Livro - Moral e Dogma

May 22, 2019 | Author: fabricio | Category: Masonic Lodge, Freemasonry, Religion And Belief, Nature
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Moral e Dogma), é um livro de ensinamentos maçônicos publicado pelo Supremo Conselho, do Rito Escocês, Jurisdição do Sul...

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Copyright@2010 dos autores Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pike, Albert, 1809-1891. Moral e dogma do rito escocês antigo e aceito / Albert Pike ; tradução Celes Januário Garcia Junior, Glauco Bonfim Rodrigues. -- Birigui, SP : Editora Yod, 2011. Título original: Morals and dogma of the ancient and accepted scottish rite of freemasonry. ISBN 978-85-63947-03-1 1. Maçonaria 2. Maçonaria - História 3. Maçonaria - Rituais 4. Maçons I. Título. 11-04444 CDD-366.1 EDITORA YOD Corpo Editorial: Celes J. Garcia Junior Glauco B. Rodrigues [email protected] www.editorayod.com.br

SUMÁRIO PREFÁCIO I. APRENDIZ II.COMPANHEIRO III.MESTRE

BIOGRAFIA Albert Pike, nascido em 29 de Dezembro de 1809, era o mais velho dos seis filhos de Benjamin e Sarah Andrews Pike. Pike foi educado em um lar cristão e frequentava uma igreja Episcopal. Pike passou no exame vestibular em Harvard quando tinha 15 anos de idade, mas não pôde prosseguir, porque não possuía fundos suficientes. Após viajar para o oeste, até Santa Fé, Pike situou-se no Arkansas, onde trabalhou como editor de um jornal antes de ser admitido no tribunal. No Arkansas, conheceu Mary Ann Hamilton, e casou-se com ela em 18 de Novembro de 1834. Dessa união nasceram 11 filhos. Ele possuía 41 anos quando solicitou sua admissão na Western Star Lodge No. 2 (Loja da Estrela do Oriente) em Little Rock, Arkansas, em 1850. Membro ativo na Grand Lodge of Arkansas, Pike assumiu os 10 Graus do Rito de York entre 1850 e 1853. Recebeu os 29 graus do Rito Escocês em março de 1853, de Albert Gallatin Mackey, em Charleston, S.C. O Rito Escocês foi introduzido nos Estados Unidos em 1783. Charleston foi o local do primeiro Supremo Conselho, que regeu o Rito Escocês nos Estados Unidos até o Supremo Conselho do Norte ser estabelecido na cidade de Nova Iorque em 1813. A fronteira entre as Jurisdições do Norte e do Sul, ainda hoje reconhecida, foi firmemente estabelecida em 1828. Mackey convidou Pike a participar da Suprema Corte da Jurisdição do Sul em 1858, em Charleston, e nos anos seguintes, se tornou o Grande Comandante da Suprema Corte. Pike manteve suas funções até sua morte, apoiando-se em várias ocupações, tais como editor do Memphis Daily Appeal, de fevereiro de 1867 a setembro de 1868, e sua prática advocatícia. Mais tarde, abriu um escritório de advocacia em Washington, DC, e defendeu uma série de processos perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Pike empobreceu por conta da Guerra Civil, permanecendo assim por grande parte da vida, frequentemente contraindo empréstimos para despesas básicas do Supremo Conselho, antes do conselho votar a seu favor , em 1879, uma anuidade de $1,200 por ano para o resto de sua vida. Albert Pike faleceu em 2 de abril de 1892, em Washington, DC.

 Percebendo que uma revisão do ritual era necessária para que o Rito Escocês da Maçonaria viesse a sobreviver, Mackey encorajou Pike a rever o ritual, para assim produzir um ritual padrão, para o uso de todos os estados da Jurisdição do Sul. A revisão teve início em 1855 e após algumas alterações, o Supremo Conselho aprovou a revisão de Pike, em 1861. Mudanças menos significativas foram feitas em dois graus em 1873, após corporações do Rito de York no Missouri contraporem objeções de que os graus 29º e 30º revelavam os segredos do Rito de York. Pike é mais conhecido pela sua grande obra, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry, publicado em 1871. Morals and Dogma não deve ser confundido com a revisão de Pike, do ritual do Rito Escocês. Estas são obras separadas. Walter Lee Brown escreveu que Pike “destinou-o [Morals and Dogma] a ser um suplemento para aquele grande ‘sistema interligado de instruções morais, religiosas e filosóficas’ desenvolvido em sua revisão do ritual Escocês.” Morals and Dogma era tradicionalmente dado ao candidato após a sua recepção do 14º grau do Rito Escocês. Esta prática foi interrompida em 1974. Morals and Dogma não é mais dado a candidatos desde 1974. A Bridge to Light (Uma Ponte para a Luz), de Rex. R. Hutchens, é concedido aos candidatos hoje. Hutchens lamenta que Morals and Dogma seja lido por tão poucos Maçons. A Bridge to Light foi escrito para ser “uma ponte entre as cerimônias dos graus e suas leituras de Morals and Dogma”.

PREFÁCIO DO AUTOR    A obra seguinte foi preparada com a autorização do Supremo Conselho do Trigésimo Terceiro Grau, para a Jurisdição Sul dos Estados Unidos, pelo Grande Comandante e agora é publicada por sua direção. Contém os Ensinamentos do Rito Escocês Antigo e Aceito daquela Jurisdição, e é especialmente destinado para leitura e estudo pelos Irmãos daquela Obediência, em conexão com os Rituais dos Graus. Espera-se e expecta-se que cada um se apresente com uma cópia, e se torne familiarizado com ela; por este propósito, como o custo da obra consiste inteiramente em sua impressão e encadernação, ela será fornecida a um preço moderado e considerável. Será proporcionada aos Irmãos do Rito Escocês nos Estados Unidos e no Canadá, a oportunidade de comprá-la, mas não será proibida a outros Maçons; porém não serão solicitados que comprem. Ao preparar esta obra, o Grande Comendador foi quase Autor e Compilador, igualmente; uma vez que extraiu uma metade inteira de seu conteúdo das obras dos melhores escritores e dos pensadores mais filosóficos ou eloquentes. Talvez tivesse sido melhor e mais aceitável se tivesse extraído mais e escrito menos. Ainda, talvez metade dele seja de si próprio; e, ao incorporar aqui os pensamentos e palavras de outros, modificou e adicionou continuamente à linguagem, muitas vezes interligando, nas mesmas sentenças, suas próprias palavras às deles. Não se destinando ao mundo em geral, ele sentiu a liberdade de elaborar, a partir de todas as fontes acessíveis, um Compêndio de Moral e Dogma do Rito, para re-moldar sentenças, alterar e acrescentar palavras e frases, combiná-las com suas próprias e usá-las como se fossem suas próprias, para serem tratadas ao seu prazer, e assim, úteis para formar o conjunto mais valioso para os propósitos tencionados. Reclama para si, portanto, pouco do mérito da autoria, e não se preocupou em distinguir o que é seu próprio do que tomou de outras fontes, desejando, inteiramente, que cada porção do livro, por sua vez, seja vista como tendo sido tomada emprestada de algum escritor mais antigo e melhor.

Os ensinamentos destas Leituras não são sacramentais, na medida em vão além do reino da Moralidade, para aqueles domínios do Pensamento e da Verdade. O Rito Escocês Antigo e Aceito usa a palavra “Dogma” em seu sentido verdadeiro, de doutrina ou ensinamento; não é dogmático no sentido odioso do termo. Todos estão completamente livres para rejeitar e discordar de qualquer coisa aqui que possa lhe parecer falsa ou insalubre. Apenas é requerido que se pese o que é ensinado e que se dê uma audiência justa e um uízo despreconceituoso. Obviamente, as antigas especulações teosóficas e filosóficas não são incorporadas como parte das doutrinas do Rito; mas porque é de interesse e proveito saber o que o Intelecto Antigo pensava sobre estes assuntos, e porque nada prova tão conclusivamente a diferença radical entre a nossa natureza humana e a animal, quanto a capacidade da mente humana de entreter tais especulações sobre si mesmo e a Divindade. Mas, quanto a essas mesmas opiniões, podemos dizer, nas palavras do douto canonista Ludovico Gómez: “Opiniones secundum varietatem temporum senescant et intermoriantur, aliaeque diversae vel prioribus contrariae reniscantur et deinde pubescant.” Os títulos dos Graus mostrados aqui mudaram em algumas instâncias. Os títulos corretos são os seguintes: 1º Aprendiz 2º Companheiro 3º Mestre 4º Mestre Secreto 5º Mestre Perfeito 6º Secretário Íntimo 7º Preboste e Juiz 8º Intendente dos Edifícios 9º Eleito dos Nove 10º Eleito dos Quinze 11º Eleito dos Doze 12º Mestre Arquiteto 13º Real Arco de Salomão 14º Eleito Perfeito 15º Cavaleiro do Oriente 16º Príncipe de Jerusalém 17º Cavaleiro do Oriente e do Ocidente

18º Cavaleiro Rosa-Cruz 19º Pontífice 20º Mestre da Loja Simbólica 21º Noaquita ou Cavaleiro Prussiano 22º Cavaleiro do Real Machado ou Príncipe do Líbano 23º Chefe do Tabernáculo 24º Príncipe do Tabernáculo 25º Cavaleiro da Serpente de Bronze 26º Príncipe de Misericórdia 27º Cavaleiro Comandante do Templo 28º Cavaleiro do Sol ou Príncipe Adepto 29º Cavaleiro Escocês de Santo André 30º Cavaleiro Kadosh 31º Inspetor Inquisidor 32º Mestre do Real Segredo

I. O APRENDIZ

A RÉGUA-DE-DOZE-POLEGADAS E O MAÇO A Força, desregulada ou mal regulada, não é apenas desperdiçada no vazio, como a pólvora queimada a céu aberto, e o vapor não confinado pela ciência; mas, golpeando no escuro, seus golpes encontrando apenas o ar, recuam e se contundem. É destruição e ruína. É o vulcão, o terremoto, o ciclone; – não crescimento ou progresso. É Polifemo cego, golpeando a esmo, precipitandose entre as afiadas rochas pelo ímpeto de seus próprios golpes. A Força cega do povo é uma Força que deve ser economizada e também gerenciada, assim como a Força cega do vapor, que levanta os pesados braços de ferro e gira as grandes rodas, é feita para furar e tornear o canhão e tecer o mais delicado laço. A força cega do povo precisa ser regulada pelo Intelecto e o intelecto é para as pessoas, e para a Força das pessoas, o que a fina agulha da bússola é para o navio – sua alma, sempre aconselhando a enorme massa de madeira e ferro, e sempre apontando para o norte. Para atacar as cidadelas construídas por todos os lados contra a raça humana por superstições, despotismos, e preconceitos, a Força deve ter um cérebro e uma lei. Por isso, suas façanhas conquistam resultados permanentes, e aí há progresso real. Então ocorrem conquistas sublimes. O Pensamento é uma força, e a filosofia deve ser uma energia, encontrando seu alvo e seus efeitos no aprimoramento da humanidade. Os dois grandes motores são a Verdade e o Amor. Quando todas estas Forças são combinadas, guiadas pelo Intelecto, reguladas pela

RÉGUA  do Direito, e da Justiça, e com movimento e esforço combinados e sistemáticos, a grande revolução preparada pelas eras começará a marchar. O PODER   da Própria Divindade está em equilíbrio com Sua SABEDORIA. Em consequência, o único resultado é a HARMONIA. Como a Força é mal regulada, as revoluções se provam falhas. Por isso é que, tão frequentemente, insurreições vindas daquelas altas montanhas que tiranizam o horizonte moral, a Justiça, a Sabedoria, a Razão e o Direito, construídas da mais pura neve do ideal, após uma longa queda de rocha a rocha, depois de terem refletido o céu em sua transparência e terem sido enchidas por cem afluentes, no caminho majestoso do triunfo, repentinamente se perdem em charcos, como um rio da Califórnia nas areias. A marcha da raça humana adiante requer que as alturas ao seu redor fulgurem com nobres e duradouras lições de coragem. Feitos de ousadia deslumbram a história, e formam uma classe das luzes que orientam o homem. São as estrelas e os coriscos do grande mar de eletricidade, a Força inerente nas pessoas. Esforçar-se, enfrentar todos os riscos, perecer, perseverar, ser verdadeiro para si mesmo, lutar corpo-a-corpo com o destino, surpreender a derrota pelo pequeno terror que inspira, ora enfrentar poderes injustos, ora desafiar o triunfo intoxicado – estes são os exemplos que as nações precisam e a luz que as eletriza. Existem Forças imensas nas grandes cavernas do mal sob a sociedade; na horrível degradação, sordidez, desgraça e penúria, vícios e crimes que fedem e lentamente fervem na escuridão nessa populaça inferior ao povo, das grandes cidades. Aí o desinteresse desaparece, cada um uiva, procura, tateia e se rói por si mesmo. Ideias são ignoradas, e não há pensamento de progresso. Essa populaça tem duas mães, ambas madrastas – a Ignorância e a Miséria. O querer é seu único guia – somente para o apetite desejam satisfação. Todavia, até estes podem ser utilizadas. A humilde areia na qual pisamos, lançada na fornalha, derretida, purificada pelo fogo, pode se tornar um cristal resplandecente. Eles têm a força bruta do MALHO, mas seus golpes servem à grande causa, quando desferidos dentro das linhas traçadas pela RÉGUA controlada pela sabedoria e discrição. Todavia, é esta mesma Força das pessoas, este poder Titânico dos gigantes,

que constrói as fortificações de tiranos e é incorporada em seus exércitos. Daí então a possibilidade de tais tiranias, como as sobre as quais se tem dito que “Roma cheira pior sob Vitélio do que sob Sula. Sob Cláudio e sob  Domiciano há uma deformidade de baixeza correspondente à feiura da tirania. A sujeira dos escravos é um resultado direto da baixeza atroz do déspota. Dessas consciências contraídas é exalado um miasma que reflete seus mestres; as autoridades públicas são impuras, corações são colapsados, consciências encolhidas, almas debilitadas. É assim sob Caracala, é assim sob Cômodo, é assim sob Heliogábalo, enquanto do senado Romano, sob César, emana apenas o odor espesso peculiar ao ninho da águia”. É a força das pessoas que sustenta todos estes despotismos, o mais baixo e também o melhor. Essa força age através dos exércitos; e estes mais comumente escravizam do que libertam. O despotismo, aí, aplica a RÉGUA. A Força é o MAÇO  de aço no arco da sela do cavaleiro ou do bispo em armadura. Pela força, a obediência passiva sustenta tronos e oligarquias, reis Espanhóis e senados Venezianos. O Poder, em um exército manejado pela tirania, é a enorme soma total da fraqueza absoluta; e assim, a Humanidade trava guerra contra a Humanidade, a despeito da Humanidade. Assim um povo se submete de bom grado ao despotismo, seus trabalhadores se submetem a serem desprezados, e seus soldados a serem chicoteados; por isso é que batalhas perdidas por uma nação são, frequentemente, progresso alcançado. Menos glória é mais liberdade. Quando o tambor silencia, a razão às vezes fala. Tiranos usam a força do povo para acorrentar e subjugar – isto é,  subjugam o povo. Então, o fazem de arado, como os homens fazem com bois jungidos à canga. Assim, o espírito de liberdade e inovação é reduzido por baionetas, e princípios são assolados por tiros de canhão; enquanto os monges se misturam com os soldados, e a Igreja militante e jubilosa, Católica ou Puritana, canta Te Deums pelas vitórias sobre a rebelião. O poder militar, não subordinado ao poder civil, novamente o MALHO ou MAÇO da FORÇA, independente da RÉGUA, é uma tirania armada, nascida adulta, como Ateneia brotada do cérebro de Zeus. Ele desova uma dinastia, e começa com César para apodrecer em Vitélio e Cômodo.

Atualmente, tende a começar  onde, antigamente, as dinastias terminavam. O povo constantemente oferece imensa resistência, apenas para terminar em imensa fraqueza. A força do povo é exaurida no prolongamento indefinido de coisas mortas desde há muito tempo; ao governar a humanidade pelo embalsamento de velhas e mortas tiranias de Fé; restaurando dogmas dilapidados; redourando santuários desbotados e carcomidos; caiando e maquiando superstições antigas e estéreis; salvando a sociedade pela multiplicação de parasitas; perpetuando instituições aposentadas; reforçando a adoração de símbolos como os meios reais de salvação; e atando o cadáver do Passado boca a boca ao vivo Presente. Por isso é que uma das fatalidades da Humanidade é ser condenada a eternas lutas com fantasmas, com superstições, fanatismos, hipocrisias, preconceitos, as fórmulas do erro e os argumentos da tirania. Despotismos, vistos no passado, tornam-se respeitáveis, como a montanha eriçada de rochas vulcânicas, áspera e horrenda, parece ser, através da neblina da distância, azul, macia e bela. A visão de uma única masmorra da tirania vale mais, para dissipar ilusões e criar um ódio sagrado ao despotismo, e direcionar a FORÇA  corretamente, do que os tomos mais eloquentes. Os Franceses deveriam ter preservado a Bastilha como uma lição perpétua; a Itália não deve destruir as masmorras da Inquisição. A Força do povo manteve o Poder que construiu suas celas obscuras e colocou os vivos em seus sepulcros de granito. A FORÇA  do povo não pode, por sua ação irrefreável e existência espasmódica, manter e continuar um Governo livre, uma vez criado. Tal Força deve ser limitada, refreada, conduzida pela distribuição em canais diferentes e por cursos indiretos, para escapes, de onde se questionaria quanto à lei, ação e decisão do Estado; assim como os antigos sábios reis Egípcios conduziram a canais diferentes, por subdivisão, as águas abundantes do Nilo, e as compeliram a fertilizar e não devastar a terra. Deve haver o  jus et norma, norma, a lei e  Régua, ou  Escala, da constituição e da lei, dentro da qual a força pública deve agir. Faça-se uma brecha em qualquer uma delas e o grande martelo a vapor, com seus golpes velozes e pesados, reduz todo o mecanismo a átomos e, por fim, desconjuntando-se violentamente, repousam morto e inerte em meio à ruína que forjou. A FORÇA  das pessoas, ou a vontade popular, exercida e em ação,

simbolizada pelo MALHETE, regulada, guiada por, e agindo dentro dos limites da LEI  e da ORDEM, simbolizada pela RÉGUA DE VINTE E QUATRO POLEGADAS, tem como seu fruto: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE – liberdade regulada pela lei; igualdade de direitos aos olhos da lei; irmandade com seus deveres e obrigações, bem como com seus benefícios. Você ouvirá falar em pouco tempo da PEDRA BRUTA  e da PEDRA PERFEITA, como parte das joias da Loja. A Pedra Bruta é dita como “uma edra, como retirada da pedreira, em seu estado rude e natural”. natural”. A Pedra Perfeita é dita como “uma pedra preparada pelas mãos dos trabalhadores, ara ser ajustada pelas ferramentas de trabalho dos Companheiros”. Não devemos repetir as explicações destes símbolos dadas pelo Rito de York. Você poderá lê-las em seus manuais impressos. São declaradas para aludirem ao autoaperfeiçoamento do trabalhador individual, – uma continuação da mesma interpretação superficial. A Pedra Bruta é o POVO, como uma massa, rude e desorganizado. A Pedra Perfeita, ou Pedra Cúbica, símbolo da perfeição, é o ESTADO, os regentes derivando seus poderes do consentimento dos governados; a constituição e as leis dizendo a vontade do povo; o governo harmonioso, simétrico, eficiente, –  seus poderes propriamente distribuídos e devidamente ajustados em equilíbrio. Se delinearmos um cubo sobre uma superfície plana, assim:

Teremos visíveis três  faces e nove  linhas externas, desenhadas entre  sete pontos. O cubo completo tem três  faces a mais, formando  seis; três  linhas a

mais, formando doze; e um ponto a mais, formando oito. Como o número 12 inclui os números sagrados 3, 5, 7, e 3 vezes 3, ou 9, e é produzido pela soma dos números sagrados 3 e 9; enquanto seus próprios dois dígitos 1, 2, a unidade ou mônada, e dúada, somadas juntas, geram o mesmo número sagrado 3; ele foi chamado de número perfeito – e o cubo se tornou o símbolo da perfeição Produzido pela FORÇA, agindo pela RÉGUA; martelado de acordo com as linhas mensuradas pela Escala, a partir da Pedra Bruta, é um símbolo apropriado da Força do povo, expressa como a constituição e lei do Estado; e as três faces visíveis representam os três departamentos do próprio Estado, –  o Executivo, que executa as leis; o Legislativo, que faz as leis; o Judiciário, que interpreta as leis, as aplica e as reforça, entre pessoa e pessoa, entre o Estado e os cidadãos. As três faces invisíveis são a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, – a alma tríplice do Estado, – sua vitalidade, espírito e intelecto. Apesar da Maçonaria não usurpar o lugar nem imitar a religião, a oração é parte essencial de nossas cerimônias. É a aspiração da alma em direção à Inteligência Absoluta e Infinita, que é a Suprema Divindade Única, mais delicada e desentendidamente caracterizada como um “ARQUITETO”. Certas faculdades do homem são dirigidas para o Desconhecido – o pensamento, a meditação, a oração. O desconhecido é um oceano, do qual a consciência é a bússola. Pensamento, meditação, oração, são os grandes misteriosos pontos apontados pela agulha. É um magnetismo espiritual que assim conecta a alma humana com a Divindade. Estas irradiações majestosas da alma penetram a sombra em direção à luz. É um escárnio superficial dizer que a oração é absurda porque não nos seria possível, por meio dela, persuadir Deus a mudar Seus planos. Ele produz efeitos pré-conhecidos e pré-planejados, através da instrumentalidade das forças da natureza, todas elas Suas  forças. Nossa própria é parte destas. Nossa livre agência e vontade são forças. Não deixamos absurdamente de fazer esforços para alcançar riqueza ou felicidade, prolongar a vida, e manter a saúde, só porque não podemos, por qualquer esforço, mudar o que está predestinado. Se o esforço também é predestinado, não menos será o nosso esforço, criado de nossa livre vontade. Portanto, do mesmo modo, oramos. A Vontade é uma força. O Pensamento é uma força. A Oração é uma força. Por

que não seria da lei de Deus que a oração, tal como a Fé e o Amor, tivesse seus efeitos? O homem não deve ser compreendido como um ponto de partida, nem o progresso como um objetivo, sem essas duas grandes forças, a Fé e o Amor. A oração é sublime. Preces que pedem e clamam são dignas de pena. Negar a eficácia da oração é negar a da Fé, do Amor e do Esforço. Apesar disso, os efeitos produzidos, quando nossa mão, movida por nossa vontade, lança um seixo no oceano, nunca cessam; e toda palavra pronunciada é registrada no ar invisível para toda a eternidade. Toda Loja é um Templo, no todo e em seus detalhes, simbólica. O próprio Universo forneceu ao homem o modelo dos primeiros templos edificados à Divindade. O arranjo do Templo de Salomão, os ornamentos simbólicos que formavam suas decorações principais, e o vestuário do Sumo Sacerdote, tudo fazia referência à ordem do Universo, como então entendido. O Templo continha muitos emblemas das estações – o sol, a lua, os planetas, as constelações da Ursa Maior e da Ursa Menor, o zodíaco, os elementos, e outras partes do mundo. O Mestre dessa  Loja, e do Universo, é Hermes, de quem Khūrūm é o representante, que é uma das luzes da Loja. Para instrução adicional quanto ao simbolismo dos corpos celestiais, dos números sagrados e do templo e seus detalhes, você deve aguardar pacientemente até seu avanço na Maçonaria, neste meio tempo exercitando seu intelecto estudando-os por si só. Estudar e procurar interpretar corretamente os símbolos do Universo é o trabalho do sábio e do filósofo. É decifrar a escrita de Deus, e penetrar em Seus pensamentos. Isto é o que é perguntado e respondido em nosso catecismo, no que diz respeito à Loja. Uma “Loja”  é definida como uma “reunião de Maçons, pontualmente congregados, tendo a escritura sagrada, o esquadro e o compasso, e um alvará, ou certificado de constituição, autorizando-os a trabalhar”. A sala ou lugar no qual se reúnem, representando uma parte do Templo do Rei Salomão, também é chamada de Loja; e isto é o que nós agora estamos considerando. Diz-se que é suportada por três grandes colunas, SABEDORIA, FORÇA e

BELEZA, representadas pelo Mestre, o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante; e estas são as colunas que sustentam a Loja, “porque Sabedoria,  Força e Beleza são a perfeição de tudo, e nada pode perdurar sem elas”. “Porque”, diz o Rito de York, “é necessário que haja Sabedoria para conceber, Força para sustentar e Beleza para adornar todos os empreendimentos grandes e importantes”. “Não sabeis”, diz o Apóstolo Paulo, “que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se algum homem profanar o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é sagrado, e o templo sois vós”. A Sabedoria e o Poder da Divindade estão em equilíbrio. As leis da natureza e as leis morais não são meros mandatos despóticos de Sua vontade Onipotente; pois então poderiam ser mudadas por Ele, e a ordem se tornar desordem, e o bom e o certo se tornarem mau e errado; honestidade e lealdade, vícios; e fraude, ingratidão e vício, virtudes. O poder Onipotente, infinito, existindo só, necessariamente não seria forçado à consistência. Seus decretos e leis poderiam não ser imutáveis. As leis de Deus não são obrigatórias para nós porque são decretos de Seu PODER , ou expressão de Sua VONTADE; mas porque expressam sua infinita SABEDORIA. Não são certas porque são Suas leis, mas são Suas leis porque são certas. Do equilíbrio entre a sabedoria infinita e a força infinita resulta a harmonia perfeita, na física e no universo moral. Sabedoria, Poder e Harmonia constituem uma tríade Maçônica. Eles têm outros e mais profundos significados, que podem em algum tempo lhe ser desvelados. Quanto a uma explicação mais normal e ordinária, pode-se acrescentar que a sabedoria do Arquiteto é apresentada em combinação, como apenas um Arquiteto hábil pode fazer, e como Deus tem feito em todo lugar, – por exemplo, na árvore, na estrutura humana, no ovo, nas células do favo de mel  – força, com graça, beleza, simetria, proporção, leveza e ornamentação. Essa é, também, a perfeição do orador e do poeta – combinar força, resistência, energia, com a graça de estilo, as cadências musicais, a beleza das figuras, o ogo e irradiação de imaginação e fantasia; e assim, em um Estado, a força guerreira e industrial do povo, e sua força Titânica, devem ser combinadas com a beleza das artes, com as ciências e com o intelecto, se o Estado quiser escalar as alturas da excelência e o povo ser realmente livre. Harmonia nisto, como em todo o Divino, material, e humano, é o resultado do equilíbrio, da

simpatia e ação oposta dos contrários; uma única Sabedoria sobre eles mantendo o travessão da balança. Reconciliar a lei moral, responsabilidade humana, livre arbítrio, com o poder absoluto de Deus; e a existência do mal com Sua absoluta sabedoria e bondade e misericórdia, – estes são os grandes enigmas da Esfinge. Você ingressou na Loja entre duas colunas. Elas representam as duas que estavam no pórtico do Templo, em cada lado da grande entrada oriental. Esses pilares, de bronze, de quatro dedos de espessura, tinham, de acordo com as descrições mais autênticas – estas no Primeiro e no Segundo Livro dos Reis, e confirmadas em Jeremias – dezoito cúbitos de altura, com um capitel de cinco cúbitos de altura. O eixo de cada uma delas era de quatro cúbitos de diâmetro. Um cúbito tem 30 1/2 cm. Isto é, o eixo de cada coluna tinha pouco mais de trinta pés e oito polegadas de altura, cada capitel pouco mais de oito pés e seis polegadas de altura, e o diâmetro do eixo seis pés e dez polegadas. Os capitéis estavam enriquecidos com romãs de bronze, cobertas com redes de bronze, e ornamentados com grinaldas de bronze; e parecem ter imitado a forma dos pericarpos do lótus ou lírio Egípcio, um símbolo sagrado para os Hindus e Egípcios. O pilar ou coluna da direita, ou do sul, era chamado, como a palavra Hebraica é reproduzida em nossa tradução da Bíblia, JACHIN; e o da esquerda, BOAZ. Nossos tradutores dizem que a primeira palavra significa “Ele estabelecerá”, e a segunda “nele está a força”. Essas colunas eram imitações, feitas por Khūrūm, o artista Tírio, das grandes colunas consagradas aos Ventos e ao Fogo, na entrada do famoso Templo de Malkarth, na cidade de Tiro. É costumeiro, em Lojas do Rito de York, ver-se um globo celestial em uma e um globo terrestre na outra; mas estes não são ustificados, se o objetivo for imitar as duas colunas originais do Templo. O significado simbólico dessas colunas deixaremos por agora inexplicado, acrescentando apenas que os Aprendizes Iniciados guardam suas ferramentas de trabalho na coluna JACHIN; e lhe dando a etimologia e significado literal dos dois nomes. A palavra  Jachin, em hebraico, é . Era provavelmente pronunciada Yakayan, e significava, como um substantivo, Aquele que fortalece; e por isso, firme, estável, ereto.

A palavra  Boaz é , Baaz.   significa Forte, Força, Poder ,  Refúgio, Fonte de Força, um Forte. O prefixado significa “com” ou “em”,  e dá à palavra a força do gerúndio Latino roborando – Fortalecendo. A palavra anterior também significa ele estabelecerá, ou  plantará numa osição ereta, – do verbo ,  Kūn,  permaneceu ereto. Provavelmente significava  Ativo e  Energia Vivificante e Força; e  Boaz,  Estabilidade, Permanência, no sentido passivo. Das Dimensões da Loja, nossos Irmãos do Rito de York dizem, “ilimitadas e cobrem não menos do que a abóbada Celeste”. “ A esse objeto,”  dizem eles,“a mente do Maçom é continuamente dirigida e para ali ele espera enfim chegar pela a ajuda da escada teológica que Jacó, em sua visão, viu ascendendo da terra para o Céu; as três voltas principais eram denominadas  Fé, Esperança e Caridade; e que nos admoesta a ter Fé em Deus, Esperança na Imortalidade e Caridade para com toda a Humanidade”. Da mesma forma, uma escada, algumas vezes com nove voltas, é vista no painel, repousando na base da terra, e seu topo nas nuvens, com estrelas brilhando sobre ela; é considerado que isto representa aquela escada mística que Jacó viu em seu sonho, apoiada na terra, e seu topo alcançando o Céu, com os anjos de Deus subindo e descendo por ela. O acréscimo das três primeiras voltas ao simbolismo é totalmente moderno e impróprio. Os antigos contavam sete planetas, assim arranjados: a Lua, Mercúrio, Vênus, o Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Havia sete céus e sete esferas desses planetas; sobre todos os monumentos a Mitra existem sete altares ou piras, consagrados aos sete planetas, assim como as sete lâmpadas do castiçal dourado do Templo. Que estes representavam os planetas, nos assegura tanto Clemente de Alexandria, em seu Stromata, quanto Fílon, o Judeu. Para retornar à sua fonte no Infinito, a alma humana, afirmavam os antigos, tinha que ascender tal como havia descido, através das sete esferas. A  Escada pela qual reascende tem, de acordo com Marsílio Ficino, em seus Comentários sobre as Enéadas de Plotino,  sete degraus ou passos; e nos Mistérios de Mitra, levados a Roma sob os Imperadores, a escada, com suas sete voltas, era um símbolo referente a esta ascensão através das esferas dos

sete planetas. Jacó viu os Espíritos de Deus subindo e descendo por ela; e acima dela a Própria Divindade. Os Mistérios Mitríacos eram celebrados em cavernas, onde portais eram marcados nos quatro pontos equinociais e solsticiais do zodíaco; e as sete esferas planetárias estavam representadas, as quais as almas necessitavam atravessar na descida do céu das estrelas fixas para os elementos que envolvem a terra; e sete portais eram marcados, um para cada planeta, através dos quais elas passavam, descendo ou voltando. Aprendemos isto de Celso, em Origem, que diz que a imagem simbólica desta passagem entre as estrelas, usadas nos Mistérios Mitríacos, era uma escada se estendendo da terra para o Céu, dividida em sete degraus ou estágios, para cada um dos quais havia um portal, e na cúpula um oitavo, o das estrelas fixas. O símbolo era o mesmo que o dos sete estágios de Borsippa, a Pirâmide de tijolos vitrificados, perto da Babilônia, construída em sete estágios, cada um de cor diferente. Nas cerimônias Mitríacas o candidato atravessava os sete estágios da iniciação, passando por diversos processos temíveis – e destes a escada alta com sete voltas ou degraus era o símbolo. Você vê a Loja, seus detalhes e ornamentos, por suas Luzes. Você já ouviu o que se diz serem estas Luzes, das maiores às menores, e como elas são faladas por nossos Irmãos do Rito de York. A  Bíblia Sagrada, o  Esquadro e o Compasso  não são somente estilizados como Grandes Luzes na Maçonaria, mas também são tecnicamente chamados de  Mobília  da Loja; e, como você viu, se assegura que não existe Loja sem eles. Isto, algumas vezes, tem sido um pretexto para excluir Judeus de nossas Lojas, porque eles não podem estimar o Novo Testamento como um livro sagrado. A Bíblia é parte indispensável da mobília de uma Loja Cristã, apenas porque é o livro sagrado da religião Cristã. O Pentateuco Hebraico numa Loja Hebraica, e o Alcorão numa Muçulmana, pertencem ao Altar; e algum destes, mais o Esquadro e o Compasso, propriamente entendidos, são as Grandes Luzes pelas quais um Maçom deve andar e trabalhar. A obrigação do candidato deve sempre ser tomada sobre o livro ou livros sagrados de sua religião, qual seja que ele considere mais solene e obrigatório; e por isso lhe perguntaram qual era a sua religião. Não temos nenhuma outra preocupação quanto a seu credo religioso.

O Esquadro é um ângulo reto, formado por duas linhas retas. É adaptado somente a uma superfície plana e pertence unicamente à geometria, à medição da terra, à trigonometria que lida apenas com planos, e com a Terra, que os antigos supunham ser plana. O Compasso descreve círculos, e lida com a trigonometria esférica, a ciência das esferas e céus. O primeiro, portanto, é um emblema do que concerne à terra e ao corpo; o ultimo, do que concerne aos céus e à alma. Ainda assim, o Compasso também é usado na trigonometria plana, para se erigir perpendiculares; por isso, você é lembrado de que, apesar de neste Grau ambas as pontas do Compasso estarem sob o Esquadro, você está agora lidando apenas com os significados morais e políticos dos símbolos, e não com suas significações filosóficas e espirituais, ainda assim o divino sempre se mistura com o humano; o espiritual se mescla com o terreno; e existe algo espiritual nos deveres mais comuns da vida. As nações não são apenas corpos políticos, mas também espíritos políticos; e ai dos povos que, buscando apenas o material, se esquecem de que possuem uma alma. Neste caso temos uma raça petrificada em dogma, que pressupõe a ausência de uma alma e a presença somente da memória e do instinto, ou desmoralizada pelo lucro. Tal natureza nunca pode liderar a civilização. A genuflexão perante o ídolo ou perante o dinheiro atrofia o músculo que caminha e a vontade que se move. A absorção hierática ou mercantil diminui o brilho de um povo, abaixa seu horizonte ao abaixar seu nível, e o priva do entendimento do objetivo universal, ao mesmo tempo humano e divino, que forma as nações missionárias. Um povo livre, se esquecendo de que tem uma alma a cuidar, devota todas as suas energias ao avanço material. Se faz guerra, esta é subserviente aos seus interesses comerciais. Os cidadãos copiam o Estado, e estimam a riqueza, a pompa e luxo como os grandes bens da vida. Tal nação cria fortuna rapidamente e a distribui muito mal. Daí os dois extremos, de monstruosa opulência e monstruosa miséria; todos os prazeres para alguns, todas as privações para o resto, quer dizer, para o povo; Privilégio, Exceção, Monopólio e Feudalismo emergem do próprio Trabalho: uma situação falsa e perigosa, que, fazendo do Trabalho um Ciclope cego e acorrentado, na mina, na forja, na oficina, no tear, no campo, entre gases venenosos, em celas miasmáticas, em fábricas sem ventilação, alicerça seu poder público sobre a miséria privada, e planta a grandeza do Estado no sofrimento do indivíduo. É uma grandeza mal constituída, na qual todos os elementos materiais estão combinados, e na qual não entra nenhum elemento moral. Embora um povo, qual uma estrela, tenha o direito de eclipsar, a luz

deve retornar. O eclipse não deve degenerar em noite. As três menores, ou as Luzes Sublimes, você ouviu que são o Sol, a Lua e o Mestre da Loja; também ouviu o que nossos Irmãos do Rito de York dizem a respeito delas, e porque acreditam que são as Luzes da Loja. Mas o Sol e a Lua em nenhum sentido iluminam a Loja, senão simbolicamente, e portanto não são eles as luzes, mas sim as coisas das quais são símbolos. O Maçom do Rito de York não diz do quê são símbolos. Nem a Lua, em qualquer sentido, governa a noite com regularidade. O Sol é o símbolo antigo do poder vivificante e generativo da Divindade. Para os antigos, a luz era a causa da vida; e Deus era a fonte da qual toda a luz fluía; a essência  da Luz, o Fogo  Invisível, desenvolvido como chama manifesta  como luz e esplendor. O Sol era a Sua manifestação e imagem visível; e os Sabeus, adorando o Deus-Luz,  pareciam adorar o Sol, no qual viam a manifestação da Divindade. A Lua era o símbolo da capacidade passiva da natureza de procriar, a fêmea, da qual o poder e energia fecundante era o macho. Era o símbolo de Ísis, Astarte, e Ártemis, ou Diana. O “ Mestre da Vida”  era a Divindade Suprema, acima de ambos, e manifesto através de ambos; Zeus, o Filho de Saturno, se torna Rei dos Deuses; Hórus, filho de Osíris e Ísis, se torna o Mestre da Vida; Dionísio ou Baco, tal como Mitra, se torna o autor da Luz, da Vida e da Verdade. Os Mestres da Luz e da Vida, o Sol e a Lua, são simbolizados em todas as Lojas pelo Mestre e pelos Vigilantes: e isto torna dever do Mestre dispensar luz aos Irmãos, por si próprio, e através dos Vigilantes, que são seus ministros. “ Nunca mais se porá o teu sol”, diz ISAÍAS a Jerusalém, “nem a tua lua minguará, porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto findarão. E todos os do teu povo serão justos, para sempre herdarão a terra.”. Tal é um modelo de povo livre. Nossos ancestrais nórdicos adoravam uma Divindade tri-una; ODIN, o PAI

Todo-Poderoso; FREA, sua esposa, emblema da matéria universal; e THOR , seu filho, o mediador. Mas acima de todos estava o Deus Supremo, “o autor de tudo o que existe, o Eterno, o Antigo, o Ser Vivo e Terrível, o Buscador de coisas ocultas, o Ser que nunca muda”. No Templo de Elêusis (um santuário iluminado apenas por uma janela no teto, representando o Universo), estavam representadas as imagens do Sol, da Lua e de Mercúrio. “O Sol e a Lua”,  diz o erudito Ir.·. DELAUNAY, “representam os dois grandes princípios de todas as gerações, o ativo e o passivo, o macho e a fêmea. O Sol representa a verdadeira luz. Ele derrama seus raios fecundos sobre a Lua; ambos projetam suas luzes sobre sua descendência, a Estrela  Flamejante, ou HÓRUS, e os três formam o grande Triângulo Equilátero, no centro do qual está a letra omnífica da Cabala, pela qual se diz que a criação foi realizada.”. Os ORNAMENTOS  de uma Loja são o “Pavimento Mosaico, a Orla  Dentada e a Estrela Flamejante”.  O Pavimento Mosaico, axadrezado com quadrados ou losangos, representa o andar térreo do Templo do Rei Salomão; e a Orla Dentada, “aquela linda orla que o envolvia”.  Diz-se que a Estrela Flamejante no centro é um “emblema da Divina Providência, e comemorativa da estrela que surgiu para guiar os homens sábios desde o Oriente até o local de nascimento de nosso Salvador”.  Mas “não se via edras”  no Templo. As paredes eram cobertas com pranchas de cedro e o piso com pranchas de abetos. Não existe evidência de que tivesse existido tal pavimento ou piso no Templo, nem tal madeiramento; na Inglaterra, antigamente, a Tábua de Traçar era envolta por uma orla dentada; e somente na América tal orla é colocada em volta do pavimento Mosaico. As tésseras, na verdade, são os quadrados ou losangos do pavimento. Na Inglaterra, também, “a borda dentada ou denticulada”  é chamada de “ tesselado” porque tem quatro franjas (em inglês, “tassels”), que representam Temperança, Força, Prudência e Justiça. Foi chamada de Orla Dentada, mas trata-se de um uso impróprio das palavras. É um “pavimento tesselado” com uma borda dentada o envolvendo. O pavimento, alternadamente preto e branco, simboliza, intencionalmente ou não, os Princípios do Bem e do Mal do credo Egípcio e Persa. É o combate

entre Miguel e Satã, entre os Deuses e os Titãs, entre Balder e Lóki; entre a luz e a sombra, que é a escuridão; Dia e Noite; Liberdade e Despotismo; Liberdade Religiosa e Dogmas Arbitrários de uma Igreja que pensa por seus devotos, da qual o Pontífice se declara infalível, e da qual os decretos de seus Conselhos se constituem um evangelho. As faces desse pavimento, se losangulares, serão necessariamente dentadas ou denticuladas, como um serrote; e para completá-lo e finalizá-lo uma bordadura é necessária. É complementado por tesselas como ornamentos aos cantos. Se estes e a bordadura têm algum significado, ele é fantasioso e arbitrário. Encontrar na ESTRELA FLAMEJANTE  de cinco pontas uma alusão à Divina Providência é igualmente fantasioso; e fazê-la um comemorativo da Estrela que guiou os Magos, é dar-lhe um significado comparativamente moderno. Originalmente, representava SÍRIUS, ou a estrela-Cão, o precursor da inundação no Nilo; o deus ANÚBIS, companheiro de Ísis em sua busca pelo corpo de OSÍRIS, seu irmão e marido. Então, se tornou a imagem de HÓRUS, o filho de OSÍRIS, ele mesmo também simbolizado pelo Sol, o autor das Estações do Ano, e o deus do Tempo; Filho de Ísis, que era a natureza universal, ele próprio a matéria primitiva, fonte inexaurível de Vida, centelha de fogo incriado, semente universal de todos os seres. Era HERMES, também, o Mestre do Conhecimento, cujo nome em grego é o do Deus Mercúrio. Tornou-se o caráter ou sinal sagrado e poderoso dos Magos, o PENTALFA, e é o emblema significativo da Liberdade, flamejando com uma radiação constante em meio a elementos tumultuosos de bem e de mal das Revoluções, e de céus promissoramente serenos e estações férteis para as nações, após as tormentas de mudanças e tumultos. No Oriente da Loja, sobre o Mestre, incluída em um triângulo, está a letra hebraica YOD [ ou ]. Nas Lojas Inglesas e Americanas, a Letra G.·. a substituiu como a inicial da palavra GOD, com tão pouca razão quanto seria se, ao invés da letra própria, fosse usada a inicial D de DIEU  em Lojas Francesas. O YOD é, na Cabala, o símbolo da Unidade, da Deidade Suprema, a primeira letra do Nome Sagrado; é, também, um símbolo das Grandes Tríades Cabalísticas. Para compreender seus significados místicos, você deve

abrir as páginas do Zohar e do Siphra Dtzenioutha, e outros livros cabalísticos, e ponderar profundamente sobre seu significado. É suficiente dizer que ela é a Energia Criativa da Divindade, e que é representada como um  ponto, esse ponto no centro do Círculo  da imensidão. É para nós, neste Grau, o símbolo da Divindade não manifestada, do Absoluto, que não possui nome. Nossos Irmãos franceses colocam esta letra, YOD, no centro da Estrela Flamejante. E, em velhos ensinamentos, nossos antigos Irmãos Ingleses disseram “a Estrela Flamejante ou Glória, no centro, nos remete ao grande luminar, o Sol, que ilumina a terra, e por sua influência genial dispensa bênçãos à humanidade”.  Também nos mesmos ensinamentos, o chamavam de emblema da PRUDÊNCIA. A palavra Prudentia  significa, em seu sentido original e completo, Previsão; e, adequadamente, a Estrela Flamejante tem sido considerada como emblema da Onisciência, ou o Olho que Tudo Vê, que, para os Iniciados Egípcios, era o emblema de Osíris, o Criador. Com o YOD  no centro, tem o significado cabalístico da Energia Divina, manifestada como Luz, criando o Universo. As Joias da Loja são em número de seis. Três são chamadas “Móveis”, e três “Imóveis”. O ESQUADRO, o NÍVEL e o PRUMO  eram, antiga e propriamente, chamados de Joias Móveis, porque passam de um Irmão para o outro. É uma inovação moderna chamá-las de imóveis, só porque elas devem sempre estar presentes na Loja. As joias imóveis são a PEDRA BRUTA, a PEDRA PERFEITA ou PEDRA CÚBICA, ou, em alguns Rituais, o CUBO DUPLO, e a TÁBUA DE TRAÇAR . Sobre estas joias nossos Irmãos do Rito de York dizem: “O Esquadro inculca  Moralidade; o  Nível, Igualdade; e o Prumo, Retidão de Conduta.”  Suas explicações das Joias imóveis podem ser lidas em seus manuais. Nossos Irmãos do Rito de York dizem que “em toda Loja bem dirigida existe um certo ponto representado, dentro de um círculo; o ponto representando um Irmão, individualmente; o Círculo, a linha delimitadora de sua conduta, além da qual ele nunca sofrerá danos ou paixões que o traiam”.

Isto não é interpretar   os símbolos da Maçonaria. Alguns dizem que, com uma abordagem mais próxima a fim de interpretação, o ponto dentro do círculo representa Deus no centro do Universo. É um sinal Egípcio comum para o Sol e Osíris, e ainda é usado como sinal astronômico do grande luminar. Na Cabala, o ponto é YŌD, a Energia Criativa de Deus, irradiando com luz o espaço circular que Deus, a Luz universal, deixou vago para criar os mundos, ao retirar de lá Sua substância de Luz e concentrá-la em todos os lados, a partir de um ponto. Nossos Irmãos acrescentam que “esse círculo é limitado por duas linhas erpendiculares paralelas, que representam São João Batista e São João  Evangelista, e no topo estão as Sagradas Escrituras”  (um livro aberto). “Ao circundar esse círculo”,  dizem eles, “tocamos, necessariamente, essas duas linhas, assim como às Sagradas Escrituras; e enquanto um Maçom se mantém circunscrito a seus preceitos, torna-se impossível que possa concretamente errar”. Seria uma perda de tempo comentar a respeito. Alguns escritores imaginaram que as linhas paralelas representam os Trópicos de Câncer e de Capricórnio, que o Sol toca, alternadamente, nos solstícios de Verão e de Inverno. Mas os trópicos não são linhas perpendiculares, e a ideia é meramente fantasiosa. Se as linhas paralelas, alguma vez, pertenceram ao símbolo antigo, elas possuíram algum significado mais recôndito e mais frutífero. Provavelmente, elas teriam o mesmo significado das colunas gêmeas Jachin e Boaz. Este significado não é para o Aprendiz. O adepto pode encontrá-lo na Cabala. A JUSTIÇA e a MISERICÓRDIA  de Deus estão em equilíbrio, e o resultado é HARMONIA, porque uma Única e Perfeita Sabedoria preside sobre ambas. As Escrituras Sagradas são uma adição inteiramente moderna ao símbolo, como os globos terrestre e celestial nas colunas do pórtico. Assim, o antigo símbolo foi desnaturalizado por adições incongruentes, tal como Ísis chorando sobre a coluna quebrada que continha os restos de Osíris em Biblos. A Maçonaria tem seu Decálogo, que é uma lei para seus Iniciados. Estes são seus Dez Mandamentos:

1. ⊕.·. Deus é a SABEDORIAE   terna, Onipotente e Imutável, INTELIG NCIA Suprema e AMOR I  ncansável. Adorá-Lo-eis, reverenciá-Lo-eis e amá-Lo-eis! Honrá-Lo-eis praticando as virtudes! 2. ○.·. Vossa religião será fazer o bem porque é um prazer para vós, não simplesmente porque seja um dever. Para que sejais amigos das pessoas sábias, obedecereis seus preceitos! Vossa alma é imortal! Nada fareis para degradá-la! 3. ⊕.·. Guerreareis incessantemente o vício! Não fareis para outros o que não quereis que façam a vós! Sereis submissos às vossas venturas, e mantereis acesa a luz da sabedoria! 4. ○.·. Honrareis vossos pais! Respeitareis e homenageareis os velhos! Ensinareis os jovens!

Protegereis e defendereis a infância e a inocência! 1. ⊕.·. Afagareis vossa esposa e vossos filhos! Amareis vosso país e obedecereis às suas leis! 2. ○.·. Vosso amigo será vossa segunda metade! O infortúnio não vos afastará dele! Fareis em sua memória tudo o que faríeis se ele estivesse vivo! 3. ⊕.·. Evitareis e fugireis de amizades insinceras! Refrear-vos-eis de todos os excessos.

Temereis ser a causa de qualquer mácula em vossa lembrança! 1. ○.·. Não permitireis que paixões sejam vossos guias! Fareis das paixões dos outros lições de proveito para vós! Sereis indulgentes ao erro! 2. ⊕.·. Escutareis muito; falareis pouco! Agireis corretamente! Esquecereis as injúrias!

Fareis o bem em retribuição ao mal! Não usareis indevidamente vossa força nem vossa superioridade! 1. ○.·. Estudareis para conhecer as pessoas; com isso podereis conhecer a vós mesmos!

Sempre buscareis a virtude! Sereis justos! Evitareis a preguiça! Mas o grande mandamento da Maçonaria é: “Dou-vos um novo

mandamento: Amareis uns aos outros! Aquele que disser estar na luz e odeia seu irmão, ainda estará na escuridão”. Tais são os deveres morais de um Maçom. Mas é também dever da Maçonaria assistir na elevação do nível moral e intelectual da sociedade; cunhando conhecimento, trazendo ideias à circulação e motivando a mente da uventude a crescer; colocando a raça humana em harmonia com seus destinos, gradualmente, mediante o ensinamento de axiomas e a promulgação de leis positivas. Para este dever e trabalho o Iniciado é aprendiz. Não deve imaginar que não pode afetar nada e, portanto, desesperando-se, permanecer inerte. É assim nisto, como na vida diária de um homem. Muitos grandes feitos são executados nas pequenas lutas da vida. Existe, nos informam, determinada, porém invisível bravura, que se defende passo a passo, na escuridão, contra a invasão fatal da necessidade e da baixeza. Existem triunfos nobres e misteriosos, que os olhos não veem, que não têm recompensas renomadas e que nenhuma fanfarra de trompetes saúda. A vida, o infortúnio, o isolamento, o abandono, a pobreza, são campos de batalha que têm seus herois, – herois obscuros, mas algumas vezes maiores do que aqueles que se tornam ilustres. O Maçom deve lutar da mesma maneira, e com a mesma bravura, contra aquelas invasões da necessidade e da baixeza que atingem as nações, bem como aos homens. O Maçom deve enfrentá-las também passo a passo, mesmo na escuridão, e protestar contra os erros e a insensatez nacional; contra a usurpação e as primeiras invasões desta hidra, a Tirania. Não há eloquência mais soberana do que a verdade indignada. É mais difícil para um povo manter do que ganhar sua liberdade. Os Protestos da Verdade são sempre necessários. O direito deve continuamente protestar contra o Fato. Existe, na realidade, Eternidade no Direito. O Maçom deve ser o Sacerdote e o Soldado desse Direito. Se sua pátria tiver roubadas as suas liberdades, não deve se desesperar. O protesto do Direito contra o Fato persiste para sempre. O roubo de um povo nunca prescreve. A reclamação desses direitos nunca é barrada. Varsóvia não pode mais ser Tártara do que Veneza Teutônica. Um povo pode suportar usurpações militares, Estados subjugados se ajoelharem a Estados e usarem a canga, enquanto sob pressão da necessidade; mas, quando a necessidade desaparece, se o povo estiver preparado para ser livre, o país submerso virá à tona e reaparecerá, e a Tirania será adjudicada pela História

por ter assassinado suas vítimas. Seja lá o que ocorrer, devemos ter Fé na Justiça e na Sabedoria soberana de Deus, Esperança no Futuro e Benevolência Afetuosa para com os que erram. Deus torna Sua vontade visível às pessoas através de acontecimentos; um texto obscuro, escrito numa linguagem misteriosa. As pessoas traduzem-na imediata, rápida e incorretamente, com muitos erros, omissões e interpretações falhas. Vemos tão resumidamente um caminho ao longo do arco do grande círculo! Poucas mentes compreendem o idioma Divino. Os mais sagazes, os mais calmos, os mais profundos, decifram hieróglifos lentamente; e, quando voltam com seu texto, talvez a necessidade há muito desaparecera; já existem vinte traduções em praça pública – a maioria é incorreta e, é claro, são as mais aceitas e populares. De cada tradução nasce um partido; de cada interpretação falha, uma facção. Cada partido acredita ou finge que detém o único texto verdadeiro, e cada facção acredita ou finge que apenas ela possui a Luz. Além disso, facções são gente cega, que apontam retamente, e erros são projéteis excelentes, atingindo habilmente, e com toda a violência que salta de argumentos falsos, onde quer que uma falta de lógica naqueles que defendem o direito os faça vulneráveis, como uma falha em uma couraça. Portanto, muitas vezes seremos frustrados ao combater o erro diante do povo. Anteu resistiu a Hércules por longo tempo; e as cabeças da Hidra cresceram tão rapidamente quanto foram cortadas. É um absurdo se dizer que o  Erro, ferido,  se contorce em dor, e morre em meio aos  seus adoradores. A Verdade conquista lentamente. Há uma vitalidade fantástica no Erro. A Verdade, de fato, na maioria das vezes, atira por sobre as cabeças das massas; ou, se um erro estiver prostrado por um momento, levantar-se-á num instante, tão vigoroso como nunca. Não morrerá quando o cérebro lhe tiver sido arrancado, e os erros mais estúpidos e irracionais serão os mais longevos. Não obstante, a Maçonaria, que é Moralidade e Filosofia, não deve deixar de cumprir seu dever. Nunca sabemos em que momento o sucesso aguarda nossos esforços – geralmente quando menos esperamos – nem com o que nossos esforços serão, ou não, recompensados. Sucedida ou falha, a Maçonaria não deve ceder ao erro, nem sucumbir sob o desânimo. Existiram em Roma alguns soldados Cartagineses, aprisionados, que se recusaram a se

curvar para Flamínio, e tinham um pouco da magnanimidade de Aníbal. Os Maçons devem possuir uma igual grandeza de alma. A Maçonaria deve ser uma energia; encontrando seu alvo e efeito na melhoria da humanidade. Sócrates deve entrar em Adão e gerar Marco Aurélio; em outras palavras, produzir, do mesmo homem de prazeres, o homem de sabedoria. A Maçonaria não deve ser uma mera torre de observação, construída sobre o mistério, para daí fitar o mundo à vontade, sem outro resultado senão a conveniência para o curioso. Manter a caneca cheia de pensamentos nos lábios sedentos das pessoas; dar a todos as ideias verdadeiras da Deidade; harmonizar a consciência e a ciência – são as províncias da Filosofia. A Moralidade é a Fé em plena florescência. A contemplação deve levar à ação, e o absoluto se tornar prático; o ideal se transformar em ar, alimento e bebida para a mente humana. A Sabedoria é uma comunhão sagrada. É apenas nessa condição que cessa de ser um amor estéril à Ciência, e se torna o método único e supremo para unir a Humanidade e despertá-la para a ação combinada. Então a Filosofia se transforma em Religião. E a Maçonaria, tal como a História e a Filosofia, tem deveres eternos –  eternos e, ao mesmo tempo, simples – se opor a Caifás como Bispo, a Draco ou a Jeferias como Juízes, a Trimalcião como Legislador e a Tibério como Imperador. Estes são os símbolos da tirania que degrada e esmaga, da corrupção que avilta e infesta. Nos trabalhos publicados para uso na Ordem somos informados que os três grandes princípios da ocupação de um Maçom são Amor Fraternal, Assistência e Verdade. E é verdade que afeição e bondade Fraternais devem nos governar em todos os tratos e relações com nossos irmãos; e a filantropia generosa e liberal nos orientar em relação a todas as pessoas. Aliviar os angustiados é peculiarmente um dever dos Maçons – um dever sagrado, o qual não pode ser omitido, negligenciado e tampouco aceito de forma fria ou ineficiente. É também muito verdadeiro que a Verdade é um atributo Divino e o alicerce de toda a virtude. Ser verdadeiro e procurar encontrar e aprender a Verdade são os grandes objetivos de todo o bom Maçom. Como faziam os Antigos, a Maçonaria molda Moderação, Força, Prudência e Justiça, as quatro virtudes cardeais. Elas são tão necessárias às nações quanto aos indivíduos. O povo que quer ser Livre e Independente deve possuir Sagacidade, Prudência, Previsão e Circunspeção cuidadosa, todas estas

abrangidas pelo significado da palavra Prudência. Ele deve ser moderado ao defender seus direitos, temperado em seus conselhos e econômico em suas despesas; deve ser destemido, bravo, corajoso, paciente sob reveses, desassombrado perante desastres e esperançoso durante calamidades, como Roma, quando entregou o campo no qual Aníbal teve seu acampamento. Nem Canas, nem Farsália, nem Pávia ou Agincourt ou Waterloo podem desencorajá-lo. Deixe seu Senado permanecer sentado até que os gauleses o puxem pelas barbas. Ele deve, acima de todas as coisas, ser justo e abster-se de bajular os fortes e de guerrear ou saquear os fracos; deve agir no esquadro com todas as nações e com as tribos mais débeis; sempre mantendo sua fé, honesta em suas leis, justa em todos os seus assuntos. Quando existir tal República, ela será imortal: pois temeridade, injustiça, intemperança e luxo na prosperidade, desespero e desordem na adversidade, são as causas da queda e da dilapidação de nações.

II. O COMPANHEIRO No Antigo Oriente, toda a religião era mais ou menos um mistério, e não existia o seu divórcio com a filosofia. A teologia popular, tomando como realidade a multidão de alegorias e símbolos, degenerou numa adoração dos luminares celestiais, de Deidades imaginárias com sentimentos humanos, paixões, apetites e luxúrias, de ídolos, pedras, animais, répteis. A Cebola era sagrada para os Egípcios, porque suas diferentes camadas eram um símbolo das esferas celestiais concêntricas. Obviamente, a religião popular não podia satisfazer os desejos e pensamentos mais profundos, as aspirações mais sublimes do Espírito, nem a lógica da razão. A religião, portanto, era ensinada aos iniciados nos Mistérios. Ali, também, era ensinada através de símbolos. A imprecisão do simbolismo, capaz de muitas interpretações, alcançava o que o credo palpável e convencional não conseguia. Sua indefinição reconhecia a abstrusão do assunto: tratava tal assunto misterioso misticamente: tentava ilustrar o que não conseguia explicar; excitar um  sentimento  apropriado, se não conseguisse desenvolver uma ideia  adequada; e fazer da imagem um mero veículo subalterno da concepção, que por si só nunca se tornou óbvia nem familiar. Assim, o conhecimento hoje comunicado por livros e letras, antes era veiculado por símbolos; e os sacerdotes inventavam ou perpetuavam uma série de ritos e exibições que não eram apenas mais atraentes aos olhos do que palavras, mas muitas vezes mais sugestivos e mais prenhes de significado para a mente. A Maçonaria, sucessora dos Mistérios, ainda segue a maneira antiga de ensinar. Suas cerimônias são como as antigas apresentações místicas, – não a leitura de um ensaio, mas a abertura de um problema, exigindo pesquisa, e constituindo a filosofia como sua arquiexplicadora. Seus símbolos são a instrução que ministra. Seus ensinamentos são esforços, muitas vezes parciais e unilaterais, para interpretar esses símbolos. Quem quer se tornar um Maçom completo não deve ficar contente meramente em ouvir, ou mesmo em entender, os ensinamentos; deve, auxiliado por eles, e estes como que

sinalizando-lhe o caminho, estudar, interpretar e desenvolver esses símbolos para si próprio. Embora a Maçonaria seja idêntica aos antigos Mistérios, o é apenas neste limitado sentido: que apresenta apenas uma imagem imperfeita de seu resplendor, somente as ruínas de sua grandeza, e um sistema que experimentou alterações progressivas, fruto de acontecimentos sociais, de circunstâncias políticas, e da imbecilidade ambiciosa de seus aperfeiçoadores. Depois de deixar o Egito, os Mistérios foram modificados pelos hábitos das diferentes nações entre as quais foram introduzidos, e especialmente pelos sistemas religiosos dos países para os quais foram transplantados. Em todo lugar era a obrigação do Iniciado manter o governo estabelecido, as leis e a religião; e em todo lugar, eles eram heranças dos sacerdotes, que de modo nenhum estavam dispostos a fazer das pessoas comuns seus co-proprietários da verdade filosófica. A Maçonaria não é o Coliseu em ruínas. É antes um palácio Romano da Idade Média, desfigurado por melhorias arquitetônicas modernas, porém ainda construído sobre um alicerce Ciclópico projetado pelos Etruscos, e com muitas pedras da superestrutura obtidas de moradas e templos da era de Adriano e de Antonino. O Cristianismo ensinou a doutrina da FRATERNIDADE; mas repudiou a da IGUALDADE  política, por continuamente inculcar obediência a César e às autoridades legais. A Maçonaria foi o primeiro apóstolo da IGUALDADE. Nos Monastérios existe fraternidade e igualdade, mas nenhuma liberdade. A Maçonaria adicionou esta também, e reclamou para as pessoas a tríplice herança: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Foi apenas um desenvolvimento do propósito original dos Mistérios, que era ensinar as pessoas a conhecer e a praticar seus deveres, consigo mesmas e para com seus companheiros, a grande finalidade prática de toda filosofia e de todo conhecimento. As Verdades são as fontes de onde os deveres jorram; e faz algumas centenas de anos desde que uma nova Verdade começou a ser vista claramente: que O

HOMEM É SUPREMO SOBRE AS INSTITUIÇÕES, E NÃO ELAS SOBRE ELE. O homem tem um império natural sobre todas as instituições. Estão para ele, de acordo com o seu desenvolvimento; e não ele para elas. Parece-nos um enunciado muito simples, com o qual todos, em todo o lugar, devem assentir. Mas isto um dia foi uma grande e nova Verdade – não revelada até que governos tivessem pelo menos cinco mil anos de existência. Uma vez revelada, impôs novos deveres às pessoas. O ser humano debitou-se para consigo  mesmo de ser livre. Debitou-se para com sua pátria de lhe dar  sua  liberdade ou mantê-la em sua posse. Isto fez da Tirania e da Usurpação os inimigos da Raça Humana. Criou uma proscrição universal de Déspotas e Despotismos, temporais e espirituais. A esfera do Dever foi imensamente alargada. O Patriotismo passou a ter, daqui para frente, um significado novo e mais amplo. Governo Livre, Livre Pensamento, Livre Consciência, Livre Expressão! Todos esses vieram a se transformar em direitos inalienáveis, que aqueles que foram deles apartados ou os tiveram roubados, ou que cujos ancestrais os perderam, passaram a ter o direito de os retomar sumariamente. Infelizmente, como Verdades sempre são pervertidas em falsidades, e são falsidades quando mal aplicadas, esta  Verdade se tornou o Evangelho da Anarquia, logo após ter sido pregada pela primeira vez. A Maçonaria compreendeu muito cedo esta Verdade, e reconheceu seus próprios deveres ampliados. Seus símbolos, então, passaram a ter um significado mais abrangente; mas ela também assumiu a máscara de “arte dos pedreiros”, e tomou emprestadas suas ferramentas de trabalho, assim recebendo novos e apropriados símbolos. Ajudou a causar a Revolução Francesa, desapareceu com os Girondistas, renasceu com a restauração da ordem e apoiou Napoleão, porque, apesar de Imperador, reconheceu o direito do povo de escolher seus governantes e esteve à frente de uma nação que se recusava a receber de volta seus velhos reis. Ele defendeu, com sabre, mosquete e canhão, a grande causa do Povo contra a Realeza, o direito do povo Francês de até fazer de um General Corso seu Imperador, se isto o agradasse. A Maçonaria sentiu que esta Verdade tinha a Onipotência de Deus ao seu lado; e que nem Papa nem Potentado poderiam sujeitá-la. Era uma verdade que se desprendeu para dentro do grande tesouro do mundo, fazendo parte da herança que cada geração recebe, aumenta, mantém em custódia, e

necessariamente lega à humanidade; o patrimônio pessoal do homem, herdado da natureza para o fim dos tempos. E a Maçonaria cedo reconheceu como verdadeiro, que apresentar e desenvolver uma verdade, ou qualquer excelência de dom ou crescimento, é tornar ainda maior a glória espiritual da raça; que qualquer coisa que auxilia a marcha de uma Verdade e faz do pensamento um fato, escreve na mesma linha com Moisés, e com Aquele que morreu na cruz, e tem afinidade intelectual com a Própria Divindade. A melhor dádiva que podemos outorgar às pessoas é o humanismo. É o que Deus ordena à Maçonaria para entregar aos seus devotos: não sectarismo e dogma religioso; não uma moralidade rudimentar que pode ser encontrada nos escritos de Confúcio, Zoroastro, Sêneca e dos Rabinos, nos Provérbios e em Eclesiastes; mas humanismo, ciência e filosofia. Não que Filosofia ou Ciência estejam em oposição a Religião. Porque a Filosofia nada mais é do que o conhecimento de Deus e da Alma, que deriva da observação da ação manifesta de Deus e da Alma, a de uma analogia sábia. É o guia intelectual que o sentimento religioso necessita. A verdadeira filosofia religiosa de um ser imperfeito não é um sistema de credo, mas, como SÓCRATES  pensou, uma busca ou aproximação infinitas. Filosofia é aquele progresso intelectual e moral que o sentimento religioso inspira e enobrece. Quanto à Ciência, não pôde caminhar sozinha enquanto a religião esteve estacionária. Ela consiste das inferências maduras da experiência que toda outra experiência confirma. Concretiza e une tudo o que era realmente valioso em ambos os velhos esquemas de meditação, – um heroico, ou o sistema de ação e esforço; e a teoria mística  da comunhão contemplativa, espiritual. “Escutem-me”, diz GALEN, “como à voz do Hierofante Eleusino, e creiam que o estudo da Natureza é um mistério não menos importante do que os dele, nem menos adaptado para mostrar a sabedoria e o poder do Grande Criador. Suas lições e demonstrações eram obscuras, mas as nossas são claras e inequívocas”. Avaliamos ser o melhor conhecimento que podemos obter da Alma de outra pessoa, aquele que é fornecido por seus atos e por sua conduta ao longo da vida. Uma evidência em contrário, fornecida por aquilo que outra pessoa nos

informa que essa Alma tenha dito à dele, pesaria muito pouco em comparação à anterior. As primeiras Escrituras para a raça humana foram escritas por Deus na Terra e nos Céus. A leitura dessas Escrituras é a Ciência. A familiaridade com a grama e as árvores, os insetos e os protozoários, nos ensina lições mais profundas de amor e fé do que as que podemos colher dos escritos de FÉNELON e AGOSTINHO. A grande Bíblia de Deus está sempre aberta perante a humanidade. Conhecimento é conversível em poder, e axiomas em regras de utilidade e dever. Mas conhecimento em si não é Poder. Sabedoria é Poder; e seu Primeiro Ministro é a JUSTIÇA, que é a lei aperfeiçoada da VERDADE. Portanto, o propósito da Educação e da Ciência é tornar as pessoas mais sábias. Se o conhecimento não o fizer, é desperdiçado, como água derramada nas areias. Conhecer as fórmulas  da Maçonaria, por si só, é de tão pouca valia quanto conhecer muitas palavras e sentenças em algum dialeto bárbaro Africano ou Australasiano. Conhecer mesmo o  significado  dos símbolos é quase nada, a não ser que contribua à nossa sabedoria e também à nossa caridade, que é para a justiça o que um hemisfério do cérebro é para o outro. Não perca de vista, então, o verdadeiro objetivo de seus estudos na Maçonaria. É contribuir para seu patrimônio de sabedoria, e não simplesmente para seu conhecimento. Uma pessoa pode passar toda uma vida estudando uma única especialidade de conhecimento, – botânica, conquiliologia ou entomologia, por exemplo, – se comprometendo em memorizar nomes derivados do Grego, classificando-os e reclassificando-os; e ainda assim não ser mais sábia do que quando começou. São as grandes verdades que mais preocupam as pessoas, assim como seus direitos, interesses e deveres, que a Maçonaria procura ensinar aos seus Iniciados. Quanto mais sábia uma pessoa se torna, menos estará inclinada a se submeter mansamente à imposição de grilhões ou cangas, seja sobre sua consciência ou pessoa. Pois, com o aumento da sabedoria, não só conhecerá melhor seus direitos, mas também os valorizará mais, e será mais consciente de seu valor e dignidade. Seu orgulho, então, a encoraja a declarar sua independência. Tornar-se-á mais capaz de fazê-lo, também; e mais capaz de ajudar os outros e sua pátria, quando eles ou ela apostarem tudo, até suas existências, na mesma declaração. Porém o mero conhecimento não torna ninguém

independente, nem o prepara para ser livre. Na maioria das vezes, o faz um escravo mais útil. A Liberdade é maldição para o ignorante e bruto. A ciência política tem como objetivo averiguar de que maneira e por meio de quais instituições a liberdade política e pessoal pode ser assegurada e perpetuada: não a permissão ou o mero direito de qualquer um votar, mas a liberdade completa e absoluta de pensamento e opinião, igualmente livre do despotismo do monarca, da gentalha e do prelado; liberdade de ação dentro dos limites da lei geral decretada para todos; os Tribunais de Justiça, com Juízes e júris imparciais, abertos igualmente para todos; fraqueza e pobreza tão poderosos nesses Tribunais quanto poder e riqueza; as avenidas para os cargos e para a honra igualmente abertas a todos os que mereçam; os poderes militares, na guerra ou na paz , em estrita subordinação ao poder civil; impossibilidade de prisões arbitrárias por atos não reconhecidos pela lei como crimes; desconhecimento de Inquisições Papistas, Câmaras-Estreladas e Comissões Militares; meios de instrução ao alcance dos filhos de todos; direito de Livre Expressão; e obrigação de prestar contas de todos os funcionários públicos, civis e militares. Se a Maçonaria precisasse de justificação para impor deveres políticos, bem como morais, a seus Iniciados, bastaria apontar para a triste história do mundo. Não seria sequer necessário voltar as páginas da história para os capítulos escritos por Tácito: nem recitar os incríveis horrores do despotismo sob Calígula e Domiciano, Caracala e Cômodo, Vitélio e Maximino. Precisa apenas apontar para os séculos de calamidade pelos quais a alegre nação francesa passou; para a longa opressão das épocas feudais, dos egoístas reis Bourbons; para aqueles tempos quando os lavradores eram roubados e abatidos como ovelhas por seus lordes e príncipes; para quando o lorde exigia as primícias do leito matrimonial do lavrador; para quando a cidade capturada sucumbia a estupros e massacres impiedosos; para quando as prisões do Estado gemiam com vítimas inocentes e a Igreja abençoava os estandartes de assassinos cruéis, e cantava Te Deums  para a misericórdia coroada da Noite de São Bartolomeu. Podemos virar as páginas para um capítulo mais adiante, – o do reinado de Luís XV, quando jovens meninas, pouco mais que crianças, eram raptadas para servir às suas luxúrias; quando as lettres de cachet   enchiam a Bastilha

com pessoas acusadas de crime nenhum, com maridos que obstruíam o caminho dos prazeres de esposas lascivas e de vilões trajando ordens de nobreza; quando o povo era esmigalhado entre a mó superior e inferior das taxas, da alfândega e dos impostos; e quando o Núncio Papal e o Cardeal de La Roche-Aymon, ajoelhando-se devotadamente, um de cada lado de Madame Du Barry, a prostituta abandonada do rei, colocavam os chinelos em seus pés descalços, conforme ela se levantava da cama adulterina. Então, deveras, sofrimento e trabalho eram as duas formas de homem, e as pessoas nada mais eram do que burros de carga. O verdadeiro Maçom é o que trabalha incansavelmente para ajudar sua Ordem efetivar seus grandes propósitos. Não que a Ordem consiga alcançálos sozinha; mas que ele, também, possa ajudar. Ela também é um dos instrumentos de Deus. É uma Força e um Poder; e seria uma vergonha se não pudesse se empenhar e, se necessário, sacrificar seus filhos na causa da humanidade, tal como Abraão esteve pronto para oferecer Isaque no altar do sacrifício. Ela não esquecerá aquela nobre alegoria de Cúrcio saltando, de armadura completa, para o grande abismo bocejante que se abriu para engolir Roma. Ela TENTARÁ. Não será sua culpa se nunca chegar o dia no qual as pessoas não mais terão que temer uma conquista, uma invasão, uma usurpação, uma rivalidade de nações à mão armada, uma interrupção da civilização dependendo de um casamento real, ou um nascimento nas tiranias hereditárias; uma separação das pessoas por um Congresso, um desmembramento pela queda de uma dinastia, um combate entre duas religiões, cabeceando-se como duas cabras de escuridão sobre a ponte do Infinito: Quando não mais terão que temer a fome, a espoliação, a prostituição a partir da miséria, a miséria a partir da falta de trabalho, e todo o banditismo do acaso na floresta dos eventos; quando as nações gravitarão ao redor da Verdade, como astros ao redor da luz, cada qual em sua órbita, sem choque ou colisão; e em todos os lugares a Liberdade, cinturada por estrelas, coroada com os esplendores celestiais, e com a sabedoria e a justiça em cada mão, reinará suprema. Em seus estudos como Companheiro você deve ser guiado por RAZÃO, AMOR  e FÉ. Não discutiremos agora as diferenças entre Razão e Fé, nem nos

responsabilizaremos por definir os domínios de cada uma. Mas é necessário dizer que, mesmo nos assuntos mais comuns da vida, somos governados muito mais pelo que acreditamos  do que pelo que  sabemos; por FÉ e ANALOGIA, do que pela RAZÃO. A “Era da Razão” da Revolução Francesa ensinou, sabemos, que grande insensatez é entronar a Razão, sozinha, como suprema. A Razão é falha quando lida com o Infinito. Aí devemos venerar e crer. Não obstante as calamidades dos virtuosos, as misérias dos merecedores, a prosperidade de tiranos e o assassinato de mártires,  precisamos  crer que existe um Deus sábio, justo, piedoso e amoroso, uma Inteligência e uma Providência, supremas sobre tudo, que cuidam das coisas e eventos mais minúsculos. A Fé é uma necessidade para o homem. Ai daquele que não crê em nada! Acreditamos que a alma de alguém tenha uma tal natureza e possui tais qualidades, que tal pessoa é generosa e honesta, ou penuriosa e desonesta, que outra é virtuosa e amigável ou viciosa e mau-humorada, somente a partir do semblante, de pouco mais que um relance, sem meios de conhecimento. Arriscamos nossa sorte na assinatura de alguém do outro lado do mundo, a quem nunca vimos, na crença de que esta pessoa seja honesta e confiável. Cremos que acontecimentos ocorrem, pela afirmação de outros. Cremos que uma vontade age sobre outra, e na realidade de uma multidão de outros fenômenos que a Razão não consegue explicar. Mas não  devemos acreditar no que a Razão nega autoritariamente, no que revolta o senso de direito, no que é absurdo ou contraditório, ou em desacordo com a experiência ou com a ciência, ou no que degrada o caráter da Divindade e que pode fazê-La vingativa, maligna, cruel ou injusta. A Fé de uma pessoa é tão particular quanto a sua Razão. Sua Liberdade consiste tanto em sua fé ser livre quanto em sua vontade não ser controlada pelo poder. Nenhum dos Sacerdotes e Áugures de Roma ou da Grécia teve o direito de pedir a Cícero ou a Sócrates que acreditassem na mitologia absurda do vulgar. Nenhum Imã do Islamismo tem o direito de pedir a um Pagão que acredite que Gabriel ditou o Alcorão ao Profeta. Nenhum dos Brâmanes que, em algum tempo, viveram, se reunidos num conclave como os Cardeais, receberia o direito de compelir um único ser humano a crer na Cosmogonia Hindu. Nenhuma pessoa ou grupo podem ser infalíveis, nem autorizados a decidir em que outras pessoas devem acreditar como doutrina de fé. Exceto

para aqueles que a recebem em princípio, toda religião e a verdade de todos os escritos inspirados dependem do testemunho humano  e de evidências internas, a serem julgadas pela Razão e pelas analogias sábias da Fé. Cada pessoa deve, necessariamente, ter o direito de julgar suas verdades por si mesmo; porque nenhuma pessoa pode ter qualquer direito maior ou melhor do que outra que tem igual informação e inteligência. Domiciano alegou ser o Deus Soberano; e foram encontradas estátuas e imagens suas, em prata e ouro, por todo o mundo conhecido. Reivindicou ser visto como o Deus de todas as pessoas; e, de acordo com Suetônio, começava suas cartas assim: “ Nosso Senhor e Deus ordena que deva ser feito assim e assim;”  e decretou formalmente que ninguém se dirigisse a ele de outra forma, fosse por escrito ou por palavra falada. Palfúrio Sura, o filósofo, que era seu delator principal, acusando os que se recusavam a reconhecer sua divindade, acreditasse ele o quanto fosse em tal divindade, não tinha o direito de exigir que um único Cristão em Roma ou nas províncias fizesse o mesmo . A Razão está longe de ser o único guia, na moral ou na ciência política. O Amor, ou a bondade amorosa, deve manter-se em sua companhia, para excluir o fanatismo, a intolerância e a perseguição, de tudo ao que levam, invariavelmente, uma moralidade demasiadamente ascética e princípios políticos extremos. Devemos também ter fé em nós mesmos, em nossos companheiros e no povo, ou seremos facilmente desencorajados pelos reveses, e nosso ardor esfriado por obstáculos. Não devemos escutar somente a Razão. A Força vem mais da Fé e do Amor: e é com a ajuda destes que o homem escala as alturas mais elevadas da moralidade, ou se torna Salvador e Redentor de um Povo. A Razão precisa segurar o leme, mas Fé e Amor devem suprir a força motriz. Eles são as asas da alma. O entusiasmo é geralmente irracional; mas sem ele, nem Amor e Fé, não teriam existido RIENZI, ou TELL, ou SYDNEY, ou nenhum dos outros grandes patriotas cujos nomes são imortais. Se a Divindade tivesse sido mera e simplesmente Todo-sábia e Todo-poderosa, nunca teria criado o Universo. É o GÊNIO  que obtém Poder; e seus primeiros-tenentes são a FORÇA e a SABEDORIA. O mais desregrado dos homens curva-se diante do líder que tem o senso para ver e a vontade para fazer. É o Gênio que governa com o Poder Divino; que desvela, com seus conselheiros, os mistérios humanos

escondidos, e com suas palavras, corta em pedaços os nós enormes e reconstrói as ruínas desmoronadas. Ao seu relance caem os ídolos sem sentido, cujos altares estiveram em todos os lugares altos e em todos os bosques sagrados. A desonestidade e a imbecilidade se envergonham diante dele. Seu simples Sim ou Não revoga os erros das eras e é ouvido entre gerações futuras. Seu poder é imenso, porque sua sabedoria é imensa. O Gênio é o Sol da esfera política. Força e Sabedoria, seus ministros, são os globos que levam sua luz para as trevas, e respondem a ele com sua Verdade sólida e refletora. O Desenvolvimento é simbolizado pelo uso do Malho e do Cinzel; o desenvolvimento das energias e do intelecto, do indivíduo e do povo. O Gênio pode se estabelecer na liderança de uma nação ignorante, deseducada e sem energias; mas num país livre, o único modo de assegurar intelecto e gênio para os governantes é cultivar o intelecto dos que os elegem. Quase nunca o mundo é governado pelos grandes espíritos, exceto depois de uma dissolução e renascimento. Em períodos de transição e convulsão, os Parlamentos Longos, os Robespierres e Marats, e as semirrespeitabilidades do intelecto, muitas vezes retêm as rédeas de poder. Os Cromwells e Napoleões vêm depois. Depois de Mário, de Sula e do retórico Cícero, CÉSAR . O grande intelecto muitas vezes é aguçado demais para o granito desta vida. Legisladores podem ser pessoas muito ordinárias; porque a legislação é um trabalho muito ordinário; é apenas a publicação final de um milhão de mentes. O poder do dinheiro ou da espada, comparado ao do espírito, é pobre e desprezível. Quanto às terras, pode haver leis agrárias e repartição igual. Mas o intelecto de um homem é inteiramente seu, recebido diretamente de Deus, como um feudo inalienável. É a mais poderosa das armas nas mãos de um paladino. Se as pessoas compreendem a Força no sentido físico, quanto mais não reverenciariam a Força intelectual! Pergunte a Hildebrando, a Lutero ou a Loyola. Eles caem prostrados diante desta como diante de um ídolo. A supremacia da mente sobre a mente é a única conquista que vale a pena. A outra força fere a ambas e se dissolve num sopro; rústica como é, a grande corda cede e finalmente se rompe. Mas isto se assemelha de modo turvo ao domínio do Criador. Não requer um tema como o de Pedro, o Eremita. Se o fluxo apenas for brilhante e forte, varrerá o coração do povo como uma maré

de primavera. A fascinação reside não apenas na palavra, mas no ato intelectual. É a homenagem ao Invisível. Este poder, amarrado com Amor, é a corrente de ouro colocada na nascente da Verdade, ou a cadeia invisível que prende unidas as classes da humanidade. A influência de um homem sobre outro é uma lei da natureza, quer seja através de uma grande propriedade de terra ou de intelecto. Pode significar escravidão, uma deferência ao eminente julgamento humano. Espiritualmente, a sociedade se une como as esferas giratórias do alto. O país livre, no qual o intelecto e o gênio governam, durará. Quando o intelecto e o gênio são servis, e outras influências governam, a vida nacional é curta. Todas as nações que tentaram se autogovernar por seus menores, pelos incapazes, ou meramente respeitáveis, vieram ao zero. Constituições e Leis, sem o Gênio e o Intelecto para governar, não prevenirão a decadência. Neste caso, estão carunchadas e suas vidas se esvaem gradualmente. O único modo seguro de perpetuar a liberdade é concedendo à nação a franquia do Intelecto. Esta compelirá ao empenho e ao cuidado generoso por parte dos que ocupam as cadeiras mais altas, e à lealdade honorável e inteligente dos mais abaixo. Assim, a vida política pública protegerá todas as pessoas da autodegradação em buscas sensuais, de atos vulgares e de torpe ganância, desenvolvendo a ambição nobre de um governo imperial justo. Elevar o povo através do ensino da bondade amorosa e da sabedoria, com poder a quem ensina melhor: e assim desenvolver o Estado livre a partir da Pedra Bruta: este é o grande labor ao qual a Maçonaria deseja estender uma mão auxiliadora. Todos nós devemos trabalhar na construção do grande monumento de uma nação, a Casa Sagrada do Templo. As virtudes cardeais não podem ser repartidas entre as pessoas, tornando-se propriedade exclusiva de alguns, como as profissões. TODOS  são aprendizes destes sócios: o Dever e a Honra. A Maçonaria é uma marcha e uma luta em direção à Luz. Para o indivíduo, bem como para a nação, Luz é Virtude, Humanismo, Inteligência e Liberdade. A tirania sobre a alma ou sobre o corpo é escuridão. Os povos mais livres, como as pessoas mais livres, estão sempre em perigo de reincidir

na servidão. Guerras quase sempre são fatais às Repúblicas. Criam tiranos e consolidam seu poder. Irrompem, na maioria das vezes, de conselhos nocivos. Quando os pequenos e os ignóbeis são incumbidos do poder, a legislação e administração se tornam duas séries paralelas de erros estúpidos, terminando em guerra, calamidade, e na necessidade de um tirano. Quando a nação sente seus pés escorregando para trás, como se andasse sobre o gelo, é chegado o momento de um esforço supremo. Os tiranos magníficos do passado são meros modelos dos do futuro. Pessoas e nações sempre se venderão à escravidão para gratificar suas paixões e obter revanche. O pretexto do tirano – a necessidade – está sempre disponível; e uma vez o tirano no poder, a necessidade da garantia de sua segurança o faz selvagem. Religião é um poder e o tirano precisa controlá-lo. Independentes, os santuários religiosos podem se rebelar. Então passa a ser ilegal às pessoas adorar a Deus a seu próprio modo, e os velhos despotismos espirituais revivem. As pessoas devem crer como o Poder quer, ou então morrer; e, mesmo que cressem como quisessem, tudo o que teriam, terras, casas, corpo e alma, estaria carimbado com a marca real. “ O Estado sou eu”, disse Luís XIV aos seus camponeses; “até as camisas em vossas costas são minhas, e eu posso tirá-las, se quiser ”. E dinastias assim estabelecidas duram, como a dos Césares de Roma, a dos Césares de Constantinopla, a dos Califas, dos Stuarts, dos Espanhóis, dos Godos, dos Valois, até que a raça se desgaste e termine com os lunáticos e idiotas, que ainda  governam. Não há concórdia entre os homens que acabe com a horrível servidão. O Estado cai internamente, bem como pelos golpes exteriores dos elementos incoerentes. As furiosas paixões humanas, a dormente indolência humana, a fleumática ignorância humana, a rivalidade de castas humanas, são tão úteis para os reis como as espadas para os Paladinos. Os adoradores têm-se curvado por tanto tempo ao velho ídolo que não podem sair às ruas e escolher outro Grande Lama. E assim o Estado infértil flutua na corrente enlameada do Tempo, até que a tempestade ou a maré percebam que o verme consumiu sua força e o Estado desmorone no esquecimento. Liberdade civil e religiosa devem andar de mãos dadas; e a Perseguição amadurece a ambas. Um povo satisfeito com os pensamentos criados para ele pelos sacerdotes de uma igreja estará satisfeito com a Realeza por Direito

Divino, – a Igreja e o Trono sustentando-se mutuamente. Abafarão o cisma e colherão infidelidade e indiferença; e, enquanto a batalha por liberdade se passa ao seu redor, tanto mais afundarão apaticamente na servidão e num transe profundo, talvez interrompido ocasionalmente por furiosos ataques de frenesis, seguidos de exaustão desamparada. Despotismo não é difícil numa terra que, desde sua infância, conheceu apenas um mestre; mas não há problema mais complexo do que o povo aperfeiçoar e perpetuar, por si só, o livre governo; pois não será necessário um só rei: todos devem ser reis. É fácil erguer Masanielo, que em poucos dias cairá mais abaixo do que estava antes. Mas um governo livre cresce lentamente, como as faculdades humanas individuais; e como as árvores das florestas, desde o âmago até o exterior. A Liberdade não é apenas o direito comum natural de todos, mas é perdida tanto por não-usuários quanto por maus-usuários. Depende muito mais do esforço universal do que de qualquer outra propriedade humana. Ela não tem nenhum santuário ou nascente sagrada para onde a nação peregrine; pois suas águas devem brotar livremente de todo o solo. O poder popular livre é um dos que só são conhecidos em sua força na hora da adversidade: pois todos os seus processos, sacrifícios e expectativas lhe são intrínsecos. É treinado para pensar por si mesmo, e também agir por si mesmo. Quando o povo escravizado se prostra na poeira ante o furacão, como animais do campo amedrontados, o povo livre se mantém ereto perante ele, com toda a força de unidade, em autoconfiança, em confiança mútua, com insolência contra tudo, salvo a mão visível de Deus. Não é derrubado pela calamidade nem exultado pelo sucesso. Este vasto poder de persistência, de continência, de paciência e de desempenho somente é adquirido pelo exercício contínuo de todas as funções, como o saudável vigor físico humano, como o vigor moral individual. E a máxima é tão velha quanto verdadeira, que o preço da liberdade é a eterna vigilância. É curioso observar o pretexto universal pelos quais os tiranos de todos os tempos tiram as liberdades nacionais. Está expresso nos estatutos de Eduardo II que os juízes e os xerifes não mais poderiam ser eleitos pelo povo,

por conta das manifestações e dissensões que aconteceriam. O mesmo motivo foi dado muito antes para a supressão da eleição popular dos bispos; e existe uma testemunha desta inverdade em tempos ainda mais antigos, quando Roma perdeu sua liberdade, e seus cidadãos indignados declararam que a liberdade tumultuada era melhor que a tranquilidade desgraçada. Com os Compassos e a Régua podemos traçar todas as figuras usadas na matemática dos planos, ou no que chamamos de GEOMETRIA e TRIGONOMETRIA, duas palavras que, em si mesmas, são deficientes de significado. GEOMETRIA, que na maioria das Lojas é dito ser o significado da letra G.·., significa medição de terra  ou da Terra – ou Agrimensura; e TRIGONOMETRIA, a medição de triângulos, ou figuras de três lados ou ângulos. Este último nome é de longe o mais apropriado para a ciência que visa ser expressa pela palavra “Geometria”.  Nenhum desses nomes tem um significado suficientemente amplo: pois apesar das vastas medições dos grandes espaços da superfície da terra, e costas terrestres, a fim de serem evitados naufrágios e calamidades pelos marinheiros, serem efetuadas por meio de triangulação; – e ter sido pelo mesmo método que os astrônomos franceses mediram um grau de latitude e então estabeleceram uma escala de medidas numa base imutável; apesar de a distância de Júpiter, ou Sirius, à Terra ter sido calculada por meio do imenso triângulo que tem por sua base uma linha imaginária traçada entre a posição da terra agora no espaço e sua posição daqui a seis meses, e por seu ápice um planeta ou estrela; e apesar de existir um triângulo ainda maior, sua base se afastando de nós em ambas as direções, ultrapassando o horizonte em imensidão, e seu ápice sobre nós, infinitamente distante; ao qual corresponde, a seguir, um triângulo infinito semelhante – o que está acima é igual ao que está em baixo, imensidade igual a imensidade;  – e mesmo assim a Ciência dos Números, à qual Pitágoras deu tamanha importância e cujos mistérios podem ser encontrados em todo lugar nas religiões antigas, principalmente na Cabala e na Bíblia, não é suficientemente expressa nem pela palavra “Geometria”  nem pela palavra “Trigonometria”.  Pois aquela ciência inclui estas juntamente com a Aritmética, e também com Álgebra, Logaritmos e Cálculo Diferencial e Integral; e por meio dela são elaborados os grandes problemas da Astronomia ou as Leis dos Astros. A Virtude é uma bravura heroica, é fazer  a coisa pensada se tornar realidade,

a despeito de todos os inimigos de carne e osso ou de espírito, a despeito de todas as tentações ou ameaças. As pessoas estão responsáveis pela sinceridade de sua doutrina, mas não pela certeza desta. O entusiasmo devotado é muito mais fácil do que uma boa ação. O fim do pensamento é ação; o único propósito da Religião é uma Ética. A teoria na ciência política é inútil, exceto pelo propósito de ser realizada na prática. Existem duas regiões em todo credo, religioso ou político, dentro das almas das pessoas, a Dialética e a Ética; e somente quando as duas estão harmoniosamente misturadas, uma disciplina perfeita é desenvolvida. Existem pessoas que, dialeticamente, são Cristãs, tal como existe uma multidão de homens que, dialeticamente, são Maçons, porém eticamente Infiéis, pois são eticamente Profanos, no sentido mais estrito: crentes intelectuais, mas ateus práticos; – pessoas que lhe escreveriam “Evidências”, em perfeita fé em suas lógicas, mas que não são capazes de cumprir a doutrina Católica ou Maçônica, devido à força, ou fraqueza, da carne. Por outro lado, existem muitos céticos dialéticos, mas eticamente crentes, como existem muitos Maçons que nunca passaram pela iniciação; e, como a ética é o fim e o propósito da religião, estes crentes éticos são os mais valiosos. Aquele que faz o certo é melhor do que o que  pensa certo. Mas você não deve agir sob a hipótese de que todas as pessoas, cuja conduta não estiver alinhada com seus sentimentos, sejam hipócritas. A inexistência do vício é a mais rara, pois nenhuma tarefa é mais difícil do que a hipocrisia sistemática. Quando o Demagogo se torna um Usurpador, isto não resulta dele ter sido hipócrita todo o tempo. Pessoas superficiais, apenas, julgam outras assim. A verdade é que o credo tem, em geral, influência muito pequena sobre a conduta; na religião, sobre a do indivíduo; na política, sobre a do partido. Genericamente, o Maometano, no Oriente, é muito mais honesto e confiável do que o Cristão. Um Evangelho de Amor nos lábios é um Avatar de Perseguição no coração. Pessoas que acreditam em maldição eterna e num mar literal de fogo e enxofre incorrem a certeza deles, de acordo com seu credo, à menor tentação de apetite ou paixão. A Predestinação insiste na necessidade de boas obras. Na Maçonaria, ao menor fluxo de paixão, um

falará mal do outro pelas costas: e a “Fraternidade”  da Maçonaria Azul estará longe de se tornar real e de serem cumpridas as promessas solenes contidas no uso da palavra “Irmão”,  e serão feitos esforços dolorosos para mostrar que a Maçonaria é uma espécie de abstração, que desdenha a interferência em assuntos terrenos. A regra pode ser entendida como universal, que onde houver escolha a ser feita, um Maçom dará seu voto e sua influência, na política e nos negócios, ao profano menos qualificado em preferência ao Maçom mais qualificado. Um jurará se opor a qualquer usurpação ilegal de poder e então se tornará o instrumento pronto, e até ansioso, de um usurpador. Outro chamará alguém de “Irmão” e logo em seguida fará o papel de Judas Iscariotes, ou feri-lo-á como Joabe feriu Abner, abaixo da quinta costela, com uma mentira cuja autoria não poderá ser descoberta. A Maçonaria não modifica a natureza humana e não consegue criar homens honestos a partir de patifes natos. Enquanto você ainda está envolvido na sua preparação, e acumulando princípios para uso futuro, não se esqueça das palavras do Apóstolo Tiago: “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural, porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era, aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã... Fé, se não tiver as obras, é  morta em si mesma. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé... Os demônios o crêem – e estremecem... Como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” Em ciência política, ademais, governos livres são erigidos e constituições livres são emolduradas sobre alguma teoria simples e inteligível. Qualquer que seja a teoria sobre a qual estejam baseados, nenhuma conclusão sólida poderá ser alcançada exceto se a teoria for realizada sem hesitação, assim na discussão de questões constitucionais como na prática. Recue, por timidez, da teoria verdadeira, ou desvie-se dela por causa de escassez de faculdade lógica, ou mesmo transgrida-a por meio da paixão, ou sob a alegação de necessidade, ou conveniência, e você terá negação ou invasão de direitos, leis

que ofendem princípios primários, usurpação de poderes ilegais ou abnegação e abdicação da autoridade legítima. Não se esqueça, também, de como o exibicionista, superficial, impudico e convencido será quase sempre preferido a pessoas de profundos conhecimentos, amplo intelecto e simpatias católicas, mesmo na extrema tensão do perigo e na calamidade do Estado, pois ele estará mais próximo do nível comum, popular e legislativo, de modo que a verdade mais alta não será aceitável à massa da humanidade. Quando perguntaram a SÓLON se havia dado aos seus patrícios as melhores leis, respondeu: “ As melhores que eles são capazes de receber ”. Esta é uma das expressões mais profundas já registradas; e, tal como todas as grandes verdades, tão simples que raramente é compreendida. Ela contém toda a filosofia da História. Expressa uma verdade que, se houvesse sido reconhecida, teria evitado às pessoas uma imensidade de disputas vãs e inúteis, e, no Passado, as teria levado por caminhos mais límpidos ao conhecimento. Significa que, – todas as verdades são Verdades de Período, não verdades de eternidade; que qualquer grande fato que tenha tido força e vitalidade suficientes para se fazer real, – seja religioso, moral, governamental ou outro qualquer – e para encontrar lugar neste mundo, fora uma verdade  para seu tempo, tão boa quanto as pessoas seriam capazes de receber . É assim, também, com grandes homens. O intelecto e capacidade de um povo têm uma medida única, – a dos grandes homens a quem a Providência os dá e de quem os recebe. Sempre houve pessoas grandiosas demais para seu tempo ou seu povo. Todo povo faz de tais pessoas seus ídolos, na medida em que é capaz de compreendê-las. Será sempre uma especulação vã e vazia impor a verdade ou a lei ideal a uma pessoa incapaz, ou meramente real. As leis da afinidade a governam, assim como no que diz respeito às pessoas que são postas como cabeça do governo. Não sabemos ainda quais qualificações as ovelhas exigem de um pastor. Com pessoas intelectualmente muito altas, a massa tem tão pouca afinidade quanto tem com as estrelas. Quando BURKE, o estadista mais sábio que a Inglaterra á teve, ergueu-se para falar, a Casa dos Comuns esvaziou-se, como sob um

sinal combinado. Existe tão pouca afinidade entre a massa e as VERDADES mais elevadas. A verdade mais elevada, assim como o homem mais elevado, sendo incompreensíveis ao homem de realidades, – e sendo grandemente superiores a ele – parecerão irrealidades e falsidades enormes para um homem não-intelectual. As doutrinas mais profundas da Cristandade e da Filosofia seriam meros jargões e balbucios para um índio Pottawatomie. As explicações populares dos símbolos da Maçonaria se adéquam à multidão que enxameia os Templos, – chegam apenas até o limite de sua capacidade. O Catolicismo foi uma verdade vital em épocas antigas, mas se tornou obsoleto e o Protestantismo nasceu, floresceu e se deteriorou. As doutrinas de ZOROASTRO  foram as melhores que os antigos Persas estavam em condições de receber; as de CONFÚCIO  se adequaram aos Chineses; as de MAOMÉ  aos Árabes idólatras de sua época. Cada qual foi uma Verdade a seu tempo. Cada qual foi um EVANGELHO, pregado por um REFORMADOR ; e, se algumas pessoas são tão desafortunadas a ponto de se satisfazerem apenas com elas, enquanto outras alcançaram uma verdade mais elevada, tal é seu infortúnio, mas não sua culpa. Merecem piedade, não perseguição. Não pense ser fácil convencer as pessoas da verdade, nem levá-las a pensar corretamente. O sutil intelecto humano é capaz de lançar sua neblina até sobre a visão mais clara. Lembre-se de que é bastante excêntrico pedir a unanimidade de um júri; mas pedi-la para um grande número de pessoas, a respeito de qualquer ponto de credo político, é espantoso. Você mal pode fazer que duas pessoas de algum Congresso ou Convenção concordarem –  não! raramente você consegue fazer uma só concordar consigo mesma. A igreja política que tenta ser suprema em todo lugar tem um número indefinido de idiomas. Então, como podemos esperar das pessoas que concordem quanto a um assunto fora do alcance de seus sentidos? Como então podemos compreender o Infinito e o Invisível com alguma cadeia de evidência? Pergunte às pequenas ondas do mar o que elas murmuram entre os seixos! Quantas daquelas palavras, que vêm daquela praia invisível, estarão perdidas como os pássaros na longa migração? Quão em vão forçamos nossa vista através do longo infinito! Devemos ser contentes, como as crianças, com as pedrinhas encalhadas na praia, pois nos é proibido explorar profundidades ocultas.

O Companheiro é assim ensinado, especialmente para não se considerar sábio. Orgulho em teorias sem solidez é pior do que a ignorância. A Humildade faz um Maçom. Tome algum momento da vida, quieto e sóbrio, e some as duas ideias, de Orgulho e de Homem; e observe-a, a criatura de um instante, andando arrogantemente através do espaço infinito, em toda a grandeza de sua pequenez! Empoleirada numa partícula do Universo, cada vento do Céu injeta em seu sangue a frieza da morte; sua alma evola-se de seu corpo, como uma melodia de uma corda de instrumento. Dia e noite, como poeira na roda, ela é rolada pelos céus através de um labirinto de mundos, e todas as criações de Deus fulguram por todos os lados, para além do que até sua imaginação pode alcançar. Poderia essa criatura fazer para si uma coroa de glória, negar sua própria carne, zombar de seu semelhante, que com ela saiu daquela poeira, e para a qual ambas logo retornarão? Será que o homem orgulhoso não erra? Não sofre? Não morre? Quando raciocina, nunca é interrompido por dificuldades? Quando age, será que nunca sucumbe às tentações do prazer? Quando vive, está livre da dor? Ou as doenças não o reclamam como presa? Quando morrer, poderá escapar da sepultura? O orgulho não é herança humana. A Humildade deve enfatizar a fragilidade e reparar a ignorância, o erro e a imperfeição. Tampouco deve o Maçom ser ansioso demais por cargo ou honraria, a despeito de poder sentir com certeza que tem capacidade de servir o Estado. Não deve buscar nem desdenhar honrarias. É bom apreciar as bênçãos da sorte; e melhor é submeter-se à sua perda sem nenhuma fisgada. Os maiores feitos não são executados à claridade da luz nem diante dos olhos da população. Aquele a quem Deus presenteou com amor pelo retiro possui, por assim dizer, um senso adicional; e entre os vastos e nobres cenários da natureza, encontraremos o bálsamo para os ferimentos que recebemos em meio às patéticas mudanças de política; pois o apego pela solidão é o preservativo mais seguro contra os males da vida. Mas a Resignação é o mais nobre em proporção, tal como é o menos passivo. Solidão é apenas um egoísmo mórbido se proíbe os esforços pelos outros; somente é digna e nobre quando for a sombra de onde os oráculos instruem a espécie humana; e um retiro desta natureza é a única segregação que uma pessoa boa e sábia irá desejar ou ordenar. A mesma filosofia que faz tal pessoa desejar a quietude, a fará evitar a inutilidade do eremitério. O LORD

BOLINGBROKE teria parecido muito pouco louvável entre seus forrageiros e lavradores se, dentre forrageiros e lavradores ele tivesse mirado com olhos indiferentes para um ministro libertino e um Parlamento venal. Pouco interesse teriam os seus feijões e ervilhas, se feijões e ervilhas o tivessem feito se esquecer que, se era mais feliz em uma fazenda poderia ser mais útil em um Senado, e o feito abrir mão de todos os cuidados, na esfera de diretor de uma propriedade, para a reentrada como um legislador. Lembre-se, também, de que existe uma educação que acelera o Intelecto e deixa o coração mais oco ou mais duro do que antes. Existem lições éticas nas leis dos corpos celestiais, nas propriedades, nos elementos terrestres, na geografia, química, geologia e em todas as ciências materiais. Coisas são símbolos de Verdades. Propriedades são símbolos de Verdades. A ciência, não ensinando verdades morais e espirituais, estará morta e seca, com um pouco mais de valor real do que cometer a memória com uma longa lista de datas desconexas ou de nomes de besouros e borboletas. É dito que a Cristandade começa do incêndio dos falsos deuses feito pelas próprias pessoas. A educação começa com a queima de nossos ídolos intelectuais ou morais: nossos preconceitos, noções, conceitos, nossos propósitos sem valor ou ignóbeis. Especialmente, é necessário nos livrarmos do amor pelas vantagens mundanas. Com a Liberdade vem a aspiração pelo avanço secular. Nesta corrida, as pessoas estão em todo o tempo caindo, levantando-se, correndo e caindo novamente. O desejo por riqueza e o horror abjeto à pobreza cavam sulcos em muitas testas nobres. O apostador envelhece à medida que observa as chances. Perigos legítimos afastam a Juventude antes do tempo; e essa Juventude cobra pesadas letras de câmbio sobre a Velhice. As pessoas vivem, assim como as máquinas, sob alta pressão, cem anos em cem meses; o Livro Razão se torna a Bíblia, e o diário se torna o Livro da Oração Matinal. Por consequência, fluem extrapolações e ocupações questionáveis, tráfico impiedoso no qual o capitalista compra lucros com as vidas dos trabalhadores, especulações que cunham as agonias de uma nação em riqueza, e todas as outras engenhosidades diabólicas de Mamom. Isto, junto à ganância por cargos, são as duas colunas à entrada do Templo de Moloque. É dubitável que esta última ganância, florescendo em falsidade, trapaça e

fraude, não seja mais perniciosa do que a primeira. Em todo o caso elas são gêmeas, e adequadamente emparceiradas; e, quando qualquer uma das duas ganha controle sobre um sujeito desafortunado, sua alma murcha, decai e finalmente se desvanece. As almas da metade da raça humana a deixa muito antes de morrer. As duas ganâncias são as pragas gêmeas da lepra, e tornam as pessoas impuras; e a qualquer hora que irromperem, espalhar-se-ão até “cobrir toda a pele do que tem a praga, desde sua cabeça até aos seus pés”. Até a carne crua do coração se torna impura com ela. Alexandre da Macedônia deixou atrás de si um ditado que sobreviveu às suas conquistas: “ Nada é mais nobre do que o trabalho”. O trabalho, somente, consegue manter até os reis respeitáveis. E, quando um rei é verdadeiramente um rei, lhe é uma tarefa honorável dar tom às maneiras e à moral de uma nação; dar o exemplo de conduta virtuosa e restaurar em espírito as antigas escolas da cavalaria, nas quais a virilidade juvenil possa ser educada para a real grandeza. Nas instituições mais monárquicas, o trabalho e o salário caminharão  juntos nas mentes das pessoas. Precisamos sempre chegar à ideia de trabalho verdadeiro. O descanso que segue o trabalho será mais doce do que o descanso que segue o descanso. Que nenhum Companheiro imagine que o trabalho dos humildes e dos pouco influentes não tem valor. Não existe limite legal para as influências possíveis de uma boa ação, de uma palavra sábia ou de um esforço generoso. Nada é realmente pequeno. Quem estiver aberto à penetração profunda na natureza sabe disto. Apesar de que, de fato, nenhuma satisfação absoluta possa ser concedida à filosofia, não mais na circunscrição da causa do que na limitação do efeito, a pessoa de reflexão e contemplação cai em êxtases imperscrutáveis à vista de todas as decomposições de forças resultantes na unidade. Tudo trabalha para tudo. A destruição não é aniquilamento, mas regeneração. A álgebra se aplica às nuvens; a radiação da estrela é benéfica à rosa; nenhum pensador se atreveria a dizer que o perfume do espinheiro-alvar é inútil às constelações. Quem, então, pode calcular o caminho de uma molécula? Como sabermos se as criações dos mundos não são determinadas pela queda de grãos de areia? Quem, então, compreenderá o fluxo e refluxo recíprocos do infinitamente grande e do infinitamente pequeno; o eco de causas nas profundezas do início e as avalanches da criação? Um verme é levado em

conta; o pequeno é grande; o grande é pequeno; tudo está necessariamente em equilíbrio. Existem relações maravilhosas entre os seres e as coisas; nesse Todo inexaurível desde o sol até as larvas não existe escárnio: todos precisam uns dos outros. A luz não leva perfumes terrestres às profundidades azulcelestes sem saber o que fará com eles; a noite distribui as essências estelares às plantas adormecidas. Todo pássaro voador tem um fiapo do infinito em sua garra. A germinação inclui o choque de um meteoro e a batida do bico da andorinha ao quebrar o ovo; e leva adiante o nascimento de uma minhoca e o advento de um Sócrates. O microscópio começa onde termina o telescópio. Qual dos dois nos dá uma visão mais grandiosa? Um punhado de terra é uma Plêiade de flores – uma nebulosa é um formigueiro de estrelas. Existe a mesma e a ainda mais maravilhosa interpenetração entre as coisas do intelecto e as coisas da matéria. Elementos e princípios são misturados, combinados, desposados, multiplicados uns pelos outros a ponto de trazerem o mundo material e o mundo moral à mesma luz. Os fenômenos estão perpetuamente voltados sobre si mesmos. Nas enormes mudanças cósmicas a vida universal vem e se vai em quantidades desconhecidas, abarcando tudo no mistério invisível das emanações, sem perder nenhum sonho de um único sono, semeando um animálculo aqui, esfarelando uma estrela ali, oscilando e volvendo-se em curvas; fazendo da Luz uma força, e do Pensamento um elemento; disseminados e indivisíveis, dissolvendo tudo, salvo aquele ponto sem comprimento, largura nem espessura, o EU; reduzindo tudo ao átomoAlma; fazendo tudo florescer em Deus; enredando todas as atividades, da mais alta à mais baixa, na obscuridade de um mecanismo vertiginoso; mantendo o voo de um inseto por sobre o movimento da Terra; subordinando, talvez, apenas pela identidade da lei, as evoluções excêntricas do cometa no firmamento ao rodopio dos protozoários na gota de água. Um mecanismo formado de mente, seu primeiro motor é o mosquito, e sua última roda o zodíaco. Um menino camponês, guiando Blücher pela estrada correta, das duas que havia, estando a outra intransitável por causa da artilharia, permite que ele chegue a Waterloo em tempo de salvar Wellington de uma derrota que teria sido completa; e assim possibilita os reis aprisionarem Napoleão em uma rocha estéril no meio do oceano. Um ferreiro infiel, pelo ferramento desleixado de um cavalo, causa a coxeadura de Napoleão, e, aos tropeços, a

carreira deste cavaleiro conquistador do mundo termina e os destinos de impérios são mudados. Um oficial generoso permite ao monarca aprisionado terminar sua partida de xadrez antes de levá-lo ao cadafalso; e, enquanto isso, o usurpador morre e o prisioneiro reascende ao trono. Um trabalhador inexperiente conserta a bússola, ou a malícia ou a estupidez a desarranjam, o navio erra seu curso, as ondas engolem um César, e um novo capítulo é escrito na história de um mundo. O que chamamos de acidente não é nada mais do que a cadeia adamantina de conexões indissolúveis entre todas as coisas criadas. O gafanhoto, nascido nas areias da Arábia, provoca fome no Oriente, o pequeno verme que, destruindo a cápsula de algodão, fecha as fábricas, levando à fome trabalhadores e seus filhos no Ocidente, causando motins e massacres, são tão ministros de Deus quanto o terremoto; e o destino das nações depende mais deles do que do intelecto de seus reis e legisladores. Uma guerra civil na América acabará por fazer estremecer o mundo; e tal guerra pode ser causada pelo voto de algum caça-prêmios ignorante ou fanático enlouquecido em uma cidade ou em um Congresso, ou de algum inculto estúpido em uma paróquia obscura. A eletricidade da simpatia universal, de ação e reação, impregna tudo, os planetas e as partículas sob os raios do sol. FAUSTO  com seus modelos, ou LUTERO com seus sermões, alcançaram resultados maiores do que Alexandre ou Aníbal. Às vezes, basta um simples pensamento para derrubar uma dinastia. Uma canção boba fez mais para depor Jaime II do que a absolvição dos Bispos. Voltaire, Condorcet e Rousseau proferiram palavras que soarão, em mudanças e em revoluções, através de todos os tempos. Lembre-se de que, apesar da vida ser curta, o Pensamento e a influência do que fazemos ou dizemos são imortais; e que, ainda, nenhum cálculo pretendeu averiguar a lei da relação entre causa e efeito. O martelo de um ferreiro Inglês, prosternando um oficial insolente, levou a uma rebelião que chegou quase a se tornar uma revolução. A palavra bem dita, a ação bem feita, mesmo que seja pelo mais fraco ou humilde, podem não ajudar, mas têm seu efeito. Maior ou menor, o efeito é inevitável e eterno. Os ecos dos maiores feitos podem se extinguir como os ecos de um grito por entre os rochedos, e o que tiver sido feito aparenta, para o julgamento humano, ter sido sem resultado. Um ato inconsiderado do mais pobre dos homens pode incendiar o trem que vai à mina subterrânea, e um império ser despedaçado pela explosão.

O poder de um povo livre está, muitas vezes, à disposição de um único indivíduo, aparentemente sem importância; – um poder terrível e verdadeiro; porque tal povo sente apenas com um coração e, portanto, consegue levantar sua miríade de armas para um único ataque. Novamente, não existe escala graduada para a medida das influências de intelectos diferentes sobre a mente do povo. Pedro o Eremita não teve cargo e, ainda assim, que trabalho realizou! Do ponto de vista político, existe apenas um só princípio, – a soberania do homem sobre ele mesmo. Esta soberania de si mesmo sobre si mesmo é chamada de LIBERDADE. Aonde duas ou várias destas soberanias se associam começa o Estado. Mas não existe abdicação nesta associação. Cada soberania reparte uma certa porção de si mesma para formar o direito comum. Esta porção é a mesma para todos. Existe contribuição igual de todos para a soberania comum. Esta identidade de concessão que cada um faz para todos é IGUALDADE. O direito comum não é nada mais e nada menos do que a proteção de todos, derramando seus raios em cada um. E a proteção a cada um por todos é FRATERNIDADE. A Liberdade é o ápice, a Igualdade a base. A Igualdade não é toda a vegetação em um nível, uma sociedade de grandes hastes de grama e carvalhos atrofiados, um bairro de ciúmes, emasculando-se mutuamente. É, civilmente, todas as aptidões tendo oportunidades iguais; politicamente, todos os votos terem pesos iguais; e religiosamente, todas as consciências terem direitos iguais. A Igualdade tem um órgão; – a instrução gratuita e obrigatória. Devemos começar com o direito ao alfabeto. A escola primária obrigatória para todos; e a escola superior oferecida  para todos. Tal é a lei. É da mesma escola para todos que brota uma sociedade igualitária. Instrução! Luz! Tudo vem da Luz e para ela retorna. Se quisermos ser sábios e fazer alguma boa obra, devemos aprender os pensamentos das pessoas comuns. Devemos olhar para as pessoas, não pelo que a Sorte lhes tenha dado, com seus olhos cegos, mas pelas dádivas que a Natureza, em seu regaço, lhes trouxe e pelo uso que as pessoas têm feito delas. Professamos sermos iguais numa Igreja e na Loja: seremos iguais à

vista de Deus quando Ele julgar a Terra. Bem que poderíamos nos sentar aqui no chão, juntos, em comunhão e conferência, durante os breves momentos que constituem a vida. Um Governo Democrático indubitavelmente tem seus defeitos, porque é formado e administrado por homens e não pelos Sábios Deuses. Não pode ser conciso e afiado, como o despótico. Quando a ira daquele é despertada, ele desenvolve sua força latente e o rebelde mais resoluto estremece. Mas sua regra doméstica habitual é tolerante, paciente e indecisa. As pessoas são reunidas, primeiro para diferirem, e logo depois para concordarem. Afirmação, negação, discussão, solução: estes são os meios de se chegar à verdade. Com frequência, o inimigo estará aos portões antes que o balbucio dos perturbadores seja afogado no coro da aprovação. No cargo Legislativo, muitas vezes a deliberação derrotará a decisão. A Liberdade pode bancar a tola assim como os Tiranos. A sociedade refinada requer maior minuciosidade de regulação; e os passos de todos os Estados em progresso estão, cada vez mais, a ser pinçados dentre os refugos antigos e os materiais novos. A dificuldade repousa em se descobrir o caminho certo em meio ao caos de confusão. O ajustamento de direitos mútuos e infrações mútuas é também mais difícil nas democracias. Não enxergamos nem estimamos a importância relativa dos objetos fácil e claramente, tanto olhando a partir do solo raso ou ondulante quanto a partir da elevação de um pico isolado, torreado acima da planície; porque cada um enxerga através de sua própria neblina. A dependência abjeta a eleitores, também, é demasiado comum. É algo tão miserável quanto a dependência abjeta a um ministro ou à favorita de um Tirano. É raro encontrar uma pessoa que fale alto, honesta e francamente a simples verdade que existe dentro de si, sem medo, favor ou afeição, seja para o Imperador ou para o Povo. Além disso, nas assembleias de pessoas, a confiança recíproca está sempre em falta, a não ser que haja coesão produzida por uma terrível pressão de uma calamidade ou de um perigo exterior. Portanto, o poder construtivo de tais assembleias é geralmente deficiente. Os principais triunfos dos dias modernos, na Europa, têm sido em destruir e obliterar; não em construir. Mas

Repelir não é Reformar. O tempo trará consigo o Restaurador e o Reconstrutor. O discurso, também, é abusado grosseiramente nas Repúblicas; e, se o uso do discurso é glorioso, seu abuso é o mais repugnante dos vícios. A Retórica, diz Platão, é a arte de dirigir as mentes das pessoas. Mas, nas democracias, é muito comum esconder   o pensamento em palavras, encobri-lo  e balbuciar asneiras. Os reflexos e o brilho das bolas de sabão intelectuais são confundidos com as glórias irisadas dos gênios. As piritas sem valor são continuamente confundidas com ouro. Mesmo o intelecto condescende com o malabarismo intelectual, que equilibra pensamentos tal como o malabarista equilibra tubos em seu queixo. Em todos os Congressos temos um fluxo incansável de balbucios e de safadezas partidárias clamorosas em discussão, até que o divino poder do discurso, este privilégio do ser humano e grande dádiva de Deus, não passe de algazarra de papagaios ou mímica de macacos. O mero tagarela, todavia fluente, é estéril de proezas no dia do julgamento. Existem homens e mulheres volúveis, todos hábeis em esgrimir com suas línguas: prodígios no discurso, míseros em obras. Excesso de conversa, tal como excesso de pensamento, destrói o poder da ação. Na natureza humana, o pensamento só é perfeito pela ação. O silêncio é a mãe de ambos. O trompetista não é o mais valente dos valentes. É o aço que ganha o dia, não o latão. O grande realizador de grandes façanhas geralmente é lento e desleixado no discurso. Existem pessoas nascidas e criadas para trair. Sua mercadoria é o Patriotismo, seu capital o discurso. Mas nenhum espírito nobre pode argumentar como Paulo e ser falso a si mesmo como Judas. Muito comumente os embustes dominam nas repúblicas; parecem estar sempre nas minorias; seus guardiões são autonomeados; e o iníquo prospera mais do que o justo. O Déspota, assim como o rugir do leão noturno, afoga todo o clamor das línguas de uma vez, e o discurso, direito de nascença das pessoas livres, se torna a quinquilharia dos escravizados. É bem verdade que as repúblicas apenas ocasionalmente, como que acidentalmente, selecionam seus mais sábios, ou até os menos incapazes entre os incapazes para governá-las e legislar por elas. Se o gênio, armado com erudição e conhecimento, agarrar as rédeas, o povo reverenciá-lo-á; se

modestamente se oferecer para o cargo, será golpeado na face, mesmo quando, em situações de dificuldades e nas agonias da calamidade, seja indispensável para a salvação do Estado. Coloque-o sobre a trilha com o exibicionista e superficial, o presunçoso, o ignorante e impudico, o trapaceiro e charlatão, e o resultado não será, nem por um momento, dubitável. Os veredictos das Legislaturas e do Povo são como os veredictos dos júris –  algumas vezes certos por acidente. Os cargos, é verdade, chovem como as chuvas do Céu sobre os justos e os injustos. Os Áugures Romanos, que costumavam rir na cara dos outros à simplicidade do vulgar, eram também cocegados com seu próprio engano; mas não é necessário nenhum Áugure para guiar o povo para fora do caminho. Este facilmente se ludibria. Deixe uma República começar como pode, e ela não sairá de sua menoridade antes que a imbecilidade seja promovida para altos cargos; e a rasa ambição, se inflando em notícia, invadirá todos os santuários. Prevalecerá o partidarismo mais inescrupuloso, mesmo no que diz respeito a confianças judiciais; e constantemente serão feitas as indicações mais injustas, apesar de que toda promoção incorreta, não apenas concede um favor imerecido, mas também faz cem bochechas honestas doerem por causa da injustiça. O país é esfaqueado na testa quando aqueles que deveriam escapulir para o corredor turvo são trazidos para os assentos abarracados. Cada carimbo da Honra, mal seguro, é roubado do Tesouro do Mérito. Ainda assim, a entrada para o serviço público, e a promoção nele, afeta tanto os direitos individuais quanto os da nação. A injustiça em conceder ou reter um cargo deve ser tão intolerável nas comunidades democráticas que o menor traço dela deve ser como o cheiro da Traição. Não é universalmente verdadeiro que todos os cidadãos de igual caráter tenham igual reclamo de bater à porta de todo gabinete público e exigir admissão. Quando qualquer pessoa se apresenta para serviço tem o direito de aspirar ao cargo mais alto imediatamente, se for capaz de comprovar sua aptidão para tal começo, – e que ela é mais apta do que as outras que se oferecem para a mesma posição. Sua entrada no cargo só pode ser feita de forma justa através da porta do mérito. E toda vez que alguém aspira e alcança tal posto elevado, especialmente se for por meios injustos, irrespeitáveis e indecentes, e posteriormente é encontrada uma falha notável, esse alguém deve ser

imediatamente decapitado. Ele é o pior entre todos os inimigos públicos. Quando uma pessoa suficientemente se revela, todas as outras se sentirão orgulhosas de lhe dar a devida precedência. Quando o poder de promoção é abusado nas grandes passagens da vida, seja pelo Povo, pelo Legislativo ou pelo Executivo, a decisão injusta recai sobre o juiz imediatamente. Não é apenas uma falta de visão grosseira, mas também intencional não se descobrir os merecedores. Se alguém observar profunda, longa e honestamente, não falhará em discernir o mérito, o gênio e a qualificação; e os olhos e a voz da Imprensa e do Público condenarão e denunciarão a injustiça onde quer que ela erga sua cabeça horrenda. “Ferramentas para os trabalhadores!” Nenhum outro princípio salvará uma República da destruição, seja pela guerra civil ou pela deterioração. Elas tendem a decair como corpos humanos, ainda que façamos tudo que pudermos para impedir. Se as pessoas tentam a experiência de se autogovernar pelos seus menores, escorregam para o abismo inevitável com velocidade decuplicada; e nunca existiu uma República que não tivesse seguido este curso fatal. Mas, apesar de palpáveis e grosseiros os defeitos inerentes dos governos democráticos, e fatais como são final e inevitavelmente os resultados, carecemos apenas relancear os reinados de Tibério, de Nero e de Calígula, de Heliogábalo e Caracala, de Domiciano e Cômodo, para identificar que a diferença entre liberdade e despotismo é tão grande quanto a entre o Céu e o Inferno. A crueldade, a baixeza e insanidade dos tiranos são incríveis. Deixe aquele que reclama dos humores instáveis e da inconstância de um povo livre ler o personagem Domiciano de Plínio. Se o grande homem em uma República não consegue obter cargos sem descer a artes vis, sem choramingar sua penúria, ou fazer uso judicioso de mentiras furtivas, deixe-o ficar em aposentadoria e usar a caneta. Tácito e Juvenal não tiveram cargos. Deixemos a História e a Sátira punirem o impostor tal como elas crucificam o déspota. As vinganças do intelecto são terríveis e justas. Deixemos a Maçonaria usar a caneta e a imprensa escrita no Estado livre, contra o Demagogo; no Despotismo, contra o Tirano. A História dá exemplos e encorajamentos. Toda a História, durante quatro mil anos, está repleta de

direitos violados e de sofrimento dos povos, cada período da história traz consigo protesto tão grande quanto possível. Sob os Césares não houve insurreição, mas existiu Juvenal. O estimulante da indignação substituiu os Gracos. Sob os Césares há o exílio de Assuã; também há o autor dos Anais. Como os Neros reinam sombriamente, devem ser retratados da mesma maneira. O trabalho só com o buril poderia ser fraco; nos entalhes, deve ser vertida uma narração concentrada, que punge. Os déspotas são uma ajuda para os pensadores. O discurso acorrentado é um discurso terrível. O escritor duplica e triplica seu estilo quando o silêncio é imposto sobre o povo por um mestre. Desse silêncio brota certa altissonância misteriosa que filtra-se nos pensamentos e se congela em metal. A compressão na história produz concisão no historiador. A solidez granítica de algumas prosas célebres é apenas uma condensação criada pelo Tirano. A Tirania constrange o escritor a reduções no diâmetro que são aumentos na força. O período ciceroniano, quase insuficiente com Verres, teria perdido sua aresta com Calígula. O Demagogo é o predecessor do Déspota. Um brota dos lombos do outro. Aquele que bajula vilmente alguém que possui cargos a outorgar trairá, como Iscariotes, e experimentará uma derrota miserável e lastimosa. Deixemos o novo Júnio chicotear tais pessoas como merecem, e a História fazê-las imortais na infâmia; uma vez que suas influências culminam em ruína. A República que emprega e louva o raso, o superficial, o baixo, “quem se agacha Para as sobras de um cargo prometido,” ao final chora lágrimas de sangue por seu erro fatal. O fruto óbvio de tal insensatez suprema é a danação. Deixemos a nobreza de cada grande coração, condensada em justiça e verdade, atingir essas criaturas como um raio! Se você não puder fazer mais, pelo menos pode condená-las com seu voto e pôlas no ostracismo pela denúncia. É verdade que, como os Czares são absolutos, eles têm em seu poder escolher os melhores para o serviço público. É verdade que o iniciador de uma dinastia geralmente faz assim; e que quando monarquias estão em seus

primórdios, a pretensão e a baixeza não têm sucesso, nem prosperam nem acumulam poder como fazem nas Repúblicas. Todos não tagarelam no Parlamento de um Reino como no Congresso de uma Democracia. Os incapazes não passam toda a vida lá sem serem detectados. Mas dinastias rapidamente decaem e se esgotam. Finalmente, definham-se à imbecilidade; e os Membros dos Congressos, estúpidos ou irreverentes, são no mínimo os pares intelectuais da vasta maioria dos reis. O grande homem, o Júlio César, o Carlos Magno, Cromwell, Napoleão, reina de direito. É o mais sábio e o mais forte. Os incapazes e imbecis que sucedem são usurpadores; e o medo os faz cruéis. Depois de Júlio veio Caracala e Galba; depois de Carlos Magno, o lunático Carlos VI. E, assim, a dinastia Sarracena definhou-se; os Capetos, os Stuarts, os Bourbons; estes últimos produziram Bomba, o macaco de Domiciano. Como os tigres, o homem é cruel por natureza. O bárbaro, instrumento do tirano, e o fanático civilizado apreciam os sofrimentos dos outros, como as crianças apreciam as contorções de moscas mutiladas. O Poder Absoluto, uma vez temendo pela segurança de seu mandato, não pode ser senão cruel. Quanto à habilidade, após algumas vidas, as dinastias invariavelmente deixam de ter alguma. Elas se tornam meras falsidades, governadas por ministros, favoritas ou cortesãs, como aqueles velhos reis Etruscos, dormitando por longas eras em suas túnicas reais de ouro, dissolvendo-se para sempre ao primeiro hálito do dia. Deixe aquele que reclama dos defeitos da democracia se perguntar se ele preferiria uma Du Barry ou uma Pompadour, governando em nome de um Luís XV, um Calígula nomeando seu cavalo um Cônsul, um Domiciano, “aquele monstro mais selvagem”que algumas vezes bebeu o sangue de parentes, outras vezes se empregando ao morticínio dos cidadãos mais destacados, à frente de cujos portões o medo e o terror mantinham vigia; um tirano de aspecto aterrorizante, orgulho em sua testa, fogo em seu olho, constantemente buscando a escuridão e o sigilo, e só emergindo de sua solidão para gerar solidão. Apesar de tudo, em um governo livre, as Leis e a Constituição estão acima dos Incapazes, os Tribunais corrigem suas leis, e a posteridade é o Grande Inquérito que lhes deixa o ulgamento. O que é a exclusão de valor, de intelecto e de conhecimento do serviço civil comparada aos processos perante Jeffries, às torturas nas

cavernas escuras da Inquisição, às carnificinas do Duque de Alba na Holanda, à Noite de São Bartolomeu e às Vésperas Sicilianas? O Abade Barruel, em suas  Memórias para a História do Jacobinismo, declara que a Maçonaria na França deu, como seu segredo, as palavras Igualdade e Liberdade, deixando para cada Maçom honesto e religioso explicá-las como melhor se adequassem aos seus princípios; mas reteve o privilégio de desvelar o significado daquelas palavras nos Graus superiores, tal como interpretadas pela Revolução Francesa. Ele também excetua os Maçons Ingleses de seus anátemas, porque na Inglaterra um Maçom é um sujeito pacífico das autoridades civis, não importando onde resida, não engajado em nenhum complô ou conspiração mesmo contra o pior governo. A Inglaterra, diz ele, desgostosa com uma Igualdade e uma Liberdade, consequências do que tinha sentido nas lutas de seus Lollardos, Anabatistas e Presbiterianos, havia “ purgado sua Maçonaria” de todas as explicações que tendessem a subverter impérios; mas ainda permaneceram adeptos que, desorganizando princípios, se ataram aos Antigos Mistérios. Porque a verdadeira Maçonaria, não emasculada, portou os estandartes da Liberdade e dos Direitos Iguais, e estava rebelada contra a tirania temporal e espiritual, suas Lojas foram proscritas em 1735 por um édito dos Estados da Holanda. Em 1737, Luís XV as proibiu na França. Em 1738, o Para Clemente XII publicou contra elas sua famosa Bula de Excomunhão, que foi renovada por Benedito XIV; e, em 1743, o Conselho de Berna também a proscreveu. O título da Bula de Clemente é “A Condenação da Sociedade de Reuniõesde Liberi Muratori, ou dos Franco-Maçons, sob a penalidade de excomunhão ipso facto, a absolvição está reservada unicamente ao Papa, exceto no momento de morte”. E através dela todos os bispos, ordinários e inquisidores obtiveram poderes para punir Maçons como “veementemente suspeitos de heresia” e convocar, se necessário, a ajuda do braço secular, isto é, fazer a autoridade civil executá-los. Além disso, teorias políticas falsas e servis acabam brutalizando o Estado. Por exemplo, adotam a teoria de que cargos e empregos devem ser dados como prêmios por serviços prestados ao partido, e logo se tornam a presa e o espólio do partido, o saque da vitória da facção; – e a lepra está na carne do Estado. O corpo da nação se torna uma massa de corrupção, como uma

carcaça viva putrefeita com sífilis. No final, todas as teorias doentias se desenvolvem em uma ou outra enfermidade imunda e asquerosa do corpo político. O Estado, assim como as pessoas, deve envidar constantes esforços para se manter nos caminhos da virtude e do humanismo. O hábito da propaganda eleitoral e da mendicância por cargos culmina em suborno com o cargo e em corrupção no cargo. Um homem escolhido tem uma confiança visível de Deus, tão claramente como se a concessão fosse endossada pelo tabelião. Uma nação não pode renunciar a testamentaria dos decretos Divinos. Tão pouco pode a Maçonaria. Ela deve trabalhar para cumprir seu dever inteligente e sabiamente. Devemos nos lembrar de que em Estados livres, bem como nos despotismos, a Injustiça, esposa da Opressão, é a fértil progenitora da Fraude, Desconfiança, Ódio, Conspiração, Traição e Deslealdade. Mesmo arremetendo contra a Tirania, devemos ter a Verdade e a Razão como nossas principais armas. Devemos marchar para tal luta como os antigos Puritanos, ou para a batalha contra os abusos que florescem no governo livre, com a espada flamante em uma das mãos e os Oráculos de Deus na outra. O cidadão que não consegue cumprir bem os menores propósitos da vida pública não consegue perceber os maiores. O enorme poder da tolerância, abstenção, paciência, e desempenho de um povo livre somente é adquirido pelo exercício contínuo de todas as funções, como o saudável vigor físico humano. Se os cidadãos, individualmente, não o tiverem, o Estado igualmente ficará sem ele. É da essência de um governo livre que as pessoas devam não só se preocupar em fazer as leis, mas também com sua execução. Ninguém deve ser mais pronto para obedecer e administrar a lei do que aquele que ajudou a fazê-la. Os negócios de governo são exercidos para o benefício de todos, e cada parceiro deve aconselhar e cooperar. Lembre-se também de que, como outro banco de areia pelo qual os Estados são naufragados, Estados livres sempre tendem na direção do depósito dos cidadãos em estratos, na criação de castas, na perpetuação do jus divinumaos cargos em famílias. Quanto mais democrático o Estado, mais seguro este resultado. Pois, à medida que Estados livres avançam em poder, existe uma forte tendência rumo à centralização, não por má intenção deliberada, mas pelo curso de eventos e indolência da natureza humana. Os poderes do

executivo se dilatam e crescem até dimensões desordenadas; e o Executivo sempre é agressivo com respeito à nação. Cargos de todo tipo são multiplicados para recompensar partidários; a força bruta do esgoto e dos estratos inferiores da ralé obtém larga representação, primeiro nos cargos mais baixos, e finalmente nos Senados; e a Burocracia ergue sua cabeça careca, eriçada de canetas, cercada com óculos e enfeixada com fitas. A arte de Governar se torna como que um Ofício e suas guildas tendem a se tornar exclusivas, como as da Idade Média. A ciência política pode ser muito aperfeiçoada como assunto de especulação; mas nunca deve estar divorciada da real necessidade nacional. A ciência de governar as pessoas deve sempre, acima de filosófica, ser prática. Aqui, não existe a mesma quantia de verdade positiva ou universal como há nas ciências abstratas; o que é verdadeiro em um país pode ser muito falso em outro; o que é falso hoje pode se tornar verdadeiro em outra geração, e a verdade de hoje ser revertida pelo julgamento de amanhã. Os fins apropriados da política são distinguir entre o casual e o duradouro, separar o inadequado do adequado e fazer o progresso ser mesmo possível. Mas sem conhecimento e experiência reais, e comunhão de labor, os sonhos dos doutores em política podem não ser melhores do que os dos doutores em divindade. O reinado de tal casta, com seus mistérios, seus mirmidões e sua influência corruptora, pode ser tão fatal quanto o dos déspotas. Trinta tiranos são trinta vezes piores do que um. Mais ainda existe uma forte tentação, para as pessoas que governam, de se tornarem tão indolentes e preguiçosas quanto o mais fraco dos reis absolutos. Dê-lhes apenas o poder para se livrarem, quando o capricho as incitar, das pessoas grandiosas e sábias e elegerem os ínfimos, e para todo o resto reincidirão em indolência e indiferença. O poder central, criação das pessoas, organizadas e astutas se não esclarecidas, é o perpétuo tribunal montado por elas para a reparação dos erros e para a regra da justiça. Logo se equipa com todo o equipamento necessário e está pronto e apto para todos os tipos de interferência. O povo pode ser uma criança por toda a sua vida. O poder central pode não ser capaz de sugerir a melhor solução científica de um problema; mas tem os meios mais fáceis de realizar efetivamente uma ideia. Se o propósito a ser alcançado é amplo, requer uma ampla compreensão; é próprio para a ação do poder central. Se for um objetivo pequeno, poderá ser

frustrado pelo desacordo. O poder central deve imiscuir-se como árbitro para prevenir isso. O povo pode ser muito avesso às mudanças, muito preguiçoso em seus próprios negócios, injusto para com uma minoria ou com a maioria. O poder central deve tomar as rédeas quando o povo as largar. O governo da França se tornou centralizado mais pela apatia e ignorância de seu povo do que pela tirania de seus reis. Quando a vida paroquial mais íntima for entregue à guarda direta do Estado, e o conserto do campanário de uma igreja interiorana requerer uma ordem escrita do poder central, o povo estará em senilidade. E assim as pessoas são educadas na imbecilidade, desde o alvorecer da vida social. Quando o governo central alimenta parte da população, prepara a todos para serem escravos. Quando dirige os assuntos paroquiais e municipais, as pessoas já são escravas. O próximo passo será regulamentar o trabalho e seus salários. Apesar disso, sejam quais forem as insensatezes que o povo possa cometer, mesmo a colocação dos poderes de legislar nas mãos dos pouco competentes e menos honestos, o desespero não é o resultado final. A EXPERIÊNCIA, professora terrível, escrevendo seus ensinamentos nos corações desolados com a calamidade e espremidos pela agonia, os fará mais sábios no tempo certo. Pretensão, trejeitos e mendicância sórdida por votos um dia cessarão sua utilidade. Ter FÉ, e ir à luta, contra as influências malignas e os desencorajamentos! A FÉ é a Salvadora e Redentora das nações. Quando a Cristandade se tornou fraca, sem proveito e impotente, o Restaurador e Iconoclasta Árabe veio como um furacão purificador. Quando a batalha de Damasco estava prestes a iniciar, o bispo Cristão, ao amanhecer, em suas vestimentas, à frente de seu clero, com a Cruz então erguida triunfalmente no ar, desceu aos portões da cidade e abriu, em frente ao exército, o Testamento de Cristo. O general Cristão THOMAS  pôs sua mão sobre o livro e disse: “Ó, Deus! SE nossa fé for verdadeira, ajude-nos e não nos entregue nas mãos dos inimigos!” Mas KHALED, “a espada de Deus”,  que vinha marchando de vitória em vitória, exclamou para seus soldados cansados: “ Nenhum homem durma! Haverá bastante descanso nos abrigos do Paraíso; doce será o repouso que nunca mais será seguido de trabalho! ” A fé do Árabe havia se tornado mais forte do que a do Cristão, e ele venceu. A Espada também é, na Bíblia, um emblema da PALAVRA, ou da

exteriorização do pensamento. Assim, na visão ou apocalipse do sublime exílio de Patmos, um protesto em nome do ideal, dominando o mundo real, uma sátira tremenda em nome da Religião e da Liberdade, com suas reverberações inflamáveis golpeando o trono dos Césares, uma espada de duas lâminas afiadas sai da boca do Semblante do Filho do Homem, circundada por sete castiçais dourados, e tendo em sua mão direita sete estrelas. “O Senhor”,  diz Isaías, “tornou minha boca semelhante a uma espada afiada”. “Eu os matei”,  diz Oseias, “com as palavras de minha boca”. “A palavra de Deus”,  diz o escriba da carta apostólica aos Hebreus, “é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e enetra até à divisão entre a alma e o espírito”. “A espada do Espírito, que é  a Palavra de Deus ” diz Paulo, ao escrever aos Cristãos em Éfeso; “E contra eles batalharei a com a espada da minha boca”,  está dito no Apocalipse ao anjo da igreja, em Pérgamo. O discurso oral pode rolar-se com tanta força quanto a grande onda da maré; mas, tal como a onda, por fim morre fracamente nas areias. É ouvido por poucos, lembrado por menos ainda e se desvanece como um eco nas montanhas, não deixando nenhum sinal de poder. Não representa nada para as gerações existentes e futuras da humanidade. Foi o discurso humano escrito  que deu poder e permanência ao pensamento humano. É esse que faz de toda a história humana nada mais do que uma vida individual. Escrever na rocha é escrever em pergaminho sólido, mas requer uma peregrinação para vê-la. Só existe uma cópia, e até esta o Tempo desgasta. Escrever em pergaminho ou em papiro, supostamente, era publicar uma edição tardia a qual apenas os ricos podiam adquirir. Os Chineses estereotiparam não apenas a sabedoria imutável dos antigos sábios, mas também os acontecimentos transitórios. O processo tendia a sufocar o pensamento e a impedir o progresso; pois há uma contínua divagação nas mentes mais sábias e a Verdade escreve suas últimas palavras, não sobre tabletes limpos, mas sobre os rabiscos feitos e muitas vezes remendados pelo Erro. A imprensa fez as letras móveis prolíficas. Desde então, o orador falou quase que visivelmente para as nações ouvintes; e o autor escreveu, como o Papa, em seus decretos ecumênicos, urbi et orbi, e ordenou que se os afixasse em

todos os mercados; permanecendo, se ele quisesse, inacessíveis à vista humana. E desde então a condenação das tiranias foi selada. A sátira e a diatribe se tornaram poderosas como exércitos. As mãos invisíveis dos Junos podem lançar os raios e fazer os ministros tremer. Um sussurro deste gigante enche a terra tão facilmente quanto Demóstenes encheu a Ágora. Logo será ouvido pelos antípodas com tanta facilidade quanto do outro lado da rua. Viaja com o raio sob os oceanos. Faz da massa uma única pessoa, fala a ela na mesma linguagem comum e extrai uma resposta certa e única. O discurso se transforma em pensamento e imediatamente em ação. Uma nação se torna verdadeiramente una, com um grande coração e um pulso com batimento único. As pessoas estão invisivelmente presentes para as outras como se já fossem seres espirituais; e o pensador que se senta na solidão Alpina, desconhecido ou esquecido por todo o mundo, em meio aos rebanhos e montes silenciosos, pode lampejar suas palavras para todas as cidades e sobre todos os mares. Escolha os pensadores para serem Legisladores; e evite os tagarelas. A Sabedoria raramente é loquaz. Peso e profundidade de pensamento não favorecem a volubilidade. As pessoas rasas e superficiais geralmente são volúveis e muitas vezes passam por eloquentes. Mais palavras, menos pensamento, – é a regra geral. A pessoa que se esforça para, em cada sentença, dizer algo que valha a pena nos lembrarmos se torna fastidiosa e densa como Tácito. As pessoas vulgares amam um riacho mais difuso. A ornamentação que não abrange força é a futilidade das baboseiras. E a sutileza dialética nem é valiosa para os homens públicos. A fé Cristã a tem, e antigamente a teve mais do que hoje; uma sutileza que poderia ter embaraçado Platão, e que rivalizava de uma forma infrutífera com as doutrinas místicas dos Rabinos Judeus e Sábios Hindus. Não é isto o que converte os pagãos. É um esforço vão tentar equilibrar os grandes pensamentos da terra, como palhas ocas, sobre as pontas dos dedos da discussão. Não é o tipo de armamento que faz a Cruz triunfante nos corações dos descrentes; mas o verdadeiro poder que vive na Fé. Portanto, existe uma escolástica política que é simplesmente inútil. A destreza da lógica sutil raramente mexe os corações das pessoas, nem as convence. O verdadeiro apóstolo da Liberdade, Fraternidade e Igualdade faz

disto uma questão de vida ou morte. Seus combates são como os de Bossuet,  – combates até a morte. O verdadeiro fogo apostólico é como um relâmpago: lampeja convicção para dentro da alma. A palavra verdadeira é realmente uma espada de dois gumes. Assuntos de ciência governamental e política só podem ser tratados corretamente com razão sólida e com a lógica do senso comum: não o senso comum dos ignorantes, mas o dos sábios. Os pensadores mais aguçados raramente têm sucesso ao se tornarem líderes do povo. Um lema ou palavra-chave é mais poderoso com o povo do que a lógica, especialmente se esta for o menos metafísica possível. Quando surge um profeta político para bulir a nação sonhadora e estagnada, reter seus pés da irreparável descida, elevar o terreno como um terremoto, e sacudir ídolos bobo-rasos de seus assentos, suas palavras vêm diretamente da própria boca de Deus e trovejam para dentro da consciência. Ele irá raciocinar, ensinar, alertar e governar. A verdadeira “Espada do Espírito”  é mais penetrante do que a lâmina mais brilhante de Damasco. Tais pessoas governam uma terra, na força da justiça, com sabedoria e com poder. Ainda, as pessoas com sutileza dialética frequentemente governam bem, porque na prática esquecem suas teorias finamente tecidas e usam a lógica afiada do senso comum. Mas, quando o grande coração e o amplo intelecto são deixados a enferrujar na vida privada, e advogados menores, queixosos na política, aqueles que nas cidades seriam apenas ajudantes de notários ou advogados em tribunais sem reputação, são transformados em Legisladores nacionais, o país está em sua senilidade, mesmo que a barba nem tenha ainda crescido em seu queixo. Num país livre, o discurso humano deve necessitar ser livre; e o Estado deve escutar os resmungos da tolice, a guinchada de seus imbecis, e a zurraria de seus asnos bem como os oráculos dourados de seus homens grandes e sábios. Mesmo os velhos reis déspotas permitiam que seus sábios bufões dissessem o que quisessem. O verdadeiro alquimista extrairá as lições de sabedoria dos balbucios da insensatez. Escutará o que uma pessoa tem a dizer sobre um determinado assunto, mesmo se o falante acabar provando ser apenas o príncipe dos tolos. Mesmo um tolo acerta o alvo, às vezes. Existe alguma verdade em todas as pessoas que não são compelidas a suprimir suas almas e dizer os pensamentos de outras. Até mesmo o dedo de um idiota pode apontar para a grande rodovia. Um povo, bem como os sábios, deve aprender a esquecer. Se não aprender o

que é novo nem esquecer o que é velho, está condenado, mesmo que tenha sido régio durante trinta gerações. Desaprender é aprender, e algumas vezes é também necessário reaprender o que foi esquecido. As farsas dos bobos fazem a insensatez atual mais palpável, à medida que costumes são mostrados como absurdos pelas caricaturas, que então levam à sua extinção. O bufão e o palhaço são úteis em seus lugares. O artífice e o artesão engenhosos, como Salomão, buscam na terra seus materiais e transformam a matéria disforme em mão-de-obra gloriosa. O mundo é conquistado mais pela cabeça do que pelas mãos. Uma assembleia não falará para sempre. Depois de algum tempo, quando tiver escutado o bastante, silenciosamente põe o tonto, o raso e o superficial de lado; – ela pensa, e começa a trabalhar. O pensamento humano, especialmente em assembleias populares, percorre os canais mais singularmente curvos, mais difíceis de achar e seguir do que as correntes cegas do oceano. Nenhuma percepção é tão absurda que não encontre nele um lugar. O artesão-mestre deve amestrar estas noções e caprichos com seu martelo de duas faces. Elas se contorcem para fora do caminho dos que são empurrados pela espada; e sempre são invulneráveis à lógica, até mesmo no calcanhar. O martelo, ou maço, o machado de batalha, a grande e ambidestra espada de duas lâminas, devem lidar com as insensatezes; contra eles, um florete não é melhor do que uma varinha mágica, a não ser que seja o florete do ridículo. A ESPADA  é também o símbolo da  guerra  e do  soldado. As guerras, assim como as tempestades de raios, são muitas vezes necessárias para purificar a atmosfera estagnada. A guerra não é um demônio sem remorso e sem recompensa. Restaura a irmandade em letras de fogo. Quando as pessoas estão sentadas em seus lugares confortáveis, submersas em facilidades e indolência, com a Pretensão, a Incapacidade e a Pequenez usurpando todos os lugares altos do Estado, a guerra é o batismo de sangue e fogo, somente pelo qual elas podem ser renovadas. É o furacão que traz o equilíbrio elemental, a concordância do Poder com a Sabedoria. Enquanto estes continuarem obstinadamente divorciados, a espada continuará a castigar. No apelo mútuo das nações para Deus existe o reconhecimento de Sua força. Ilumina os faróis da Fé e da Liberdade, e aquece a fornalha através da qual os ardentes e os leais passarão à glória imortal. Existe na guerra a condenação da

derrota, o insaciável senso de Dever, o comovente senso de Honra, o sacrifício solene incomensurável da devoção e o incenso do sucesso. Mesmo na chama e na fumaça da batalha, o Maçom descobre seu irmão, e cumpre as sagradas obrigações da Fraternidade. Dois, ou a Dúada, é o símbolo do Antagonismo; do Bem e do Mal, Luz e Trevas. É Caim e Abel, Eva e Lilith, Jachin e Boaz, Ormuzd e Arimã, Osíris e Tífon.

TRÊS, ou a Tríade, é mais significantemente expresso pelos triângulos equilátero e retângulo. Existem três cores ou raios principais no arco-íris que, pela mistura, formam  sete. As três são o azul, o amarelo e o vermelho. A Trindade da Divindade, de uma forma ou outra, tem sido um artigo em todos os credos. Ela cria, preserva e destrói. É o  poder   generativo, a capacidade produtiva e o resultado. O homem imaterial, de acordo com a Cabala, é composto de vitalidade, ou vida, o sopro da vida; de alma, ou mente, e de espírito. Sal, enxofre e mercúrio são os grandes símbolos dos alquimistas. Para eles o homem era formado por corpo, alma e espírito. O QUATRO  é expresso pelo esquadro, figura de quatro lados e ângulos retos. Do simbólico Jardim do Éden fluía um rio, se dividindo em quatro correntes, – PISOM, que corre em torno da terra do ouro, ou a luz; GIOM, que corre em torno da terra da Etiópia, ou as Trevas; HIDDEKEL, fluindo para o leste, para a Assíria; e o EUFRATES. Zacarias viu quatro carruagens vindo de entre duas montanhas de bronze, na primeira das quais havia cavalos vermelhos; na segunda, negros; na terceira, brancos; e na quarta, cinzentos: “e estes eram os quatro ventos dos céus, saindo donde estavam erante o Senhor de toda a terra”. Ezequiel viu as quatro criaturas viventes, cada uma com quatro  rostos e quatro  asas, as faces de um homem, de um leão, de um boi  e de uma águia; e as quatro  rodas subindo em seus quatro lados; e São João contemplou as quatro  bestas, cheias de olhos na frente e atrás: o LEÃO, o jovem BOI, o HOMEM e a ÁGUIA  voadora. Quatro era a marca da Terra. Portanto, no Salmo 148 daqueles que devem louvar o Senhor na terra, existem quatro vezes quatro, e quatro  criaturas viventes em particular. A natureza visível é descrita como os quatro  quartos do mundo e os quatro  cantos da terra. “Existem quatro” diz o velho ditado Judeu “que

estão em primeiro lugar neste mundo: o homem entre as criaturas; a águia entre as aves; o boi  entre o gado; e o leão  entre os animais selvagens”. Daniel viu quatro grandes bestas emergirem do mar.

CINCO  é a Dúada adicionada à Tríade. É expressa pela estrela de cinco pontas ou flamejante, o Pentalfa misterioso de Pitágoras. Está indissoluvelmente conectado ao número  sete. Cristo alimentou Seus discípulos e a multidão com cinco pães e dois  peixes, e dos restos sobejaram doze, isto é, cinco  mais  sete, cestas cheias. Novamente, Cristo os alimentou com sete  pães e uns poucos peixinhos, e ali sobejaram  sete  cestos cheios. Os cinco  astros aparentemente pequenos, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, juntamente com os dois maiores, o Sol e a Lua, constituíam as  sete esferas celestiais. SETE  era o número peculiarmente sagrado. Existiam  sete  planetas e esferas presididas por  sete  arcanjos. Existiam  sete  cores no arco-íris; e a Divindade Fenícia era chamada de HEPTAKIS, ou Deus dos Sete  Raios;  sete  dias da semana; e  sete e cinco  perfaziam o número de meses, tribos e apóstolos. Zacarias viu um candelabro dourado, com  sete  lâmpadas e  sete  tubos para as lâmpadas, com uma oliveira de cada lado. Por isto diz que “os  sete olhos do Senhor se rejubilarão e verão o prumo na mão de Zorobabel”.  João, no Apocalipse, escreve  sete  epístolas para as  sete  igrejas. Nas  sete  epístolas existem doze  promessas. O que é dito das igrejas em louvor ou culpa é completado no número três. O refrão “aquele que tem ouvidos ouça”,   etc., tem dez palavras, divididas em três e  sete, e os sete em três e quatro; e as sete epístolas estão também, assim divididas. Também nos selos, trombetas e cálices, nesta visão simbólica, o  sete  está dividido em quatro e três. Aquele que manda sua mensagem para Éfeso “tem na sua destra as  sete  estrelas e anda no meio dos sete castiçais de ouro”. Em seis dias, ou períodos, Deus criou o Universo, e descansou no  sétimo dia. Noé foi orientado a levar os animais puros em grupos de  sete à arca; e as aves em grupos de  sete; porque a chuva iria começar dentro de  sete  dias. No décimo sétimo dia do mês, a chuva começou; no décimo  sétimo dia do  sétimo mês, a arca pousou no Ararat. Quando a pomba retornou, Noé esperou  sete dias antes de enviá-la novamente; e mais  sete até que ela voltasse com o ramo

de oliveira. Enoque foi o  sétimo  patriarca, incluindo Adão, e Lameque viveu 777 anos. Havia  sete  lâmpadas no grande candelabro do Tabernáculo e do Templo, representando os  sete  astros. Sete  vezes Moisés aspergiu o óleo consagrado sobre o altar. Foram em número de  sete  os dias da consagração de Arão e seus filhos. Uma mulher era impura durante  sete  dias após o parto; alguém infectado com lepra era trancafiado durante  sete dias;  sete vezes o leproso era borrifado com o sangue de uma ave morta; e nos  sete dias posteriores deveria permanecer longe de sua tenda. Sete  vezes, para purificar o leproso, o sacerdote devia aspergir o óleo consagrado; e  sete  vezes deveria aspergir o sangue da ave sacrificada para sua casa ser purificada. Sete vezes o sangue de um boi sacrificado era aspergido sobre o propiciatório; e  sete vezes sobre o altar. O  sétimo  ano era um Sabbat de descanso; e ao cabo de  sete  vezes  sete anos chegou o grande ano do jubileu. Durante  sete  dias o povo comeu pão ázimo no mês de Abib. Sete  semanas eram contadas a partir do primeiro dia da colocação da foice no trigo. A Festa do Tabernáculo durou  sete dias. Israel esteve na mão de Midian  sete  anos antes de Gideão os entregar. O boi sacrificado por ele tinha  sete  anos. Sansão disse para Dalila atá-lo com  sete vimes; e ela teceu as  sete tranças de sua cabeça e em seguida as rapou. Balaão disse a Baraque para construir  sete  altares para ele. Jacó serviu durante  sete anos para conseguir Lea e  sete  para conseguir Raquel. Jó teve  sete  filhos e três  filhas, perfazendo o número perfeito dez. Também teve  sete  mil ovelhas e três  mil camelos. Seus amigos se sentaram com ele por  sete  dias e  sete noites. Foi ordenado a seus amigos que sacrificassem  sete  bois e  sete carneiros; e, novamente, ao final, ele teve  sete  filhos e três filhas, duas vezes  sete mil ovelhas e viveu cento e quarenta, ou duas vezes  sete  vezes dez  anos. Faraó, em seu sonho, viu  sete  vacas gordas e  sete  vacas magras,  sete  espigas boas e  sete  espigas malditas de trigo; e houve  sete  anos fartos e  sete  anos de fome. Jericó caiu quando  sete  sacerdotes, com  sete  trombetas, fizeram o circuito ao redor da cidade por  sete  dias sucessivos; uma vez por dia durante seis dias e  sete  vezes no sétimo. “Os  sete  olhos do Senhor ”  diz Zacarias “que percorrem por toda a terra”.  Salomão construiu o Templo em  sete anos. Sete  anjos, no Apocalipse, derramam  sete  pragas, de  sete  cálices de fúria. A besta escarlate na qual a mulher se senta no deserto tem  sete  cabeças

e dez chifres. Também os tem a besta que se ergue do mar. Sete  trovões emitiram suas vozes. Sete  anjos tocaram  sete  trombetas. Sete  lâmpadas de fogo, os sete  espíritos de Deus, queimaram diante do trono; e o Cordeiro que foi sacrificado tinha sete cornos e  sete olhos.

OITO  é o primeiro cubo, o de dois. NOVE  é o quadrado de três, e é representado pelo triângulo triplo. DEZ  inclui todos os outros números. Especialmente  sete e três; e é chamado de número da perfeição. Pitágoras representou-o com a TETRACTYS, que tinha diversos significados místicos. Este símbolo é, algumas vezes, composto por pontos, outras vezes por vírgulas ou yōds e, na Cabala, pelas letras do nome da Divindade. Está assim organizado:

Os patriarcas, desde Adão a Noé, inclusive, são dez  em número, que é o mesmo número dos Mandamentos.

DOZE é o número das linhas de comprimento igual que formam o cubo. É o número dos meses, das tribos e dos apóstolos; dos bois sob o Mar de Bronze, das pedras no peitoral do grande sacerdote.

III. MESTRE Compreender literalmente os símbolos e alegorias de livros Orientais como assuntos ante-históricos é fechar deliberadamente os olhos contra a Luz. Traduzir os símbolos para o trivial e para o lugar-comum é o despautério da mediocridade.

Toda  expressão religiosa é simbolismo; uma vez que podemos apenas descrever   o que vemos,  e que os objetos verdadeiros da religião são OS VISTOS. Os instrumentos mais antigos da educação foram os símbolos; eles e todas as outras formas religiosas diferiam e ainda diferem de acordo com as circunstâncias e imagens externas, de acordo com as diferenças de conhecimento e cultivo mental. Toda linguagem é simbólica, na medida em que é aplicada a fenômenos e ações mentais e espirituais. Todas as  palavras têm, primariamente, um sentido material; porém, podem receber mais tarde, dos ignorantes, um significado espiritual  sem  sentido. “Retrair”, por exemplo, é  puxar   para trás, mas quando aplicado a uma afirmação, é simbólico, tal como seria a imagem de um braço sendo recolhido para expressar a mesma coisa. A exata palavra “ espírito” significa “respiração”, do verbo latino spiro, respirar. Apresentar um símbolo visível aos olhos de outrem não é necessariamente informar o significado que esse símbolo tem para você. Consequentemente, o filósofo logo sobrepôs aos símbolos explicações endereçadas ao ouvido, suscetíveis de maior precisão, mas menos efetivas e impressivas do que as formas pintadas ou esculpidas que envidou explicar. A partir dessas explicações, se desenvolveu gradualmente uma variedade de narrativas, cujos verdadeiros objetivos e significados foram paulatinamente sendo esquecidos, ou perdidos em contradições e incongruências. E, quando foram abandonadas, e a Filosofia recorreu a definições e fórmulas, sua linguagem não passou de um simbolismo mais complicado, tentando, no escuro, pintar e se atracar a ideias impossíveis de serem expressas. Pois tal como o símbolo visível, qual como à palavra: pronunciá-la a você não é informar o

significado exato que ela possui para mim; e, assim, a religião e a filosofia se transformaram, em grande parte, em disputas quanto ao significado de palavras. A expressão mais abstrata de DIVINDADE  que a linguagem pode fornecer nada mais é do que um  sinal ou  símbolo  para um objeto além de nossa compreensão, não mais verdadeiro ou adequado do que as imagens de OSÍRIS e VISHNU, ou seus nomes, exceto por ser menos sensível e menos explícito. Evitamos a sensibilidade apenas recorrendo à simples negação. Ao final, definimos espírito dizendo que ele não é matéria. Espírito é – espírito. Um único exemplo do simbolismo das palavras indicará a você um ramo do estudo Maçônico. Encontramos no Rito Inglês esta frase: “Sempre saudarei (em inglês, hail), sempre ocultarei, e nunca revelarei;”  e no Catecismo, estas:

P.’. “ Eu saúdo” R .’. “Eu oculto;” E a ignorância, compreendendo mal a palavra “saudar”, interpolou a frase, “De onde saúdas!” Mas a palavra é, na realidade, “hele”, do verbo Anglo-Saxão elan, helan, que é cobrir , encobrir , ou ocultar . E esta palavra é traduzida pelo verbo Latino tegere, cobrir ou telhar . “That ye fro me no thynge woll hele ”  diz Gower. “They hele fro me no priuyte ”, diz o Romance da Rosa . “Curar ( heal) uma casa” é uma frase comum em Sussex; e no oeste da Inglaterra, aquele que cobre uma casa com ardósias é chamado Curador . Por conseguinte, “curar ” significa a mesma coisa que “telhar ”, – por si só simbólico, significando, primariamente, cobrir uma casa com telhas, – e também cobrir , encobrir ou ocultar . Assim, a linguagem também é simbolismo, e palavras são tão mal compreendidas e mal utilizadas quanto os símbolos mais materiais. O simbolismo tendeu, continuamente, a se tornar mais complicado; e todas as forças do Céu foram reproduzidas na terra, até que uma teia de ficção e alegoria foi tecida, parcialmente pela arte e parcialmente pela ignorância do erro, que o saber do homem, com seus métodos de explicação limitados, nunca irá desemaranhar. Até o Teísmo Hebreu se envolveu em simbolismo e

adoração de imagens, tomados emprestados, provavelmente, de um credo mais antigo e de regiões remotas da Ásia, – a adoração da Grande NaturezaDeus Semítica AL ou ELS  e suas representações simbólicas do Próprio JEOVÁ não foram restritas à linguagem poética ou ilustrativa. Os sacerdotes eram monoteístas: as pessoas idólatras. Existem perigos inseparáveis do simbolismo, que proporcionam uma lição impressionante no que diz respeito aos riscos similares presentes no uso da linguagem. A imaginação, chamada para auxiliar a razão, usurpa seu lugar ou deixa sua aliada emaranhada desamparadamente em sua teia. Nomes que representam coisas são confundidos com elas; os meios são confundidos com os fins; o instrumento de interpretação com o objeto; e, assim, os símbolos chegam a usurpar um caráter independente como se fossem verdades ou pessoas. Embora, talvez, sejam um caminho necessário, eram um caminho perigoso para se aproximar à Divindade; no qual muitos, diz PLUTARCO, “confundindo o símbolo com a coisa significada, incorreram numa superstição ridícula; enquanto outros, evitando um extremo, precipitaram-se no golfo não menos detestável da irreligião e da impiedade”. É através dos Mistérios, diz CÍCERO, que aprendemos os primeiros princípios de vida; portanto o termo “iniciação”  é usado com boa razão; e eles não só nos ensinam a viver mais feliz e agradavelmente, como também suavizam as dores da morte através da esperança de uma melhor vida futura. Os Mistérios eram um Drama Sagrado, exibindo alguma lenda significativa das mudanças da natureza, do Universo visível no qual a Divindade é revelada, e cuja importação era, em muitos aspectos, tão aberta ao Pagão quanto ao Cristão. A Natureza é a grande Professora do homem; pois é a Revelação de Deus. Ela não dogmatiza nem tenta tiranizar compelindo a um credo específico ou interpretação especial. Ela nos apresenta seus símbolos, e não acrescenta nada pelo caminho da explicação. É o texto sem o comentário; e, como bem o sabemos, é principalmente o comentário e a glosa que levam ao erro, à heresia e à perseguição. Os instrutores mais antigos da humanidade não só adotavam as lições da Natureza, mas aderiam o quanto possível ao seu método de transmiti-las. Nos Mistérios, além das tradições atuais ou recitais sacros e enigmáticos dos Templos, poucas explicações eram dadas aos espectadores, que eram deixados, como na escola da natureza, a fazer

inferências por si mesmos. Nenhum outro método teria satisfeito todos os graus de cultura e capacidade. Empregar o simbolismo universal da natureza, ao invés das tecnicalidades da linguagem, recompensa o pesquisador mais humilde e revela seus segredos a cada um na proporção de seu treinamento preparatório e de seu poder de compreendê-los. Ainda que seus significados filosóficos estivessem acima da compreensão de alguns, seus significados morais e políticos estão dentro do alcance de todos. Estas exibições e performances místicas eram não a leitura de um ensinamento, mas a abertura de um problema. Requerendo pesquisa, elas foram calculadas para despertar o intelecto dormente. Não implicam hostilidade à Filosofia, porque a Filosofia é a grande explicadora do simbolismo; ainda que suas antigas interpretações fossem amiúde infundadas e incorretas. A alteração de símbolo para dogma é fatal à beleza da expressão, e leva à intolerância e a uma infalibilidade presumida. Se os antigos, ao ensinarem a grande doutrina da natureza divina da Alma, ao tentarem explicar seus desejos de imortalidade, ao provarem sua superioridade sobre as almas dos animais, as quais não têm aspirações voltadas ao Céu, se esforçaram em vão para expressar a natureza da alma, por compará-la ao FOGO e à LUZ, seria bom que considerássemos se, com todo o nosso conhecimento ostentado, temos alguma ideia melhor ou mais clara de sua natureza e se, desesperadamente, não nos refugiamos em não ter nenhuma. Pois se eles erraram quanto ao seu lugar original de residência, e compreenderam literalmente o modo e o caminho de sua descida, tais foram apenas acessórios da grande Verdade e, provavelmente, para os Iniciados, meras alegorias, projetadas para criar a ideia mais palpável e impressionante à mente. De qualquer modo, não são mais passíveis de risos, pela arrogância de uma ignorância vã – e a riqueza de cujo conhecimento consiste só de palavras – do que o  seio  de Abraão, como lar dos espíritos  dos justos que morreram; o abismo de fogo verdadeiro, para a tortura eterna dos espíritos; e a Cidade da Nova Jerusalém, com seus muros de jaspe e seus edifícios de ouro puro semelhante a vidro límpido, suas fundações de pedras preciosas e seus portões cada um de uma única pérola. “Eu conheci um homem”, diz PAULO, “arrebatado ao terceiro Céu;... que ele foi arrebatado ao Paraíso, e ouviu

alavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”.  E em nenhum lugar o antagonismo e o conflito entre o espírito e o corpo são mais frequente e forçosamente insistidos do que nos escritos deste apóstolo, em nenhum lugar a natureza Divina da alma é mais fortemente afirmada. “Com a mente”, diz ele, “sirvo à lei de DEUS; mas com a carne à lei do pecado... Todos os que são guiados pelo Espírito de DEUS, esses são filhos de DEUS... A ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de DEUS... A criatura será libertada da servidão da corrupção ,  da carne sujeita à decadência , para a liberdade da glória dos filhos de DEUS”. Duas formas de governo são favoráveis à prevalência da falsidade e da fraude. Sob um Despotismo, as pessoas são falsas, traiçoeiras e enganadoras por medo, como escravos temendo o açoite. Sob uma Democracia também o são, como um meio de alcançar popularidade e cargos, e por causa da cobiça por riqueza. A experiência, provavelmente, provará que tais vícios odiosos e detestáveis crescerão mais patentes e se espalharão mais rapidamente numa República. Quando o cargo e a riqueza se tornam os dois deuses de um povo, e os mais indignos e ineptos aspiram mais ao primeiro, e a fraude se torna a rodovia para a segunda, a terra irá feder com a falsidade e transpirar mentiras e chicanas. Quando os cargos estão abertos a todos, o mérito, a integridade austera, e a dignidade da honra imaculada os alcançarão só raramente e por acidente. Ser capaz de bem servir ao país deixará de ser uma razão pela qual os grandes, os sábios e os instruídos serão selecionados para prestar serviço. Outras qualificações, menos honrosas, estarão mais disponíveis. Adaptar a opinião de alguém à vontade popular; defender, apologizar e justificar as tolices populares; advogar o conveniente e o plausível; afagar, lisonjear e bajular o eleitor; mendigar como um cão por seu voto, por mais bárbaro que o eleitor seja; professar amizade por um competidor e apunhalá-lo com insinuações; estabelecer o que futuramente se tornará mentira, sendo primoirmão disso quando pronunciado e capaz, ainda, de ser explicado; – quem já não viu estas artes baixas e ferramentas vis postas em prática, generalizandose, até que o sucesso não possa mais ser alcançado seguramente por meios honrados? – o resultado é um Estado governado e arruinado pela mediocridade ignorante e rasa, pela vaidade arrogante e pelo verdor do intelecto imaturo, baldado pela noção superficial do conhecimento digna de um aluno de colégio.

Os infiéis e os falsos na vida pública e política serão infiéis e falsos na vida privada. O jóquei na política, assim como o jóquei no hipódromo, é podre desde a pele até o coração. Em todo lugar ele olhará primeiro seus próprios interesses, e quem depender dele será perfurado com um junco quebrado. Sua ambição é ignóbil, como ele próprio; e, então, procurará conseguir o cargo por meios ignóbeis, tal como procurará alcançar qualquer outro objetivo cobiçado – terras, dinheiro ou reputação. Lentamente, o cargo e a honra são divorciados. A posição que o pequeno e raso, o patife ou o trapaceiro, são considerados competentes e aptos para preencher, deixa de ser digna para os grandes e capazes; ou, se não, estes se recuam da disputa, uma vez que as armas a se utilizar são impróprias para um cavalheiro as manejar. E então, os hábitos dos advogados sem princípios nos tribunais de justiça são naturalizados nos Senados, e ali os chicanistas discutem em voz alta, quando o destino da nação e as vidas de milhões estão em jogo. Os Estados são gerados até pela vilania e nascidos pela fraude, e as canalhices são justificadas por legisladores que afirmam ser honrados. Portanto, eleições contestadas são decididas por votos perjuros ou considerações partidárias; e todas as práticas dos piores tempos de corrupção são revividas e exageradas nas Repúblicas. É estranho que a reverência pela verdade, o humanismo e a lealdade genuína, o desprezo pela pequenez e pela vantagem injusta, a fé genuína, a piedade, e a grande amabilidade diminuam entre os estadistas e as pessoas, conforme a civilização avança e a liberdade se torna mais geral, e o sufrágio universal implica valor e aptidão universais! Na época de Elizabeth, sem sufrágio universal, nem Sociedades para a Difusão do Conhecimento Útil, nem conferencistas populares, nem Liceus, o estadista, o mercador, o burguês, o marinheiro, eram todos igualmente heroicos, temendo unicamente a Deus, e a nenhum homem. Deixe uma ou duas centenas de anos se passarem, e numa Monarquia ou República da mesma raça, nada é menos heroico que o mercador, o especulador astuto e o buscador de cargos, temendo unicamente os homens, e a nenhum Deus. A reverência à grandeza desaparece, e é sucedida pela baixa inveja à grandeza. Cada um está no caminho de muitos, seja no caminho da popularidade ou no da riqueza. Há um sentimento geral de satisfação quando um grande estadista é deslocado, ou um general, que durante suas breves horas tenha sido um ídolo popular, é desafortunado e cai

de seu alto posto. Torna-se um infortúnio, se não um crime, estar acima do nível popular. Supomos, naturalmente, que uma nação em angústia aconselhar-se-ia com o mais sábio de seus filhos. Porém, pelo contrário, os grandes homens jamais parecem ser tão escassos como quando são mais necessários, e os pequenos nunca tão destemidos em insistir em infestar o lugar como quando a mediocridade, a pretensão incompetente, o viço estudantil e a incompetência exibicionista e vivaz são mais perigosos. Quando a França estava no extremo da agonia revolucionária, era governada por uma assembleia de velhacos, e Robespierre, Marat e Couthon governaram no lugar de Mirabeau, Vergniaud e Carnot. A Inglaterra foi governada pelo Parlamento Restante, depois de ter decapitado seu rei. Cromwell extinguiu uma corporação, e Napoleão a outra. Fraude, falsidade, trapaça e engano nos assuntos nacionais são sinais de decadência nos Estados e precedem convulsões ou paralisias. A política das nações governadas pela mediocridade barata é tiranizar os fracos e se encolher aos fortes. As artimanhas dos debates por cargos são reiteradas nos Senados. O Executivo se torna o distribuidor da patronagem, principalmente aos mais indignos; e as pessoas são subornadas com cargos, ao invés de dinheiro, para a grande ruína da Comunidade. Desaparece o Divino na natureza humana, e o interesse, a ganância e o egoísmo tomam seu lugar. É uma alegoria triste e verdadeira, a que representa os companheiros de Ulisses transformados em porcos pelo encantamento de Circe. “Não podes”, disse o Grande Mestre, “servir a Deus e a Mamom”. Quando a sede de fortuna se torna geral, esta será procurada tanto honesta quanto desonestamente; por fraudes e extrapolações, pelas desonestidades do comércio, pela crueldade da especulação gananciosa e pela especulação em ações e mercadorias que logo desmoralizam uma comunidade inteira. As pessoas especularão com as necessidades de seus vizinhos e com as angústias de seu país. Bolhas que, arrebentando, empobrecem multidões, serão estouradas pela desonestidade astuta, com a credulidade estúpida como sua assistente e instrumento. Bancarrotas gigantes, que assustam um país como os terremotos, porém são mais fatais, atribuições fraudulentas, engolfamento da poupança dos pobres, expansões e colapsos da moeda, quebra de bancos, depreciação de finanças governamentais, pilham as economias dos

abnegados, e preocupam, com suas depredações, o primeiro alimento da infância e as últimas areias da vida, e enchem com internos os adros de igrejas e os manicômios. Mas o velhaco e especulador prospera e engorda. Se sua pátria está lutando, num levante em massa, por sua própria existência, ele a “ajuda” desvalorizando sua moeda, a fim de que possa acumular quantias fabulosas com poucos gastos. Se seu vizinho está angustiado, ele compra sua propriedade por uma música alegre. Se administra uma herança, ele a torna falida, e os órfãos se tornam indigentes. Se o seu banco explode, descobre-se que ele se protegeu a tempo. A sociedade idolatra seus reis de papel-ecrédito, como os Hindus e Egípcios adoravam seus ídolos inúteis, e muitas vezes mais obsequiosamente quando, em meio a uma riqueza sólida, ela é paupérrima. Não é de se admirar que as pessoas achem que deve existir outro mundo, no qual as injustiças deste possam ser expiadas, quando veem os amigos, com as famílias arruinadas, mendigando aos ricos mais espertos que deem esmolas para evitar que vítimas órfãs morram de fome, até que encontrem meios de se sustentar. Os Estados são principalmente desejosos de comércio e de territórios. O desejo territorialista leva à violação de tratados, invasão de territórios de vizinhos frágeis e à rapacidade para com seus distritos, cujas terras são cobiçadas. As Repúblicas são, nisto, tão gananciosas e sem princípios quanto os Déspotas, nunca aprendendo com a história que a expansão desordenada através de rapina e fraude tem suas consequências inevitáveis no desmembramento ou na subjugação. Quando uma República começa a saquear seus vizinhos, as palavras de condenação já estão escritas em seus muros. Há um julgamento já proferido por Deus sobre o que ou quem é injusto na condução dos assuntos nacionais. Quando a guerra civil rasga os órgãos vitais de uma República, deixe-a olhar para trás e ver se não foi culpada de injustiças; e, se tiver sido, deixe-a se humilhar no pó! Quando uma nação se torna possuída por um espírito de ganância comercial, além dos limites justos e corretos estabelecidos pelo devido respeito a um grau moderado e razoável de prosperidade geral e individual, ela é uma nação possuída pelo demônio da avareza comercial, uma paixão tão ignóbil e desmoralizadora quanto a avareza no indivíduo; e como essa paixão sórdida é mais baixa e inescrupulosa do que a ambição, é assim mais odiosa, e finalmente faz com que a nação infectada seja vista como inimiga da raça

humana. Abocanhar a parte do leão no comércio sempre tem provado, no final, ser a ruína dos Estados, porque invariavelmente leva a injustiças que fazem um Estado detestável; a um egoísmo e política deformada que impedem outras nações de serem amigas de um Estado que se preocupa unicamente consigo mesmo. A avareza comercial na Índia foi progenitora de mais atrocidades, de maior violência, e custou mais vidas humanas do que a ambição mais nobre do império estendido da Roma Consular. A nação que se agarra ao comércio do mundo só pode se tornar egoísta, calculista, morta para os impulsos e afinidades mais nobres que devem mover os Estados. Submeter-se-á a insultos que mais ferirão sua honra do que colocarão em perigo seus interesses comerciais pela guerra; enquanto, ao submeter-se a esses interesses, travará uma guerra injusta, por pretextos falsos ou frívolos, e seu povo livre se aliará alegremente a déspotas para esmagar um rival comercial que ousou exilar seus reis e eleger seu próprio governante. Assim, os frios cálculos de um sórdido interesse próprio, em nações comercialmente avarentas, no final, sempre deslocam os sentimentos e impulsos elevados de Honra e Generosidade pelos quais elas ascenderam à grandeza; que fizeram igualmente Elizabeth e Cromwell serem os protetores dos Protestantes, para além dos quatro mares da Inglaterra, contra a Tirania coroada e a Perseguição mitrada; e, se tivessem durado, teriam impedido alianças com Czares, Autocratas e Bourbons para re-entronizar as Tiranias da Incapacidade, e armar a Inquisição novamente com seus instrumentos de tortura. A alma da nação avarenta se petrifica, como a alma do indivíduo que faz do ouro seu deus. O Déspota ocasionalmente agirá por impulsos nobres e generosos, e ajudará os fracos contra os fortes, os certos contra os errados. Mas a avareza comercial é essencialmente egoísta, sedenta, infiel, extrapolante, velhaca, fria, mesquinha, egoísta e calculista, controlada apenas por considerações de interesse próprio. Sem coração e sem misericórdia, não tem nenhum sentimento de piedade, afinidade ou honra que a façam parar em sua corrida sem remorso; e ela esmaga tudo que seja impedimento em seu caminho, tal como suas quilhas de comércio esmagam embaixo de si as ondas murmurantes e despercebidas. Uma guerra por um grande princípio enobrece uma nação. Uma guerra por

supremacia comercial, sob um baixo pretexto, é desprezível e, mais do que tudo, demonstra a que profundidades imensuráveis de baixeza as pessoas e as nações podem descer. A ganância comercial valoriza as vidas humanas não mais do que valoriza as vidas das formigas. O comércio de escravos é tão aceitável para um povo cativado por tal ganância, quanto o comércio de marfim ou de especiarias, se os lucros forem grandes. Depois de um tempo, esforçar-se-á para se compor com Deus e aquietar sua própria consciência, compelindo aqueles para os quais vendeu os escravos que comprou ou roubou, a libertá-los, massacrando-os com hecatombes se se recusarem a obedecer aos éditos de sua “filantropia”. Justiça, de maneira alguma, consiste em distribuirmos a outrem a medida exata de recompensa ou punição que pensamos e decretamos ser de seu mérito, ou do que chamamos de seu crime, que muitas vezes é meramente seu erro. A justiça do pai não é incompatível com o perdão aos erros e ofensas de seu filho. A Infinita Justiça de Deus não consiste em distribuir medidas exatas de punição às fraquezas e pecados humanos. Somos demasiado aptos para erigir nossas próprias noções pequenas e estreitas do que é certo e justo na lei da justiça, e insistir que Deus deva adotá-las como Sua lei; medir algo com nossa própria trena minúscula, e chamar essa medida de amor de Deus pela justiça. Continuamente, buscamos enobrecer nosso próprio amor ignóbil pela vingança e retaliação, o chamando erradamente de justiça. Tampouco justiça consiste em governar estritamente nossa conduta para com os outros pela regras rígidas do direito legal. Se existisse, em algum lugar, uma comunidade na qual todos se firmassem na rigorosidade dessa regra, deveriam estar escritas sobre seus portões, como um aviso aos desafortunados que desejam admissão a esse reino inóspito, as palavras que DANTE diz estarem escritas no alto do grande portão do Inferno: “ DEIXAI TODA A  ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS! ”. Não é justo pagar ao trabalhador, do campo, da fábrica ou da oficina seu salário corrente e nada mais, o valor de mercado mais baixo por seu trabalho, pelo tempo que precisarmos desse trabalho ou que ele for capaz de trabalhar; pois quando a doença ou a velhice o alcançam, isto significa abandoná-lo, junto com sua família, para morrer de fome; e Deus amaldiçoará com calamidade o povo no qual os filhos do trabalhador desempregado comem apenas a grama do campo cozida, e mães estrangulam seus filhos, para que possam comprar alimentos para si mesmas

com a pensão caridosa dada para as despesas do enterro. As regras do que é normalmente chamado de “ Justiça”  podem ser meticulosamente observadas entre os espíritos caídos, que são a aristocracia do Inferno. Justiça, divorciada da afinidade, é indiferença egoísta, nem de longe mais louvável do que a isolação misantrópica. Existe afinidade até entre as oscillatorias, uma tribo de plantas simples, semelhantes a cabelos, e exércitos que podem ser descobertos com a ajuda do microscópio, na mais ínfima parte da escuma de uma piscina estagnada. Porque vão se colocar, como se por comum acordo, em companhias separadas, na lateral do recipiente que os contenha, e parecem marchar para cima em filas; e quando um enxame se cansa de sua situação e decide mudar seus quartéis, cada pelotão se mantém em sua rota sem confusão e ou mistura, procedendo com grande regularidade e ordem, como sob instruções de líderes sábios. As formigas e abelhas prestam umas às outras uma assistência mútua, além do exigido para o que as criaturas humanas são capazes de considerar como a estrita lei da justiça. Certamente precisamos refletir um pouco, nos convencermos de que o indivíduo é apenas uma fração da unidade da sociedade, e que ele está indissoluvelmente conectado ao restante de sua raça. Não só as ações, mas a vontade e os pensamentos de outras pessoas fazem ou arruínam sua sorte, controlam seus destinos, e são para ele vida ou morte, honra ou desonra. As epidemias, físicas e morais, contagiosas e infecciosas, a opinião pública, os entusiasmos e decepções públicas, e os outros grandes fenômenos e correntes elétricas, morais e intelectuais, provam a afinidade universal. O voto de um único e obscuro homem, a manifestação de obstinação, ignorância, convencimento, ou rancor, decidindo uma eleição e colocando a Insensatez, ou Torpeza ou a Baixeza num Senado, envolve o país na guerra, varre nossos bens, massacra nossos filhos, torna inútil o trabalho de uma vida, e nos empurra, indefesos, com todo o nosso intelecto para resistir, ao túmulo. Estas considerações devem nos ensinar que a justiça para nós e para os outros é a mesma; que não podemos definir nossos deveres por linhas matemáticas regidas pelo esquadro, mas que devemos preencher com elas o grande círculo traçado pelos compassos; que o círculo da humanidade é o limite, e nós somos apenas o ponto em seu centro, as gotas no grande Atlântico, o átomo ou partícula, vinculados por uma lei de atração misteriosa que chamamos de

afinidade, a cada outro átomo na massa; que o bem-estar físico e moral dos outros não pode ser indiferente para nós; que temos um interesse direto e imediato na moralidade pública e na inteligência popular, no bem-estar e conforto físico das pessoas de forma geral. A ignorância das pessoas, seu pauperismo e destituição, e consequente degradação, sua brutalização e desmoralização, são todos doenças; e não conseguimos nos erguer muito acima das pessoas, nem nos afastar delas o suficiente, para escapar do contágio miasmático e das grandes correntes magnéticas. A justiça é peculiarmente indispensável para as nações. O Estado injusto é condenado por Deus à calamidade e à ruína. Este é o ensinamento da Sabedoria Eterna e da história. “A Honradez exalta uma nação; mas o errado é uma vergonha para as nações”. “O Trono é estabelecido pela Honradez. Que os lábios do Governante pronunciem a sentença que é Divina; e sua boca não erre no julgamento!” A nação que adita província por província por fraude e violência, que usurpa os fracos e saqueia seus bens, que viola seus tratados e a obrigação de seus contratos, e substitui a lei da honra e da justa conduta pelas exigências da ganância, pelos preceitos baixos de política e pelas doutrinas ignóbeis da conveniência, está predestinada à destruição; pois aqui, assim como com o indivíduo, as consequências do errado são inevitáveis e eternas. Uma sentença está escrita contra tudo o que é injusto, escrita por Deus na natureza do homem e do Universo, porque está na natureza do Deus Infinito. Nenhum mal é realmente bem sucedido. O ganho da injustiça é uma perda; seu prazer, sofrimento. Muitas vezes a iniquidade parece prosperar, mas seu sucesso é a sua derrota e vergonha. Se suas consequências passarem do agente, recairão sobre seus filhos e os esmagarão. É uma verdade filosófica, física e moral, em forma de ameaça, a de que Deus visita a iniquidade dos pais sobre os filhos, até a terceira e quarta gerações daqueles que violaram Suas leis. Depois de um longo tempo, o dia do cômputo sempre vem, para a nação e para o indivíduo; e o patife sempre se engana, e se prova um fracasso. A hipocrisia é a homenagem que o vício e a ofensa prestam à virtude e à ustiça. É Satã tentando se vestir com a veste angelical de luz. É igualmente detestável na moral, na política e na religião; na pessoa e na nação. Fazer

ustiça sob a pretensão de equidade e justeza; reprovar o vício em público e praticá-lo no particular; fingir opinião caridosa, mas condenar censoriamente; professar os princípios da beneficência Maçônica e tampar os ouvidos ao lamento da angústia e ao pranto dos que sofrem; elogiar a inteligência das pessoas e maquinar ludibriá-las e traí-las por meio de sua ignorância e simplicidade; falaciar sobre pureza e cometer peculato; sobre honra, e abandonar baixamente uma causa em naufrágio; sobre desinteresse, e vender seu voto por cargos e poder; são hipocrisias tão comuns quanto são infames e desgraçadas. Furtar o uniforme da Corte de Deus para, além disso, servir o Demônio; fingir crer em um Deus de misericórdia e em um Redentor do amor e perseguir os de fé diferente; devorar casas de viúvas e, por fingimento, fazer longas orações; pregar continência e chafurdar em luxúria; inculcar humildade e ultrapassar Lúcifer em orgulho; pagar o dízimo, mas omitir as questões mais importantes da lei: julgamento, misericórdia e fé; não deixar passar um mosquito, mas engolir um camelo; manter limpo o exterior da xícara e do pires, mas mantê-los cheios de extorsão e excessos; exteriormente, parecer correto às pessoas, mas internamente ser cheio de hipocrisia e iniquidade é, de fato, ser semelhante a sepulcros caiados, que parecem belos por fora, mas por dentro estão repletos de ossos dos mortos e de todas as impurezas. A República cobre sua ambição com o disfarce do desejo e dever de “estender a área de liberdade” e reclama ser seu “destino manifesto” anexar outras Repúblicas, ou Estados ou Províncias de outrem aos seus, pela violência aberta, ou sob títulos obsoletos, vazios e fraudulentos. O Império fundado por um soldado bem sucedido reclama suas fronteiras ancestrais ou naturais, e faz da necessidade e de sua segurança os argumentos para o roubo escancarado. A grande Nação Mercante, ganhando apoio no Oriente, encontra uma necessidade contínua de expandir seu domínio pelas armas, e subjuga a Índia. As grandes Realezas e Despotismos, sem argumento, dividem entre si um Reino, desmembram a Polônia, e se preparam para disputar os domínios do Crescente. Manter o equilíbrio de poder é o argumento para a obliteração de Estados. Cartago, Gênova e Veneza, cidades apenas comerciais, adquirem territórios pela força e pela fraude, e se tornam Estados. Alexandre marcha sobre os Hindus; Tamerlão busca um império universal; os Sarracenos conquistam a Espanha e ameaçam Viena.

A sede de poder nunca é satisfeita. É insaciável. Nem os homens nem as nações jamais têm poder suficiente. Quando Roma era a senhora do mundo, os Imperadores se fizeram adorar como deuses. A Igreja de Roma reclamou o despotismo sobre a alma, e sobre toda a vida desde o berço até o túmulo. Deu e vendeu absolvições para pecados passados e futuros. Alegou ser infalível em assuntos de fé. Dizimou a Europa para purgá-la dos hereges. Dizimou a América para converter Mexicanos e Peruanos. Deu e tirou tronos; e, por excomunhão e interdição, fechou os portões do Paraíso em face das Nações. A Espanha, soberba com seu domínio sobre as Índias, se esforçou em esmagar o Protestantismo na Holanda, enquanto Felipe II se casou com a Rainha da Inglaterra, e o casal tentou conquistar este reino de volta à sua aliança ao trono Papal. E mais tarde, a Espanha tentou conquistá-lo com sua Armada “invencível”. Napoleão colocou seus parentes e capitães em tronos e dividiu entre eles metade da Europa. O Czar governa um império mais gigantesco que o de Roma. A história de todos é, ou será, a mesma, –  aquisição, desmembramento e ruína. Há um julgamento de Deus contra tudo o que é injusto. Buscar subjugar a vontade  de outros e tornar suas almas  cativas, porque este é o exercício do mais alto poder, parece ser o maior objetivo da ambição humana. Está na base de todo proselitismo e propaganda, desde o de Mesmer até o da Igreja de Roma e da República Francesa. Este era o apostolado semelhante ao de Josué e de Maomé. A Maçonaria apenas prega a Tolerância, o direito do homem de acatar sua própria fé e o direito de todos os Estados de se autogovernarem. Ela repreende igualmente o monarca que busca estender seus domínios pela conquista, a Igreja que reivindica o direito de reprimir a heresia pelo fogo e pelo aço, e a confederação de Estados que insiste em manter a união pela força e restaurar a fraternidade pelo massacre e pela subjugação. É natural, quando somos injustiçados, desejarmos vingança; e persuadir-nos de que a queremos menos para nossa satisfação do que para prevenir a repetição da injustiça, da qual o agente seria encorajado pela impunidade unida às vantagens da injustiça. Submetermo-nos à trapaça é encorajar o trapaceiro a continuar; e somos inteiramente capazes de nos ver como instrumentos escolhidos por Deus para infligir Sua vingança e, por Ele e em Seu lugar, desencorajar a injustiça pela garantia certa de sua esterilidade e

punição. A Vingança é dita como sendo “uma espécie de justiça selvagem”; mas ela sempre é feita com raiva e, portanto, não é digna de uma alma grande, que não tolerará que sua equanimidade seja perturbada pela ingratidão ou vilania. Os danos feitos a nós pelos maus são tão indignos da atenção de nossa raiva quanto os danos feitos pelos insetos e animais; e, quando esmagamos a víbora, ou matamos o lobo ou a hiena, devemos fazê-lo sem sermos movidos pela raiva, e com menor sentimento de vingança do que o que temos ao arrancar uma erva daninha. E se não estiver na natureza humana não se vingar por meio da punição, que o Maçom considere verdadeiramente que assim fazendo ele será o agente de Deus, e então, que sua vingança seja medida pela justiça e temperada pela misericórdia. A lei de Deus é que as consequências da injustiça, da crueldade e do crime sejam sua punição; e que os injuriados, os injustiçados e os indignados são tão Seus instrumentos para reforçar tal lei quanto as doenças, a detestação pública, o veredicto da história e a execração da posteridade. Ninguém dirá que o Inquisidor que torturou e queimou o inocente; o espanhol que, com sua espada, talhou crianças indígenas vivas e deu os membros mutilados aos seus sabujos; o tirano militar que fuzilou pessoas sem um processo; o patife que roubou ou traiu seu Estado; o banqueiro fraudador ou corrupto, que levou órfãos à indigência; o servidor público que violou seu uramento; o juiz que vendeu injustiça; o legislador que permitiu que a Incapacidade arruinasse o Estado, não deverão ser punidos. Que assim sejam; e que os feridos ou seus simpatizantes sejam os instrumentos da vingança usta de Deus; mas sempre como resultado de um sentimento maior do que a mera represália pessoal. Lembre-se que toda característica moral do homem encontra seu protótipo entre as criaturas de inteligência mais baixa; que a maldade cruel da hiena, a violência selvagem do lobo, a ira impiedosa do tigre, a deslealdade astuciosa da pantera, são encontradas entre o gênero humano e que, quando encontradas, não devem provocar emoção diferente do que quando as encontramos nos animais. Por que deveria o verdadeiro homem ficar irritado com os gansos que sibilam, o pavão que se empertiga, o burro que zurra e os macacos que imitam e garrulam, ainda que vistam a forma humana? Além disso, sempre permanece verdadeiro: que é mais nobre perdoar do que se vingar; e que, em geral, devemos muito mais desprezar aqueles que nos

ofendem, do que sentir a emoção da raiva, ou o desejo de vingança. Na esfera do Sol, você está na região da LUZ. * * * * A palavra Hebraica para ouro, ZAHAB, também significa  Luz, da qual o Sol é para a Terra a grande fonte. Portanto, na grande alegoria Oriental dos Hebreus, o Rio PISOM  circunda a terra do Ouro  ou da  Luz; e o Rio GIOM, a terra da  Etiópia ou das Trevas. O que a luz é , não sabemos mais do que nossos ancestrais. De acordo com as hipóteses modernas, não  é composta de partículas luminosas emitidas pelo Sol com velocidade imensa; mas aquele astro somente imprime, no éter que preenche todo o espaço, um poderoso movimento vibratório que se estende, na forma de ondas luminosas, para além dos planetas mais distantes, provendo-lhes luz e calor. Para os antigos, era um efluxo partido da Divindade. Para nós, assim como para eles, é o símbolo apropriado da verdade e do conhecimento. Também, para nós, a jornada ascendente da alma através das Esferas é simbólica; mas somos tão pouco informados quanto eles, sobre de onde vem nossa alma, onde teve sua origem, e para onde vai depois da morte. Eles se esforçavam para ter alguma  crença e fé, algum credo, sobre estes pontos. Hoje em dia, as pessoas estão satisfeitas em não pensar em nada do que diz respeito a tudo aquilo, e apenas crer que a alma é algo  separado do corpo e sobrevivente a ele, mas não se preocupam nem se questionam se ela existia antes dele. Ninguém se pergunta se ela emana da Divindade ou se é criada a partir do nada, ou se é gerada tal como o corpo, por consequência das almas do pai e da mãe. Não riamos, portanto, das ideias dos nossos ancestrais até que tenhamos uma crença melhor; mas aceitemos seus símbolos como significando que a alma é de natureza Divina, originando-se numa esfera mais próxima à Divindade, e para lá retornando quando liberada do cativeiro do corpo; e que só poderá retornar quando purificada de toda sordidez e pecado que fizeram parte de sua substância, por sua conexão com o corpo. Não é estranho que, há milhares de anos, as pessoas adorassem o Sol, e que hoje essa adoração continue entre os Parses. Originalmente, elas olhavam para além do globo, para o Deus invisível, de quem a luz do Sol, aparentemente idêntica à geração e à vida, era a manifestação e efluxão. Muito antes dos pastores Caldeus o verem sobre seus campos, já se levantava

regularmente, como faz hoje, pela manhã, como um deus, e novamente se punha como um rei se retirando no oeste, para retornar no tempo devido com a mesma exibição de majestade. Nós adoramos a Imutabilidade. É esse caráter constante e imutável do Sol que as pessoas de Baalbek adoravam. Seus poderes vivificantes e iluminantes eram atributos secundários. A única grande ideia que compelia à adoração era a característica de Deus que viam refletida em sua luz, e imaginavam ver em sua originalidade a imutabilidade da Divindade. O Sol viu tronos ruírem, terremotos sacudirem a terra e arremessarem montanhas ao chão. Além do Olimpo, além dos Pilares de Hércules, ele ia diariamente à sua morada, e diariamente retornava, de manhã, para observar os templos eram construídos para a sua adoração. O personificaram como  BRAHMA,  AMON , OSÍRIS,  BEL,  ADÔNIS,  MALKHART ,  MITRA e  APOLO;  e as nações que assim fizeram envelheceram e morreram. Cresceu musgo nos capitéis das grandes colunas de seus templos, e ele brilhou no musgo. Grão por grão, a poeira de seus templos ruiu e caiu, foi carregada com o vento e, ainda assim, brilhou na coluna e na arquitrave que desmoronavam. O telhado caiu se espatifando no chão, e ele brilhou no Santo dos Santos com raios imutáveis. Não é estranho que as pessoas adorassem o Sol. Há uma planta aquática, em cujas largas folhas as gotas de água rolam sem se unir a elas, como gotas de mercúrio. Do mesmo modo, os argumentos sobre assuntos de fé, política ou religião rolam sobre a superfície da mente. Um argumento que convence uma mente não tem efeito sobre outra. Poucos intelectos, ou almas, que são as negações do intelecto, têm qualquer poder ou capacidade lógicos. Existe uma obliquidade singular na mente humana que faz a falsa lógica mais efetiva do que a verdadeira, para nove décimos daqueles que são vistos como pessoas intelectuais. Mesmo entre os juízes, nem dez por cento consegue argumentar logicamente. Cada mente enxerga a verdade distorcida por seu próprio meio. A verdade, para a maioria das pessoas, é como a matéria no estado esferoidal. Assim como uma gota de água fria, na superfície de uma lâmina de metal incandescente, dança, treme e gira, mas nunca entra em contato com ela; a mente pode ser mergulhada na verdade, como uma mão umedecida com ácido sulfúrico em metal derretido, e nem mesmo ser aquecida pela imersão. A palavra  Khairiūm ou  Khūrūm  é uma palavra composta. Gesênio traduz

 Khūrūm  pela palavra nobre ou nascido-livre:  Khūr   significando branco, nobre. Também significa a abertura de uma janela, o orifício ocular.  Khri também significa branco, ou uma abertura; e  Khris, o globo solar, em Jó 8:13 e 10:7.  Krishna  é o Deus-Sol Hindu.  Khūr , a palavra em Parse, é o nome literal do Sol. De  Kur ou  Khur , o Sol, vem Khôra, um nome do Baixo Egito. O Sol, diz Bryant em sua “Mitologia”, era chamado de  Kur ; e Plutarco diz que os persas chamavam o Sol de  Kūros.  Kurios, Senhor , em grego, como  Adonaï , Senhor , em fenício e hebraico, era aplicado ao Sol. Muitos lugares eram consagrados ao Sol e chamados de  Kura,  Kuria,  Kuropolis,  Kurene,  Kureschata, Kuresta, e Corusia na Cítia. A Divindade egípcia chamada pelos gregos de “ Hórus” foi  Her-Ra, ou Haroeris,  Hor  ou  Has, o Sol.  Hari  é um nome Hindu do Sol.  Ari-al,  Ar-es,  Ar , ryaman,  Areimonios, com “AR” significando Fogo ou Chama, são do mesmo gênero.  Hermes ou  Har-mes ( Aram,  Remus,  Haram,  Harameias), era Kadmos, a Luz Divinaou Sabedoria.  Mar -kuri, diz Movers, é Mar , o Sol. No Hebraico, AOOR é  Luz, Fogo,  ou o Sol. Ciro, disse Ctésias, foi assim chamado a partir de  Kuros, o Sol.  Kuris, diz Hesíquio, era Adônis. Apolo, o deus-Sol, era chamado de  Kurraios, advindo de  Kurra, uma cidade na Fócida. O povo de  Kurene, originalmente Etíopes ou Cutitas, adorava o Sol sob o título de Achoor  e  Achōr . Sabemos, através de um testemunho preciso nos anais ancestrais de Tsūr, que a festividade principal de  Mal-karth, a encarnação do Sol no Solstício de Inverno, celebrada em Tsūr, era chamada de seu renascimento  ou seu despertar , e era celebrada por meio uma pira, sobre a qual se supunha que o deus recuperaria, através da ajuda do fogo, uma nova vida. Esse festival era celebrado no mês de Peritius ( Barith), cujo segundo dia correspondia ao 25º de dezembro. KHUR-UM, Rei de Tiro, afirma  Movers, fora o primeiro a executar esta cerimônia. Aprendemos estes fatos de  Josefo, de Sérvio na  Eneida e nos  Dionisíacos de  Nono; e por uma coincidência que não pode ser fortuita, o mesmo dia era em Roma o  Dies Natalis Solis Invicti , o dia festivo do invencível Sol. Sob esta denominação, HÉRCULES, HAR-aclesera

adorado em Tsūr. Assim, enquanto o templo estava sendo erigido, a morte e a ressurreição de um Deus-Sol eram representadas anualmente em Tsūr, pelo aliado de Salomão, no solstício de inverno, pela pira de MAL-KARTH, o Heracles Tsūriano.

AROERIS ou HAR-oeris, o ancião HÓRUS, é da mesma velha raiz que, em Hebraico, tem a forma de  Aür , ou, com o artigo definido prefixado,  Haür , Luz,ou a  Luz, esplendor, chama, o Sol e seus raios. O hieróglifo do jovem HÓRUS era o ponto dentro de um círculo; o do Ancião, um par de olhos; e o festival do trigésimo dia do mês de  Epiphi, quando se supunha que o sol e a lua estavam alinhados com a terra, era chamado de “O nascimento dos olhos de Hórus”. Em um papiro publicado por Champollion, este deus é intitulado “ Haroeri, Senhor dos Espíritos Solares, o olho benévolo do Sol”.  Plutarco o chama de “ Har-pocrates”, mas não há nenhum vestígio da última parte do nome nas lendas hieroglíficas. Ele é o filho de OSÍRIS  e de Ísis, e é representado sentado em um trono sustentado por leões; a mesma palavra, em Egípcio, significando  Leão e Sol. Deste modo, Salomão fez um grande trono de marfim, revestido com ouro, com seis degraus, havendo um leão em cada braço, e um leão em cada lado de cada degrau, perfazendo sete de cada lado. Novamente, a palavra hebraica , Khi, significa “vivente”; e , rām “era, , , , ou será, erguido ou levantado ”. A última é a mesma que rōōm, arōōm, harūm, ou  Aram, para Síria, ou  Aramæa, Terra-Alta.  Khairūm, portanto, significaria “erguido à vida, ou vivente”. Assim, em Arábico, hrm, uma raiz não usada, significava “era alto”, “feito  grande”, “exaltado”; e  Hîrm  significa boi, o símbolo do Sol em Touro, no Equinócio Vernal.

KHŪRŪM, então, impropriamente chamado de  Hiram, é KHUR-OM, o mesmo que  Her-ra,  Her-mes e  Her -acles, o “ Heracles Tyrius Invictus”, a personificação da Luz e do Filho, o Mediador, Redentor e Salvador. Da palavra egípcia  Ra  veio a copta Oūro  e a hebraica  Aür , Luz.  Har -oerié  Hor  ou  Har , o chefe ou mestre.  Hor   também é calor; e hora, estaçãoou hora; e,

conseqüentemente, em vários dialetos africanos, como os nomes do Sol: iro,  Ayero, eer , uiro,  ghurrah  e similares. O nome real prestado ao Faraó era PHRA, isto é, Pai-ra, o Sol. A lenda da disputa entre  Hor-ra e Set , ou Set -nu-bi, o mesmo que  Bar , ou  Baal, é mais antiga do que a do conflito entre Osíris e Tífon; tão antiga, pelo menos, quanto a décima nona dinastia. É chamado, no Livro dos Mortos, de “O dia da batalha entre Hórus e Set”. O segundo mito se associa à Fenícia e à Síria. O corpo de OSÍRIS chegou à praia em Gebal ou  Biblos, por volta de cem quilômetros acima de Tsūr. Você não deixará de notar que no nome de cada um dos assassinos de Khūrūm encontramos o do Deus do Mal, Baal. Har-oeri era o deus do TEMPO, e também o da Vida. A lenda egípcia conta que o Rei de Biblos derrubou a tamareira que continha o corpo de OSÍRIS e fez dela uma coluna para seu palácio. Ísis, empregada do palácio, obteve a posse da coluna, retirou o corpo de dentro dela e o levou consigo. Apuleio a descreve como “uma bonita mulher, sobre cujo pescoço divino seu cabelo longo e espesso pendia em graciosos anéis”; e, na procissão, as mulheres presentes, com pentes de marfim, pareciam pentear e ornamentar o cabelo real da deusa. A palmeira, e a lâmpada na forma de um barco, apareciam na procissão. Se o símbolo do qual estamos falando não for uma mera invenção moderna, é para tais coisas que alude.

A identidade das lendas também é confirmada por esta pintura hieroglífica, copiada de um antigo monumento egípcio, que pode, além disso, lhe esclarecer quanto ao aperto da pata do Leão e ao malhete do Mestre. , no antigo caractere Fenício, , e no Samaritano, , A B (as duas letras que representam os números 1 e 2, ou Unidade e Dualidade), significa Pai, e é um substantivo primitivo, comum a todas as línguas semitas. Também significa Ancestral, Originador, Inventor, Cabeça, Chefe ou Governante, Gerente, Supervisor, Mestre, Sacerdote, Profeta.  é simplesmente Pai, quando está em construção, isto é, quando precede outra palavra e, em português, a preposição “de” está interposta, como , Abi-Al, o Pai de Al. Além disso, o Yōd final significa “meu”; de modo que “Meu pai”. , Davi meu pai, 2 Crôn. 2:3.

 por si só significa

  (Vav) final é o pronome possessivo “seu”; e ,  Abiu(que lemos “Abif”) significa “de meu pai”. Seu significado pleno, enquanto ligado ao nome de Khūrūm, sem dúvida, é “antigamente um dos serviçais de meu pai”, ou “escravos”. O nome do artífice fenício é, em Samuel e em Reis, 2] – Sam. 8:11; 1  Reis 5:15; 1 Reis  7:40]. Em Crônicas é , com a adição de 2] , Crôn. 2:12]; e de 2] Crôn. 4:16]. É simplesmente absurdo adicionar a palavra “ Abif ”, ou “ Abiff ”, como parte do nome do artífice. E é quase tão absurdo adicionar a palavra “ Abi”, que era um título e não parte do nome. José diz [Gen. 45:8]: “Deus me constituiu ’Ab l’Paraah, como Pai para Faraó, i.e., Vizir ou Primeiro Ministro.”  Portanto Hamã foi chamado de Segundo Pai de Artaxerxes; e, quando o Rei Khūrūm usou a frase “Khūrūm Abi”, quis dizer que o artífice que mandou a Shlomoh era o artífice principal, ou chefe, em sua linhagem em Tsūr.

Uma medalha copiada por Montfaucon exibe uma mulher amamentando uma criança, com espigas de trigo em sua mão, e a legenda (Iao). Ela está sentada em nuvens, com uma estrela em sua cabeça, e três espigas de trigo saindo de um altar à sua frente.

HÓRUS  era o mediador , que foi enterrado por três dias, foi regenerado, e triunfou sobre o princípio do mal. A palavra HERI, em sânscrito, significa Pastor , bem como Salvador . KRISHNA  é chamado de  Heri, assim como JESUS  se autodenominou o  Bom Pastor . ,  Khūr , significa uma abertura de uma janela, de uma cavernaou de um olho. Também significa branco. Em siríaco,   também significa uma abertura, e também nobre, nascido-livre, nascidoalto. , KHURM, significa consagrado, devotado; em etiópico, .É o nome de uma cidade [Jos. 19:38] e de um homem [ Ez. 2:32, 10:31; Ne. 3:11]. , Khirah, significa nobreza, uma raçanobre. Declara-se que Buda compreende em sua própria pessoa a essência do Trimurti Hindu; e daí se aplica o monossílabo triliteral Om ou  Aum  como sendo essencialmente o mesmo que Brahma-Vishnu-Shiva. Ele é o mesmo que Hermes, Tot, Taut e Teutates. Um de seus nomes é Heri-maya ou Hermaya, que é, evidentemente, o mesmo nome de Hermes e Khirm ou Khūrm. Heri, em sânscrito, significa Senhor . Um Irmão instruído coloca sobre os dois pilares simbólicos, da direita para a esquerda, as duas palavras, e , e , IHU e BAL: seguido pelo equivalente hieroglífico, do Deus-Sol, Amun-ra. Será uma coincidência acidental que no nome de cada um dos assassinos estejam os dois nomes das Divindades hebraicas, do Bem e do Mal; pois Yu-bel  nada

mais é do que Yehu- Bal ou Yeho- Baal?  E que as três sílabas finais dos nomes, a, o, um, fazem A∴U∴M∴, a palavra sagrada dos hindus, significando Deus-Triuno, Doador, Preservador e Destruidor da vida: representado pela letra mística ? A genuína  Acácia  é também a espinhosa tamariz, a mesma árvore que cresceu em torno do corpo de Osíris. Era uma planta sagrada entre os Árabes, que dela fizeram o ídolo Al-Uzza, que Maomé destruiu. É um arbusto abundante no Deserto do Thar: e dela foi composta a “coroa de espinhos” que foi colocada na fronte de Jesus de Nazaré. É um modelo adequado de imortalidade por conta de sua tenacidade de vida; pois se sabia que, quando plantada como ombreira das portas, criava raízes novamente e estirava ramos floridos sobre a soleira. Toda comunidade deve ter seus períodos de processo e transição, especialmente se ela se engaja na guerra. É certo, em algum momento, que será totalmente governada por agitadores que apelam para todos os elementos mais baixos da natureza popular; por corporações ricas; por aqueles enriquecidos com a desvalorização dos títulos de dívida pública ou dos papéis do governo; por baixos advogados, urdidores, agiotas, especuladores e aventureiros – uma oligarquia ignóbil, enriquecida pelas angústias do Estado e engordada nas misérias do povo. E então todas as visões enganosas de igualdade e de direitos humanos fenecem; e o Estado injustiçado e saqueado só pode recuperar uma liberdade real passando por “grandes variedades de existências não experimentadas”,  purificado em sua transmigração pelo fogo e pelo sangue. Numa República, logo ocorre que partidos se reúnam em torno dos pólos negativo e positivo de alguma opinião ou noção, e que o espírito intolerante de uma maioria triunfante não permita nenhum desvio do padrão de ortodoxia que estabeleceu para si mesma. A liberdade de opinião será professada e simulada, mas todos a exercerão sob risco de serem banidos da comunhão política com os que mantêm as rédeas e prescrevem a política a ser seguida. Servilismo ao partido e obsequiosidade aos caprichos populares andam de mãos dadas. A independência política só ocorre em estado fóssil; e as opiniões das pessoas não crescem além dos atos a que foram constrangidas a

executar ou sancionar. A bajulação, seja de indivíduos, seja de povos, corrompe ambos os emissores e receptores; e a adulação não tem maior utilidade para o povo do que para os reis. Um César, firmemente assentado no poder, se importa menos com ela do que uma democracia livre; nem seu apetite por ela crescerá à exorbitância, como crescerá o de um povo até se tornar insaciável. O efeito da liberdade para os indivíduos é que eles possam fazer o que aprouverem; para o povo é, em grande medida, a mesma coisa. Se acessíveis à adulação, como esta é sempre interesseira e refugiada em motivos baixos e vis, com propósitos maldosos, é certo que, tanto o indivíduo quanto o povo, ao fazer o que quiserem, farão o que pela honra e consciência não teriam feito. Não se deve sequer arriscar congratulações, que logo podem se tornar reclamações; e como tanto os indivíduos como o povo são propensos a fazer mau uso do poder, bajulá-los, que é uma maneira segura de desviá-los, bem merece ser chamado de crime. O primeiro princípio em uma República deve ser “que nenhuma pessoa ou grupo tenha direito a emolumentos ou privilégios exclusivos ou separados da comunidade, mas por consideração a serviços públicos; como estes não são hereditários, tampouco devem ser os cargos de magistratura, de assembleia, ou de juiz”. É um tomo de Verdade e de Sabedoria, uma lição para o estudo das nações, incorporados numa única sentença e expressos numa linguagem que todos podem entender. Se um dilúvio de despotismo derribar o mundo e destruir todas as instituições sob as quais a liberdade está protegida, de modo que não sejam mais lembradas entre as pessoas, esta sentença, preservada, já seria suficiente para reacender os fogos da liberdade e reviver a raça dos homens livres. Mas, para  preservar   a liberdade, outra deve ser acrescentada: “que um  Estado livre não confira cargos como prêmio, especialmente por serviços questionáveis, a não ser que busque sua própria ruína; mas que todos os servidores sejam empregados  por ele, em consideração somente à sua vontade e habilidade de prestar serviços no futuro; e, portanto, apenas os melhores e mais competentes serão sempre os preferidos”. Porque, se deve haver qualquer outra regra, a da sucessão hereditária talvez seja tão boa quanto ela. Por nenhuma outra regra é possível preservar as

liberdades do Estado. Por nenhuma outra regra é possível confiar o poder de fazer as leis apenas àqueles que possuem o agudo sentido instintivo de injustiça e de errado, que os possibilita detectar a baixeza e a corrupção nos seus esconderijos mais secretos, e cuja coragem moral, humanismo generoso e independência galante os fazem destemidos para arrastar os perpetradores à luz do dia, e chamar sobre eles o escárnio e a indignação do mundo. Os bajuladores dos povos nunca são tais pessoas. Pelo contrário, para uma República sempre chega um tempo, quando não está satisfeita, como Tibério, com um único Sejano, e precisará ter uma hoste deles; e quando os mais proeminentes na liderança dos assuntos de governo são pessoas sem reputação, estadismo, habilidade ou informação, meros picaretas de partido, devendo suas posições a trapaças e falta de qualificação, sem nenhuma das qualidades, no coração ou na mente, que façam deles homens grandes e sábios, e são ao mesmo tempo cheios de todas as concepções limitadas e intolerância amarga do fanatismo político. Estes morrem; e o mundo não é mais sábio pelo que disseram e fizeram. Seus nomes mergulham no poço sem fundo do esquecimento; mas seus atos de insensatez ou desonestidade amaldiçoam o corpo político e, ao final, provam sua ruína. Os políticos, em um Estado livre, são geralmente ocos, sem coração e egoístas. Seu próprio engrandecimento é a finalidade de seu patriotismo; e eles sempre observam com satisfação secreta o desapontamento ou queda de alguém cujo gênio eminente e talentos superiores fazem sombra à sua autoimportância, ou cuja integridade e honra incorruptível estão no caminho de seus propósitos egoístas. A influência dos baixos aspirantes está sempre contra o grande homem. Sua acessão ao poder pode dar-se por quase uma vida inteira. Um deles será mais facilmente deslocado, mas cada outro aspirará sucedê-lo; e assim, ao longo do tempo, ocorre que pessoas incapacitadas até para o mais baixo secretariado aspiram impudentemente e, de fato, conseguem os postos mais altos; e a incapacidade e mediocridade se tornam os passaportes mais seguros para os cargos. A consequência é que aqueles que se sentem competentes e qualificados para servir ao povo, se recusam com desgosto a entrar na briga por um cargo, onde a doutrina perniciosa e jesuítica de que tudo é válido na política é desculpa para toda espécie de baixa vilania; e que aqueles que buscam mesmo os

postos mais altos do Estado não contam com o poder de um espírito magnânimo, nos impulsos compassivos de uma grande alma, para bulir e mover o povo para resoluções generosas, nobres e heroicas, e para a ação sábia e humana; mas, tal como cães de caça eretos sobre as patas traseiras, com as dianteiras obsequiosamente suplicantes, adulam, bajulam e realmente mendigam votos. E ao invés de descerem a tanto, permanecem orgulhosamente afastados, se recusando desdenhosamente a cortejar o povo, e agindo com a máxima de que “as pessoas não têm o direito de exigir que as sirvamos em despeito delas mesmas”. É lamentável ver um país dividido em facções, cada uma seguindo este ou aquele líder grandioso ou descarado com a adoração cega, irracional e indiscutida como a um heroi; é desprezível vê-lo dividido em partidos, cujo único fim são os despojos da vitória, e os baixos, pequenos e venais como seus líderes. Tal país está nos últimos estágios da decadência e o fim está próximo, não importa quão próspero possa aparentar ser. Ele luta sobre o vulcão e o terremoto. Mas é certo que nenhum governo pode ser conduzido pelos homens do povo, e pelo povo, sem uma rígida aderência àqueles princípios que nossa razão elogia como firmes e sólidos. Estes devem ser os testes dos partidos, das pessoas e das medidas. Uma vez determinados, devem ser inexoráveis em sua aplicação, e todos devem ou se aproximar ao padrão ou se declarar contrários. Homens podem trair: princípios, jamais. A opressão é uma consequência invariável da confiança mal colocada em gente traiçoeira, e nunca é resultado da elaboração o ou aplicação de um princípio sólido, justo e experimentado. Compromissos que põem em dúvida os princípios fundamentais, a fim de unir em um único partido pessoas de credos antagônicos, são fraudes e terminam na ruína – a consequência justa e natural da fraude. Sempre que você tiver baseado sua teoria e credo, não permita nenhum desvio deles na prática, nem qualquer terreno de conveniência. É a palavra do Mestre. Não se renda nem à lisonja nem à força! Que nenhuma derrota ou perseguição o roubem dela! Acredite que aquele que um dia errou gravemente no governo de estado, errará gravemente de novo; que tais erros graves são tão fatais quanto crimes; e que a miopia política não melhora com a idade. Sempre há mais impostores do que visionários entre os homens públicos, mais falsos profetas do que verdadeiros, mais profetas de Baal do que de Jeová; e Jerusalém está sempre sob o perigo dos Assírios.

Salústio disse que depois de um Estado ter sido corrompido pela luxúria e indolência, ele pode, por sua mera grandeza, ainda resistir sob o peso de seus vícios. Mas ainda enquanto escrevia, Roma, de quem falava, jogou fora seu disfarce de liberdade. Outras causas, além de luxúria e preguiça, destroem Repúblicas. Se pequenas, seus vizinhos maiores podem extingui-las por absorção. Se de grande extensão, a força coesiva é muito fraca para mantê-las unidas, e se despedaçam por seu próprio peso. A ambição sem valor de homens baixos as desintegra. A falta de sabedoria em seus conselhos cria discussões exasperadas. A usurpação de poder faz sua parte, a incapacidade secunda a corrupção, a tempestade se levanta, e os fragmentos da jangada incoerente se espalham pelas praias arenosas, lendo para a humanidade outra lição a ser desconsiderada.

A Quadragésima Sétima Proposição é mais antiga do que Pitágoras. É assim: “Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados da base e da erpendicular é igual ao quadrado da hipotenusa”. O quadrado de um número é o produto desse número, multiplicado por ele

mesmo. Assim, 4 é o quadrado de 2, e 9 o de 3. Os dez primeiros números são: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 ; seus quadrados são 1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100 ; e 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19   são as diferenças entre cada quadrado e o que o precede, nos dando os números sagrados 3, 5, 7 e 9. Desses números, o quadrado de 3 e 4, somados, dá o quadrado de 5; e os de 6 e de 8  o quadrado de 10; se formarmos um triângulo retângulo, a base medindo 3 ou 6 partes e a perpendicular 4 ou 8  partes, a hipotenusa terá 5 ou 10  partes; e se erigirmos um quadrado sobre cada lado do triângulo e dividirmos esses quadrados em quadrados cujo lado tiver uma parte de comprimento, haverá tantos deles no quadrado construído sobre a hipotenusa quanto nos outros dois quadrados juntos. Ora, os egípcios organizaram suas divindades em Tríades – o PAI ou o Espírito ou Princípio Ativo ou Poder Gerador ; a MÃE, ou Matéria, ou Princípio Passivo, ou o Poder Conceptivo; e o FILHO,  Resultado ou Produto, o Universo, procedente dos dois princípios. Estes eram OSÍRIS, ÍSIS e HÓRUS. Da mesma forma, PLATÃO nos dá o Pensamento, o Pai; a  Matéria  Primitiva, a  Mãe; e o Cosmos, o  Mundo, o Filho, o Universo animado por uma alma. Tríades da mesma espécie são encontradas na Cabala.

PLUTARCO diz, em seu livro  De Iside et Osiride:  “ Mas a natureza melhor e mais divina consiste de três: a que existe apenas no interior do Intelecto, a  Matéria, e a que procede destes, que os gregos chamam  Kosmos; a esses três  Platão costuma chamar de Inteligível, a ‘Ideia, Exemplar e Pai’; Matéria, ‘a  Mãe, a Enfermeira e o lugar e receptáculo da geração’; e o resultado desses dois, ‘a Descendência e Gênese’”,  o Kosmos , “uma palavra significando igualmente  Beleza e Ordem, ou o Universo em si.”  Você não deixará de notar que a Beleza é simbolizada pelo Segundo Vigilante, no Sul. Plutarco continua dizendo que os egípcios comparavam a natureza universal ao que chamavam de o mais belo e perfeito triângulo, como o faz Platão, naquele diagrama nupcial, como é chamado, que apresentou à sua Comunidade. Portanto ele acrescenta que este é um triângulo retângulo, e seus lados são

respectivamente são 3, 4 e 5; e diz: “Devemos supor que a perpendicular é  desenhada por eles para representar a natureza masculina, a base a feminina, e que a hipotenusa deve ser vista como a descendência de ambos; e, consequentemente, o primeiro deles representará adequadamente OSÍRIS, ou a causa primária; o segundo,  ÍSIS, ou a capacidade receptiva; o último,  HÓRUS, ou o efeito comum dos outros dois. Pois 3 é o primeiro número composto de par e ímpar; e 4 é um quadrado cujo lado é igual ao número ar 2; mas 5, sendo gerado, supostamente, dos números precedentes 2 e 3, ode-se dizer que tem relação igual com ambos, como seus pais em comum”. As mãos enganchadas  são outro símbolo usado por PITÁGORAS. Representavam o número 10, o número sagrado no qual todos os números precedentes estavam contidos; o número expresso pela misteriosa TETRACTYS, um figura apropriada igualmente por ele e pelos sacerdotes Hebreus da ciência sagrada egípcia, e que deve ser recolocada entre os símbolos do Grau de Mestre, no lugar que pertence por direito. Os Hebreus formavam-na assim, com as letras do nome Divino:

A Tetractys assim leva você não somente ao estudo da filosofia Pitagórica quanto aos números, mas também à Cabala, e o ajudará na descoberta do Mundo Verdadeiro, e no entendimento do que era chamado de “A Música das Esferas”.  A ciência Moderna confirma visivelmente as ideias de Pitágoras no que diz respeito às propriedades dos números, e que eles governam o Universo. Muito antes de seu tempo, a natureza havia extraído suas raízes cúbicas e seus quadrados.

Todas as FORÇASà disposição do homem, ou sob seu controle, ou sujeitas à sua influência, são suas ferramentas de trabalho. A amizade e simpatia que atam coração com coração são uma força como a da atração ou coesão, pela qual as partículas arenosas se tornam a rocha sólida. Se essa lei da atração ou coesão fosse retirada, os mundos e sóis materiais dissolver-se-iam num instante em fino vapor invisível. Se os laços de amizade, afeição e amor fossem anulados, a humanidade tornar-se-ia uma multidão furiosa de animais de rapina selvagens. A areia endurece e se torna rocha sob a imensa pressão superincumbente do oceano, às vezes ajudada pela energia irresistível do fogo; e, quando a pressão da calamidade e do perigo está sobre uma ordem ou um país, os membros ou cidadãos devem ser mais estreitamente unidos pela coesão da simpatia e da interdependência. A Moralidade é uma força. É a atração magnética do coração em direção à Verdade e à Virtude. A agulha da bússola, imbuída com sua propriedade mística, apontando infalivelmente para o norte, transporta o marinheiro com segurança por sobre o oceano sem rastros, através da tempestade e da escuridão, até que seus olhos satisfeitos contemplem as os bondosos faróis que lhe dão as boas-vindas a um porto seguro e hospitaleiro. E então os corações daqueles que o amam são contentados e seu lar se torna feliz; e este contentamento e alegria serão devidos à sua supervisora silenciosa, sem destaque, inerrante, que foi a guia do marinheiro sobre as águas agitadas. Porém, se a corrente o levar muito para o ártico, não mais julgará a agulha como precisa, e apontando para outro lugar que não o norte, que sensação de desamparo cairá sobre o marinheiro apavorado, que perda de energia e de coragem! É como se os grandes axiomas da moralidade viessem a falhar e não fossem mais verdadeiros, deixando a alma humana navegando à deriva, cega como Prometeu, à mercê das correntes incertas e traiçoeiras das profundezas. Honra e Dever são as estrelas polares de um Maçom, os  Dióscuros, pelos quais, nunca perdidos de vista, ele poderá evitar um naufrágio desastroso. Estes Palinuro observou, até que, vencido pelo sono, e o barco não sendo mais verdadeiramente guiado, tombou e foi engolido pelo mar insaciável. Dessa forma, o Maçom que os perde de vista, e não é mais governado por suas forças potenciais e beneficentes, estará perdido, e afundando longe da vista, desaparecerá sem honras e sem pranto.

A força da eletricidade, análoga à da afinidade, e por meio da qual os grandes pensamentos ou as baixas sugestões, as manifestações de naturezas nobres ou ignóbeis, brilham instantaneamente sobre os nervos das nações; a força do crescimento, modelo adequado da imortalidade, repousa dormente por três mil anos nos grãos de trigo enterrados com suas múmias pelos velhos Egípcios; as forças de expansão e contração, desenvolvidas no terremoto e no tornado, dando à luz as maravilhosas conquistas do vapor, têm seus paralelismos no mundo moral, nos indivíduos, e nas nações. O crescimento é uma necessidade para as nações como para as pessoas. Sua cessação é o princípio da decadência. Na nação, bem como na planta, é misterioso, e irresistível. Os terremotos que despedaçam nações, derrubam tronos e engolfam monarquias e repúblicas, foram há muito preparados, como a erupção vulcânica. Revoluções possuem longas raízes no passado. A força exercida está na proporção direta da contenção e repressão anteriores. Os verdadeiros estadistas devem ver no progresso as causas que, no devido tempo, o produzem; e aquele que não o faz não é senão um líder cego dos cegos. As grandes mudanças nas nações, como as mudanças geológicas da terra, são forjadas lenta e continuamente. As águas, caindo do Céu como chuva e orvalho, desintegram lentamente as montanhas de granito; arranham as planícies, deixando encostas e sulcos de erosão como seus monumentos; cavoucam os vales, enchem os mares, limitam os rios, e após o lapso de milhares e milhares de séculos silenciosos, preparam a grande aluvião para o crescimento daquela planta, o envelope nevado cujas sementes empregarão os teares do mundo, e a abundância ou penúria de cujas colheitas determinarão se os tecelões e fiandeiras de outros reinos terão trabalho ou passarão fome. Assim, a Opinião Pública é uma força imensa; e suas correntes são tão inconstantes e incompreensíveis como as da atmosfera. No entanto, em governos livres, ela é onipotente; e a tarefa do estadista é encontrar os meios de moldá-la, controlá-la e dirigi-la. Dependendo de como é feito, ela será benéfica e conservadora, ou destrutiva e ruinosa. A Opinião Pública do mundo civilizado é a Lei Internacional; e é uma força tão grande, apesar de não ter fronteiras certas nem fixas, que pode até obrigar o déspota vitorioso a

ser generoso, ou ajudar um povo oprimido em sua luta pela independência. O Hábito é uma grande força; é a segunda natureza, mesmo nas árvores. É tão forte nas nações quanto nas pessoas. Mas também o são os Preconceitos, que são dados às pessoas e às nações assim como as paixões; – como forças, valiosas, se usadas correta e habilmente; destrutivas, se manuseadas sem habilidade. Acima de tudo, o Amor à Pátria, o Orgulho Estatal, o Amor ao Lar, são forças de poder imenso. Encoraje todos eles. Insista neles para seus homens públicos. A permanência do lar é necessária ao patriotismo. Uma raça migratória terá pouco amor à pátria. O orgulho estatal é uma mera teoria e quimera quando as pessoas se mudam de Estado para Estado com indiferença, como os Árabes, que hoje acampam aqui e amanhã acolá. Se você tem Eloquência, esta é uma força poderosa. Preocupe-se em usá-la com bons propósitos – para ensinar, exortar, enobrecer o povo, e não para enganá-lo ou corrompê-lo. Oradores corruptos e venais são os assassinos das liberdades públicas e da moral pública. A Vontade é uma força; seus limites são ainda desconhecidos. É principalmente no poder da vontade que vemos o espiritual e o divino no homem. Existe uma aparente identidade entre a sua vontade que move outras pessoas, e a Vontade Criativa cuja ação parece tão incompreensível. São as pessoas de vontade  e de ação, não as pessoas de puro intelecto, que governam o mundo. Finalmente, as três maiores forças morais são a FÉ, que é a única SABEDORIA  verdadeira, e o próprio alicerce de todo o governo; ESPERANÇA, que é FORÇA, e garante o sucesso; e CARIDADE, que é BELEZA  e que, sozinha, torna animado o possível esforço unido. Estas forças estão ao alcance de todas as pessoas; e uma associação de homens, movida por elas, deveria exercer um imenso poder no mundo. Se a Maçonaria não o faz, é porque deixou de possuí-las. A Sabedoria, no homem ou estadista, no rei ou sacerdote, consiste grandemente na devida apreciação dessas forças; e a condenação de nações

frequentemente depende da não-apreciação geral de algumas delas. Quantas hecatombes recaem frequentemente sobre a não consideração ou a consideração insuficiente da força de uma ideia, tal como, por exemplo, a reverência por uma bandeira, ou ao apego cego a uma forma ou constituição de governo! Quantos erros são cometidos na economia política e no estadismo em consequência da superestimação ou subestimação de valores particulares, ou pela não estimação de alguns deles! Tudo, afirma-se, é produto do trabalho humano; mas o ouro ou o diamante que alguém encontra acidentalmente sem trabalho não é. Qual é o valor do trabalho prestado pelo lavrador em suas colheitas, comparado ao valor da luz do sol e da chuva, sem os quais seu trabalho não valeria nada? O comércio praticado pelo trabalho das pessoas aumenta o valor dos produtos do campo, da mina, ou da oficina, por seus transportes para mercados diferentes; porém quanto deste acréscimo se deve aos rios pelos quais esses produtos flutuam, e aos ventos que impulsionam as quilhas do comércio por sobre do oceano! Quem pode estimar o valor da moralidade e do humanismo em um Estado, da moral digna e do conhecimento intelectual? Estes são a luz solar e a chuva do Estado. Os ventos, com suas correntes mutantes, instáveis e flutuantes são emblemas adequados dos humores variáveis da população, suas paixões, seus impulsos heroicos, seus entusiasmos. Ai do estadista que não os estima como valores! Até a música e as canções possuem às vezes um valor incalculável. Toda nação tem alguma canção de valor comprovado, mais facilmente contabilizado em vidas que em dólares. A Marselhesa teve um valor para a França revolucionária, quem dirá quantos milhares de vidas? A Paz também é um grande elemento de prosperidade e de riqueza; um valor que não se calcula. As relações sociais e a associação de pessoas em Ordens beneficentes possuem um valor inestimável em moeda. Os exemplos ilustres do Passado de uma nação, as memórias e pensamentos imortais de seus grandes e sábios pensadores, estadistas, e herois, são o legado incalculável desse Passado para o Presente e o Futuro. E todos estes possuem não só valores da espécie mais elevada, excelente e inapreciável, mas também um

valor  pecuniário  real, uma vez que somente quando se coopera com estes, e se é auxiliado ou capacitado pelos mesmos, é que o trabalho humano gera riqueza. Estão entre os elementos principais da riqueza material, assim como o são do humanismo, heroísmo, glória, prosperidade e reputação imortal da nação. A Providência apontou as três grandes disciplinas da Guerra, da  Monarquia >e do Sacerdócio, tudo o que o ACAMPAMENTO, o PALÁCIOe o TEMPLOpodem simbolizar, para treinar as multidões em direção às combinações inteligentes e premeditadas a todos os grandes propósitos da sociedade. Com o tempo, quando a virtude e a inteligência se tornarem qualidades das multidões, o resultado será governos livres entre as pessoas; mas, por ignorância, tais governos são impossíveis. A humanidade avança somente por graus. A remoção de uma calamidade premente dá coragem de tentar a remoção dos males restantes, fazendo as pessoas mais sensíveis a eles, ou talvez sensíveis pela primeira vez. Escravos que se contorcem sob o chicote não se preocupam com seus direitos políticos; só depois de manumitidos da escravidão pessoal eles tornam sensíveis à opressão política. Libertos do poder arbitrário, e governados apenas pela lei, começam a escrutinar a própria lei, e desejam ser governados, não somente pela lei, mas pelo que consideram ser a melhorlei. E quando o despotismo civil ou temporal tiver sido anulado, e a lei municipal tiver sido moldada pelos princípios de uma jurisprudência esclarecida, poderão acordar para a descoberta de que estão vivendo sob um despotismo sacerdotal ou eclesiástico, e se tornarão desejosos de operar uma reforma aí também. É bem verdade que o avanço da humanidade é lento, e que muitas vezes pausa e retrocede. Nos reinados da terra não vemos despotismos se retirando e cedendo o terreno a comunidades autogovernadas. Não vemos as igrejas e sacerdócios da Cristandade renunciando à sua velha tarefa de governar as pessoas por terrores imaginários. Em lugar nenhum enxergamos uma populaça que poderia ser seguramente alforriada de tal governo. Não vemos os grandes professores religiosos almejando descobrir a verdade para si e para outrem; mas ainda dominando o mundo, satisfeitos e compelidos a dominar o mundo, por qualquer dogma já acreditado; eles mesmos tão amarrados a esta necessidade de governar quanto o povo à sua necessidade de ser governado. A pobreza, em suas formas mais horrendas, ainda existe nas

grandes cidades; e o câncer do pauperismo tem suas raízes nos corações dos reinos. Ali, os homens não medem suas necessidades e seu próprio poder de supri-las, mas vivem e se multiplicam como as bestas do campo, – a Providência tendo aparentemente deixado de lhes tomar conta. A inteligência nunca os visita, ou então faz sua aparição como algum novo desenvolvimento da vilania. A guerra não cessou; ainda existem batalhas e cercos. Lares ainda estão infelizes; e lágrimas, raiva e despeito transformam em infernos o que deveriam ser céus. Maior é a necessidade da Maçonaria! Mais amplo o campo de seus trabalhos! Maior a necessidade de ela começar a ser verdadeira consigo mesma, de reviver de sua asfixia, de se arrepender de sua apostasia ao seu verdadeiro credo! Indubitavelmente, trabalho, morte e paixão sexual são condições essenciais e permanentes da existência humana, e fazem a perfeição e um milênio na terra serem impossíveis. Sempre, – é o decreto do Destino! – a vasta maioria das pessoas trabalhará arduamente para viver, e não conseguirá encontrar tempo para cultivar a inteligência. O homem, sabendo que vai morrer, não sacrificará o prazer do presente por um maior no futuro. O amor à mulher não pode desaparecer; e ele possui um destino terrível e incontrolável, aumentado pelos refinamentos da civilização. A mulher é a verdadeira sereia ou deusa dos jovens. Mas a sociedade pode ser aprimorada; é possível governo livre para os Estados; e liberdade de pensamento e consciência não é mais totalmente  utópica. Já vemos que Imperadores preferem ser eleitos por sufrágio universal; que Estados são conduzidos a Impérios pelo voto; e que Estados são administrados com algo do espírito de uma República, sendo pouco mais do que democracias com uma única cabeça, governando através de uma única pessoa, um representante, ao invés de uma assembleia de representantes. E, se os Cleros ainda governam, agora vêm perante os laicos para provar, pelo esforço da argumentação, que eles devem  governar. São obrigados a evocar a exata razão que estão empenhados em suplantar. Em consequência, os homens se tornam cada dia mais livres, porque a liberdade do homem reside em sua razão. Ele pode refletir sobre sua própria conduta futura, e evocar suas consequências; pode ter visões mais amplas da vida humana, e estabelecer regras para uma orientação constante. Assim ele é liberto das tiranias do sentido e da paixão, e capaz a qualquer tempo de viver conforme a inteira luz do conhecimento que está dentro de si, ao invés de ser

dirigido, como uma folha seca nas asas do vento, por cada impulso atual. Nisto reside a liberdade do homem como vista em conexão com a necessidade imposta pela onipotência e presciência de Deus. Quanto mais luz, mais liberdade. Quando o imperador e a igreja apelam para a razão há naturalmente sufrágio universal. Portanto, ninguém precisa perder a coragem, nem acreditar que o trabalho na causa do Progresso será trabalho desperdiçado. Na natureza não existe desperdício, seja de Matéria, Força, Ação, ou Pensamento. Um Pensamento é tanto a finalidade da vida quanto uma Ação; e um único Pensamento, às vezes, consegue resultados maiores do que uma Revolução, ou mesmo as próprias Revoluções. Mas não deve haver separação entre Pensamento e Ação. O verdadeiro Pensamento é aquele em que a vida culmina. Mas todo Pensamento sábio e verdadeiro produz Ação. É generativo, como a luz; e a luz e a sombra profunda da nuvem passageira são dádivas dos profetas da raça. O Conhecimento, adquirido laboriosamente, e induzindo hábitos de Pensamento sólido, – o caráter reflexivo, – necessariamente será raro. A multidão de trabalhadores não pode adquiri-lo. A maioria das pessoas atinge um nível muito baixo dele. É incompatível com as distrações comuns e indispensáveis da vida. Um mundo inteiro de erros, bem como de trabalho, irá gerar um único homem reflexivo. Na nação mais evoluída da Europa há mais ignorantes do que sábios, mais pobres do que ricos, mais trabalhadores automáticos, simples criaturas do hábito, do que pessoas racionais e reflexivas. A proporção é de, pelo menos, mil para um. A unanimidade de opinião é obtida assim. Ela só existe entre a multidão que não pensa, e no clero político ou espiritual que pensa por tal multidão, que pensa em como dirigi-la e governá-la. Quando as pessoas começam a refletir, começam a diferir. O grande problema é encontrar guias que não buscarão ser tiranos. Isto é necessário até mais no que diz respeito ao coração do que à cabeça. Hoje, toda pessoa ganha sua quota especial da produção do trabalho humano por uma disputa incessante, por trapaça e fraude. O conhecimento útil, adquirido honrosamente, é muitas vezes banal segundo um costume não honesto ou razoável, de modo que os estudos da juventude são muito mais nobres do que as práticas dos adultos. O labor do fazendeiro em seus campos, as recompensas generosas da terra, os céus benignos e generosos, tendem a fazê-lo cuidadoso, previdente e agradecido; a educação recebida na feira-livre o torna rabugento, astuto, invejoso e um somítico intolerável.

A Maçonaria busca ser esse guia beneficente, sem ambição, desinteressado; e é condição absoluta de todas as grandes estruturas que o som do martelo e o tinido da trolha sejam sempre ouvidos em alguma parte do edifício. Com fé no homem, esperança no futuro da humanidade e bondade amorosa por nossos companheiros, a Maçonaria e o Maçom devem sempre trabalhar e ensinar. Que cada um faça aquilo para o qual é mais bem preparado. O professor é também um trabalhador. Tão louvável quanto o navegador ativo,  – que vai e vem e faz uma região partilhar dos tesouros de outra, e uma pessoa participar dos tesouros de todas, – aquele que mantém o farol sobre a colina também está em seu posto. A Maçonaria já ajudou a derrubar alguns ídolos de seus pedestais e pulverizar à poeira impalpável alguns dos elos das cadeias que mantinham as almas humanas em cativeiro. De que houve progresso não é necessária outra demonstração, senão a de que você pode hoje arrazoar com as pessoas, e exortar-lhes, sem o perigo da cremalheira ou fogueira, e que nenhuma doutrina pode ser apreendida como verdade se contradisser outra, ou contradisser outras verdades nos dadas por Deus. Muito antes da Reforma, um monge, que havia encontrado seu caminho para a heresia sem a ajuda de Martinho Lutero, não se aventurando a sussurrar em voz alta em qualquer ouvido vivo suas doutrinas antipapais e traidoras, escreveu-as em pergaminho, e selando o perigoso registro, escondeu-o nas paredes maciças de seu monastério. Não existia amigo ou irmão a quem pudesse confiar seu segredo ou derramar sua alma. Foi algum consolo imaginar que numa época futura alguém pudesse achar o pergaminho, e a semente ser descoberta, para que não tivesse sido semeada em vão. O que ocorreria se verdade tivesse que repousar dormente por tanto tempo antes da germinação quanto o trigo da múmia egípcia? Fale-a, apesar disso, repetidamente, e deixe-a ter sua oportunidade! A rosa de Jericó cresce nos desertos arenosos da Arábia e nos telhados das casas na Síria. Com apenas 15 cm de altura, perde suas folhas após a floração, e seca na forma de uma bola. Então é desraigada pelos ventos e carregada, soprada, ou lançada através do deserto, até o mar. Lá, sentindo o contato com a água, se desdobra, expande seus ramos, e expele as sementes de seus pericarpos. Estas, quando saturadas de água, são levadas pela maré e

postas sobre a praia. Muitas se perdem, como são inúteis muitas vidas individuais de pessoas. Mas muitas são atiradas novamente da praia para o deserto, onde, em virtude da água do mar que embeberam, suas raízes e folhas rebrotam e elas crescem plantas frutíferas que, por sua vez, como suas ancestrais, serão rodopiadas para o mar. Deus não é menos cuidadoso ao prover a germinação das verdades que você poderá divulgar corajosamente. “ Lança”, disse Ele, “ o teu pão sobre as águas, e depois de muitos dias ele retornará a ti novamente ”. A iniciação não muda: encontramo-la repetidamente, e sempre a mesma, através das eras. Os últimos discípulos de Martinez de Pasqually ainda são os filhos de Orfeu; mas adoram o realizador da filosofia ancestral, o Verbo Encarnado dos Cristãos. Pitágoras, o grande divulgador da filosofia dos números, visitou todos os santuários do mundo. Foi à Judeia, onde procurou ser circuncidado, para que pudesse ser admitido nos segredos da Cabala, cujos profetas Ezequiel e Daniel, não sem algumas reservas, lhe comunicaram. Em seguida, não sem dificuldade, conseguiu ser admitido na iniciação Egípcia, sob a recomendação do Rei Amasis. O poder de seu gênio supriu as deficiências das comunicações imperfeitas dos Hierofantes, e ele mesmo se tornou um Mestre e Revelador. Pitágoras definiu Deus: uma Verdade Viva e Absoluta, vestida de Luz. Disse que o Verbo era Número manifestado pela Forma. Fez tudo descender da Tetractys, isto é, do Quaternário. Deus, disse novamente, é a Música Suprema, cuja natureza é Harmonia. Pitágoras deu aos magistrados de Crotona este grande preceito religioso, político e social: “Não existe mal que não seja preferível à Anarquia.”

Pitágoras disse, “Ao mesmo tempo em que existem três noções divinas e três regiões inteligíveis, existe assim um mundo triplo, pois a Ordem Hierárquica sempre se manifesta em três. Existem a palavra simples, a palavra hieroglífica e a palavra simbólica; em outros termos, existe a palavra que expressa, a palavra que oculta e a palavra que significa; a inteligência hierática total está no conhecimento perfeito desses três graus”. Pitágoras envolveu a doutrina com símbolos, mas evitou cuidadosamente personificações e imagens, as quais, pensava, mais cedo ou mais tarde produziriam idolatria. A Sagrada Cabala, ou tradição dos filhos de Seth, foi trazida da Caldeia por Abraão, ensinada ao sacerdócio egípcio por José, recuperada e purificada por Moisés, dissimulada sob símbolos na Bíblia, revelada pelo Salvador a São João, e acomodada, inteira, sob figuras hieráticas análogas àquelas de toda a antiguidade, no Apocalipse deste Apóstolo. Os Cabalistas consideram Deus como o Infinito Inteligente, Animado e Vivo. Não é, para eles, nem o agregado de existências, nem a existência no abstrato, tampouco um ser definível filosoficamente. Ele está  em tudo, é distinto de tudo, e maior   do que tudo. Até Seu nome é inefável; e ainda esse nome expressa somente o ideal humano de Sua divindade. O que Deus é em Si mesmo, não é dado ao homem compreender. Deus é o absoluto da Fé; mas o absoluto da  Razãoé SER , que Eu sou”, é uma tradução paupérrima.

. “ Eu sou o

Ser, Existência, é em si mesmo, porque É. A razão de Ser é o próprio Ser. Podemos indagar, “Por que algo existe?”, isto é, “Por que tal ou tal coisa existe?”  Mas não podemos, sem sermos absurdos, perguntar “Por que Ser  É?” Isto seria supor Ser antes de Ser. Se Ser teve uma causa, esta causa seria necessariamente Ser; isto é, a causa e o efeito seriam idênticos. A razão e a ciência nos demonstram que os modos de Existência e Ser se equilibram reciprocamente de acordo com leis harmoniosas e hieráticas. Mas uma hierarquia é sintetizada, em ordem crescente, e se torna sempre cada vez

mais monárquica. Mesmo assim a razão não pode parar num único chefe, sem ficar alarmada com o enorme abismo que parece deixar acima deste Supremo Monarca. Portanto é silenciosa, e dá lugar para a Fé adorá-lo. O que é certo, mesmo para a ciência e para a razão, é que a ideia de Deus é a mais grandiosa, a mais sagrada e a mais útil de todas as aspirações do homem; que a moralidade repousa sobre esta crença, com sua sanção eterna. Esta é a crença, então, na humanidade, que é o mais real dos fenômenos do ser; e se fosse falsa, a natureza afirmaria o absurdo; o nada daria forma à vida, e Deus, ao mesmo tempo, seria e não seria. É para esta realidade filosófica e incontestável, chamada de A Ideia de Deus, que os Cabalistas deram um nome. Neste nome todos os outros estão contidos. Suas cifras contêm todos os números; e os hieróglifos de suas letras expressam todas as leis e todas as coisas da natureza.

SER É SER : a razão de Ser está em Ser: no Princípio está o Verbo, e o Verbo em lógica formulou o Discurso, a Razão falada; o Verbo está em Deus, e é o Próprio Deus, manifestado à Inteligência. Eis o que está acima de todas as filosofias. Nisto devemos acreditar, sob a pena de nunca sabermos verdadeiramente nada, e reincidirmos no ceticismo absurdo de Pirro. O Sacerdócio, guardião da Fé, repousa inteiramente nesta base de conhecimento, e é em seus ensinamentos que devemos reconhecer o Princípio Divino do Verbo Eterno. A Luz não é Espírito, como os Hierofantes hindus acreditavam; mas apenas o instrumento do Espírito. O corpo não é feito de Protoplastos, como os Teurgistas da escola de Alexandria ensinavam, mas é a primeira manifestação física da afllatus Divina. Deus a cria eternamente, e o homem, à imagem de Deus, a modifica e aparenta multiplicá-la. A alta magia é intitulada “A Arte Sacerdotal” e “A Arte Real”. No Egito, na Grécia e em Roma, podia apenas participar das grandezas e decadências do Sacerdócio e da Realeza. Toda filosofia hostil ao culto nacional e aos seus mistérios, era necessariamente hostil aos grandes poderes políticos, que perdem sua grandeza, se deixam, na visão das multidões, de ser as imagens

do Poder Divino. Toda Coroa é despedaçada quando se choca com a Mitra. Platão, escrevendo a Dionísio, o Jovem, a respeito da natureza do Primeiro Princípio, diz: “Devo escrever-lhe por enigmas, para que, se minha carta for interceptada por terra ou por mar, aquele que a ler não possa, em nenhum grau, compreendê-la”.  compreendê-la”. E então diz : “Todas as coisas rodeiam seu Rei; estão or conta d’Ele, e somente Ele é a causa de coisas boas, Segundas para os Segundos e Terceiras para os Terceiros”. Há nestas poucas palavras um sumário completo da Teologia dos Sefirotes. “O  Rei” é AINSOPH, Ser Supremo e Absoluto. A partir deste centro, que está em todo lugar , todas as coisas irradiam; mas nós o concebemos, especialmente, em três maneiras e em três esferas diferentes. No mundo  Divino ( AZILUTH), que é o da Primeira Causa, e onde toda a Eternidade das Coisas existiu no início como Unidade, para ser depois, durante a Eternidade que se seguiu, revestida de forma e dos atributos que a constituíram matéria, o Primeiro Princípio é Único e Primeiro, mas ainda não é a VERDADEIRA Divindade Ilimitada, incompreensível e indefinível; mas é Ela própria conforme manifesta pelo Pensamento Criativo. Seria comparar pequenez com infinidade, – Arkwright, como inventor da spinning-jenny, e não o homem  Arkwrigt de forma diferente e além dessa. Tudo o que podemos saber do Verdadeiro Deus é, comparado à Sua Totalidade, só uma fração infinitesimal de uma unidade, comparada a uma infinidade de Unidades. No Mundo da Criação, que é o das Segundas Causas (o Mundo Cabalístico BRIAH), a Autocracia do Primeiro Princípio está completa, mas concebemola apenas como a Causa das Segundas Causas. Aqui, é manifesta pelo Binário, e é o Princípio Criativo passivo. Finalmente: no terceiro mundo, YEZIRAH, ou o da Formação, ela é revelada na Forma perfeita, a Forma das Formas, o Mundo, a Suprema Beleza e Excelência, a Perfeição Criada. Assim, o Princípio é ao mesmo tempo o Primeiro, o Segundo e o Terceiro, uma vez que é o Tudo em Tudo, o Centro e Causa de tudo. Não é o gênio de Platãoque admiramos aqui. Reconhecemos apenas o conhecimento exato do  Iniciado.

O grande Apóstolo São João não tomou a abertura de seu Evangelho emprestada da filosofia de Platão. Platão, pelo contrário, bebeu das mesmas fontes de São João e de Fílon; e João, nos versos de abertura de sua paráfrase, declara os primeiros princípios de um dogma comum a várias escolas, porém numa linguagem especialmente pertencente a Fílon, a quem é evidente que tenha lido. A filosofia de Platão, o maior dos Reveladores humanos, poderia ansiar  pelo  pelo  Verbo feito homem; mas apenas o Evangelho poderia dá-lo ao mundo. Dúvida, na presença do Ser e de suas harmonias; ceticismo, face à matemática eterna e às leis imutáveis da Vida que fazem a Divindade presente e visível por toda a parte, tal como o Humano é conhecido e visível por suas expressões através de palavras e ações; – não seria esta a mais tola das superstições, e a mais imperdoável, bem como a mais perigosa de todas as credulidades? O Pensamento, como sabemos, não é resultado ou consequência da organização da matéria, da química ou outra ação ou reação de suas partículas, como a efervescência e as explosões gasosas. Pelo contrário, o fato de que o Pensamento é manifesto e realizado na ação humana ou ação divina, prova a existência de uma Entidade, ou Unidade, que pensa. E o Universo é a Expressão Infinita de apenas um de um número infinito de Pensamentos Infinitos, que só podem ser emanados de uma Fonte Infinita e Pensante. A causa é sempre igual, no mínimo, ao efeito; e a matéria não pode pensar, nem poderia ser sua própria causa, ou existir sem causa, e tampouco o nada  produz  forças ou coisas; pois nenhuma Força pode inerir à inexistência vazia. Admita-se uma Força autoexistente, e sua Inteligência, ou uma causa Inteligente do que se é admitido, e imediatamente DEUS É. A alegoria hebraica da Queda do Homem, que é apenas uma variação especial de uma lenda universal, simboliza uma das mais grandiosas e mais universais alegorias da ciência. O Mal Moral é a Falsidade em ações; como a Falsidade é o Crime em palavras. A Injustiça é a essência da Falsidade; e toda palavra falsa é uma injustiça.

A Injustiça é a morte do Ser Moral, como a Falsidade é o veneno da Inteligência. A percepção da Luz é o amanhecer da Vida Eterna, ao Sermos. A Palavra de Deus, que cria a Luz, parece ter sido expressa por toda a Inteligência que pôde tomar consciência das Formas e se mostrar. “ SEJA feita a Luz!”  Luz!” A Luz, na verdade, existe, em sua condição de esplendor, apenas para aqueles olhos que a contemplam; e a Alma, amante do espetáculo das belezas do Universo, aplicando sua atenção àquela escrita luminosa do Livro Infinito, chamado de “O Visível”, Visível”, parece expressar, como fez Deus na manhã do primeiro dia, a palavra sublime e criativa “ HAJA LUZ!” Não é além-túmulo, mas na própria vida, que devemos buscar os mistérios da morte. Salvação ou reprovação começam aqui em baixo, e o mundo terrestre também tem seu Paraíso e seu Inferno. Sempre, até aqui em baixo, a virtude é recompensada; sempre, até aqui em baixo, o vício é punido; e o que nos faz às vezes acreditar na impunidade dos que praticam o mal é que as riquezas, esses instrumentos do bem e do mal, às vezes parecem ter sido concedidas ao azar. Mas ai dos homens injustos, quando possuem a chave do ouro! Ela abre, para eles, somente o portão do túmulo e do Inferno. Todos os verdadeiros Iniciados reconheceram a utilidade da labuta e do sofrimento.“Sofrimento” sofrimento.“Sofrimento”,, diz um poeta alemão, “é o cão desse pastor desconhecido que guia o rebanho de homens”. homens”. Aprender a sofrer e aprender a morrer são as disciplinas da Eternidade, o Noviciado imortal. O quadro alegórico de Cebes, no qual a Divina Comédia de Dante foi esboçada no tempo de Platão, cuja descrição tem sido preservada para nós, e que muitos pintores da Idade Média reproduziram a partir desta descrição, é um monumento ao mesmo tempo filosófico e mágico. É uma síntese moral das mais completas, e ao mesmo tempo a mais audaciosa demonstração já dada do Grande Arcano, desse segredo cuja revelação subverteria a Terra e o Céu. Que ninguém espere que demos sua explicação! Aquele que passa por trás do véu que esconde este mistério entende que ele é, em sua própria natureza, inexplicável, e que é morte para aqueles que o conseguem de surpresa, assim como para aquele que o revela.

Este segredo é a Realeza dos Sábios, a Coroa do Iniciado a quem vemos redescer vitorioso do cume dos Processos, na fina alegoria de Cebes. O Grande Arcano faz dele mestre do ouro e da luz, que são basicamente a mesma coisa, ele já resolveu o problema da quadratura do círculo, dirige o erpetuum mobile  e possui a pedra filosofal. Aqui, os Adeptos nos compreenderão. Não existe interrupção na labuta da natureza, nem lacunas em seu trabalho. As Harmonias do Céu correspondem às da Terra, e a Vida Eterna realiza suas evoluções de acordo com as mesmas leis da vida de um cão. “Deus organizou todas as coisas por peso, quantidade e medida”, diz a Bíblia; e esta doutrina luminosa também era a de Platão. Na verdade, a humanidade nunca teve mais do que uma religião e um culto. Esta luz universal teve suas miragens incertas, seus reflexos enganosos e suas sombras; porém sempre, depois de noites de Erros, vemo-na reaparecer, única e pura como o Sol. As magnificências do culto são a vida da religião e, embora Cristo queira ministros pobres, Sua Soberana Divindade não quer altares de pouco valor. Alguns Protestantes não compreenderam que o culto é um ensinamento, e que não devemos criar na imaginação da multidão um Deus mediano ou miserável. Esses oratórios que se assemelham a escritórios ou tavernas parcamente mobiliados, e esses dignos ministros vestidos como tabeliães ou escreventes, não motivariam necessariamente a religião ser vista como uma mera formalidade puritana, e Deus como um Juiz de Paz? Zombamos dos Áugures. É tão fácil zombar e tão difícil compreender bem. Será que a Divindade deixou todo o mundo sem Luz por duas vintenas de séculos, para iluminar apenas um pequeno canto da Palestina e um povo brutal, ignorante e ingrato? Por que sempre caluniar Deus e o Santuário? Nunca existiram outros a não ser patifes entre os sacerdotes? Não seria possível encontrar homens honestos e sinceros entre os Hierofantes de Ceres ou Diana, de Dionísio ou Apolo, de Hermes ou Mitra? Estariam todos estes enganados, portanto, como o resto? Quem, então, os enganava constantemente, sem se trair, durante uma série de séculos? – pois as trapaças não são imortais! Arago disse que, fora da matemática pura, quem pronuncia

a palavra “impossível” é desprovido de prudência e bom-senso. O verdadeiro nome de Satã, dizem os Cabalistas, é o de Yahveh invertido; pois Satã não é um deus negro, mas a negação de Deus. O Diabo é a personificação do Ateísmo ou Idolatria. Para os Iniciados, ele não é uma Pessoa, mas uma Força, criada para o bem, mas que pode servir o mal.  É o instrumento da Liberdade ou Livre Arbítrio . Estes representam esta Força, que preside sobre a geração física sob a forma mitológica e chifruda do Deus PAN; daí veio o bode do Sabbat, irmão da Antiga Serpente, e o portador da Luz ou Fósforo, do qual os poetas fizeram o falso Lúcifer da lenda. O Ouro, aos olhos dos Iniciados, é a Luz condensada. Intitulam os números sagrados da Cabala de “números de ouro”, e os ensinamentos morais de Pitágoras de seus “versos dourados”. Pela mesma razão, um livro misterioso de Apuleio, no qual um asno aparece muitas vezes, foi chamado de “O Asno de Ouro”. Os Pagãos acusaram os Cristãos de adorar um asno, e não inventaram esta acusação, porém ela veio dos judeus Samaritanos que, calculando os dados da Cabala, no que se refere à Divindade, com símbolos Egípcios, também representaram a Inteligência através da figura da Estrela Mágica adorada sob o nome de  Renfã, a Ciência sob o emblema de Anúbis, cujo nome trocaram para  Nibaz, e a fé vulgar ou credulidade sob a figura de Tartaque, um deus representado com um livro, um manto e uma cabeça de asno. De acordo com os Doutores Samaritanos, o Cristianismo era o reino de Tartaque, Fé cega e credulidade vulgar erigidos a um oráculo universal, e preferidos no lugar da Inteligência e Ciência. Sinésio, Bispo de Ptolemais, um grande Cabalista, mas de ortodoxia duvidosa, escreveu: “O povo sempre zombará das coisas fáceis de ser mal-compreendidas; é  necessário haver imposturas”.

“Um espírito”, disse, “que ama a sabedoria e contempla a Verdade de muito erto, é forçado a disfarçá-la para induzir as multidões a aceitá-la... As ficções são necessárias ao povo, e a Verdade se torna mortal para aqueles que não são suficientemente fortes para contemplá-la em todo seu esplendor. Se as leis sacerdotais permitissem a reserva de julgamento e a alegoria das alavras, eu aceitaria a dignidade proposta com a condição de que eu udesse ser um filósofo em casa, e um narrador de apologias e parábolas no exterior...  Na realidade, o que pode haver em comum entre a vil multidão e a sabedoria sublime? A verdade deve ser mantida em segredo, e as massas necessitam um ensinamento proporcional à sua razão imperfeita”. Desordens morais produzem feiura física, e de alguma forma tornam reais aqueles rostos assustadores que a tradição atribui aos demônios. Os primeiros Druidas foram os verdadeiros filhos dos Magos, e sua iniciação veio do Egito e da Caldeia, isto é, das fontes puras da Cabala primitiva. Eles adoravam a Trindade sob os nomes de  Ísis ou  Hesus, a Suprema Harmonia; de  Belen ou  Bel, que em Assírio significa Senhor, um nome correspondente ao de ADONAÏ; e de Camul ou Camaël, um nome que na Cabala personifica a Justiça Divina. Embaixo deste triângulo de Luz eles supunham um reflexo divino, também composto de três raios personificados: primeiro, Teutates ou Teut , o mesmo que o Tot dos egípcios, o Verbo, ou a Inteligência formulada; em seguida, a Força e a Beleza, cujos nomes variavam tal como seus emblemas. Finalmente, completavam o Setenário sagrado com uma imagem misteriosa que representava o progresso do dogma e suas realizações futuras. Esta era a de uma jovem coberta por um véu, segurando uma criança em seus braços; e eles dedicaram esta imagem à “Virgem que se tornará mãe;  – Virgini pariturae”. Hertha ou Wertha, a jovem Ísis da Gália, Rainha do Céu, a Virgem que estava para dar à luz, segurava o fuso dos Destinos, preenchido com lã metade branca, metade preta; porque ela preside sobre todas as formas e todos os símbolos, e tece o vestuário das Ideias.

Um dos pantáculos mais misteriosos da Cabala, contido no Enchiridion de Leão III, representa um triângulo equilátero reverso, inscrito num duplo círculo. Estão escritos no triângulo, de modo a formar o Tau profético, as duas palavras hebraicas tantas vezes anexadas ao Nome Inefável, e , ALOHAYIM, ou os Poderes, e TSABAOTH, os Exércitos estrelados e seus espíritos guias; palavras que também simbolizam o Equilíbrio das Forças da Natureza e a Harmonia dos Números. Aos três lados do triângulo pertencem os três grandes Nomes , , e , IAHAVEH, ADONAÏ e AGLA. Acima do primeiro está escrito em latim, Formatio, sobre o segundo  Reformatio  e sobre o terceiro Transformatio. Portanto a Criação está relacionada ao PAI, a Redenção ou Reforma ao FILHO, e a Santificação ou Transformação ao ESPÍRITO SANTO, em resposta às leis matemáticas de Ação, Reação e Equilíbrio. IAHAVEH também é, em efeito, a Gênese ou Formação do dogma, através do significado elementar das quatro letras do Tetragrama Sagrado; ADONAÏ é a realização desse dogma na Forma Humana, no SENHOR   Visível, que é o Filho de Deus ou Homem perfeito; e AGLA  (formado pelas iniciais das quatro palavras  Ath Gebur Laulaïm Adonaï ) expressa a síntese de todo o dogma e a totalidade da ciência Cabalística, indicando claramente, pelos hieróglifos dos quais este nome admirável é formado, o Tríplice Segredo da Grande Obra. A Maçonaria, como todas as Religiões, todos os Mistérios, Hermetismo e Alquimia, oculta  seus segredos de todos, exceto os Adeptos e Sábios, ou Eleitos, e usa explicações falsas e interpretações equivocadas de seus símbolos para desorientar os que merecem apenas ser desorientados; para esconder a Verdade, que chama de Luz, destes e para mantê-los dela afastados. A Verdade não é para os indignos ou incapazes de recebê-la, ou aos que a perverteriam. Dessa forma, o Próprio Deus incapacita muitas pessoas, pelo daltonismo, de distinguir as cores, e dirige as massas para longe da Verdade mais alta, dando-lhes o poder de alcançar apenas o suficiente que lhes seja lucrativo saber. Todas as épocas tiveram uma religião adaptada à sua capacidade. Os Professores, mesmo os do Cristianismo, são, em geral, os mais ignorantes do significado verdadeiros do que ensinam. Não existe livro do qual tão

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