Livro de Testes Manual Sentidos 10

March 24, 2017 | Author: Criações da Su | Category: N/A
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LIVRO DE TESTES • MATRIZES DE CONTEÚDOS • TESTES DE DIAGNÓSTICO • TESTES DE AVALIAÇÃO • CENÁRIOS DE RESPOSTA

SENTIDOS PORTUGUÊS

10

ANA CATARINO CÉLIA FONSECA ISABEL CASTIAJO MARIA JOSÉ PEIXOTO

SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

*Materiais disponíveis, em formato : editável, em

GFJHGHGJHGHGHGHGHHJGGHGHGHGHGHGHGHGHGHJGHGHJHGJH

Índice

01. 02. 03. 04.

Matrizes de conteúdos dos testes . . . . . . . . . . . . . . . . . .

3

Testes de diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

17

Teste de diagnóstico n.o 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

18

Teste de diagnóstico n.o 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

24

Testes de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

31

Teste de avaliação n.o 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

32

Teste de avaliação n.o 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

36

Teste de avaliação n.o 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

40

Teste de avaliação n.o 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

45

Teste de avaliação n.o 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

50

Teste de avaliação n.o 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

55

Teste de avaliação n.o 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

61

Teste de avaliação n.o 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

65

Teste de avaliação n.o 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

69

Teste de avaliação n.o 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

73

Teste de avaliação n.o 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

77

Cenários de resposta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

81

Nota de Editor Este projeto, por determinação do Ministério da Educação e Ciência, encontra-se de acordo com a norma ortográfica, com exceção dos textos de Educação Literária (poesia trovadoresca, Fernão Lopes, Gil Vicente e Luís Vaz de Camões).

01.

MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

Materiais disponíveis em formato editável em

SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES TESTE DIAGNÓSTICO N.O 1

(pp. 18-23)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I LEITURA E EDUCAÇÃO LITERÁRIA Relato de viagens + Texto poético: − lírico − épico

II

III

GRAMÁTICA

ESCRITA

Formação de palavras Classes de palavras Mecanismos de retoma Funções sintáticas Orações subordinadas

Texto de opinião

Cotação / pontos

Tipologia de itens II 2. (10 pontos)

Associação

Ordenação

Escolha múltipla

Seleção

I−A 1. (10 pontos)

Resposta restrita

10

I−A 2.1. a 2.4 (4 itens x 4 pontos)

II 5. (4 pontos)

20

I−A 3. (4 pontos)

II 1. (4 pontos)

8

II 3. (12 pontos)

12

Completamento

Resposta curta

I−B 4. a 8. (5 itens x 10 pontos)

I−C 9. (20 pontos)

50

II 4. (6 pontos) 6. (4 pontos)

Resposta extensa COTAÇÃO

4

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III

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SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DIAGNÓSTICO N.O 2

(pp. 24-30)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I LEITURA E EDUCAÇÃO LITERÁRIA Relato de viagens + Texto poético: − lírico e épico + Texto dramático

II

III

GRAMÁTICA

ESCRITA

Formação de palavras Classes de palavras Mecanismos de retoma Funções sintáticas Orações subordinadas

Texto de opinião

Cotação / pontos

Tipologia de itens II 2. (10 pontos)

Associação

Ordenação

Escolha múltipla

Seleção

I−A 1. (10 pontos)

Resposta restrita

10

I−A 2.1. a 2.4 (4 itens x 4 pontos)

II 5. (4 pontos)

20

I−A 3. (4 pontos)

II 1. (4 pontos)

8

II 3. (12 pontos)

12

Completamento

Resposta curta

I−B 4. a 8. (5 itens x 10 pontos)

I−C 9. (20 pontos)

50

II 4. (6 pontos) 6. (4 pontos)

Resposta extensa COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 1

(pp. 32-35)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I EDUCAÇÃO LITERÁRIA Poesia trovadoresca: − cantiga de amor − cantiga de amigo

II

III

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Classes de palavras Funções sintáticas Relações semânticas entre palavras Processos fonológicos Mecanismos de retoma Campo lexical Étimo

Exposição

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

40

Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 2

(pp. 36-39)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Poesia trovadoresca: − cantiga de escárnio − cantiga de amor

Funções sintáticas Processos irregulares de formação de palavras Orações subordinadas Classes de palavras Relações semânticas entre palavras Étimo

Síntese

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

40

Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 3

(pp. 40-44)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Fernão Lopes – Crónica de D. João I + Poesia trovadoresca – cantiga de amigo

Classes de palavras Orações subordinadas Funções sintáticas Relações semânticas entre palavras Campo semântico Étimo Formação de palavras

Apreciação crítica

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 4

(pp. 45-49)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Fernão Lopes – Crónica de D. João I + Poesia trovadoresca – cantiga de escárnio

Relações semânticas entre palavras Formação de palavras Orações subordinadas Funções sintáticas Classes de palavras Étimo

Síntese

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 5

(pp. 50-54)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Gil Vicente − Farsa de Inês Pereira + Poesia trovadoresca – cantiga de amigo

Relações semânticas entre palavras Palavras convergentes Processos irregulares de formação de palavras Classes de palavras Funções sintáticas Valor dos conectores Orações subordinadas

Apreciação critica

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 6

(pp. 55-60)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Gil Vicente − Auto da Feira / Farsa de Inês Pereira + Fernão Lopes – Crónica de D. João I

Funções sintáticas Conectores Campo lexical Classes de palavras Orações subordinadas Formação de palavras Mecanismos de retoma

Síntese

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 7

(pp. 61-64)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Luís de Camões − Rimas (soneto) + Gil Vicente – Farsa de Inês Pereira

Funções sintáticas Relações semânticas entre palavras Pontuação Mecanismos de retoma Classes de palavras Campo lexical Orações subordinadas

Síntese

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

40

Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 8

(pp. 65-68)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Luís de Camões − Rimas (redondilha) + Poesia trovadoresca – cantiga de amigo

Campo lexical Classes de palavras Funções sintáticas Orações subordinadas Pontuação Mecanismos de retoma

Exposição

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

40

Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 9

(pp. 69-72)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Luís de Camões − Os Lusíadas + Luís de Camões − Rimas (redondilha)

Funções sintáticas Formação de palavras Classes de palavras Orações subordinadas

Exposição

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

40

Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 10

(pp. 73-76)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

Luís de Camões − Os Lusíadas + História Trágico-Marítima

Formação de palavras Orações subordinadas Funções sintáticas Valor dos conectores Mecanismos de retoma

Apreciação crítica

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

60

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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III

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01. MATRIZES DE CONTEÚDO DOS TESTES

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 11

(pp. 77-80)

Domínios e Conteúdos

GRUPOS I

II

III

EDUCAÇÃO LITERÁRIA

LEITURA E GRAMÁTICA

ESCRITA

História Trágico-Marítima + Luís de Camões − Os Lusíadas

Funções sintáticas Orações subordinadas Mecanismos de retoma Recursos expressivos Classes de palavras

Apreciação crítica

Cotação / pontos

Tipologia de itens

Escolha múltipla

II 1.1. a 1.7 (7 itens x 5 pontos)

35

Resposta curta

II 2.1. a 2.3. (3 itens x 5 pontos)

15

Resposta restrita

I Item A 1a3 (3 itens x 20 pontos)

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Item B 4e5 (2 itens x 20 pontos)

Resposta extensa

COTAÇÃO

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SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

02.

TESTES DE DIAGNÓSTICO

Materiais disponíveis em formato editável em

SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

01.

TESTE DE DIAGNÓSTICO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I PARTE A Leia o texto. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

Se estás a ler estas páginas é porque estás vivo

5

10

15

20

25

30

35

18

Não quero enganar ninguém. Sobretudo, não me quero enganar a mim próprio. Detesto perder tempo. Sempre confiei nos livros. − Viajar é interpretar. Duas pessoas vão ao mesmo país e, quando regressam, contam histórias diferentes, descrevem os naturais desse país de maneiras diferentes. Uma diz que são simpáticos, a outra diz que são antipáticos. Uma diz que são tímidos, a outra diz que não se calam durante um minuto. Isto é radicalmente verdade em relação à Coreia do Norte. O secretismo e as enormes idiossincrasias1 desta sociedade fazem com que o olhar do visitante seja muito conduzido por aquilo que leu em livros antes de chegar. Ao fazê-lo, parece-me, acaba por procurar na paisagem exemplos do que já sabe. Por isso, a interpretação que cada um faz depende dos livros que leu. Para quem procure esclarecimento, os guias norte-coreanos são de pouca utilidade. Sabem de cor todos os números e datas, mas falham na descrição de outros dados também objetivos: a história da guerra da Coreia, o desenvolvimento do país, as qualidades dos líderes, etc. Se as questões não lhes interessam, mudam de assunto ou respondem qualquer coisa só para despachar. Quando se escondem tanto, estimula-se a imaginação na mesma medida. O cérebro propõe hipóteses para as perguntas que não são respondidas. É essa a natureza do cérebro. Além disso, a intensa extravagância da lógica a que se chegou na Coreia do Norte faz com que essa mesma extravagância, comprovada em inúmeros casos, seja seguida em muitos outros que estão por comprovar. Se a imparcialidade é sempre impossível, na Coreia do Norte é mais impossível ainda. Às vezes, parece que ninguém tem toda a informação. Ninguém. Não existe um único indivíduo que detenha toda a informação sobre o que se passa de facto. Nem de um lado da fronteira, nem do outro, nem os guias, nem os serviços secretos, nem o líder. Com frequência, senti que apenas me restava o papel de testemunha alucinada, tentando distinguir a realidade real da realidade retórica apenas através do instinto. Não foi por acaso que escolhi reler D. Quixote na Coreia do Norte. Como ele, basta-me ser fiel à verdade que conheço e em que acredito. Na vida, talvez seja sempre assim. A sinceridade salva-nos perante nós próprios. Se estou a escrever estas palavras é porque estou vivo. Quase no topo da colina Moran, no parque Moranbong, depois da curva ao longo do muro de pedra, estava toda a gente a dançar. De amplo sorriso, gente de todas as idades, vestida com a melhor roupa, a dançar. Muitas mulheres de vestido tradicional, muitos homens com aquele conjunto que Kim Jong-il2 costumava usar, espécie de fato de macaco, calças e casaco com um fecho à frente, muitas crianças também. Todos a dançarem, cada um para seu lado, dessincronizados. Os estrangeiros que viajavam comigo também E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

estavam lá no meio, a dançar com eles. Os mais tímidos, encostados ao tronco de árvores, recebiam convites sucessivos de coreanos que se aproximavam a sorrir, lhes esticavam a mão e os tentavam levar para o meio da dança. […] José Luís Peixoto, Dentro do segredo − uma viagem na Coreia do Norte. Lisboa, Quetzal Editores, 2014, pp. 61-63.

1 2

idiossincrasias − comportamentos específicos de uma pessoa ou de um grupo. Kim Jong-il − chefe de Estado, ditador, que, de 1994 a 2011, exerceu as funções de Líder Supremo da República Popular Democrática da Coreia do Norte e de Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia − cargos máximos de âmbito militar e político da nação coreana.

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas. 1.

As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se às impressões de José Luís Peixoto, aquando da sua viagem, em abril de 2012, à Coreia do Norte. Escreva a sequência de letras que corresponde à ordem sequencial do relato feito. Termine a sequência com a letra (F). (A) Os homens usavam fatos semelhantes aos do líder supremo da República. (B) Ninguém consegue ser imparcial, particularmente na Coreia do Norte. (C) A imaginação é estimulada quando não se obtêm respostas para as perguntas colocadas. (D) O que se lê condiciona a perceção daquilo que se vê. (E) Viajar possibilita a cada um de nós interpretar o que observa. (F) Os coreanos convidavam toda a gente a dançar. (G) Não é nos guias norte-coreanos que se encontram os esclarecimentos que procuramos.

2. Selecione, para responder a cada item (2.1. a 2.4.), a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 2.1. Quando duas pessoas visitam o mesmo país vão (A) ter histórias iguais para contar. (B) visitar os mesmos locais. (C) passar pelas mesmas experiências. (D) experienciar tudo distintamente. 2.2. As opiniões sobre os norte-coreanos ou sobre algum país que se visita são condicionadas (A) por aquilo que se leu sobre o assunto. (B) pela experiência de vida do visitante. (C) pelo que se observa no local visitado. (D) pela bagagem cultural do turista. 2.3. Na opinião do autor, os guias norte-coreanos (A) estão sempre prontos a responder às questões dos turistas. (B) esquivam-se a todo o tipo de questões, sorrindo. (C) fogem às questões de natureza político-económica coreana. (D) são muito conhecedores da história do seu país. SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

2.4. O autor-narrador confessa que (A) teve uma enorme dificuldade em obter a verdade. (B) se perdeu no decurso da visita à Coreia do Norte. (C) a verdade se obtém facilmente neste país asiático. (D) sentiu medo quando chegou à fronteira. 3. Selecione a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto. (A) “ele” (linha 28) refere-se a “D. Quixote”. (B) “que” (linha 34) refere-se a “muitos homens”. (C) “que” (linha 36) refere-se a “Os estrangeiros”. (D) “lhes” (linha 38) refere-se a “Os mais tímidos”. PARTE B Leia o poema de Florbela Espanca.

Amar! Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... Amar! Amar! E não amar ninguém! 5

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Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida, Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar... Florbela Espanca, Sonetos – texto integral e estudo da obra. Porto, Paisagem Editora Lda., 1982, p. 132.

Responda, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. 4. Demonstre que o importante é amar, independentemente de quem. 5. Comprove a desorientação do sujeito poético, justificando a sua resposta com elementos textuais pertinentes. 6. Explique o sentido do primeiro terceto, referindo a expressividade do verbo “cantar” (verso 11). 7. Indique a razão pela qual a expressão “um dia hei de ser pó” (verso 12) pode ser considerada um eufemismo. 20

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

8. Leia os versos de Eugénio de Andrade, apresentados abaixo, e a afirmação que se lhes segue. É urgente o amor. É urgente um barco no mar.

5

É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos muitas espadas.

Tanto nestes versos de Eugénio de Andrade como no soneto de Florbela Espanca, é possível ver-se um apelo ao amor. Porém, nestes últimos versos, há sugestões para que esse sentimento se possa impor, ao contrário do que acontece no primeiro poema apresentado. Defenda este comentário, explicitando as semelhanças e diferenças entre os versos dos dois autores, fundamentando a sua resposta em elementos textuais pertinentes.

PARTE C

Leia as estâncias 119 a 121 do Canto III de Os Lusíadas, a seguir transcritas, e responda, de forma completa e bem estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulte as notas apresentadas. 119 «Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta1 morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras2 banhar em sangue humano.

121 «Do teu Príncipe ali te respondiam As lembranças que na alma lhe moravam, Que sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus fermosos se apartavam; De noite, em doces sonhos que mentiam, De dia, em pensamentos que voavam; E quanto, enfim, cuidava e quanto via Eram tudo memórias de alegria.

120 «Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruto, Naquele engano3 da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito, Nos saüdosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuto, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome4 que no peito escrito tinhas. Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

1

lastimosa; 2 altares; 3 êxtase, enlevo; 4 o de D. Pedro

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

9. Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicite o conteúdo das estrofes apresentadas. O seu texto deve incluir introdução, desenvolvimento e conclusão. Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os seis tópicos apresentados a seguir. − Indicação do episódio a que pertencem as estâncias. − Identificação das personagens referidas/aludidas. − Explicitação de um aspeto que ilustre o caráter lírico deste episódio. − Explicação do sentido dos versos “Se dizem, fero Amor, que a sede tua / Nem com lágrimas tristes se mitiga” (est. 119, vv. 5-6). − Indicação da(s) razão(ões) para se dizer que Inês estava “Naquele engano da alma, ledo e cego”, apelando aos seus conhecimentos sobre o episódio destacado. − Referência a uma semelhança entre o conteúdo destas estâncias e o dos versos de Florbela Espanca e de Eugénio de Andrade, relativamente à forma como o Amor é percecionado.

GRUPO II

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas. 1.

Qual dos conjuntos seguintes é constituído apenas por palavras cujo processo de formação é o mesmo? (A) pinga-amor – desamor – amorosa – amante (B) ajoelhar – enfeitar – amanhecer − escurecer (C) argonauta – cosmonauta − memorização − exploração (D) porco-montês – montanha – relembrar – crueldade

2. Associe cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de modo a identificar a classe e a subclasse da palavra destacada em cada frase. COLUNA A

(A) Quando visitou a Coreia, José Luís Peixoto teve contacto com os costumes locais. (B) O visitante colocou várias questões a que ninguém respondeu. (C) Só alguns guias ousavam falar da guerra. (D) Dezenas de turistas queriam saber se também podiam dançar. (E) Este foi o livro que resultou da viagem.

COLUNA B

(1) conjunção subordinativa consecutiva (2) advérbio de inclusão/exclusão (3) pronome indefinido (4) quantificador (5) conjunção subordinativa condicional (6) pronome relativo (7) preposição (8) pronome pessoal

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

3. Complete cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e no modo indicados. Pretérito imperfeito do conjuntivo Se os turistas a. ___ (dançar) como os coreanos teriam a sua alegria. Futuro simples do conjuntivo Quando vós b. ___ (visitar) a Coreia do Norte, sereis capazes de compreender as palavras do autor. Presente do indicativo José Luís Peixoto c. ___ (intervir) numa conferência sobre as guerras na Coreia do Norte. Pretérito perfeito composto do conjuntivo Os turistas mais tímidos são quem talvez d.___ (apreciar) menos aquele país. 4. Reescreva a frase seguinte, substituindo a expressão destacada pela forma adequada do pronome pessoal e fazendo apenas as alterações necessárias. • O autor relatou-nos as aventuras vividas de forma evasiva. 5. Indique em qual das frases seguintes o grupo destacado desempenha a função sintática de complemento oblíquo. (A) Os turistas perguntaram ao guia onde ficava o parque Moranbong. (B) Os mais tímidos assistiam ao baile encostados ao tronco de árvores. (C) Os mais ousados agarravam-se aos coreanos para dançar. (D) Alguns visitantes respondiam aos guias com entusiasmo. 6. Transcreva a oração subordinada substantiva completiva que a frase complexa que se segue integra. • O cérebro propõe que encontremos respostas que possam responder às nossas dúvidas, ainda que não seja a todas.

GRUPO III Há quem considere perigoso visitar países com regimes totalitários ou com religiões fundamentalistas. Porém, alguns defendem que só o contacto com essas realidades permitirá ter uma visão correta sobre essas questões. Escreva um texto de opinião, onde apresente razões para defender ou não o contacto direto com esse tipo de realidades, referindo a sua perspetiva pessoal sobre o assunto. O texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

02.

TESTE DE DIAGNÓSTICO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I PARTE A Leia o texto. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

Uma portuguesa em Malaca

5

10

15

20

25

30

“Cuidado, são portuguesas”, diz-me o Vasco em surdina1. O Vasco é operador de câmara. Andamos juntos pela Ásia a filmar um documentário para a RTP2 sobre Fernão Mendes Pinto. É, pois, um colega de trabalho. Mas a vida em comum entre pensões bafientas2 e autocarros desengonçados, as dificuldades do projeto multimédia, que, quando resolves uma nascem logo outras duas, os problemas habituais de quem viaja por conta própria − ainda por cima há pouco dinheiro, somos só os dois, nem produtor, nem sonoplasta3 nem intérprete, temos de ser nós a fazer tudo –, somando também as sinergias4 e o sentido de humor de quem olha para o mundo a partir da mesma perspetiva cultural (“achas normal aqueles tipos a comer lulas fritas e malaguetas ao pequeno-almoço?”), e assim as semanas passam e o colega de trabalho passa também a ser confidente e amigo. E cúmplice. Por isso, basta a voz em surdina e um certo tipo de expressão de cautela. “São portuguesas”, diz. Cuidado com o que dizes, que palavras usas, que comentários fazes. Estão na mesa ao lado na pequena esplanada improvisada na ruazita que passa pela mesquita mulçulmana, paredes-meias5 com o templo hindu e com o pagode budista6. A ruazita chama-se “da harmonia” e nestes poucos metros explica-se Malaca, a velha princesa dos mares, uma pré-Singapura antes de os ingleses chegarem ao Sudeste Asiático. Em Malaca atracavam milhares de navios, comerciava-se em dezenas de idiomas, o porto era uma porta, daquelas abertas de par em par, para a passagem de mercadorias entre o Extremo Oriente e as várias Índias, uma passagem entre o Pacífico e o Índico. A porta estava aberta, mas os portugueses preferiram arrombar com a parede. Em 1511, Afonso de Albuquerque conquistava Malaca, um feito de armas extraordinário mas de uma crueldade pragmática7, que deixaria os portugueses com uma reputação duradoura na Ásia. A conquista de Malaca seguia uma lógica, um desígnio8, uma quimera9: criar bases em terra para um império no mar. O império marítimo português durou um século. A Malaca10 portuguesa um pouco mais, século e meio. Uma mulher está ao telefone, percebe-se que não voltará tão cedo a Portugal […]. Meto conversa antes que inicie outro telefonema. É melhor que saiba que os dois tipos da mesa ao lado também são portugueses […]. Em Malaca, cruzamento de povos dos mares, uma pequena comunidade católica resiste à uniformização religiosa e cultural imposta pela maioria muçulmana que governa a Malásia. Dizem-se portugueses e comovem os outros portugueses que por lá passam. […] A comunidade é pequena e pobre, três mil pescadores, iletrados, alguns analfabetos. Portugal, Goa, Macau, os pontos de referência dos séculos passados, diluem-se nos enredos da História. […] É estranho, surreal mesmo. Mas estes descendentes dos homens que com Afonso de Albuquerque conquistaram Malaca não conhecem outra realidade. […] Gonçalo Cadilhe, Encontros marcados, Lisboa, Clube do Autor, SA, 2011, pp. 109-111.

1

em voz baixa; 2 que cheira a bafio/mofo; 3 responsável pelos efeitos sonoros; 4 esforços coletivos; 5 junto de ou ao lado de; templo de Buda; 7 hábil; 8 propósito, intenção; 9 fantasia, ilusão; 10 cidade situada na Malásia, num estreito entre o Índico e o Mar da China.

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas. 1.

As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se a factos decorrentes do trabalho de Gonçalo Cadilhe e do seu colega. Escreva a sequência de letras que corresponde à ordem sequencial do relato feito. Termine a sequência com a letra (F). (A) Os hábitos culturais e alimentares malaios causam alguma estranheza aos dois visitantes. (B) A religião muçulmana convive com a hindu e a budista. (C) Vasco e Gonçalo Cadilhe vão filmar um documentário na Ásia para a RTP2. (D) As portuguesas estavam sentadas ao lado de ambos, numa esplanada. (E) Malaca já foi território português e porto comercial estratégico, no século XVI. (F) Atualmente, são muito poucos os portugueses sediados neste território malaio. (G) O trabalho dos dois viajantes torna-se mais difícil devido aos parcos recursos de que dispõem.

2. Selecione, para responder a cada item (2.1. a 2.4.), a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto. 2.1. O trabalho conjunto (de Vasco e de Gonçalo) gerou (A) algumas desavenças e discussões entre ambos. (B) alguma cumplicidade mas também animosidade. (C) aproximação e amizade entre os dois viajantes. (D) vários conflitos por terem perspetivas diferentes. 2.2. O comentário parentético presente no primeiro parágrafo deve-se (A) a fatores xenófobos e racistas, típicos dos europeus. (B) à perspetiva europeizante dos dois visitantes. (C) à convicção de superioridade dos portugueses. (D) à não aceitação das diferenças culturais. 2.3. A rua a que o autor faz referência (A) apresenta alguns vestígios da presença portuguesa. (B) foi totalmente transformada pelos colonizadores ingleses. (C) é local de convívio de várias raças e diferentes credos. (D) é o retrato da pobreza e da ignorância de quem lá vive. 2.4. A conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque (A) decorreu de forma pacífica e conciliadora. (B) resultou de uma estratégia delineada na Índia. (C) foi uma iniciativa prodigiosa e ainda hoje recordada. (D) tratou-se de uma iniciativa bélica marcante. 3. Selecione a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto. (A) “me” (linha 1) refere-se a Gonçalo Cadilhe. (B) “que” (linha 13) refere-se a “ruazita”. (C) “que” (linha 29) refere-se a “maioria muçulmana”. (D) “que” (linha 33) refere-se a “estes descendentes dos homens”.

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

PARTE B Leia o poema de Carlos de Oliveira.

Vilancete Castelhano de Gil Vicente

5

10

Por mais que nos doa a vida nunca se perca a esperança; a falta de confiança só da morte é conhecida. Se a lágrimas for cumprida a sorte, sentindo-a bem, vereis que todo o mal vem achar remédio na vida. E pois que outro preço tem depois do mal a bonança, nunca se perca a esperança enquanto a morte não vem. Carlos de Oliveira, Obras de Carlos Oliveira, Lisboa, Caminho, 1992, p. 143.

Responda, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. 4. Explique o valor da esperança, atendendo ao conteúdo dos primeiros quatro versos. 5. Registe de que modo a sorte se pode articular com a vida. 6. Exponha, por palavras suas, o conteúdo dos últimos quatro versos do poema. 7. Estabeleça uma aproximação entre o poema lido e o aforismo popular “Para tudo na vida há solução, exceto para a morte”. 8. Leia os versos de Camões, apresentados abaixo, e a afirmação que se lhes segue. 84 «E já no porto da ínclita Ulisseia, Cum alvoroço nobre e cum desejo (Onde o licor1 mistura e branca areia Co salgado Neptuno2 o doce Tejo) As naus prestes estão; e não refreia Temor nenhum o juvenil despejo, Porque a gente marítima e a de Marte3 Estão pera seguir-me a toda a parte,

85 «Pelas praias vestidos os soldados De várias cores vêm e várias artes, E não menos de esforço aparelhados Pera buscar do mundo novas partes. Nas fortes naus os ventos sossegados Ondeiam os aéreos estandartes; Elas4 prometem, vendo os mares largos, De ser no Olimpo5 estrelas, como a de Argos.

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. Júlio Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000. 1

água; 2 mar; 3 os guerreiros; 4 as naus; 5 tornadas imortais

Nos versos de Carlos de Oliveira há uma espécie de apelo para que nunca se perca a esperança. Mas nas estâncias selecionadas de Os Lusíadas também é possível ver que a esperança, pelo menos na hora da partida, acompanhava os marinheiros na busca de novos mundos. Defenda esta perspetiva, explicitando possíveis articulações entre o conteúdo do primeiro texto poético e o das estâncias camonianas selecionadas, fundamentando a sua resposta em elementos textuais pertinentes. 26

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

PARTE C Leia o segmento selecionado de O Auto da Índia, de Gil Vicente, a seguir transcrito, e responda, de forma completa e bem estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

Ama

5

Moça, tu que estás olhando? Vai muito asinha saltando, faze fogo, vai por vinho, e a metade d’um cabritinho, enquanto estamos falando.

35

40

Ora como vos foi lá?

10

´

15

Marido Muita fortuna1 passei. Ama E eu, oh, quanto chorei, quando a armada foi de cá! E quando vi desferir2 que começastes de partir, Jesu, eu fiquei finada! Três dias não comi nada, a alma se me queria sair. Marido

Ama 20

E nós, cem léguas daqui, saltou tanto sudoeste, sudoeste e oeste-sudoeste, que nunca tal tormenta vi. Foi isso à quarta-feira, aquela logo primeira?

45

50

55

Marido Si; e começou n’alvorada. Ama E eu fui-me de madrugada a nossa Senhora d’Oliveira3,

25

30

e co’a memória da cruz fiz-lhe dizer ũa missa. E prometi-vos em camisa4 a santa Maria da Luz: e logo, à quinta-feira, fui-me ao Espírito Santo com outra missa também; chorei tanto, que ninguém nunca cuidou ver tal pranto. Correstes aquela tromenta? Andar5.

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60

Marido Durou-nos três dias. Ama As minhas três romarias com outras, mais de quarenta. Marido Fomos na volta do mar, quase, quase a quartelar:6 a nossa Garça voava, que o mar se espedaçava. Fomos ao rio de Meca7, pelejámos e roubámos, e mui risco passámos à vela, árvore seca8. Ama E eu cá esmorecer9, fazendo mil devações10, mil choros, mil orações. Marido Assi havia de ser.

Ama

Juro-vos que de saudade tanto de pão não comia a triste de mi, cada dia. Doente, era ũa piedade. Já carne nunca a comi: esta camisa11 que trago em vossa dita12 a vesti, porque vinha bom mandado13. Onde não há marido cuidai que tudo é tristura14, não há prazer nem folgura15; sabei que é viver perdido. Alembrava-vos eu lá?

Marido E como! […]

65

Marido Lá vos digo que há fadigas, tantas mortes, tantas brigas, e perigos descompassados16, que assi vimos destroçados, pelados coma formigas.

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

70

Ama Porém vindes vós mui rico? Marido Se não fora o capitão, eu trouxera, a meu quinhão, um milhão vos certifico. Calai-vos que vós vereis quão louçã17 haveis de sair! […] Auto da Índia, in Gil Vicente, Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente, vol. II, Lisboa, INCM, 1983, pp. 357-359.

1 A expressão “fortuna” designa um acontecimento imprevisível e/ou inevitável, de que decorre a perda ou o dano do navio, ou de sua carga; risco marítimo; 2 desfraldar as velas; 3 capela que se situava na Igreja de São Julião, em Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755; 4 prometer o peso de si mesmo ou de alguém em cera; 5 prosseguir; 6 quase a pôr os quartéis, isto é, as peças com que se aumentava a grossura e o comprimento dos mastros e vergas. O termo também designa o grau máximo de inclinação permitido à nau. O navio estava quase tomando ou mudando de rumo; 7 Mar Vermelho; 8 embarcação sem velas, ou com as velas amarradas; 9 perder o ânimo, a coragem; 10 devoções, cultos religiosos; 11 vestimenta feminina de dormir; 12 vossa sorte em vossa honra; 13 boas notícias; 14 tristeza; 15 prazer, alegria; 16 descomunais; 17 elegante

9. Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicite o conteúdo do segmento textual vicentino atrás apresentado. O seu texto deve incluir introdução, desenvolvimento e conclusão. Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os seis tópicos seguintes. − Identificação da obra e do autor. − Intencionalidade de Gil Vicente. − Caracterização sumária das personagens destacadas. − Explicitação da conduta da Ama. − Referência ao verdadeiro objetivo da viagem à Índia, por parte do Marido. − Confirmação da conduta adúltera da Ama e da falsidade percecionada nesta passagem textual.

GRUPO II

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas. 1.

Qual dos conjuntos seguintes é constituído apenas por palavras cujo processo de formação é o mesmo? (A) ruazita – crueldade – cabritinho – realidade (B) norte-coreanos – engalanar – marítima − escurecer (C) exploração − paredes-meias − cabotagem − iletrados (D) surreal – peixe-espada – comunidade – dolorosa

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

2. Associe cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de modo a identificar a classe e a subclasse da palavra destacada em cada frase. COLUNA A

(A) Estavam a filmar um documentário sobre Fernão Mendes Pinto para a RTP2. (B) Quando os dois viajantes resolviam um problema, aparecia outro. (C) Ambos tinham os problemas de quem viajava.

COLUNA B

(1) locução subordinativa temporal (2) pronome relativo (3) quantificador numeral (4) conjunção subordinativa completiva (5) preposição

(D) Percebeu que a jovem não voltaria tão cedo a Portugal.

(6) determinante indefinido

(E) Meteu conversa com aquela jovem antes que iniciasse outro telefonema.

(8) conjunção subordinativa causal

(7) pronome pessoal

3. Complete cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e no modo indicados. Pretérito imperfeito do conjuntivo Se os visitantes a. ____ (fazer) muitos planos, não os conseguiriam concretizar. Pretérito perfeito do indicativo Quando eles b. ____ (propor) o documentário à RTP2, não imaginavam as dificuldades que iriam encontrar. Condicional composto Gonçalo Cadilhe c. ____ (divertir-se) mais se visitasse um país sul-americano. Pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo Talvez eles d. ____ (perceber) que se deve respeitar todas as culturas. 4. Reescreva a frase seguinte, substituindo a expressão destacada pela forma adequada do pronome pessoal e fazendo apenas as alterações necessárias. • O realizador participar-me-ia as dificuldades com toda a celeridade. 5. Indique em qual das frases seguintes o grupo destacado desempenha a função sintática de predicativo do complemento direto. (A) Os visitantes viram portugueses em Malaca. (B) As jovens portuguesas estavam sentadas numa esplanada. (C) Os dois viajantes acharam a mesquita um pouco degradada. (D) Assiste-se ao cruzamento de diferentes raças nesta região asiática. 6. Transcreva a oração subordinada adjetiva relativa que a frase complexa seguinte integra. • Dizem que os portugueses que vivem em Malaca são pobres e iletrados.

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02. TESTES DE DIAGNÓSTICO

GRUPO III O Auto da Índia podia, na época da publicação/representação, considerar-se inovador e provocatório, uma vez que aborda uma temática nunca tratada até então. Escreva um texto de opinião, onde apresente a sua perspetiva sobre a conduta adúltera, assumida quer pelo homem quer pela mulher, referindo aspetos conducentes à assunção desse comportamento. O texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.

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03.

TESTES DE AVALIAÇÃO

Materiais disponíveis em formato editável em

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

01.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia com atenção o texto.

5

10

15

Ora nom moiro, nem vivo, nem sei como me vai, nem rem1 de mi, se nom atanto que2 ei3 no meu coraçom coita d’amor qual vos ora direi: tam grande que me faz perder o sém4, e mia senhor sol nom sab’ende rem.5 Nom sei que faço, nem ei de fazer, nem em que ando, nem sei rem de mi, se nom atanto que sofr’e sofri coita d’amor qual vos quero dizer: tam grande que me faz perder o sém, e mia senhor sol nom sab’ende rem. Nom sei que é de mim, nem que sera, meus amigos, nem sei de mi rem al se nom atanto que eu sofr’atal coita d’amor qual vos eu direi ja: tam grande que me faz perder o sém, e mia senhor sol nom sab’ende rem. Bonifacio Calvo, A 266/B 450, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 232.

1

coisa, algo; 2 se nom / atanto que: a não ser que; 3 tenho; 4 juízo; 5 sol nom sab’ende rem: nem sequer sabe nada

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Identifique o tema desta composição lírica, justificando a sua resposta com expressões do texto.

2. O sujeito lírico desta cantiga sente-se “perdido de amores”. Demonstre-o. 3. Indique a posição tomada pela “senhor” em relação aos sentimentos do sujeito poético, fundamentando a sua resposta.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

B Leia com atenção a cantiga de amigo que se segue. Dizia la fremosinha: “ai, Deus, val!1 Com’estou d’amor ferida! ai, Deus, val!” 5

10

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Dizia la bem talhada2: “ai, Deus, val! Com’estou d’amor coitada! ai, Deus, val! Com’estou d’amor ferida! ai, Deus, val! Nom vem o que eu bem queria! ai, Deus, val! Com’estou d’amor coitada! ai, Deus, val! Nom vem o que eu muit’amava! ai, Deus, val!”

Dom Afonso Sanches, B 784/V 368, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 318.

1 2

vale-me bem talhada: elegante, de boas formas

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Demonstre de que forma esta cantiga apresenta marcas características do texto narrativo. 5. Estabeleça uma comparação em termos temáticos entre esta cantiga e a presente no grupo A.

GRUPO II Leia atentamente o texto.

5

10

Após ter conquistado milhares de espetadores em França, A Gaiola Dourada prepara-se agora para ser um grande sucesso comercial em Portugal, onde já foi visto por mais de catorze mil espetadores durante as suas primeiras vinte e quatro horas em cartaz. Esta imediata atração do público português por esta obra luso-francesa compreende-se perfeitamente, não só por causa da impressionante onda de publicidade positiva que o filme tem recebido por parte da imprensa, mas também por causa do contagiante estilo corriqueiro desta agradável comédia familiar de Ruben Alves, onde somos apresentados à simpática Família Ribeiro, que vive, há cerca de trinta anos, na portaria de um prédio de luxo que está situado num dos principais bairros de classe média-alta da capital francesa. Os pilares desta afável família são Maria e José Ribeiro (Rita Blanco e Joaquim de Almeida), um simpático casal de emigrantes portugueses que se tornou, com o passar dos anos, numa parte indispensável do

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

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quotidiano da pequena comunidade que os acolheu e que agora os poderá perder, já que Maria e José poderão em breve concretizar o seu grande sonho de regressarem permanentemente a Portugal, onde poderão levar uma vida mais simples, pacífica e próxima das suas tradições. O problema é que nenhum dos seus amigos, vizinhos e patrões quer deixar partir esta simpática família, que também está fortemente dividida, já que Maria e José parecem ser os únicos que estão dispostos a regressar às suas origens e abandonar definitivamente a sua preciosa comunidade que, durante três décadas, lhes deu tudo aquilo que eles precisavam para levar uma vida esforçada mas feliz. Será que Maria e José estão mesmo dispostos a regressar ao nosso país e a virar para sempre as costas à sua inestimável gaiola dourada? Esta simples pergunta não tem de todo uma resposta óbvia, já que é a sua procura por parte dos dois protagonistas que alimenta o caricato desenrolar do prático guião desta simples mas agradável comédia luso-francesa, que denota todos os seus traços e influências francesas graças à forma requintada e pragmática como os seus criadores construíram e decidiram contar esta simples história familiar, cujo principal apelo humano deriva da contagiante áurea popular bem portuguesa que marca presença um pouco por todo o filme, e que acaba por acrescentar um reconfortante e atrativo elemento de tradição, descontração, diferenciação e diversão a esta honrosa comédia que, embora não seja abismalmente criativa ou irreverente, aposta numa história com pés e cabeça que enfatiza os dilemas e os dramas da comunidade emigrante nacional sem nunca esquecer os estereótipos culturais portugueses, que foram aqui aproveitados da melhor maneira possível para desenvolver um estupendo ambiente tradicional e familiar, que tanto promove a diversão como a emoção. Para este atrativo resultado final muito contribuiu a capacidade criativa de Ruben Alves (Realizador/ Guionista), que soube aproveitar o melhor de dois mundos para criar e evidenciar esta ligeira mas francamente apelativa comédia familiar, que beneficia ainda de uma ótima prestação do seu elenco nacional e internacional. http://www.portal-cinema.com/2013/08/critica-gaiola-dourada-2013.html (consultado em janeiro de 2015).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O filme A Gaiola Dourada retrata uma família portuguesa que (A) não se adaptou à vida em França e que vê agora a possibilidade de regressar ao seu país de origem. (B) não equaciona a possibilidade de regressar a Portugal porque os seus empregos e as suas raízes estão em França. (C) hesita entre manter-se em França e regressar a Portugal. (D) deseja regressar a Portugal por se sentir dispensável em França. 1.2. Segundo o autor do artigo, o filme A Gaiola Dourada é uma comédia (A) extremamente irreverente, agradável e simples. (B) simples, contagiante e pouco tradicional. (C) divertida, emocionante e simples. (D) simples, muito criativa e marcadamente portuguesa. 1.3. A forma verbal “ter conquistado” (l. 1) encontra-se no (A) pretérito mais que perfeito composto do indicativo. (B) pretérito mais que perfeito composto do conjuntivo. (C) pretérito perfeito composto do conjuntivo. (D) infinitivo composto.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.4. Na frase “A Gaiola Dourada prepara-se agora para ser um grande sucesso comercial em Portugal, onde já foi visto por mais de catorze mil espetadores durante as suas primeiras vinte e quatro horas em cartaz” (ll. 1-3), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de (A) predicativo do complemento direto. (B) predicativo do sujeito. (C) complemento agente da passiva. (D) complemento oblíquo. 1.5. O termo “corriqueiro” (l. 6) é antónimo de (A) lento.

(C) inquietante.

(B) invulgar.

(D) subtil.

1.6. O processo fonológico ocorrido na passagem de STILU- para “estilo” (l. 6) é a (A) prótese. (B) epêntese. (C) paragoge. (D) síncope. 1.7. Na frase “Esta simples pergunta não tem de todo uma resposta óbvia, já que é a sua procura por parte dos dois protagonistas que alimenta o caricato desenrolar do prático guião desta simples mas agradável comédia luso-francesa” (ll. 20-23), o determinante possessivo “sua” refere-se a (A) pergunta.

(C) caricato.

(B) resposta.

(D) comédia.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Retire do primeiro parágrafo do texto três palavras que pertençam ao campo lexical de cinema. 2.2. Identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em “somos apresentados à simpática Família Ribeiro, que vive, há cerca de trinta anos, na portaria de um prédio de luxo” (ll. 7-8). 2.3. Explique o significado literal do vocábulo “capital” (l. 8), sabendo que a palavra latina significa ‘cabeça’.

CAPITIA

GRUPO III Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 120 e um máximo de 150 palavras, no qual apresente as principais diferenças entre as cantigas de amigo e as cantigas de amor. O seu texto deve incluir uma parte introdutória, uma de desenvolvimento e uma conclusão e incluir os aspetos abaixo apresentados. • Origem. • Objeto. • Sujeito de enunciação. • Características da figura feminina. • Características da figura masculina. • Ambiente.

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02.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia com atenção a cantiga de escárnio que se segue.

5

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De vós, senhor, quer’eu dizer verdade e nom ja sobr’ [o] amor que vos ei1: senhor, bem [moor]2 é vossa torpidade3 de quantas outras eno mundo sei; assi de fea come de maldade nom vos vence oje senom filha dum rei. [Eu] nom vos amo nem me perderei, u4 vos nom vir, por vós de soidade. E se eu vosco na casa sevesse5 e visse vós e a vossa color, se eu o mundo em poder tevesse, nom vos faria de todos senhor, nem d’outra coisa onde sabor ouvesse. E d’ũa rem seede sabedor: que nunca foi filha d’emperador que de beldade peor estevesse. Todos vos dizem, senhor, com enveja, que desamades eles e mi nom. por Deus, vos rogo que esto nom seja nem façades cousa tam sem razom: amade vós [o] que vos mais desseja, e bem creede que eles todos som; e se vos eu quero bem de coraçom, leve-me Deus a terra u vos nom veja. Pero Larouco, B 612 /V 214, B 784/V 368, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 182.

1

tenho; 2 maior; 3 estupidez; 4 onde; 5 estivesse

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Identifique o alvo de sátira visado nesta cantiga.

2. Explicite o pedido que o sujeito lírico dirige à dama no final da cantiga. 3. Demonstre de que forma esta cantiga se constitui, em termos temáticos, como uma antítese das cantigas de amor. 36

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B Leia a cantiga apresentada.

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Proençaes1 soem mui bem trobar e dizem eles que é com amor; mais os que trobam no tempo da frol e nom em outro, sei eu bem que nom am tam gram coita no seu coraçom qual m’eu por mia senhor vejo levar. Pero que2 trobam e sabem loar sas senhores o mais e o melhor que eles podem, sõo sabedor que os que trobam quand’a frol sazom3 á, e nom ante, se Deus mi perdom, nom am tal coita qual eu ei sem par. Ca os que trobam e que s’alegrar vam eno tempo que tem a color a frol consigu’e, tanto que se for aquel tempo, logu’em trobar razom nom am, nom vivem em qual perdiçom oj’eu vivo, que pois m’á de matar. Dom Dinis, B 524 [ter]/V 127, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 286.

1

Provençais; 2 Pero que: embora; 3 quand’a frol sazom: na estação das flores

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Explique o paralelismo que o sujeito lírico estabelece entre si e os trovadores provençais. 5. Identifique o recurso expressivo presente em “mais os que trobam no tempo da frol” e comente o seu valor. GRUPO II Leia atentamente o texto.

Renováveis garantiram 63% do consumo elétrico em Portugal em 2014

5

Quase dois terços de toda a eletricidade consumida em Portugal em 2014 foram produzidos a partir da água, do vento e do sol. O saldo do ano aponta para 62,7% de eletricidade de origem renovável, um valor inédito pelo menos nos últimos 15 anos e possivelmente sem paralelo desde a década de 1960. A maior fatia da produção elétrica veio das grandes barragens, que supriram 29,4% do consumo, segundo as contas da APREN-Associação de Energias Renováveis. A seguir vêm os parques eólicos, com 23,7%. Ou seja, hoje em Portugal praticamente uma em cada quatro lâmpadas elétricas é acesa com a energia do vento.

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A terceira fonte para a eletricidade em 2014 foi o carvão – a antítese das renováveis. Dos combustíveis utilizados nas centrais térmicas do país, é o mais sujo e o que mais liberta dióxido de carbono, o principal gás que está a aquecer o planeta. Mas com o valor do CO2 em baixa no mercado europeu de licenças de emissões, tem sido o preço do carvão em si – e não a sua fatura ambiental – o determinante para a sua utilização para produzir eletricidade em Portugal. Em 2014, a fatia que lhe coube foi de 22,2%. O país também registou uma dependência menor da eletricidade importada. Na verdade, Portugal exportou mais 30% e importou menos 22 % de energia elétrica. O saldo ainda foi negativo, mas representou apenas 1,8% do consumo total – um terço do valor de 2013. O valor absoluto do peso das renováveis é o maior desde pelo menos 1999. António Sá da Costa, presidente da APREN, refere mesmo que só quando Portugal dependia essencialmente das barragens, nos anos 1960, é que a proporção de eletricidade renovável terá sido superior. A meteorologia conta muito para a produção das renováveis, dada a variação do nível das barragens ano a ano. Descontado este fator – que é corrigido por um índice de produtibilidade hidroelétrica – a parcela das renováveis chegou em 2014 a 55,4%, contra 53,1% em 2013. A meta do Governo é que haja 60% de eletricidade renovável em 2020. “Só precisamos de crescer 1% por ano. É possível”, avalia António Sá da Costa. Ainda este ano a barragem do Baixo Sabor deverá começar a produzir eletricidade e há mais projetos em curso. As eólicas, que tiveram um crescimento de apenas 0,5% no ano passado, também ainda poderão subir nos próximos anos. Mas um novo salto grande, como foi dado nos últimos dez anos, está mais comprometido com a intenção do Governo de não garantir tarifas especiais para a eletricidade produzida pelos parques eólicos. “Potencial para crescer existe. O problema é como será a remuneração”, resume o presidente da APREN. Público, edição online, 6 de janeiro de 2015 (consultado em janeiro de 2015).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O consumo de energias renováveis em Portugal, em 2014, (A) só tem paralelo com o ocorrido na década de 1960. (B) triplicou face aos últimos anos. (C) apresentou o maior aumento dos últimos anos. (D) continua a ser inferior comparativamente ao consumo de energias não renováveis. 1.2. Da análise dos dados conclui-se que (A) o carvão foi a terceira fonte de energia renovável mais utilizada em 2014. (B) se verificou, no país, um aumento na importação de energia elétrica. (C) apesar de não se ter verificado um crescimento do seu consumo, as eólicas são a segunda fonte de energia renovável mais utilizada em 2014. (D) a produção de energia elétrica proveniente das barragens aumentou em 2014. 1.3. Na frase “A maior fatia da produção elétrica veio das grandes barragens” (l. 5), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de (A) complemento direto. (B) modificador. (C) complemento oblíquo. (D) predicativo do sujeito.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.4. Quanto ao processo de formação, o termo “APREN” (l. 6) classifica-se como (A) sigla. (B) amálgama. (C) acrónimo. (D) empréstimo. 1.5. Na frase “… dióxido de carbono, o principal gás que está a aquecer o planeta” (ll. 10-11), a oração sublinhada classifica-se como (A) subordinada substantiva completiva. (B) subordinada substantiva relativa. (C) subordinada adjetiva relativa explicativa. (D) subordinada adjetiva relativa restritiva. 1.6. A forma verbal “tem sido” (l. 12) encontra-se no (A) pretérito perfeito composto do indicativo. (B) pretérito perfeito composto do conjuntivo. (C) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo. (D) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo. 1.7. O termo “terço” (l. 17) classifica-se como (A) quantificador numeral. (B) quantificador universal. (C) adjetivo numeral. (D) adjetivo qualificativo. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Identifique a relação semântica que se pode estabelecer entre os termos ‘energias renováveis’ e “água”, “vento” e “sol” (l. 2). 2.2. Na frase “A seguir vêm os parques eólicos” (l. 7), identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada. 2.3. Indique uma palavra que integre o mesmo constituinte etimológico que “meteorologia” (l. 21).

GRUPO III Redija a síntese (entre 100 a 120 palavras) do texto apresentado no grupo II.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

03.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia o seguinte excerto do capítulo 115 da Crónica de D. João I. Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender, quando el-Rei de Castela pôs cerco sobr’ela.

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Nem u~ u falamento1 deve mais vizinho seer deste capitulo que havees ouvido2, que poermos logo aqui brevemente de que guisa estava a cidade, jazendo el-Rei de Castela sobr’ela; e per que modo poinha em si guarda o Meestre, e as gentes que dentro eram, por nom receber dano de seus ~ emigos3; e o esforço e fouteza4 que contra eles mostravom, em quanto assi esteve cercada. Onde sabee que como5 o Meestre e os da cidade souberom a viinda del-Rei de Castela, e esperarom seu grande e poderoso cerco, logo foi ordenado de recolherem pera a cidade os mais mantiimentos que haver podessem, assi de pam e carnes, come quaes quer outras cousas. E iam-se muitos aas liziras6 em barcas e batees, depois que Santarem esteve por Castela, e dali tragiam muitos gaados mortos que salgavom em tinas, e outras cousas de que fezerom grande açalmamento7; e colherom-se8 dentro aa cidade muitos lavradores com as molheres e filhos, e cousas que tiinham; e doutras pessoas da comarca d’arredor, aqueles a que prougue9 de o fazer; e deles10 passarom o Tejo com seus gaados e bestas e o que levar poderom, e se forom contra11 Setuval, e pera Palmela; outros ficarom na cidade e nom quiserom dali partir; e taes i12 houve, que poserom todo o seu13, e ficarom nas vilas que por Castela tomarom voz. Os muros todos da cidade nom haviam mingua14 de boom repairamento15; e em seteenta e sete torres que ela teem a redor de si, forom feitos fortes caramanchões de madeira, os quaes eram bem fornecidos d’escudos e lanças e dardos e beestas de torno16, e doutras maneiras com grande avondança17 de muitos viratões18. […] E ordenou o Meestre com as gentes da cidade que fosse repartida a guarda dos muros pelos fidalgos e cidadãos honrados19, aos quaes derom certas quadrilhas20 e beesteiros e hom~ ees d’armas pera ~ ~ ajuda de cada uu guardar bem a sua. Em cada quadrilha havia uu sino pera repicar quando tal cousa vissem, e como21 cada u~ u ouvia o sino da sua quadrilha, logo todos rijamente22 corriam pera ela […] E nom soomente os que eram assiinados23 em cada logar pera defensom, mas ainda as outras gentes da cidade, ouvindo repicar na See, e nas outras torres, avivavom-se os corações deles24; e os mesteiraes25 dando folgança26 a seus oficios, logo todos com armas corriam rijamente pera u27 diziam que os Castelãos mostravom de viinr. Ali viriees os muros cheos de gentes, com muitas trombetas e braados e apupos esgremindo espadas e lanças e semelhantes armas, mostrando fouteza contra seus ~ emigos. Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária), Crónica de D. João I de Fernão Lopes (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 170-172.

1

palavras, ditos; 2 alusão ao capítulo anterior, onde se descreve o soberbo acampamento do rei de Castela, que se estendia de Santos até Campolide e outros lugares em volta; 3 inimigos; 4 coragem; 5 logo que; 6 lezírias (terras que ficam na margem do rio); 7 abastecimento; 8 refugiaram-se; 9 aprouve, agradou; 10 e alguns; 11 em direção a; 12 aí; 13 que poserom todo o seu: que puseram em segurança os seus haveres; 14 necessidade; 15 reparação, fortificação; 16 armas que disparavam setas a grandes distâncias 17 abundância; 18 setas grandes; 19 de boa categoria social, burgueses; 20 quadrelas, lanços de muralha onde se colocavam os vigias; 21 quando; 22 apressadamente; 23 designados; 24 avivavom-se os corações deles: sentiam-se mais corajosos; 25 operários; 26 folga; 27 onde

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 1.

Justifique a importância do primeiro parágrafo do excerto, tendo em conta a globalidade do texto.

2. Indique as medidas tomadas pelo povo e pelo Mestre, assim que souberam que o cerco à cidade estava iminente. 3. Releia o último parágrafo do excerto. Demonstre que o povo estava todo unido na defesa da cidade. B Leia a cantiga abaixo apresentada.

5

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Vedes, amigo, [o] que oj’oí1 dizer de vós, assi Deus me perdom, que amades ja outra e mi nom; mais, s’é verdade, vingar-m’ei assi: punharei2 ja de vos nom querer bem e pesar-mi-á ém mais que outra rem. Oí dizer, por me fazer pesar, amades vós outra, meu traedor; e, s’é verdade, par Nostro Senhor, direi-vos como me cuid’a vingar: punharei ja de vos nom querer bem e pesar-mi-á ém mais que outra rem. E se eu esto por verdade sei que mi dizem, meu amigo, par Deus, chorarei muito d’estes olhos meus e direi-vos como me vingarei: punharei ja de vos nom querer bem e pesar-mi-á ém mais que outra rem. Fernam Velho, B 819/V 403, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 178.

1

ouvi; 2 esforçar-me-ei

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Descreva a atitude do sujeito lírico em relação ao objeto do seu amor, apresentando as respetivas razões. 5. Justifique o emprego do futuro do indicativo no refrão.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

GRUPO II Leia atentamente o texto.

5

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O autocarro desde Joanesburgo sai às 8 da manhã para Maputo − entre tempos de paragem noutras cidades ao longo do percurso e a travessia da fronteira de Ressano Garcia, chego a Maputo já de noite. Fico plantado numa esquina à espera de um amigo de amigo de outros amigos. Não sei sequer se existe, mas se existir, chama-se Henrique. O que ficou combinado foi uma boleia com o Henrique até um promontório mítico para praticantes de surf, onde quebra uma onda secreta, de qualidade mundial e de difícil acesso para viajantes solitários, daí melhor apoiar-me na experiência e na viatura de quem sabe. O Henrique, se existe, sabe. Por ironia do destino ou, quem sabe, por malícia das sinergias que a História tece, tanto Portugal como as suas ex-colónias são excelentes destinos para o surf. A diferença é que na (ex) metrópole as ondas estão à distância de um parque de estacionamento. Já em Angola e Moçambique, a logística de chegar à praia envolve guias locais, veículos todo-terreno, provisões, equipamentos de outdoor e um espírito desinibido e aventureiro. Tal como fiz há uns anos em Angola, socorro-me agora da ajuda de um português expatriado para chegar até às ondas. Henrique, se existe, imigrou para Moçambique não apenas pelo trabalho mas também pelo surf. Provavelmente até na ordem contrária de prioridades. A noite cai suavemente sobre esta cidade que me faz pensar no Portugal que eu nunca tive, no português que nunca fui. É uma cidade bonita, apesar do degrado e da incúria e da miséria. Uma cidade que desce para o mar, que permite sempre um tom de azul no fundo do olhar, um pouco como Lisboa com o Tejo. No entanto, de todas as cidades coloniais portuguesas que visitei, é aquela que menos me recorda Portugal. Maputo é demasiado recente e demasiado airosa, demasiado planificada e escorreita para recordar uma cidade portuguesa. O que o caráter e a fisionomia urbana de Maputo me recorda, na brisa suave do fim da tarde, é um Portugal que ficou por acontecer, uma possibilidade de evolução paralela que se perdeu nas ramificações do destino. Tento imaginar uma outra História pátria que teria resultado de uma aproximação mais humilde, menos aguerrida, às culturas do Índico, uma outra miscigenação, uma outra abertura de espírito aos povos e às religiões que íamos encontrando. Só Moçambique poderia evocar esta dimensão paralela e perdida da História de Portugal, só aqui tivemos a porta aberta para esse oceano Índico que durante séculos promoveu comércio, provocou diásporas, acomodou a diferença, ensinou a Humanidade a lidar com o Outro. Só aqui poderíamos ter sido Outros, diferentes. Angola, pelo contrário, que portas nos teria jamais aberto? Em que mundos nos teria introduzido? O mesmo Atlântico cinzento e tenebroso que já conhecíamos; um planalto esquecido pelos fluxos da História; uma cultura tribal e fratricida que se fechava em si própria e que do exterior só conheceu agressões e esclavagismo. Não é por acaso que Moçambique é solar e colorida e mediterrânica como só a orla do Índico o consegue ser; enquanto que Angola é atlântica e sombria, envolta em brumas matinais que não conseguem dar alegria a um litoral árido e estéril. Não é por acaso que Moçambique é banhada por uma corrente tépida, transparente e tropical; enquanto que em Angola passa uma das correntes mais gélidas, escuras e densas do mundo. Não é por acaso que a navegação do oceano Índico é previsível, suave e de monção; enquanto que a do Atlântico é turbulenta, irregular e traiçoeira. E o estado do mar não será alheio à perceção que o resto do mundo tem destes dois países − benevolência para com o primeiro, comiseração para com o segundo. Ou talvez esta seja apenas a opinião de quem olhou para os dois países a partir da crista de uma onda, deslizando sobre uma prancha no meio do mar, em solidão serena e refletiva, ao largo. Gonçalo Cadilhe, in Visão, edição online, 30 de março de 2014 (consultado em janeiro de 2015).

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O autor serve-se da ironia quando afirma “O Henrique, se existe, sabe” (l. 7), porque (A) não lhe reconhece autoridade como guia. (B) está cansado de esperar por ele. (C) não quer ir ao promontório aconselhado por ele. (D) prefere prescindir da sua companhia. 1.2. Para Gonçalo Cadilhe, (A) o Portugal de hoje assemelha-se ao Moçambique do passado. (B) Angola e Moçambique são dois locais igualmente representativos da cultura portuguesa. (C) Moçambique espelha um Portugal que podia ter sido diferente do que o que foi. (D) Angola em nada se assemelha com Portugal. 1.3. A palavra “até” (l. 5) classifica-se como (A) preposição. (B) conjunção. (C) advérbio. (D) pronome. 1.4. Na frase “onde quebra uma onda secreta” (l. 6), a palavra sublinhada introduz uma oração (A) subordinada substantiva completiva. (B) subordinada substantiva relativa. (C) subordinada adjetiva relativa restritiva. (D) subordinada adjetiva relativa explicativa. 1.5. Na frase “A noite cai suavemente sobre esta cidade” (l. 16), o termo sublinhado desempenha a função de (A) modificador. (B) complemento oblíquo. (C) modificador apositivo do nome. (D) modificador restritivo do nome. 1.6. A palavra “incúria” (l. 18) significa (A) doença. (B) desleixo. (C) incoerência. (D) incompatibilidade. 1.7. Na frase “de todas as cidades coloniais portuguesas que visitei, é aquela que menos me recorda Portugal”, (ll. 20-21), o verbo “recordar” classifica-se como (A) intransitivo. (B) transitivo direto. (C) transitivo indireto. (D) transitivo direto e indireto.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Tendo em conta a palavra sublinhada em “Fico plantado numa esquina” (l. 3), escreva uma outra frase que com ela se possa constituir como um campo semântico do vocábulo. 2.2. Explique o significado da palavra “fratricida” (l. 35), sabendo que em latim ‘irmão’.

FRATRE-

significa

2.3. Classifique a palavra “fratricida” (l. 35), quanto ao processo de formação.

GRUPO III Observe a pintura de Cândido Portinari.

Os Retirantes (1994), Cândido Portinari (1903-1962), Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Faça uma apreciação crítica desta pintura, num texto de 120 a 150 palavras, considerando, entre outros que julgue pertinentes, os seguintes aspetos: • apresentação dos elementos que integram a imagem; • sentimentos transmitidos; • impacto; • pertinência da imagem em relação ao capítulo 148 da Crónica de D. João I de Fernão Lopes. Deverá exprimir a sua opinião (positiva ou negativa) na introdução do texto. A fundamentação da opinião expressa deverá ocorrer associada à exploração dos elementos constantes da pintura.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

04.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia o seguinte excerto do capítulo 148 da Crónica de D. João I.

5

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30

Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devotamente por o estado da cidade! E ficados os geolhos1, beijando a terra, braadavom a Deos que lhes acorresse, e suas prezes nom eram compridas! Uũs choravom antre si, mal-dizendo seus dias, queixando-se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: “Ora veesse a morte ante do tempo, e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos males!” Assi que rogavom a morte que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe seerem cada dia renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom2 a seus amigos, dizendo que forom desaventuirada gente, que se ante nom derom a el-Rei de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades3, firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar4. Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e veendo estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo. Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguũs hom~ ees e molheres, que tanta deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom5, como há da vida aa morte? Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam6 as faces e peitos sobr’eles, nom tendo com que lhe acorrer, senom planto7 e espargimento de lagrimas; e sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia de tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ũa dos ~ emigos que os cercados tiinham, e outra dos mantiimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em cuidado de se defender da morte per duas guisas8. Pera que é dizer mais de taes falecimentos9? Foi tamanho o gasto das cousas que mester haviam que soou uũ dia pela cidade que o Meestre mandava deitar fora todolos que nom tevessem pam que comer, e que soomente os que o tevessem ficassem em ela; mas quem poderia ouvir sem gemidos e sem choro tal ordenança de mandado aaqueles que o nom tiinham? Porem sabendo que non era assi, foi-lhe já quanto10 de conforto. Onde sabee que esta fame e falecimento que as gentes assi padeciam, nom era por seer o cerco perlongado, ca nom havia tanto tempo que Lixboa era cercada; mas era per aazo das muitas gentes que se a ela colherom de todo o termo; e isso meesmo da frota do Porto quando veo, e os mantiimentos seerem muito poucos. Ora esguardae11 como se fossees presente, ũa tal cidade assi desconfortada e sem neũa certa feúza de seu livramento12, como veviriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de taes aflições? Ó geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte de tantos males, nem foi quinhoeiro13 de taes padecimentos! Os quaes a Deos por Sua mercee prougue de cedo abreviar doutra guisa, como acerca14 ouvirees. Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária), Crónica de D. João I de Fernão Lopes (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 197-199.

1

ajoelhados; 2 queixavam; 3 misérias; 4 firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar: só pensando nos maiores males que naquelas circunstâncias lhes podiam acontecer; 5 d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom: entre ouvir estas coisas e passá-las; 6 feriam; 7 pranto; 8 maneiras; 9 misérias; 10 um pouco; 11 olhai; 12 sem neũa certa feúza de seu livramento: sem certeza da libertação; 13 participou; 14 daqui a pouco.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Refira as diferentes reações do povo face às privações que enfrentava.

2. Identifique as duas situações que, segundo o cronista, mais preocupavam as pessoas que estavam cercadas. 3. Releia o último parágrafo do excerto. Explique a intenção de Fernão Lopes ao comparar duas gerações distintas. B Leia a cantiga de escárnio a seguir apresentada. Vem um ricome1 das truitas, que compra duas por muitas,2 e coz’end’a ũa.3

5

Por quanto xi querem ch~ eas,4 compra ém duas pequenas, e coz’end’a ũa. Vendem cem truitas vivas, e compra ém duas cativas, e coz’end’a ũa.

10

E, u as vendem bolindo5, vai-se’ém com duas friindo6, e coz’end’a ũa. Roi Paes de Ribela, V 1027, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos, A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 276

1 homem rico (pertencente à nobreza); 2 duas por muitas: duas como se fossem muitas; 3 e coz’end’a ũa: e coze uma delas; 4 Por quanto xi querem ch~ eas: apesar de se quererem grandes (grossas); 5 fresquinhas, a saltar; 6 como se estivessem a frigir, isto é, não frescas, por oposição a bolindo (v. 10)

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Identifique o alvo de sátira desta cantiga, apresentando as razões para tal. 5. Justifique a importância da antítese nesta composição lírica.

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SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

GRUPO II Leia atentamente o texto.

Macacos também conseguem reconhecer-se ao espelho — como nós ou os chimpanzés Experiências envolveram macacos Rhesus, manchas de tinta e pontos de luz projetados nas suas caras.

5

10

15

20

25

30

Por volta dos dois anos de idade, os seres humanos conseguem reconhecer o seu reflexo no espelho. Os grandes símios, incluindo chimpanzés, orangotangos, bonobos e gorilas, também exibem este aspeto-chave de inteligência. E os macacos? Nem por isso. Têm falhado consistentemente em reconhecerem-se a si próprios em experiências ao espelho. Mas uma nova investigação de cientistas chineses mostrou que os macacos Rhesus podem ser ensinados a reconhecer que a face que está a olhar para eles no espelho é a sua própria face. Numa experiência ao espelho, pôs-se uma mancha de tinta na cara dos macacos que só podia ser vista se estivessem a olhar para o espelho. Os macacos passavam o teste se tocassem na mancha depois de se terem visto ao espelho, indicando que sabiam que era o reflexo deles. “O autorreconhecimento ao espelho é uma indicação de consciência de si próprio, que é um sinal de inteligência elevada nos humanos”, diz o neurocientista Neng Gong, da Academia Chinesa das Ciências em Xangai, que coordenou o estudo publicado na edição desta semana da revista Current Biology. “Normalmente, os macacos não conseguem reconhecer-se ao espelho, presumivelmente devido à falta de capacidade de consciência de si próprios”, acrescenta o investigador. “[Mas] nós mostrámos que os macacos podem realmente aprender a adquirir esta capacidade através de treino, o que sugere que o seu cérebro tem o ‘equipamento’ básico, mas precisa de treino para adquirir o ‘programa’ que lhes permita chegar ao autorreconhecimento.” Os macacos foram ainda colocados em frente a um espelho para outra experiência. Desta vez, um ponto de luz vermelha foi projetado em vários locais da face dos macacos através de um laser suficientemente poderoso para causar uma sensação de irritação. Quase invariavelmente, os macacos tocavam no local da cara onde o ponto vermelho apareceu e o laser causou irritação – e, ao fazerem-no, recebiam uma recompensa. O procedimento foi depois repetido utilizando um laser de baixa energia que não causava irritação, mas que continuava a projetar um ponto vermelho na cara. Quando o macaco olhava no espelho e tocava no ponto de luz, apesar de não ter sentido irritação, era recompensado com comida. Ao fim de duas a cinco semanas de treino, os macacos aprenderam a tocar no ponto de laser ou numa marca de tinta na cara enquanto se viam ao espelho, o que indicava que estavam a autorreconhecerem-se. Neng Gong recorda que algumas pessoas com problemas cerebrais perdem a capacidade de autorreconhecimento ao espelho, como no autismo, na esquizofrenia, na doença de Alzheimer e em deficiências mentais. “Embora a deficiência de autorreconhecimento implique a existência de défices nos mecanismos cerebrais de autoprocessamento, a nossa descoberta levanta a possibilidade de que tais défices possam ser tratados através de treino”, refere Neng Gong. Público (Ciência), edição online, 10 de janeiro de 2015 (consultado em janeiro de 2015).

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O texto dá-nos conta de uma nova investigação que (A) comprova que os macacos não se conseguem reconhecer ao espelho. (B) atesta que os macacos desde sempre se conseguiram reconhecer ao espelho. (C) revela que, apesar de não possuírem mecanismos para o efeito, os macacos conseguem aprender a reconhecerem-se ao espelho. (D) evidencia que os macacos têm a mesma capacidade que outros símios maiores quanto a reconhecerem-se ao espelho. 1.2. Os resultados desta nova investigação (A) permitirão conhecer melhor o cérebro de pessoas com problemas cerebrais. (B) poderão possibilitar o tratamento de défices de reconhecimento. (C) ajudarão a compreender o porquê de algumas pessoas com problemas cerebrais terem défices de reconhecimento. (D) poderão contribuir para evitar défices de reconhecimento em pessoas com problemas cerebrais. 1.3. Na frase “Os grandes símios, incluindo chimpanzés, orangotangos, bonobos e gorilas” (l. 2), a palavra “símios” e os restantes nomes comuns (A) pertencem ao mesmo campo lexical. (B) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia. (C) pertencem ao mesmo campo semântico. (D) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia. 1.4. O termo “aspeto-chave” (l. 3), foi formado por (A) composição morfossintática. (B) composição morfológica. (C) derivação parassintética. (D) derivação por prefixação e sufixação. 1.5. Na frase “Mas uma nova investigação de cientistas chineses mostrou que os macacos Rhesus podem ser ensinados a reconhecer que a face que está a olhar para eles no espelho é a sua própria face” (ll. 5-7), estão presentes (A) uma oração subordinada substantiva completiva e duas adjetivas relativas. (B) uma oração subordinada substantiva completiva, uma adverbial consecutiva e uma adjetiva relativa. (C) uma oração subordinada adverbial consecutiva e duas adjetivas relativas. (D) duas orações subordinadas completivas e uma adjetiva relativa. 1.6. Na frase “pôs-se uma mancha de tinta na cara dos macacos” (l. 8), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de (A) modificador. (B) predicativo do complemento direto. (C) complemento oblíquo. (D) complemento indireto.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.7. A forma verbal “estivessem” (l. 9) encontra-se no (A) pretérito mais que perfeito do indicativo. (B) pretérito imperfeito do indicativo. (C) presente do conjuntivo. (D) pretérito imperfeito do conjuntivo. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Na frase “O autorreconhecimento ao espelho é uma indicação de consciência de si próprio” (ll. 10-11), identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada. 2.2. Indique duas palavras que integrem o mesmo constituinte etimológico que “neurocientista” (l. 12). 2.3. Classifique a oração sublinhada em “Quando o macaco olhava no espelho e tocava no ponto de luz, apesar de não ter sentido irritação, era recompensado com comida” (ll. 25-26).

GRUPO III Redija a síntese do artigo apresentado no grupo II, num texto com cerca de 110-130 palavras.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

05.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia, atentamente, o texto que se segue. Vem a Mãe, e não na achando lavrando, diz:

5

10

15

Logo eu adevinhei lá na missa onde eu estava, como a minha Inês lavrava a tarefa que lhe eu dei... Acaba esse travesseiro! Hui! naceo-te algum unheiro? Ou cuidas que é dia santo? Inês Praza a Deos que algum quebranto me tire de cativeiro.

Mãe Toda tu estás aquela1… Choram-te os filhos por pão? Inês Prouvesse a Deos! Que já é rezão de eu não estar tão singela2. Mãe Olhade lá o mao pesar3... Como queres tu casar com fama de preguiçosa? Inês Mas eu, mãe, são aguçosa4 e vós dais-vos de vagar.

[entra Lianor Vaz]

35

40

45

50

20

25

30

50

Mãe Ora espera, assi vejamos. Inês Quem já visse esse prazer! Mãe Cal’te, que poderá ser, que “ante a Páscoa vem os Ramos.” Não te apresses tu, Inês. “Maior é o ano que o mês”: quando te não precatares, virão maridos a pares, e filhos de três em três. Inês Quero-m’ora alevantar. Folgo mais de falar nisso, − assi Deos me dê o paraíso, − mil vezes que não lavrar. Isto não sei que o faz... Mãe Aqui vem Lianor Vaz. Inês E ela vem-se benzendo...

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[…] Lia. Venho eu, mana, amarela5? Mãe Mais ruiva que uma panela! Lia. Não sei como tenho siso! Jesu, Jesu, que farei? Não sei se me vá a el-Rei, se me vá ao Cardeal. Mãe E como? Tamanho é o mal? Lia. Tamanho? Eu to direi: vinha agora pereli6 ò redor da minha vinha, e um clérigo, mana minha, pardeos7, lançou mão de mi.8 Não me podia valer. Diz que havia de saber se era eu fêmea, se macho. […] Leixemos isto! Eu venho com grande amor que vos tenho, porque diz o exemplo antigo que amiga e bom amigo mais aquenta que o bom lenho. Inês está concertada pera casar com alguém? Mãe Até ‘gora com ninguém não é ela embaraçada9. Lia. Em nome do anjo bento eu vos trago um casamento. Filha, não sei se vos praz10. Inês E quando, Lianor Vaz? Lia. Já vos trago aviamento11.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Inês Porém, não hei-de casar 65

Lia.

senão com homem avisado12. Ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar, que assi o tenho assentado.

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Eu vos trago um bom marido, rico, honrado, conhecido. Diz que em camisa vos quer13 Inês Primeiro eu hei-de saber se é parvo, se sabido.

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 165-170. 1 hoje dir-se-ia “lá estás tu…”; 2 sozinha, solteira; 3 “vejam que desgraça…”(ironia); 4 diligente; 5 pálida; 6 por ali; 7 interjeição “por Deus”; 8 agarrou-me; 9comprometida; 10 agrada; 11 arranjo de vida; 12 discreto; 13 Diz que em camisa vos quer: “diz que vos aceita sem dote”

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Explique a reação da Mãe, considerando os versos “Hui! naceo-te algum unheiro? / Ou cuidas que é dia santo?” (vv. 6-7).

2. Lianor Vaz, nos versos 38-40, coloca a hipótese de apresentar uma queixa ao Rei ou ao Cardeal. 2.1. Enuncie os motivos que originam essa intenção. 3. Explicite as razões da visita da alcoviteira e a reação de Inês à sua proposta. B Leia atentamente o seguinte texto poético.

5

10

15

Fui hoj’eu, madre, veer meu amigo, que enviou[u] muito rogar por en, porque sei eu ca mi quer mui gram bem; mais vedes, madre, pois m’el vio consigo, foi el tam ledo que, des que naci, nunca tam led’home com molher vi. Quand’eu cheguei, estava el chorando e nom folgava o seu coraçom, cuidand’em mi, se iria, se nom, mais, pois m’el viu, u m’el estava asperando, foi el tam ledo que, des que naci, nunca tam led’home com molher vi. E, pois Deus quis que eu fosse u m’el visse, diss’el, mia madre, como vos direi: “Vej’eu viir quanto bem no mund’hei”; e vedes, madre, quand’el esto disse, foi tam ledo que, des que eu naci, nunca tam led’home com molher vi. Juião Bolseiro, B1167, V 773 in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas (www.cantigas.fcsh.unl.pt).

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Explicite o papel que a mãe assume nesta cantiga. 5. Demonstre a evolução no estado de espírito do amigo, expondo as razões que a originam. GRUPO II Leia atentamente o seguinte texto.

Quantos graus vale uma PlayStation

5

10

15

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25

Desta vez não fui eu, mas um grupo de cientistas – categoria humana acima de qualquer suspeita – quem apontou o dedo a mais um inimigo do clima: as consolas de jogos. […] O resultado encontra-se estampado numa revista científica, que é onde normalmente as verdades são publicadas. Antes, também vinham nos jornais, mas já ninguém acredita.[…] Os aludidos cientistas computaram as emissões de CO2 de um jogo de PlayStation ao longo de toda a sua existência, passando pela sua criação, utilização e eliminação. É o que se chama “análise de ciclo de vida” […]. Não sem surpresa, o que mais suga energia é a fase do jogo em si. Mobiliza no máximo quatro dedos, mas requer 137 watts de potência. Três miúdos à frente de três consolas durante uma hora por dia consomem tanta eletricidade como um frigorífico. Desde o momento em que é instalado até ao dia em que é deitado fora, um jogo é utilizado em média 232 horas, segundo o estudo. […] Revelação surpreendente é a de que comprar um jogo numa loja, em CD, implica menos emissões de CO2 do que fazer o download do programa na Internet. O quê? Absurdo? Pois é, parece. Ao longo de anos de vassalagem ideológica, fomo-nos acostumando à imagem da Internet como um mundo desmaterializado e libertador, capaz de mobilizar massas e promover a economia com um simples clique, sem sacar pedaços ao planeta. Mas eis que cientistas […] conseguem provar o contrário, que o material às vezes pode ser melhor do que o imaterial. Os cálculos, depois de varridas para baixo do tapete todas as incertezas, mostram que a eletricidade utilizada para transferir um ficheiro pesado como o de um jogo é superior a toda a energia gasta no processo de produção, distribuição, venda, transporte e eliminação de um disco blu-ray – um DVD de alta capacidade. Com tudo incluído, a vida de um jogo baixado da internet é responsável por 5 a 32% mais emissões de CO2 do que as do mesmo produto em disco. Como há coisas que têm mesmo de ser conversadas em família, comuniquei estas conclusões ao meu filho, que, muitíssimo interessado, respondeu: “ok, pai”, e voltou para a consola. Texto de Ricardo Garcia, in Público – blogues (Nós no Mundo), 27 de outubro de 2014 (consultado em janeiro de 2015).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. De acordo com o texto, um jogo de computador (A) é mais prejudicial para o ambiente se for comprado em formato DVD. (B) não é muito nocivo para o ambiente. (C) só é fonte de poluição se for colocado no lixo indiferenciado. (D) é mais nocivo se for transferido da internet do que se for produzido e vendido em formato DVD.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.2. Consciente de que as questões ambientais são importantes, o autor comunicou-as ao filho que (A) ficou também muito interessado no assunto. (B) desvalorizou o problema. (C) ficou muito interessado no assunto, parando de jogar. (D) agradeceu ao pai as informações que este lhe deu. 1.3. No contexto em que surge, o termo “estampado” (l. 3) tem o significado de (A) desenhado. (B) pintado. (C) gravado. (D) publicado. 1.4. O termo destacado em “são publicadas” (l. 4) e em “Este fruto não está são!” tem origens etimológicas diferentes; logo, essas palavras designam-se de (A) convergentes. (B) divergentes. (C) homófonas. (D) parónimas. 1.5. O termo download (l. 14) exemplifica o processo de formação de palavras denominado (A) empréstimo. (B) acronímia. (C) extensão semântica. (D) truncação. 1.6. O termo sublinhado em “que o material” (l. 18) é uma conjunção subordinativa (A) consecutiva. (B) concessiva. (C) causal. (D) completiva. 1.7. O elemento sublinhado em “comuniquei estas conclusões ao meu filho” (l. 25) desempenha a função sintática de (A) sujeito. (B) vocativo. (C) complemento indireto. (D) complemento direto. 2. Responda aos itens seguintes. 2.1. Identifique o sujeito do predicado “é utilizado em média 232 horas” (ll. 11-12). 2.2. Indique o valor lógico do conector presente no segmento “desmaterializado e libertador” (l. 16). 2.3. Transcreva uma oração subordinada adverbial causal do último parágrafo.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

GRUPO III Observe atentamente a imagem, atendendo a: • tema /realidade representada; • objetos e elementos; • pessoas: atitudes e fisionomias; • sensações sugeridas e/ou convocadas.

Elabore uma apreciação crítica da figura, considerando os elementos recolhidos anteriormente. Construa um texto correto e coerente, contendo entre 120-150 palavras, respeitando as orientações: Introdução – apresentação sucinta do objeto. Desenvolvimento – informações sobre o conteúdo/realidade representada; − opinião valorativa e fundamentada sobre a imagem, atendendo às formas, sensações despertadas, … Conclusão – síntese da informação mais importante.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

06.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I Selecione o item A – 1 ou A – 2, conforme a obra estudada. A−1 Leia, atentamente, o excerto do Auto da Feira que se segue.

Vai-se Roma ao Tempo e Mercúrio, e diz:

Rom.

5

Ser.

10

Ca2, se vós a paz quereis, senhora, sereis servida, e logo a levareis a troco de santa vida. Mas não sei se a trazeis… Porque, Senhora, eu me fundo que quem tem guerra com Deos, não pode ter paz c’o mundo; porque tudo vem dos céos, daquele poder profundo.

15

20

Rom.

25

Ser. 30

Tão honrados mercadores não podem leixar de ter cousas de grandes primores; e quanto eu houver mister1 deveis vós de ter, senhores. Sinal é de boa feira virem a ela as donas tais; e pois vós sois a primeira, queremos ver que feirais segundo vossa maneira.

A troco das estações3 não fareis algum partido, e a troco de perdões, que é o tesouro concedido pera quaisquer remissões? Oh! Vendei-me a paz dos céos, Pois tenho o poder na terra! Senhora, a quem Deos dá guerra, grande guerra faz a Deos, que é certo que Deos não erra.

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Vede Vós que Lhe fazeis, vede como O estimais, vede bem se O temeis… Atentai com quem lutais, Que temo que caireis. Rom. Assi que a paz não se dá A troco de jubileus4? Mer. Ó Roma, sempre vi lá que matas pecados cá, e leixas viver os teus. Tu não te corras de mi: mas com teu poder facundo5 assolves6 a todo o mundo, e não te lembras de ti, nem vês que vás ao fundo. Rom. Ó Mercúrio, valei-me ora, que vejo maos aparelhos7! Mer. Dá-lhe, Tempo, a essa Senhora o cofre dos meus conselhos: e podes-te ir muito embora. Um espelho i acharás, que foi da Virgem sagrada. Co’ele te toucarás, porque vives mal toucada, e não sintes como estás: e acharás a maneira como emendes a vida. E não digas mal da feira, porque tu serás perdida, se não mudas a carreira.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

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Não culpes aos reis do mundo, Que tudo te vem de cima, polo que fazes cá no fundo: que, ofendendo a causa prima, se resulta o mal segundo. E também o digo a vós, e a qualquer meu amigo, que não quer guerra consigo: tenha sempre paz com Deos, e não temerá perigo. Gil Vicente, Auto da Feira, in António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 280-283.

1

precisar; 2 porque; 3 visitas a igrejas; 4 visitas a Roma em certas datas; 5 grande, eloquente; 6 absolves; 7 prenúncios

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Explicite o que pretende Roma encontrar na Feira e a opinião do Serafim sobre tal pretensão, fundamentando a sua resposta com citações textuais pertinentes.

2. Releia os versos 38 a 40. 2.1. Explique o seu conteúdo, evidenciando a crítica que encerram. 3. Clarifique a importância do espelho que será dado a Roma pelo Tempo. A–2 Leia, atentamente, o excerto da Farsa de Inês Pereira que se segue. [Pero vai-se, dizendo] (Estas vos são elas a vós: anda homem a gastar calçado, e quando cuida que é aviado, Escarnefucham1 de vós! Não sei se fica lá a pea... Pardeus! Bom ia eu à aldeia!)

5

[voltando atrás]

10

15

56

Senhora, cá fica o fato2? Inês Olhai se o levou o gato... Pero Inda não tendes candea3? Ponho per cajo4 que alguém vem como eu vim agora, e vos acha só a tal hora: parece-vos que será bem? Ficai-vos ora com Deos: çarrai a porta sobre vós com vossa candeazinha. E sicais5 sereis vós minha, entonces veremos nós...

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[Vai-se Pero Marques e diz] Inês Pereira:

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25

Pessoa conheço eu que levara outro caminho... Casai lá com um vilãzinho, mais covarde que um judeu! Se fora outro homem agora, e me topara a tal hora, estando assi às escuras, falara-me mil doçuras, ainda que mais não fora... [torna a Mãe e diz]

30

Mãe Pero Marques foi-se já? Inês Pera que era ele aqui? Mãe E não t’agrada ele a ti?

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Inês Vá-se muitieramá6! Que sempre disse e direi: mãe, eu me não casarei senão com homem discreto7, 35 e assi vo-lo prometo ou antes o leixarei.

40

45

50

Que seja homem mal feito, feo, pobre, sem feição, como tiver descrição, não lhe quero mais proveito. E saiba tanger viola, e coma eu pão e cebola. Siquer ũa canteguinha! Discreto, feito em farinha, porque isto me degola.8

Mãe Sempre tu hás-de bailar e sempre ele há-de tanger? Se não tiveres que comer, o tanger te há-de fartar? Inês Cada louco com sua teima. Com ũa borda de boleima9 E ũa vez d’água fria, não quero mais cada dia.

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 176-178.

1 escarnecem; 2 fato é uma palavra do vocabulário dos pastores que designa os objetos de uso pessoal; 3 candeia (Pero espanta-se por ser escuro e Inês não ter acendido “uma luz”; 4 suponhamos; 5 se por ventura; 6 em má hora; 7 qualidade do que possui as virtudes palacianas – saber, educação, finura, etc.; 8 é disso que eu gosto, sou doida por isso; 9 um bocado de bolo.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Explicite o conteúdo dos versos parentéticos da primeira estrofe.

2. Releia os versos 23 a 27. 2.1. Comente as palavras de Inês Pereira, evidenciando a crítica que encerram. 3. Trace o retrato do homem que Inês Pereira pretende para marido, fundamentando a sua resposta com citações textuais pertinentes. B Leia o seguinte excerto da Crónica de D. João I, de Fernão Lopes.

5

10

15

Soarom as vozes do arroido pela cidade ouvindo todos braadar que matavom o Meestre; e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo1 de marido, se moverom todos com mão armada, correndo a pressa pera u2 deziam que se esto fazia, por lhe darem vida e escusar morte. Alvoro Paaez nom quedava3 d‘ ir pera alá4, braadando a todos: – Acorramos ao Meestre, amigos, acorramos ao Meestre que matam sem por quê! A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer. Nom cabiam pelas ruas principaes, e atravessavom logares escusos, desejando cada u~ u de seer o primeiro; e pre~ 5 guntando uus aos outros quem matava o Meestre, nom minguava quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da Rainha. E per voontade de Deos todos feitos du~ u coraçom6 com talente7 de o vingar, como forom8 aas portas do Paaço que eram já çarradas, ante que chegassem, com espantosas palavras começarom de dizer: – U matom o Meestre? que é do Meestre? quem çarrou estas portas? Ali eram ouvidos braados de desvairadas maneiras. Taes i havia que certeficavom que o Meestre era morto, pois as portas estavom çarradas, dizendo que as britassem9 pera entrar dentro, e veeriam que era do Meestre, ou que cousa era aquela.

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

20

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Deles10 braadavom por lenha, e que veesse lume pera poerem fogo aos Paaços, e queimar o treedor11 e a aleivosa12. Outros se aficavom13 pedindo escaadas pera sobir acima, pera veerem que era do Meestre; e em todo isto era o arroido atam grande que se nom entendiam u~ us com os outros, nem determinavom ne~ ua cousa. E nom soomente era isto aa porta dos Paaços, mas ainda arredor deles per u home~ es e molheres podiam estar. Ũas viinham com feixes de lenha, outras tragiam carqueija pera acender o fogo cuidando queimar o muro dos Paaços com ela, dizendo muitos doestos14 contra a Rainha. De cima nom minguava quem braadar que o Meestre era vivo, e o Conde Joam Fernandez morto; mas isto nom queria neu~ u creer, dizendo: – Pois se vivo é, mostrae-no-lo e vee-lo-emos. Fernão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária), Crónica de D. João I de Fernão Lopes (textos escolhidos), ed. revista., Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 96-98.

1

em lugar de; 2 onde; 3 não parava; 4 lá; 5 não faltava; 6 todos feitos du˜u coraçom: todos animados pela mesma coragem; desejo; 8 como forom: logo que chegaram; 9 arrombassem; 10 alguns deles; 11 traidor; 12 adúltera (alusão a D. Leonor Teles); 13 insistiam; 14 insultos 7

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Transcreva dois segmentos exemplificativos da sensação auditiva e dois que exemplifiquem a sensação visual, comentando o seu valor expressivo. 5. Clarifique o modo de sentir do povo relativamente ao Mestre e à rainha, fundamentando a sua resposta com citações textuais pertinentes. GRUPO II Leia atentamente o texto.

Como melhorar o meu cérebro Em Lucy, a heroína do filme sensação do momento ganha superpoderes ao conseguir usar 100% da sua capacidade cerebral. Saiba como o sono, a alimentação, medicamentos e o exercício físico e mental nos podem ajudar a modelar a inteligência. 5

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É difícil não acreditar em Morgan Freeman. […]. Mas a sua afirmação, que dá o mote ao filme Lucy , […] de que só usamos 10% da nossa capacidade cerebral, não podia estar mais errada. “É o maior mito urbano que existe”, sublinha Tiago Reis Marques, 37 anos, psiquiatra e investigador do Kings College, em Londres. O médico, que trabalha num dos maiores institutos do mundo na área das neurociências, está farto de desconstruir esta falsa ideia. […] Afinal, o cérebro representa 3% do peso do corpo, consumindo 20% da sua energia. Só pode estar a fazer alguma coisa! “Essa ideia, errada, também se alimenta do facto de, em exames ao cérebro, só uma parte parecer ativa, a funcionar. O que acontece é que, tal como num computador, boa parte do órgão é constituído por sistemas de apoio, como vias de transmissão da informação, que circula de um lado para o outro”, continua o médico. Mas uma coisa está certa, no filme de Luc Besson, em que a protagonista ingere uma droga, aumentando, assim, a sua capacidade cognitiva e alcançando superpoderes: é possível aumentar a capacidade do nosso cérebro. Uma melhoria que até já vem acontecendo. É bastante claro que os seres humanos estão a ficar mais inteligentes. A conclusão, extraída da análise dos resultados dos testes de Q. I. (Quociente de Inteligência), não é nada mais que o reflexo da escolarização cada vez mais generalizada e precoce − a educação revela-se, efetivamente, o mais poderoso método de aumentar a nossa capacidade cerebral. E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

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Mas há outros. A Ciência tem vindo a desenvolver medicamentos, chips, campos eletromagnéticos, estimulação elétrica, entre outras tecnologias, para tratar patologias neuronais, como a doença de Alzheimer ou a depressão. […] “O aumento cognitivo é uma inevitabilidade”, afirma João Relvas, neurocientista do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto. […] De todas as causas da perda de memória, o sono, ou a falta dele, é a mais fácil de alterar. Hoje é ponto assente: dormir bem é essencial para a aprendizagem e a formação de memórias. E este efeito produz-se de duas formas. Por um lado, uma boa noite de sono é fundamental para que se possa aprender. Por outro lado, é durante a noite que o cérebro processa as informações captadas durante o dia, armazenando-as. Num estudo publicado na revista Science, no passado mês de julho, cientistas americanos e chineses viram este processo de formação de memórias a acontecer em ratinhos. […] Num trabalho gigantesco que seguiu mais de um milhão de pessoas, ao longo de seis anos, concluiu-se que a menor mortalidade estava entre as pessoas que dormiam de 6,5 a 7,4 horas. […] Num estudo publicado na revista Frontiers in Human Neuroscience concluiu-se que o desempenho cognitivo dos voluntários ia aumentando à medida que as pessoas dormiam mais, atingindo um pico nas sete horas. Sara Sá, in Visão n.o 1123, 11 a 17 de setembro de 2014, pp. 62-64 (adaptado).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. No que se refere ao funcionamento do cérebro, Tiago Reis Marques afirma que (A) só cerca de 10% da sua capacidade é utilizada. (B) uma parte está ativa, mas a restante funciona como sistema de apoio a outros órgãos. (C) este consome cerca de 20% da sua própria energia. (D) não será possível aumentar a sua capacidade. 1.2. A capacidade cognitiva do ser humano poderá ser aumentada através (A) de métodos cujo desenvolvimento se deve exclusivamente à investigação científica. (B) do aumento de número de horas de sono e da qualidade do mesmo. (C) da escolarização, mas também dos componentes desenvolvidos pela ciência. (D) do incremento da escolaridade e do aumento de número de horas de sono. 1.3. O constituinte sublinhado em “Essa ideia, errada” (l. 10) desempenha a função sintática de (A) modificador do nome apositivo. (B) modificador do nome restritivo. (C) complemento direto. (D) predicativo do sujeito. 1.4. O articulador “tal como” (l. 11) estabelece entre as duas frases uma relação (A) causal. (B) comparativa. (C) concessiva. (D) consecutiva.

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1.5. A relação que se estabelece entre os termos “medicina” e “medicamentos”, “patologias neuronais”, “neurocientista” denomina-se (A) sinonímia. (B) antonímia. (C) campo semântico. (D) campo lexical. 1.6. No segmento “a mais fácil de alterar” (l. 25), o adjetivo encontra-se no grau (A) comparativo de superioridade. (B) superlativo absoluto sintético. (C) superlativo relativo de superioridade. (D) superlativo absoluto analítico. 1.7. O segmento “que dormiam de 6,5 a 7,4 horas” (l. 33) corresponde a uma oração subordinada (A) substantiva completiva. (B) adjetiva relativa restritiva. (C) adjetiva relativa explicativa. (D) adverbial consecutiva. 2. Responda de forma correta aos itens seguintes. 2.1. Indique o referente do determinante “sua” em “sua capacidade”. (l. 2) 2.2. Identifique o processo de formação da palavra “neurociências”. 2.3. Indique a função sintática da oração subordinada presente em “É bastante claro que os seres humanos estão a ficar mais inteligentes”. (l. 17) III Considere o texto apresentado em II de “É bastante claro“ (l. 17) até ao final. Redija a síntese desta sequência num texto correto e coerente, contendo entre 65 e 75 palavras. Observe as seguintes orientações: • respeite as ideias do texto; • evite o decalque do texto de partida; • utilize linguagem própria; • respeite o limite de palavras proposto.

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07.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia com atenção o texto.

Ondados fios d’ouro reluzente Ondados fios d’ouro reluzente, que agora da mão bela recolhidos, agora sobre as rosas estendidos, fazeis que sua graça s’ acrecente; 5

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olhos, que vos moveis tão docemente, em mil divinos raios encendidos, se de cá me levais alma e sentidos, que fôra, se de vós não fôra ausente? Honesto riso, que entre a mor fineza de perlas e corais nasce e parece, se n’alma em doces ecos não o ouvisse! S’ imaginando só tanta beleza de si, em nova glória, a alma s’ esquece, que fará quando a vir? Ah! quem a visse! Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], p. 164.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Apresente três traços do retrato feminino, fundamentando com expressões textuais.

2. Analise as relações de sentido que as três primeiras estrofes estabelecem entre si. 3. Comente a importância do último terceto na construção do sentido global do poema.

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B Leia, agora, o excerto apresentado. Vai Lianor Vaz por Pero Marques, e fica Inês Pereira só, dizendo: Andar1! Pero Marques seja. Quero tomar por esposo quem se tenha por ditoso de cada vez que me veja. Por usar de siso mero,2 asno que me leve quero, e não cavalo folão3. Antes lebre que leão, antes lavrador que Nero.

5

Inês (Não lhe quero mais saber, já me quero contentar...)

Lia. 20

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Ora dai-me essa mão cá. Sabeis as palavras, si? Pero Ensinaram-mas a mi, perém esquecem-me já... Lia. Ora dizei como digo. Pero E tendes vós aqui trigo pera nos jeitar por cima5? Lia. Inda é cedo... Como rima6! Pero Soma, vós casais comigo,

Vem Lianor Vaz com Pero Marques e diz Lianor Vaz: 30 10

15

Lia.

No mais cerimónias agora; abraçai Inês Pereira por mulher e por parceira. Pero Há homem empacho, má ora,4 quant’a dizer abraçar… Depois que a eu usar entonces poderá ser.

Lia.

e eu com vosco, pardelhas7! Não compre aqui mais falar. E quando vos eu negar que me cortem as orelhas. Vou-me, ficai-vos embora.

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura), Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 198-199. 1

adiante!; 2 para proceder com todo o juízo; 3 fogoso; 4 sente-se um homem atrapalhado, que diabo!; 5 alusão a um antigo costume de lançar grãos de trigo sobre os noivos; 6 que disparate; 7 (o mesmo que pardeos) interjeição “por Deus!”

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Indique três aspetos que levam Inês Pereira a aceitar Pero Marques como marido, fundamentando a sua resposta com citações textuais pertinentes. 5. Relacione o conteúdo dos versos parentéticos (ll. 17-18) com a réplica de Pero Marques que os antecede.

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GRUPO II Leia atentamente o texto.

A vitória de Murilo A obra vencedora da primeira edição do Prémio LeYa é um tomo ambicioso e universalista, que parte da pequena história para chegar à grande História

5

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25

E foi um romance histórico que venceu a primeira edição do Prémio LeYa, galardão associado à mega-editora-de-muitas-editoras que, através de um júri presidido por Manuel Alegre, recompensou com 100 mil euros a obra do jornalista e documentarista brasileiro Murilo Carvalho – agora regressado à paixão da literatura, depois de duas experiências dedicadas ao género do conto na juventude. O Rastro do Jaguar (LeYa), 600 páginas editadas em duas versões – de capa dura amarela, com o perfil de um jaguar, e com capa mole, com um olho-aguarela felino a espreitar – lê-se, surpreendentemente, a um ritmo veloz e ávido. Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico, resultado de uma confessa experiência em “vida de estrada” da palavra, a escrever guiões de cinema e a realizar filmes e documentários sobre os índios e os proprietários, pelos brasis de que não se fala muito, rodapés antropológicos numa era de informação global. Ajuda igualmente uma vontade de vocabulário próprio e desenvolto, uma cadência narrativa de passada larga e vigorosa, um colorido produzido por horas e anos de pesquisa assumida. Murilo Carvalho quis, como um qualquer primeiro romancista que admira a grande literatura, produzir um romance épico, marcante, ambicioso, universalista, capaz de migrar entre a pequena biografia e o gigantesco mosaico da humanidade; de inserir o pequeno soldado na guerra de mundos; de pressentir nas aventuras e desventuras singulares (ou minoritárias, melhor dizendo) uma revelação metafísica e uma solução existencialista. O mote veio da leitura das pesquisas do naturalista francês Auguste Saint’Hilaire, que andarilhou pelo Brasil do século XIX, mapeando a flora tropical e que quis levar para a Europa, à guisa de oferta para um seguidor de Napoleão, um índio guarani infante. O bom senso frustrou-lhe as intenções, a História perdeu o rasto ao “presente”. Murilo Carvalho ficcionou o “depois” dessa figura, supondo que chegava a França. A partir daí, segue o rastro do jaguar (o guarani Pierre), atravessando os paradigmas literários e musicais europeus, a cultura dos índios guarani, as guerras que levaram à constituição de uma parte da América do Sul – Brasil e Paraguai incluídos. Esta é uma reflexão sobre a história brasileira e as perdas de identidade e inocência, que deixa protagonistas e leitores a sonhar com uma Terra Sem Males. Sílvia Souto Cunha, in Visão, n.o 841, 16 a 22 de abril de 2009, p. 110.

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O autor da obra literária analisada (A) tem-se dedicado exclusivamente à escrita de romances. (B) revela alguma experiência na poesia. (C) revela experiência cinematográfica. (D) escreveu o seu romance baseado num documentário. 1.2. No parágrafo introdutório, o segmento “um tomo ambicioso e universalista” (l. 1) corresponde ao (A) sujeito. (B) complemento direto. (C) complemento do nome. (D) predicativo do sujeito.

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1.3. A palavra “tomo” (l. 1) é sinónima de (A) romance. (B) conto. (C) volume. (D) coleção. 1.4. Com o uso do travessão duplo, nas linhas 7-8, a autora (A) especifica a informação apresentada anteriormente. (B) generaliza a informação apresentada anteriormente. (C) especifica a informação apresentada posteriormente. (D) generaliza a informação apresentada posteriormente. 1.5. O segmento sublinhado na frase “Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico” (l. 9) desempenha a função sintática de (A) complemento direto. (B) sujeito. (C) modificador do nome restritivo. (D) complemento indireto. 1.6. O antecedente do pronome pessoal presente na frase “O bom senso frustrou-lhe as intenções” (ll. 22-23) é (A) “Brasil” (l. 21). (B) “Auguste Saint’Hilaire” (l. 20). (C) ”Napoleão” (l. 22). (D) “um índio guarani” (l. 22). 1.7. No constituinte “os paradigmas literários e musicais europeus” (ll. 25-26), podemos encontrar (A) três adjetivos qualificativos. (B) dois adjetivos qualificativos e um nome. (C) dois adjetivos qualificativos e dois nomes. (D) três nomes e um adjetivo qualificativo. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Construa um campo lexical, com três palavras, partindo do vocábulo sublinhado em “guerra de mundos” (ll. 17-18). 2.2. Identifique o referente da expressão “dessa figura” (l. 23). 2.3. Classifique a oração “que chegava a França” (l. 24). GRUPO III Redija a síntese da apreciação crítica apresentada no grupo II, num texto com 80 a 100 palavras.

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08.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia o texto seguinte. A este mote alheio Campos bem-aventurados, tornai-vos agora tristes, que os dias em que me vistes alegre são já passados.

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Campos cheios de prazer, vós que estais reverdecendo, já me alegrei com vos ver; agora venho a temer que entristeçais em me vendo. E, pois a vista alegrais dos olhos desesperados, não quero que me vejais, para que sempre sejais campos bem-aventurados. Porém, se por acidente, vos pesar de meu tormento, sabereis que Amor consente que tudo me descontente, senão descontentamento. Por isso vós, arvoredos, que já nos meus olhos vistes mais alegrias que medos, se mos quereis fazer ledos, tornai-vos agora tristes.

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Já me vistes ledo ser, mas despois que o falso Amor tão triste me fez viver, ledos folgo de vos ver, porque me dobreis a dor. E se este gosto sobejo de minha dor me sentistes, julgai quanto mais desejo as horas que vos não vejo que os dias em que me vistes. O tempo, que é desigual, de secos, verdes vos tem; porque em vosso natural se muda o mal para o bem mas o meu para mor mal. Se perguntais, verdes prados, pelos tempos diferentes que de Amor me foram dados, tristes, aqui são presentes, alegres, já são passados.

Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp 53-54.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Justifique o recurso à apóstrofe no mote da composição poética apresentada.

2. Identifique o recurso expressivo que estrutura o conteúdo do poema, fundamentando com expressões textuais. 3. Explique, considerando o tema da mudança, os efeitos da passagem do tempo tanto nos campos como no sujeito poético. SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

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B Leia o texto. Amigas, que Deus vos valha, quando veer1 meu amigo, falade sempr’~ uas outras2, enquant’el falar comigo, ca3 muitas cousas diremos que ante vós nom diremos. 5

Sei eu que por4 falar migo chegará el mui coitado,5 e vós ide-vos chegando lá todas per ess’estrado,6 ca muitas causas diremos, que ante vós nom diremos. João Garcia de Guilhade, B749, V352, in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas (www.cantigas.fcsh.unl.pt).

1 vier; 2 falade sempr’~ uas outras: falai sempre umas com as outras; 3 porque; 4 para; 5 chegará el mui coitado: chegará muito ansioso; 6 local onde se colocavam almofadas e estava destinado às mulheres

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Defina o papel desempenhado pelas “amigas” e pelo “amigo”. 5. Estabeleça a relação entre os dois últimos versos de cada cobla e o conteúdo que os antecede. GRUPO II Leia o texto que se segue.

Uma praia chamada Portugal Foram quase 900 quilómetros de norte para sul, com o mar à vista e as pranchas no tejadilho

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Há pouco mais de um mês, depois de os ouvir falar durante quase uma hora sobre praias e ondas numa sala cheia de livros no Clube Recreativo Penichense, uma miúda de cabelo castanho e calças de ganga parou diante de Pedro Adão e Silva e João Catarino com o livro de ambos na mão. Entregou-o sorridente e disse-lhes baixinho: “Eu também faço surf e também quero fazer esta viagem.” Eles sorriram de volta. Um ano antes, para conhecerem a costa portuguesa de Caminha a Vila Real de Santo António, tinham partido à aventura numa carrinha pão de forma amarela, pouco dada a autoestradas, com um cão e duas pranchas. A soma do que foram escrevendo (Pedro Adão e Silva) e desenhando (João Catarino), parcelas que o Expresso publicou numa série de reportagens na Revista, chama-se “Tanto Mar – À Descoberta das Melhores Praias de Portugal” (edição Clube do Autor). A viagem foi feita, sempre que possível, com o mar à vista. Sem prazos nem pressas, dormindo na carrinha ou perto, partindo apenas quando era hora de partir. Adão e Silva, politólogo e professor universitário, escrevia, quase sempre, no iPad. João Catarino, ilustrador e professor universitário, desenhava. A leitura faz-se entre dois mundos, o das letras e o das linhas, uma espécie de caminho à beira-mar que se faz página após página. Há muito para ler e para ver. “Tanto Mar” é, ao mesmo tempo, um livro de viagens, um catálogo de ilustrações, uma reflexão sobre o potencial económico da costa portuguesa e também sobre as ameaças que espreitam, umas ao longe outras mais perto. Mas sempre com calma, ao ritmo da pão de forma ou de um peixe grelhado ao almoço. Das praias do Minho, “onde as terras vivem ainda de costas para o mar”, até “às noites quentes e secas” da costa algarvia, há um país inteiro de areia, água salgada e ondas. E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

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Não é obrigatório começar o livro pelo início. E é provável que a maioria dos leitores o não faça. A vontade de procurar “aquela praia, a da juventude ou das férias de hoje, é irresistível”. Seguir-se-ão outras: aquelas onde um dia se esteve, aquelas que nem sequer se sabia existirem. As esquecidas e as da moda, as dos banhos e as do surf. Hoje à noite, na Ericeira, os autores fazem uma nova apresentação do livro. Hão de falar de livros de Ramalho Ortigão e de Raul Proença, das noites ao relento, dos problemas com o carro e do cão Buggy. É provável que lamentem (o único lamento que o leitor encontrará nas páginas de “Tanto Mar”) as poucas ondas que surfaram. Nas últimas páginas, Adão e Silva esclarece que “fazer uma surf trip” é a ambição de qualquer surfista. Sejam dois professores universitários ou uma miúda de calças de ganga na mão. O fim da viagem deles parece ser o início da dela. Ricardo Marques, in Atual (Revista Expresso), 15 de setembro de 2012, p. 30 (adaptado).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O objeto de reflexão do autor é (A) uma reportagem que saiu na Revista do Jornal Expresso. (B) uma viagem feita por Pedro Adão e Silva e João Catarino pela costa portuguesa, numa carrinha pão de forma amarela. (C) um livro de relatos de viagens pela costa de Portugal. (D) uma espécie de roteiro turístico escrito por dois professores universitários na área da política. 1.2. Ao referir “Mas sempre com calma, ao ritmo da pão de forma ou de um peixe grelhado ao almoço” (ll. 18-19), o autor do texto pretende (A) dar conta da forma tranquila como decorreu a viagem de Adão e Silva e João Catarino. (B) mostrar os hábitos alimentares saudáveis dos autores de “Tanto Mar”. (C) mostrar o tipo de alimentos preferido de Adão e Silva e João Catarino. (D) ilustrar a simplicidade das refeições dos autores de “Tanto Mar”. 1.3. No contexto em que surgem, as palavras “ondas” e “surf” (ll. 2 e 4) (A) pertencem ao mesmo campo lexical. (B) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia. (C) pertencem ao mesmo campo semântico. (D) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia. 1.4. A forma verbal “tinham partido” (l. 7) encontra-se no (A) pretérito perfeito composto do indicativo. (B) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo. (C) pretérito perfeito composto do conjuntivo. (D) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo. 1.5. O sujeito do predicado “é irresistível” (l. 23) é (A) “A vontade” (l. 23). (B) “aquela praia” (l. 23). (C) “A vontade de procurar” (l. 23). (D) “A vontade de procurar ‘aquela praia, a da juventude ou das férias de hoje’” (l. 23).

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.6. No excerto “É provável que lamentem (o único lamento que o leitor encontrará nas páginas de “Tanto Mar”) as poucas ondas que surfaram.” (ll. 28-29), podemos encontrar (A) uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva, uma subordinada adverbial causal e uma subordinada substantiva completiva. (B) uma oração subordinada substantiva completiva e duas subordinadas adjetivas relativas restritivas. (C) uma oração subordinada substantiva completiva e duas subordinadas adjetivas relativas explicativas. (D) duas orações subordinadas adjetivas relativas, uma restritiva e outra explicativa, e uma subordinada substantiva completiva. 1.7. Os parênteses utilizados nas linhas 28-29 introduzem (A) um comentário dos autores do livro. (B) a opinião dos leitores de “Tanto Mar”. (C) uma característica da obra “Tanto Mar”. (D) um comentário do autor do texto. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Identifique o referente do pronome pessoal presente na frase: “depois de os ouvir falar durante quase uma hora sobre praias e ondas numa sala cheia de livros no Clube Recreativo Penichense” (ll. 1-2). 2.2. Indique a função sintática do constituinte “sobre o potencial económico da costa portuguesa e também sobre as ameaças que espreitam” (ll. 17-18). 2.3. Classifique a oração “onde as terras vivem ainda de costas para o mar” (ll. 19-20). GRUPO III Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 120 e um máximo de 150 palavras, no qual explicite a importância da sátira na poesia trovadoresca e na obra dramática vicentina. O seu texto deve incluir uma parte introdutória, uma de desenvolvimento e uma conclusão. Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os tópicos apresentados a seguir. Na poesia trovadoresca

Na obra vicentina

• Apresentação dos temas objeto de crítica.

• Os alvos da crítica na obra estudada.

• Referência aos dois subgéneros satíricos: − explicitação das suas diferenças; − apresentação de um exemplo para cada.

• A forma como o autor cumpre a função satírica.

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09.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia, agora, este conjunto de estâncias, pertencentes ao canto VI. 95 Por meio destes hórridos1 perigos, Destes trabalhos graves e temores, Alcançam os que são de fama amigos As honras imortais e graus maiores; Não encostados sempre nos antigos Troncos nobres de seus antecessores; Não nos leitos dourados, entre os finos Animais de Moscóvia2 zibelinos3;

98 E com forçar o rosto, que se enfia, A parecer seguro, ledo, inteiro, Pera o pelouro7 ardente que assovia E leva a perna ou braço ao companheiro. Destarte o peito um calo honroso cria, Desprezador das honras e dinheiro, Das honras e dinheiro que a ventura Forjou, e não virtude8 justa e dura.

96 Não cos manjares novos e esquisitos, Não cos passeios moles e ouciosos, Não cos vários deleites e infinitos4, Que afeminam os peitos generosos; Não cos nunca vencidos apetitos, Que a Fortuna tem5 sempre tão mimosos, Que não sofre a nenhum que o passo mude Pera algũa obra heróica de virtude;

99 Destarte se esclarece o entendimento, Que experiências fazem repousado9, E fica vendo, como de alto assento, O baxo trato humano embaraçado. Este, onde tiver força o regimento Direito e não de afeitos10 ocupado, Subirá (como deve) a ilustre mando, Contra vontade sua, e não rogando.

97 Mas com buscar, co seu forçoso braço, As honras que ele chame próprias suas; Vigiando e vestindo o forjado aço, Sofrendo tempestades e ondas cruas, Vencendo os torpes6 frios no regaço Do Sul, e regiões de abrigo nuas, Engolindo o corrupto mantimento Temperado com um árduo sofrimento;

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

1

horríveis; 2 Rússia do Norte; 3 martas, animais das regiões frias, cujas peles são caríssimas; 4 vários e infinitos deleites; 5 conserva; 6 que entorpecem; 7 bala de metal para arma de fogo; 8 valor; 9 refletido; 10 afeições

Responda de forma completa aos itens seguintes. 1.

Segmente a reflexão do poeta em quatro partes, considerando o conteúdo temático e a pontuação.

2. Identifique o recurso expressivo presente nos três primeiros versos da estância 96, referindo a sua funcionalidade. 3. Relacione a reflexão do poeta no canto I com o conteúdo dos quatro primeiros versos da estância 97. SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

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B Leia o vilancete seguinte, cuja autoria é atribuída a Luís de Camões. a este moto: Descalça vai pera a fonte Lianor pela verdura; vai fermosa e não segura.

5

10

Leva na cabeça o pote, o testo nas mãos de prata, cinta de fina escarlata, saínho de chamalote; traz a vasquinha de cote, mais branca que a neve pura; vai fermosa, e não segura. Descobre a touca a garganta, cabelos d’ouro o trançado, fita de cor d’encarnado, tão linda que o mundo espanta; chove nela graça tanta que dá graça à fermosura; vai fermosa, e não segura. Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp 55-56.

Responda de forma completa às questões que se seguem. 4. Indique o assunto do texto e o modo como se desenvolve. 5. Proceda ao levantamento de dois recursos expressivos e dê conta do seu valor significativo. GRUPO II Leia o seguinte texto.

As 7 coisas mais originais que apareceram, em Lisboa e no Porto, em 2014

5

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70

Um pedaço de rio devolvido à cidade O calor e os turistas em calção e biquíni já lá vão, agora é o sol de inverno que convida ao passeio ou a ficar a contemplar o rio. Removida a camada de esquecimento que cobriu a Ribeira das Naus durante décadas e concluídas as obras de requalificação em julho passado, Lisboa ganhou mais um troço de passeio ribeirinho e não demorou muito para que tanto os lisboetas, como os estrangeiros que visitam a cidade, se apropriassem deste pedaço à beira do Tejo, entre o Cais do Sodré e o bonito Terreiro do Paço. Se é agora uma Ribeira das Naus da qual podemos desfrutar, é também um lugar cheio de história que foi devolvido à cidade, evocada pelos dois relvados em ligeiro declive a lembrar as rampas para os barcos, e pela recuperação da antiga Doca Seca, posta a descoberto, e da Doca da Caldeirinha, destinada à reparação de embarcações, que hoje se atravessa por um passadiço em madeira. E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

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[…] O Porto é uma tela O ano de 2014 vai ficar marcado a tinta. A figura de D. Quixote de La Mancha, acompanhado pelo inseparável e fiel escudeiro Sancho Pança, desenhada e pintada por três artistas do Coletivo RU+A, deixou de ser símbolo de uma utopia para se tornar um caso bem real. Um ano depois do licenciamento do primeiro mural legal da cidade, no cruzamento entre as ruas de Diogo Brandão e Miguel Bombarda, o Porto vive agora tempos menos cinzentos. A honra de abrir o caminho para uma liberdade nunca antes vista na arte urbana coube a Mesk, Fedor e Mots, os autores da pintura, mas o que se seguiu foi uma explosão de criatividade e cor. Hoje são vários os edifícios e as paredes que a autarquia permitiu transformar em tela gigante, como o parque de estacionamento da estação de metro da Trindade, assinado por Mr. Dheo e Hazul Luzah, dois dos mais conhecidos graffiters nacionais. Entre os vários momentos altos do ano, esteve, também, a exposição de dezenas de artistas no edifício AXA, que se estendeu a outras ruas da cidade (incluindo a Avenida dos Aliados, com as velhinhas, e cada vez menos usadas, cabinas telefónicas a ganharem nova e colorida roupagem), e o festival Push Porto, realizado pela organização cultural CIRCUS e que contou com workshops, palestras, conferências e exposições de pinturas do melhor que a cidade tem para oferecer. Visão, edição online, 31 de dezembro de 2014 (consultado em janeiro de 2015, adaptado).

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O texto dá conta (A) dos locais mais visitados no ano de 2014. (B) de mudanças nas duas cidades mais visitadas. (C) dos pontos turísticos mais apreciados no verão. (D) da reestruturação das cidades do Porto e de Lisboa. 1.2. As referências temporais no primeiro segmento textual (A) são pouco concretas. (B) são algo imprecisas. (C) são bastante concretas. (D) percorrem todo o segmento. 1.3. O título do segundo segmento textual (A) é confirmado no corpo do texto. (B) está em total desacordo com o conteúdo. (C) é pouco apropriado, atendendo ao conteúdo. (D) é pouco sugestivo e inadequado. 1.4. O constituinte sublinhado em “que convida ao passeio” (l. 2) desempenha a função sintática de (A) complemento direto. (B) sujeito. (C) complemento oblíquo. (D) predicativo do sujeito.

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1.5. O segmento sublinhado em “se apropriassem deste pedaço à beira do Tejo” (l. 6) corresponde ao (A) complemento direto. (B) complemento indireto. (C) modificador. (D) complemento oblíquo. 1.6. A palavra “desfrutar” (l. 7) foi obtida pelo recurso à (A) composição morfológica. (B) parassíntese. (C) prefixação e sufixação. (D) composição morfossintática. 1.7. O termo sublinhado em “primeiro mural legal da cidade” (l. 16) é um (A) quantificador numeral. (B) artigo indefinido. (C) adjetivo qualificativo. (D) adjetivo numeral. 2. Responda aos itens a seguir apresentados. 2.1. Classifique a oração “que a autarquia permitiu transformar em tela gigante” (ll. 19-20). 2.2. Identifique o processo irregular de formação configurado no vocábulo “graffiters” (l. 21). 2.3. Indique a função sintática do grupo sublinhado em “Entre os vários momentos altos do ano, esteve, também, a exposição de dezenas de artistas no edifício AXA” (ll. 22-23). GRUPO III Os Descobrimentos portugueses foram de importância capital para o desenvolvimento de conhecimentos a vários níveis. Num texto expositivo, entre 150 a 180 palavras, refira-se à importância das descobertas portuguesas para o alargamento do conhecimento ao nível da geografia, das técnicas e instrumentos de navegação, bem como da fauna e da flora de diferentes regiões do globo. Atente nos aspetos que deverá abordar: Introdução − justificação para a expansão marítima. Desenvolvimento − evolução da arte de marear, de instrumentos de navegação e da construção naval; − conhecimento de novos fenómenos naturais, novos territórios, novas faunas e floras, novos hábitos ou culturas. Conclusão − aproximação entre povos e territórios graças à expansão marítima.

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1 0.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia as estâncias seguintes, pertencentes ao canto IX. 88 Assi a fermosa e a forte companhia O dia quási todo estão passando Nũa alma1, doce, incógnita alegria, Os trabalhos tão longos compensando. Porque dos feitos grandes, da ousadia Forte e famosa, o mundo está guardando O prémio lá no fim, bem merecido, Com fama grande e nome alto e subido.

90 Que as imortalidades4 que fingia5 A antiguidade, que os Ilustres ama, Lá no estelante6 Olimpo, a quem subia Sobre as asas ínclitas da Fama, Por obras valerosas que fazia, Pelo trabalho imenso que se chama Caminho da virtude, alto e fragoso7, Mas, no fim, doce, alegre e deleitoso,

89 Que as Ninfas do Oceano, tão fermosas, Tétis2 e a Ilha angélica pintada, Outra cousa não é que as deleitosas Honras que a vida fazem sublimada. Aquelas preminências gloriosas, Os triunfos, a fronte coroada De palma e louro, a glória e maravilha3, Estes são os deleites desta Ilha.

91 Não eram senão prémios que reparte, Por feitos imortais e soberanos, O mundo cos varões que esforço e arte Divinos os fizeram, sendo humanos. Que Júpiter, Mercúrio, Febo8 e Marte, Eneas e Quirino9 e os dous Tebanos10, Ceres, Palas e Juno com Diana, Todos foram de fraca carne humana.

Luís de Camões, Os Lusíadas ((leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

1 7

reconfortante, santa; 2 deusa do mar, esposa do Oceano; 3 admiração; 4 condição de imortal; 5 inventava; 6 constelado; pedregoso; 8 Apolo; 9 Rómulo; 10 Hércules e Baco

Responda de forma completa aos itens seguintes. 1.

Indique o local onde se encontram os navegadores portugueses, justificando a sua paragem nesta região.

2. Explique o sentido alegórico deste momento textual. 3. Justifique a referência aos deuses pagãos na última estrofe.

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B Leia o texto seguinte.

5

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Carregada a nau de muita fazenda no belo porto de Olinda, deu à vela com o vento em popa a 16 de maio de 65. Não eram ainda bem saídos da barra quando se acalmou o vento com que partiram; logo depois se lhes tornou contrário, os levou de través e os atirou para um baixo, onde permaneceram por quatro marés e se viram em risco de se perderem, o que lhes teria sem dúvida acontecido se fossem então os mares mais grossos. Acudiram-lhes com presteza muitos batéis, que lograram salvar a gente toda e a maior parte da carregação. Porém, nem assim descarregada se desencalhou, pelo que decidiram cortar os mastros; então, nadou e saiu dos baixos. Tornada a nau ao porto da vila, foi examinada por oficiais para verem se poderia seguir viagem; e, por acharem que não recebera dano que a impossibilitasse para a navegação, se tornou a preparar e a carregar. Vários amigos de Albuquerque Coelho, vendo que ele pensava em reembarcar na nau, quiseram dissuadi-lo de tal proceder pelos maus princípios que já tivera; mas nem ele, nem os demais passageiros quiseram dar ouvidos a tais prognósticos, e tornaram a embarcar na “Santo António”, que largou enfim da vila de Olinda a 29 de junho de 65. Cinco dias depois da largada mudou o vento de maneira súbita, tornando-se tão contrário e de tal violência que trataram de alijar1 fazenda ao mar, por isso que a nau lhes mareava2 mal, pela muita carga com que dali partira. Pela tarde piorou ainda e o casco3 abriu água. Davam à bomba continuamente, às seis mil zonchaduras4 entre noite e dia. Pouco depois, um pé de vento quebrou o gurupés5. Finalmente, já nos doze graus de latitude norte, o vento acalmou. Andaram dezanove dias em calmarias, acompanhadas de trovoadas. Resolveram, então, demandar6 uma das ilhas de Cabo Verde, em cuja latitude se encontravam para tirarem a água que no navio entrava e repararem a avaria do gurupés. História Trágico-Marítima – narrativa de naufrágios da época dos Descobrimentos (adaptação de António Sérgio e ilustrações de André Letria), Lisboa, Sá da Costa Editora, Edição Expresso, 2008, pp. 126-127.

1

tirar ou deitar fora; 2 andava; governava; 3 parte do navio que assenta na água; 4 operação de levantar o zoncho ou o êmbolo da bomba do navio, para fazer subir a água; 5 mastro colocado na extremidade da proa, para diante, formando com a horizontal um ângulo de 30 a 40 graus; 6 procurar

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Explique o que aconteceu à nau que partira do porto de Olinda, referindo-se ao modo como foi recuperada. 5. Justifique a paragem numa das ilhas de Cabo Verde.

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GRUPO II

Inventar-se no Equador

5

10

15

20

25

Viajar serve também para perceber quem somos, o que nos diferencia, o que nos pertence e, pelo contrário, o que é apenas tomado de empréstimo de outros. Pergunto-me que revelação será para um francês comer os queijos italianos e beber os vinhos sul-africanos: “Afinal, não somos os melhores do mundo”, terá ele de concluir. Se tiver capacidade para isso. Um dos lugares-comuns que nós, os portugueses, temos sobre nós próprios é que somos uma nação de poetas. Talvez sim, mas não mais do que os chilenos, com dois poetas distinguidos com o Prémio Nobel; ou do que os italianos, com outros dois Nobel e provavelmente o maior poeta de todos os tempos, Dante; não para os ingleses, que dizem isso de Shakespeare. Os húngaros consideram os seus poetas heróis nacionais e os chineses cultivam a poesia há milénios, e os persas, já que lhes é proibido o vinho, escrevem poesia que o exalta. Mas não quero falar desse lugar-comum. Interessa-me hoje outro: o de que nós, os portugueses, somos extremamente criativos e desenrascados, que sabemos sempre dar a volta ao bico do prego, que temos uma capacidade acima da média internacional para inventar soluções para os problemas que nos afligem. Uma voltinha pelo Equador, esse país com um pé em cada hemisfério e a cabeça acima das nuvens, faz-me pensar que não há nada como viajar para questionar certos lugares-comuns nacionais. Passear a pé pelas ruas de Quito, a capital da nação sul-americana, ou de Guayaquil, o seu motor económico, é revelador. Nunca vi em Portugal nada que se assemelhe à enorme inventividade, imaginação e esperteza desta gente desesperada por chegar ao fim do dia com algo na barriga. Bem se diz que a necessidade aguça o engenho, e o engenho dos equadorenhos é notável. Cada esquina, cada semáforo, cada arcada apresenta uma nova solução para o velho problema de ganhar a vida. Inventa-se em todo o lado uma ocupação, uma fonte de rendimentos, um modo de arranjar uns trocos. O nível de receitas é quase sempre mínimo, e pergunto-me como é possível viver com tão pouco. Mas é uma pergunta banal, típica de um europeu que observa a vida dos sul-americanos. Eles perguntariam como podemos viver nós com tanto, e perguntariam, sobretudo: Para quê? Gonçalo Cadilhe, Encontros Marcados, Lisboa, Clube do Autor, SA, 2011, pp. 39-40.

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. De acordo com o conteúdo dos dois primeiros parágrafos, os portugueses (A) têm razão para se acharem superiores, ao nível da literatura. (B) possuem o mesmo valor que outros povos em termos literários. (C) receberam o mesmo número de prémios Nobel que os italianos. (D) manifestaram a sua inferioridade relativamente aos italianos. 1.2. Atendendo ao conteúdo do terceiro parágrafo, e segundo o autor, há um outro lugar-comum característico dos portugueses que (A) corresponde, realmente, à verdade. (B) permite salientar a sua supremacia. (C) merece ser questionado/desmistificado. (D) inviabiliza a criatividade dos outros.

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1.3. A ideia de superioridade dos portugueses é (A) comprovada nos dois últimos parágrafos do excerto. (B) questionável, quando se passa pela capital do Equador. (C) comparável às dos equadorenhos, de Quito. (D) devida à sua capacidade para inventar. 1.4. O vocábulo “Viajar” (l. 1), quanto ao processo de formação, exemplifica um caso de (A) composição morfológica. (B) derivação por parassíntese. (C) composição morfossintática. (D) derivação por conversão. 1.5. A oração “que revelação será para um francês…” (ll. 2-3) classifica-se como subordinada (A) substantiva completiva. (B) substantiva relativa. (C) adjetiva relativa restritiva. (D) adjetiva relativa explicativa. 1.6. O grupo nominal “uma nação de poetas” (ll. 5-6) desempenha a função sintática de (A) sujeito. (B) complemento direto. (C) predicativo do sujeito. (D) predicativo do complemento direto. 1.7. O conector “ou” (l. 7), no contexto em que surge, adquire um valor (A) disjuntivo. (B) aditivo. (C) explicativo. (D) adversativo. 2. Responda aos itens apresentados. 2.1. Indique a função sintática do constituinte “heróis nacionais” (l. 9). 2.2. Classifique a oração “já que lhes é proibido o vinho” (l. 10). 2.3. Identifique o referente do pronome “nos” em “que nos afligem” (l. 14). GRUPO III O maravilhoso surge por diversas vezes em Os Lusíadas, apesar de Camões destacar a veracidade dos factos narrados, ao contrário do que acontecia nas epopeias da Antiguidade. Num texto de 150 a 180 palavras, e contemplando os aspetos abaixo listados, apresente uma apreciação crítica sobre a inclusão do maravilhoso numa narrativa onde o real se deveria impor, de acordo com as palavras do seu autor. • Introdução − presença do maravilhoso na epopeia de Camões • Desenvolvimento − momentos em que o maravilhoso ocorre e justificação para tal • Conclusão − pertinência (ou não) da inclusão do maravilhoso no poema épico camoniano 76

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1 1.

TESTE DE AVALIAÇÃO Nome: ______________________________________________________

N.O: _____________

Turma: _____________

Data: ___________________

GRUPO I A Leia o texto com atenção.

5

10

15

20

25

A manobra da bomba custava-lhes muito. Alguns, no meio dela, caíam no convés sem vista nos olhos, de pura fome e cansaço. Considerando isto, num dia de calma e de mar chão, rogou Jorge de Albuquerque a Domingos da Guarda, marinheiro com fama de mergulhador, que visse se conseguia tomar de mergulho uma parte da água que fazia a nau, já que era impossível tomá-la por dentro, por ser muito em baixo que ela entrava; e prometeu que lho pagaria muito bem. Ao querer Domingos lançar-se à água, todos se puseram de joelhos. Com três mergulhos, tomou o marinheiro a maior parte da água, resultado com que todos se alegraram muito, por os poupar à necessidade de dar à bomba. Pouco lhes durou essa alegria. No dia seguinte ao de se tomar a água voltou o nordeste a soprar rigíssimo, com grandes vagas e com muito frio. Mal se aguentavam com os balanços da nau, as mesas da guarnição, por andarem soltas, faziam uma marinada de mil demónios; as ondas galgavam e invadiam tudo; e já o alimento chegava ao fim. Só três cocos se distribuíam por dia, isto para cerca de quarenta pessoas. Assim seguiam ao sabor do vento. Voltou a tortura de dar à bomba; vieram o desânimo e a fome horrível. Jorge de Albuquerque, além dos trabalhos comuns aos outros – pois de todos irmãmente partilhava ele – tinha ainda o cuidado de prover a tudo, e o de comandar, consolar, animar os homens, comunicar o seu fogo à companhia inteira; e em tão amigos, tão brandos, tão piedosos termos lhes falava sempre, que quase sem forças se levantava a gente: rediviva, pronta, − retomava a faina. Embarcara doente no Brasil; e agora, depois de tantas lutas e de tanto esforço, de tantas privações e de tantas penas, jamais se lhe ouvia a menor das queixas. Tão são lhes parecia e tão bem disposto, tão prazenteiro, tão forte continuador dos seus trabalhos que causava espanto e envergonhava a todos. Para sugestioná-los, afirmava-se convicto de que iriam chegar não a outro porto, mas à própria Lisboa. Pensava-se, vendo-o e ouvindo-o, que era digno sobrinho do seu célebre tio, o grande Afonso de Albuquerque. Com a rijeza do vento, romperam-se as velas que levavam; e estando eles na faina de consertá-las, eis que acabou de desapegar-se o leme, quebrando-se o ferro que lhe restava e rompendo-se os cabos com que o tinham atado. Foi então o cúmulo do desespero. Deixaram-se cair todos no convés, desamparadamente, com a certeza absoluta de que morreriam de fome. História Trágico-Marítima – narrativa de naufrágios da época dos Descobrimentos (adaptação de António Sérgio e ilustrações de André Letria), Lisboa, Sá da Costa Editora, Edição Expresso, 2008, 2011, pp. 141-142.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1.

Indique quatro dos efeitos provocados pela intempérie descrita no excerto.

2. Compare as ações da Natureza com o comportamento de Jorge de Albuquerque. 3. Retire, do texto, um exemplo que comprove o estatuto de herói atribuído a Jorge de Albuquerque Coelho, justificando a sua resposta. SENTIDOS 10 • Livro de Testes • ASA

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

B Leia com atenção as três primeiras estâncias do canto I de Os Lusíadas. 1 As armas e os Barões assinalados Que da Ocidental praia Lusitana Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;

3 Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.

2 E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando, Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões – Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Classifique, quanto à estrutura interna, a parte da epopeia camoniana que corresponde às estâncias transcritas, justificando a sua resposta. 5.

Indique o que, na opinião de Camões, distingue a sua obra das epopeias que lhe serviram de modelo. GRUPO II

Leia o texto que se segue.

5

10

15

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São onze da manhã de uma noite não dormida quando chego ao Lubango. Parti de Santa Clara, a fronteira de Angola com a Namíbia, às cinco da tarde de ontem. Foram necessárias dezoito horas para conduzir 450 km – tento fazer contas, indeciso se incluir ou não na média horária as três horas de descanso, entre as duas e as cinco da manhã, debaixo de um embondeiro. Estou tão cansado, que acabo é por não fazer contas nenhumas. Já não sou um adolescente, noites em branco dão-me cabo do dia. Agora, devia recolher ao quarto, tomar um duche, deitar-me e descansar. Mas o Lubango será para mim uma viagem no tempo, e a primeira etapa dessa viagem é a adolescência. Não a que vivi quando era a minha altura de a viver, mas a que estou a viver agora – porque me passa o sono, e uma energia alegre substitui o cansaço quando chego ao Lubango. Uma energia adolescente. Apetece-me devorar o centro desta cidade. Caminhar por todas as calçadas portuguesas, tomar um café em todos os cafés que apresentam o triângulo Delta pendurado por cima da porta, comprar carcaças e papo-secos em todas as mercearias e minimercados que se chamem “Tio Patinhas”, “Silva & Silva”, “Elite”, “Benfica”, pedir o prato do dia em qualquer tasca que proponha “prego no prato” e “bacalhau com todos”. E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

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Estas banalidades que me estão a emocionar têm que ser postas em perspetiva: ando a viajar há várias semanas por África, e de repente chego a casa sem sair de África. “Vá para dentro lá fora” podia ser o slogan desta cidade se ela se quisesse promover turisticamente em Portugal. A segunda etapa da viagem no tempo é a infância – a minha. Desta vez, regresso definitivamente aos anos da escola primária quando vejo a fachada das escolas primárias da antiga cidade de Sá da Bandeira. E as outras fachadas: o hospital, o grande hotel, o prédio da cooperativa, o Palácio da Justiça, a sede do grémio, a estação de comboios, a garagem de autocarros. São as fachadas que vigoravam nas cidades portuguesas da minha infância, e o Lubango é uma cidade ancorada em 1975 – o meu primeiro ano na primária, o último ano em que se construiu aqui. Gonçalo Cadilhe, África Acima, 8ª edição, Alfragide, Oficina do Livro, 2007, pp. 95-96.

1.

Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O narrador-personagem do excerto apresentado não consegue dormir, depois de tantas horas de viagem, (A) por ter chegado à terra onde viveu a sua adolescência. (B) devido ao seu cansaço extremo. (C) por causa do fuso horário. (D) por ter sido despertado pelas lembranças do passado. 1.2. No contexto em que surge, o slogan criado pelo autor do texto, “Vá para dentro lá fora” (l. 17), significa que (A) se deve viajar dentro do nosso país. (B) o local visitado tem muitas semelhanças com Portugal. (C) as viagens físicas despertam recordações. (D) viajar é uma forma de descobrir a importância do nosso país. 1.3. Em “indeciso se incluir ou não na média horária as três horas de descanso” (ll. 3-4), o constituinte sublinhado corresponde ao (A) modificador do nome restritivo. (B) complemento do adjetivo. (C) complemento do nome. (D) modificador do nome apositivo. 1.4. A conjunção sublinhada na frase “que acabo é por não fazer contas nenhumas” (linha 5) introduz uma oração subordinada (A) adverbial causal. (B) adverbial condicional. (C) adverbial consecutiva. (D) substantiva completiva. 1.5. O pronome demonstrativo sublinhado na frase “Não a que vivi quando era a minha altura de a viver” (l. 8) retoma o referente: (A) “uma viagem no tempo” (l. 7). (B) “a primeira etapa” (l. 7). (C) “a primeira etapa dessa viagem” (l. 7). (D) “a adolescência” (l. 8).

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.6. Na frase “Apetece-me devorar o centro desta cidade.” (l. 11), está presente (A) uma metáfora. (B) uma personificação. (C) uma antítese. (D) uma comparação. 1.7. A palavra sublinhada no segmento “A segunda etapa da viagem” (l. 19) é um (A) advérbio. (B) adjetivo qualificativo. (C) adjetivo numeral. (D) quantificador numeral. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados. 2.1. Identifique a função sintática do constituinte “de Santa Clara” (l. 1). 2.2. Classifique a oração “quando chego ao Lubango” (l. 1). 2.3. Identifique a classe e subclasse da palavra sublinhada em “o meu primeiro ano na primária” (l. 24). GRUPO III Num texto coerente, entre 120 e 150 palavras, redija uma apreciação crítica sobre uma das obras literárias que estudou este ano letivo. Deve estruturar o seu texto em três partes (introdução, desenvolvimento e conclusão). O seu texto deve contemplar os seguintes aspetos: • Apresentação da obra e do respetivo autor, situando-a no tempo. • Descrição sucinta da obra, acompanhada de um comentário crítico.

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

TESTE DE DIAGNÓSTICO N.O 1 (pp. 18-23)

desconhece as intenções do rei por isso estava “Naquele engano da alma ledo e cego”. Nas três composições líricas é notório que amar faz parte da condição humana. (116 palavras)

GRUPO I PARTE A 1.

(E)-(D)-(G)-(C)-(B)-(A)-(F)

2.

2.1. (D); 2.2. (A); 2.3. (C); 2.4. (A)

1.

(B)

3.

(B)

2.

(A) 7; (B) 3; (C) 2; (D) 5; (E) 6

3.

a) dançassem; b) visitardes; c) interveio; d) tenha apreciado.

4.

O autor relatou-no-las de forma evasiva.

5.

(B)

6.

“que encontremos respostas”.

PARTE B 4.

5.

6.

7.

8.

Logo no primeiro verso, o sujeito poético afirma querer amar “perdidamente” e, depois, no segundo, ao dizer “Amar só por amar...” (v. 2), deixa antever que a sua preocupação se centra apenas na vivência desse sentimento; por isso, nos terceiro e quarto versos, e recorrendo à enumeração, confirma que não importa quem se ama, porque o importante é amar, como se vê em “… Este e Aquele, o Outro e toda a gente… / Amar! Amar! E não amar ninguém!” (vv. 3-4). A desorientação é visível na segunda quadra, uma vez que as interrogações sugerem as dúvidas, o que acaba por se confirmar logo no segundo verso, através de expressões contraditórias e antitéticas (“Prender ou desprender”, v. 6) e da dúvida manifestada nas perguntas “É mal?”, É bem?” (v. 6), reveladoras de algum desnorte que não lhe permite distinguir valores opostos. No primeiro terceto, assiste-se a uma atitude mais otimista, ao contrário do que se depreende pela leitura das quadras. Com efeito, a evocação da primavera, como metáfora da vida, o nascer e o florir, faz com que o verbo “cantar” assuma o significado de celebração da vida que nos foi dada por Deus. A expressão pode considerar-se um eufemismo, dado remeter para a morte, após a qual o corpo se transforma em pó, suavizando-se, deste modo, a ideia negativa que está associada ao fim da nossa vida. Comparando os versos de Florbela Espanca com os de Eugénio de Andrade, há claramente em ambos um apelo ao amor. Em Eugénio de Andrade, o apelo é permanente e acompanhado de sugestões que o farão perdurar, como é o caso de ter de se banir sentimentos ou atitudes negativos, como o ódio, a solidão e a crueldade, e evitar os lamentos e as espadas, termos usados como metáfora de dor. Além disso, a mensagem de Eugénio de Andrade assume um caráter universal, enquanto no texto de Florbela Espanca o conteúdo é de caráter mais subjetivo e a necessidade de se celebrar a vida só surge no primeiro terceto.

GRUPO II

GRUPO III Para além de outros aspetos, sugerem-se os tópicos seguintes: – a existência de inúmeros países, mairoritariamente árabes, norte-africanos e asiáticos, com regimes políticos totalitários e religiões fundamentalistas; – o risco a que os turistas se podem expor face à adoção de condutas/atitudes diferentes; – vantagens decorrentes do contacto direto com essas realidades; – desejo/vontade pessoal de conhecer culturas diferentes das europeias; – indicação do(s) local(ais) que mais lhe aprazia visitar.

TESTE DE DIAGNÓSTICO N.O 2 (pp. 24-30) GRUPO I PARTE A 1.

(C)-(G)-(A)-(D)-(B)-(E)-(F)

2.

2.1. (C); 2.2. (B); 2.3. (C); 2.4. (D)

3.

(C) PARTE B

4.

Nos primeiros quatro versos, é evidente um forte elogio à esperança, até porque aí se diz que, por mais dores que a vida nos provoque, nunca se deve perdê-la. Insiste-se e comprova-se esta ideia, quando se afirma que só a morte nos pode retirar a confiança.

5.

Nos dois primeiros versos da segunda quadra, diz-se que a sorte pode cumprir-se só de lágrimas, isto é, a sorte é algo imprevisível e incontornável, que tanto pode gerar efeitos positivos como negativos, pelo que se exige a procura de soluções, principalmente para a má sorte que nos possa estar destinada.

6.

Na última parte, reforça-se a ideia de que se apreciará melhor o bom/o bem (a “bonança”), quando este chega “depois do mal” (v. 10). Isto significa que, depois da tempestade, vem a bonança e esta é mais apreciada depois de se ter passado por dificuldades; daí que seja importante que “nunca se perca a esperança / enquanto a morte não vem” (vv. 11-12).

7.

O aforismo popular transmite a mensagem da não desistência perante qualquer tipo de dificuldades, até

PARTE C 9.

As estâncias, pertencentes ao canto III de Os Lusíadas, integram o episódio de Inês de Castro, identificada na segunda estância, havendo também referência ao alvo do seu amor, o Príncipe D. Pedro. Este episódio assume um caráter lírico, já que a preocupação do poeta se centra na explicitação do sentimento amoroso que une Inês a Pedro e que a conduzirá à morte, justificando-se as palavras que culpabilizam o Amor, ávido de mais e maior tristeza (est. 119, vv. 1-2), e que lançará Inês no abismo da morte. Porém, no momento descrito, Inês ainda

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porque para tudo na vida há solução, exceto para a morte. Ora, estas ideias surgem no poema de Carlos de Oliveira, quando se afirma que, mesmo que haja momentos maus na vida, nunca se pode perder a esperança enquanto vivemos (“nunca se perca a esperança / enquanto a morte não vem” (vv. 11-12). 8.

No poema de Carlos de Oliveira, é notório o apelo constante para que não se perca a esperança; é uma espécie de grito para que ninguém se deixe derrubar pela falta de sorte, até porque esta depende da atitude que cada um tem perante a vida. Ora, nas estâncias de Os Lusíadas, percebe-se o entusiasmo que se apossou dos marinheiros que partiam, ledos e corajosos, com a esperança de obter melhores condições para eles e para o país. Como se sabe, foi graças a essa garra, determinação e à esperança que levavam que a viagem se concretizou e foi bem sucedida. PARTE C

9.

O excerto, extraído do Auto da Índia, de Gil Vicente, evidencia a denúncia que o autor sistematicamente faz de situações sociais características da sua época. Essa crítica social é veiculada pelas personagens selecionadas. Por isso, a Ama, que aqui se mostra alegre com o regresso do Marido, aproveita a sua ausência para viver uma vida de libertinagem, reafirmando, agora, a sua devoção permanente e o seu desinteresse pelo dinheiro. Mas, logo após, pergunta-lhe se vem “muito rico”, ao que este responde que “Se não fora o capitão”, ele traria o seu “quinhão”. No fundo, o que fez mover o Marido foi fundamentalmente o interesse material, aliás, muito semelhante àquele que fez os marinheiros portugueses partirem para a Índia e que vai ser denunciado pelo Velho do Restelo. (120 palavras)

SOLUÇÕES DOS TESTES DE AVALIAÇÃO TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 1 (pp. 32-35) 1.

2.1. É evidente, ao longo de toda a cantiga, que o sujeito lírico não tem noção do que se passa consigo nem consegue descrevê-lo. Sente-se entre a vida e a morte – “Ora nom moiro, nem vivo...” (v. 1) –, completamente desconcertado – “… nem sei / como me vai, nem rem de mi...” (vv. 1-2) –, sem saber o que fazer – “Nom sei que faço, nem ei de fazer,” (v. 7) – não conseguindo vislumbrar o que será o seu futuro – “Nom sei que é de mim, nem que sera,” (v. 15). O único facto de que ele tem a certeza é de estar a sofrer de tal forma por amor que sente estar a enlouquecer – “se nom / atanto que ei no meu coraçom / coita d’amor… / tam grande que me faz perder o sém” (vv. 2-5). 3.

Como se depreende do último verso do refrão, a “senhor” não tem conhecimento do estado de sofrimento em que o sujeito lírico se encontra, situação que parece constituir-se como o ponto fulcral da sua coita amorosa: estar apaixonado e o alvo do seu amor não ter sequer consciência disso, pelo que, desta feita, não poderá aspirar a uma correspondência amorosa.

4.

É possível identificar, na cantiga, a voz de um narrador – “Dizia la fremosinha” (v. 1) – bem como a personagem principal da ação que está ser narrada e descrita e que mais não é do que o lamento de uma donzela apaixonada e que sofre devido à ausência do amigo. Verifica-se, ainda, que o narrador coloca a personagem a falar na primeira pessoa através do discurso direto – “ai, Deus, val! / Com’estou d’amor ferida!” (vv. 2-3).

5.

Ambas as cantigas versam sobre o sofrimento causado pelo amor. Na primeira, assistimos à confissão do estado de insanidade e de angústia que o sujeito lírico experimenta por estar apaixonado e a sua amada não ter conhecimento disso; na segunda, a de amigo, somos confrontados com a mágoa e o desespero de uma donzela apaixonada que lamenta a ausência do amado.

GRUPO II 1.

(A)

2.

(A) 5; (B) 3; (C) 2; (D) 4; (E) 1

3.

a) fizessem; b) propuseram; c) ter-se-ia divertido; d) tivesse percebido.

4.

O realizador participar-mas-ia com toda a celeridade.

5.

(C)

6.

“que vivem em Malaca”.

GRUPO III Para além de outros aspetos, sugerem-se os tópicos seguintes: – definição de adultério/o que se entende por adultério; – perceção e reação social ao adultério; – fatores evocados para essa atitude; – aceitação/inaceitação social dependente do género sexual de quem o pratica; – atitudes/condutas/estratégias dissuasoras desse comportamento.

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Esta cantiga versa sobre o sofrimento amoroso – coita de amor: “... ei no meu coraçom / coita d’amor...” (vv. 3-4).

GRUPO II 1.1. (C); 1.2. (C); 1.3. (D); 1.4. (C); 1.5. (B); 1.6. (A): 1.7. (B) 2.1. Espetadores, cartaz, público, filme, comédia. 2.2. Complemento oblíquo. 3.

À letra, capital significa a cabeça (a parte principal) de um país.

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

GRUPO III

2.2. Sujeito.

A resposta do aluno deverá contemplar, entre outros, os seguintes aspetos: Cantigas de amor

Cantigas de amigo

Origem

• provençal

• autóctone

Sujeito de enunciação

• trovador

• donzela

Objeto

• a dona (a “senhor”)

• o amigo

Características da figura feminina

• ser divinizado, quase inatingível, da aristocracia

• ser terrestre, de cariz essencialmente popular

Características da figura masculina

• vassalo • submisso • sofredor

• apaixonado • ausente • mentiroso

Ambiente

• palaciano • cortês

• doméstico • familiar • rural • marítimo

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 2 (pp. 36-39) 1.

Esta cantiga é dirigida a uma mulher feia, o que por extensão se revela como uma sátira à forma exagerada como a mulher surgia retratada nas cantigas de amor.

2.

No final da cantiga, o sujeito lírico pede à “senhor” que dedique o seu amor àqueles que se queixam de não ser correspondidos e que não o ame mais a ele.

3.

Ao contrário das cantigas de amor, que nos apresentam um sujeito lírico, na grande maioria das vezes, a padecer de coita de amor por não ser correspondido, nesta cantiga de escárnio, somos confrontados com um sujeito lírico que não só não está apaixonado como é ele que não corresponde ao amor da dama. Esta, por seu turno, que nas cantigas de amor é sempre descrita de forma sobrevalorizada, através do enaltecimento as suas qualidades, aparece retratada nesta cantiga de escárnio como estando nos seus antípodas, já que é estúpida, feia e má.

4.

5.

O sujeito lírico compara-se com os provençais para demonstrar que o seu amor é mais sentido e causa mais sofrimento do que o deles, já que, ao contrário do que acontece na Provença onde os trovadores só compõem na primavera e, por isso, só nessa estação é que sofrem, ele sente constantemente a dor inerente ao facto de estar apaixonado. A perífrase presente no verso serve para destacar uma das marcas mais evidentes e próprias da primavera: ser a época das flores. GRUPO II

2.3. Meteorito, meteoro… GRUPO III Em 2014, cerca de dois terços da eletricidade consumida em Portugal foram de origem renovável, sendo que a maior parcela se ficou a dever à energia produzida pelas barragens, seguindo-se a obtida através dos parques eólicos. Estes resultados revelam, assim, que o consumo deste tipo de energia foi o mais elevado desde 1999. Ainda assim, continua a verificar-se alguma dependência do país em relação às energias não renováveis, já que a terceira fonte elétrica mais utilizada foi o carvão. De qualquer forma, o objetivo do governo é que, em 2020, 60% da eletricidade consumida seja de origem renovável, situação para a qual poderão contribuir as energias eólicas, ainda que o Estado não garanta tarifas especiais para este tipo de eletricidade. (120 palavras)

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 3 (pp. 40-44) 1.

O primeiro parágrafo serve de introdução, uma vez que nele se referem, de forma sumária, os aspetos que vão ser desenvolvidos ao longo do capítulo e que dizem respeito à atitude assumida pelo povo e pelo Mestre para fazer face ao cerco a que foram sujeitos.

2.

Quando souberam das intenções do rei de Castela, alguns deixaram a cidade. Os que se mantiveram e aqueles que para aí se deslocaram preocuparam-se, primeiramente, em recolher o maior número de mantimentos possível; depois centraram a sua atenção na proteção da cidade, fortificando os muros e a sua guarda.

3.

É evidente a união de todos na defesa da cidade, uma vez que, quando o sino da Sé repicava – sinal de perigo iminente –, não só respondiam à chamada os que estavam designados para defesa de determinados locais, “mas ainda as outras gentes da cidade” que, abandonando os seus ofícios, acorriam prontamente, munidas de armas, para combater os inimigos.

4.

A donzela sente-se pesarosa e com vontade de se vingar do seu amigo, se for verdade aquilo que ouviu dizer, que ele ama outra mulher e que, por isso, ela está a ser vítima de traição.

5.

O uso do futuro do indicativo justifica-se pelo facto de no refrão o sujeito lírico manifestar a sua intenção futura – esforçar-se por esquecer o amigo – e antecipar já as consequências que isso lhe trará: a dor incomparável que irá sentir. GRUPO II

1.1. (B); 1.2. (C); 1.3. (A); 1.4. (D); 1.5. (A); 1.6. (B); 1.7. (D) 2.1. O campo foi todo plantado com morangos. 2.2. Homicídio de irmão. 2.3. Composto morfológico.

1.1. (C); 1.2. (D); 1.3. (C); 1.4. (C); 1.5. (D); 1.6. (A); 1.7. (A) 2.1. Hiperonímia / hiponímia.

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GRUPO III Resposta pessoal.

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 4 (pp. 45-49) 1.

Uns choravam, maldizendo a sua vida e admitindo que preferiam morrer do que continuar a passar por tantas privações; outros mostravam arrependimento por terem ficado do lado do Mestre, porque começavam a acreditar que estariam em melhores condições, se tivessem apoiado o rei de Castela.

2.

Uma dizia respeito às consequências que o povo acreditava que poderiam advir do confronto que estava a viver com o rei de Castela; a outra prendia-se com a carência de alimentos que se fazia sentir na cidade, pelo facto de a mesma estar cercada.

3.

Ao dirigir-se à geração que veio depois da crise vivida em Portugal, apelidando-a de bem-aventurada por não ter passado por aquilo que o povo de Lisboa passou durante o cerco, Fernão Lopes destaca o sofrimento e as privações que foram vividas nessa época bem como reforça o papel preponderante que o povo de Lisboa teve na história de Portugal, nomeadamente por ter contribuído de forma incisiva para a época áurea que surgiu depois desta crise.

4.

5.

marido, uma vez que tinha fama de preguiçosa (“Como queres tu casar / com fama de preguiçosa?”, vv. 15-16). 2.1. Lianor Vaz afirma ter sido vítima de ataque por parte de um clérigo (“vinha agora pereli […] e um clérigo […] lançou mão de mi.”, vv. 42-45), o que a leva a colocar a hipótese de apresentar uma queixa, ou ao Rei ou ao Cardeal, uma vez que se tratava de um membro da Igreja. 3.

Lianor Vaz vem propor a Inês um pretendente, assegurando que se trata de um homem “rico, honrado, conhecido”. No entanto, a donzela, não rejeitando de imediato a proposta, afirma que gostaria de saber como ele é, uma vez que só casaria com homem “avisado” que, “ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar.”

4.

A mãe é confidente, uma vez que a donzela lhe conta o encontro que teve com o amigo e as razões pelas quais o foi visitar (“Fui oj’eu, madre, veer meu amigo”).

5.

A donzela conta à mãe que foi visitar o amigo, uma vez que este lhe pediu (v. 2), e o encontrou chorando (v. 7); contudo, quando a viu, o seu estado de espírito mudou, tendo ficado “tan ledo” como nunca tinha visto, desde que nascera, um homem tão contente com a visão de uma mulher (vv. 5-6).

B

Nesta cantiga é satirizado um fidalgo – “ricome” – que demonstra, através das suas compras, ou ser avarento ou estar a passar necessidades económicas, algo que não estaria em conformidade com a sua condição. A antítese serve para reforçar a avareza ou a necessidade do “ricome” que compra pouco e de fraca qualidade. GRUPO II

GRUPO II 1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (D); 1.4. (A); 1.5. (A); 1.6. (D); 1.7. (C). 2.1. “um jogo”; 2.2. aditivo; 2.3. “Como há coisas que têm mesmo de ser conversadas em família” (ll. 24-25). GRUPO III

1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (B); 1.4. (A); 1.5. (D); 1.6. (C); 1.7. (D) 2.1. Complemento do nome. 2.2. Neurónio, neurologia, neurótico. 2.3. Oração subordinada adverbial concessiva. GRUPO III Ao contrário dos grandes símios e dos humanos com cerca de dois anos que se conseguem reconhecer ao espelho, os macacos não têm revelado essa capacidade. Mas uma nova investigação veio demonstrar que o cérebro dos macacos está preparado para efetuar esse reconhecimento e que, por isso, eles podem aprender a fazê-lo. Esta conclusão surgiu no seguimento de os macacos terem sido capazes de identificar uma mancha de tinta vermelha, visível apenas ao espelho, depois de terem sido treinados e reconhecê-la quando a mesma estava associada a uma sensação de irritação que lhes foi infligida. Os resultados deste estudo revelam-se, assim, fulcrais para o desenvolvimento de terapias que permitam ultrapassar o défice de autorreconhecimento em pessoas com problemas cerebrais. (119 palavras)

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 5 (pp. 50-54) GRUPO I A 1.

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Quando chegou da missa, a mãe percebeu que a tarefa de bordar que tinha dado à filha não tinha sido cumprida; esta constatação não agradou à mãe, o que a levou a afirmar que não admirava que Inês não arranjasse

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Resposta pessoal. No entanto, devem ser referidos os seguintes aspetos: – representação de crianças/jovens, ocupando tempos livres (provavelmente) em atividades diferentes – jogos de computador por oposição à prática de desporto; – sedentarismo das crianças/jovens que jogam computador, que se opõe à prática de atividade física; – prática desportiva dos jovens vs. desgaste psicológico (e físico) do jovem que utiliza a playstation (visível através da expressão facial e corporal).

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 6 (pp. 55-60) GRUPO I A–1 1.

Roma pretende comprar a paz, o que conseguirá, se levar “santa vida”, segundo o Serafim. No entanto, o Anjo adverte a personagem de que isso será difícil, uma vez que a guerra em que se vê metida é fruto das guerras que faz a Deus (“quem tem guerra com Deos, / não pode ter paz c’o mundo”, vv. 17-18). Apesar de todas as insistências e promessas de perdões a troco de bens materiais (“ e a troco de perdões, / que é o tesouro concedido”, vv. 23-24), Roma não obtém do Serafim o que deseja.

2.1. Mercúrio alerta Roma para o facto de esta perdoar os pecados dos outros, cometendo, assim, os seus. Critica esta personagem alegórica, que representa a Igreja, os perdões e indulgências que atribui àqueles que lhe oferecem quantias em dinheiro ou penitências;

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

portanto, censura o lado “mercantil” da igreja: compra-se perdão para pecados, pagando e não praticando boas ações. 3.

No espelho que será dado pelo Tempo a Roma, esta verse-á refletida. Assim, poderá perceber os seus erros e modificar o seu comportamento, que consistirá sobretudo em não ofender a Deus. Desta forma, a guerra que vive terminará (“Não culpes aos reis do mundo, / Que tudo te vem de cima, / polo que fazes cá no fundo:” (vv. 61-63); “tenha sempre paz com Deos, / e não temerá perigo”, vv. 69-70). A–2

1.

Os versos são um lamento e um desabafo de Pero Marques, em virtude do sucedido no encontro com Inês Pereira, em que este é recusado pela donzela, devido aos seus modos pouco corteses; como se verifica pelo verbo “escarnefucham”, o lavrador sente-se triste, pois percebeu que Inês troçou dele e dos seus modos, daí o facto de lamentar até o desgaste do calçado.

2.1. Mais uma vez, Inês troça de Pero Marques. Aqui critica os seus modos de bom homem, uma vez que, tendo voltado atrás e encontrando Inês sozinha em casa e às escuras, preocupou-se com a sua reputação, o que não agradou à donzela que o comparou com outros rapazes que, certamente, aproveitariam o momento para a cortejar (“estando assi às escuras, / falara-me mil doçuras,”, vv. 25-26). 3.

Inês insiste no casamento com um bom homem, com modos corteses (“não casarei / senão com homem discreto”, vv. 33-34). Não procura beleza nem riqueza (“Que seja homem mal feito, / feo, pobre, sem feição”, vv. 37-38), isso não importa; o que Inês pretende é um homem com modos corteses e galante (“saiba tanger viola, / e coma eu pão e cebola”, vv. 41-42). Apesar dos reparos da mãe, que afirma que a vida não é só folia, Inês não transige, como se comprova pelos últimos quatro versos da sua última réplica.

GRUPO II 1.1. (B); 1.2. (D); 1.3. (A); 1.4. (B); 1.5. (D); 1.6. (C); 1.7. (B). 2.1. “a heroína do filme sensação do momento”; 2.2 composição morfológica; 2.3. sujeito. GRUPO III Os testes de QI apontam para uma relação entre a capacidade cognitiva e a escolaridade. Mas a ciência tem vindo a criar outros métodos para desenvolver o cérebro. O sono também é importante para a aprendizagem; enquanto dormimos, o cérebro trabalha, processando informação recebida durante o dia, como foi provado por estudos efetuados com ratinhos e corroborado por outro com pessoas, verificando-se que o desempenho cognitivo crescia, conforme as horas de sono aumentavam. (75 palavras)

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 7 (pp. 61-64) GRUPO I A 1.

O retrato da figura feminina centra-se na descrição de alguns aspetos físicos, nomeadamente o tom dourado dos seus cabelos (“Ondados fios d’ouro”, v. 1), a doçura do movimento dos seus olhos (“olhos, que vos moveis tão docemente”, v. 5), a honestidade do seu riso (“Honesto riso”, v. 9).

2.

As três primeiras estrofes ligam-se pelo caráter enumerativo que apresentam. Todas elas anunciam qualidades da mulher representada, destacando partes de um todo que é caracterizado pela “beleza” (v. 12).

3.

O último terceto reúne a ideia central do soneto, a beleza da mulher ausente. Na sua ausência, o “eu” imagina-a, concentra-se na sua formosura, desejando revê-la. B

4.

Inês aceita o lavrador, uma vez que este gosta dela (“quem se tenha por ditoso / de cada vez que me veja”, vv. 3-4). Além disso, procedendo de forma ajuizada, prefere “um asno”, isto é, uma pessoa de condição social inferior, com pouca cultura e de maneiras rudes, a alguém com modos corteses (cavalo). Finalmente, e interpretando a metáfora “Antes lebre que leão”, (v. 8), acrescente-se que, em vez de alguém vistoso e galante, contudo mais feroz, aceitará alguém menos esbelto, mas também menos desumano.

5.

Nos versos parentéticos, em aparte, Inês desvaloriza o comportamento de Pero Marques, que se mostra emocionado com o “casamento” e relutante em abraçar a mulher.

B 4.

5.

As sensações visuais decorrem da utilização de verbos de movimento (“se moverom todos com mão armada” (ll. 2-3); “correndo a pressa” (l. 3); “Nom cabiam pelas ruas principaes, e atravessavom logares escusos” (ll. 6-7)); as sensações auditivas são transmitidas pelo uso de verbos ou nomes relacionados com o sentido da audição (“vozes de arroído” (l. 1); “braadando” (l. 4); “braados de desvairadas maneiras” (l. 14); “deles bradavom por lenha” (l. 17)), entre outros. A utilização destes recursos expressivos permite visualizar o comportamento, a agitação e a movimentação da multidão e o modo como anseiam chegar ao local onde se diz que matam o Mestre para o salvar. A urgência e a necessidade que o povo tem de correr para salvar o Mestre são reflexo do carinho que nutre por ele; era como se o povo “se sentisse viúvo” e o rei devesse ocupar o lugar de marido (“assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo de marido”, ll. 1-2). Opostamente, o povo não estima nem simpatiza com a rainha, a aleivosa, o que é evidenciado em “doestos contra a Rainha” (ll. 22-23).

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GRUPO II 1.1. (C); 1.2. (D); 1.3. (C); 1.4. (A); 1.5. (B): 1.6. (B); 1.7. (A) 2.1. Armas, feridos, mortos, terror, … 2.2. O referente é “um índio guarani infante” (linha 23). 2.3. Oração subordinada substantiva completiva. GRUPO III A autora destaca o romance Rastro do Jaguar, de Murilo de Carvalho, como uma obra de leitura surpreendente, resultante da experiência jornalística e cinematográfica do seu autor.

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

Acrescenta-lhe o seu pendor histórico, baseado em leituras que o escritor fez das pesquisas de Auguste Saint’ Hilaire, sobre um índio guarani, permitindo-lhe depois ficcionar essa figura. A cultura brasileira foi o mote para uma reflexão de caráter existencialista. Todos estes aspetos contribuíram para que o romance tivesse sido reconhecido com um galardão da editora LeYa, prémio de 100 mil euros. (88 palavras)

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 8 (pp. 65-68) GRUPO I A 1.

O sujeito poético recorre à apóstrofe no mote (“Campos bem-aventurados”, como forma de concretizar um pedido à realidade interpelada. Neste caso, pede aos “Campos” para se tornarem tristes, ou seja, refletirem o estado de espírito do “eu”.

2.

O conteúdo do poema está estruturado com base no recurso à antítese. Esta está patente na oposição de dois tempos vivenciais do sujeito poético (passado vs. presente). Neste sentido, reflete dois estados de alma opostos: a alegria vivida no passado (“os dias em que me vistes / alegre”, no mote; “Já me vistes ledo ser”, v. 21) e a tristeza do presente (“Amor consente / que tudo me descontente”, vv. 13-14; “tempos […] tristes, aqui são presentes / alegres já são passados”, vv. 37-40).

3.

O tema da mudança está, de facto, plasmado no poema, o que vem confirmado na última estrofe. Aqui, o “eu” refere que a mutação na Natureza é positiva, pois “se muda o mal para o bem” (v. 34), o que contrasta com a vida do sujeito lírico cujo mal muda “para mor mal” (v. 35), ou seja, para pior.

4.

O “amigo” é o rapaz por quem a donzela (o sujeito poético) está enamorada, pois é percetível a felicidade dela em imaginar o encontro dos dois; as “amigas” apresentam-se como as confidentes da rapariga, aquelas que têm conhecimento do sentimento que ela nutre pelo “amigo”.

dos vícios e ridículos individuais (ora de forma grosseira e obscena ora caricata e grotesca), como a lamentação de decadência dos valores morais, como a reprovação de comportamentos de homens da política (traição de fidalgos, cobardia dos homens das armas), […]; • os subgéneros correspondem às cantigas de escárnio, recorrendo-se à ironia e à ambiguidade (“Ai, dona fea, foste-vos queixar”), e às cantigas de maldizer, através das quais o trovador critica de forma aberta e direta (“Martim / Gil, um omen vil”). Na obra vicentina, • na Farsa de Inês Pereira, a sátira é essencialmente de caráter social e centra-se nos costumes da época (a imoralidade, a ambição desmedida, …); • as formas de veicular a crítica do autor são: a ironia, a personagem-tipo e os diferentes tipos de cómico.

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 9 (pp. 69-72) GRUPO I A 1.

Esta reflexão do poeta pode segmentar-se do modo seguinte: a primeira parte corresponde aos quatro primeiros versos, uma vez que aí se configura uma espécie de introdução à forma de alcançar “As honras imortais...” (v. 4); contudo, a partir do verso cinco da primeira estância até ao fim da estância 96, são enumerados todos os aspetos que não conduzem ao mérito ou à glória, pelo que poderão constituir a segunda parte; a terceira parte inicia no verso um da estância 97, que abre com a conjunção adversativa “Mas”, de modo a introduzir uma oposição, elencando-se as formas conducentes ao alcance da glória e da honra. Por fim, e correspondendo a uma quarta parte, surge a última estância, ilustrativa da conclusão, aliás confirmada pela vocábulo “Destarte”, sinónimo de “Deste modo” ou “Assim”.

2.

Nos três primeiros versos destacam-se a anáfora e uma enumeração, dado que aí se elenca aquilo que não pode nem deve ser usado para se obter honras e glórias.

3.

No canto I refere-se a fragilidade do ser humano, o tal “bicho da terra tão pequeno”, que está sujeito a vários perigos, tanto na terra como no mar. Ora, na estância selecionada, também há referência aos sacrifícios por que os Homens terão de passar, quer na terra quer no mar, para alcançarem as honras e a glória merecidas. Portanto, o espírito de sacrificio é referido quer na passagem textual selecionada quer nas reflexões do poeta do primeiro canto.

4.

O vilancete selecionado apresenta o assunto no mote. Por este se percebe que se irá traçar o retrato de ‘Lianor’ e a ação que esta vai levar a cabo. Por isso, nos dois primeiros versos da primeira estrofe, refere-se o objeto que leva na cabeça. Mas, a partir do terceiro verso, predomina a descrição da indumentária que a donzela está a usar, enquanto na segunda estrofe se destacam os seus traços físicos, como a cor dos cabelos, e aquilo que os decora, a sua beleza e formosura, que contribuem para lhe dar ainda mais graça.

B

5.

Os dois últimos versos de cada cobla, em jeito de refrão, apresentam a causa do enunciado anteriormente, ou seja, o que justifica a necessidade da privacidade do casal (da donzela e do seu “amigo”), neste caso a vontade de a rapariga usufruir de alguns momentos de intimidade, acentuando-se, assim, um pouco o seu lado leviano. GRUPO II

1.1. (C); 1.2. (A); 1.3. (A); 1.4. (B); 1.5. (D); 1.6. (B); 1.7. (D) 2.1. “Pedro Adão e Silva e João Catarino” (linha 4). 2.2. Complemento do nome. 2.3. Oração subordinada adjetiva relativa explicativa. GRUPO III A resposta do aluno deverá contemplar, entre outros, os seguintes aspetos: Na poesia trovadoresca, • a sátira centra-se em aspetos de caráter social e individual; apresenta-se, por exemplo, como a caricatura

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B

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

Ambas as estrofes terminam com a repetição do mesmo monóstico - refrão (“Vai fermosa, e não segura”) que permite acentuar a formosura e a insegurança da donzela. 5. No texto destaca-se a adjetivação, ao serviço da caracterização da donzela (“fermosa”, no mote, “mais branca que a neve pura”, v. 6, – expressão exemplificativa da comparação) e a metáfora em “mãos de prata” (v. 2) e “cabelos d’ouro” (v. 9). Estes recursos expressivos tornam o retrato mais impressivo e sugestivo. GRUPO II 1.1. (B); 1.2. (C); 1.3. (A); 1.4. (B); 1.5. (D); 1.6. (B); 1.7. (D) 2.1. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva. 2.2. Empréstimo. 2.3. Sujeito. GRUPO III Introdução: A situação geográfica de Portugal era propícia à navegação, mas o mais importante era sair da crise e da dependência em que a nação se encontrava. Além disso, dominar as rotas comerciais e, preferencialmente, controlar os locais de produção transformara-se numa prioridade. Desenvolvimento: Assim, a necessidade e o espírito aventureiro dos portugueses impelia-os para novas paragens. Contudo, para tal, eram necessários progressos ao nível da construção naval e dos instrumentos de navegação. Graças ao desenvolvimento de novas técnicas, as naus substituiram as caravelas, permitindo avançar com ventos contrários. Mas, nessas navegações, os portugueses confrontaram-se com fenómenos naturais e com situações adversas, como se narra em Os Lusíadas, corrigindo-se, deste modo, realidades erradamente descritas em livros e enfatizando-se o conhecimento experiencial. Além disso, as navegações determinaram o contacto com outras regiões, habitadas por espécies animais e botânicas diferentes, e por povos cujas culturas ou hábitos se opunham às dos povos ocidentais. Conclusão: Pelo exposto, facilmente se conclui que os Descobrimentos não só unificaram o mundo como o dotaram de mais conhecimentos, fazendo com que a humanidade desenvolvesse outras capacidades. 176 palavras

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 10 (pp. 73-76)

1.

2.

GRUPO I A Os navegadores encontram-se na Ilha dos Amores e a sua estadia nesse local foi determinada por Tétis que a colocou no caminho dos portugueses, para que estes aí aportassem e aí fossem presenteados e recompensados, pelos feitos realizados, ainda antes de chegar à Pátria. Este momento assume-se como simbólico ou alegórico, pois neste local os portugueses ascenderão ao patamar dos deuses, isto é, simbolicamente serão divinizados, anunciando-se a sua superioridade por aí

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poderem desfrutar do prémio ou recompensa pelos trabalhos passados. 3.

A referência aos deuses pagãos constitui uma espécie de justificação para se poder atribuir aos portugueses um estatuto divino, uma vez que as divindades evocadas também já tinham sido humanas. Foi graças aos seus feitos excecionais que alcançaram o patamar dos deuses, sugerindo-se que os lusitanos também poderiam ascender a esse nível.

4.

A nau partira com condições favoráveis à navegação. Contudo, pouco tempo depois, o vento assumiu outras proporções, o que fez com que a nau fosse arrastada para um baixo onde ficou encalhada, e os seus ocupantes poderiam ter perdido a vida, caso o mar estivesse mais irado e não tivessem sido socorridos por outros batéis mais pequenos. Para que a nau desencalhasse, foi necessário lançar fora parte do carregamento, tendo depois sido levada e recuperada no porto da vila para, de novo e depois de preparada, ser lançada ao mar.

5.

A paragem numa das ilhas de Cabo Verde deveu-se a um novo desastre marítimo que fez com que o casco da nau abrisse e entrasse grande quantidade de água. Ora, e apesar de a água estar continuamente a ser bombeada, esta continuava a alagar a embarcação, tendo os mastros também acabado por quebrar, o que obrigou os mareantes a fazer nova paragem para recompor o navio e eliminar definitivamente a água que aí entrara.

B

GRUPO II 1.1. (B); 1.2. C; 1.3. B; 1.4. D; 1.5. A; 1.6. C; 1.7. B 2.1. Predicativo do complemento direto. 2.2. Subordinada adverbial causal. 2.3. O referente é “os portugueses”. GRUPO III Introdução: Efetivamente, Camões coloca num patamar superior a sua epopeia, considerando-a mais verdadeira do que as da Antiguidade. Porém, a verdade é que o maravilhoso se encontra presente em inúmeros cantos, distanciando-se, assim, da veracidade reclamada. Desenvolvimento: Recorde-se, por exemplo, o Consílio dos deuses, referido no canto I, e que reúne para decidir o futuro dos navegadores portugueses, ou ainda a figura do gigante Adamastor, em diálogo com Vasco da Gama, e também o episódio da Ilha dos Amores, onde os humanos e as ninfas confraternizaram. Estas e outras situações fazem-nos pensar que Camões terá esquecido o seu propósito de verdade, permitindo-nos questionar o porquê desta incursão pelo maravilhoso. E a menos que a obediência aos cânones do género o tivessem impelido a esta inclusão, não se percebe ou não se justifica esta atitude. Conclusão: Talvez o objetivo do poeta fosse ultrapassar os seus antecessores e quisesse enaltecer a sua gente, colocando-a a desafiar e a igualar os próprios deuses. Só assim se compreende a contemplação do maravilhoso neste poema épico. 168 palavras

E D I TÁVE L FOTOCOPIÁVEL

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04. CENÁRIOS DE RESPOSTA

TESTE DE AVALIAÇÃO N.O 11 (pp. 77-80) GRUPO I A 1.

2.

A intempérie descrita no excerto provocou, entre outros: – grandes balanços na nau; – entrada de grande quantidade de água na nau e a necessidade de se dar, de novo, à bomba; – perda dos poucos alimentos já escassos; – restrição na distribuição dos alimentos; – rompimento das velas e dos cabos. Enquanto a força da Natureza, demonstrada nos ventos e nas vagas fortes, protagoniza ações destrutivas capazes de tirar a energia aos homens/marinheiros, Jorge de Albuquerque, pelo contrário, com as suas palavras e os seus exemplos, tinha o poder de reanimar aqueles que viram a morte pela frente (“e em tão amigos, tão brandos, tão piedosos termos lhes falava sempre, que quase sem forças se levantava a gente: rediviva, pronta, – retomava a faina.”, ll. 17-19).

3.

No excerto “Embarcara doente no Brasil; e agora, depois de tantas lutas e de tanto esforço, de tantas privações e de tantas penas, jamais se lhe ouvia a menor das queixas. Tão são lhes parecia e tão bem disposto, tão prazenteiro, tão forte continuador dos seus trabalhos que causava espanto e envergonhava a todos.” (ll. 19-22), podemos observar a força física e psíquica de Jorge de Albuquerque, a sua resiliência e o seu espírito de sacrifício que servem de exemplo a todos, aspetos que surgem destacados com o recurso ao quantificador existencial (“tantas” / “tanto”) e ao advérbio de quantidade e grau “tão” (sublinhados no enunciado).

4.

As estâncias transcritas reportam-se à Proposição, momento em que Camões diz o que se propõe cantar. Assim, destaca, na primeira estância, os navegadores lusitanos que, pela sua coragem, ousadia e espírito de sacrifício, “Passaram ainda além da Taprobana,” (v. 4); na segunda estância, diz cantar aqueles “Reis” que espalharam a Fé cristã e aumentaram o Império português e ainda imortalizará, pela palavra poética, todos aqueles que, pelas obras grandiosas que realizaram, merecem ser eternamente lembrados/reconhecidos.

5.

O que distingue a epopeia camoniana das outras que lhe serviram de modelo é, fundamentalmente, a natureza do herói cantado. Camões cantará um herói coletivo e real, o povo português, o que se afasta do herói ficcional e individual das outras obras.

Título Sentidos 10 Livros de Testes Português 10.o Ano Autoras Ana Catarino Célia Fonseca Isabel Castiajo Maria José Peixoto Execução Gráfica CEM Depósito Legal 387 143/15 ISBN 978-888-89-0432-0 Ano / Edição / Tiragem / N.o Exemplares 2015 / 1.a Edição / 1.a Tir. / 6000 Exs.

B

GRUPO II 1.1. (D); 1.2. (B); 1.3. (B); 1.4. (C); 1.5.(D); 1.6. (A); 1.7. (C) 2.1. Complemento oblíquo. 2.2. Oração subordinada adverbial temporal. 2.3. Determinante possessivo. GRUPO III Resposta de caráter pessoal.

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978-888-89-0173-2 978-888-89-0432-0

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