Livro Extraordinário Cap. Vendo August Atividade
April 2, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Vendo August
Nunca vi o August como as outras pessoas o viam. Eu sabia que seu rosto não era exatamente normal, mas não entendia por que as pessoas que não nos conheciam pareciam tão chocadas ao vê-lo. Horrorizadas. Enoadas. Assustadas. H! muitas palavras para descrever o olhar delas. E por muito tempo não entendi. "icava louca# louca quando $cavam olhando, louca quando desviavam o olhar. %Estão olhando o quê, droga&', eu dizia (s pessoas, mesmo aos adultos. Então, quando eu tinha uns onze anos, )ui passar quatro semanas em *ontau+ com a vov enquan enq uanto to o Aug August ust )azia uma gra grande nde cirurgia cirurgia no max maxilar ilar.. Ess Esse e )oi o mai maior or per perod odo o que ! fiquei longe de casa, e tenho que dizer que )oi maravilhoso, de repente me ver livre de todas as coisas que me deixavam tão irritada. Ningum olhava para a vov e para mim quando amos )azer compras na cidade. Ningum apontava para ns. Ningum nem sequer nos notava. A vov era daquele tipo que )az tudo pelos netos. Ela mergulharia no mar se eu pedisse, mesmo se estivesse usando roupas caras. Ela me deixava brincar com sua maquiagem e não se importava se eu a usasse no rosto dela para treinar minhas habilidades de maquiadora. Ela me levava para tomar sorvete, mesmo se ainda não tivs tivssemos semos antado antado.. E desenhava cavalos com giz na cal/ada em )rente ( sua casa. 0erta noite, enquanto volt!vamos da cidade, )alei que gostaria de poder morar com ela para sempre. Eu estava tão )eliz l!1 Acho que devem ter sido os melhores dias da minha vida. 2oltar para casa depois de quatro semanas )oi muito estranho no come/o. 3embro-me muito vividamente de cruzar a porta e ver August vir correndo para me dar as boas-vindas, e de por uma )ra/ão de segundo enxerg!-lo não do eito como sempre tinha enxergado, mas como as outras pessoas o viam. "oi apenas um fash, um instante enquanto ele me abra/ava, completamente )eliz por eu estar em casa, mas fiquei surpresa porque eu nunca o tinha encarado daquele eito. E nunca sentira aquilo# algo que na mesma hora )ez com que eu me odiasse. Enquanto ele me beiava com todo carinho, tudo o que eu conseguia notar era a baba escorrendo por seu queixo. E, de repente, ali estava eu, como todas aquelas pessoas que ficavam olhando $xamente para ele ou desviavam o olhar. Horrorizada. Enoada. Assustada. Ainda bem que s durou um segundo# no momento em que ouvi a risadinha estridente de August, tudo acabou. 4udo voltou a ser como antes. *as aquilo tinha aberto uma porta. 5m pequeno olho m!gico. E do outro lado havia dois Augusts# o que eu enxergava cegamente e o que as outras pessoas viam. Acho que a 6nica pessoa do mundo a quem eu poderia ter contado isso era a vov, mas não contei. Era muito complicado para explicar ao tele)one. 7ensei que talvez, quando ela viesse para o 8ia de A/ão de 9ra/as, eu pudesse lhe dizer como tinha me sentido. *as apenas dois meses depois de eu ter ficado com ela em *ontau+, minha linda av morreu. "oi de repente. 7arece que ela )oi ao hospital porque estava sentindo enoos. *amãe e eu )omos vê-la, mas a viagem dura três horas e, quando chegamos l!, vov ! tinha partido. 5m ataque cardaco, disseram. :imples assim. ; muito estranho como um dia você pode estar neste mundo e, no dia seguinte, não estar mais. 7ara ondeveem ela )oi& que vou mesmo vê-la de novo ou isso s historinha& 4odos 4odos nos:er! filmes e nos programas de 42 que as pessoas recebem notcias terrveis em hospitais, mas, para ns, com todas as nossas idas ao hospital com o August, os resultados sempre )oram bons. < que mais me lembro do dia em que vov morreu de ver minha mãe literalmente se encolhendo no chão, em c=mera lenta, solu/ando com os bra/os em volta da barriga, como se algum tivesse lhe dado um soco. Nunca, nunca mesmo, eu a tinha visto daquele eito. *esmo em todas as cirurgias do August, mamãe sempre )oi a coragem em pessoa. No meu 6ltimo dia em *ontau+, vov e eu assistimos ao sol se pondo na praia. 4nhamos levado um cobertor para nos sentarmos, mas )ez )rio, então nos enrolamos nele, aconchegadas uma ( outra, e ficamos conversando at que não houvesse mais nenhuma pontinha de sol acima do mar. Então vov disse que tinha um segr segredo edo para me conta contar# r# ela me amava mais que a qualq qualquer uer outra pessoa no mundo. > At o August& > perguntei. Ela sorriu e acariciou meu cabelo, como se estivesse pensando no que dizer. > Amo muito, muito o August > disse ela, baixinho. Ainda me lembro de seu sotaque, ela era brasileira e carregava nos erres. > *as ! tem muitos anos cuidando dele, 2ia. E quero que você saiba que eu estou olhando por você. 0erto, menina querida& ?uero que saiba que você o que mais me importa. 2ocê meu... > Ela olhou para o mar e abriu os bra/os, como se tentasse aplainar as ondas. > 2ocê tudo para mim. Entendeu, 2ia& 2ocê meu tudo.
Eu entendi. E compreendi tambm por que ela disse que aquilo era segredo. Avs não deveriam ter )avoritos. 4odos sabem disso. *as, depois que ela morreu, agarrei-me a esse segredo e deixei que ele me cobrisse como um cobertor. cobertor.
@magem do $lme %Extraordin!rio' BCD. 1. eleia# %Eu sabia que seu rosto não era exatamente normal, mas não entendia por que as pessoas que não nos
a. b. c. d.
conheciam pareciam tão chocadas. Horrorizadas. Enoadas. Assustadas'. A quem se re)ere a palavra destacada# F av F mãe Ao irmã irmão o Ao pai
2. A narradora expressa que a rea/ão das pessoas era#
a. Estra Estranha nha e indi) indi)er erent ente e b. Exagerada Exagerada e prec preconceit onceituosa uosa c. Normal Normal e tran tranqui quila la d. @ndi)e @ndi)ere rente nte e $ngi $ngida da 3. A rea/ão das pessoas mudava quando ela estava com# a. A mãe b. < pai c. A av d. < irmã irmão o 4. eleia# %Ningum olhava para a vov e para mim quando amos )azer compras na cidade. Ningum apontava
a. b. c. d.
para ns. Ningum nem sequer nos notava'. 7or que a rea/ão das pessoas era di)erente neste caso& 7orque 7orque quando quando est! com a av, av, ela se diverte diverte bastante. bastante. 7orque 7orque ela e o irmão irmão são muito muito parecidos parecidos.. 7orque 7orque ela e a av av não tem uma uma aparência aparência incomum. incomum. 7orque 7orque a av muito muito carinhos carinhosa a com ela. ela.
5. ?uanto tempo ela passou com a av enquanto seu irmão )azia uma cirurgia no maxilar&
a. b. c. d.
?uat ?uatrro mes meses es ?uat ?uatrro semana semanass ?uat ?uatrro dias dias ?uat ?uatrro ano anoss
6. 7assar esse tempo na casa da av )oi muito agrad!vel para a narradora por v!rias razGes. Assinale a 6nica
a. b. c. d.
op/ão incorreta# Ela não teria teria que seguir regras regras sobre sobre lanches antes antes de re)ei/Ges. re)ei/Ges. A av )azia )azia todas todas as suas suas vontade vontades. s. A av não deixava deixava que que ningum ningum a olhasse olhasse estranho estranho.. A av brincava brincava muito muito e topava qualquer qualquer aventur aventura. a.
7. < longo perodo na casa da av provocou uma mudan/a inusitada na narradora da qual ela se envergonha. ?ue
a. b. c. d.
mudan/a )oi essa& Ela come/ou come/ou a ser ser egosta egosta e pensar pensar s em si mesma. mesma. Ela come/ou come/ou a reeitar reeitar seu seu irmão. irmão. Ela come/o come/ou u a ser ser rrebelde ebelde com os os pais. pais. Ela come/ou come/ou a olhar seu irmão irmão com a mesma reei/ão reei/ão das outras pessoas. pessoas.
8. < que a )ez superar essa mudan/a tão indeseada&
a. b. c. d.
< som da da risada risada de seu seu irmão irmão.. < abra abra/o /o del dele. e. < seu seu bei beio. o. < consel conselho ho de sua sua av. av.
9. 7or que a 6nica pessoa a quem a menina poderia contar sobre sua mudan/a era sua av&
a. 7orque 7orque ela seria seria a 6nica que não a ulgaria ulgaria por essa essa mudan/a. mudan/a.
b. 7orque 7orque seus pais pais poderiam poderiam tomar a de)esa de)esa do irmão. irmão. c. 7orque 7orque suas amigas amigas iriam iriam critic!-la critic!-la por essa essa mudan/a. mudan/a. d. 7orque 7orque a av era era super moder moderna na e antenada. antenada. Neste texto, a av da narradora acaba )alecendo. A garota )ala sobre como a mãe reage ( morte da av, mas não )ala sobre como ela se sente neste momento. 7or quê& 7orque 7orque ela não sentiu sentiu muito a morte morte da av naquele naquele momento. momento. 7orque 7orque a av e ela ela ! tinham tinham se despedido despedido.. 7orque 7orque neste texto a narradora narradora est! )ocada em contar sobre sua mudan/a mudan/a em rela/ão ao seu irmão, e não não sobre sua rela/ão com a av. 7orque 7orque at aquele momento ela não tinha percebido o quanto a av era importante importante para ela.
10.
a. b. c. d.
eleia# %*as depois que ela morreu, agarrei-me agarrei-me a esse segredo e deixei que ele me cobrisse como um cobertor'. Este segredo tornou-se# 11.
a. 5m con)ort co n)orto o para os mudan/a. dias dias di)cei di)ceis. b. alvio alvio para a sua mudan /a. s. c. 5m )ar )ardo do e peso peso de de culpa culpa.. d. 5ma certeza certeza de de que ela ela era uma uma boa pessoa pessoa.. 8epois dessa mudan/a, a narradora não )oi mais a mesma em sua )orma de enxergar seu irmão. Enxerg!-lo como as outras pessoas )oi chocante para ela. @sso revela que o preconceito um sentimento, atitude que, muitas vezes, acabamos repetindo se não estivermos atentos. Escreva um texto contando uma situa/ão em que você agiu de )orma preconceituosa com algum, mas s percebeu depois. Escreva sobre ONDE aconteceu, COMO aconteceu, como eram as PESSOAS envolvidas, o que você SENT! diante daquela situa/ão e o que você AP"ENDE! com a experiência.
12.
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