
[págs. 29-30]
1.1. e 1.2. O destinatário é Sandra, mulher do remetente, já falecida (“Não sei se ainda estavas viva quando…” (ll. 6-7)). A relação entre ambos é esclarecida, por exemplo, através das formas de tratamento (“querida”), pela evidente cumplicidade nascida da partilha da vida (“Porque os jovens, tu sabes…” (ll. 14-15), “…e subitamente exististe nesse sorriso. Eras tu, querida, eu nunca… dela.” (ll. 22-23)), etc.
3
4
Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
1.3.1. Xana seria filha do remetente e de Sandra. Tem um filho pequeno (Paulo) e vive longe do pai. Depois de se separar do companheiro (pai do filho) vai agora casar com um homem “bastante mais velho”. Tem um sorriso parecido com o da mãe.
| Textos | 5
1.3.2. A relação com o pai não parece muito próxima: telefona (raramente) e escreve (“telegraficamente”), passou dois dias no Natal com o pai, mas ele nunca lhe conheceu o companheiro.
1.2. Exemplos: “Não há memória de uma história assim.”; “Este monumento foi erigido em memória do nosso primeiro rei.”; “D. Dinis, rei de boa memória, foi também um grande poeta.”
1.4.1. “Porque os jovens (…) têm uma grande incompreensão do sentido do casamento.” (ll. 14-15). Com esta reflexão o remetente expressa aquilo que lhe parece ser a forma leviana como os jovens encaram o casamento. 1.4.2. “Sorriso breve, o ar absorto…” (ll. 23-24). 1.5. O que o pai de Xana lhe está a dizer com a resposta que dá é que aquilo que a faz feliz a ela, mesmo que seja algo com que ele não esteja completamente de acordo, também o faz feliz a ele.
Funcionamento da língua
[pág. 35]
1.1. Lembrança, recordação, fama, por exemplo.
2. Podemos falar, em relação a este texto, de duas acepções da palavra memória: nos dois primeiros parágrafos, as duas referências à memória (ll. 2 e 6) enquadram-se no sentido 1. do verbete (função geral de conservação de experiência anterior, que se manifesta por hábitos ou por lembranças); podemos, também, reportar-nos ao sentido 9. do verbete [memória (pl.) – escrito narrativo em que se compilam factos presenciados pelo autor ou em que este tomou parte].
[pág. 30]
1.1. Por exemplo: – Conta – disse-lhe eu. E ela contou: – Vou-me casar. – Casar? – duvidei eu na minha estupefacção. – Vou-me casar com um tipo que talvez conheças de nome, o Fragoso, professor de… – confirmou ela. – Não estás contente? – Estou contente – disse-lhe eu olhando o miúdo que tinha um olhar mudo e espantado para nós –, se tu também estás. 2.1. Exemplos: Prometo que vou aí no Natal. Quem me dera / Adoraria ir aí no Natal!
■ ■
3.2.1. “Ela dissera-me tenho uma novidade para te dar…” (l. 11)
3.2.2. O pretérito mais-que-perfeito exprime uma acção que teve lugar antes de outra acção já passada.
Compreender
[págs. 36-37]
1.1. Sendo embora ambos os tipos de texto exemplos de escrita autobiográfica, enquanto que a escrita das memórias é, normalmente, muito posterior aos acontecimentos narrados pelo seu autor ou em que este participou, o registo do diário é, geralmente, quase simultâneo aos factos narrados que são, por norma, datados. 2.1. Marcas da primeira pessoa: formas verbais – acho, sou, comecei, Tenho, acabamos (pl.), sei, sou, tenha, tenho, desejaria, temos (pl.), quero, nasci, vim, conheci…; determinantes possessivos – minhas (obsessões, avós, tias), nossa (individualidade) minha (vida, juventude, mãe), meu (tempo); pronomes pessoais – mim, me, nos (pl.), Eu. 3.2. Os três grandes factos que marcaram a vida do autor são: a falência das profecias (3.° §), a cada vez maior participação das pessoas na sociedade (4.° e 5.° §) e a entrada das mulheres na História (6.° §). 4. 1.-c.; 2.-f.; 3.-a.; 4.-d. 5.1. Por exemplo: certeza – “Eu não tenho dúvidas: quando nasci, (…) não tinham ainda entrado na história.” (ll. 44-45); incerteza: “Por isso me parece que a nossa individualidade é talvez o bem mais precioso que temos.” (ll. 10-11).
| Textos | 4 [pág. 33]
1. O excerto de diário aqui apresentado, pelo seu carácter ficcionado e lírico, não corresponde a uma realidade estritamente factual mas a uma espécie de “fingimento” dessa realidade. Daí a escolha de “imitação dos dias”.
5.2. Hipótese: “Garanto que / Estou convencido que / Estou seguro que, etc., estes futurólogos, alguns reconhecidamente inteligentes, estavam apanhados pelo espírito do tempo, uma espécie de vírus que apanha indiferentemente o inteligente e o estúpido.”
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
3.1. apareceu, preparou, ajudou, estremeceu, chegou, perguntei, foi, voltou, disse, contou, duvidei.
Compreender
Antes de ler
Módulo 1 Textos de carácter autobiográfico
Funcionamento da língua
[págs. 37-38]
1. Por exemplo: “Recordo com emoção todos os concertos a que assisti no ano passado.”; “Os consertos de calçado estão mais caros de dia para dia.” 2.1. grafar, grafia, graficamente, gráfica, gráfico, grafismo, grafologia, grafonia, grafómetro, grafológico, grafema… biografia, autobiografia, biografar, biografado, biográfico, biografista, biógrafo, fotobiografia, filmografia, paleografia, serigrafia, xenografia, xilografia, epistolografia, discografia, fotografia… 3.1.1. e 3.1.2. a. Pretérito perfeito do indicativo – vim; pretérito imperfeito do indicativo – estava, comprava, ouvia, via. b. Presente do indicativo – tenho; pretérito perfeito do indicativo – nasci; pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo – tinham entrado. 3.1.3. No excerto a., a narração projecta-se apenas em factos passados e os tempos utilizados exprimem realidades temporais diferentes: o pretérito perfeito evidencia uma acção passada com carácter pontual, enquanto que o pretérito imperfeito salienta o aspecto durativo da acção, a sua extensão temporal. No excerto b., o presente do indicativo marca que o momento/tempo em que se situa o sujeito da enunciação coincide/é simultâneo com o momento/tempo em que se situam os factos narrados; o pretérito mais-que-perfeito assinala uma acção anterior a outra também passada expressa pelo pretérito perfeito.
1.2. Trata-se da comparação: “(…) que me deixa desamparado como se me faltasse uma perna...” 2.1. Nestes dois parágrafos o remetente fala de dois assuntos: da forma custosa como tem progredido a história que está a escrever e do nascimento do bebé que “se aproxima a passos largos!”. 2.2. Através desta metáfora o remetente, falando do trabalho que lhe tem dado a história que está a escrever, evidencia que o mais difícil tem sido ser capaz de simplificar a sua escrita de forma a deixar ficar só “o essencial”. 2.3. a. Por exemplo: “(…) chego à hora de jantar cheio de dores de cabeça por levar o dia a penar na prosa.” (ll. 13-14) b. “Vais ver que é uma coisa de uma simplicidade imensa – a gente deita-se e eles nascem.” (ll. 18-19) 3. “O principal tem sido mondar* isto de adjectivos supérfluos, sacudir a árvore para só ficar o essencial.” (ll. 14-15)
II 1.1. O valor contextual dos dois “como” é substancialmente diferente, pois enquanto o primeiro estabelece uma comparação (é uma conjunção subordinativa comparativa), o segundo remete para uma ideia de causalidade (é uma conjunção subordinativa causal (= porque, já que)). 1.2. Porque, já que, visto que, uma vez que… 2.1. “Caso se possa mandar daqui ou do Chiúme …” 2.2. “Se se puder mandar daqui ou do Chiúme encomendas registadas, envio-te logo o primeiro caderno.”
Ficha formativa
[págs. 41-43]
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
I 1.1. Marcas do remetente – o uso da primeira pessoa presente nas formas verbais “tenho” e “tive” e no pronome pessoal “me”; marcas do destinatário – o pronome possessivo “tuas”.
3. Dois exemplos possíveis: “No último filme de Almodóvar, Penélope Cruz volta a ser cabeça de cartaz.”; “Aquele rapaz não tem cabeça: passa o tempo a fazer disparates!” 4. a. Acto ilocutório compromissivo; b. Acto ilocutório expressivo.
5
6
Módulo
2
Textos expressivos e criativos e textos poéticos
Camões lírico | Textos | 1 Antes de ler
[págs. 47-48]
1. Proposta de roteiro cronológico: 1524/1525: Nasce Luís de Camões quase certamente em Lisboa. Antes de 1550, Luís de Camões poderá ter aprendido as primeiras letras numa das 40 escolas lisboetas de ensinar meninos. Neste primeiro período da sua vida, a sua lírica aponta uma estada em Coimbra, mas não há qualquer registo que prove a sua passagem oficial pela Universidade. 1552: Está em Lisboa. No dia de Corpus Christi, quando Gonçalo Borges passeava a cavalo no Rossio, foi zombado, defronte das casas de Pêro Vaz, na Rua de S. Antão, por dois mascarados. Estalou briga rija. Luís de Camões acudiu em defesa dos mascarados seus amigos, rasgando com a espada uma ferida no pescoço de Gonçalo Borges. O poeta é encarcerado no Tronco da cidade. 1553: Por carta de 7/3/1553, o rei D. João III perdoa-lhe. Embarca nesse mesmo mês para a Índia. Chega a Goa em princípio de Setembro. 1558: Data provável do naufrágio no Cambodja. O poeta perde tudo. Salva-se a ele e ao poema numa tábua. Dinamene morre nas águas. 1567: Camões em Moçambique. 1569: Embarca para Lisboa. Os amigos, entre eles Diogo do Couto, dão-lhe de comer e de vestir, pagam-lhe uma dívida e a passagem. 1572: Publicação de Os Lusíadas em Lisboa. 1575: D. Sebastião atribui a Camões uma tença de 15$000.
António Borges Coelho, in Camões 1, Ed. Caminho, 1980 (adaptado)
2. A pergunta do título repete-se, sob outras formas, ao longo do texto (Cf. ll. 16-19). Através dessas questões, o seu autor pergunta-se se uma “pátria” que tão mal tratou Camões e que ele tanto criticou terá o direito de se apropriar do seu nome para celebrar o 10 de Junho (Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas).
Compreender
[pág. 48]
1.1. e 1.2. A indignação do autor nasce da constatação do triste hábito português de só se valorizarem as pessoas, em geral, e os nossos escritores, em particular, depois de mortas, não lhes dando, em vida, a atenção e o “amor”que
2.1. Nestes versos da estrofe 145 do Canto X de Os Lusíadas, Camões critica os portugueses (“gente surda e endurecida.”), reconhecendo que não é a “pátria” que o inspira pois esta “… está metida / No gosto da cobiça e da rudeza / De uma austera, apagada e vil tristeza.” Camões observa o seu país e, vendo-o no mais espantoso abatimento, não pode deixar de evidenciar o seu desespero.
| Textos | 2 Observação: Sobre o ensino da poesia, aconselhamos a (re)leitura do excelente artigo de Clara Crabbé Rocha, “Didáctica do texto poético”, publicado em Cadernos de Literatura, Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, número 10, 1981, INIC, nas páginas 42 a 55, do qual seleccionámos o seguinte excerto: “O trabalho do professor, relativamente ao texto poético, é, portanto: 1) revelar esse texto como 'armadilha amorosa' (Barthes), ou seja, como agente de sedução capaz de 'prender' o aluno; 2) para isso, um dos métodos que julgo pertinentes é ajudar o aluno a ver como funciona o texto poético (tal como uma criança gosta de ver como funciona um brinquedo e o adolescente um aparelho, desmontando-o, observando as peças uma a uma), e mesmo como funciona o acto poético. Essa ‘desconstrução’, que nada tem de destruição do texto, realiza-se através do comentário de textos e através de informações teóricas sobre o fenómeno a que a crítica recente dá o nome de ‘poeticidade’ (ou seja, o quid que faz com que um texto seja poético). A título parentético, creio que teria ainda interesse o professor fazer com os alunos uma breve reflexão de natureza histórico-cultural e sociológica sobre dois aspectos: o pendor lírico do temperamento português, e a consequente riqueza em poesia lírica da nossa literatura; e a enorme produção de poesia lírica do nosso tempo, quer publicada, quer destinada à gaveta e solitária (o que é aliás um reflexo da ‘massificação’ da produção literária; hoje toda a gente quer fazer a sua experiência de escrita), numa altura em que se nos impõem meios de comunicação extremamente diversificados, eficazes e sedutores.”
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
1580: Morre a 10 de Junho. O enterro é pago pela Companhia dos Cortesãos. Fica sepultado em campa rasa, sem letreiro, da parte de fora do mosteiro de Santa Ana.
merecem. Cf., entre outras, as seguintes passagens: “…em matéria de indiferença pelos mais nobres dos seus filhos, se essa nobreza for a do espírito, este país foi sempre terreno fértil.” (ll. 4-6); “Camões pertence apenas a alguns poetas, pois mais ninguém neste país o soube merecer.” (ll. 8-9); “Ora «a gente surda e endurecida» (…) ‘o favor com que mais se acende o engenho’.” (ll. 14-16).
Módulo 2 Textos expressivos e criativos e textos poéticos
Acreditando que é ‘sob o signo da sedução’ que se deve analisar o texto poético, em geral, e Camões, em particular, relemos, com toda a atenção, A poesia lírica de Camões – uma estética da sedução (Cadernos FAOJ, n.° 12), da mesma autora, e optámos, em grande parte, por seguir o percurso aí sugerido.
Observação: Será importante fazer notar que o termo anáfora é usado na análise literária e na análise linguística. São conceitos distintos, que não se podem confundir. 5.2. Antítese.
Comparar Antes de ler
[pág. 49]
1.1. O Nascimento de Vénus
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
Tema: O quadro representa o nascimento de Vénus Anadiomede, ou seja, gerada pela espuma do mar. Sustentada por uma concha, a deusa é levada pelos ventos em direcção a terra, onde uma jovem mulher (Flora ou uma das Horas, míticas divindades femininas) está à sua espera para a cobrir com um manto purpúreo. A obra distingue-se pela soberba harmonia do esmerado desenho e pela elegante modulação do traço que cria efeitos decorativos quase abstractos. Esta sensação emerge das ondas do mar, do entrelaçar dos corpos e da vista da costa ondulada em golfos e promontórios. As cores frias e claras, assim como as formas puras e idealizadas, encontram uma perfeita expressão poética na gélida nudez da deusa. Composição: Botticelli dispõe as figuras num plano só, privilegiando a continuidade da linha. (...) Vénus é o centro da composição e na sua direcção convergem as linhas curvas dos ventos e da figura feminina. O nu é classicamente “ponderado” numa simétrica e plena correspondência dos membros: ao braço dobrado corresponde a perna dobrada, ao braço estendido, a perna na mesma posição. Todo o corpo é circundado por uma linha ininterrupta, subtil mas evidente, que nunca é perturbada por cortes ou saliências. A pequena cabeça está inclinada e insere-se sem criar ângulos no longo pescoço subtil, o que provoca, quase de forma espontânea, a dupla inclinação dos ombros. O abundante cabelo louro, desenhado fio a fio, acompanha com suavidade as formas do corpo. (in A Grande História da Arte, vol. II, Ed. Público, 2006)
Compreender
[pág. 50]
[pág. 52]
2. Exclusividade do objecto do amor A – “e a ela só por prémio pretendia.” B – “Era só contigo que eu sonhava andar/Para todo o lado e até quem sabe? Talvez casar” Formas de sedução do objecto do amor A – Servidão e dedicação incondicionais: “Sete anos de pastor Jacob servia”, “mas não servia ao pai, servia a ela” B – Persuasão e sacrifícios materiais: “A saliva que eu gastei para te mudar”, “Empenhei o meu anel de rubi” Impedimentos à concretizaçãodo amor A – O pai: “porém o pai, usando de cautela, / em lugar de Raquel lhe dava Lia.” B – O próprio objecto do amor e o seu mundo: “Mas esse teu mundo era mais forte do que eu”, “Mesmo sabendo que não gostavas”, “Não fizeste um esforço para gostar” Decisão do sujeito A – Não desiste e propõe-se lutar pelo seu amor enquanto viver: “começa de servir outros sete anos” B – Desiste: “Nada mais por nós havia a fazer / A minha paixão por ti era um lume / Que não tinha mais lenha por onde arder” ‘Lição’ aprendida pelo sujeito A – “Mais servira, se não fora / para tão longo amor tão curta a vida.” B – “Não se ama alguém que não ouve a mesma canção.”
| Textos | 3 “Amor é um fogo…”
1. Mudam-se/muda-se/se muda/mudar-se; mudança.
Compreender
2. adjectivo: novas (v. 4); diferentes (v. 6); nome: novidades (v. 5); verbo: converte (v. 11)
1.1.1. A dificuldade de definir o amor e de enumerar os seus diversos estados bem como a sua variedade.
3. Continuamente (v. 5); já (vv. 10 e 14); cada dia (= diariamente) (v. 12)
1.2. As antíteses e os oxímoros aliados à bipartição rítmica do verso; a interrogação retórica do último terceto; a repetição anafórica; as metáforas....
4. O paralelismo está presente na repetição da mesma estrutura frásica nos dois primeiros versos. A repetição dos vocábulos mudam-se e muda-se no início das frases dos dois primeiros versos evidencia o recurso à anáfora.
[pág. 54]
1.3. Sendo as contradições do amor o tema do soneto, quer as antíteses quer a bipartição dos versos aparecem a sublinhar essa temática.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
1.4. Estes recursos intensificam a ideia central e acentuam a mensagem. 2.1. e 2.2. 1.a parte – as duas quadras e o primeiro terceto: a dificuldade de definição do amor e as contradições do estado amoroso; 2.a parte – último terceto: o sujeito poético pergunta-se como é possível que o amor, tendo em conta o seu carácter contraditório, possa estar tão presente nos corações. 2.3. A conjunção coordenativa adversativa mas (v. 12) 2.4.1. contrário 2.4.2. Não sendo uma pergunta para a qual se espere resposta, a interrogação retórica dá vivacidade e ênfase ao discurso, criando cumplicidade com o interlocutor. “Aquela triste e leda madrugada”
Compreender
[pág. 55]
1.2. Nos dois termos da comparação estamos perante uma situação de agressão em que uma das figuras (caçador/ /Frecheiro) é mais forte do que a outra (passarinho/coração) e actua de forma traiçoeira e dissimulada, valendo-se do descuido, da fragilidade e da passividade do sujeito poético. 1.3.1. passarinho/coração; caçador/Frecheiro 1.3.2. passarinho – lascivo, doce; caçador – cruel, calado, manso; coração – livre, destinado, descuidado; Frecheiro – cego, escondido. 1.3.3. O sujeito poético identifica-se com o passarinho e o coração contra o caçador e o Frecheiro cego. Atente-se, por exemplo, na ternura dos três diminutivos que aparecem na primeira quadra, e nos adjectivos que caracterizam o coração, no primeiro terceto, por oposição ao caçador, caracterizado como sorrateiro e dissimulado, tal como o Cupido que se escondia nos olhos da mulher amada. 2. O tema é a paixão que apanha o coração desprevenido.
1.1. Ela (vv. 5, 9 e 12) 1.2. mágoa / piedade (v. 2); grande / largo (v. 11)
Comentar
1.3. apartar-se / apartada (vv. 7/8)
1. A estrutura bipartida deste soneto é marcada pelo conector assi sendo “anunciada”, logo no início do poema, pela conjunção como. Ao marinheiro do primeiro termo de comparação corresponde o eu lírico, no segundo, sendo a vista da amada comparada à tempestade. Uma vez que a sua contemplação (da tempestade/da amada) provoca medo, a fuga é a única salvação. Ambos (marinheiro e eu lírico) prometem não voltar a cair noutra, não resistindo, porém, e repetindo o mesmo erro.
2.2. triste “cheia de mágoa e de piedade” “saudade” “apartar-se” “lágrimas em fio” “palavras magoadas” ■ ■ ■ ■ ■
leda “amena e marchetada” “dando ao mundo claridade”
[pág. 57]
■ ■
2.2.1. O sentimento predominante é a tristeza.
3.2. A madrugada aparece como uma espécie de ‘morte’ porque o nascer do dia é identificado com a separação (Cf. v. 14 “almas condenadas”) 3.3. Formas verbais: “saía”, “viu”; adjectivos: “triste”, “leda”. 4.1. hipérbole (1.° terceto); paradoxo (vv. 7, 8 e 13).
| Textos | 4 Compreender 1.1. Dest’arte
[pág. 57]
Compreender
[págs. 58-59]
1. A beleza feminina (física e espiritual) e o fascínio que ela exerce no eu lírico. 2.1.1. Neste retrato dá-se maior relevo aos traços morais (Cf. vv. 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11). Este conjunto de qualidades tende a
produzir uma imagem de perfeição (estereotipada) e não a individualizar a mulher. 3.1. 1.a parte – até ao verso 11, corresponde à acumulação de atributos físicos e morais da figura feminina (descrição); 2.a parte – 2.° terceto corresponde à síntese desses atributos e à conclusão: o poder transformador/mágico do objecto amado exercido sobre o sujeito. 3.2. O demonstrativo “Esta” funciona como um termo anafórico que tem como função indicar os referentes no interior do texto em que é usado: remete para todas as qualidades
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
3.1. A madrugada é testemunha da separação de dois sujeitos que estiveram juntos e do sofrimento que essa separação provoca. (Cf. vv. 7-9).
| Textos | 5
Módulo 2 Textos expressivos e criativos e textos poéticos
expressas nos versos anteriores (atente-se, também, nos dois pontos do verso 11) que são aqui resumidas na expressão “celeste fermosura”. 4.1. Poderão referir-se, entre outros: a enumeração assindética (conferindo ritmo, vigor e musicalidade ao texto), a adjectivação, frequentemente dupla e valorativa, etc. 4.2. Referimo-nos à metáfora – Circe/veneno – que confere a ideia de encantamento e magia. 5. Os encavalgamentos (transição dos vv. 7-8 e 12-13-14, aliados à enumeração assindética, conferem ao poema um ritmo rápido e fluido que alterna com um ritmo mais lento e sincopado conferido pelo uso da vírgula, do ponto e vírgula e dos dois pontos. 6.1. O petrarquismo está presente ao nível do ideal de beleza feminina aqui reproduzido. A beleza da mulher amada é o resultado da conjugação das suas qualidades físicas e morais (graça, recato, doçura, brandura, beleza celestial) realçadas através de diversos nomes e adjectivos.
| Textos | 6 Compreender
[pág. 61]
1.1. A apóstrofe inicial – Lembranças, que lembrais meu bem passado; as formas verbais na 2.a pessoa, duas delas no imperativo, na continuação da apóstrofe – lembrais/deixai-me, se quereis,/não me deixeis. 1.2. deixai-me – afastai-vos de mim; não me deixeis – não permitais.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
2.1. Estão em confronto o bem passado, recordado pelo eu lírico, e a angústia do mal presente. 2.2. O facto de se lembrar do bem que já teve no passado agudiza mais ainda o sofrimento presente. 2.3. As sucessivas antíteses: bem/mal, passado/presente, viver/morrer, deixai-me/não me deixeis. 2.4. há-de ser – tendo perdido toda a esperança, o sujeito lírico antecipa que a sua vida será também, no futuro, marcada pelo sofrimento presente. 2.5. sempre – eternamente, indefinidamente.
Funcionamento da língua
[pág. 61]
1. Morreu ontem, na maior miséria, o autor de Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões. Abandonado por todos, [elipse] faleceu (sinonímia) num hospital da cidade e [elipse] foi sepultado num coval aberto do lado de fora da Igreja de Santana.
O seu (pronominalização) único rendimento era a tença de 15 mil réis anuais, equivalente a uma reforma de soldado, que el-rei lhe (pronominalização) mandou pagar como recompensa pela publicação da sua epopeia (sinonímia). Entretanto, a sua (pronominalização) obra continua a ser admirada por todos. Além de Os Lusíadas [elipse] escreveu muitas redondilhas, sonetos, odes, canções, sextinas e éclogas, que nunca foram impressas pelo facto de o poeta (sinonímia) não ter recursos materiais, mas que estão a correr de mão em mão, em cópias manuscritas.
| Textos | 7 Compreender
[pág. 63]
1. Estas duas figuras femininas, sendo completamente distintas sob o ponto de vista físico, são em tudo semelhantes do ponto de vista psicológico. O sujeito poético canta, em Descalça vai pera a fonte, o ideal de beleza petrarquista oposta à beleza oriental da mulher cantada nas endechas (contra as convenções do petrarquismo). 2.1. Jogos de palavras: cativa / cativo; porque nela vivo / já não quer que viva; para ser senhora / de quem é cativa; bem parece estranha / mas bárbora não . ~ Metáforas (Ua graça / viva que neles lhe mora; Pretidão de Amor; Presença serena / que a tormenta amansa). 2.2. Por exemplo os versos 9-12 e 25-28. 2.3. Para além da medida do verso, é de referir o encavalgamento (por ex.: na transição dos versos 3-4, 19-20, 22-23-24, etc.) que alterna com o ritmo binário.
Oralidade
[pág. 64]
2.1. Lendo-se as estrofes seguidas (da 1 à 4), obtém-se um ~ dama das feias do retrato negativo de uma dama (Sois ua ~ mundo); a leitura “lado a lado”, “louva” uma dama (Sois ua dama de grão merecer).
Ficha formativa
[págs. 70-71]
I 1.1. A primeira parte corresponde às duas quadras e a segunda aos dois tercetos. 1.2. A primeira parte descreve a forma como o girassol acompanha a trajectória do Sol acima da linha do horizonte e a forma como esta flor é influenciada pela luz do astro-rei.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
1.3.1. Através da apóstrofe Meu Sol, o eu lírico dirige-se à mulher amada. 1.3.2. Através desta metáfora – mulher amada/Sol – o sujeito poético compara-se a um girassol e à forma como este depende do Sol, tal como ele vive inteiramente na dependência do objecto do seu amor.
b. A obra de Camões proporciona-nos um encontro com a nossa história porque/visto que/já que a sua poesia foi utilizada, ao longo dos tempos, como bandeira e como símbolo nacional. c. A poesia de Camões é dinâmica e, do ponto de vista cultural e artístico, densa e rica, portanto/logo/por isso a leitura da sua obra é um instrumento para abrirmos o presente e o futuro.
1.4.1. A hipérbole. 1.4.2. Através deste recurso o sujeito poético hipervaloriza a mulher amada, exagerando as suas qualidades e conferindo-lhe até o poder de ‘criar’.
Poetas portugueses do século XX
1.5. Ao longo deste soneto, o sujeito poético identifica-se com o girassol (“Uma admirável erva”) e identifica a mulher amada com o Sol. Tal como o Sol faz florescer o girassol, também a amada do sujeito lírico alegra a sua “alma”. De igual modo, assim como o girassol “emurchece e se descora ” quando o Sol se põe, também o sujeito poético, na ausência da mulher amada, “se murcha e se consome em grão tormento.”
| Textos | 1
2. O poema é um soneto e, portanto, é constituído por duas quadras e dois tercetos. Quanto à métrica, a medida do verso é o decassílabo. O esquema rimático é ABBA ABBA CDE DEC, isto é, a rima é emparelhada e interpolada nas quadras e cruzada e interpolada nos tercetos.
II 1. Proposta:
III
[pág. 74]
1. 1.° momento (vv. 1-23) ; 2.° momento (vv. 24-43). 2.1. O cansaço do sujeito poético nasce da monotonia da vida (vv. 1-15), da constatação da falta de imaginação do homem (vv. 16-18), da miséria e da violência que o rodeiam (vv. 19-22). 2.2. sempre, nunca, não, também. 2.3. Versos 6-9 e 15. 2.4. não e ninguém – a diferença que poderia quebrar a monotonia, a previsibilidade do mundo, é negada através da reiteração do advérbio de negação e do pronome indefinido. 2.5.1. Cf. versos 16-23. 3.1. O sujeito poético exprime o desejo do espanto inicial, de ‘morrer’ para ‘renascer’. A vida cansa porque é sempre igual. “Morrer” é ausentar-se da vida temporariamente, libertar-se. 3.2.1. …em cima dum divã / com a cabeça sobre uma almofada, / confiante e sereno… sorriso / onde arde um coração em melodia: … suavemente, / velar por mim, subtil e cuidadosa, / pé ante pé 3.2.2. A figura feminina – meu amor do Norte – dá ao sujeito poético confiança e serenidade. 3.2.2.1. “Velar” significa “vigiar”, “estar de guarda a”, “passar a noite junto de um morto”. São estas as “funções” que o sujeito poético espera que a figura feminina cumpra. 3.3.1. a 3.3.3. O sujeito poético aparece dividido entre o desejo de viver e o cansaço que a vida lhe provoca. Morrer e suicidar-se não representam, aqui, mais do que esquecer, repousar. Veja-se a forma carinhosa como a Morte é personificada no último verso.
1.1. a. A obra de Camões, que desempenha um papel importante no crescimento da língua portuguesa, relata as contradições do mundo complexo do seu tempo. (o que introduz uma oração subordinada adjectiva relativa explicativa)
Funcionamento da língua 1.2. Se. 1.3. caso.
[pág. 74]
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
Nasci em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Vivi algum tempo em Coimbra e lá frequentei aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressei a Lisboa, levando aí uma vida de boémia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parti para a Índia. Fixei-me na cidade de Goa onde escrevi grande parte da minha obra. Regresso a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas, em 1572, graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleci em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580. Sou considerado o maior poeta português, e é costume situar a minha obra entre o Classicismo e o Maneirismo. Algumas das minhas obras mais conhecidas são: Os Lusíadas (1572), Rimas (1595), El-Rei Seleuco (1587), Auto de Filodemo (1587) e Anfitriões (1587).
Compreender
Módulo 2 Textos expressivos e criativos e textos poéticos
1.4. e 1.5. pudesse – pretérito imperfeito do modo conjuntivo. A propósito do emprego deste modo, leia-se o seguinte: “Quando nos servimos do MODO INDICATIVO, consideramos o facto expresso pelo verbo como certo, real, seja no presente, seja no passado, seja no futuro. Ao empregarmos o MODO CONJUNTIVO, é completamente diversa a nossa atitude. Encaramos, então, a existência ou não existência do facto como uma coisa incerta, duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal.” Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo (págs. 463-464)
2.3. A repetição do pronome pessoal – “Tu” – transforma esta segunda estrofe numa espécie de oração, evidenciando o carácter singular do negrilho. 3.1. O negrilho assume um papel protector (vv. 13-14) e espalha, à sua volta, serenidade (vv. 11-12). 4. O conceito de poesia apresentado caracteriza-se, entre outros, por uma valorização da sabedoria da terra (v. 4), por uma simplicidade poética inspirada na natureza (v. 10), pelo ideal de harmonia e serenidade (vv. 8-9). (respostas baseadas nos “Cenários de resposta” da prova de Exame Nacional do Ensino Secundário de Português, 1.a fase, 1.a chamada, 2001)
1.6.1. Algumas hipóteses: “Seria feliz…”; “Descansaria…”
| Textos | 3 | Textos | 2 Compreender
Compreender [pág. 76]
1. “Porque os outros”; “mas tu não”.
1.1. O poeta a que se refere o sujeito poético é o negrilho.
2. “Porque” – conjunção subordinativa causal.
1.2. O negrilho é uma árvore de grande porte e de copa abundante (“bosque suspenso”), antiga (nela o “tempo” faz “ninho”); é um espaço protector a que se acolhem o “eu”, “os pássaros e o tempo”. Sendo o único poeta da terra natal do sujeito lírico, o negrilho é um ser com estatuto humano, dotado quer de atributos físicos – a voz (“conversamos”) e os “olhos” –, quer de traços psicológicos, pois é definido como sábio (“revela o mundo visitado”) e sonhador.
3. Sugestões: “Ainda há esperança porque…”; “Tudo pode mudar porque…”, etc.
1.3. O sujeito poético identifica-se com o negrilho, considerando-o o seu mestre e a origem da sua poesia (“Os meus versos são folhas dos seus ramos.”) e sente admiração por ele visto que ele simboliza a harmonia da natureza.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
[pág. 78]
2.1. A alteração de pessoa verbal – de “ele” para “tu” – entre as duas estrofes faz sobressair a proximidade entre o sujeito poético e o negrilho. Na primeira estrofe, o sujeito poético enfatiza o carácter excepcional daquela árvore e da sua relação com ela, mas mantém, através do discurso de terceira pessoa, um tom contido de aparente distanciamento. Ao dirigir-se ao negrilho, na segunda estrofe, tratando-o por “tu”, dá expressão dramática à sua relação com a árvore, revelando, em toda a sua intensidade, o envolvimento afectivo que a caracteriza. 2.2. A primeira apóstrofe – “mestre da inquietação / Serena!” – aponta para um ideal de harmonia e serenidade; a segunda – “imortal avena / Que (…) maninho.” – salienta a simplicidade poética e a relação da poesia com a natureza; a terceira – “gigante a sonhar” – evidencia a expressão do sonho humano de elevação e de integração na ordem cósmica; a última – “bosque suspenso / Onde (…) ninho!” – remete para o carácter protector da árvore.
4.1. “Tu ”/ ”os outros”. 4.2. mas tu não (vv. 1, 4, 7, 10, 13) 4.3. Os outros: dissimulação; falsidade/hipocrisia; medo; cedência; calculismo. Tu: ousadia; denúncia; aventura/risco; honestidade. 6. Nos versos 11 e 12, a conjunção coordenativa e tem um valor adversativo (estabelece entre as duas orações uma ideia de contraste), podendo ser substituída pelas conjunções coordenadas adversativas mas, porém, todavia, contudo… Sobre os valores particulares de algumas conjunções coordenativas, consulte-se Celso Cunha e Lindley Cintra, in ob. cit., págs. 578 a 581.
| Textos | 4 Compreender
[págs. 81-82]
1.1. O tema comum aos três poemas é anunciado pelos respectivos títulos: o valor das palavras na poesia. 2.1. cristal, punhal, incêndio, orvalho. 2.1.1. Cristal remete para ‘transparência’; punhal e incêndio para ‘agressão’, ‘dor’, ‘destruição’; orvalho conota ‘leveza’, ‘frescura’.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
2.1.2. O carácter ambíguo das palavras está em evidência neste poema porque o sujeito poético apresenta um conjunto de vocábulos que transportam consigo sentimentos diversos e, por vezes, até antagónicos. 2.1.3. Comparação e metáfora. Observação: Na 1.a estrofe, os versos 3 a 6 podem ter subentendido “são como”; nesse caso não haveria metáfora, mas apenas comparação: Algumas [são como] um punhal, / [como] um incêndio. / Outras [são como] orvalho apenas.
4.4. A relação das palavras com o sujeito poético mudou provavelmente porque aquelas se “fartaram da rédea” que as prendia, do rigor e da simplicidade com que o sujeito poético as usava (vv. 6-9). Em alternativa, o sujeito poético sugere que, se calhar, se tornou mais exigente e que agora só procura “as mais encabritadas”. 4.6. Através desta imagem (conjunto de metáforas) o sujeito poético refere que as palavras, que outrora eram o seu ‘sustento’ quotidiano, hoje são muito menos dóceis e mais difíceis de ‘domar’. Provavelmente, este facto deve-se também à maior exigência que o sujeito poético tem na selecção das palavras (“já só procuro as mais encabritadas”).
2.2. Adjectivação, enumeração, personificação. 2.3. A antítese luz/noite remete, uma vez mais, para o carácter contraditório da palavra poética. 2.4. O adjectivo “ pálidas ”, que sugere “desmaiadas”, “ténues”, remete para a ‘morte’ das palavras que, mesmo quando ‘enfraquecidas’, trazem ainda boas memórias. 2.5. Através destas interrogações, o sujeito poético lança um apelo para que as palavras sejam escutadas, cuidadas, protegidas. 2.6. Tendo em conta que o poema nos chama a atenção para o facto de as palavras poderem apresentar diferentes significados, ele aproxima-se de uma definição (poética) de polissemia. 3.1.1. A interrogação do primeiro verso, como aliás todas as outras do poema, dirige-se a um “tu”, destinatário do discurso, que se pode eventualmente identificar com um “eu” – o sujeito poético seria o eu e o tu. 3.1.2. Através desta interrogação, o sujeito poético pede contas a um “tu”/ “eu” acerca do que terá ele feito das palavras, fazendo-nos supor que o apelo por ele lançado no poema anterior não teve eco.
[pág. 82]
1.1. Esta canção encontra-se no CD dos Trovante intitulado Baile no Bosque, da EMI-Valentim de Carvalho ou no CD Poesia Encantada, da mesma editora. 2.2. Depois de ouvir o poeta, será a vez de os alunos praticarem a leitura oral de alguns poemas. A brochura Leitura, do ME-DES (1999), propõe a seguinte ficha de avaliação de leitura em voz alta: ■ ■ ■ ■ ■ ■
Hesitar Usar o dedo ou outro guia Ler com expressividade Fazer leitura palavra a palavra Respeitar a pontuação Errar em pequenas palavras
■ ■ ■ ■ ■ ■
Ter ritmo de leitura Acrescentar Omitir Aglutinar sílabas Ter problemas de dislexia Fazer autocorrecção.
Para cada um destes pontos serão usados os parâmetros Nunca, Raramente, Algumas vezes, Muitas vezes, Sempre. Nesta ficha haverá, ainda, lugar para observações e estratégias de remediação.
| Textos | 5
3.2.2. Vogais e consoantes são opostas pois, enquanto que as primeiras são suaves e ‘tranquilas’, as segundas são quentes e fulgorosas; porém, só quando as juntamos podemos fazer palavras. Daí o seu carácter complementar.
Compreender
4.1. “agora” – vv. 1 e 15.
1.2. Por exemplo, os pares água/fogo , pátria/exílio , amor/morte, rosa/cardo. A liberdade é água, pátria, amor e rosa mas, frequentemente, a luta por ela é fogo e cardo, implica exílio e morte.
4.2. Os tempos do passado são o pretérito perfeito (fartaram-se, tive, gostaram) e o pretérito imperfeito (dançavam, encontrava, fazia, sustentavam). 4.3. No passado, as palavras “gostaram” do sujeito poético: andavam à volta dele e “aqueciam-no”; no presente, “estão ariscas” (v. 16), “resmungam” (v. 3), “arreganham os dentes” (v. 17), desobedecem-lhe e desrespeitam-no (cf. vv. 3-5).
[pág. 84]
1.1. vv. 7-8: água, fogo, lenha, vento, primavera, pátria, exílio; v. 10: navio; v.14: tempestade; v. 15: sangue; v. 16: amor, morte, navio; v. 17: chama; v. 19: rosa, cardo.
2.1. Por exemplo versos 17-20. 2.2. A relação sujeito poético-pátria-liberdade é uma relação de tudo ou nada: só existe pátria em liberdade e por elas o sujeito poético está disposto a tudo – ao exílio, ao cativeiro, à morte.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
3.2.1. As vogais são “de um azul (…) apaziguado” e as consoantes ardem “entre o fulgor / das laranjas e o sol dos cavalos”.
Actuar
Módulo 2 Textos expressivos e criativos e textos poéticos
Actuar
[pág. 84]
1. Para encontrar outros poetas portugueses, da segunda metade do século, que escreveram sobre o tema da liberdade, consultar o site http://www.bib-camilo-castelobranco.rcts.pt/librdd5.html e http://www.uc.pt/cd25a/ (Centro de Documentação 25 de Abril, da Universidade de Coimbra).
Oralidade
[pág. 84]
Texto a ler aos alunos:
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
A poesia não se explica... Não sei falar de literatura. Não sei falar de poesia. Sobretudo não sei se a poesia tem alguma coisa a ver com a literatura. Talvez esteja antes ou depois da literatura. Sei que a poesia não se explica, a poesia implica, como costuma dizer a minha amiga Sophia de Mello Breyner. Sei que a energia, como diz o meu amigo Herberto Hélder, é a essência do mundo e que “os ritmos em que se exprime constituem a forma do mundo”. Sei, como o poeta russo Mandelstam, que “escrever é um acontecimento cósmico”. E que cada palavra é um pedaço de universo. Ou como dizia Klebnikov: “na natureza da palavra viva, esconde-se a matéria luminosa do universo”. Talvez tudo isto seja a poesia. Ou talvez ela não seja mais do que o primeiro verso, aquele que nos é dado, como sempre dizia Miguel Torga, porque os outros têm de ser conquistados. Talvez tudo esteja nesse primeiro verso, que é o instante da revelação e da relação mágica com o mundo através da palavra poética. Talvez o poeta, afinal, não seja muito diferente daquele sujeito que vemos nas tribos primitivas, de plumas na cabeça, repetindo palavras mágicas enquanto dança e pula ao ritmo de um tambor. O poeta é esse feiticeiro. Dança com palavras ao som de um ritmo que só ele entende. Ou é talvez o adivinho. Como já não pode ler nas vísceras das vítimas, procura decifrar os sinais dos tempos através de múltiplos sentidos ou do sem-sentido da palavra. De qualquer modo, como nas sociedades primitivas, que tinham uma concepção mágica do mundo, o poeta de hoje é como esse xamã antigo que, através da repetição rítmica de palavras e imagens, convoca as forças benfazejas ou tenta exorcizar as forças maléficas. A poesia é, assim, antes de tudo, uma forma de medição. Um presságio do Sul, como diz o meu amigo José Manuel Mendes. Uma encantada, encantatória e desesperada tentativa de captar a essência do mundo e de, através da palavra, “mudar a vida”, como queria Rimbaud. Uma forma de alquimia. Que procura o impossível. Ou seja: o verso que não há.
A poesia é também a língua. E para mim a língua começa em Camões, que tinha uma flauta mágica. A música secreta da língua. A arte e o ofício da língua e da linguagem. (…) O poeta, dizia Cioran, “é aquele que leva a sério a linguagem”. E o que é levar a sério a linguagem? Eu creio que é estar atento aos sinais. Os sinais mágicos da palavra. (…) É então que a poesia acontece. Isto é o que sei de poesia. Talvez seja muito pouco. Mas não sei se é possível saber mais. Manuel Alegre, texto escrito e lido durante uma sessão consagrada a “Trinta Anos de Poesia” na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Viseu, em Maio de 1965, in 30 anos de poesia, Publ. Dom Quixote, 1997 (texto com supressões)
| Textos | 6 Compreender
[pág. 86]
2.1. Sossegado/Calmo como os Árabes; Ardente/Ardoroso/Veemente como os Africanos; Robusto/Belo como os Gregos; Ambicioso como os Romanos; Ardiloso como os Orientais ; Apaixonado como os Latinos ; Subtil como os Europeus. 2.2. Hipóteses: incoerente; hipócrita; falso. 3. “nem anjo nem bruto” refere a essência humana do homem com todos os seus defeitos mas também com as suas virtudes. 4.1. “Recorda-te que tu és pó e em pó te hás-de tornar” (cf. Génesis, 3, 19). 4.2. A forma verbal encontra-se no modo conjuntivo (Me levante), expressando um desejo do sujeito poético: que, depois da morte, ressuscite puro e imaculado.
Poetas de expressão portuguesa do século XX “Não vale a pena pisar”
[pág. 89]
Tópicos de análise Todo o poema é uma longa metáfora – tal como o capim, que nasce espontaneamente da força da terra, quando é destruído pelo fogo, renasce após a primeira chuvada, também aqueles que são explorados guardam em si uma raiva calada, pronta a “explodir” a qualquer instante. A calma ilusória dos oprimidos explodirá em força logo que as condições sejam propícias.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
“Terra”
[pág. 90]
A literatura cabo-verdiana: temática
silêncio a que os carrascos obrigam; tudo se passa no interior – “Eu sei o teu nome…”, mas não posso pronunciá-lo (vv. 13 e 19); os quatro tercetos iniciais, construídos com base numa repetição anafórica (“É como se alguém…”) seguida de uma construção antitética: pisasse/risse; batesse/cantasse; cuspisse/passasse indiferente; apunhalasse/abraçasse; os últimos versos de cada um desses tercetos, isolados por um travessão, constituem-se como uma espécie de prolongamento do título do poema. metáforas de “esperança” (vv. 3, 6, 9, 12, 14-18, 20-21). a esperança de mudança concretizada no último verso – esperança = vento da certeza. ■
Há um conjunto de constantes na literatura de Cabo Verde que derivam, inevitavelmente, do condicionamento geoeconómico a que as ilhas estão sujeitas: a seca e a fome, que provocam o desejo de evasão (hora di bai – hora da partida); ■
o sentimento colectivo de que a emigração constitui a única solução possível e, paradoxalmente, a impossibilidade de partir, determinada pela situação financeira dos que aspiram à emigração; ■
a saudade dos que partem (a ruptura dos laços que prendem o homem à sua terra natal) e o desejo do regresso. A solução da partida é inevitável mas provisória – abandonar as ilhas, atravessar a imensa fronteira líquida, procurar fixar-se numa região de trabalho bem remunerado para regressar o mais depressa possível. É a tragédia do êxodo, a eterna diáspora cabo-verdiana.
■
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■
Dois ritmos polarizam, assim, a vida colectiva: ■
o ritmo telúrico (vida ligada à terra);
■
o ritmo pelágico (das eternas partidas e regressos).
Em relação ao crioulo cabo-verdiano, aconselha-se o site http://www.priberam.pt/dcvpo/ onde um dicionário e uma gramática de crioulo podem ser consultados on-line.
“Negra”
[pág. 92]
Tópicos de análise África vista de fora (“Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos”) – imagem falsa, oca e artificial (vv. 11-18); só os africanos – “do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma, / sofrimento” (vv. 21-22) – conseguem perceber o sentido (verdadeiro) de África – MÃE, remetendo para o título Negra. ■
■
“Os vínculos timorenses”
[pág. 93]
Tópicos de análise vv. 1 a 4 – metáfora de Timor aprisionado; vv. 5 e 6 – esperança no ressurgimento futuro e desejado; vv. 7 a 10 – identificação profunda com o povo timorense através do símbolo da bandeira; sangue/pacto (v. Nota no Manual); metáfora da candeia acesa; vv. 13 a 18 – identificação do sujeito poético com Timor: fala pela voz de Timor expressando o desejo à autodeterminação; vv. 19 a 24 – apelo de que o sujeito poético se faz eco; v. 25 – Timor fenece; espécie de grito de morte anunciada.
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Tópicos de análise v. 1 – Nha: pron. pess. 2.a pessoa sing. fem. – a senhora (tratamento cortês usado apenas com as mulheres velhas ou muito respeitadas pelo falante); ■
vv. 6 a 15 – razões que provocam a partida – seca, fome, morte;
■
vv. 16 a 20 – lugares mais desejados; o sonho de quem parte ou almeja partir;
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vv. 37 a 43 – os dois ritmos que polarizam a vida das ilhas – campos (telúrico)/mares (pelágico); o ciclo do sonho/esperança, ciclo da terra, ciclo da vida: “…sonhos/que um dia esvaem-se/ – mas surgem sempre…”. ■
“Lá no ‘Água Grande’” Tópicos de análise
Num comentário a este poema, o escritor e crítico literário Manuel Ferreira salienta os dois “mundos” em que se movem as crianças são-tomenses: “o reino da aparência e do ‘real’ – a máscara e o rosto”. as quatro primeiras estrofes correspondem ao mundo da aparência, à máscara; na quinta estrofe a máscara cai e revela o rosto, isto é, a realidade; “gemidos cantados” – expressão que revela a verdadeira natureza dos cantos das crianças; valor expressivo dos adjectivos “mudos” e “quedos”, reportando-se à realidade. ■
■
“Esperança”
[pág. 91]
Tópicos de análise o título é a palavra-chave para decifrar o poema: Esperança, palavra que nunca aparece no poema embora todo ele remeta para esse sentimento; carácter simbólico deste facto: o ■
[pág. 94]
■
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P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
vv. 21 a 36 – sentimento de quem fica: por um lado a resignação, por outro a esperança de que as coisas se alterem – que venha a chuva e traga consigo a abundância, a fartura; ■
Módulo 2 Textos expressivos e criativos e textos poéticos
“Canção”
relação bola/mulher/touro – necessidade de tratar com malícia, astúcia, atenção, carinho (vv. 11-12).
[pág. 94]
■
Tópicos de análise Tema: A paz só se alcança quando se abdica do sonho/A morte do sonho;
Ficha formativa
[págs. 96-97]
a
abundância de marcas da 1. pessoa (pus, abri, chorarei, (o) meu, (as) minhas, meus);
I
expressão dos sentimentos do sujeito lírico que estão na base da sua decisão de ‘matar’ o sonho – solidão (areias desertas), desilusão, cansaço, tristeza...;
1. S. Leonardo, capitão no seu posto de comando, vai sulcando as ondas da eternidade, à proa dum navio de penedos, a navegar num doce mar de mosto, sem pressa de chegar ao cais divino.
■
■
1.a quadra – relação sonho/navio/mar/mãos; valor simbólico das mãos – atitude deliberada do sujeito poético; ■
marcas do “crime” – mãos molhadas; cor que escorre dos dedos – morte do sonho pelas suas próprias mãos; ■
a
3. quadra – vento/noite/frio – conjugação dos elementos naturais que se aliam à tristeza provocada pela morte do sonho; ■
a
4. quadra – hipérbole dos dois primeiros versos; o sofrimento mata o sonho; ■
5.a quadra – valor simbólico do conector temporal “depois”; a ordem/a perfeição equivalem a ausência de dor/ausência de sonho. ■
“No meio do caminho”
[pág. 95]
Tópicos de análise
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
Sobre o poema No meio do caminho: “Este poema pode simbolizar dignamente a poesia modernista brasileira e as reacções de entusiasmo ou de repulsa que provocou podem simbolizar as que sempre provoca a arte de vanguarda; mas pode simbolizar igualmente a novidade, a importância da poesia drummondiana; na sua simplicidade, na sua brevidade, na sua ambiguidade, ele faz de um aparentemente banal acidente de percurso um grande acontecimento obsessivo, dramático, absurdo, e fá-lo com uma espantosa economia lexical (à base dos lexemas inqualificados “caminho” e “pedra”, que naturalmente são investidos de grande energia simbólica) e sem mais ênfase que a da repetição.” Arnaldo Saraiva, “Um poeta universal”, Nota introdutória a Obras Completas de Carlos Drummond de Andrade, Obra Poética, 1.° vol., Publ. Europa-América, s/d
“O futebol brasileiro evocado da Europa”
[pág. 95]
Tópicos de análise ■
o futebol, símbolo de um país (Brasil);
2. O antecedente do advérbio “Lá” é a expressão nominal “cais divino”. 3. O conector “Por isso” traduz a ideia de consequência, resultado ou efeito. 4. Na primeira estrofe predomina o presente (é, ruma, vai); na segunda estrofe predomina o futuro (terá, serão, deixarão); na terceira estrofe volta a predominar o presente (se aproxima, avança, gasta). 5. Duas hipóteses possíveis: O poema poderá ser dividido em três partes lógicas, correspondendo cada uma delas a cada uma das estrofes. Assim, na primeira estrofe, vemos S. Leonardo, “ancorado e feliz no cais humano”, a iniciar a sua viagem em direcção ao “cais divino”. Na segunda estrofe é feita a antevisão (daí o tempo verbal futuro) do que espera S. Leonardo quando chegar ao seu destino, no “cais divino”. Na terceira estrofe retoma-se o presente de S. Leonardo que, porque sabe o que o espera na “bem-aventurança”, avança, agora, devagar e sem pressa nenhuma de lá chegar. ■
O poema pode dividir-se em duas partes: a viagem em direcção ao cais divino, na qual S. Leonardo se demora para poder apreciar a paisagem (constituída pelas estrofes 1 e 3), e a antevisão de como será o referido cais (estrofe 2). ■
6.1. Locução adverbial: “sem pressa” (v. 8); advérbios: “devagar” (v. 21) “lentamente” (v. 23). 6.2. Os adjectivos são “ancorado” e “feliz” (v. 9). 6.3. S. Leonardo não tem pressa de chegar ao seu destino (o ‘cais divino’) porque se sente ‘feliz’ no ‘cais humano’ onde tem tudo aquilo de que gosta e cujas sensações agradáveis pretende prolongar o mais possível já que sabe que no local para onde vai não terá nada daquilo que tanto aprecia (Cf. vv. 10-11: “É num antecipado desengano…”).
e por seme-
7. Entre outras, poderiam citar-se as seguintes passagens: “socalcos” e “vinhedos”, “um navio de penedos”, o cheiro a “mosto”, a “terra” e a “rosmaninho”.
aparente simplicidade da bola (vv. 3-4) versus a real dificuldade em lidar com ela (vv. 7-8);
8.1. “Nem vinhedos (a)”; “Na menina dos olhos (b) deslumbrados”.
bola/touro – definição por oposição lhança (v. 8);
■
■
(vv. 1-2)
15
16
Módulo
3
Textos dos media I
| Textos | 1 Antes de ler
4.2. População de Murray River: 5 = petchval petchval enea (4 + 1); população de Kamilaroi: 7 = bulan bulan guliba (4 + 3) [pág. 101]
2. No original, era esta a divisão: 1.° § – Introdução; 2.° § – Ciência – um estudo de tudo!; 3.° § – Como funciona a ciência; 4.° e 5.° § – Tecnologia – a ciência em acção.
Compreender
[pág. 103]
6. Partindo do princípio da contagem pelos dedos, “metade do corpo” seriam dez dedos. 7. Aula de Matemática
3.2. a. “Contudo” (l. 43); b. “Em suma” (l. 44).
Funcionamento da língua
5. “Os números foram ordenados e agrupados em unidades cada vez maiores, geralmente pelo uso dos dedos de uma das mãos ou das duas…” (ll. 15-16); “A divisão começou quando 10 se exprimiu como ‘metade de um corpo’…” (ll. 45-46).
[págs. 103-104]
2. 1.° § – “A Terra (…) não haverá mais.” (ll. 1-4) 2.° § – “A História (…) gerações futuras.” (ll. 4-8) 3.° § – “As ilhas (…) estão ameaçados.” (ll. 8-12) 4.° § – “No entanto (…) conquistas tecnológicas.” (ll. 12-17) 5.° § – “Tenho esperança (…) própria vida.” (ll. 17-19)
Através deste texto é-nos dada uma visão subjectiva do mundo (interior e exterior); o sujeito poético usa os conceitos matemáticos de uma forma muito pessoal que reflecte as suas ideias e sentimentos.
■
■
Tem uma intenção estética: predomina a função poética. Utilizam-se recursos estilísticos e uma linguagem profundamente conotativa. A verdade da mensagem não é uma preocupação fundamental.
■
■
| Textos | 2 Antes de ler
[pág. 105]
1. Esta é a primeira fase do trabalho a completar na pergunta 7. da página 108, onde, recordando as noções de texto literário e de texto não literário, os alunos irão completar uma grelha.
Compreender
[págs. 107-108]
1.2. A mensagem subjacente a este anúncio, patente no texto que o acompanha, é uma tentativa de desmistificar a dificuldade da matemática – “… a matemática não tem de ser um problema.” e “… pode ser divertida e acessível a todos.” Ora, o texto “As origens da Matemática” mostra-nos como esta disciplina entrou naturalmente nas nossas vidas e está presente, de forma muitas vezes inconsciente, em muitos gestos do nosso dia-a-dia. Por isso, ela é tão natural e “… tão fácil de perceber como as palavras.” 2. Adição (l. 9), subtracção (l. 18), multiplicação (l. 41) e divisão (l. 45).
3. O desenvolvimento das actividades comerciais (Cf. l. 14). 4.1. A adição.
É um texto literário.
| Textos | 3 Antes de ler
[pág. 109]
1.1. Neste cartoon, podemos observar uma personagem masculina, sentada num sofá em frente à televisão, com ar enfastiado. Numa mão tem o comando do aparelho e, na outra, uma taça de pipocas. No chão, três latas de refrigerante vazias, pipocas espalhadas e o jornal abandonado aberto na página que fornece informações sobre os programas de televisão. Na televisão reconhecemos a imagem do Rambo. De dentro da casa alguém pergunta se a guerra já começou, ao que o homem responde que não, queixandose que os programas de televisão nunca começam à hora prevista. 1.2. Para além de todos os estereótipos que o cartoonista aqui põe em evidência – o fim do dia de muitas famílias portuguesas em que o homem se acomoda no sofá, ‘comandando’ a televisão enquanto a mulher arruma a cozinha, há uma íntima relação entre este cartoon e a resposta que L. Afonso dá à primeira pergunta da entrevista – a guerra ‘anunciada’, ‘com hora marcada’ para aparecer na televisão, numa total inversão realidade/ficção: não é a realidade que passa a ficção mas a ficção que “salta” para a realidade. O ‘público’ espera pelo início da guerra como quem espera por um filme ou uma série que passa a determinada hora na televisão. E o
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
1.1. O anúncio apresenta-nos um quadro preto típico das escolas, onde está escrita uma frase com símbolos matemáticos: A matemática deve ser tão fácil de perceber como as palavras.
Dá, sobretudo, importância à forma.
■
Módulo 3 Textos dos media I
que é certo é que este tipo de ‘programa’ tem audiência: “correu bem em termos de bilheteira…” (l. 16).
Compreender
[págs. 112-113]
1.1. b.; 1.2. a.; 1.3. b.; 1.4. a.; 1.5. b.; 1.6. b. 2.1. b. 2.2.1. O título da entrevista é uma frase do entrevistado (cf. uso da primeira pessoa do singular), que constitui uma espécie de tributo ao pai e àquilo que o cartoonista aprendeu com ele relativamente à forma como se posiciona perante os acontecimentos. 2.2.2. Na introdução faz-se uma espécie de síntese do conteúdo da entrevista, chamando particularmente a atenção do leitor para o facto de o cartoonista se inspirar naquilo que o rodeia e para as suas constantes dúvidas e inquietações, que, como o título já anunciava, Luís Afonso ‘herdou’ do pai. 2.3.1. O entrevistador adopta um tom formal, usando a 3.a pessoa quando se dirige directamente ao entrevistado. Nota-se que a entrevista foi bem preparada: o entrevistador conhece bem o percurso do entrevistado e a sua obra, faz perguntas pertinentes (que muitos leitores gostariam, certamente, de fazer). Não podemos dizer que o entrevistador tenha formulado juízos de valor sobre as respostas dadas ou tenha procurado influenciar de forma óbvia o entrevistado. No entanto, nas duas primeiras perguntas, podemos entrever uma tomada de posição em relação aos factos.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
[pág. 117]
1.1. O erro ortográfico encontra-se nos tapumes das obras, nos painéis publicitários, nas legendas televisivas, nos placards, nas “coisas” da Câmara, nos autocarros, nos muros, nas faixas, etc. 2. e 2.1. O maior erro, na opinião do autor, é não reconhecermos o erro ortográfico quando o vemos e este facto é grave na medida em que o perpetua. 3.1. Segundo o autor, os professores das disciplinas científicas “deixaram de o corrigir”, os das ciências sociais “limitam-se a sublinhá-lo” e os docentes de Português “ não sabem que peso atribuir-lhe”. 4.1. Temeridade – ousadia perante um perigo quase certo; audácia; acto ou dito irreflectido com possíveis consequências desagradáveis ou perigosas; imprudência. (in Grande Dicionário Língua Portuguesa, Porto Editora)
CPPORT14CP-02
5.1. O autor faz esta afirmação porque os erros ortográficos proliferam apesar dos esforços dos professores.
Funcionamento da língua
[págs. 117-119]
1.1. O grupo nominal a que se refere “nele” é “o erro ortográfico” que só aparece na linha 22. Acrescente-se que “o erro ortográfico” é ainda antecipado por diversas elipses (“[ele] Está também…; [ele] circula…”, etc.). 1.2. Anáforas: “o/lo” (ll. 24, 34, 35, 38 e 43); “dele/deles” (ll. 23, 26), “ele” (l. 36), “lhe” (l. 42). 2.1. Hipóteses possíveis: “as pessoas tinham-se excedido um pouco”; “era uma pista onde a prova tinha decorrido”. 3.1. A ordem dos parágrafos é: c., b., a., d.. 3.2. “Para incorporar palavras novas, os léxicos das línguas dispõem basicamente de três mecanismos distintos: a construção de palavras, recorrendo a regras da própria língua (1); a reutilização de palavras existentes, atribuindo-lhes novos significados (2); a importação de palavras de outras línguas (3).” 4.1. A ordem é a seguinte: Ora, actualmente, é lógico que, mas.
| Textos | 4 Compreender
4.2. O autor afirma que “vai sendo um castigo” ou uma imprudência ser-se professor de Português pois estes professores são frequentemente colocados “ na posição de réus” e constantemente “colocados em trabalhos e tormentos”; os outros professores acusam-nos de serem responsáveis pela “pobreza vocabular” dos alunos e a redacção de actas e outros documentos é encarada como uma obrigação destes ‘puristas’ da escrita.
4.2. Exemplos possíveis: Assim; hoje em dia/nos nossos dias; logicamente; porém/todavia/contudo [colocados após “que carece”: que carece, no entanto,...]. 4.3. O antecedente é “os léxicos”. Trata-se de uma retoma anafórica pronominal.
| Textos | 5 Antes de ler
[pág. 121]
1.1. Na primeira foto vemos, destacado, um homem com ar triste, preocupado. Embora não apareça em primeiro plano, é ele que está destacado já que a mulher que se encontra à sua frente (bem como o resto da foto) se apresenta desfocada. Esta forma de destaque poderá indicar que o homem está desorientado, isolado em relação àquilo que o rodeia, ignorado pelos outros figurantes da foto. Podemos situar a
17
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
foto em Lisboa pela placa atrás do homem. Na segunda foto, assistimos a uma cena dentro de um autocarro: uma mãe com um bebé ao colo, olhando-o com ar sereno e embevecido. Ao lado, uma outra criança observa a cena que se passa também em Lisboa (no autocarro que se vê ao fundo pode ler-se Restelo). 1.2. As mensagens são opostas pois enquanto que na primeira há uma mensagem de solidão e isolamento, na segunda a tónica é posta na esperança das gerações futuras (quer o bebé que está ao colo da mãe e para quem ela sonha, certamente, um futuro melhor do que o seu presente, quer na criança que não os ignora e demonstra, até, uma certa curiosidade em relação às duas outras personagens).
Compreender
[págs. 123-124]
1.1. Evidenciam incerteza, por si só, expressões como: “Não estou bem seguro de que…”, “talvez”, “Nem sei também se…”, “creio que…”. Contribuem também para manifestar a incerteza do locutor a expressão “E nesse caso…” aliada ao uso da forma condicional “faria” e o recurso ao futuro (“será”, “poderá ter-se tratado”, “poderá ter”, “terá Tréfaut querido (…) mostrar-nos”) que não assume, aqui, uma ideia temporal de situar uma acção num tempo posterior ao tempo em que se situa o acto de fala, antes expressa um facto dependente de uma hipótese, ou seja, introduz um valor modal: o ponto de vista do sujeito locutor em relação àquilo que é dito. 1.2. Reescrita possível: “Lisboetas. Estou seguro de que no início do genérico do novo filme de Sérgio Tréfaut o gentílico surgia no écran com capitular, e não assim, com caixa baixa, lisboetas. Sei também que a questão não será de importância relativa ou menor. Propositadamente optou-se por lisboetas com minúscula. A letra pequena faz bastante diferença na leitura da mensagem.”
2.2.1. Sendo intencional, o uso da maiúscula no vocábulo “Outro” revela a preocupação do autor em evidenciar a importância destes cidadãos, de lhes conferir o estatuto de ‘verdadeiros lisboetas’. 2.2.2. Por exemplo: em início de frase, nos topónimos (“Lisboa”, “África”, …) nos antropónimos (“Sérgio Tréfaut”), nos nomes relativos a meses do ano (“Janeiro”). 3.1. Os “novos lisboetas” são os imigrantes que vêm de todo o lado, em particular de África e dos países de Leste.
3.3. Através desta personificação, Lisboa, que representa todo o país, é identificada com os seus habitantes; são eles (os lisboetas/os portugueses) quem acolhe os imigrantes ou quem os ignora. 3.4. A ausência dos “verdadeiros” lisboetas do filme é explicada pelo facto de eles se comportarem desse mesmo modo “face ao Outro”, isto é, no dia-a-dia estes “verdadeiros” lisboetas estão ausentes/invisíveis em relação aos imigrantes. Por isso, segundo o autor deste texto de opinião, o realizador deste filme ‘esqueceu-os’: é como se eles não existissem. 3.5. Através desta frase, o crítico chama a atenção do leitor para o facto de não haver grandes diferenças entre nós e os imigrantes que recebemos: tirando os problemas de ordem burocrática (legalização, contratos de trabalho, etc.), todos nós estamos irmanados tanto nas dificuldades como nos sonhos. 4.1. Por exemplo: clarividência (l. 99) e distanciamento (ll. 99-100).
4.2. Através daquilo que o crítico classifica como “filmar a ‘seco’”, isto é, o realizador mantém em relação às personagens uma “dose correcta de distanciamento”. 4.3. A opção pelos grandes planos justifica-se pela vontade do realizador de não interpretar mas sim de ‘mostrar’, de ‘dar a conhecer’. 5.1. Por exemplo: o uso do adjectivo valorativo em relação ao trabalho do realizador (enorme, imparcial, correcta, emocional, …). 5.2. Referimo-nos a expressões do tipo: na minha opinião, a meu ver, em meu entender, parece-me que, acho que, penso que, etc.
Funcionamento da língua
[págs. 124-125]
1.1. Trata-se de um sujeito nulo subentendido [Nós]. 1.2. Orações coordenadas: “Nós agradecemos e eles retribuem.” Sujeitos: Nós/eles; Predicados: agradecemos/retribuem. Observação: Os verbos “agradecer” e “retribuir” são transitivos directos e indirectos, embora os respectivos complementos directo e indirecto não estejam expressos. Será uma boa ocasião para explicar aos alunos que mesmo os complementos seleccionados pelo verbo (ou pelo nome) podem, em algumas circunstâncias, ser suprimidos da superfície lexical da frase.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
2.1. Se o título tiver sido grafado com maiúscula inicial, o realizador terá querido salientar que estes ‘lisboetas’, os imigrantes retratados no filme, são ‘verdadeiros lisboetas’, isto é, cidadãos de Lisboa iguais a todos os outros; caso contrário, poderia tratar-se de uma chamada de atenção para o estatuto de menoridade destes imigrantes.
3.2. A vida destes “novos lisboetas” não lhes pertence pois têm que lidar com uma série de problemas que, a maior parte das vezes, não dependem deles nem da sua vontade.
Módulo 3 Textos dos media I
1.3. Embora ambas remetam para aquelas pessoas que abandonam o seu país de origem para se estabelecerem num outro, emigrante remete para um movimento de dentro para fora (isto é, aquele que deixa o seu país) e imigrante implica um movimento de fora para dentro (ou seja, aquele que se instala num país que originalmente não é o seu). 1.4. A palavra melhor é, aqui, o comparativo de superioridade do adjectivo bom. 2. “OBRIGADO, Elaine.”: deveria haver uma vírgula a isolar o vocativo. No fim da frase, poderia optar-se pelo ponto final, pelo ponto de exclamação ou, até, pelas reticências, em função da intencionalidade que se pretenda atribuir à frase.
Oficina de escrita
[pág. 126]
4. Proposta de resumo: “Outrora país de emigrantes, Portugal tornou-se, no século XXI, país de acolhimento de diversos povos, oriundos sobretudo de Leste. Por todo o lado e a todo o momento, os “novos lisboetas” vão-se adaptando à cultura portuguesa.” [36 palavras]
5. Proposta de resumo: “A palavra “instalação”, originalmente significando “procedimentos e (…) técnicas de exposição de obras de arte em espaços próprios”, alargou o seu conceito, na segunda metade do século XX, abrangendo, hoje, uma multiplicidade de campos artísticos cujas fronteiras se diluíram. Além disso, havendo uma relação específica entre a obra de arte e o espaço em que é inserida – o site specific –, qualquer instalação deve manter-se no espaço para que foi criada. Transitórias por definição, as instalações tornam-se, frequentemente, permanentes.”
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
[78 palavras]
| Textos | 6 Compreender
[pág. 130]
1.1. Trata-se do Campeonato do Mundo de Futebol. 1.2. Este tema interessa ao secretário-geral das Nações Unidas por se tratar de um dos poucos fenómenos que é tão universal como (ou até mais universal do que) a própria ONU. Daí o facto de ele confessar, em relação a este fenómeno, um sentimento de inveja. 2.1. Os conectores são: “Em primeiro lugar…”, “Em segundo lugar…”, “Em terceiro lugar…” e “…em quarto lugar…”. 2.2. Os três últimos poderiam ser substituídos por conectores do tipo: “De seguida…”, “Depois…”, “Seguidamente…”, “Por último…”, “Finalmente…”, etc.
2.3.1. … em que todas as pessoas sabem qual é a posição da sua equipa e o que ela fez para lá chegar. // … na família das nações houvesse mais competições deste género. ■
… de que todas as pessoas do planeta gostam muito de falar. // … que houvesse mais conversas deste género no mundo em geral. ■
… em que todos estão sujeitos às mesmas regras, em que todos os países têm oportunidade de participar em condições de igualdade. // … que tivéssemos mais factores de nivelamento como estes na esfera internacional.
■
… que ilustra os benefícios da polinização cruzada entre povos e países. // … todos compreendessem que a migração humana em geral pode dar origem a uma tripla vitória – para os emigrantes, para os seus países de origem e para as sociedades que os acolhem. ■
2.3.2. As questões que preocupam Kofi Annan são, entre outras, as seguintes: o respeito pelos direitos humanos; o aumento das taxas de sobrevivência infantil e de matrículas no ensino secundário; a obtenção de melhores resultados ao nível do Índice de Desenvolvimento Humano; as emissões de carbono; as infecções pelo VIH; a necessidade de mais factores de nivelamento entre países, de trocas livres e justas; uma melhor compreensão da questão da migração humana em geral e das vantagens que este fenómeno pode trazer ao mundo. 2.4. Por exemplo: ”Por fim...,” “Finalmente...” “Em suma…”, “Em resumo…”, “Em conclusão…”. 3.1. “(…): o Campeonato do Mundo é um evento em que efectivamente se obtêm resultados. Não me refiro apenas aos golos que um país marca; refiro-me também ao resultado mais importante de todos – estar lá, fazer parte da família das nações e dos povos, celebrar a nossa humanidade comum.” (ll. 138-146) 3.2. O que Kofi Annan realmente inveja é o facto de um evento deste tipo conseguir aquilo que a ONU não consegue: fazer com que todas as nações sejam uma família e que celebrem juntas a sua “humanidade comum”. (ll.138-146) 3.3. Nos dois últimos períodos do texto, Kofi Annan revela-se o ‘adepto’ comum: aquele que, na hora do jogo, vai torcer pela sua equipa (o Gana) e desejar que ela ganhe. 4. As principais características da crónica estão aqui presentes: o texto parte de um facto da actualidade; é um texto curto, pelo facto de ser publicado numa revista; é subjectivo, pois expressa a opinião do seu autor; o foco narrativo é centrado no emissor (1.a pessoa) e no referente (3.a pessoa); há uma espécie de diálogo virtual com o leitor; o discurso é directo e espontâneo; predomina a função emotiva.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
| Textos | 7 Compreender
variedade brasileira do português: assinalar as diferenças encontradas em relação à variedade europeia:
■
a. forma escrita diferente: “crônica”, “cotidiano”
[pág. 134]
1. a. O tema é o processo criativo que está na base de uma crónica.
b. plano lexical: utilização de variantes lexicais de diferentes origens – “botequim”, “garçom”, …
b. Por exemplo: “Como nasce uma crónica”/ “O escritor à procura da crónica”.
c. planos morfológico e sintáctico: – utilização do determinante possessivo sem artigo: “de seu disperso” (l. 5); “meu café” (l. 9); “de seus três anos” (ll. 15-16); “nossos olhos” (l. 65) – colocação do pronome átono antes do verbo: “me assusta” (l. 2); “se afasta” (l. 25); “se mune” (l. 33); “ a se convencer” (ll. 62-63), etc. – construção aspectual (utilização do gerúndio): “estou adiando” (l. 2); “está olhando” (l. 57); – diferente utilização das preposições: “Visava ao circunstancial” (l. 6); “em torno à mesa” (l. 18; l. 32); “parabéns pra você” (l. 50).
2.1. O animal (pacaça): “pata”, “pescoço”, “cabeça”, “coração”, “patas”, “chifres”, “olho”, “pele”, “macho”, “fêmea”, “costas”, “cauda”, “coice”, “cornada”, etc.; o texto (crónica): “palavra”, “crónica”, “frase”, “período”, “romances”, “papel” , “bloco” , “página” , “esferográfica” , “revista” , “livros”, “escritores”, “caneta”, “advérbio”, “adjectivo”, “imagem”, etc. 3. a. V; b. V; c. F; d. F; e. V; f. V.
Funcionamento da língua
[pág. 135]
1.1. “Estou aqui…” (l. 1); “[A crónica] continua acolá…” (l. 48). Estes dois advérbios marcam a distância entre o enunciador do discurso (eu) e o ‘objecto’ a que se refere. 1.2. O deíctico “isto” apela ao saber compartilhado já que faz parte de uma expressão que retrata um gesto que tem que ser conhecido pelo interlocutor – “não se deslocou nem isto” significa “não se deslocou nem um bocadinho”. 2.1. As expressões que conferem a este excerto coesão sequencial/temporal são as seguintes: “E então…” (l. 10), “De início…” (l. 16), “Depois…” (l. 19), “É altura de…” (ll. 23-24) e “quando…” (l. 28). 2.2.1. c. a crónica. (l. 30)
3.1. b. directivo. 3.2. Hipótese possível: “Não se importam de se debruçar mais?”
[págs. 139-141]
I 1. Na origem desta crónica esteve uma notícia que a cronista leu no jornal Público sobre palavras de difícil tradução. 2. A presença da autora é explícita quer através das marcas de primeira pessoa (pronomes pessoais – me, eu; formas verbais na 1.a pessoa do singular – leio, suspeito, gozei, etc. – e na 1.a pessoa do plural – olhamos, nos apercebemos ); de salientar, ainda, a opção por verbos que exprimem uma opinião (parece-me, prefiro, opto) que configuram actos ilocutórios assertivos, isto é, actos que traduzem uma verdade assumida pelo locutor. 3. a. V; b. V; c. F (Através destas frases a cronista explicita exactamente a opinião contrária: a saudade é um sentimento que ela não aprecia particularmente. Os saudosistas, aprisionados ao passado, dificilmente progridem e são infelizes.) d. V; e. F (O advérbio “talvez” introduz um tom de dúvida no discurso.)
II 1.1. Embora a palavra saudade seja de difícil tradução, traduzi-la-emos.
| Pretextos | Tópicos de análise do Texto 2
[págs. 137-138]
Neste texto, encontramos o autor à procura de tema para uma crónica. E vai encontrá-lo, como é norma no que se refere às crónicas, numa cena do quotidiano: a festa de aniversário improvisada de uma menina pobre.
■
2.1. Traduzir determinadas palavras é quase impossível. 3.1. Trata-se dos pronomes indefinidos “muitos” e “outros”. 4.1. Por exemplo: Assim – Desta forma; ao passo que – enquanto que; É claro que – obviamente; se há muitos – embora/ainda que haja; Ainda assim – Mesmo assim.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
2.3.1. [Eu] nunca tenho uma ideia: [eu] limito-me a aguardar a primeira palavra, a que traz as restantes [palavras] consigo. Umas vezes [a palavra] vem logo, outras [vezes] [a palavra] demora séculos.
Ficha formativa
21
Módulo 3 Textos dos media I
5.1. Predicativo do sujeito. 5.2. Por exemplo: “Nunca está feliz e vive preso ao passado.” (orações coordenadas copulativas).
III 1. Eis a notícia que surgiu no Público:
nicamente sem sorte”. A palavra japonesa "Naa", da área Kansai, foi a terceira mais difícil de traduzir e significa “enfatizar declarações” ou “concordar com alguém”. “Apesar de as definições parecerem bastante precisas, o problema é tentar transmitir as referências locais associadas a tais palavras”, afirma a presidente da Today Translations, Jurga Zilinkiene, que conduziu a sondagem. in Público, 25-06-2004 (adaptado)
Palavra “saudade” é de difícil tradução
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
A palavra portuguesa “saudade” foi considerada o sétimo vocábulo estrangeiro mais difícil de traduzir, segundo uma votação realizada por mil linguistas, levada a cabo pela agência londrina de tradução e interpretação Today Translations. A mais votada foi “ilunga”, de uma língua falada numa região da República Democrática do Congo e que significa “uma pessoa que está disposta a perdoar qualquer abuso pela primeira vez, a tolerar uma segunda vez, mas nunca uma terceira vez”. Em segundo lugar ficou “shlimazl”, que é a palavra em iídiche (língua falada por algumas comunidades de judeus oriundos da Europa central e oriental) para uma “pessoa cro-
2. Proposta de resumo: Proveniente do grego (mythos – narrativa, lenda), o mito é uma crença, uma fábula, uma história contada para aclarar um conceito abstracto. Assim, tendo uma função social inegável, o mito garante a unidade do grupo, disciplinando e favorecendo os comportamentos e a solidariedade sociais. Em suma, ao contar histórias sagradas, povoadas de deuses e heróis, os mitos explicam factos incompreendidos, atribuindo-os à actuação de entes sobrenaturais. [65 palavras]
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Módulo
4
Textos narrativos/descritivos I
| Textos | 1 Antes de ler
[pág. 146]
3. 1.a personagem: “um homenzinho magro” – ll. 15-16, 20-24, 29-30, 34-38; 2.a personagem: “uma jovem loura” – ll. 41-46; 48-50; 3.a personagem: “O velho, de barba branca” – ll. 85-88.
Compreender
[pág. 148]
1.1. O cenário é um móvel com dois tampos, próprio para computador e impressora (ll. 1-20). 2.1. Primeiro, o espanto, a surpresa – “Não foi esta a primeira vez que me vi assediado por personagens. (…) Agora, uma personagem de doze centímetros de altura, magrita, a saltar ao alcance dos meus dedos é que nunca me tinha acontecido.” (ll. 29-32) De seguida, algum medo ‘disfarçado’ – primeiro do “homenzinho ginasticado”: “O que pensei logo foi ‘com este posso eu bem’. (...) E se ele estivesse armado? Pelo aspecto não parecia.” (ll. 33-39); depois receio de que a personagem feminina lhe riscasse a secretária com os saltos. (ll. 46-47) Seguidamente, a vontade de interferir – que acaba por controlar – “Sobreveio a tentação de lhe dar uma ajuda com os dedos. Mas resolvi não interferir.” (ll. 63-66) Logo depois, algum enternecimento – “Eu comecei a enternecer-me...” (ll. 95-96) Então, é assaltado pela inquietação o que o leva a pedir ajuda a um amigo – “Mas o receio de que pudessem surgir mais personagens inquietou-me.” (ll. 98-99) Finalmente, decide “aprisionar” as personagens no texto.
corredor enorme” (l. 16). Cada um destes espaços é descrito também através dos objectos que os enchem – “A sala, cheia de vidros e quadros de gôndolas e açudes” (ll. 7-8) “o corredor enorme, povoado de mesas, espelhos nas paredes (…) e armários, muitos armários” (ll. 16-23). Finalmente, o narrador centra-se na roupa que é guardada dentro dos armários. 2.2. A repetição do adjectivo “inteiro” evidencia a duração temporal – foi uma vida inteira que a Graciete passou “debruçada sobre o enorme bastidor de madeira”.
Funcionamento da língua
[pág. 151]
1.1. e 1.2. A posição do adjectivo qualificativo é tipicamente pós-nominal. O adjectivo anteposto ao nome deixa de designar uma qualidade objectiva, passando a avaliativo (valor subjectivo): a casa não era apenas grande em tamanho (“uma casa grande”). É esta mesma diferença de sentidos que podemos encontrar, por exemplo, em “uma mulher grande/uma grande mulher; uma amiga velha/uma velha amiga”. 2.1. e 2.2. Os advérbios de tempo: “nunca” (quatro ocorrências) e “sempre” (duas ocorrências) – remetem para um estado de permanência, de inalterabilidade. Os advérbios de modo “lentamente” e “cuidadosamente” apontam para o desvelo e para o tempo que era dedicado a estas tarefas (inúteis). 2.3. O tempo verbal predominante é o pretérito imperfeito do indicativo – “era”, “abria”, “dizia”, “assustava”, “acumulava”, “servia”, “se enchia”, “desatavam” – tempo típico da descrição que sugere o aspecto durativo ou habitual e aponta para a repetição de uma acção no passado.
(ll. 146-148)
3.1. A partida da Graciete para o Canadá. 3.2. A pontualidade da acção é marcada pela expressão temporal “Um dia…” e pelo recurso ao pretérito perfeito – “foi”, “arrumou-se”, “estremeceu”, etc.
Oficina de escrita
[pág. 151]
3.1. “… toc, toc,…” (l. 92) “…o tique-tique dos saltos...” (l. 53)
1.2. Eis os dois últimos parágrafos do texto original:
3.2. As onomatopeias são palavras acusticamente formadas com o objectivo de imitar sons ou ruídos.
“Hoje regresso à casa, na urgência do senhorio que me dá três meses para a ‘desfazer’. Rasgo papéis de uma vida inteira, olho para fotografias a sépia, de gente de quem já nem recordo o nome, distribuo louças, quadros, jarras, sapatos, camisolas, casacos; há sempre um parente de um parente que me faz saber que isto ou aquilo ‘lhe faria imenso jeito’, ou um rosto que não reconheço mas que me bate à porta e me enche a cara de beijos, pedindo ‘apenas uma lembrança, eu era tão amiga dela!’ Só não consigo tocar nos armários dos lençóis. Recordo a Graciete, debruçada no bastidor, ganhando rugas na cara e
| Textos | 2 Compreender
[pág. 150]
1.2. A descrição é feita do geral para o particular, à medida que se vai percorrendo a casa – “uma grande casa” (l. 1); “uma sala grande” (l. 11) “muito fria e escura” (ll. 13-14); “o
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2.2.2. O narrador não segue o primeiro conselho pois não quer arriscar-se a que as personagens, ao serem atiradas pela janela, causem algum dano aos “utentes da via pública”; quanto ao segundo, não o segue por questões de humanidade: por mais insignificantes que sejam, as personagens “sempre são gente.”
Módulo 4 Textos narrativos/descritivos I
calos nos dedos à medida que o linho se enchia de flores, grinaldas, aves do paraíso – e receio que as visitas, esses seres misteriosos que povoaram a minha infância, não me perdoem por não ter sabido continuar a esperar por elas.”
| Textos | 3 Antes de ler
[pág. 153]
Funcionamento da língua
[pág. 156]
1. Podem ser apontadas, por exemplo, a imprudência, a temeridade, a desobediência, a ambição.
1.1. Acto ilocutório directivo (pretende conduzir o interlocutor à realização de uma acção).
2. 1.° anjo – “lhe faltava o essencial, a fé, além de uma educação um pouco mais esmerada” (ll. 16-17); 2.° anjo – “um sujeito mais cordato e delicado” (l. 19), “humilde, sem sombra de arrogância” (l. 27); 3.° anjo – “mais prático e destemido” (l. 33), “respeitoso e de poucas palavras” (l. 34), “o que lhe sobrava em disciplina, faltava-lhe em fé” (ll. 40-41); 4.° anjo – “um anjo alegre, até um pouco simplório (…) grande talento.” (ll. 46-48).
1.2. Por exemplo, “ordenou-lhe”, “exigiu-lhe”, “mandou”.
Compreender
[pág. 155]
1.1. b. 1.2. a. 2.1. Quando o primeiro anjo lhe desobedeceu, Deus “num rápido gesto de enfado, descriou-o”. Quando o segundo anjo se recusou a voar sem asas, o Criador apiedou-se dele e deixou-o ir.
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5.1. Uma interpretação possível: Cada um dos anjos dá-nos uma lição: com o primeiro e o segundo podemos aprender que a humildade e a capacidade de adaptação do discurso à situação de comunicação nos ajudam a conseguir os nossos objectivos; a lição do terceiro anjo parece ser a de que a obediência cega não é um bom princípio; com o quarto anjo, a grande lição parece ser que podemos conseguir mesmo aquilo que aparentemente é impossível. Para tal, é preciso acreditar.
2.2. A forma como Deus reage à recusa dos dois anjos está directamente relacionada com a forma como cada um deles a formula: enquanto que o segundo anjo se dirige a Deus respeitosamente, o primeiro anjo opta por escolhas linguísticas não adequadas ao tipo de relação entre os interlocutores (É o ‘a quem se vai dizer’ que condiciona o ‘o quê/como se vai dizer’). Assim, o segundo anjo, ao contrário do primeiro, respeita claramente um dos princípios pragmáticos que é determinante no desenrolar da interacção discursiva: o princípio de cortesia. 3. O sentido da metáfora é resumido na frase que se lhe segue: “Enfim, voava.”, ou seja, voava mal, mas voava. “Criar” significa “dar existência”; o prefixo des- exprime, entre outras, a ideia de acção contrária. O neologismo “descriou-o” significa, portanto, “tirar a existência”. 4.1. Provavelmente porque o segundo anjo se libertou da mão criadora e vive, sem obrigações, em comunhão com a natureza. Ao contrário, o quarto anjo transformou-se num ‘instrumento’ de Deus: “Diz-se que esse anjo sem asas se passeia entre os homens (…) incógnita.” (ll. 56-58).
1.3. O princípio de cortesia pode determinar, entre outros, uma certa suavidade da força ilocutória dos actos directivos. Assim, poderíamos ter, por exemplo: “Não te importas de tirar as asas e voar?” ou “E se agora tirasses as asas e experimentasses voar?” 2.1. Exemplos possíveis: porém/contudo; já que/porque; embora. 3.1. “Sem dúvida”, expressão que evidencia um grau máximo de certeza. 3.2. O segundo anjo era, talvez/provavelmente/quiçá, um sujeito mais cordato e delicado. Observação: O exercício 3. remete para o conceito de modalidade. 4.1. Coesão interfrásica (Após), anáfora pronominal (lhe/ /aquilo) e elipse (“[Deus] explicou-lhe…”) 5.1. Trata-se de um advérbio. 5.2. Desempenha a função sintáctica de modificador da frase. 6.1. Paronímia. 6.2. Homonímia. 6.3. Homofonia.
| Textos | 4 Antes de ler
[pág. 157]
Observação: Através da leitura deste mito tradicional chinês, sensibilizam-se os alunos para o conto sobre as origens, também chamado conto etiológico – relativo ao estudo sobre a origem das coisas ou das causas de certos factos, fenómenos – tão frequente nas culturas africana, asiática e ameríndia.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
No conto de Mia Couto, ‘explica-se’ a origem do cacimbo: “Sobre as primeiras folhas da madrugada, tombam gotas de cacimbo. São lagriminhas do pássaro que sonhou pousar na lua.” (ll. 45-46, pág. 158)
4.3.1. A origem do cacimbo (nevoeiro denso que se forma à noitinha em alguns pontos de África; chuva miudinha). 4.3.2. Ver Observação em Antes de ler.
Funcionamento da língua 1. luarejar (l. 6) e luarar-se (ll. 19-20): verbos formados a partir de lua (= transformar-se em lua) imensidava (l. 14): forma do verbo “imensidar” (= crescia, agigantava) insistonto (ll. 16-17): insistente + tonto menineira (l. 18): esta palavra existe como adjectivo, com o significado de “que tem aparência ou modos de menina(o); infantil; que é amigo de crianças”. No texto, Mia Couto utiliza menineira como nome (= criancice, infantilidade) desalisou (l. 29): des- + alisou. O prefixo des- exprime aqui a noção de reforço (como, por exemplo, em desgastar , desinquieto) estrelinhada (l. 43): = estrelada. ■
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1.1. e 1.2. “[A] Minha filha” (l. 1); “[no seu] em seu poleirinho” (l. 13); “[O] Seu sonho” (l. 14); “[Os] Seus colegas” (l. 17). “Me deu” (l. 10) [deu-me]; “Lhe inventei” [inventei-lhe] (l. 11); “Os outros lhe chamavam à térrea realidade” (l. 16) [chamavam-na]. 2.1.1. Recorrência: nominal com repetição do nome: avezita (l. 34) nominal, com substituição lexical – passarinho* (ll. 16, 19), ave* (ll. 25, 31), pássaro* (ll. 27, 30, 46), passarinho sonhador (ll. 43-44), avezinha enluarada (ll. 44-45) ■
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* Nota: as palavras assinaladas aparecem duas vezes – as duas primeiras – e três vezes – a terceira – pelo que, nesta perspectiva, falaremos também de repetição do nome.
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Compreender
[pág. 159]
1. Ver pergunta 1. de Antes de ler. 2.1. e 2.2.1. Neste conto aparece encaixada a história que o narrador conta à sua filha. O narrador é o mesmo. 3.1. A primeira parte do conto é uma espécie de introdução à história da avezita, permitindo compreender o contexto em que ela surge.
pronominal – lhe (l. 16), ele (ll. 19, 21, 22), ela (ll. 33, 35) Pode ainda referir-se a recorrência pela repetição do determinante possessivo: seu (ll. 13, 14, 24, 30, 34), seus (ll. 17, 23), sua (ll. 27, 31). 3.1. Deixis pessoal: Eu, tu, me Deixis espacial: aqui, vinhas (verbo de movimento) Deixis temporal: sonhei, vinhas, sonhaste, há (desinências verbais de tempo).
3.2. Rita tem dificuldade em adormecer porque é assaltada por medos.
| Textos | 5
3.3.1. É “ser lua”, “luarejar”.
Antes de ler
3.3.2. Rita ouve na rua relatos de crenças tradicionais que aumentam o seu fascínio em relação à lua.
1. 1. f.; 2. i.; 3. e.; 4. m.; 5. l.; 6. h.; 7. j.; 8. c.; 9. b.; 10. d.; 11. g.; 12. a.
3.4.1. O pai de Rita não consegue o seu intento de a adormecer contando histórias. A menina quer sempre mais.
2. Cf., entre outras, ll. 16, 35-39, 76-88, 89-91, 94-95…
3.4.2. “… para fazer pousar o sonho dela e desencorajar os seus infindáveis ‘e depois.’ ” (ll. 10-11).
Compreender
4.1. Situação inicial – ll. 13-15; parte preparatória – ll. 16-20; nó da intriga – ll. 21-42; desenlace – ll. 43-46. 4.2.1. De tanto sonhar, a avezita acabou por ver o seu sonho tornar-se realidade. O uso dos adjectivos “cativa” e “aprisionada” sugerem que, provavelmente, a avezita não estaria muito satisfeita com a situação (“Triste, ela chorou.” (l. 33)).
[pág. 165]
1. Américo Pedrinha é casado com D. Aida (l. 10) e tem dois filhos – “um rapaz solene (…) e uma rapariga (…)” (ll. 28-29). Era “um homem folgazão de barriguinha inchada” (l. 16), “calvo e baixote” (l. 35) e mostrava uma educação pouco esmerada (“soltava estrepitosas (…) digestões.” (ll. 35-37)). Tinha, com frequência, “indisposições” “negras, rosnadas, trovejantes” mas passageiras (ll. 98-100). Embora gostasse de apreciar as mulheres que via passar, não era dado a aventuras (ll. 80-88). Apesar dos pequenos desacordos típicos de qualquer família, Américo Pedrinha “era feliz e ninguém sustentava qualquer dúvida a respeito de tal felicidade.” (ll. 91-92).
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
3.4.3. Ainda não foi desta vez que conseguiu o seu intento já que, no final desta história, voltou a ouvir a pergunta de sempre.
[pág. 161]
Módulo 4 Textos narrativos/descritivos I
2.1. Os dois adolescentes não tinham orgulho na figura do pai (Cf. ll. 37-38). Provavelmente sentiam-se envergonhados com a forma como ele se comportava e daí o amor que sentiam em relação a ele ser “enervado e arisco”. 2.2. Os filhos fizeram constar que o pai “andava viajando pelo mar” (l. 39), chegando mesmo a forjar provas dessa viagem, talvez para não terem que passar por aquilo que sentiriam como sendo mais uma vergonha perante os amigos. 3.1. Por exemplo: o facto de D. Aida e os filhos fazerem contas à ‘herança’, pensando vender a “quintinha” que era a menina dos olhos do pai (Cf. “Deste sonho inteirinho se apoderara D. Aida (…) femininas.” (ll. 27-28) e “E até os filhos (…) projectavam na venda da quintinha todas as suas esperanças…” (ll. 28-31)). 3.2. Há alguma frieza na forma como esta questão é encarada: a filha tinge os vestidos de preto porque “a moda era o preto” (l. 51); a mãe, por sua vez, decidiu não pôr luto, depois de se aconselhar com “a velha Felisberta”, para não “parecer a Deus e às línguas deste mundo” que tinha “pressa de se encontrar viúva.” (ll. 57-58), mas também porque gostava de cores fortes (“adorava azul-turquesa” (l. 54)). 4.1. Por exemplo: “Nos seus tempos – (…) do bom vinho francês.” (ll. 15-26); “Na manhã desse dia (…) – comentaram os amigos.” (ll. 93-116)
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4.2. A analepse consiste no relato de acontecimentos anteriores ao presente da acção. Nos dois exemplos da alínea anterior, a primeira analepse dá-nos conta do ‘sonho’ de Américo Pedrinha e a segunda relata os últimos acontecimentos antes do seu desaparecimento. 5.1. D. Aida “ suspeitava (…) que o homem se deixara encantar por alguma mocinha” (ll. 68-69) como acontecia “em folhetins (…) e nas novelas da televisão.” (ll. 70-71). Os colegas de escritório imaginavam que ele poderia ter partido porque “as coisas no escritório não andavam famosas” (ll. 123-124). Arnaldinho, ao contar o enredo do filme em que “os índios sentem chegar a morte e se retiram, (…) seus cavalos.” (ll. 133-136) e os efeitos que essa história terá tido em Américo Pedrinha, sugere que ele terá feito algo de semelhante. 5.2. A suspeita de D. Aida é contrariada pelos testemunhos dos amigos de Américo Pedrinha que “juravam a pés juntos que não lhe conheciam aventuras.” (l. 80). 5.3. A versão de Arnaldinho não foi tida em consideração porque “ninguém sabia o que fazer com ela.”, talvez por ser considerada absurda, talvez por nem sequer ser bem compreendida ou por ter saído da boca de um homem estranho “que cultiva nespereiras na varanda” (ll. 128-129) e, por isso, não merecer credibilidade.
Funcionamento da língua
[pág. 167]
1.1. A expressão temporal “Antes de…” introduz um conjunto de verbos no pretérito imperfeito: “sentiam”, “era”, “soltava”, “arrotava”, “tinha”. Depois da conjunção subordinativa temporal “Quando…”, os verbos aparecem no pretérito perfeito: “desapareceu”, “começaram”. A expressão temporal “Ainda agora…” remete-nos para o presente pelo que os verbos se encontram no presente do indicativo: “forjam”, “mostram”, “falam”, “são”. 1.2. O advérbio “enfim” introduz uma conclusão e “enquanto” é um conector temporal (conjunção subordinativa temporal) que remete para acções simultâneas. 1.3. O pronome demonstrativo com valor anafórico “aquilo” remete para o desaparecimento de Américo Pedrinha. 2.1. Trata-se do discurso indirecto livre. 2.2. Por exemplo: – Pois é certo que as coisas no escritório não andam famosas – comentam os colegas. E acrescentam: – De um momento para o outro, isto pode fechar. Mas isso é mal geral pelo país fora. Olha agora se todos se lembrassem de dizer ‘Passem bem’ e de voltar as costas? Além do mais, cá vai correndo o tempo e o escritório ainda não fechou. 2.3. Discurso indirecto: “Américo Pedrinha disse-lhes que passassem bem, que ia morrer e que estava farto daquilo.”
| Textos | 6 Antes de ler
[pág. 168]
2. Ver resposta a 1. de Compreender.
Compreender
[págs. 173-174]
1. Situação inicial – “Viveu em tempos (…) contra os seus planos e expectativas.” (ll. 1-32). Apresentação de Tijoleiro, “homem moderno” e apreciador dos prazeres da vida. Parte preparatória – “Pouco tempo após (...) um bilhete de domingo.” (ll. 33-102). Tijoleiro visita o Museu Histórico e, ao almoço, toma uma pílula que havia roubado de uma das salas do Museu, dirigindo-se, de seguida, ao Jardim Zoológico. Nó da intriga – “Com um sorriso (...) miscelânea de todos os animais.” (ll. 103-150) – Desenrolam-se, a partir da linha 103, um conjunto de peripécias que vão levar ao desenlace, e desvenda-se o mistério da situação estranha que a personagem estava a viver (ll. 117-119). Desenlace – “Desesperado (…) para um manicómio.” (ll. 151-155). Tijoleiro parece enlouquecer e é levado para o manicómio.
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Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
2.2. “… e foi imenso o que nele se perdeu, porquanto teve um fim precoce e estranho, muito contra os seus planos e expectativas.” (ll. 30-32) Note-se que, no início da segunda parte, é apresentado mais um indício: “Talvez tenha sido este, precisamente, o seu mal, pois não é bom que o homem fique só.” (ll. 35-36) 3.1. Cf. ll. 41-45, 54-57, 62-63. 3.2. No Museu Histórico, Tijoleiro passeia por três salas que têm expostos objectos diversos, sendo a última dedicada às superstições na Idade Média. De seguida, a acção desenrola-se num restaurante e, finalmente, Tijoleiro entra no átrio do Jardim Zoológico. 3.3. Entre outros, a descrição do fato e da bengala de Tijoleiro (ll. 41-44) e dos objectos expostos nas diferentes salas (ll. 49-50, 59-60, 65-74, 81-86). 3.5. No museu, o momento em que Tijoleiro rouba a pílula (ll. 87-88) e no restaurante o momento em que decide tomá-la (ll. 97-98). 4.1. “Com um sorriso de boa disposição…” (l. 103); “Horrorizado num susto indescritível…” (l. 107); “… atónito e desorientado…” (l. 113); “… ficou aterrado até ao mais fundo do seu coração.” (l. 117); “Perturbado…” (l. 140); “… a sua angústia e o seu pavor…” (l. 142); “Mas ficou desiludido.” (l. 146). 4.2. ll. 117-119.
4.4.1. Tijoleiro procurava encontrar nos seus semelhantes algum sinal de compreensão da “sua angústia” e do “seu pavor”.
5.2. Ao arrancar do corpo as peças de vestuário e adereços, Tijoleiro tenta, desesperadamente, deixar de se parecer com os homens que os animais tinham acabado de desmascarar diante dos seus olhos e que se tinham transformado numa “desagradável sociedade de seres semelhantes a animais, degenerados, emproados, mentirosos…”. 6. As sequências desta narrativa são encadeadas, pois o tempo da acção desenrola-se de forma linear, de tal modo que o fim de uma sequência é o início da seguinte. 7. Esta personagem é dinâmica, modelada e principal. 8. Uma leitura possível: O julgamento que fazemos acerca dos outros e do mundo é apenas o ‘nosso’ olhar. Não deve, pois, ser considerado como único, nem anular outros pontos de vista. O conceito do que é ‘normal’ não pode nunca ser separado do contexto social e cultural.
Ficha formativa
[págs. 177-179]
I 1. Lena – caracterização física directa: “Vinha de sapatos pretos, meias pretas, bibe preto. E, sobre os cabelos claros, um grande laço preto. Toda ela vestia de luto carregado. Mas os seus movimentos eram leves e cheios de vivacidade. Passou, sentindo o prazer da corrida, airosa e veloz. O vento abriu-lhe o bibe e, por momentos, apareceu a descoberto o colo muito branco que formava com o rosto uma mancha alva no meio do luto.” (ll. 4-8); “– Parece uma andorinha (…)” (l. 9); “É bem bonita, a Lena...” (l. 38). Luciano – é caracterizado psicologicamente pelas suas atitudes e reacções, portanto, de forma indirecta. É orgulhoso, impulsivo, um pouco arrebatado. Gosta de Lena mas, como não gosta da família dela, usa esse facto como pretexto para dizer que também não gosta dela. No fundo, não tem coragem para assumir esse sentimento. Júlio – é também caracterizado sobretudo psicologicamente e indirectamente. Gosta de Lena, como ele próprio o confessa e como se vê através de muitas das suas atitudes, mas como está convencido de que ela gosta de Luciano, não declara esse sentimento a Lena. Nota-se, nele, alguma tristeza quando fala com Juliano pois gostaria de estar no seu lugar. 2. Júlio e Luciano são amigos, brincam juntos e estão ambos apaixonados por Lena.
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4.3.1., 4.3.2. e 4.3.3. O chimpanzé (ll. 104-109) – “grande”, “com voz grossa”, primeiro amável e, depois, um pouco atrevido, apelida Tijoleiro de “ orgulhoso ” e “ estúpido ”; os macacos Maqui (ll. 110-113), “despreocupados” e brincalhões, chamam-lhe “unhas-de-fome”; o alce (ll. 116-122), “belíssimo”, “majestoso”, com “dois grandes olhos castanhos ”, cujo “ olhar expressava nobreza, resignação e tristeza” manifestava, em relação a Tijoleiro, um “profundo desdém, um tremendo desprezo.”; o cabrito-montês, a camurça, o lama, o gnu, os javalis, os ursos (ll. 125-130) “todos o desconsideraram” e não compreendiam por que razão estavam eles presos enquanto que os homens, “bípedes horríveis, malcheirosos e indecorosos” e “emproados”, andavam em liberdade; o puma (ll. 132-133) digno e sábio; a pantera (ll. 133-135), aristocrática e comedida, achava os visitantes uma “gentalha”; o leão (l. 135), o falcão-das-torres (ll. 137-138), “sombrio e altivo”, “melancólico”; os gaios (ll. 138-139) suportando “a sua prisão com decoro” e “cheios de humor”.
5.1. Neste último parágrafo, Tijoleiro passa do desespero à vergonha de si próprio, está profundamente transtornado e desorientado.
Módulo 4 Textos narrativos/descritivos I
3. A acção passa-se num largo cujo chão, onde os rapazes jogam berlinde, é de “pó alvacento” (l. 12). Trata-se de um lugar sossegado, sem circulação de viaturas. 4.1. É através do primeiro diálogo – entre Luciano e Júlio – que ficamos a perceber as relações entre as três personagens: Embora o negue, Luciano gosta de Lena mas não da família dela; ■
Júlio gosta de Lena mas sabe que não tem qualquer hipótese de ser correspondido;
■
■
Lena gosta de Luciano.
O segundo diálogo é esclarecedor quanto à personalidade de Luciano (“... com um ar superior...” l. 54), que vai tendo para com Lena atitudes que contrariam aquilo que sente por ela. Em conclusão, o diálogo caracteriza indirectamente as personagens e contextualiza o narratário.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
5. A comparação utilizada por Júlio (l. 9) é extremamente expressiva e revela carinho e admiração por Lena.
6.1. O que Lena pretendia, correndo em círculos cada vez mais largos, era aproximar-se de Luciano. A forma como se refere ao carreiro de formigas (“exclamou ela, numa exagerada surpresa”) vem destacar esta vontade de chamar a atenção de Luciano que insistia em fingir que a ignorava. 7.1. Substituições possíveis: 1. a ocorrência: “ declarou ”, “comentou”…; 2.a ocorrência: “reagiu”, “protestou”, exclamou”… 8. Proposta de discurso indirecto: Júlio disse a Luciano que não o percebia. Acrescentou que ela [Lena] andava sempre à volta dele e que ele corria com ela e que, naquele momento, ela tinha passado sem o olhar e ele tinha ficado danado. Luciano cortou dizendo que tal não tinha acontecido/não era verdade. Júlio sorriu com tristeza e replicou que bem tinha visto que ele tinha ficado danado, acrescentando que, se fosse com ele, já ele a namoraria.
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Bloco informativo
| Ficha informativa | 4
[págs. 197-199]
1. c.
10. b. predicativo do complemento directo 11. a. 3; b. 1; c. 7; d. 5; e. 1; f. 8; g. 4; h. 2; i. 6; j. 9; l. 9; m. 5; n. 5
1.1. a. ele : pronome; b. Ontem: advérbio; d. meteorológico: adjectivo; e. Enquanto: conjunção; f. Bolas! : interjeição.
12.1. e. Existe na I e na II.
2. d. testemunha
13. a. Eles regressaram a casa.; b. Pus o despertador junto de mim.
3. d. vítima 4. a. sapientíssimo; b. fidelíssimo; c. dulcíssimo; d. amaríssimo; e. fragilíssimo. 5.1. a. por um verbo auxiliar aspectual + preposição “de” + verbo no infinitivo b. por um verbo auxiliar modal + preposição “de” + verbo no infinitivo c. um verbo copulativo 6. d. nascer comprar estar chover ■
■
■
7. a. arroz inteligente nadar até ■
■
■
8. b. conjunção subordinativa condicional 9. b. interjeição
14. a. O meu irmão mais novo adoeceu. ➜ modificador do nome restritivo b. É necessária uma revisão do contrato. ➜ complemento do nome c. A decisão do Governo foi bem recebida. ➜ complemento do nome d. Tito, o meu primo, chega hoje. ➜ modificador do nome apositivo e. O Rui, que vive no Porto, foi colocado em Beja. ➜ modificador do nome apositivo f. O jantar de aniversário foi muito participado. ➜ modificador do nome restritivo g. A condenação do réu era esperada. ➜ complemento do nome
10. e. quantificador determinante nome verbo adjectivo ■
■
■
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11. e. interjeição conjunção preposição ■
■
12. a. 5; b. 7; c. 6; d. 3; e. 6; f. 4; g. 1; h. 2; i. 1; j. 4; l. 7; m. 5
| Ficha informativa | 6
13. a. 2; b. 5; c. 4; d. 3; e. 1; f. 2 + 1; g. 2; h. 4; i. 1; j. 5; l. 2
1.1. c.
| Ficha informativa | 5
[págs. 204-207]
1. b. Chegaremos por volta das cinco da manhã. 2. a. Anoiteceu de repente.; e. Ali não há nada interessante. 3. a. Soa o canto do pintassilgo. ➜ sujeito simples
2. Exemplos: a. Eles trabalharam toda a noite, portanto devem estar cansados. ➜ orações coordenadas conclusivas b. Corri dois quilómetros, mas não estou cansado. ➜ orações coordenadas adversativas c. Ficas a estudar ou vens ao cinema? ➜ orações coordenadas disjuntivas d. Nunca me diverti tanto na minha vida nem andei tão descontraída. ➜ orações coordenadas copulativas
5. b. complemento directo
3. b.
6. d. predicativo do sujeito
4. Exemplos: a. Quando o Sol se põe (…) ➜ oração subordinada temporal b. (…) porque não esteve atento. ➜ oração subordinada causal c. (…) para que sejam feitas obras. ➜ oração subordinada final d. Porque se atrapalhou (…) ➜ oração subordinada causal e. (…) onde há silêncio. ➜ oração subordinada relativa sem antecedente f. (…) antes que os convidados tivessem chegado. ➜ oração subordinada temporal
7.1. b. modificador preposicional 7.2. c. um vocativo 8. d. complemento agente da passiva 9. a. A avenida foi ocupada pelos manifestantes. b. Uma mulher idosa era visitada pela Laura, todos os dias. c. Os bilhetes serão comprados pelo Pedro, na próxima semana. d. A representação do Auto da Barca do Inferno foi vista por todos os alunos.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
4. b. Sujeito simples, tendo por núcleo “letras”.
[págs. 213-217]
Bloco informativo
g. (…) embora houvesse barulho. ➜ oração subordinada concessiva h. (…) se tu não estiveres presente. ➜ oração subordinada condicional
d. Os automóveis que andam a gasóleo são mais económicos. e. O calçado que é fabricado em Portugal é exportado para vários países. f. As saias que têm pregas usam-se muito este ano.
5. Exemplos: a. Fiquei em casa nas férias para que o trabalho fosse concluído. b. O teu rosto está branco como a cal. c. Enquanto não me pedires desculpa, não te telefonarei. d. Ele nada disse embora vontade não lhe faltasse. e. Ele devolveu o aparelho porque estava avariado. f. Só te telefonarei se chegar cedo a casa. g. Ele falava tão baixinho que os alunos não o ouviam.
11. a. O resultado que obtiveste é fraco. b. Ele vive na casa onde tu moraste. c. Ele comprou tudo quanto havia na loja. d. O livro de que me falaste é interessantíssimo. e. Esta é a rapariga a quem o Rui se declarou. f. Ele acredita em tudo quanto lhe dizem. g. São uns indivíduos estranhos dos quais pouco se conhece.
6. Exemplos: a. Logo que começou o filme na televisão, todos se sentaram confortavelmente. b. Como o Sol brilhava intensamente, a rapariga vestiu uma roupa fresca. c. O Tomás teria desenhado a sua própria casa caso tivesse tirado o curso de Arquitectura. d. Ele sentou-se num lugar da primeira fila para ver tudo. e. A Maria cortou o cabelo à Rita como se fosse uma profissional. f. O Raul combinou uma saída com os amigos, embora saiba que a mãe não concorda. g. Aquela peça era tão monótona que muitos espectadores foram embora no intervalo.
12. De acordo com a frase a., apenas os alunos que tiveram boas notas vão à visita de estudo; já na frase b. afirma-se que todos os alunos vão à visita de estudo.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
7. a. (…) como se fosse um pequeno selvagem. ➜ oração subordinada comparativa b. Como lhe doíam as costas (…) ➜ oração subordinada causal c. (…) como se eu fosse transparente. ➜ oração subordinada comparativa 8. a. (…) que todos a respeitavam. ➜ oração subordinada consecutiva b. (…) que viesse cedo. ➜ oração subordinada completiva c. (…) que eu. ➜ oração subordinada comparativa d. (…) que ficaram exaustos. ➜ oração subordinada consecutiva 9.1. a. Ele conduz melhor que o pai. b. A Rita come mais fruta do que doces. c. Ela trata a criança com mais cuidado que a própria mãe. 10.1. a. Algumas pessoas envolvem-se em discussões que não servem para nada. b. Afasta-te das pessoas que são agressivas. c. Os indivíduos que são bondosos tornam a vida dos outros melhor.
11.1. a. orações subordinadas relativas restritivas
12.1. a. Os alunos vão à visita de estudo ➜ oração subordinante; que tiveram boas notas ➜ oração subordinada relativa restritiva b. Os alunos vão à visita de estudo ➜ oração subordinante; que tiveram boas notas ➜ oração subordinada relativa explicativa 13. a. 5; b. 4; c. 1; d. 3; e. 3; f. 2; g. 1; h. 2. 14. e 14.1. Exemplos: a. Quero que me apoies. ➜ complemento directo b. É importante que tu participes. ➜ sujeito c. Preocupa-os imenso que os filhos estudem. ➜ complemento directo d. Pediram-me que tivesse paciência. ➜ complemento directo e. É evidente que o Rui está interessado na Clara. ➜ sujeito f. Ele perguntou que horas eram. ➜ complemento directo 15. e 15.1. Exemplos: a. A Raquel disse que ia ao cinema. b. É já uma certeza que ele foi admitido. c. É uma pena que não venhas connosco. d. Eles lembram-se de que tu fazes anos hoje. e. Convém que te despaches. f. O jornalista perguntou se os impostos iam aumentar. g. A aluna pediu para sair da sala. 16. a. A Joana declarou sentir um grande cansaço. b. O réu afirmou estar inocente. c. Nós queremos falar com o teu pai. 17.1. Diz-se ➜ oração subordinante; que dizia ➜ oração subordinada completiva; como nunca ninguém disse ➜ oração subordinada comparativa.
29
30
Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
18. c. oração finita (III) e orações não finitas (I, II e IV)
13.1. situações extremas; que surgem como última hipótese.
19. Exemplos: a. Era necessário que acabássemos o trabalho. b. Mal chegue a casa, vou tomar um banho. c. Como se lembrou dos netos, a avó fez um bolo. d. Quando terminou o espectáculo, voltámos para casa. e. Porque estavam preocupadas com o encerramento da fábrica, algumas pessoas manifestaram-se.
13.2. composto morfossintáctico.
| Ficha informativa | 7
[págs. 219-220]
1. d. pernoitar [palavra formada por parassíntese] 2. a. derivação (por sufixação) 3. b. derivação (por prefixação)
13.3. situação-limite. 13.4. Nos compostos morfossintácticos, o valor semântico do nome da esquerda é modificado pelo valor semântico do nome da direita; a flexão em número apenas afecta o nome da esquerda.
| Ficha informativa | 8
[págs. 221-222]
1. c. zelo – cuidado 2. e. economizar – gastar 3. a. colher (nome) – colher (verbo) ➜ homógrafas b. peão – pião ➜ parónimas
4. d. psicólogo
c. rio (nome) – rio (verbo) ➜ homónimas
5. c. previsão (anterioridade)
d. cem – sem ➜ homófonas
6. b. transpor – sobrecarga
e. era – hera ➜ homófonas
7.1. hiper- e super- ➜ usa-se hífen antes de r e h; sobre➜ usa-se hífen antes de h; anti- ➜ usa-se hífen antes de h, i, r e s.
f. sesta – sexta ➜ parónimas
8. c. alcatifa 8.1. ouvir ➜ audiovisual; ar ➜ aeronave; longe ➜ televisão; luz ➜ fotografia; água ➜ hidrogénio 9. c. imigrante 10. a. derivação 11. a. correcção: sofás-camas
b. xenofobia ➜ aversão a pessoas estrangeiras; hidrofobia ➜ horror à água; homofobia ➜ ódio em relação aos homossexuais; agorafobia ➜ medo dos espaços abertos e dos sítios públicos. c. biblioteca ➜ lugar onde se guardam livros; discoteca ➜ colecção de discos; pinacoteca ➜ colecção de quadros; hemeroteca ➜ colecção de publicações periódicas. d. ortografia ➜ forma correcta de escrever as palavras; geografia ➜ descrição da Terra; caligrafia ➜ arte de escrever bem à mão; radiografia ➜ registo fotográfico obtido por meio de radiações. e. arqueologia ➜ estudo das civilizações antigas; filologia ➜ estudo dos textos escritos de uma língua; grafologia ➜ estudo sobre a escrita; teologia ➜ estudo de uma religião.
b. acidente (desastre) / incidente (acontecimento de importância menor) c. comprimento (extensão) / cumprimento (saudação) d. despensa (lugar onde se guarda algo) / dispensa (permissão para não cumprir algo) e. descrição (acto de descrever) / discrição (qualidade de quem é reservado) f. elegível (que pode ser eleito) / ilegível (que não se consegue ler) g. espiar (espreitar) / expiar (pagar por uma falta) h. estrato (camada) / extracto (que foi extraído; fragmento) 5. a. cela (quarto) / sela (verbo selar ; assento) b. apreçar (indagar o preço) / apressar (acelerar) c. concerto (espectáculo musical) / conserto (arranjo) d. coser (costurar) / cozer (cozinhar) e. houve (verbo haver) / ouve (verbo ouvir) f. cheque (forma de pagamento) / xeque (lance do jogo de xadrez) g. cinto (adereço de vestuário) / sinto (verbo sentir) h. cegar (ficar cego) / segar (ceifar) 6. a. (…) Alguns veículos (…). b. (…) o tratamento desta doença (…). c. O álcool e o tabaco são drogas/vícios a evitar.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
12. a. bibliofilia ➜ amor aos livros; lusofilia ➜ simpatia por Portugal ou pelos Portugueses; cinefilia ➜ paixão do cinema; zoofilia ➜ amizade aos animais.
4. a. ratificar (confirmar) / rectificar (corrigir)
31
Bloco informativo
4. e 4.1. a. roseira (todas as outras palavras pertencem ao campo lexical de árvore); b. cama (todas as outras palavras pertencem ao campo lexical de medicina); c. sorte (todas as outras palavras pertencem ao campo lexical de futebol);
d. (…) São estas as minhas flores preferidas. e. Uma mistura de sentimentos o invadiu (…). 7. a. estrela s.f. astro b. água s.f. líquido
5.1. Campo lexical de religião: igreja, padre, fiéis, deus, crença… Campo lexical de sintaxe: sujeito, predicado, grupo verbal, vocativo, subordinação…
c. ouro s.m. metal 8. a. castanheiro s.m. árvore (…) b. gruta s.f. cavidade (…)
6. a. escreve; b. guardei / coloquei / arrumei; c. pendura; d. acrescenta; e. pousaram; f. plantar; g. introduziu; h. depositar; i. instalar; j. definiu / determinou / indicou; l. atribuir.
c. cinema s.m. arte (…)
| Ficha informativa | 9
[págs. 223-224]
1. Polissemia é a propriedade de algumas palavras de apresentarem mais do que um significado. 2. geógrafo s.m. especialista em geografia; fonologia s.f. LINGUÍSTICA disciplina linguística que estuda e descreve os sons como unidades distintas (fonemas) e a sua função no sistema linguístico; poliedro s.m. sólido geométrico limitado por faces que são polígonos planos.
| Ficha informativa | 11
[págs. 227-228]
1.1. a. acrónimo, sigla, acrónimo, acrónimo, sigla b. uma onomatopeia c. interjeições 2. bem-bem-bem; bão-bão-bão.
(Grande Dicionário Língua Portuguesa, Porto Editora)
São vocábulos monossémicos.
| Ficha informativa | 13
3.1. De um artigo científico exige-se objectividade e rigor; de uma notícia espera-se a apresentação objectiva dos factos. 4.1. [fig.] = sentido figurado. 4.2. Sentido conotativo.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
5.1. Neste contexto, “queimar” significa “desperdiçar”, “deixar passar”, “desaproveitar”. 5.2. Exemplos: 1. Deixei queimar a sopa. [= torrar]; 2. Todas as noites, ele queima montes de dinheiro. [= gasta]; 3. Ele queimou-se com água a ferver. [= sofreu queimaduras, escaldou-se]; 4. Com o incêndio tudo ficou queimado. [= reduzido a cinza] 6. No anúncio, joga-se com dois dos significados de “estações”: os quatro períodos em que se divide o ano – as quatro estações do ano – e os locais de atendimento ao público dos CTT – as estações de correio. Estas últimas não são apenas quatro, mas mil.
| Ficha informativa | 10
[págs. 225-226]
1. a. contrato; b. escorreito; c. belíssimo 2. embelezar beleza belíssimo belamente Florbela / belas-artes / bel-prazer ■
■
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■
■
3. efeminado indefinido trovoada privilegiado desequilíbrio ■
■
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■
[págs. 233-234]
1.1. Na última fala do Pai Natal não foi respeitada a máxima da relevância, isto é, o enunciado por ele produzido não tem qualquer relação com a observação anteriormente feita pela criança e, portanto, não é pertinente. 1.2. A última fala do Pai Natal contribui para a intenção crítica do cartoon exactamente porque aquilo que aí é dito não tem qualquer relação com a observação feita pela criança. O Pai Natal tenta fugir à questão colocada pela criança pois tem consciência de que não consegue dar-lhe uma resposta satisfatória. 1.3. Por exemplo: “– Eu sou o Pai Natal, mas não faço milagres!” 2. a. Utilização de uma frase interrogativa em vez de uma frase imperativa, com o objectivo de atenuar uma ordem. b. A inserção da expressão Peço desculpa. c. O uso do modo condicional (Preferiria) em vez do presente (Prefiro). d. O emprego do verbo auxiliar modal poder atenua uma ordem: Vai ter comigo à escola. 3. Anúncio A.: nega um eventual acto ilocutório compromissivo (“Não prometa!”), produzindo um acto ilocutório directivo (“Faça.”) (pretende conduzir o interlocutor à realização de uma acção). Anúncio B.: acto ilocutório compromissivo (exprime um “compromisso” do locutor em relação à realização de uma acção futura).
32
Caderno do Professor | Resolução das actividades do manual
4.1. Este enunciado configura um acto ilocutório indirecto porque, tendo um valor imperativo, está formulado como se de uma pergunta se tratasse. Quando o locutor, tendo em conta a capacidade do seu interlocutor para interpretar o enunciado, utiliza uma expressão cujo sentido literal é diferente da intenção de comunicação, estamos em presença de um acto ilocutório indirecto. 4.2. Por exemplo: “Não vamos deixar que isto aconteça!” 5. Trata-se de um acto ilocutório compromissivo (… juro por minha honra…). 6.1. Por exemplo: a. “João, se eu estivesse no teu lugar, estudava para o teste de Português.” b. “Fico contente por estares a estudar para o teste de Português, João.” c. “Já começaste a estudar para o teste de Português, João?” d. “João, precisas de ajuda para estudares para o teste de Português?” 7.1. Por exemplo: a. Apaga a luz da sala! b. Não deixes tudo para a última hora! c. Pese-me esta fruta, por favor. d. Põe a mesa. As frases interrogativas passam a imperativas (a., c., d.) ou declarativas (e.).
| Ficha informativa | 15
[págs. 241-243]
1. A ordem é: 2, 1, 4, 3.
2.2. substituição lexical por hiperonímia e hiponímia: “Sem água, não haveria vida. Não haveria plantas, nem animais nem seres humanos para os observar. (…) Neles, muitos milhões de anos depois, reuniram-se as substâncias químicas que dariam origem à vida: o metano, o hidrogénio e o oxigénio.” – os três primeiros elementos sublinhados funcionam, aqui, como hipónimos do hiperónimo [formas de] vida e os três segundos como hipónimos do hiperónimo substâncias químicas. Substituição lexical por sinonímia: água, fluido, líquido...; Terra, planeta, globo terrestre.
2.4. mediante elipse ou supressão, por exemplo: “Sem água, não haveria vida. [Sem água] Não haveria plantas, nem animais, nem seres humanos para os observar.” 3. Proposta de solução: A palmeira mais conhecida possui folhas que se abrem exactamente no seu tronco, semelhantes aos dedos de uma mão aberta. Mas existem mais de mil espécies [...] e nem todas elas são árvores. Algumas […] são arbustos e outras […] são trepadeiras. A maioria delas cresce em climas quentes. As palmeiras são plantas úteis. Fabricam-se tapetes e cestos com as suas folhas. 4.1., 4.2. e 4.3. Conectores textuais
Hipótese de substituição
Valor
Sem dúvida
exprimir um facto dado como certo
Indubitavelmente
talvez
exprimir a dúvida
quiçá, possivelmente
mas
articular ideias de contraste, oposição
porém
A verdade é que
exprimir um facto dado como certo
Na realidade, Naturalmente que
Especialmente
exemplificar
Particularmente
provavelmente
exprimir a dúvida
porventura,
No entanto
articular ideias de contraste, oposição
Contudo
por exemplo
exemplificar
nomeadamente
a verdade é que
exprimir um facto dado como certo
de facto
Ou seja
esclarecer, explicar uma ideia
Isto é, Por outras palavras
E
adicionar e agrupar elementos e ideias
Além disso
No fundo
resumir, reafirmar
Em resumo
Mas
articular ideias de contraste, oposição,
Todavia
5.1. Por mais… que parece-me que muito menos Na minha opinião Bem sabemos que justamente Porém Depois, e finalmente inquestionavelmente, e sem margem para dúvidas Em suma Acredito que E, certamente ■
■
■
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■
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
2.1. repetição do nome, por ex.: água, magma, Terra, planeta – a este processo dá-se o nome de renominalização: processo que consiste na repetição do nome (continuidade temática) quando a referência se pode perder. Por exemplo, o nome Terra aparece no 2.° parágrafo e é repetido no 4.°.
2.3. através da substituição por pronomes, por exemplo: “Foi assim que começou o ciclo da água. Esta encheu as depressões que havia no globo terrestre e nasceram os oceanos. Neles, muitos milhões de anos depois...”
Bloco informativo
6. a. e b. Porque; visto que – anunciam uma ideia de causa. c. e d. Apesar de; embora – anunciam uma ideia de oposição. e. Se – indica uma hipótese. f. desde que – indica uma condição.
| Ficha informativa | 17
[págs. 246-248]
1.1.,1.2. e 1.3. Discurso directo: “Os meus pais tinham uma herdade em Angola, onde plantavam de tudo. Todos os filhos ajudavam muito, e eu, especificamente, conduzia um tractor com atrelado que transportava os caixotes de fruta. Foi aqui que começou a minha paixão pelo pesado”, recorda Maria Baptista. Hipótese de discurso indirecto: Maria Baptista recorda que os seus pais tinham uma herdade em Angola. Todos os filhos ajudavam muito, e ela, especificamente, conduzia um tractor com atrelado que transportava os caixotes de fruta. Foi ali que começou a sua paixão pelo pesado. Hipótese de substituição do verbo introdutor de relato de discurso: relembra Discurso directo: “Trabalhei em fábricas, fui costureira de peles, depois numa loja de roupas com a minha filha, fui doméstica... Mas sentia uma terrível frustração”, contounos.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
Hipótese de discurso indirecto: [Maria Baptista] contou-nos que tinha trabalhado em fábricas, que tinha sido costureira de peles, de seguida numa loja de roupas, com a sua filha, que tinha sido doméstica… mas que sentia uma terrível frustração.
CPPORT14CP-03
Hipótese de substituição do verbo introdutor de relato de discurso: desabafou Discurso directo: “Quando o último dos meus cinco filhos se tornou independente, resolvi concretizar o meu desejo. No dia em que a minha filha recebeu o seu ordenado, inscrevi-me numa escola de condução para tirar a carta de pesados e articulados. Tinha eu 50 anos”, lembra a camionista. Hipótese de discurso indirecto: A camionista lembra que quando o último dos seus cinco filhos se tornou independente, resolveu concretizar o seu desejo. No dia em que a sua filha recebeu o seu ordenado, inscreveu-se numa escola de condução para tirar a carta de pesados e articulados. Tinha ela 50 anos. Hipótese de substituição do verbo introdutor de relato de discurso: esclarece 2. Proposta de discurso directo: A mulher que me serve café todas as manhãs quando soube que eu era português disse-me: – Lisboa é linda. – Conhece Portugal? – perguntei-lhe. E ela disse-me: – Não. Vi um filme. Um filme de que não me lembro o nome. Passou na televisão. 3. No original, os verbos são os seguintes: disse, respondeu-lhe, espantou-se, filosofou, duvidou, concluiu. 4. Passagens em discurso indirecto livre: a. “(…) e passara menos mal, desde a Páscoa. A não ser a desavergonhada da garganta…” b. “(…) Não, Gracinha não sabia. Mas era natural, agora que tanto se demorava em Lisboa, pouco se aproveitava da Feitosa, tão linda quinta…”
33
Ficha de avaliação – Módulo
34
1
Lê atentamente o texto. De seguida, responde às questões formuladas.
O célebre caso da não-criação de porcos...
5
10
15
20
30
35
fotocopiável
António Alçada Baptista, A Cor dos Dias – Memórias e Peregrinações, Ed. Presença, 2003 (texto adaptado e com supressões)
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
25
(…) A economia (…) deixou de ter qualquer relação com a realidade para se passar por dentro da cabeça dos economistas que resolvem as grandes crises financeiras à mesa dos seus gabinetes. Julgo que não estou a exagerar se disser que a economia tende para ser uma realidade virtual. Como dizia o meu querido amigo Millôr Fernandes: “A economia compreende toda a actividade do mundo. Nenhuma actividade do mundo compreende a economia.” Já há para aí trinta anos que descobri uma carta que um senhor americano escreveu ao seu ministro da Agricultura, numa altura em que, perante uma superprodução de porcos, o governo resolveu limitar a sua produção, subsidiando os produtores que não os criassem. A carta é assim: “Excelentíssimo Senhor Ministro, O meu amigo Richard Hamilton recebeu este ano um cheque de 1000 dólares porque não criou porcos. Estimulado por este seu êxito decidimos iniciar na nossa propriedade o negócio da não-criação de porcos. O assunto parece-me cheio de interesse, diria mesmo apaixonante, além do muito que nos alegrará sabermos que deste modo estamos a contribuir para o bem-estar de várias pessoas que possamos utilizar nesta exploração e que por esta forma serão outros tantos empregados com ocupação, o que pode vir minorar um atroz problema social. Neste quadro de circunstâncias, pretendíamos, Senhor Ministro, que nos mandasse informar quais são as regiões mais apropriadas para a não-criação de porcos e qual a melhor raça de porcos para não criar. (…) O que se nos afigura mais difícil nesta exploração é fazer o inventário dos porcos que não criaremos. O meu amigo Richard é muito optimista quanto ao futuro da nossa exploração. Segundo afirma, vem criando porcos há muitos anos, o que lhe permitia em média retirar um lucro anual de 350 dólares e houve mesmo um ano particularmente rentável em que ganhou 400 dólares, enquanto, neste último ano, por não criar porcos ganhou 1000 dólares. (…) Se é possível receber 1000 dólares por não criar 500 porcos nós poderíamos receber o dobro por não criarmos 1000. Fazíamos tenção de começar modestamente pela não-criação de 2000 porcos que nos daria um lucro de 4000 dólares. Se os nossos planos forem cumpridos dentro das normas de uma sã administração e com uma produtividade sempre crescente esperamos muito brevemente atingir a não-criação de 40 000 porcos, o que nos daria um lucro de 80 000 dólares, podendo nessa altura considerar a empresa dimensionada de modo a constituir um factor de progresso e engrandecimento da nossa região. (…) Ficar-vos-emos extraordinariamente reconhecidos se nos responder o mais rapidamente possível porquanto julgamos que esta época do ano será a melhor para a não-criação de porcos e, por isso, gostaríamos de começar quanto antes. Queira V. Exa., Senhor Ministro, receber os protestos da minha maior consideração. (…)”
35
Ficha de avaliação – Módulo 1
I
75 pontos
1. Relê o primeiro parágrafo do texto. 1.1. Segundo o autor, a economia “tende para ser uma realidade virtual.” (ll. 3-4) porque…
10
a. passou a ser tratada apenas através das novas tecnologias. b. os economistas não têm contacto directo com a realidade. c. os economistas só se interessam por grandes crises financeiras. 2. Lê, agora, mais uma vez, a carta reproduzida por Alçada Baptista. 2.1. Explica qual é a sua função relativamente ao assunto do texto.
15
2.2. Aponta duas razões que, segundo o emissor da carta, terão estado na ori-
20
gem da decisão de iniciar a actividade de não-criação de porcos. 2.3. Indica a meta que a exploração terá de atingir para poder “constituir um fac-
10
tor de progresso e engrandecimento” (l. 32) da região. 2.4. Explica, sucintamente, em que reside o humor desta carta.
II
20
75 pontos
1. Reescreve a afirmação que se segue de modo a que passe a configurar um acto
10
ilocutório compromisso explícito:
“(…) estamos a contribuir para o bem-estar de várias pessoas (…)” (ll. 15-16) P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
2. Retoma as palavras de Millôr Fernandes
(ll. 4-6) substituindo
a forma verbal “com-
10
preende”, nas suas duas ocorrências, por um sinónimo adequado ao contexto. 3. Escreve duas frases, simples ou complexas, que permitam distinguir inequivoca-
15
mente a diferença de significado dos seguintes pares de vocábulos: a. “tenção” (l. 27) / tensão b. “cumpridos” (ll. 28-29) / compridos 4. Esta carta é dirigida ao ministro da Agricultura americano. 4.1. Faz o levantamento dos elementos que provam que se trata de uma carta formal.
10
4.2. Reescreve o último parágrafo do texto (antes da fórmula de despedida) ima-
15
ginando que o emissor se expressa no singular e que a relação entre o emisfotocopiável
sor e o destinatário da carta é de grande proximidade. 5. Faz a análise sintáctica da seguinte frase simples: “Nenhuma actividade do
mundo compreende a economia.”
(ll. 5-6)
15
36
Caderno do Professor | Fichas de avaliação
III
50 pontos
Selecciona uma das duas propostas, assinalando a respectiva alínea na tua folha de prova: A. Observa a imagem e redige um texto, de cento e cinquenta a cento e noventa palavras, em que, depois de descreveres o cartoon, analises a sua função crítica.
Luís Afonso, in Pública, 18-12-2005
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
B. Transforma a carta que integra a crónica de Alçada Baptista num requerimento. Não te esqueças de deixar bem claro o motivo que está na origem da tua petição e de obedecer às regras formais que um requerimento deve respeitar. Total 200 pontos
fotocopiável
Ficha de avaliação 1 – Módulo
2
Lê atentamente o poema. De seguida, responde às questões formuladas.
Como quando do mar tempestuoso Como quando do mar tempestuoso o marinheiro, lasso1 e trabalhado2, de um naufrágio cruel já salvo a nado, só o ouvir falar nele o faz medroso, 5
10
e jura que, em que veja bonançoso3 o violento mar e sossegado, não entra nele mais, mas vai, forçado pelo muito interesse cobiçoso4; assi, Senhora, eu, que da tormenta5 de vossa vista fujo, por salvar-me, jurando de não mais em outra ver-me: minh’alma, que de vós nunca se ausenta, dá-me por preço ver-vos, faz tornar-me donde fugi tão perto de perder-me. Luís de Camões, Lírica Completa, II, IN-CM
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
1. lasso: cansado. 2. trabalhado: maltratado. 3. bonançoso: calmo, sossegado. 4. cobiçoso: ambicioso. 5. tormenta: tempestade.
I
120 pontos
1. Este poema apresenta uma estrutura bipartida. 1.1. Delimita as duas partes lógicas que o compõem.
20
1.2. Explicita o valor contextual da locução subordinativa que marca essa divisão.
10
fotocopiável
2. Atenta nas duas primeiras estrofes. 2.1. Identifica o sentimento do marinheiro em relação ao mar.
10
2.2. Indica a decisão tomada pelo marinheiro expressa na segunda quadra.
10
2.3. Assinala a passagem em que se dá conta das razões do incumprimento da jura do marinheiro.
10
37
38
Caderno do Professor | Fichas de avaliação
3. Relê, agora, os dois tercetos. 3.1. Identifica o recurso através do qual se identifica o interlocutor do sujeito lírico.
10
3.2. O excerto “(…) da tormenta / de vossa vista fujo, por salvar-me,” (vv. 9-10), significa:
10
a. “ausento-me da vossa presença a fim de me salvar”; b. “fujo da tormenta para me aconchegar sob o vosso olhar”; c. “ausento-me da tormenta porque o vosso olhar me salva”. 3.3. Explica, por palavras tuas, o sentido do verso 11.
10
4. Num breve resumo do assunto do poema, faz corresponder os elementos da primeira parte da comparação aos da segunda.
20
5. Analisa o poema sob o ponto de vista formal (esquema estrófico, métrica e rima).
10
II
80 pontos
Selecciona uma das duas propostas, assinalando a respectiva alínea na tua folha de prova: A. Recordando que “a autobiografia é um género narrativo em prosa em que o autor real, que é simultaneamente o narrador e a personagem principal, relata retrospectivamente a sua vida”, elabora, num texto com cerca de cento e vinte palavras, devidamente estruturado, a tua autobiografia (real ou imaginada).
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
B. Pensa na tua vida durante alguns momentos e selecciona um episódio muito bom ou muito mau. Depois, em forma de diário, relata esse episódio num texto que tenha entre cem e cento e vinte palavras. Não te esqueças que deves usar o discurso na 1.a pessoa e prestar especial atenção aos tempos verbais usados e à articulação lógica das diferentes ideias.
Total 200 pontos
fotocopiável
Ficha de avaliação 2 – Módulo
Lê atentamente o poema. De seguida, responde às questões formuladas.
Não passarão
5
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
10
Não desesperes, Mãe! O último triunfo é interdito Aos heróis que o não são. Lembra-te do teu grito: Não passarão! Não passarão! Só mesmo se parasse o coração Que te bate no peito. Só mesmo se pudesse haver sentido Entre o sangue vertido E o sonho desfeito.
15
Só mesmo se a raiz bebesse em lodo De traição e de crime. Só mesmo se não fosse o mundo todo Que na tua tragédia se redime.
20
Não passarão! Arde a seara, mas dum simples grão Nasce o trigal de novo. Morrem filhos e filhas da nação, Não morre um povo!
25
Não passarão! Seja qual for a fúria da agressão, As forças que te querem jugular1 Não poderão passar Sobre a dor infinita desse não Que a terra inteira ouviu E repetiu: Não passarão! Miguel Torga, Poesia Completa, Publ. Dom Quixote
fotocopiável
1. jugular: extinguir, degolar, decapitar, matar.
2
39
40
Caderno do Professor | Fichas de avaliação
I
140 pontos
1. Atenta no título do poema. 1.1. Antecipa o seu sentido, considerando, nomeadamente, o valor do advérbio de negação e do tempo verbal utilizado e a indeterminação do sujeito da frase.
15
2. A primeira estrofe esclarece o título do poema. 2.1. Comprova a veracidade da afirmação de 2.
15
2.2. Interpreta o uso da maiúscula utilizada na apóstrofe “Mãe!”.
10
2.3. Clarifica o valor do modo verbal utilizado nos versos 1 e 4.
15
3. Relê, agora, as estrofes dois e três. 3.1. Identifica a anáfora literária aí presente.
10
3.2. Encontra a forma verbal que está subentendida nessa anáfora.
10
3.3. Substitui a repetição anafórica por uma conjunção ou locução conjuntiva condicional que não altere o sentido dos versos onde aquela aparece.
10
3.4. Explica o predomínio do modo conjuntivo nestas duas estrofes.
15
4. Relê a quarta estrofe. 4.1. Indica os dois nomes que aí retomam a apóstrofe “Mãe!” do primeiro verso do poema.
10
4.2. Explicita o sentido da metáfora presente nos versos 17 e 18.
10
5. A última estrofe é uma espécie de síntese de tudo quanto atrás foi dito.
6. Comenta a importância da repetição do verso “Não passarão!” e do recurso ao encavalgamento na construção do ritmo do poema.
II
10
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
5.1. Explica, por palavras tuas, o sentido desses versos.
10
60 pontos
Um diário é um texto narrativo orientado, tal como o texto lírico, para a expressão do eu, que se caracteriza, entre outros aspectos, pelo uso do discurso na 1.a pessoa. Num texto que tenha entre cento e vinte e cento e quarenta palavras, faz o registo em forma de diário de acontecimentos que tenhas testemunhado ou de que tenhas sido personagem, num dos dias da passada semana. Total 200 pontos fotocopiável
Ficha de avaliação – Módulo
3
Lê atentamente o texto. De seguida, responde às questões formuladas.
O passeio da fama
5
10
15
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
20
25
30
fotocopiável
35
Há vinte anos, os jogadores de futebol eram seres já idolatrados mas socialmente desconsiderados. (…) A imagem dos futebolistas era a de uns tipos transpirados, analfabetos, vindos quase sempre das classes mais baixas, e que apenas se distinguiam por saberem dar uns pontapés na bola. Como a sua função era jogar com os pés, os futebolistas não tinham obviamente de ser bonitos. (…) Hoje, para um jogador ser famoso, já não basta jogar bem à bola. O que importa, num jogador, já não é só a sua capacidade futebolística – mas aquilo que se pode designar por “potencial mediático”. A imagem dos grandes jogadores é vendida diariamente em todo o mundo nas páginas dos jornais e revistas, nos ecrãs das televisões, na Internet, em vídeos, “posters”, cromos, etc. Ora essas imagens terão tanto mais sucesso quanto melhor for o aspecto dos futebolistas. (…) Desde que os clubes se transformaram abertamente em empresas, os futebolistas deixaram de ser apenas futebolistas. São “activos”. E os activos serão tanto mais rentáveis quanto, a par do seu rendimento em campo, puderem render fora do campo. Quanto mais mediático for um jogador, maior será o número de camisolas vendidas com o seu nome (e o negócio das camisolas é hoje um importante negócio), o número de contratos publicitários que assina, o número de vezes que aparece em acontecimentos não desportivos. E tudo isso reverte, também, a favor do clube – dos seus cofres e do seu prestígio. (…) Beckham ou Figo até podem estar a jogar mal – mas, continuando as suas imagens a vender-se (ou as imagens dos respectivos casais, bonitos e felizes), eles continuam a ser excelentes negócios. E, com todas estas mudanças, o lugar dos futebolistas na sociedade também mudou. A ideia dos jogadores como homens rudes e analfabetos passou – e as portas das festas de sociedade e das revistas de sociedade abriram-se-lhes. (…) Claro que isto também é um sinal de que, de há vinte anos para cá, a sociedade mudou muito. O vazio de valores das sociedades ocidentais conduziu a uma preocupação obsessiva com a fama, o dinheiro e a imagem. Procuram-se desesperadamente pessoas bonitas e famosas e os futebolistas não poderiam escapar à voragem. Foram reciclados, melhorados, produzidos. A transformação de homens suados e feios em modelos perfumados e atraentes é a mesma que tende a substituir o mundo real por um mundo de ilusão. Que acaba por ser, também, de cruéis desilusões. José António Saraiva, in Expresso, 13-09-2003 (texto adaptado e com supressões)
41
42
Caderno do Professor | Fichas de avaliação
I
80 pontos
1. Identifica o facto da actualidade que esteve na origem desta crónica.
15
2. Diz se as afirmações que se seguem são verdadeiras (V) ou falsas (F), tendo em
20
conta o texto: a. Há duas décadas, os jogadores de futebol eram já considerados ídolos e ocupavam um lugar de relevo na sociedade. b. O “potencial mediático” é a capacidade que um jogador tem de exercer bem a sua profissão. c. As transformações que os futebolistas sofreram nas últimas décadas relacionam-se directamente com as alterações operadas nos clubes. d. A crescente valorização social da beleza e da fama é directamente proporcional ao aumento do vazio de valores da sociedade actual. 3. O texto pode ser dividido em três partes lógicas. 3.1. Delimita-as.
15
3.2. Redige, para cada uma delas, uma frase complexa que dê conta da ideia-chave
30
aí desenvolvida.
II
20
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
1. Relaciona os tempos verbais predominantes nos dois primeiros parágrafos com a
70 pontos
expressão temporal que os introduz. 2. Identifica, no texto, os antecedentes dos vocábulos sublinhados no excerto que
15
se segue:
“E tudo isso reverte, também, a favor do clube – dos seus cofres e do seu prestígio.” (l. 21) 3. Noutros tempos, os jogadores de futebol eram idolatrados. 3.1. Identifica as funções sintácticas dos constituintes desta frase simples.
15
4. Considera as duas frases simples:
Os clubes transformaram-se em empresas. Os jogadores passaram a “activos”. 4.1. Transforma-as numa frase complexa, recorrendo a:
b. uma conjunção subordinativa temporal.
fotocopiável
a. uma conjunção subordinativa causal;
20
43
Ficha de avaliação – Módulo 3
III
50 pontos
Resume o texto informativo a seguir transcrito, constituído por duzentas e quinze palavras, num texto de noventa e cinco a cento e dez palavras.
Futebol
5
10
15
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
20
Modalidade desportiva que teve a sua origem em Inglaterra, por volta de 1840, onde era jogado por rapazes estudantes, embora se possam identificar jogos mais antigos, noutros países, com características comuns. A uniformização das suas regras passou, numa primeira fase, pela Universidade de Cambridge, em 1843, e vinte anos depois pela fundação da Associação Inglesa de Futebol, que estabeleceria as regras que hoje conhecemos. (…) O jogo propagou-se a outros países, que também passaram a organizar campeonatos. Em 1904, surgiu a Federação Internacional de Futebol (FIFA), que viria a uniformizar as regras do jogo a nível internacional. (…) A partir de 1930, a FIFA tornou-se a entidade responsável pela realização dos Campeonatos do Mundo de futebol, que se realizam de quatro em quatro anos. (…) Nos nossos dias, o futebol é um desporto fortemente mediatizado e massificado. Aos campos de futebol acorrem milhares de adeptos, que apoiam as respectivas equipas. Em termos económicos, cada jogador ou treinador pode valer milhões. (…) O futebol ultrapassou rapidamente o âmbito do terreno de jogo para ser dirigido por conhecidos empresários ou políticos. As equipas mais importantes são geridas à imagem e semelhança das grandes empresas. Por outro lado, como desporto de multidões que é, o futebol marca presença no imaginário colectivo contemporâneo, sendo um elemento cultural e social a que os estudiosos têm dedicado merecida atenção. futebol, in Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2006. [Consult. 2006-08-18] Disponível na www: . (texto adaptado e com supressões)
Total
fotocopiável
200 pontos
Ficha de avaliação – Módulo
44
4
Lê atentamente o texto. De seguida, responde às questões formuladas.
A bolsa ou a vida
5
10
15
20
30
35
Faíza Hayat, O Evangelho Segundo a Serpente, Publ. Dom Quixote, 2006 (excerto)
fotocopiável
40
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
25
Sofia e Alexandra, gémeas idênticas, são filhas do primeiro casamento da minha mãe. Sofia é mais velha – nasceu cinco minutos antes de Alexandra, e foi sempre muito forte e determinada, uma espécie de segunda mãe para a mais nova. Esta semana, Sofia foi assaltada no Rio de Janeiro. Ou melhor, não chegou a ser assaltada. Sofia tem andado muito deprimida. O namorado pediu-lhe um tempo para pensar. Conhecem a frase, não?! Claro que conhecem. Quando um homem nos pede um tempo para pensar é porque, primeiro, não tem muita imaginação, e depois já pensou em tudo. Só existe uma maneira de enfrentar este terrível lugar-comum sem perder a dignidade: faça das tripas coração, sorria, e diga-lhe que não precisa de pensar mais; confesse, a meia voz, que está apaixonada por outro. Refreie a vontade de o esbofetear e despeça-se dele com um beijo na face. A seguir vá para casa, feche-se no quarto e chore à vontade. Foi o que a minha irmã fez. Chorou muito. Comprou uma mini-saia azul, Gianni Versace, com a certeza de que jamais a vestiria. Cortou o cabelo. Comeu uma caixa inteira de chocolates. Na manhã seguinte, porém, acordou ansiosa, com palpitações, uma sensação de desastre iminente, e compreendeu que teria de tomar medidas radicais. Pediu duas semanas de férias e comprou um bilhete para o Rio de Janeiro. Não conhecia ninguém no Brasil. Nunca tinha estado lá. Pareceu-lhe a escolha acertada. Hospedou-se no Copacabana Palace e logo nessa noite vestiu a mini-saia azul, do Gianni Versace, e atravessou a avenida com a intenção de se sentar um pouco na areia, a contemplar o mar. Sentou-se, afundou os olhos nas águas escuras, e nesse instante um jovem alto, moreno, com um brinco no nariz, encostou-lhe uma faca à garganta: “A bolsa”, sussurrou: “A bolsa ou a vida.” O texto gasto, a falta de imaginação, fez com que a minha pobre irmã se lembrasse do namorado e então, coitada!, rebentou ali mesmo num choro incontrolável. Foi isso que a salvou. O assaltante, aflito, enfiou a faca num dos bolsos da bermuda e tentou consolá-la: “Não chore mais, moça. Mulher triste eu não assalto, dá até azar. É como matar passarinho.” Convidou-a a tomar um chope. Sofia achou que era demais – a cerveja. Mas aceitou um cafezinho numa esplanada a dois passos dali, bem iluminada, e quando deu por isso estava a contar ao rapaz toda a sua tragédia íntima. Ele ouviu-a com atenção. Sabia ouvir, o que é raro nos homens, e, mais raro ainda, sabia dar conselhos, sem parecer nem um velho professor entediado nem um sedutor de telenovela. Além disso, tinha um extraordinário sentido de humor. Fez com que ela se risse. Mostrou-lhe o seu próprio mundo – que era um inferno – como se fosse um grande circo, cheio de feras e de monstros, mas também de palhaços e de bailarinas. Finalmente escoltou-a até ao hotel, sempre muito solícito, muito respeitador, recomendando-lhe mais cuidado quando, no futuro, decidisse passear à noite pelas ruas de Copacabana. Ao regressar a Lisboa, Sofia encontrou o namorado, no aeroporto, com um enorme ramo de flores. A minha irmã agradeceu as flores e pediu um tempo para pensar. Telefonei-lhe há pouco para lhe perguntar se não tinha ficado com o telefone do assaltante. Só eu sei a falta que em certos dias, como hoje, por exemplo, me faz um assaltante assim.
45
Ficha de avaliação – Módulo 4
I
80 pontos
1. Atenta nos seis primeiros períodos. (“Sofia e Alexandra (…) para pensar.” (ll. 1-5)). 1.1. Explica a funcionalidade deste excerto em relação à história que é contada.
15
2. Justifica o recurso sistemático ao modo conjuntivo com valor imperativo na passagem que vai desde “Conhecem a frase, não?!” (l. 5) até “(…) e chore à vontade.” (l. 11).
15
3. Considera, agora, o excerto que vai da linha 11 (“Foi o que a minha irmã fez.”) até à linha 36 (“(…) pelas ruas de Copacabana.”). 3.1. Esclarece por que razão o Brasil pareceu a Sofia a “escolha acertada.” (l. 17).
10
3.2. Explica o que é que, no momento do assalto, lhe fez lembrar o namorado.
10
3.3. Enumera as características que Sofia encontrou no assaltante que o distinguiam dos outros homens.
10
4. Comenta a atitude de Sofia em relação ao namorado que a foi esperar ao aeroporto.
10
5. Propõe um outro título para o texto que, sendo embora apelativo, não desvende ao leitor a história que vai ser contada.
10
II 1. Na terceira linha do texto, o narrador utiliza a expressão “Ou melhor” para:
70 pontos 10
a. reformular o seu discurso. b. exprimir a confirmação da ideia expressa anteriormente. 2. O complexo verbal “tem andado” (l. 4) expressa:
10
a. a pontualidade da acção narrada.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
b. uma situação que se repete regularmente durante um determinado período de tempo. 3. O conector “porém” (l. 13):
10
a. introduz uma conclusão em relação à ideia principal. b. articula ideias opostas. 4. Indica o antecedente do termo anafórico “lá” (l. 16).
10
5. Transforma as três frases simples seguintes numa frase complexa, recorrendo a conectores que respeitem o sentido das frases no contexto: “Não conhecia ninguém no Brasil. Nunca tinha estado lá. Pareceu-lhe a escolha acertada.” (ll. 16-17).
15
6. Passa para o discurso indirecto a fala do assaltante (ll. 25-26).
15
fotocopiável
III Imagina uma pequena história que surpreenda o leitor pelo insólito dos acontecimentos relatados. O teu texto, que deverá ter entre cento e cinquenta e duzentas palavras, deve ser narrativo, com recurso à descrição e ao diálogo, e os verbos devem estar predominantemente no pretérito perfeito e no pretérito imperfeito.
50 pontos
Total 200 pontos
46
Soluções das fichas de avaliação
Ficha de avaliação – Módulo
1
I
5. Sujeito – Nenhuma actividade do mundo; predicado – compreende a economia; complemento directo – a economia; complemento do nome – do mundo.
1.1. Resposta b. 2.1. A carta apresentada vem ilustrar a opinião do autor acerca do desfasamento entre a economia e a realidade, através do relato de um caso extremo e absurdo. 2.2. Segundo o emissor da carta, a decisão de iniciar a actividade de não-criação de porcos nasceu da constatação do êxito de um amigo nessa actividade e, em simultâneo, do desejo de contribuir para o desenvolvimento da região através da criação de postos de trabalho, ajudando, desta forma, a combater o desemprego (Cf. ll. 12-20). 2.3. Para conseguir alcançar este desiderato a exploração terá de “atingir a não-criação de 40 000 porcos, o que (…) daria um lucro de 80 000 dólares” (ll. 30-31). 2.4. O humor desta carta reside no carácter surreal de toda a proposta que é feita pelo remetente que, partindo de uma situação económica real – o facto de o governo ter resolvido limitar a produção de porcos, subsidiando os produtores que não os criassem –, decide levá-la aos limites do absurdo.
II 1. Por exemplo: “Garantimos/prometemos que…”.
III A. Uma proposta: No cartoon podemos ver duas personagens: uma representando a cultura ocidental, com ar saudável, vestida, calçada e usando gravata; outra representando a cultura africana, vestida apenas com uma tanga e extremamente magra. Num ambiente de deserto, a primeira mostra, com ar satisfeito, um computador portátil à segunda que o olha com um ar que transmite um misto de espanto e de desconfiança. A personagem ocidental expõe à outra a importância do acesso à Internet pelos países pobres. A função crítica deste cartoon reside na ideia da contradição presente entre ‘as boas intenções’ e o valor real que estas podem ter em determinados contextos. Repare-se nas palavras da personagem ocidental que tenta mostrar à outra como vai ser importante ser capaz de passar a conhecer, através da Internet, coisas que ela nem fazia ideia que existiam e da crítica que é feita a estas palavras através das imagens que aparecem no monitor do computador – pão e bife. Há uma crítica evidente do cartoonista ao facto de, muitas vezes, na ajuda que se presta a povos mais necessitados, não haver o discernimento de começar pelas necessidades básicas. [185 palavras]
2. Hipóteses possíveis: A economia contém/abrange/inclui toda a actividade do mundo. Nenhuma actividade do mundo entende/percebe a economia. 3. Hipóteses possíveis:
b. Os estatutos da organização não estão a ser cumpridos./ No Verão os dias são mais compridos do que no Inverno. 4.1. A formalidade da carta é evidente, sobretudo nas formas de tratamento honorífico utilizadas quer na fórmula de interpelação (“Excelentíssimo Senhor Ministro,”) e na fórmula de despedida (“Queira V. Exa., Senhor Ministro, receber os protestos da minha maior consideração.”), quer no corpo da carta (Senhor Ministro). 4.2. Proposta: “Ficar-te-ei extraordinariamente reconhecido se me responderes o mais rapidamente possível porquanto julgo que esta época do ano será a melhor para a não-criação de porcos e, por isso, gostaria de começar quanto antes.”
REQUERIMENTO Exmo. Sr. Ministro da Agricultura Eu, abaixo-assinado, John Do, morador no Texas, em representação de um grupo de agricultores que pretende implementar o negócio de não-criação de porcos e, desta forma, contribuir para o progresso e engrandecimento do nosso país, venho requerer a V.a Ex.a que se digne informar quais são as regiões mais apropriadas para a não-criação de porcos e qual a melhor raça para não criar. Pede deferimento. Local e data Assinatura do Requerente
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
a. Faço tenção de ir ao cinema logo./A tensão entre ambos era de cortar à faca. ou A minha tensão arterial está um pouco alta., etc.
B. Uma proposta:
47
Soluções das fichas de avaliação
Ficha de avaliação 1 – Módulo
2
I 1.1. A primeira parte é constituída pelas quadras e a segunda pelos tercetos. 1.2. A locução subordinativa “Como (v. 1) … assi (v. 9)” estabelece uma comparação. 2.1. Na primeira quadra, o marinheiro manifesta medo em relação ao mar (Cf. v. 4). 2.2. Na segunda quadra dá-se conta de que o marinheiro “jura” não voltar ao mar nem mesmo quando este estiver calmo (Cf. vv. 5-7). 2.3. Trata-se dos versos 7 e 8: “(…) mas vai, forçado/pelo muito interesse cobiçoso”. Através da conjunção coordenativa adversativa “mas”, evidencia-se que a ambição é mais forte do que o medo do marinheiro, pois obriga-o a voltar ao mar. 3.1. O interlocutor do sujeito lírico é identificado através de uma apóstrofe: “Senhora,” (v. 9). 3.2. a. “ausento-me da vossa presença a fim de me salvar”. 3.3. No verso 11, o sujeito poético afirma ter-se comprometido a não repetir os erros do passado, isto é, a fugir da sua amada para não voltar a perder-se.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
4. Ao marinheiro do primeiro termo de comparação corresponde o eu lírico; no segundo, a vista da amada é comparada à tempestade. Uma vez que a sua contemplação (da tempestade/da amada) provoca medo, a fuga é a única salvação. Ambos (marinheiro e eu lírico) prometem não voltar a cair noutra, não resistindo, porém, e repetindo o mesmo erro. 5. O poema é um soneto e, portanto, é constituído por duas quadras e dois tercetos. Quanto à métrica, a medida do verso é o decassílabo. O esquema rimático é abba abba cde cde, isto é, a rima é emparelhada e interpolada nas quadras e interpolada nos tercetos.
Ficha de avaliação 2 – Módulo
“Mãe”) e, por outro, explicita o sujeito que, no título, aparecia indeterminado: os “heróis que o não são.” 2.2. O uso da maiúscula na apóstrofe “Mãe!” remete para o uso metafórico deste nome. Mãe será sinónimo de pátria, nação. 2.3. O modo conjuntivo com valor imperativo (“Não desesperes” (v. 1)) e o modo imperativo (“Lembra-te” (v. 4)) são utilizados ao serviço do grito de incitamento dirigido à “Mãe” (v. 1). 3.1. A anáfora consiste na repetição da locução “Só mesmo se” no início dos versos 7, 9, 12 e 14. 3.2. “Só [passariam] mesmo se” 3.3. Hipóteses possíveis: a não ser que/a menos que/salvo se. 3.4. O modo conjuntivo é exigido pela locução conjuntiva condicional e coloca uma hipótese que se torna longínqua por aparecer aliada à locução “Só mesmo se”. 4.1. Trata-se dos nomes “nação” e “povo”. 4.2. É possível estabelecer uma correspondência directa entre os versos 17/18 e os versos 19/20: a “seara” que “arde” é a “nação” cujos filhos “morrem”; a capacidade regeneradora “dum simples grão” a partir do qual “Nasce o trigal de novo.” Esta metáfora remete-nos directamente para a força de um “povo” que resiste e se levanta sempre face ao poder avassalador daqueles que o querem “jugular” (v. 23). O valor desta metáfora sai ainda reforçado pela presença do articulador adversativo “mas” (v. 17) e pela antítese (“Arde (…) / Nasce (…) / Morrem / Não morre” (vv. 17, 18, 19, 20)). 5.1. Na última estrofe, o sujeito poético deixa claro que, independentemente da “fúria da agressão” (v. 22), “As forças que (…) querem jugular” (v. 23) o povo não conseguirão o seu objectivo já que “a terra inteira” assumiu como seu o grito “Não passarão!” 6. O ritmo do poema alterna entre as pausas marcadas pela repetição da expressão “Não passarão!”, que funciona como uma espécie de refrão, e um ritmo mais rápido conferido pelos sucessivos encavalgamentos, que criam um efeito de coesão entre os versos.
2
I 1.1. O título configura uma espécie de grito de resistência face a um sujeito plural mas indeterminado. O uso do futuro do indicativo transmite-nos a certeza do sujeito poético relativamente à realização da acção expressa pelo verbo que é negada pelo advérbio “não”. 2.1. A primeira estrofe esclarece o título do poema já que, por um lado, identifica o emissor do grito “Não passarão!” (a
Ficha de avaliação – Módulo
3
I 1. O facto da actualidade que esteve na origem desta crónica é a transformação dos jogadores de futebol em estrelas mediáticas. 2. a. F; b. F; c. V; d. V.
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Caderno do Professor | Soluções das fichas de avaliação
3.1. A primeira parte é constituída pelos dois primeiros parágrafos; a segunda vai desde “Hoje…” (l. 7) até “… abriram-se-lhes.” (l. 27); a terceira compreende os cinco últimos parágrafos. 3.2. Primeira parte – Há vinte anos, embora fossem já idolatrados, os futebolistas não tinham de ter grande preocupação com a imagem. Segunda parte – Actualmente, o “potencial mediático” dos jogadores é fundamental para os seus clubes que se transformaram em verdadeiras empresas. Terceira parte – A transformação dos jogadores em estrelas mediáticas tem a ver com o vazio de valores da sociedade ocidental na qual a preocupação com a fama e o dinheiro veio criar um mundo irreal.
II 1. A primeira parte do texto é introduzida pela expressão temporal “Há vinte anos” e, portanto, o tempo verbal predominante é o pretérito imperfeito do indicativo já que a referida expressão implica um relato em que se dá conta do aspecto durativo da acção. 2. “tudo isso” reporta-se aos factos narrados no parágrafo anterior; o antecedente de “seus” e “seu” é “clube”. 3.1. Modificador do grupo verbal – Noutros tempos; sujeito – os jogadores de futebol; predicado – eram idolatrados; modificador do nome restritivo – de futebol; predicativo do sujeito – idolatrados. 4. Por exemplo: a. Os jogadores passaram a “activos” porque os clubes se transformaram em empresas. b. Os jogadores passaram a “activos” quando os clubes se transformaram em empresas.
Ficha de avaliação – Módulo
4
I 1.1. Neste excerto inicial ficamos a conhecer algumas características da personagem principal da história – Sofia – e aquilo que se estava a passar com ela, ou seja, os acontecimentos anteriores à história que vai ser narrada. 2. A partir de certa altura, o narrador dá uma série de conselhos à(s) leitora(s) que venha(m) a passar por uma situação semelhante àquela em que Sofia se encontra. Daí o uso do modo conjuntivo com valor imperativo. 3.1. O Brasil pareceu-lhe “a escolha acertada.” porque lá não conhecia ninguém. Deduz-se, assim, que Sofia queria estar sozinha. 3.2. Aquilo que no assaltante fez lembrar a Sofia o namorado foi o facto de a frase que ele utilizou para a abordar ser tão vulgar nesta situação como aquela que o namorado utilizou para acabar com o namoro, revelando, ambas, falta de imaginação. 3.3. O assaltante, ao contrário da generalidade dos homens, “sabia ouvir”, “sabia dar conselhos” e “tinha um extraordinário sentido de humor”. 4. Sofia parece ter aprendido uma lição com o assaltante de Copacabana: ao regressar, e perante o recuo do namorado que parecia querer retomar a relação, decide “pedir um tempo”. Durante a conversa com o assaltante, Sofia terá, talvez, percebido que o namorado não era bem aquilo que ela queria. 5. Por exemplo: “Um tempo para pensar”, “Assalte-me, por favor!”,…
II 1. a. reformular o seu discurso.
Proposta de resumo: O futebol nasceu em Inglaterra, cerca de 1840, embora as suas características possam ser encontradas anteriormente. As regras a que hoje obedece foram uniformizadas em 1863 pela Associação Inglesa de Futebol. Entretanto, o futebol desenvolveu-se noutros países, surgindo, em 1904, a FIFA que uniformizou as suas regras internacionalmente e que, desde 1930, organiza os Campeonatos do Mundo. Hoje, o futebol é um desporto de massas que vale milhões e as equipas são empresas dirigidas por empresários e políticos. Por outro lado, devido à sua massificação, o futebol transformou-se num fenómeno cultural e social muito estudado. [95 palavras]
2. b. uma situação que se repete regularmente durante um determinado período de tempo. 3. b. articula ideias opostas. 4. O antecedente do termo anafórico “lá” é “no Brasil”. 5. Por exemplo: “Não conhecia ninguém no Brasil já que nunca tinha estado lá e, por isso, pareceu-lhe a escolha acertada.” 6. Hipótese possível: O assaltante, aflito, enfiou a faca num dos bolsos da bermuda e tentou consolar a moça dizendo-lhe que não chorasse mais. Acrescentou que não assaltava mulher triste porque dava até azar e que era como matar passarinho.
P – Português, Módulos 1 a 4 – Caderno do Professor
III
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