Livro - Metodo Cientifico
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1 INTRODUÇÃO Objetivo: •
monstrar os métodos que predominam as bases lógicas à investigação científica
2 DEFINIÇÃO DE MÉTODO A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (GIL, 1999, p. 26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem ser empregados na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético, fenomenológico, histórico, comparativo, estatístico e funcionalista (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). O método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado, conjunto de processos que o homem deve empregar na investigação e demonstração da verdade ou, ainda,conjunto ordenado de procedimentos que se mostraram eficientes na busca do saber. O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, segue o caminho da dúvida sistemática, metódica, preocupa-se com o que é (positivo), não o que pensa que é (normativo).
3 PROCESSOS DO MÉTODO CIENTÍFICO Passos que devem ser dados para solucionar um problema: • • •
observação hipótese experimentação
3 PROCESSOS DO MÉTODO CIENTÍFICO 3.1 Observação Consiste em aplicar atentamente os sentidos a um objeto, tato, fenômeno ou problema para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. A observação pressupõe as seguintes condições: físicas, intelectuais e morais. Condições físicas:
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órgâos sadios (olhos e ouvidos). Bons instrumentos: • que lhes aumente o alcance (microscópio); • que aumente a precisão, meça com rigor (duração, peso); • registrar fenômenos e sua intensidade variável (aparelhos).
Condições intelectuais: • •
curiosidade — observar o que se vê todos os dias. • sagacidade — saber discernir fatos significativos.
Condições morais: • • •
paciência — para não concluir antes do tempo. coragem — para enfrentar o perigo. imparcialidade — não preocupar-se com o resultado.
Ao fazer a observação é preciso respeitar algumas regras: • • • • •
deve ser atenta; exata e completa; precisa (valores numéricos quando mensuráveis); sucessiva; metódica.
3.2 Hipótese É uma suposição verossímil, comprovável ou delegável pelos fatos. Através da hipótese supõe-se conhecida a verdade ou a explicação que se busca. Procura-se comprovar fatos para explicar ou resolver o problema proposto. As hipóteses têm função prática e teórica: •
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prática: orientar o pesquisador, colocando-o na direção da causa provável ou da lei que se procura. teórica: coordenar e completar os resultados já obtidos,agrupando-os num conjunto completo de fatos, a fim de facilitar a sua inteligibilidade e estudo.
Podemos obter as hipóteses ou por dedução de resultados já conhecidos ou pela experiência. As hipóteses podem ser indutivas e analógicas. Hipóteses indutivas: quando a causa do fenômeno for um dos seus antecedentes.
Hipóteses analógicas: quando são inspiradas por certas semelhanças entre o fenômeno que se quer explicar e outro já conhecido. Condições que ajudam na descoberta da hipótese: • • • •
o próprio curso da pesquisa a analogia a dedução as reflexões
Em relação à natureza das hipóteses elas: • • •
não devem contradizer nenhuma verdade já aceita, ou explicada. devem ser simples, menos complicada. devem ser sugeridas e verificáveis pelos fatos.
3.3 Experimentação A experimentação é o conjunto de processos utilizados para verificar as hipóteses. Consistindo a hipótese, essencialmente, em estabelecer uma relação de causa e efeito ou de antecedente e conseqüente entre dois fenômenos, trata-se de descobrir se realmente B (suposto efeito conseqüente) varia cada vez que se faz variar A (suposta causa ou antecedente) e se varia nas mesmas proporções. Na experimentação científica impera o princípio do determinismo: nas mesmas circunstâncias, mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou ainda, as leis da natureza são fixas e constantes. Francis Bacon sugeriu regras para a experimentação: 1. alargar a experiência: aumentar a intensidade da causa para ver se aumenta a intensidade do fenômeno na mesma proporção; 2. variar a experiência: aplicar a mesma causa a objetos diferentes; 3. inverter a experiência: aplicar a causa contrária da suposta causa a fim de ver se o efeito contrário se produz. 4. recorrer aos casos da experiência. Na prática a experiência pode desenvolver-se de muitas formas
4 MÉTODO CIENTÍFICO São: • • • • •
Método Dedutivo Método Indutivo Método Hipotético-Dedutivo Método Dialético Método Fenomenológico
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Método Histórico Método Comparatico Método Estatístico Método Funcionalista
4.1 Método Dedutivo Método proposto pelos racionalistas René Descartes (1596-1650), Baruch Spinoza (1632-1677) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1717) que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega-se a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, com base em duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Exemplo de raciocínio dedutivo: • • •
Todo homem é mortal (premissa maior) Pedro é homem (premissa menor) Logo, Pedro é mortal (conclusão)
4.2 Método Indutivo Método proposto pelos empiristas Francis Bacon (1561-1626), Thomás Hobbes (1588-1679), John Locke (1632- 1704) e David Hume (1711-1776). Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). Exemplo de raciocínio indutivo: • • • • • •
Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal. Carlos é mortal Ora, Antônio, João, Paulo.... e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens são mortais
4.3 Método Hipotético-Dedutivo Proposto por Karl Raimund Popper (1902-1 994), consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema,
são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzemse conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotéticodedutivo ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la.
4.4 Método Dialétíco Fundamenta-se na dialética proposta por George Wilhelm Friedrick Hegel (1770-1 831), na qual as contradições se transcendem dando origem as novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. Empregado em pesquisa qualitativa (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993). O método dialético opõe-se a todo conhecimento rígido. Tudo é visto em mudança constante. Sempre há algo que surge e se desenvolve, sempre há algo que se desagrega e se transforma. 1 Leis Fundamentais do Método Dialético • • • •
Ação recíproca (tudo se relaciona). Mudança dialética (negação da negação ou tudo se transforma). Passagem da quantidade à qualidade (mudança qualitativa). Interpretação dos contrários (contradição). 1.1 Ação Recíproca
De acordo com essa lei o mundo é um conjunto de processos, nada está acabado, sempre está em vias de se transformar, desenvolver. O fim de um processo é sempre o começo do outro. Nenhum fenômeno da natureza pode ser compreendido e explicado, quando encarado isoladamente, fora do contexto. Todos os aspectos da realidade (natureza ou sociedade) prendem-se por laços necessários e recíprocos; Deve-se avaliar uma situação, acontecimento, tarefa, coisa, do ponto de vista das condições que os determinam e explicam. 1.2 Mudança Dialética Todas as coisas e idéias se movem, transformam, desenvolvem, são processos, nada é definitivo, absoluto. Toda extinção das coisas é relativa, limitada. Mas, seu movimento, transformação ou desenvolvimento é absoluto.
Todo movimento opera-se por meio de contradições ou negação. A negação é a transformação das coisas. A negação de uma coisa é o ponto de transformação das coisas em seu contrário. A negação é negada logo, a mudança dialética é a negação da negação. A negação da afirmação implica negação (Quando se nega algo diz-se não — primeira negação). A negação da negação implica afirmação (se repete a negação, isto significa sim — segunda negação). A negação da negação é algo positivo. Exemplo: toma-se o grão de trigo, coloca-se na terra, O grão desaparece, sendo substituído pela espiga (1º negação: o grão desapareceu transformando-se em planta). A planta cresce e produz grãos e morre (2º negação: a planta desaparece mas, surgem vários grãos, algo positivo). 1.3 Passagem da Quantidade à Qualidade Qualidade e quantidade são características inerentes a todos os objetos e fenômenos e estão inter-relacionados. As mudanças quantitativas geram mudanças qualitativas. 1.4 Interpretação dos Contrários Para a dialética todos os objetos e os fenômenos da natureza supõem contradições internas. Todos têm um lado positivo e negativo. Passado e futuro. Elementos que desaparecem e que se desenvolvem. Luta dos contrários, entre velho e novo, morre e nasce, o que perece e o que evolui. Essa lei pode ser compreendida das seguintes formas: 1. contradição interna: toda realidade é movimento. Movimento é conseqüência da luta dos contrários. As contradições internas é que geram o movimento. Exemplo: a planta surge com o desaparecimento da semente; 2. contradição Inovadora: a contradição é a luta entre o velho e o novo, o que morre e o que nasce. Exemplo: é na criança e contra ela que nasce o adolescente. É no adolescente e contra ele que amadurece o adulto; 3. unidade dos contrários: a contradição encerra dois termos que se opõem. Para isso é preciso que seja uma unidade. Exemplo: • • • •
Um dia tem luz e escuridão. 12h dia, 12h noite. Dia e noite são opostos que se excluem entre si. Porém, são iguais e compõem o mesmo dia de 24h.
Em certo momento, os dados se convertem um no outro (o dia se transforma em noite e vice-versa). A unidade dos contrários é condicionada, temporária, passageira, relativa. A luta dos contrários, que se excluem, é absoluta, como absolutos são
o desenvolvimento e o movimento. Politzer (1994, p. 47) “O dialético sabe que, onde se desenvolve uma contradição, lá está fecundidade, lá está a presença do novo, a promessa de sua vitória”.
4.5 Método Fenomenológico Preconizado por Edmund Husserl (1859-1938), o método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ele é. A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de construção do conhecimento (GIL, 1999; TRIVINOS, 1992). Empregado em pesquisa qualitativa.
4.6 Método Histórico Consiste na investigação dos acontecimentos, processos e instituições do passado, para verificar a sua influência na sociedade hoje. Partindo do princípio de que as formas atuais de vida social, as instituições e os costumes têm origem no passado. É importante pesquisar as suas raízes, para melhor compreender sua natureza e função. Exemplo: para descobrir as causas da aristocracia cafeeira, pesquisam-se os fatores socio-econômicos do passado.
4.7 Método Comparativo Realiza comparações com a finalidade de verificar semelhanças e explicar divergências. É um método usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado. Usado entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Exemplos: pesquisa sobre as classes sociais no Brasil, na época colonial e atualmente. Pesquisa sobre os aspectos sociais da colonização portuguesa e espanhola na América Latina.
4.8 Método Estatístico Fundamenta-se na teoria da utilização da teoria estatística das probabilidades. Suas conclusões apresentam grande probabilidade de serem verdadeiras.Adrnite-se uma margem de erro.A manipulação estatística permite
comprovar as relações dos fenômenos ente si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado. Exemplos: pesquisar sobre a correlação entre nível de escolaridade e número de filhos. Pesquisar as classes sociais dos estudantes universitários e o tipo de lazer preferido pelos estudantes de ensino fundamental e médio.
4.9 Método Funcionalista Mais um método de interpretação do que investigação. A sociedade é formada de partes componentes, diferenciadas, inter- relacionadas e interdependentes. As partes são melhor entendidas compreendendo-se as funções que desempenham no todo. Estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, como um sistema organizado de atividades. Exemplos: análise das principais diferenciações de funções que devem existir num pequeno grupo isolado. Averiguação da função dos usos e costumes no sentido de assegurar a identidade cultural de um grupo. A ciência não é fruto de um roteiro de criação totalmente previsível. Portanto, não há apenas uma maneira de raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas. O ideal seria empregar métodos, e não um método em particular pois amplia as possibilidades de análise e obtenções de respostas para o problema proposto na pesquisa.
5 REFERÊNCIA MAGALHÃES, Luzia Eliana Reis. O Trabalho científico: da pesquisa à monografia. Curitiba. Fesp.
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