Livro AUM

September 21, 2017 | Author: Ricardo Neto | Category: God, Human Nature, Mind, Theosophy, Spirit
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AUM - The word of power - Tradução para o idioma portugues por Panyatara...

Description

Omar Cherenzi Lind

AUM

A Palavra de Poder

Theano Editora & Publicações

A U M A PALAVRA DE PODER Por Omar Cherenzi Lind

Tradução do inglês para o português realizada por PANYATARA

A U M A PALAVRA DE PODER

Título do original Inglês: AUM – The Word of Power Publicado originalmente por: Omar Cherenzi Lind

ESTA OBRA FOI PUBLICADA SOB OS AUSPÍCIOS DA GRANDE FRATERNIDADE BRANCA UNIVERSAL PELO COLÉGIO ROSA-CRUZ ESOTÉRICO E A UNIÃO ESPIRITUAL UNIVERSAL

Título do original Inglês: AUM – The Word of Power Autor: Omar Cherenzi Lind Copyright da tradução para o idioma em português © 2014 - Theano Editora & Publicações 1ª edição 2014. Produção Adriana Calheiros Tradução Jayr Rosa de Miranda (Panyatara) Revisão Yara Castellani Grosso

O mantra OM revelado segundo a ótica budista e seus poderes na preparação iniciática dos buscadores da Verdade. O caminho da retidão como condição indispensável para alcançar a Consciência. Exigências da Grande Fraternidade Branca e os Preceitos da Vida Sã. Todos os direitos reservados, no Brasil, por Theano Editora & Publicações E-mail: [email protected] http://www.revelandomisteriosdooculto.com.br/

SUMÁRIO



Prefácio da Edição em Idioma Português Nota Esclarecedora AUM Prefácio da Edição em Espanhol Prólogo da Edição em Espanhol Prólogo da Edição Inglesa O Emblema Mágico, Imperial, Esotérico de Shan Introdução AUM como Poder de Vida A Palavra de Poder AUM como Fórmula do Primordial AUM Como Forma Esotérica de IAO AUM Como Força em Ação A Providência A Realização Mística AUM O Poder Criador AUM A Ciência do Silêncio

7 9 11 13 16 19 21 25 29 30 31 38 43 48 54 58 62

AUM A Fórmula do Poder

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O M P H Expressão das Possibilidades do Infinito 

67

O Que É Om Mani Padme Hum

68

Transcendência de Om Mani Padme Hum

71

A Mitologia de Om Mani Padme Hum

73

O Poder em Ação

75

HRI

78

Condições Prévias

79

Exigências da Fraternidade Universal Branca

85

Última Recomendação

91

As Quatro Grandes Iniciações

94

As Quatro Condições Emancipadoras

96

A Utilização de AUM como Mantra

99

A Pronúncia de AUM

101

Expressão da Energia Universal no Indivíduo

102

Aplicações Especiais do Mantra AUM

103

Uma Advertência Importante

108

A Consciência Criadora

109

A Iniciação Esotérica e a Fórmula Sagrada

117

Os Preceitos da Alvorada da Verdade

121

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PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM IDIOMA PORTUGUÊS

H

á alguns anos atrás, por acaso, caiu em minhas mãos um dos livros de Cherenzi Lind intitulado “Kundalini - ou a Serpente Ígnea de Nossos Poderes Mágicos Internos”, livro esse que me despertou para conhecimentos novos e de grande importância para o meu entendimento de uma série de fatos pressentidos, mas ainda sem oportunidade de comprovar como verdadeiros. Novamente, por acaso (os livros deste autor não foram traduzidos para a língua portuguesa e se encontram esgotados há mais de 40 anos em outros idiomas), chegou-me às mãos um outro livro da mesma lavra; li-o com minha Alma envolvida em profunda comunhão com uma Verdade que não pode ficar mais restrita ao limbo dos interesses humanos e deve ser vivenciada pelo maior número possível daqueles que procuram a Sabedoria em sua original pureza. Daí meu afã em torná-lo acessível a todos os estudantes e aspirantes ao Conhecimento Real, a fim de abandonarem a condição de defraudados, no que diz respeito à esperança da verdadeira iluminação e liberação e realizem a assunção de sua Realeza Espiritual. Trata-se do livro “AUM - A Fórmula do Poder” que aborda também, em sua segunda parte, explicações sobre o mantra “OM MANI PADME HUM”, a fórmula despertadora da Consciência Universal no Ser humano. Procure ler as páginas que seguem com profundo discernimento e comparando seus ensinamentos com os dos verdadeiros Mestres de Sabedoria e com as instruções básicas existentes nos livros consagrados pela humanidade que são a Bíblia, com o Novo Testamento, o Bhagavad Gitâ e as instruções budistas em sua íntegra, cujo objetivo foi preparar a mente humana para o advento da dispensação Cristã. Elas trazem 7 

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lições importantíssimas para o período de transição que estamos vivenciando e representam um “passaporte” insuspeitado para estados de consciência superiores que não dependem de outras disciplinas do que aquelas ensinadas pelo Senhor Buda e pelo Mestre Jesus, sem as quais seria, em vão, aspirar a qualquer avanço ao encontro de nossa Realidade Maior. Os exercícios propostos são simples, porém só devem ser praticados se, paralelamente, estivermos sinceramente imbuídos de nossas responsabilidades em relação às Condições Prévias (pág. 78), de vivenciar o Caminho da Retidão e dispostos a atender as exigências atribuídas à Grande Fraternidade Branca Universal (pág. 80). Para ajudar na melhor avaliação desta obra mantivemos os Prefácios em idioma inglês e espanhol, por conterem informações importantes que poderão ajudar no entendimento do proposto na obra. Faça bom uso do mesmo e difunda-o. É importante que outras pessoas tomem conhecimento dele. Este é um livro muito importante! Panyatara

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Nota Esclarecedora

M

uitos dos nossos irmãos que visitam nosso Site e leem os livros que escrevi e venho traduzindo (http://www.revelandomisteriosdooculto.com.br) são adeptos da Gnose ensinada por Samael Aun Weor e provavelmente conhecem as desavenças intelectuais, filosóficas e de posturas espirituais que existiram entre o mesmo e o autor do livro AUM, Omar Cherenzi Lind. Esclareço que estas divergências entre ambos não foram levadas em conta neste trabalho, que procura compreender a luta de egos que existe e existiu entre as correntes filosóficas abraçadas por estes dois gigantes do espiritualismo moderno, cada um julgando o outro um Mago Negro. Entretanto, considerando as palavras do eminente espiritualista e escritor esotérico Ali A’l Khan como muito sábias em relação à obra de Samael Aun Weor, repito-as neste momento, para justificar o presente trabalho: “Pode-se fazer restrições as atitudes pessoais de qualquer uma destas duas insignes personagens, porém não podemos deixar de ler suas obras, eivadas de conhecimentos importantes, nem sempre acessíveis ao buscador sequioso de informações para nortear seu caminho”. De nossa parte, sempre consideramos importante, para reconhecer nossos possíveis desvios de atitudes e discernir situações dúbias em nosso trabalho cotejar o material que nos chega às mãos com os ensinamentos do Evangelho, que preconizam sempre o amor ao próximo como a si mesmo, perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, a humildade como troféu da Alma, além de nosso próprio conhecimento sobre A Senda. O conhecimento sobre a Cabala e suas vertentes como Arvore da Vida e do Conhecimento do Bem e do Mal e as revelações contidas na Bíblia sobre as Qliphots nos 9 

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levam sempre à máxima cautela em fazer avaliações do que é realmente importante no Caminho da busca da Verdade (“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”). O arrazoado colocado na internet pela Gnose de Samael sobre Cherenzi Lind, que inclui trechos de alguns dos livros deste, fica a disposição de nosso leitores para estabelecerem seus critérios pessoais sobre o valor da obra de Cherenzi Lind (http://www.gnosisonline. org/mestres-da-senda/omar-cherenzi-lind/). O meu já estabeleci acima, daí que resolvi reproduzir AUM para os que desejam saber um pouco mais, libertos de rédeas filosóficas que impedem o buscador sincero de chegar à verdade por si mesmo. Termino este arrazoado com as citações contidas em Mateus 7:15-20 “Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas? Semelhantemente, toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem a árvore ruim pode dar frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Assim, pelos seus frutos vocês os reconhecerão!” Desejo que façam bom uso das mesmas! Panyatara

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E

xiste uma palavra cujo “som” peculiar se teria perdido e que atualmente somente é lembrada apenas como a Palavra Perdida. Esta Palavra, de acordo com o que se diz nas escolas mais internas de sabedoria, era possuída pela humanidade em sua última Idade de Ouro e conferia fantásticos poderes mágicos a quem a pronunciasse de forma correta. Seu evocador, produzia, com ela, resultados maravilhosos em seus propósitos. Este trabalho está dedicado ao estudo e significado da palavra mística AUM, considerada no Oriente como sagrada e que somente os verdadeiramente Iniciados são capazes de utilizar corretamente, pois, como diz o próprio autor, “AUM encarna a essência de todo dogma e ritual dos Mistérios Maiores”. A finalidade do Ser humano na vida terrestre é a de procurar e seguir o caminho que o conduza à perfeição e à libertação de tudo aquilo que o encadeie no tempo e 11 

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no espaço. Na posse do estudante pressuroso e decidido, este mantra sagrado se converte em poderosa ferramenta que lhe permite elevarse acima das condições comuns e vislumbrar novos horizontes ainda inexplorados, nos campos do Espírito. Nas páginas que seguem, o leitor encontrará o exame e o próprio significado da mágica palavra, tanto no que se relaciona a sua fórmula primitiva como o de força em ação, e as indicações necessárias para poder pronunciála devidamente “no silêncio”. Tão excelentes dados são completados com a explicação da fórmula sagrada “Om manipadme hum” e de sua utilização para penetrar nos sagrados recintos da Consciência Cósmica.

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AUM

PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM ESPANHOL

C

oube-nos, por graça, a honrosa prerrogativa de trazer, ao público, um livro nada comum, porquanto trata-se do mais perfeito estudo que se pode colocar nas mãos do leitor espiritualista, na presente época, sobre o mantra supremo ou fórmula mágica sagrada de todos os poderes transcendentes do espírito. No mundo ocidental, desde a época da Sra. H.P. Blavatsky até os nossos dias, os estudantes sinceros da ciência espiritual que não tiveram a sorte de ter um instrutor verdadeiramente identificado com a ciência oculta, hão ensimesmado muito procurando conhecer a exata pronúncia e entonação de AUM e compreender, ainda, seu significado e objetivo. Tudo tem sido em vão, pois a sílaba mágica se manteve impenetrável a todos os esforços, com certeza inconexos e mal conduzidos e, é assim que, principalmente nas organizações conhecidas como ocultistas e esotéricas, se ouve as mais fantásticas e bizarras explicações e interpretações de AUM, geralmente todas muito distantes do que ela realmente é. Porém os tempos mudaram. Encontramo-nos já nos albores da Era de Aquário recebendo as mais benéficas influências cósmicas que começam a atuar sobre toda a humanidade. E não deve ter sido outra a razão porque o Mestre Omar Cherenzi Lind nos concedeu a autorização, a pedido de numerosos estudantes sinceros, para que publiquemos este trabalho. Além disso, existem outras razões que abonam a publicação das explicações dadas no presente livro. A primeira é a necessidade das pessoas realmente estudiosas e cheias de aspirações para o superior terem, à mão, um 13 

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tratado, o mais completo possível, que supera, em parte, a ausência de um Guia ou Instrutor espiritual. A segunda justifica-se pela conveniência de que tudo espiritual e sagrado esteja, no possível, livre das más interpretações e costumeiras tergiversações, o que obriga as obras entregues ao público serem precisas e claras e não tenham nada sub-reptício. E, uma terceira: é claro que, apesar de tudo, os charlatães do espiritualismo sempre utilizarão os mistérios sagrados, mais adiante expostos, para fins estranhos a mais edificante e excelsa espiritualidade; porém, ao menos, como foi dito acima, o estudante sincero e esforçado terá, à mão, uma ajuda que lhe permita descobrir de que lado poderá encontrar o espiritual e o verdadeiro. Como diz o próprio autor: “Empenhamo-nos em dar estas informações precisas e exatas para que os aspirantes da verdadeira iluminação e liberação não sejam defraudados em suas esperanças, já que todas as crenças sem substância e as práticas equívocas no que toca as percepções espirituais, se convertem, sempre, em meios de depressão moral e desvios que afastam cada vez mais da verdadeira espiritualidade”. À segunda parte deste trabalho trata de OM MANI PADME HUM, a fórmula despertadora da Consciência Universal no Ser humano e de sua utilização, consciente, com este objetivo. Esta fórmula sagrada é, também, expressão das possibilidades do infinito e, ao longo das páginas que o autor dedica a ela, pode, o leitor atento, aprender o uso correto de tão poderoso encantamento e como é possível utilizar, conscientemente, seu extraordinário poder de redenção cármico. Porque a lei do KARMA não é mais sagrada do que qualquer outra lei da natureza e, por conseguinte, pode ser modificada e ainda anulada mediante o CONHECIMENTO e a AÇÃO. 14

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A terceira parte é constituída de um “formulário” destinado a aumentar a expressão da energia universal no indivíduo. Isto será melhor compreendido se tivermos presente que todas as pessoas expressam, de uma ou outra forma, com maior ou menor força, a energia da própria Natureza, da qual são manifestação ou produto. Assim sendo, poderia sustentar-se que a sabedoria não é outra coisa que a expressão mais perfeita ou total, no indivíduo, dessa energia universal ou vida. O estudante esforçado e sincero que aspire converterse em Discípulo de um Mestre de Sabedoria tem, pois, no presente trabalho, um verdadeiro guia em seu caminho espiritual que, se souber aproveitar, o há de conduzir, livre de erros e mal-entendidos à meta das Iniciações Maiores.

C.Parrau

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PRÓLOGO DA EDIÇÃO EM ESPANHOL por Omar Cherenzi Lind

A

UM é um delicado alimento para a vida espiritual do estudante ou Discípulo. Por isto não é possível considerar esta obra como simples expressão de um pensamento intelectual ou um mero adorno mental. Tampouco deve-se considerá-la como um livro comum de leitura, pois sua verdadeira qualidade é a do devocionário ou livro de meditação. Deve-se, pois, estudá-lo para melhor compreendê-lo e senti-lo, na intimidade do Santuário Interno, ou ainda no recanto mais puro do lar, já despojados das fúteis e supérfluas vibrações da azáfama diária, e dispostos a viver verdadeiramente, intensamente e com sentido de dignidade suprema e de eternidade. A função mental requerida para a contemplação criadora e frutífera de AUM é que o indivíduo enfrente a si mesmo, ou seja, consiga a introspecção descobridora e reabilitadora de si mesmo. AUM é a essência da Vida em função privativa do Ser, responde as suas mais fundamentais inquietudes e aspirações e representa a infinita variedade e variação da vida no caminho da autorregeneração e da autoexaltação, através da via da Consciência criadora. Como já sabemos, a Consciência Cósmica é ao mesmo tempo o germe e o sentido genético de toda existencialidade. AUM, em si mesmo, é a confrontação da realidade com a essencialidade, do múltiplo e complexo com o básico e o fundamental, da unidade com o integral, do UNO com o TODO; em última instância se resume em uma mesma coisa, uma vez feitas as salvaguardas 16

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do circunstancial e do ilusório com que, geralmente, deixamos aturdir e atormentar nossa mente. AUM, já o dissemos, é um devocionário, mas de dinamismo mental prático e de sinergia espiritual efetiva. De modo contrário, deixa de ser o que deve ser e, então, é uma vaga ilusão de inúteis divagações mentais e displicências íntimas que redundam em nada prático. Se, não sentimos renovado vigor e nova intensificação vibratória ou a frequência energética de nosso EU em todo o corpo, isto quer dizer que não chegamos a encontrar o verdadeiro AUM. A palavra sagrada AUM é o poder do silêncio germinativo que multiplica ad infinitum nossas forças e nos possibilita realizar as majestosas magnificências que, em nossos melhores momentos, conseguimos vislumbrar. Então, se não nos sentimos renovados, reabilitados e revitalizados com a prática de AUM é porque não conseguimos modular silenciosamente este monossílabo no genuíno sentido que lhe corresponde. Não deve ser praticado com precipitação, pois em tal caso, somente se consegue agredir os sentidos e adormecer com uma monotonia cansativa e insípida. AUM é o Todo que leva à fonte da Vida Única e o múltiplo e complexo que se refunde na uniformidade da essência e do espiritual. AUM é a matéria que se submete ao espírito ou é submetida pelo espírito triunfador. AUM, e isto deve ser bem compreendido, é a purificação de toda personalidade no crisol da Consciência Cósmica, para que reluza o ouro puro do EU REAL definitivamente despojado de seus veículos grosseiros e liberado dos ouropéis atávicos e próprios da reencarnação. Com AUM passamos pelo banho lustral que nos reintegra na essencialidade Cósmica e nos reabilita integralmente até nos fazer sentir a Potência Espiritual 17 

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que buscamos, nossa verdadeira e legítima Pátria eterna. Para aproximar-se a AUM, o leitor (aqui deve ser mais estudante da Vida que leitor) deve despojar-se, mesmo por alguns instantes, de seus grosseiros desejos mundanos e considerar a glória, a fama, a riqueza e os prazeres de nosso mundo como puras ilusões passageiras. Só assim chegará a conquistar grandiosas realizações mediante o fogo sublimador que conduz a AUM. Se sabemos fazer uso do pensamento transcendental, AUM é o triângulo que compreende a síntese universal, cuja base é a bipolaridade integrada por si mesma, ou seja, toda a escala de todas as variedades potenciais em princípio, as proto-tattwas ou princípios universais fundamentais. Aí está a chave mágica da Sagrada Trindade, Tríada ou Tetraktys que aparece como JE-HO-VAH (IHVH) na magnífica postulação cabalística e como A-Bra-Xas na gnóstica, e é o fundamento de toda fórmula de vida, ou seja, a Predisposição, a Germinação e o Crescimento e, finalmente, a Frutificação. Compreender este segredo e vivê-lo, vibrar com ele, é exaltar AUM.

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PRÓLOGO DA EDIÇÃO INGLESA

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om o presente trabalho continuamos uma tarefa iniciada faz muitos anos e que consiste em restabelecer, em sua primitiva pureza, alguns ensinamentos arcaicos. Atualmente, estes ensinamentos são conservados unicamente, em todo o seu vigor e excelsitude, nos Santuários do Oriente, e foi necessário contar com a anuência destes Santuários para poder expô-los ante o público profano, em virtude de que este pequeno opúsculo contém dados e informações destinados exclusivamente, em princípio, aos Discípulos dos mesmos, e não ao leitor ocasional. E o que dizemos acima ressalta maior importância quando se tem presente que o assunto agora abordado tem por objetivo tratar de algo não somente difícil, mas sua enunciação pode, também, parecer algo de incomum e atrevida. Trata-se do mantra sagrado AUM. Nossa tarefa, portanto, tem por objetivo corrigir tudo quanto erroneamente foi dito sobre este tão particular assunto, e também, ampliar as noções existentes sobre o mesmo, a fim de poder utilizar todas as suas genuínas transcendências e possibilidades para o bem da humanidade. A importância do tema fica manifestada nos parágrafos seguintes, que solicitamos ao leitor pesar em toda a sua profundidade e transcendência. AUM encarna a essência de toda a sabedoria. No que toca aos valores, AUM é o Poder Primordial. Nomeálo é invocá-lo. Pronunciá-lo é torná-lo presente, isto é, afirmá-lo, provocá-lo, promover suas possibilidades de atuação. Expressar-se contra AUM ou utilizá-lo para fins delituosos, malévolos ou indignos é pecar contra 19 

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a majestade da Verdade. É cometer o pecado que nos evangelhos cristãos se qualifica como “pecar contra o Espírito Santo”. AUM, considerado sob qualquer aspecto, encarna a essência de todo dogma e ritual dos Mistérios Maiores. Portanto, compete unicamente aos verdadeiros iniciados, ou aos Discípulos dignos, utilizar seus significativos poderes, a fonte e a força propulsora da vida. Oferecemos, pois, com o mesmo, a base fundamental da genuína Yoga, ou seja, a Senda de Libertação pela Consciência Espiritual Ativa (Bodha). Deve ser encarado como um tratado sobre o despertar de Bodhicitta, isto é, dos princípios vitais no Ser (Buddhi), assim como, também, um roteiro seguro para uma vida sã, plena, esplendorosa, edificante, vibrante e transcendente. Seja esta obra penhor de nossa devoção à Verdade e de nosso zelo pelo progresso daqueles que se interessam verdadeiramente pelas realizações superiores. Omar Cherenzi Lind.

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O EMBLEMA MÁGICO, IMPERIAL, ESOTÉRICO DE SHAN

O

emblema mágico e imperial de Shan representa todo o ensinamento esotérico que, segundo se afirma, é o máximo patrimônio de todas as épocas para o Império Espiritual de Shan. O Império de Shan está situado, geograficamente, no coração da Ásia, porém abarca todos os confins do mundo, por ser a Sede Suprema dos Santuários Esotéricos e a residência do Conselho Diretor da Grande Fraternidade Branca Universal. Também é conhecido como “O Reino Subterrâneo” e as lendas do Oriente se referem a ele como ao umbigo espiritual do mundo, ou seja, o AGHARTA1. O significado dos símbolos que formam o escudo mágico e imperial de Shan é o seguinte: O SOL é a alegoria da Verdade Resplandecente e expressa o Espírito em todas as suas manifestações do Infinito. É o Logos que se encontra atrás de toda a Sobre a existência de Agharta, ver o os livros “Bestas, Homens e Deuses” de Ferdinand Ossendowski, “A Terra Oca” de Raymond Bernard, “Shambalah - Em Busca da Nova Era” de Nicholas Roerich, “O Mundo Subterrâneo” de Ali Mahomad Onaissi, “Rei do Mundo” de René Guenon e o relato do Almirante da Marinha dos EE.UU. Charles Bird em www.novaera -alvorecer.net/a_terra_oca.htm. e as várias informações sobre o assunto existentes na Internet, inclusive o vídeo em www.youtube.com/watch?v=bgN7PsrGBeA

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realidade existente. A SUÁSTICA esotérica (a exotérica - ou vulgar e negativa - tem os braços como se seu movimento fosse sinistrógiro) representa a Criatividade da Consciência Universal ou Alaya2. O DRAGÃO é a própria Consciência Cósmica ou Universal como poder invencível, que supera o tempo e o espaço. A LANÇA, que se mantém intocável sobre as águas, é o símbolo da Vontade Inflexível e Vencedora em qualquer circunstância. A FLOR DE LÓTUS representa a pureza imarcescível da Verdade aonde quer que ela se realize. A FITA (Hatik), de cor azul, simboliza a espiritualidade expressada em forma de sentimento. Leva, no original, uma inscrição em idioma esotérico que diz: “O Saber Inspira - A Nobreza Dirige” NO CÍRCULO, no centro da suástica, existe um símbolo menor que representa a palavra sagrada, a significação da verdade integral: AUM. É o Selo Mágico e Supremo das Iniciações Esotéricas. Os Iniciados identificados aos Santuários do Oriente e do Ocidente consideram este emblema como o Selo Mágico por excelência, o símbolo do Verbo Espiritual e a Insígnia Suprema da Iniciação. Segundo as lendas tibetanas, o Selo completo foi criado e apresentado ao mundo pelo Bodhisattva Padmapani Chenrezig Avalokitesvara, com a primeira inscrição conhecida de OM MANI PADME HUM, colocada 2

A Alma Universal ou Anima Mundi. 22

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sobre a fita a que acabamos de nos referir acima. Serviu, também, de selo imperial ao Gênhish Kha Khan3 ou Imperador de todos os homens, e seus sucessores o legitimaram como propriedade do cargo, depois de ter servido a todos os Patriarcas Ch’An4.

Gênhish Khan (Gengis Khan) - Fundador do primeiro Império Mongol (1160/1227). 4 O Ch’an significa meditação profunda. É uma palavra chinesa que quer dizer “pensamento quieto”, o que significa que dentro do mundo das causas, podemos encontrar a tranquilidade, contemplar corretamente e assim a nossa natureza búdica poderá surgir. Para maiores detalhes: www. google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=LIjbU6PBD-nL8gfMsYHICw#q=Patriarcas+Ch%E2%80%99An 3

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O EMBLEMA MÁGICO, IMPERIAL, ESOTÉRICO DE SHAN5

Nota do Tradutor - A última guerra representou um dos maiores avanços das forças negras sobre a consciência humana. Naquela época, o presente livro e seus ensinamentos revelavam oportunidades que precisavam ser eliminadas por essas forças sinistras, sempre interessadas em manter o homem afastado dos caminhos da Luz e da Verdade. Daí, pelo simples fato de que o Emblema Mágico de Shan possuía, em seu contexto, a Swástica, foi explorado de forma vil para que tão importantes ensinamentos deixassem de ser reproduzidos e este livro quase viesse a desaparecer como arrimo para os que buscam e procuram servir a Luz. Estamos no limiar de uma Nova Era. As forças negativas continuam atuando de forma sutil e envolvem milhares de irmãos nossos, porém a Verdade sempre se imporá vigorosa e potente e triunfará com o nosso concurso ou apesar de nossa acomodação ao que é fácil, aos atalhos que não levam a lugar nenhum e a preguiça mental que sempre dá preferência a ilusão ao que é Real. A escolha e o trabalho é nosso. Nenhum “mestre” fará mais nada por nós do que apontar o caminho, que somente conseguiremos vislumbrar quando ornamos nossa consciência com a sinceridade, a modéstia e a humildade. Por causa disso fica o convite: Façamos a nossa parte!

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INTRODUÇÃO “Viver é aspirar, criar, transformar-se e triunfar. O resto é detestável vegetar ou ignominiosa sobrevivência, na indignidade, na abjeção e no caos”. K.H.

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epois de vários anos de esgotadas as sete edições anteriores desta obra, revisei a cópia corrigida que me foi apresentada com uma solicitação para se fazer uma nova edição, e não pude deixar de observar alguns defeitos que necessitavam correção. Os muitos anos transcorridos desde que escrevi este livro - em 1912 - trouxeram consigo também grandes inovações no modo de pensar das pessoas, e a humanidade inteira sofreu enormes crises, profundas preocupações e terríveis tragédias; porém, tudo em vão, pelo menos no que diz respeito ao que sabemos, considerando que não se resolveu nenhum de seus grandes problemas, não se conseguiu curar nenhuma de suas antigas feridas, nem conseguiu se livrar de suas atormentadoras angústias. A história segue sua marcha e o homem segue adiante sem saber exatamente para onde vai, nem porque se afana. Tampouco consegue satisfazer suas inquietações e, menos ainda, tem condições de resolver seus problemas mais graves. Caberia perguntar, então, se valeu a pena crer, orar, aderir a códigos de moral e ensimesmar-se sobre os diversos sistemas de metafísica que atualmente existem e, 25 

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ainda, se pode confiar nos antigos sistemas religiosos ou nos métodos políticos modernos. Se observarmos bem os fatos e se somos suficientemente sinceros para confessar nossas falhas, não cabe dúvida de que nos encontraremos ante terríveis alternativas ou, então, temos de nos render à evidência e confessar nossos fracassos, limitações e impotência. Este livro não tem pretensões de caráter religioso ou político, nem carrega o propósito de formular nenhuma classe de promessas ou bem-aventuranças. Precisamente por isto, acreditamos ser conveniente a sua reedição tal qual foi escrito primitivamente e sem lhe fazer novas adições. O que se fundamenta em valores do espírito e em princípios universais não está sujeito aos vaivéns e modificações do tempo nem se deteriora pelo uso. Está além do tempo e do espaço. As almas sinceras - ainda em pouco número conscientes - que souberam ou saberão tirar proveito deste trabalho, se reafirmarão nestes princípios universais e invocarão, mais uma vez, os valores espirituais. Porém, para os demais, devo recalcar repetidas vezes, com a mesma ênfase de antes: é necessário muita sinceridade e devoção consciente para o Verbo Eterno a fim de se dirigirem a AUM de maneira proveitosa, edificante e criadora. Isto jamais se consegue compreender completamente até a conquista das funções superiores da mente que são patrimônio exclusivo do homem que atinge a santidade. Esta nova edição seguramente servirá para brindar a humanidade desorientada e doente com a panaceia de que tanto necessita e, sem a qual, 26

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nunca conseguirá resolver seus graves problemas. Efetivamente, a humanidade jamais sairá de suas trágicas condições enquanto não conseguir viver, sinceramente, dentro dos limites do espiritual, ultrapassando suas atuais predileções materialistas, seus morbosos sentimentalismos e seus idealismos convencionais. Talvez seja indispensável para que a humanidade desperte neste sentido aconteça outra guerra mundial e novamente a bomba atômica faça mais estragos aterradores além da destruição que possam acarretar outros artefatos produzidos para gerar matança e o caos e, então, possa dedicar-se a considerar, na consciência, os benefícios de que falamos aqui. É possível que a humanidade ainda tenha de sofrer choques de ordem superior, talvez cataclismos cósmicos. Em todo o caso, deixaremos a cada indivíduo o cuidado de alcançar o que mais acredite merecer. A felicidade e os verdadeiros poderes que o indivíduo pode conseguir derivam da sabedoria, e a sabedoria não se consegue senão por meio da autossuperação e da própria sublimação. Tudo o mais é mera ilusão ou farsa e geralmente tragédia de iludidos e ignorantes. AUM, entenda-se bem, é um mantra. Assim sendo, um mantra é uma fórmula de profunda filosofia, ao mesmo tempo que uma ciência para a utilização das forças vitais do universo. AUM é a soma total de todos os Tattwas6 ou princípios vitais, os quais reunidos dão como resultado Para maior entendimento deste assunto tão importante, ler o livro “Las Fuerzassutiles de la Naturaleza” de Rama Prasad ou “El Tattwametro” de Arnoldo Krumm-Heller, ambos da Editorial Kier, de Buenos Aires.

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todas as modalidades do existente e das condições da vida. Porém a vida é algo dúctil e manejável. Daí que, no universo, tudo seja circunstancial e de clara definição, se bem que com características de fatalidades. Mas o determinismo e os absolutismos dogmáticos não têm lugar nos imperativos espirituais. AUM é a essência da vida e tem sua raiz em nós mesmos. Podemos estimulá-lo e atualizá-lo em nós, se soubermos como proceder. No começo, AUM é uma palavra ou verbo. Porém, o Aprendiz deve chegar a compreender e realizar AUM para que se torne um poder vitalizador. Para alcançar isto, deve proceder de maneira apropriada, tal como lhe for recomendado. Deve achar esta fórmula de supremo poder dentro de si mesmo e por si mesmo, porém não em si mesmo nem para si mesmo. Em outras palavras, deve descobrir AUM, ou seja a imanência essencial da vida por meio de si mesmo e fazendo uso da introspecção, porém não como parte integrante de sua personalidade nem para seu exclusivo proveito. AUM não é uma ilusão nem um atributo material, mas, sim, o princípio vital de tudo quanto É. Quanto mais o estudante e o discípulo compreendam tudo isto, melhores condições terão para realizar sua significação, transcendência e potencialidade. AUM é como o cisne (Kâlahamsa) que se vale de suas forças para cruzar os espaços e desafiar o Tempo7. De acordo com as lendas sagradas do Oriente, Kâlahamsa é o próprio Brahma ou o Poder Criador da Vida. Também representa o Mahatma ou Alma Perfeita, ou seja, o indivíduo que conseguiu a suprema realização. 7

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AUM COMO PODER DE VIDA

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A PALAVRA DE PODER

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infinito é constituído por todas as possibilidades sem germe, ou seja, os tattwas, antes de passar ao domínio fenomênico e é, também, o empório superlativo da Consciência Universal, cuja tônica eufórica, nome Supremo e Verbo Sublime é OM. Existe uma palavra que resume todo o saber humano, toda a expressividade da Consciência Universal ou Cósmica e, da mesma forma, toda a Essência Espiritual. É um vocábulo que dá a entender tudo quanto seja concebível e compreensível pelo entendimento humano; transmite igualmente a potencialidade mais elevada e precisa à mente ou Manas, expressando, ao mesmo tempo, toda a Seidade inconsútil da Consciência Universal (Alaya-Tathatagatha) e ainda, em seus aspectos ulteriores, a própria Essência Primordial. Daí que nessa expressão se encontre sintetizada toda a Filosofia Fundamental, em todas as suas transcendentes implicações e derivações. A Palavra Sagrada1, perdida para as pessoas que vivem ao impulso ocasional de seus elementos inferiores componentes, porém não para aqueles que respondem às necessidades supremas da Consciência, que se satisfazem somente nas funções dos planos superiores (Buddhi-Âtmâ), é OM, conforme seu som ou pronúncia. Porém em sânscrito se escreve com três 1

“A palavra está perto de ti, na tua boca e em teu coração” (Romanos 10:8). 30

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letras, a saber: AUM numa única combinação. Nosso objetivo é esclarecer todos os aspectos particulares a respeito da palavra sagrada OM, porquanto os ensinamentos originais e fundamentais foram obscurecidos pelas múltiplas e fantásticas interpretações e adições sofridas no transcurso dos milênios. AUM é uma nota gutural e a mais aberta de todas, que se decompõe da seguinte forma: A, labial M, nasal mais fechada, e U, que as une. Sua pronúncia correta se consegue fazendo com que o alento, em sua passagem da garganta, para os lábios, circule pela abóbada do céu da boca. AUM representa a forma de exteriorização da energia mental, com certas características tattwicas, de acordo com as funções superiores da Consciência. Por isso a palavra é apenas proferida e é mais uma exteriorização de forças que, ao funcionarem como palavra, saem do mais profundo de nosso Ser para fora, pela boca. Em verdade é o alento vital que dimana do recôndito do ser, dos mais imperceptíveis refolhos de nossa mente. Corretamente pronunciado, AUM encarna o potencial étnico, isto é, o “tipo” de energia conscientizada que serve de base e modelo humano, ou seja, o que de outros pontos de vista e aspectos convencionou-se chamar “Manu”. O Verbo Espiritual (o Espírito Santo dos cristãos ou o Vâkdos hindus) tem sua fórmula mais caracterizada, 31 

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sua expressão mais sintética e, da mesma forma, sua mais inspiradora evocação e mais transcendente influência em AUM, ou seja, em OM, que é a palavra sagrada, o vocábulo quase não sonoro, porém o mais expressivo, pois é a Voz do Silêncio por excelência, a exalação mais típica e precisa da Consciência Cósmica. AUM é o vínculo transcendente entre o imaterial e o material; o poder que tem sua raiz entre o essencial e o ilusório. AUM é a representação de todos os poderes e de todas as funções primordiais, e, sob este aspecto, é Brahma, o Criador; Shiva, o Transformador, e Vishnú, o Conservador. Mas funciona em si e, de per si, como Neutro. A Trimûrti, que na Grécia foi simbolizada como a Tríada Pitagórica e no cristianismo gnóstico como a Santíssima Trindade, apenas os efeitos, as consequências e as transcendências do poder “neutro” ou do Centro Perfeito. Este poder neutro é o que os chineses denominavam o TAO, o incognoscível e inominável. É o fundamento primordial de toda a possibilidade, a essência do Infinito, o transcendente de toda a superação e ulterioridade. AUM é a síntese e a fórmula máxima da Sabedoria. Por isto mesmo nunca se procura explicar o que é. Outra forma de se referir a AUM é mediante a frase sânscrita OM TAT SAT que equivale a dizer: “É o que É”. Por esta razão, entre os iogues da Índia, esta designação de AUM é somente aplicada à própria Divindade, por ser ela, realmente, o som, o alento criador de que se valem as potências divinas para criar a vida e toda a realidade existente. 32

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Os Iogues mais adiantados das Escolas de Alta Consciência (Buddhi) dizem, com razões de sobra: “aqueles que saibam como pronunciar esta palavra sagrada estão aptos à utilização de ilimitados e inimagináveis poderes, conseguindo, dessa forma, a suprema liberação de toda influência cármica e de todo encadeamento no falso e enganoso oceano da vida” (Samsâra). OM TAT SAT é a designação do Absoluto, a essência primordial, o infinito per si, a busca de todos os sistemas de filosofia, a aspiração de todas as almas sinceras e que procuram encontrar e expressar todas as formas religiosas. OM TAT SAT, é o que É, e, para os iogues é a fórmula da suprema realização espiritual que se traduz por Sou o que Sou.

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AUM COMO FÓRMULA DO PRIMORDIAL

A

UM é O Supremo, O Primordial de toda a aspiração, O Fundamental de toda a possibilidade e O Transcendente de toda a ulterioridade. E é desta forma como o ignorante O pressente e o sábio O reverencia. A superstição em relação a AUM é sempre perdoável e tolerável, porém jamais o é o embuste, já que, como dissemos antes, isto seria o que os cristãos denominam “o pecado contra o Espírito Santo”. A fé no transcendente é a suprema convicção da Consciência, é a crença além da razão e da própria inteligência. Mas, para o sábio, AUM é a própria razão de ser da Verdade, ou seja, a Essência Superlativa. AUM não é o nome de Deus, nem o do Absoluto, nem representa de modo algum a Divindade. É simplesmente a fórmula sonora e sem som, formal e informal, externa e interna do Primordial, Aquele que está na raiz de toda manifestação possível. Deus, sendo o Absoluto, não é manifestável, e, portanto não pode ter nem nome nem forma particular, nem é concebível que tenha potência alguma, pelo mesmo fato de Ser Absoluto, a suprema expressão de toda a possível realização. AUM, portanto não é a fórmula sonora do Primordial em si, mas sim suas transposições, emanações ou derivações. Tampouco esta fórmula sonora representa os 34

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aspectos da manifestação lógica SAT-CHIT-ANANDA mencionada no Mandukya Upanishad, porém é sua fórmula característica no aspecto geométrico e matemático da Doutrina Secreta ou esotérica. Esta fórmula tem as seguintes proporções, relacionadas com o número 108: 1, ou seja, a UNIDADE omnímoda, universal, que no sentido místico é a experiência da Consciência Espiritual (Bodha) conhecida como “Pranava”. Em termos filosóficos e psicológicos é a soma total das expressões, ou seja, BUDHA. É Buddhi, o princípio vital em todas as suas implicações. 0, ou seja, o TODO omnicomponente universal que, na acepção mística, é a Grande Fraternidade Universal Branca ou a Sangha. 8, ou seja, a MULTIFORMIDADE do duplo quaternário mental (Manas), característica de todo o existente, que necessariamente está sujeito a modificações e transformações. É a variedade de todo o manifestado, ou melhor, dito, modalidade poliforme de manifestação do fundamental. É o DHARMA (DHAMMA) em todas as suas expressões, observado dentro da ótica da necessidade de superação da consciência. Todas as dimensões possíveis estão figuradas na cifra 108, fórmula sagrada da revelação esotérica, uma vez que expressa todo o saber e abarca todas as modalidades psicológicas desde o nascimento até o sucessivo crescimento e a consequente decomposição (108), ou seja, a fórmula mística da mágica Tétrada. 35 

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0 ÂTMÂ 1 BUDDHI

8 MANAS

Ou seja, a Essência Primordial ou Espírito Divino, a Consciência Universal ou Cósmica e a Inteligência imanente de toda a expressão vital. Considerada matematicamente, a fórmula AUM se reveste de maiores transcendências do que quaisquer palavras possam precisar. Vejamos agora suas relações cosmográficas em correspondência com o cosmogenésico: A é a Unidade essencial, o fundamento ou Tattwa de tudo quanto existe. É Anupâdaka1, Âdi2 e Âtmâ3. U representa a diversidade funcional, ou seja, Buddhi4. M expressa as transformações inatas regidas no fato por Manas5. Anupâdaka é, também, o Mundo dos Espíritos Virginais dos Rosa-cruzes e o Plano ou Mundo Monádico dos Teosofistas. 2 Âdi é, também, o Mundo de Deus dos Rosa-cruzes e o Plano Adi Mundo ou Divino dos Teosofistas. 3 Âtmâ é, também, o Mundo dos Espíritos Divinos dos Rosa-cruzes e o Plano Âtmico ou Espiritual dos Teosofistas. 4 Buddhi é o mundo do Espírito de Vida dos Rosa-cruzes e O Plano ou Mundo Intuicional dos Teosofistas. É o principio no qual se configura o que é conhecido como a Alma Universal pelos Teosofistas. 5 Manas é, também, o mundo do Espírito Humano ou do Pensamento dos Rosa-cruzes e o Plano ou Mundo mental dos Teosofistas. De acordo com 1

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O que antecede era simbolizado antigamente, nas grandes gestas místicas, na figura de Kalahansa ou o Cisne Sagrado que representava Brahma6 em toda a sua realidade e natural majestade universal e, desta forma, a letra A aparecia sobre a cabeça, a U ocupava o corpo e a M as duas asas, o que implicava e queria dizer que todas as forças naturais estavam sintetizadas na personalidade imanente de Brahma. Porém o número 0 pressupõe o fundamento primordial e ulterior de toda a realidade, origem e fundamento de tudo quanto existe. Entretanto o número 1 personifica a função essencial, imaterial e imanente, ou seja, a Consciência Criadora do Cosmo. Por outro lado, o número 8 colocado horizontalmente (∞) nos lembra imediatamente o infinito ou o princípio de eternidade que subjaz em toda forma existente, além de aludir às possibilidades infinitas reservadas a Manas, ou seja, a Inteligência raciocinadora e analítica do Universo. É também a fórmula matemática do homem perfeito ou cósmico. H. P. Blavatsky, Manas é literalmente “a mente”, faculdade mental que faz do homem um ser inteligente e moral e o distingue do bruto; é sinônimo de Mahat, ou seja, a Mente Universal (Brahma). 6 Brahmâ é o Criador masculino; existe periodicamente em sua manifestação (Movimento de RESPIRAÇÃO) ou Manvantara e depois desaparece quando em novo Pralaya (Movimento de ASPIRAÇÃO), se aniquila. É também o princípio criador do universo ou, em outras palavras, a personificação do poder criador. Em união com Vishnú (o poder conservador) e Shiva (o poder destruidor) forma a trindade hindu. Não confundir com Brahman, o Impessoal, Supremo e Incognoscível princípio do universo, de cuja essência tudo emana e para a qual tudo volta, O Absoluto. 37 

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AUM COMO FORMA ESOTÉRICA DE IAO

Â

tmâ representa, em nós, a função transcendental ou divina; Buddhi, a função da Consciência Criadora em inevitável atuação e, Manas, o mecanismo incessante das forças inferiores. AUM, portanto, resume toda a ciência conhecida e tem por finalidade formalizar, em função perene, todas as atividades possíveis da Energia Universal, graças a uma propugnação profunda que mova todo o ser para uma generosa propensão energética. AUM é, dessa forma, a arte de colocar, em ação, o vital, em todo o nosso ser. Pelo que esta fórmula significa e, também, pelo que provoca em nossa consideração quando sabemos algo de sua ação mágica, vemos que ela justifica o conhecido e famoso apotegma: “Os símbolos constituem uma invocação mágica aos princípios que representam, e toda lembrança dos mesmos é uma invocação de forças quando estão relacionados com princípios fundamentais”. Além disso, é correto quando se afirma que a imaginação pode ser mais importante que o conhecimento, pois, por seu intermédio, se pode atrair para si mesmo ou para outras pessoas forças superiores e invocar e ativar princípios para nós, às vezes, completamente desconhecidos. OM ou AUM é, a forma esotérica e transcendental 38

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de I A O, que figura na Década pitagórica como sendo o número 10. Como se sabe, 10 é, também, a forma simbólica de Jehovah ou Iod-Heva. O número 10 é também, por derivação esotérica, a síntese espiritual de todo Iniciado ou Nazar e, como tal, está relacionado a Budha ou Mercúrio no Oriente. Interpondo a letra A entre os dígitos que formam o número 10, temos I A O, ou seja a forma da Iniciação Espiritual ou do Fogo Primitivo (o Fogo de Ísis)1. Porém, as infinitas virtudes e os transcendentes poderes da fórmula I A O não residem nas vogais ou nos sons como tais, mas sim, exclusivamente, no sentido e significado que possui. Para os ignorantes em assuntos de Iniciação Superior, I A O é uma simples união de vogais sem consequências possíveis. A sílaba IO pode servir, assim, de fórmula do sentido impessoal da vida. Dizer “Eu Sou” é fazer uma afirmação completa e abrangente que traz resultados positivos, porquanto promove a enunciação de certas condições internas e facilita a substanciação das forças ou dos pensamentos que se geram ou se sustentam. Por isto a fórmula hermética ou Iogue “Eu Sou” pode ter imensas virtudes e atrair ou produzir efeitos sumamente maravilhosos. Porém, semelhante fórmula não deve, de modo algum, ser expressa por pessoas ainda envolvidas por pensamentos alheios a sua importância ou ignorantes, pois a única coisa que podem afirmar é sua própria limitação e seus graves defeitos. Agregue-se a isto que a simples adoção 1

Libido. 39 

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da fórmula “Eu Sou” não implica necessariamente uma identificação com IO, nem tampouco pressupõe a ação em harmônico conjunto com I A O ou AUM; meramente implica numa autossugestão, numa crença e, ocasionalmente, numa visão ou fantasia, mas nunca na realidade em si do que é invocado. Por conseguinte, tal afirmação não invoca nada nem promove nada, a não ser uma exaltação das deficiências e necessidades próprias dos que procedem de forma tão leviana e sem o enaltecimento prévio. I A O é idêntico a AUM, com uma única pequena diferença: AUM é de caráter solar ou mercurial na simbologia filosófica e esotérica, enquanto que I A O corresponde ao Deus Lunus andrógino. Não é mister deter-se aqui na consideração dos possíveis valores filosóficos destas letras, posto que seus sons não possuem nenhuma importância para nós; em troca, o que representam como símbolos, tem profunda significação como meio invocador de verdades transcendentais na intimidade subliminal de nosso ser. Por isso, o pronunciar estas letras não constitui para nós nenhuma ciência, mas sim, o saber adaptá-las as nossas funções internas por meio da adequada atitude mental e o impulso criador da Consciência. Nas antigas Iniciações, I A O e AUM tinham um lugar predominante em certas circunstâncias, e os Iniciados deviam dar provas de suas capacidades e aptidões pronunciando corretamente tais mantras. Hoje em dia, entretanto, qualquer pessoa faz alarde de possuir, como Graça especial concedida por Deus, as chamadas “ciências secretas” e se faz reconhecer, 40

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com sumo desembaraço, no direito de falar com a própria divindade, não obstante o fato de que não pode demonstrar possuir qualquer tipo de poder e que, também, não apresenta em seu caráter, virtudes próprias, além de não conseguir compreender os verdadeiros mistérios, os quais apenas conhece de maneira intelectual e em fórmulas inócuas e fúteis. OM é a equivalência fonética ou sonora de AUM, e abarca toda a escala de sons simples ou radicais expressos nas vogais do alfabeto sânscrito, das quais a letra A, a letra U e a letra M são as vogais sintéticas, que representam os Tattwas básicos, ou seja, suas vibrações características. Daí a importância significativa do som que, por sua vez, é a base de determinadas cores, de certas formas e de determinadas forças. Isto somente pode ser compreendido de forma completa e perfeita pelo sábio dedicado aos avançados estudos da consciência, ou seja, os Arhats e os Bodhisattvas. Nem a função intelectiva (Manas) nem muito menos, as vivências instintivas (consciência metafísica) permitem compreender os significativos aspectos no qual se ocupa agora a nossa atenção. Daí que AUM sintetize toda sapiência e seja, ao mesmo tempo, a chave de todos os mistérios e a solução daquilo que no Tibete se designa mediante a misteriosa fórmula: OM MANIPADMEHUM HRI, que depois analisaremos, com prazer, para benefício de nossos leitores. Devidamente pronunciada, a palavra sagrada AUM estimula os elementos íntimos componentes da natureza humana. E, quando se consegue realizar profundamente seu significado, como chegamos a 41 

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expor no que até agora foi dito no presente livro, é um poderosíssimo coadjuvante no despertar da consciência no ser humano, isto é, ajuda o funcionamento do Princípio Fundamental (Buddhi), em nossa mente; aquilo que em filosofia transcendental denominamos “consciência” ou “consciência mística”, em oposição à consciência mental ou cognoscitiva que definimos simplesmente como “consciência metafísica”. Esta última expressão de AUM corresponde exclusivamente ao Arhat, ao verdadeiramente sábio. Ele sabe, por Iniciação2, como conseguir esta super-realização. Porém, aquela outra expressão (a “consciência metafísica”), a que estimula os “centros de poder” ou Chakras no ser humano e seus potenciais, ou seja, os princípios vitais ou Tattwas, é a única que corresponde aos profanos e aqueles que, por limitada Iniciação, estão sujeitos ainda a rigorosas restrições.

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A Iniciação realizada nos Reinos Internos da Natureza. 42

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AUM COMO FORÇA EM AÇÃO

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UM significa tanto, tantas, e tão transcendentes coisas que, se o pronunciamos indevidamente, podemos evocar, em resposta, tremendos poderes, os quais podem causar incalculáveis desavenças e misérias. Por isso não se deve pronunciar esta fórmula mágica em estado de cólera ou com finalidades puramente egoístas, nem tampouco quando nos sentimos possuídos de impulsos instintivos grosseiros e indignos. Estes procedimentos desencadeariam consequências terríveis e fatídicas. A maioria das pessoas não percebe este importante fato e pronuncia estas palavras de significação sagrada em qualquer circunstância, sem tom e sem som, provocando assim, ignorantemente, escapes de tremendas forças que, não encontrando nelas veículos adequados de expressão, redemoinham dentro e fora do indivíduo, criando nele confusão e caos e predispondo-o assim, para toda a classe de misérias que, inexoravelmente, não deixam de tomar corpo nele. Ao evocar estas forças ingentes, extraímolas de nossa própria Consciência e do ambiente suprassensível, místico, do universo. Quando se pronuncia uma maldição contra alguém ou alguma coisa, o autor ou maledicente se sente como veículo de forças superiores que cumprem uma missão; sente-se 43 

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possuidor e possuído de certos poderes ameaçadores de extraordinária efetividade. O supersticioso crê, então, que obra em nome dos mais santos desígnios, e da própria divindade. Por isso as maldições sempre se realizam, e somente são próprias e dignas unicamente de indivíduos de mente primitiva e plena de paixões inferiores. As forças superiores não devem nem podem ser utilizadas para motivos inferiores; neste caso ocasionam atos criminosos, porquanto se recorre a poderes de que as vítimas não suspeitam ou não esperam que atuem contra elas. Não é outro o motivo pelo qual nas antigas escrituras sagradas se vedasse completamente o uso do nome de Deus em vão. Por isso mesmo os Mistérios Sagrados sempre foram reservados no que diz respeito à sua administração àqueles indivíduos de comprovada retidão e probidade e de especial preparação mística. Os “sacramentos” nada mais são do que meios de empregar as forças superiores mediante a invocação da divindade. Desta maneira se toma a própria divindade como testemunho do que se faz. Se o Oficiante é sincero, estas forças atuarão, não importa que se as evoque por motivos perversos ou indigno. O que sucede é que estas forças têm sua raiz no mais profundo de nosso ser e, em sentido místico em todas as coisas, e qualquer evocação, embora seja de forma ignorante, elas são “energizadas” ou colocadas em ação. Somente quando estivermos nas melhores disposições mentais devemos nos entregar a meditação e a evocação das forças superiores (Buddhi), a Consciência Cósmica inerente ao Espírito Santo. Desta maneira se consegue 44

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os maiores poderes da vida. Quando aprendermos a dispor nossa mente para que sirva de veículo adequado às forças que pretendemos colocar em ação, poderemos, com certeza, obrar edificantemente e conseguir operar verdadeiros milagres, isto é, fatos notáveis que a natureza demoraria séculos, idades ou éons para realizar de forma semelhante. Normalmente se requer muita circunspecção e uma sinceridade à prova do menor desvio para propósitos negativos ou destruidores e, ainda, uma devoção incondicional, para poder dedicar-se ao domínio do infinito como o pressupõe as práticas da Alta Magia com o uso dos Tattwas e da fórmula AUM. Mas, ai daquele que, acreditando-se com direitos, se arroga prerrogativas não merecidas e, assim, faz uso indevido de AUM!Não recomendamos a ninguém recorrer a estes transcendentais meios se não cursou previamente os elementos fundamentais desta Ciência Secreta. E acrescentamos ainda: antes de cometer desatinos com as forças superiores, é mil vezes preferível ignorá-las, pois elas estão latentes em todo ser vivente e se avivam e despertam tão logo se as evoca por meio de uma fórmula mágica. AUM é a mais transcendente de todas as fórmulas mágicas, porém os rituais de Alta Magia e os Sacramentos Religiosos e, também, as evocações simbólicas das escolas gnósticas são poderosos motivos que criam canais para essas forças superlativas. Na verdade, qualquer atitude mental resoluta, profunda e definitiva serve igualmente de canal, pois se consegue com ela excitar forças antes adormecidas ou que 45 

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simplesmente esperavam um empurrão ou um veículo adequado para expressar-se. Devemos ter muito cuidado com nossos estados mentais, sobretudo quando se caracterizam por profundas funções da consciência. As resultantes podem ser extraordinárias e grandiosas se os motivos são edificantes e dignos; daninhas se são negativos, pois os motivos denegridores e deprimentes ou, ainda, baseados em falsidades ou apreciações errôneas, determinarão consequências prejudiciais e destruidoras, dando origem a condições ignominiosas e a misérias sem conta, tanto para as pessoas a quem vão dirigidas como para quem as promove. É óbvio que existe uma base moral de caráter “natural” na função inteligente das forças da natureza, as quais não podem ser manejadas impunemente. Mas quando as colocamos em ação, com sentido edificante, elas se constituem em fontes de inefável felicidade. Nisto se baseia todos os mistérios dos tão decantados “poderes mentais”, pois tudo se reduz a utilização consciente das forças da natureza pelo mero funcionamento das faculdades que constituem a engrenagem da inteligência, e cujo bom manuseio se circunscreve a uma técnica em concordância com os desígnios da Natureza Universal. O pensamento harmonioso que tem seu fundamento em noções enaltecedoras e se assenta em princípios fidedignos é edificante por si mesmo, tanto para quem o alenta como para os que o recebem ou recolhem. A maioria dos acontecimentos da vida se baseia em tais funções, mas não chegamos a nos dar conta 46

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disto porque nunca nos detemos em pensar com suficiente atenção em sua natureza e, por conseguinte, não chegamos a compreender quais são suas verdadeiras causas. Atribuímos tudo ao “acaso” e à “sorte”, palavras que ninguém sabe definir com exatidão ou, então, há um “Deus” que dispõe tudo de acordo com razões inescrutáveis; em outros casos, imputamos a esses acontecimentos “de motivos inexplicáveis”, o que não passa de cômodo subterfúgio de nossa fantasia para desculpar nossa própria ignorância ou justificar nossa vaidade e deficiências em relação ao que está acontecendo.

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A PROVIDÊNCIA

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vida se desenvolve velozmente, independente de nossas previsões ou de nossa insensatez, e isto faz com que a consideremos como algo indefinível e imprevisível; geralmente desfere golpes repentinos, cuja origem desconhecemos. Porém, um atento exame, corroborado pela experiência, nos faz ver que a vida nada mais é, em cada caso individual, do que o disposto pela própria mente, ou seja, assim como pensamos, assim somos e vivemos. Pensar é ser e é viver! Todo pensamento definido, claramente exposto e suficientemente sustentado, cedo ou tarde se converte numa brilhante verdade. Nisto não existe outra coisa além da magia do jogo funcional que constitui a coordenação das forças mentais. Em que consiste então a Providência, essa benévola cornucópia, eterna e sobrenatural, que tanto seduz a fantasia dos estultos e “pobres” de espírito? Do nosso ponto de vista1, a noção e conceito da Providência não é mais que um recurso para subornar a credulidade humana, pois nos afaga sobremaneira utilizando para isto lugares e criaturas fantásticos; se fossem verdadeiros, teriam realizados nossos mais queridos anseios e os nossos mais acariciados sonhos. Assim sendo, a pessoa desperta e de grande Aqui se trata da opinião pessoal do autor do livro e seu entendimento pessoal deve ser submetido a razão e avaliação de cada estudante.

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imaginação, versada em cosmologia e animada pelo desejo de satisfazer sua mais clamorosa sede de justiça, na qual se sentem viver os iludidos com suas ânsias irrealizáveis, teria a feliz oportunidade de idear um ser onipotente de suma mercê, que se compadeceria de todos os infelizes e os proveria abundantemente, em um certo momento, de tudo quanto os homens necessitam para viver folgadamente em eterna comunhão com a divindade suprema, em plena felicidade. No decorrer dos tempos, esta fantasia teve a virtude de manter a “esperança” de milhares de pessoas, às vezes com resultados realmente profícuos, pois tem sido fonte de verdadeiras conquistas e conseguiu que, por causa dessa mesma fé, os homens tivessem valor para persistir em seus esforços frente as mais variadas adversidades. Mas, por outro lado, à sombra de tais noções, muitos que nunca acreditaram no que predicam, souberam tirar proveito da ignorância e paciência de suas próprias vítimas que, por certo, foram a “providência” para aqueles aos quais proporcionaram bem estar material, ou seja, aos quais eles elegeram como “guias” e “condutores”. Estes têm sido os erros próprios da ignorância e malignidade humanas, e não nos devemos deter muito neles, senão, unicamente o necessário para particularizá-los, pois nosso propósito não é meramente criticar e encontrar falhas nas crenças alheias, mas sim, ir atrás de realizações e em busca da verdade. Para nós, pois, a providência é a própria capacidade da função mental de produzir efeitos consequentes com seus esforços, isto é, conseguintes às causas 49 

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promovidas. Tal pensamento, produz tal realidade; aquele pensamento aquela outra manifestação. Dito de outra maneira, tudo na vida se reduz a pensamentos, em maior ou menor quantidade, que cobram atualidade e extensão, e se cristalizam em forma de realidades. Não existe uma “potência provedora” sobrenatural, quer se chame “Deus”, “providência” ou “graça”. Em nenhum reino da natureza universal encontraremos uma conta corrente bancária contra a qual possamos sacar, nem “dispensário” algum que nos abasteça gratuitamente do que necessitamos. Se existisse tal poder, com tais atribuições, ou coisa parecida, não seria achado a não ser nos foros íntimos de nosso próprio ser. Queremos com isto dizer que “a fonte provedora” é nossa função mental, ou então, que o pensamento é quem provoca todas as possibilidades. O restante ocorre como por acréscimo. Porém em tudo isto não existe nada de misterioso, como nos contos de fadas ou dentro da ótica teológica. O pensamento é a atividade ou função da energia mental. Sendo assim, a atitude faz o pensamento ter determinado “valor”. Se o pensamento é profundo, intenso e insistente, pode fazer com que os Tattwas se atualizem. Então manifesta-se criador. Se, por outro lado não chega a tanto, pode ser qualificado de meramente edificante. Se seu caráter é simples, débil, sem transcendência, ou melhor, negativo, as consequências são correspondentemente insignificantes ou destruidoras. Daí se estabelece que o caráter de nosso pensamento determina a importância de nossa vida e a valia de nossos atos. Em outras palavras, o 50

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pensamento constitui a tônica de nossa vida. Quanto mais transcendente é o pensamento, mais criador e cheio de benefícios resulta. Por isso mesmo quando alguém consegue uma determinada conquista de significação filosófica ou mística, se exclama em louvor: “mais força para ti!” Efetivamente, quanto mais exato, intenso e insistente é nosso pensamento, mais criador se faz. Sua própria consumação, como função mental, produz novos estados de consciência, provoca novas realizações e esplendentes visões, aumenta o horizonte de nossas percepções e, por último, nos engrandece. Verdadeiramente o pensamento “engrandece”. Em primeira instância, eleva o caráter, dá firmeza aos nossos sentidos, estabelece normas enaltecedoras e, por fim, esclarece os diversos problemas da vida. Tudo isto é um milagre ainda mais maravilhoso que “caminhar sobre as águas”, “deter a marcha do sol”, “separar as águas do mar”, “converter a água em vinho” ou fazer com que um vil metal se transforme em reluzente ouro, considerando que tudo isto seja realmente factível. Se conseguirmos transformar nossos desejos e impulsos, nossos pensamentos e sentimentos, ou nossas emoções e imaginações em vontade, podemos ter a certeza de que realmente conseguimos efetuar o mais significativo de todos os milagres, a mais maravilhosa obra de “transmutação” de que nos possamos vangloriar; a vontade é, todavia, mais valiosa, por ser real e efetiva. Uma vez conseguido isto, já não existe “impossibilidades” no curso da existência. 51 

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Não esqueçamos, porém, que a “possibilidade” não é senão a soma de todas as efetivas realizações accessíveis à inteligência, dentro do infinito. Com isto não queremos dizer que o infinito se diversifique, mas, sim, que assume múltiplas formas de aparência em suas qualidades reflexas. Não é que o infinito se manifeste, pois não poderia fazê-lo sem deixar de sêlo. Só o “finito” é manifestável. Mas, no manifestado, percebe-se o fundamental e o eterno que subjaz em tudo, como característica inconfundível do “infinito”; a isto chamamos “valor”. As “possibilidades”, portanto, são infinitas na mesma proporção em que existem ocasiões ou oportunidades de expressarem-se nas mais diversas formas. A inteligência é a capacidade que temos de conseguir oportunidades de expressão variável e diversa no infinito e, igualmente, de compreender suas possibilidades. A inteligência colocada como contribuição em prol de aspirações edificantes ou motivos nobres, contribui para o desabrochar da consciência metafísica, ampliando o campo de ação da mente. Esta função, em suas fases e aspectos superiores, constitui um contato com a Consciência Universal ou Cósmica (Tathagathata), a qual já convencionamos chamar Consciência Mística. Por conseguinte, é óbvio que as possibilidades têm suas “raízes” no próprio ser, em nós mesmos, e não no infinito, ou em outras palavras e com mais exatidão, têm suas “raízes” precisamente em nossos processos de expansão e em nossos estados e condições de consciência metafísica. Deve-se agregar a 52

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isto que a condensação do pensamento, ou seja, o torná-lo mais denso, que é uma precipitação de energia, tem a virtude de modificar os estados e as condições de consciência metafísica ou cognoscitividade e, portanto, criar oportunidade de expressão para maiores possibilidades. Não existe, portanto, outra Providência que não seja o produto de nossos contatos ou comunhão com a Consciência Universal. Os pensamentos criam as oportunidades e as possibilidades surgem do seio do Infinito2. Quanto maiores sejam os motivos de nosso interesse mental, mais tensos e precisos serão os pensamentos, ou seja, nossas funções energéticas e biopsicofisiológicas3.

Consulte-se, para uma melhor compreensão deste assunto, a obra “A Sugestão Criadora”, do mesmo Autor. 3 A obra “Os Fundamentos da Vida”, também do mesmo autor, esclarece melhor o processo das funções mentais energéticas. 2

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A REALIZAÇÃO MÍSTICA

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odo o misticismo se reduz à exclusiva e única condição de saber viver de acordo com os motivos mais significativos, ou seja, conquistar a experiência das “vivências” mais transcendente da Consciência, as quais são os verdadeiros imperativos vitais de nossa Seidade. O misticismo caminha para a mais íntima e completa comunhão entre o indivíduo e a Unidade indiferenciável, isto é, entre o complexo e o essencial, entre o múltiplo e composto e o infinito. O procedimento é sempre o mesmo: treinar e adestrar o pensamento ou a função mental, com sentido superativo, até conseguir seu completo controle, harmonia e serenidade, condições imprescindíveis para conquistar a ansiada liberação espiritual, que não é outra coisa senão a emancipação de toda a submissão e a livre função da Consciência Universal no ser humano. A meditação constitui uma fórmula adequada para tal conquista, uma vez que se tenha passado pelos exercícios de “domínio pessoal”. É preciso ter sempre presente que tudo na vida se reduz a condições e funções. As condições negativas não podem ser edificantes e nem criadoras. As funções passivas tampouco podem ser fontes de perfeição e felicidade. A meditação consiste precisamente na função 54

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harmoniosa das forças componentes da mente. Sendo assim, as funções superiores da mente têm a virtude de colocar em ação e atualizar os princípios fundamentais: AUM. Daí que as faculdades superiores do ser, como são a Consciência e os Sentimentos, constituem algo parecido a um santuário íntimo e inviolável. Isto é o que faz com que as práticas hipnóticas, por exemplo, não consigam afetar a esse reduto recôndito e sagrado do indivíduo. Porém, em algumas aparentes mesquinhezes da vida como a falsidade, a malevolência e a ingratidão, temos grandes inimigos de nossa própria harmonia mental e de nossa felicidade individual. Estas condições são de caráter negativo e, portanto, destruidoras. Rompem a harmonia da função mental, percebamos isto ou não, e anulam toda a possibilidade de contato com a Mente e a Consciência Universal ou Cósmica. É necessário ter por norma ultimar cada propósito com decisão firme e definitiva. Nunca se deve retroceder ante as dificuldades da vida, que são consequência natural de todo o esforço e que vêm a ser como o atrito ou choque com a realidade existente que se pretende modificar. Nenhuma decisão deve permanecer sem plena realização, isto é, não devemos ceder ante as dificuldades da vida até que tenhamos conquistado os nossos propósitos ou os objetivos perseguidos e que constituem a nossa decisão. Esse mesmo esforço põe em ação nossas forças mais íntimas e acentua a função mental e, ao mesmo tempo que “provoca” possibilidades, fortifica o caráter e melhora a têmpera de nossas energias. 55 

AUM

Daí as rigorosas disciplinas impostas nos santuários espirituais e nos seminários religiosos de todas as denominações doutrinárias. Toda promessa deve ser cumprida fielmente, pois o desfalecer e o aminorar-se ante as provas da vida nos põem em choque com a realidade e com nossos próprios objetivos, cada vez mais inacessíveis, à medida que nos acovardamos ante os obstáculos e nos convertemos em enfermos do caráter. Ser débil de vontade é sempre uma culpa que se paga muito caro. Todo propósito livremente contraído e sinceramente definido deve ser levado até a sua completa realização ou objetivo, pois, do contrário, vai contra a majestade da Consciência, de acordo com a qual devemos viver constantemente. É grande falta de caráter viver de acordo com as circunstâncias, isto é segundo as conveniências, à medida que elas vão acontecendo. Viver assim é próprio de cata-ventos que se orientam segundo seja a direção do vento ou da força impulsora. Isto significa viver à margem dos ditames da Consciência e em completo divórcio com os motivos fundamentais da realidade. Isto é a causa pela qual as pessoas sofrem frequentemente sem saber por quê; não percebem que são meros organismos vivendo superficialmente, segundo as circunstâncias, impulsionadas por forças externas; a única coisa que lhes é própria são seus propósitos puramente egoístas. Semelhantes indivíduos não podem nem merecem desfrutar dos benefícios transcendentes das esferas místicas da vida ou, o que é a mesma coisa, dos planos superiores. 56

AUM

A profunda experiência da Consciência expressiva de AUM no ser humano, fonte de realizações superlativas, genuinamente místicas, se chama em filosofia fundamental “Pranava”1. Sendo assim, Pranava se consegue pela realização que dimana da meditação. Porém também se consegue por meio do mantra, isto é mediante a palavra de poder, ou seja, AUM. Existe uma infinidade de mantras. Todas as orações foram calcadas nesta forma de condicionamento da mente e do contato dela com a Consciência Cósmica. Na próxima lição, trataremos de fundamentalizar ainda mais o que é AUM como mantra criador.

1

Pranava (Sânscrito) é uma palavra sagrada, equivalente a AUM. 57 

AUM

AUM O PODER CRIADOR

A

UM é a soma de todos os Tattwas em função criadora ou expressiva do infinito.

AUM é a realidade fundamental do macrocosmos, cujo ritmo determina a Seidade. AUM é o equilíbrio de todas as forças e de todas as funções. AUM é a essência em si. Por isso representa a Trimûrti Divina ou Tríada Pitagórica nos mitos primitivos. AUM é a pedra de toque e também a finalidade ulterior de toda a ciência da vida. Assim a ioga considera, como mágico, o sinal que a representa e seu som, como primordial, em toda realização de caráter místico. AUM vive no sábio. O ignorante pressente AUM; por isso acredita implícita e cegamente em seus poderes e no ilimitado de suas possibilidades. AUM é o sentido transcendente da vida, a fonte de todas as possibilidades e o poder criador por excelência da Consciência que o realize. AUM deve ser uma “vivência” da Consciência. Não basta que a boca repita os sons correspondentes às letras. A verdade é que a melhor pronúncia de AUM é a Voz do Silêncio dos Mestres de Sabedoria ou, melhor dito, é a Voz Silenciosa da Consciência. AUM, nas funções maravilhosas determinadoras 58

AUM

dos mais altos desígnios da existência é a Voz Mística que guia o religioso no deserto da vida, a Voz Mágica que alenta o apóstolo nos seus transes críticos e, também, a que inspira o gênio em meio de suas dificuldades. AUM é o verbo criador que tudo determina; é a “palavra” que foi antes que tudo fosse no empório da natureza. Porém é necessário realizá-lo intimamente, vivê-lo plenamente no mais sagrado e seguro de nosso ser, na Consciência que não é nossa e, sim Universal. Poder pronunciar AUM é saber vivê-lo e experimentá-lo. Sobressair na prática mística de pronunciar AUM, vivê-lo e permitir que se expresse em nós, equivale a falar com a Divindade e, em casos extremos, é estar em condição mental afim com a própria Consciência Universal em sua gloriosa plenitude. Quando AUM é pronunciado devidamente, Deus se expressa através de nós. Quando alguém realiza algo de extraordinário e provoca uma maravilha taumatúrgica ou ainda opera um “milagre”, que nada é além de um fenômeno do qual não se conhecem todos os processos energéticos funcionais e criadores, é costume que se diga comumente e de maneira formal: “Mais poder para ti!”. Esta expressão é significativa, pois alude à natureza divina, fonte do que foi realizado, e isto implica comunhão do taumaturgo com a divindade, ou seja, com AUM. Os crentes, partidários da “fé” a todo transe, têm uma afirmação que é a mais expressiva no que se relaciona com a transcendência dos poderes, a raiz de 59 

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todas as formas de vida, poderes estes que são fontes de possibilidades: “aquele que crê nunca perece”. Os evangelhos cristãos estão cheios de referências a Jesus, o Cristo; acreditar nele é sinal de imortalidade e de merecimento das supremas beatitudes, ou seja, a felicidade eterna no céu. Encontramos idênticas alusões tanto nos Vedas como no Tao Te King, o evangelho chinês. O aspecto da “fé”, inato em todo ser de inteligência superior, especialmente no homem, se refere ao poder criador supremo, a AUM, essência de toda a realidade fundamental. Se cremos em Deus, em AUM, é porque já o conhecemos. Daí a célebre frase do apóstolo Paulo de Tarso: “Não Te buscaria, meu Deus, se já não Te conhecesse”, ou de Santa Tereza de Jesus: “Vivo, Senhor, porque Tu Vives em mim”. Esta implícita e categórica confiança é inata. É o impulso vital e pugna com ardores místicos para dar-se a conhecer pela mente do homem e, quando se o reconhece plenamente, descobre-se que é precisamente Aquele que vive em nós mais além de nossas vulgares e néscias vaidades humanas e acima e apesar de todos os incidentes da vida. AUM resume todas as forças sutis da Natureza. Aquele que está em condição de manejá-las é um sábio, um adepto. Porém, quando se preocupa em conseguir benefícios através de suas expressões, mediantes práticas mentais como a mediunidade, a passividade mental e a psicopatologia, sem a prévia preparação indispensável, incorrerá em um grande erro, classificado como magia negra e cujos resultados 60

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são, invariavelmente, a demência, o desequilíbrio nervoso, ânsias inextinguíveis, paixões violentas, luxúria e, por último, a exaltação de noções e objetivos da mais reprovável índole. Este diagnóstico é comum entre os indivíduos que se entregam incautamente às práticas mediúnicas, aos fenômenos do hipnotismo e aos rituais e cerimônias de alta magia cujos fundamentos ignoram por completo. Não nos cansaremos nunca de advertir aos impacientes que anseiam pelo domínio místico e se desesperam para experimentar os poderes supremos, que se lançar nestas sendas sem a devida preparação e a ajuda de um verdadeiro guia, como o é um mestre de sabedoria ou alguém devidamente qualificado para tais experiências, jamais traz consequências saudáveis. A prudência aconselha: não se deve brincar com forças que não se conhece, nem entregar-se a fenômenos ou práticas cujos resultados não se está em condições de controlar. Tenha-se também presente que as forças não controladas pela mente em plena consciência jamais trarão benefícios para o indivíduo. Aqueles que fazem caso omisso destas advertências invariavelmente terminam na idiotia, sentem compulsivos desejos de suicídio ou se tornam possuidores de poderes pessoais, de caráter astral ou hipnótico; sempre conduzem o indivíduo ou as suas vítimas para torpezas extremas e aos acidentes cármicos mais terríveis e inesperados.

61 

AUM

AUM A CIÊNCIA DO SILÊNCIO

O

silêncio é a intimidade do verbo criador. Todo o Universo é um grande silêncio, porque a Consciência Cósmica não faz alarde de suas transcendências mediante o ruído. Tudo o que é grandioso se forja no silêncio, e a meditação, exercício dos poderes máximos do ser humano, se realiza em pleno silêncio. O Pranava se verifica no maior recolhimento, mediante a pronúncia dos mantras com toda a intensidade da mente e pondo em ação toda a capacidade energética de nosso ser. O mantra é fórmula de poder e não um simples som. Os sons significam pouco por si mesmos na relação dos acontecimentos da vida manifestada, pois são simples vibrações que chegam a ferir nosso sentido auditivo. O mantra é mais que ação da pronúncia da palavra sagrada, pois mediante o mantra todo nosso ser se pronuncia num determinado sentido, porém em perfeita concordância com as forças superiores. Entretanto é impossível pronunciar corretamente o mantra se nossa consciência não está bastante desperta, pois é ela quem provoca os fluxos das forças universais em nós, ao mesmo tempo que as transmuta. O mantra é em si toda uma operação de alquimia, pois ao pronunciá-lo se atinge, de determinada forma, os centros de força ou Chakras, transmutando neles as 62

AUM

forças Cósmicas ou Universais em energia fisiológica, psíquica e também ainda física. Os Chakras, na realidade expressados no plano físico pelas glândulas endócrinas; não são outras coisas senão dínamos biogenéticos, onde se transmutam as forças que chegam ao ser e se estas forças são devidamente controladas pela mente e saturadas de propósitos sublimadores da Consciência, podemos dizer que somos verdadeiros Iniciados. É óbvio, pois, que o uso dos mantras não é nem pode ser patrimônio do simples Iniciando. Não é suficiente pronunciar vocalmente os mantras. É preciso vivê-los, fazer com que a mente, o corpo criador do ser humano, se pronuncie em sentido alquímico. Por isso a mente é sempre a primeira a receber os benefícios dos mantras. Ela se vale das emanações da Consciência, da qual é o corpo. A mente coloca em ação os Tattwas ou princípios vitais, se está bem dirigida pela Consciência. Mas, é esta, ou seja, a Consciência, a que dá, aos mantras, toda sua transcendental efetividade. Não damos aqui, propositalmente, a verdadeira chave do Pranava ou do uso dos mantras, a fim de impedir a utilização inadequada ou indevida deles por pessoas inescrupulosas ou sem a preparação iniciática adequada. Porém o Pranava pode ser praticado individualmente ou em núcleos coletivos e quando é realizado devidamente proporciona sempre resultados e condições extraordinários. 63 

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E tenha-se sempre presente que não se trata de uma entonação ou cântico, mas sim, de uma atitude mental, em silêncio, destinada a afetar certos centros de forças, chacras ou glândulas endócrinas. Daí que a ação da pronúncia seja “abafada” e seja precisamente silenciosa.

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AUM

AUM A FÓRMULA DO PODER

A

fórmula máxima de poder não consiste na suprema exaltação das paixões, nem tampouco reside em um esforço extremo de nossas possibilidades físicas e mentais. O verdadeiro poder sempre é inarticulado. É pronunciado com simplicidade e sem complicações. É melhor uma autoridade natural do que uma resistência contra as forças circunstantes. Por isso é que ninguém deve colocar-se em antagonismo com a realidade procurando impor-se de todas as formas, custe o que custar. Com muito mais facilidade se consegue triunfar sobre as circunstâncias da vida e vencer as vicissitudes emergentes quando se sabe assumir uma atitude paciente. Não se deve crer que isto é submissão ou tolerância, pois se trata de resistência interna aos imperativos externos ou circunstanciais. A arte de vencer nas dificuldades da vida se reduz, portanto a assumir uma atitude sábia. Deve-se atuar no devido momento, porém, também é preciso saber “amadurecer as situações”, mediante um pensar purificado e uma atitude mental edificante. Em outras palavras, é preciso fazer com que a mente controle e modele as circunstâncias da vida, o que se consegue por meio da meditação e do pensamento correto. Nenhuma força física é superior a mental, pois 65 

AUM

esta tende a cristalizar a realidade do pensamento e, cedo ou tarde, porém indefectivelmente, chega a converter-se em realidade positiva, em fatos objetivos. Daí a importância incomparável da vida mental e da necessidade dos estudantes e dedicar a laborar mentalmente tudo aquilo que aspire e quer realizar no plano material ou objetivo. Dessa forma, AUM, o poder supremo, deve ser compreendido e realizado conscientemente. Além disso, esta palavra deve ser entendida como a soma total dos Tattwas, a síntese vital de toda realidade.

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OM MANI PADME HUM EXPRESSÃO DAS POSSIBILIDADES DO INFINITO

AUM

O QUE É OM MANI PADME HUM Cem vezes OM MANI PADME HUM, mil vezes num único fôlego OM MANI PADME HUM demonstra o que é OM de per si. Dayananda OM.

A

expressão OM MANI PADME HUM não constitui uma oração ou uma ladainha. Na verdade é a fórmula das condições e dos estados de Consciência mística no indivíduo de realizações superiores, isto é, no Adepto. A fórmula OM MANI PADME HUM é muito mais simplesmente explícita e ampla que AUM. Representa a combinação das possibilidades dos Tattwas e suas correspondências, ou as formas de atualização entre o microcosmos e o macrocosmos, ou seja, entre os planos inferiores e os superiores da natureza. Acreditou-se que OM MANI PADME HUM constituísse uma invocação. É verdade que entre os Lamas do Tibete esta fórmula é empregada desta maneira ou em tal sentido. Porém, em tal caso, resulta numa mera fórmula tântrica, exotérica, de caráter puramente eventual, já que, então, coloca em jogo forças de simples natureza astral. Estas práticas não são recomendáveis, pois, por causa de seu caráter negativo, rompem e desafinam a harmonia funcional da mente. OM MANI PADME HUM é a expressão das pos68

AUM

sibilidades do infinito, e por isto é que nos Santuários Esotéricos, figura como fórmula total e perfeita da existência e como teorema místico máximo da música e da geometria ocultista, podemos dizer transcendentalista ou esotérica. Tem por representação pictórica uma roda com doze raios, simbolizando, por sua vez, a Roda da Vida na qual se alude aos processos determinadores das diversas formas de vida. O Adepto, que é um Anagarika ou Alma Universal plenamente realizado, proclama sua máxima realidade, a essência fundamental e transcendente de seu Ser, mediante a fórmula mística OM MANI PADME HUM, embora para ele, esta não é uma frase balbuciada, mas sim, uma exalação do íntimo que expressa a soma das vivências excelsas da Consciência. Contudo o Adepto é, em primeiro lugar um Anagarika, um ser em completa harmonia com a Mente Universal, cujas realizações levam o rítmico compasso dos transcendentes princípios vitais1 enunciados pela Filosofia Fundamental. Aquele que não é um Anagarika não saberia compreender a significação da fórmula OM MANI PADME HUM, pois tal compreensão não se consegue por meio da análise intelectual, por silogismos ou fórmulas algébricas, mas graças a disposições íntimas de excelsa conscientização. Daí que somente os Adeptos possuem a chave e o segredo dessa fórmula mágica, cujos resultados excedem de tudo quanto maravilhoso se possa imaginar. A fórmula OM MANI PADME HUM, devidamente 1

Os Tattwas. 69 

AUM

pronunciada expressa toda a gama das realizações da Consciência, sendo, além disso, a fórmula sonora e completa do transe criador. Por isto é empregada para designar a divindade em suas funções excelsas. Pela mesma razão esta fórmula é considerada a síntese numérica de todas as possibilidades matemáticas, incluindo nisso, naturalmente as geométricas. O número mágico de AUM é 102, número com o qual se designa o Universal e Infinito. OM MANI PADME HUM tem por número 214, a soma total de todas as possibilidades funcionais nos planos de manifestação, em termos psicológicos. Toda soma superior a 214 equivaleria à Seidade nos planos do imanifestado, isto é no Nirvânico3. Nestas matemáticas místicas, o número constitui uma potestade física, psíquica, biológica ou espiritual. OM MANI PADME HUM refere-se à indissolúvel união do homem com o Universo, interpretada de 7 módulos distintos, com a possibilidade de 7 diferentes aplicações a outros tantos planos de pensamento e ação. Mais adiante nos referiremos a sétima aplicação desta frase mística. O número 10 também representa o Andrógino Perfeito, sendo, o 1, o Princípio Criador (o falo)e, o 0, a Natureza (o útero). 3 Nirvana, é a denominação do que seria o estado de Existência e de Consciência absoluto, no qual, o Ego do homem que durante a vida chegou ao mais alto grau de perfeição e santidade penetra, depois da morte do corpo físico, com a extinção definitiva deste. Tem também o sentido de absorção, fusão, dissolução e extinção, liberação, beatitude ou bem-aventurança eterna; a existência espiritual abstrata. 2

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TRANSCENDÊNCIA DE OM MANI PADME HUM O poder que está atrás de todas as forças é a fonte de todas as possibilidades. Swami Jñanakanda.

O

M MANI PADME HUM é a afirmação abrangente e categórica da natureza íntima do ser, da Conscientização conquistada. OM MANI PADME HUM, para o homem, como fórmula mística, é a realização ampla do que é por cima de todas as inferências espaço-temporais e todas as vicissitudes da existência. É a consagração mística, íntima, de tudo quanto é transcendente e fundamental. OM MANI PADME HUM, equivale a afirmar com o sábio: “Eu Sou o que Sou” ou “Tu estás em Mim e Eu estou em Ti”, ou como diria melhor o perfeito Adepto: “Nós”, referindo-se ao Pai Eterno e as próprias vivências íntimas da Consciência, pois entre cada uma dessas afirmações ele não percebe, nem existem diferenças de espécie alguma, como compete ao verdadeiro Iniciado superior, que alcançou as realizações da Essência Única. No sentido transcendente ou místico não existe discriminação, portanto, não há diferenciação, dado que em tais transes não existem formas nem aparências, mas as condições puras, fundamentais, informes e essenciais do infinito. 71 

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Por isso mesmo o nome perfeito de todo Adepto é OM MANI PADME HUM como alusão a suas realizações superiores, mediante as quais vive a vida absolutamente impessoal. É costume nomear e saudar aos Mestres de Sabedoria com esta frase mística, que lhes é dirigida em tom de reverência máxima.

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AUM

A MITOLOGIA DE OM MANI PADME HUM

A

mitologia Tibetana diz que Padmapani, o quarto Dhyani-Bodhisattwa, conhecido por Chernrezig (pronuncia-se Sherenzig), também conhecido como Amitabha ou Budha Supremo, quando ocorreu a criação do homem fez brotar, do seu olho direito, um feixe de luz de cor azul que, encarnandose nas duas virgens Dolma, adquiriu poder de dominar a mente dos seres viventes. Amitabha produziu a combinação de que desde aquela época, teve sua fundação no homem e está sintetizada na fórmula sagrada: “OM MANI PADME HUM”, cuja significação literal é: “Eu Sou a Joia do Lótus e nele permanecerei”. Naquela época Padmapani, “Aquele que Está no Lótus” fez voto de jamais cessar de trabalhar enquanto não conseguisse fazer sentir sua presença à humanidade, liberando-a, assim, das misérias dos renascimentos. Comprometeu-se a obter semelhante objetivo antes do fim do kalpa4 ou período de um protótipo de vivências humanas, convindo que, se seus sonhos fracassassem, permitiria que sua cabeça explodisse em inúmeros fragmentos. Kalpa é um período correspondente a um “dia” e uma “noite” de Brahma, ou seja, 4.320.000.000 de anos.

4

73 

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O kalpa chegou ao seu término sem que infelizmente a humanidade conseguisse sentir tão significativa presença em seu coração frio e malévolo. A cabeça de Padmapani explodiu então, dispersandose em mil pedaços. A divindade, impregnada de compaixão, recolheu os fragmentos da explosão, com a finalidade de formar com eles 10 cabeças, três de cor branca e sete de outras diversas cores. A partir daquele dia o homem, ou sua natureza, teve o 10 como número perfeito. Esta alegoria deve ser colocada preferentemente entre as mais belas produzidas pela mitologia Tibetana. Encerra, além de tudo, um fundo de verdade que vale a pena pesquisar, pois envolve um profundo sentido espiritual mágico e físico. Não é exagero dizer-se que resume a totalidade de um curso de cosmologia em termos místicos. Alude ao poder do som, da cor e do número, as três formas matrizes do Universo Manifestado, suas manifestações primordiais ou Tattwicas. Isto quer dizer que as possibilidades potenciais se encontram em todos os lugares no domínio da natureza, seja no homem como indivíduo ou no Universo como o Grande Todo. Com o que foi dito até aqui queremos ressaltar a importância do fato de que a fórmula OM MANI PADME HUM, devidamente pronunciada, provoca certas combinações Tattwicas, o que, em outras palavras, significa produzir transformações de caráter vital no ser e no ambiente. 74

AUM

O PODER EM AÇÃO

A

fórmula OM MANI PADME HUM é considerada, entre os Iniciados, como o mais poderoso dos encantamentos; uma oração sagrada e, ao mesmo tempo, uma palavra de poder. Já não se trata somente de AUM, mas de OM MANI PADME HUM. A palavra AUM se pronuncia, como já dissemos, com uma exalação apenas perceptível, com tonalidade variante da letra O aberta, a U profunda e a M muda. A fórmula sagrada de OM MANI PADME HUM tem a virtude de produzir tais modificações na função mental e nas atitudes de Consciência que se lhe reconhece extraordinários poderes de redenção cármica. A fórmula mágica máxima dos rituais tântricos é OM MANI PADME HUM. É também a frase mais expressiva entre os Adeptos dos Santuários Esotéricos, a qual se lhe acrescenta HRI para completar a septenária fórmula esotérica. A fórmula completa, devidamente pronunciada, produz grandes modificações no astral, além de transformar a emotividade do indivíduo. Daí que seja sumamente perigoso pronunciá-la em estados de sobre-excitação nervosa ou em momentos de passionalidade. Quando se pronuncia esta fórmula mágica, a mente deve estar devidamente controlada, em completa serenidade, de maneira que não se entronize nela um torvelinho de forças desarmônicas. O que acabamos de dizer não tem nada a ver com qualquer forma de 75 

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superstição e, ao contrário, é pura ciência em suas fases mais transcendentes e místicas. O estudante jamais deve esquecer isto. Na boca do iniciado esta fórmula se converte na maior bênção, enquanto, na de um profano, pode ser a mais nefasta possível. Tal é o motivo pelo qual não se dá ao grande público a verdadeira pronúncia desta fórmula tão mágica. Aqui, mais que em nenhuma outra parte e mais que em qualquer outro caso, devemos ser enfáticos em nossa advertência: não se pronuncia esta frase em vão, pois a primeira vítima é sempre a pessoa que assim procede. É natural que tudo o que tem caráter iniciático afete mais ao Iniciado ou Discípulo. Em assuntos espirituais, o Discípulo e o Iniciado têm mais responsabilidades, e o Adepto ainda maior, porquanto conhecem melhor o alcance dos princípios vitais que são colocados em ação. Não é outra a causa dos terríveis castigos que recebem os Iniciados, de qualquer grau, em suas displicências, erros, má intenções ou falhas de Consciência em relação com seus deveres espirituais. Muito mais culpávelé aquele que incorre em uma falta, sabendo o que faz, do que aquele que obra em completa ignorância. Por isso mesmo, as maiores consequências recaem naquele, do que neste último. As coisas espirituais funcionam sempre como arma de dois gumes: devidamente empregadas, são edificantes em suas consequências, porém, no caso contrário, são desastrosas, tanto para a tranquilidade 76

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mental como para a saúde moral e física daqueles que assim procedem. OM MANI PADME HUM é a invocação espiritual por excelência, pois com ela se usa a linguagem íntima do ser ou da Consciência. Daí que, ao pronunciá-la, se coloque em ação a própria Consciência Cósmica. Ai daquele que põe em movimento estas forças íntimas sem motivos ou propósitos edificantes! Um sábio poeta Britânico, Sir Edwin Arnold, teve uma exata visão da importância da Palavra de Poder, como bem pode chegar a ver o leitor estudioso, quando manifestou que não se deve pronunciar com a boca, mas unicamente com a mente. Diz ele assim em sua magnífica obra a Luz da Ásia: Om, Amitabha! Não meça com palavras O infinito, nem submerja o fio do pensamento No abismo. Quem quer que pergunte erra Quem quer que trate de responder erra. GUARDA SILÊNCIO! Assim se resume a mais alta espiritualidade, apenas enunciada nos ensinamentos esotéricos dos Santuários do Oriente. Dizem as lendas místicas do Oriente que OM MANI PADME HUM constituirá, em geral, a fórmula espiritual de vida da humanidade quando vier o Budha Maitreya, décimo Avatar ou Chakravarta. 77 

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H R I1

N

o que diz respeito à décima sílaba com que se completa a frase sagrada OM MANI PADME HUM H R I existe muito pouco que dizer. E quanto menos se diga acerca dela é muito melhor. H R I constitui a parte mais mágica de toda a frase sagrada. Atualmente, nos altos círculos esotéricos que existem na Terra se afirma, categoricamente, que somente quatro pessoas são conhecedoras do significado completo e perfeito desta parte do mantra sagrado ou frase do poder e unicamente elas são capazes de utilizá-las devidamente. H R I é o coroamento da meditação. É a forma ulterior de AUM que, segundo Shri Shankaracharya, no Mândûkyopanishad, é o suporte da meditação.

1

A pronúncia é feita com o H aspirado assemelhando-se a rari em português. 78

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CONDIÇÕES PRÉVIAS

O

homem se agita, se afana e se sacrifica para que, em último caso, todos os seus interesses não se transformem em meras conquistas superficiais e sejam consistentes na aquisição de comodidades banais e conveniências, embora sem significação transcendente. Isto ocorre porque considera a vida como uma experiência na qual é preciso sofrer, embora o mínimo possível. Daí as misérias, os erros e a tremenda desorientação em que vivem os seres humanos como vítimas de sua própria e ingente ignorância. Seus sistemas de filosofia e suas religiões, grandes ou pequenas, tiveram grande importância no curso da história, porém conseguiram muito pouco no sentido de dominar as paixões humanas, extirpar suas falhas e deficiências ou transformar sua natureza humana em espiritual. Por outra parte as doutrinas éticas, por mais aceitáveis que pareçam, não atacam na própria raiz os males que afligem a humanidade e, assim, não se consegue delas o benefício que era de se esperar. Os ensaios reformistas de todas as épocas, certamente magníficos no melhor de suas intenções, não conseguiram ir ao fundo dos problemas humanos. É por isso que hoje impera o caos em toda a ordem de coisas nos relacionamentos humanos. Vejamos agora quais são as normas necessárias ante semelhante realidade e como poderemos conse79 

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guir uma genuína superação e um verdadeiro engrandecimento do ser humano que, na verdade, é o cumprimento do objetivo da própria existência humana. É claro que nada há de ser conseguido, neste sentido, enquanto não se atinja a completa realização do verdadeiro “objetivo da vida” e até que não consigamos realmente conhecer os verdadeiros fundamentos da existência, ou melhor, como o indivíduo se desenvolve e no que consiste seu melhor comportamento. Isto implica num certo plano, ou seja, “um esboço de superação vital” ainda para ser descoberto para a imensa maioria dos seres humanos. Primeiramente vamos deixar claro que não pretendemos expor, aqui, nenhum vade-mécum extraordinário, pois o que vamos dizer nada tem de novo. Referimo-nos ao Caminho da Retidão, cujos objetivos consistem em facilitar a liberação do indivíduo das suas múltiplas “bengalas” e todos os encadeamentos a que está sujeito e lhe produzem a ignorância e seus costumeiros sequazes: a vaidade, as ilusões e a falsidade. Muitos sistemas se caracterizam pelos seus “ismos” e inúmeros, com princípios sagrados e belos ideais de superação, suas mefistofélicas mesquinhezes. Hoje subsistem um número imenso de organizações graças ao fato de proclamarem bombasticamente sua adesão a estas normas libertadoras, mas cujos procedimentos não se ajustam às correspondentes necessidades, sendo seus propósitos, portanto, de justificação duvidosa e claramente inconfessáveis. O “Caminho de Ouro ou da Retidão” é constituído das seguintes condições: 80

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Compreensão Correta

Controle Mental

Atitude Mental Correta

Genuína Sabedoria Discipulado (Chela)

Palavra Correta Atitude e Ação Corretas Viver Correto

Concentração

Esforço Correto Atenção Correta

Moralidade Anagaryka1

Meditação

Pensamento Correto

Meditação Contemplação

O “iluminado”, um “sem-teto”. Pessoa que deu a maior parte ou todas as suas posses e responsabilidades mundanas comprometendo-se em tempo integral para a prática budista. É um estado a meio caminho entre monge e leigo, onde um assume os Oito Preceitos para todo o período de Anagarika, que poderia ser para a vida inteira.

1

A expressão “correta” que usamos aqui é sinônimo de devida, precisa e conveniente. As alusões que seguem na coluna do meio se referem às três condições fundamentais para se conseguir a Verdadeira Iluminação ou Liberação Espiritual. Quanto às palavras, “Discipulado” e “Anagaryka”, marcam os campos de desenvolvimento consciente e suas respectivas correspondências, de acordo com a Reta Norma. As demais expressões na última coluna da direita, estão implícitas em si mesmas. Demarcam as condições para a qual tendem as disciplinas superiores, ou seja, “controle da mente”, “concentração”, “meditação” e “contemplação”. Torna-se imprescindível expor aqui, com dados precisos, os valores e complicações de cada uma destas fases do desenvolvimento mental, que se traduzem depois em “Vivências” da Consciência. Porém, antes, faremos a advertência de que se fala muito sobre esses assuntos transcendentes, com o único objetivo 81 

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de exploração, por charlatães e ilusionistas e por organizações, cuja única finalidade são os resultados mercantis e propósitos sectários. Por isso, os estudantes sinceros e amantes da verdade devem resguardarse das pessoas e das sociedades que baseiam suas atividades em sectarismos ou das “escolas ocultas” que recorrem a paramentos e cerimoniais complexos a fim de seduzir melhor suas vítimas. Todo sistema baseado em promessas fantásticas é falso e espúrio e só atende ao lado sensorial do ser humano. Seus únicos resultados positivos, portanto, fora de enriquecer seus expositores, são criar maior confusão em seus filiados, os quais experimentam maior desespero e constantes infortúnios. O Caminho da Retidão se baseia nas condições indispensáveis para a conquista dos objetivos da verdadeira superação humana. Para isto, como é fácil compreender, não é mister nenhuma classe de mistagogia2 nem mistificação tão comuns entre os sistemas de “filosofia mística” e escolas de suposta “esotericidade”. Os verdadeiros centros de estudos esotéricos são de expressão simples e clara e sem nenhuma sistematização possível. NÃO HÁ NADA O QUE OCULTAR NO VERDADEIRAMENTE ESPIRITUAL. O que se oculta é o indigno, o inseguro, o irresoluto, o fantástico, que têm necessidade da confabulação das trevas para melhor operar. A Ciência Sagrada ou Secreta, isto é, a genuína realização transcendente da filosofia fundamental ou Mistagogia é o ato de iniciar e instruir (alguém) nas coisas misteriosas de uma religião. 2

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esotérica é ensinada publicamente, na certeza de que ninguém entenderá nada dela sem estar em devidas condições para “compreender”. Talvez isto explique a necessidade das condições prévias que denominamos o Caminho da Retidão, indispensáveis para a liberação. Nenhuma realização verdadeiramente transcendental é possível sem que se haja conseguido, previamente, o domínio de ditas condições, que por sua vez exigem e implicam: 1. Critério preciso e ausência de superstição. 2. Toda resolução deve ser tomada com a melhor compreensão e elevada intenção. 3. Palavra correta, como expressão do pensamento correto. 4. Comportamento modesto, edificante e sereno. 5. Existência enobrecedora e com propósitos cada vez mais bondosos. 6. Esforços dignificantes, dedicação superadora de qualquer dificuldade e total controle pessoal. 7. Elevação de metas, nobreza de ideais e atitude mental compassiva, doce e amorosa. 8. Elevação mental para as causas e motivos superiores da Consciência, a fim de descobrir cada vez mais a significação transcendente da existência e de seus objetivos ulteriores. 83 

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Temos de insistir no fato de que ninguém deve dedicar-se às experiências místicas ou espirituais sem uma clara e resoluta atitude que permita um seguro desenvolvimento. A espiritualidade e o misticismo verdadeiros não se conquistam senão ao preço de sérias disciplinas e rigorosas experiências íntimas, e não mediante doutrinas cosmológicas e fantasias dogmáticas, nem, muito menos, com cerimoniais que só fazem excitar a emocionalidade de seus participantes.

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EXIGÊNCIAS DA GRANDE FRATERNIDADE UNIVERSAL BRANCA

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m seguida vamos expor outras particularidades que a Grande Fraternidade Universal Branca exige de seus discípulos e membros. Estão em primeiro aspecto os chamados “Preceitos de Vida Sã”3, que são os seguintes: 1. Abster-se de produzir a morte; 2. Abster-se de apossar-se do alheio; 3. Abster-se de toda indulgência luxuriosa; 4. Abster-se de incorrer em falsidades, e; 5. Abster-se de usar intoxicantes como drogas, álcool, perfumes, especiarias e substâncias sintéticas ou artificiais. As razões que o Budha Gautama fornece a esse respeito, segundo o Dhammapadha, se expressam como seguem: 1. Nós mesmos fazemos o mal; 2. Nós mesmos suportamos as dores; 3. Nós mesmos podemos evitar todo sofrimento; 4. Nós mesmos conquistamos a pureza ou a superação; 5. Somente por nós mesmos poderemos nos salvar; Para maiores informações acessar: http://www.templozulai.org.br/oscinco-preceitos1376831014.html 3

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6. Ninguém pode e nem deve tentar salvar o outro4; 7. Nós mesmos somos os que devemos seguir o caminho. Os Instrutores e os Budhas ou Iluminados unicamente indicam o que é preciso fazer para conseguir a liberação. No próprio Dhammapadha, o Evangelho espiritual ou o caminho do dever e da virtude, encontra-se esta sugestiva frase que tem mais de verídico que de expressivo: “Como as flores formosas de brilhantes cores, mas desprovidas de fragrância, são as palavras belas, mas sem frutos daquele que não obra de acordo com as suas crenças”. As dificuldades ou impedimentos na evolução dos seres são dez e são conhecidas com o nome de Samjoyanas ou os “Dez Encadeamentos da Existência”. E são, a saber5: 1. A falsa ilusão da personalidade ou crença em uma equidade invariável e permanente (metafísica); 2. A crença na impossibilidade humana de resolver todas as dificuldades da vida e de conhecer os mistérios da Natureza sem o concurso de ajudas sobrenaturais ou divinas; Apesar de reconhecer que esta recomendação está de acordo com a Lei de Causa e Efeito, o Tradutor aprendeu que a compaixão é um dever de todos aqueles que compreenderam a Unidade da Vida. Na página 96, a referência do rodapé 1 comprova o acerto de nossa atitude. 5 Por causa da sutileza envolvida nestes dez encadeamentos, o tradutor fica à disposição do leitor que desejar debater o fundamento espiritual de cada um. 4

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3. A crença na imprescindibilidade das posses de ordem puramente material; 4. A luxúria e as atitudes passionais; 5. A má vontade, a indolência, a falta de sinceridade e a mentira premeditada; 6. O apego à vida e às coisas materiais, que são passageiras; 7. A aspiração egoísta à vida futura, ou seja, a reencarnação; 8. O orgulho, a vaidade e a ânsia imoderada de ser mais do que se é; 9. A crença na impecável virtude pessoal, ou egotismo e; 10. A ignorância, sem a aspiração de libertar-se dela. Vencidos estes “encadeamentos” chega-se ao domínio completo das três características básicas da existência, que são: Sofrimento (Dukkha)6; Não permanência (Anicca) e; Não egoicidade (Anatta) diferenciada. Isto significa dizer que o “sofrimento” existe em todas as épocas da vida, que tudo é “mortal” nos domínios do manifestado e que não existe entidade “egoica” separada de nós, senão unicamente o infinito, indiferenciado e indiferenciável. 6 Dukkha - É chamado de «a primeira nobre verdade» e diz que o sofrimento é uma característica básica do universo, sendo causado pela transitoriedade e insubstancialidade de todos os fenômenos. 87 

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O fato de reconhecer estas transcendentais realidades já é o começo da verdadeira sabedoria e a base de todos os poderes e, ao mesmo tempo, o motivo supremo para a felicidade dos seres humanos. Assim, evitamos ser envolvidos pela realidade externa, o que sucede por causa de nossa ignorância, apesar de nossas empoladas teorias e grandiloquentes doutrinas metafísicas que tudo explicam, sem nada precisar. Tudo isto pertence à prática do controle pessoal e mental, imprescindível nestes assuntos importantes, que constituem a base de toda existência correta, edificante e sã. Agora vamos abordar o segundo aspecto: o da “concentração”. Este é um dos temas mais manuseados pelos exploradores da credulidade humana. A concentração é o fundamento de toda atitude construtiva e criadora da mente. Cinco são os Nivarana ou impedimentos maiores da concentração mental e são detalhados como segue: 1. Os desejos passionais; 2. O egoísmo; 3. O ódio; 4. A dúvida pessimista e; 5. A indolência. Esta última tem sua origem na abulia e na falsidade para consigo mesmo. Todo sentimento puramente instintivo, todo arrebatamento passional ou egoísta, todo vestígio ou possibilidade de ódio, toda dúvida pessimista e toda 88

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vaidade ou indiferença constituem elementos de discórdia, fatores negativos que impedem toda função harmônica e serena, inibindo-a e incapacitando-a em suas mais altas e preciosas prerrogativas, como o são o Pensamento Criador e a Consciência Iluminadora. Com o que está dito pode-se compreender facilmente quanto é inútil buscar a concentração e fazer exercícios que a ela conduzam, sem antes haver conseguido eliminar aqueles cinco impedimentos. A “meditação” é, todavia mais complicada e difícil como função consciente da mente. Seus piores obstáculos são conhecidos sob o nome de Asavas ou “intoxicantes mentais”, e são quatro: 1. A luxúria; 2. A ignorância das quatro verdades fundamentais7; 3. A ânsia atormentadora de sobreviver ou reencarnar, e; 4. As especulações de ordem metafísica. Todas elas são ocasionadoras de inúmeros e inúteis sofrimentos nos planos da vida manifestada e privam a mente de suas funções superiores, especialmente a de meditar, que é o meio de descobrir as verdades transcendentes e seguir a senda da superação. Existem outros fatores negativos impedindo que a mente realize seus esforços para conseguir os benefícios da meditação, e não são outras coisas senão Quatro verdades Fundamentais: Verdade do sofrimento; Verdade da origem do sofrimento; Verdade da cessação do sofrimento; Verdade do caminho que leva à cessação do sofrimento.

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os ímpetos para a vida indeterminada, vulgar e sem transcendência. São classificados como seguem: 1. O desejo instintivo; 2. A fantasia intelectual; 3. Os ritos religiosos, e; 4. A crença na importância excessiva da personalidade egotista. Ninguém envolvido na engrenagem destas torpezas conseguirá qualquer adiantamento nas práticas e realizações da meditação. A última condição do Caminho da Libertação ulterior é conhecida como “pensamento correto”, o qual pode também ser traduzido por “concentração”. Na realidade seu significado é o de “atitude mental” adequada, ou seja, a de pôr toda intenção no sentido e nas práticas dos ensinamentos e não meramente memorizá-los ou repeti-los mecanicamente. Eis aqui, em breves palavras, o Caminho que todo aspirante sincero tem diante de si e que deve ser, inexoravelmente, percorrido.

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ÚLTIMA RECOMENDAÇÃO

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ica uma última recomendação, da qual não convém prescindir. O aspirante realmente decidido a progredir nestes transcendentais assuntos deve procurar um Instrutor, Mestre de Sabedoria que o guie com uma orientação correta, da qual é sumamente fácil se afastar para cair nas malhas da “magia negra”, ou seja, nas práticas ilusórias dos fenômenos psíquicos e das satisfações puramente egoístas. Tais práticas provocam toda classe de prejuízos morais, desequilíbrios fisiológicos e desarmonias mentais com terríveis infortúnios, e isto não é mais do que as consequências que recaem sobre aqueles que falseiam os princípios vitais ou falham em seus próprios propósitos e metas, entregando-se a objetivos de vaidade, egoísmo e malevolência para o qual se valem das forças adquiridas no curso de seus estudos ou do conhecimento espiritual. Este é o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo de que falam os evangelhos, e contra o qual prevenimos nossos leitores. O fato de pertencer a uma instituição que se arvora, ou pretende difundir e defender estes ensinamentos sagrados não é título suficiente para se ter direito a seus benefícios providenciais ou hipostáticos. Porém, a maioria das instituições que trabalham dessa forma geralmente são as menos qualificadas para este tipo de atividade, pois, como se pode verificar 91 

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com facilidade, concedem muito mais importância aos seus “sistemas”, a sua “maneira particular de ensinar” e a sua “organização” do que aos princípios que tomam como qualificativos para distingui-las dentro do trabalho espiritual. A isto se deve que nem sempre os princípios adotados venham constituir a característica destacada de tais instituições. Nunca enaltecem os princípios que apregoam, mas estes melhor lhe servem de escudo para suas inconfessáveis metas ou pretensões vãs. Tais são os motivos pelos quais a Grande Fraternidade Branca chegou a se pronunciar, de forma categórica nestes últimos lustros, colocando de manifesto que os Santuários Esotéricos ou Universidades Espirituais e os Mestres de Sabedoria, responsáveis pela evolução humana, não se fazem solidários nem coparticipantes dos ensinamentos e atividades, ou ainda, das práticas, das organizações ou instituições não identificadas a ela, ou seja, que não estejam em perfeita comunhão com suas atitudes e disciplinas. A única felicidade accessível e toda grandeza possível, ao homem, só pode ser conquistada, unicamente, por intermédio das condições estipuladas no Caminho de Ouro ou da Retidão ou o Caminho dos puros de coração e elevados de espírito. Este é o único caminho da única e verdadeira espiritualidade possível. Empenhamo-nos em fornecer estes dados, indispensáveis e rigorosos, para que os ansiosos da verdadeira iluminação e libertação espiritual não sejam 92

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fraudados em suas esperanças, pois todas as crenças indefinidas e as práticas equívocas no que tange às metas espirituais, sempre se convertem em meios de depressão moral, confusão mental e desvios que afastam o buscador, cada vez mais, da verdadeira espiritualidade.

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AS QUATRO GRANDES INICIAÇÕES

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udo quanto se disse, até aqui, conduz às quatros grandes Iniciações, sobre as quais vamos agora trazer dados que poderão ser de imensa utilidade aos nossos atentos leitores. Estas Iniciações se classificam da seguinte forma: 1) A que em Sânscrito é conhecida pelo nome de Sotapanna, a dos vencedores do “oceano de ilusão” ou Samsara1. Ela é inerente aos Chelas ou discípulos, os Anagarykas ou Bikkhus e os líderes uno universais; 2) A que tem o nome de Sakadagamin ou a daqueles que irão regressar ou encarnar ainda mais uma vez. A ela pertencem os Adeptos; 3) Anâgâmin ou a Iniciação dos que já não regressam mais, como é o caso dos Bodhisattvas e os Grandes Instrutores espirituais da humanidade; 4) Arhat ou Arhan, a dos Iluminados ou Budhas. É a Iniciação dos que desempenham missões espiriSamsara (sânscrito-devanagari: perambulação) pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos. Na maioria das tradições filosóficas da Índia, incluindo o Hinduísmo, o Budismo e o Jainismo, o ciclo de morte e renascimento é encarado como um fato natural. Esses sistemas diferem, entretanto, na terminologia com que descrevem o processo e na forma como o interpretam. A maioria das tradições observa o Samsara de forma negativa, uma condição a ser superada. Por exemplo, na escola Advaita de Vedanta hindu, o Samsara é visto como a ignorância do verdadeiro eu, Brahman, e sua alma é levada a crer na realidade do mundo temporal e fenomenal.

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tuais de caráter transcendente em benefício de todos os seres viventes. É preciso ter sempre presente que cada uma dessas Grandes Iniciações se subdivide em outras menores. Em relação com a fórmula mística que vimos estudando neste trabalho, estas Iniciações se definem segundo a característica ou transcendência das realizações de Consciência relativa as seguintes correspondências: SOTAPANNA.......OM SAKADAGAMIN...OM MANI ANÂGÂMIN.........OM MANI PADME ARHAT................OM MANI PADME HUM OS AVATARES......OM MANI PADME HUM HRI Os pontos depois de cada palavra da fórmula sagrada denunciam que existe potencialmente a mesma realidade que se atualizará nas Iniciações seguintes.

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AS QUATRO CONDIÇÕES EMANCIPADORAS

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ara pisar a Senda das Realizações Libertadoras é necessário cumprir com as quatro condições fundamentais que são: 1) 2) 3) 4)

Retidão Alegre; Concentração Iluminadora; Equanimidade; Bondade Amorosa.

As duas primeiras estão relacionadas com o que nas páginas anteriores definimos como Concentração e na verdade são suas constituintes. As duas últimas se relacionam com a Meditação, já também explicada. Devidamente praticadas conduzem à libertação definitiva do domínio do ilusório e do mortificante, ou seja, de Mara e Samsara. A “retidão alegre” pressupõe bondade em todas as atitudes, nobreza de caráter, fidalguia de propósitos e proceder sempre de acordo com a Consciência. A “Concentração Iluminadora” é a função mental harmoniosa que somente opera com fins edificantes, não importando quais sejam as circunstâncias. Estas duas condições fundamentais caracterizam os verdadeiros discípulos ou Chelas, membros 96

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da Grande Fraternidade Branca Universal, que jamais descem ao uso de sofismas contemporizadores nem, tampouco, são cínicos egoístas, cujo comportamento sempre se baseia na desdenhável trama das conveniências vulgares pessoais. Os verdadeiros Membros da Grande Fraternidade Branca Universal não são simuladores da verdade nem exploradores de situações vantajosas e, pelo contrário, são homens e mulheres que sinceramente se esforçam no caminho das Supremas Realizações, servindo ao seu próximo, sempre respeitosos dos Princípios aceitos e leais aos seus Iniciadores. A “equanimidade” implica no domínio sobre si mesmo e sobre as condições ambientes. A “bondade amorosa1” é a compaixão, espírito de equidade transcendente e o propósito decidido de vida impessoal sem qualquer vislumbramento egoísta. Estas duas últimas condições caracterizam os Iniciados que dirigem a Grande Fraternidade Branca Universal, cujas vidas estão a serviço incondicional do Universo, em virtude de terem conseguido realizar tudo aquiloque representa uma existência em seu sentido mais sublime. Tais Iniciados, que são Anagarykas e Adeptos, jamais poderão ser compreendidos pelo homem da classe mais humilde e profana, apesar de se Esta atitude aparece como contraditória a “Ninguém pode e nem deve tentar salvar o outro” que consta do item 6, página 85, relativa às razões de Gautama Buda expostas no Dhammapadha, entretanto o que ali consta é uma verdade que somente aqueles que avançam na Senda chegam a compreendê-la integralmente para poderem praticar a “Bondade amorosa”, imprescindível para a manifestação da Luz Interna.

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distinguirem da humanidade unicamente graças a sua nobreza de espírito e porque pertencem a aristocracia do pensamento puro. Estas condições libertadoras são denominadas, em Sânscrito, Jhanas2 e consideradas, como únicas, para produzir, no ser humano os maiores poderes.

Jhana é a palavra em Pali para absorção mental ou meditativa e se refere a estados profundos de concentração da mente.

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A UTILIZAÇÃO DE AUM COMO MANTRA

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palavra AUM consta de duas vogais e uma semivogal prolongada.

Assim como a natureza tem por tônica a nota fá, também cada indivíduo tem sua tônica peculiar, dado que o homem nada mais é do que uma diferenciação daquela. O corpo pode ser comparado a um instrumento e o ego ao músico. Começamos por produzir efeito em nosso corpo e em seguida, aos poucos aprendemos a colocar em atividade os princípios vitais ou Tattwas. Sucessivamente, vamos incorporando novas notas, novos acordes e compondo melodias à medida que transcorrem as várias fases da vida em cada experiência terrena. Uma vez que o estudante tenha dominado todos os acordes, pode começar a colaborar com a Natureza o que é tanto um dever como um privilégio, sempre que tenha compreendido a necessidade de ser útil aos outros e a transcendente realidade dos benefícios derivados de todo o serviço espontâneo, assim como da vida impessoal, sem egoísmos de nenhuma classe. Pelo conhecimento desses acordes fundamentais o Chela, discípulo aceito ou o Iniciado, neste caso, um Anagaryka confirmado ou Adepto, conseguirá produzir os ritmos mais belos e edificantes ao seu alcance e isto é uma tônica altamente benéfica, tanto para ele como para os que ajudem a sua grandeza. 99 

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Não seria preciso dizer que, para semelhante colaboração, o corpo deve estar na melhor condição de saúde e controlado pela mente, ou seja, afinado com a majestosa melodia do infinito; ao contrário, o músico operador não poderá executar sua sinfonia com toda a capacidade sedutora de seu talento ou de seu gênio. Não é possível expressar nenhum poder sem um veículo adequado. As aptidões, faculdades ou forças se manifestarão na medida em que estamos em situação ou condição de expressar, segundo sejam, nossos esforços e capacidade para produzir oportunidades que facilitem os propósitos perseguidos. Com isto, fica então esclarecido que a fórmula sagrada AUM não será realizadora enquanto, tanto o instrumento como o executante, não estejam em devidas condições para o trabalho que se quer produzir. Além disso, é necessário termos ou fazermos uma clara representação do triângulo equivalente a fórmula mística, a saber Âtmâ-Buddhi-Manas. Nosso grau de compreensão deste transcendente fato determinará o aumento proporcional de nossa inteligência no que diz respeito à realidade intrínseca da natureza e de suas possibilidades. Para que o misticismo seja realmente profundo requer uma atenção especial ao sentido daquilo que deixamos dito. Para este fim recomendamos as práticas de concentração, pois elas perfilam as percepções mentais e substancializam o pensamento.

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A PRONÚNCIA DE AUM

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Mantra supremo AUM ou OM não se pronuncia verbalmente; isto deve ser bem entendido e estar sempre presente na compreensão do estudante. É uma insigne torpeza acreditar que alguns simples sons produzidos pela boca podem substituir toda a ciência hierática e a todas as disciplinas iniciáticas dos grandes magos e filósofos. Este Mantra, e qualquer outro, se pronuncia em silêncio, ou seja, mentalmente. Para isto se produz na mente a tônica correspondente, utilizando as vogais e deixando que a função mental se ocupe do resto. Isto se chama atitude mental. Portanto, as fórmulas devem ser recitadas mentalmente, em silêncio sem produzir sons externos e o aspirante deve colocar-se em condição afim, intencionalmente, ou seja, no tom com as vibrações misteriosas de AUM ou OM. É preciso tomar cuidado a fim de que as vibrações mentais repercutam por todo o corpo e também em todo o ser. Desta forma se consegue que OM modifique totalmente a chave vibratória do indivíduo, ou melhor, dizendo, a “tonalidade vital” do ser. Com isto se atualizam em todo o ser, imediatamente depois, novíssimas condições que correspondem as modalidades edificantes do Mantra OM, o qual, por sua vez, é a fórmula da criação universal, ou seja, o ritmo biogenésico da Natureza. 101 

ORIENTAÇÃO PARA AUMENTAR A EXPRESSÃO DA ENERGIA UNIVERSAL NO INDIVÍDUO

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APLICAÇÕES ESPECIAIS DO MANTRA AUM

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as páginas precedentes estudamos a vocalização de AUM como mantra supremo ou fórmula mágica de todos os poderes transcendentes do espírito, para depois seguir com OM MANI PADME HUM como fórmula mental dinâmica para despertar em nós a Consciência Universal ou mística. Agora vamos fornecer algumas orientações para energização pessoal, que tem por objetivo aumentar a expressividade da energia universal no indivíduo. Desta forma, nossos diligentes leitores poderão beneficiarse, sobremaneira, com a aplicação das fórmulas que explicaremos em seguida. PARA MODIFICAR A SORTE Colocar-se em lugar silencioso e obscuro. Meditar um pouco sobre algo edificante e depois pensar no que se pretende. Depois inalar profundamente enquanto se repete mentalmente: om oooomoooooomoommmmmmmm o ommmmm. COMO OBTER A COMUNHÃO UNIVERSAL Meditar profundamente nos postulados da unidade da vida. Recitar mentalmente o que segue: oommommmooommm om omomomomomommmmm mmmmm, ficando depois sem pensar especificamente em nada particular, de forma quieta, silenciosa, durante uma meia hora. 103 

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QUANDO SE LUTA COM DIFICULDADES NA VIDA Recolher-se um momento. Concentrar-se ou meditar em algo edificante e depois recitar a fórmula: om ooom om oomoooooom. Abrir a boca em forma de “o” e exalar em tom de dó. As letras “m” não se pronunciam. São mudas. Cada “o” representa um tempo em que se deve sustentar o tom. Isto deve ser feito com toda circunspecção e com o máximo de sinceridade. Nunca se deve realizar esta prática em condições de medo ou temor, ou quando não se pode manter a mente quieta e fixa na fórmula. QUANDO SE É VÍTIMA DE INJUSTIÇAS Interiorizar-se. Concentrar-se. Apaziguar todo sentimento de inquietude ou aborrecimento. Pronunciar, de acordo com as condições anteriores: oooooooom om oooom om omom. Não se deve deixar que a imaginação ou a mente se preocupe mais com o acontecido. Repetir a fórmula várias vezes ao dia, até tudo ficar completamente sanado. COMO APROVEITAR AO MÁXIMO OS ALIMENTOS Proceder como das vezes anteriores e, em seguida, repetir, antes e depois de cada refeição: oooooooooooooooom om oomoooooooooooooom. NA HORA DE DORMIR Recolher-se interiormente por um momento. Concentrar-se. Apaziguar todo sentimento externo e pronunciar, de acordo com a orientação já fornecida, a 104

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seguinte fórmula: ooomooomooooooomooomooommmmoooommmmm mm PELA MANHÃ, AO LEVANTAR-SE Sempre de acordo com os anteriores, pronunciar mentalmente:

procedimentos

omomomomooommmooooooommmmmmm. Em seguida formular propósitos do que se deverá fazer ou cumprir durante o dia, imaginando aquilo que se quer realmente fazer. Em seguida, voltar a concentrar a mente e pronunciar: ooooooooommmmmmmmmoooooooooooooooommm mmmmmmmmmmmmm om om. ANTE O PERIGO DE MORTE Preparar-se, como nos casos anteriores, e eliminar todo temor. Resolver sair triunfante de toda dificuldade e pronunciar: ommmmooommmooommooooooooooommmmmmmm om om. Manter a concentração invocando todas as forças ambientes paradispor delas e sair triunfante da situação. Com isto se criam possibilidades. Aproveite-as. PARA SE FAZER O BEM A ALGUÉM, SEM QUE A PESSOA SAIBA É necessário fazer a preparação como das outras vezes e depois pronunciar: ooommaanipaadmeummooooommmmooommmoum mmmanipadme hum mmmmm. 105 

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Todas as letras devem soar como aparecem, representando, cada uma, um som, que deve ser mantido, em forma sustentada, na medida em que as mesmas aparecem multiplicadas. Depois, manter na mente a ideia ou o pensamento que se quer ver cristalizado, imaginando-o como uma realidade na pessoa ou pessoas a quem se quer beneficiar. Em seguida, volta-se a aquietar a mente e se repete a fórmula: oummmmanipadme hum mmmmm. Observe-se que isto só deve ser praticado nos casos de absoluto desinteresse pessoal e sempre que outras pessoas não possam ser prejudicadas. Os Iniciados são sempre respeitosos em relação à independência de consciência, do livre arbítrio e do carma alheio e, a este respeito, são verdadeiramente zelosos de toda intromissão estranha. EM AUXÍLIO DE UMA CRIANÇA RECÉM-NASCIDA O objetivo principal desta prática é preparar eficientemente para as lides da vida, uma criança recém-nascida. A preparação deve sempre ser a mesma no que tange ao recolhimento e concentração e depois se pronuncia: ommmmmmmmooooooooommmmmooooooooooooo ommmmmmmmmmmmmmooom om om. É necessário repetir várias vezes esta fórmula. Porém, esta prática só deve ser realizada por quem esteja em perfeita saúde física, sem alterações fisiológicas e, sobretudo, sem qualquer preocupação mental e objetivos egoístas. Ao realizá-la, deve-se abrigar 106

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somente pensamentos elevados, os mais puros sentimentos e os propósitos mais edificantes. Naturalmente estas condições somente estão ao alcance do verdadeiro Iniciado, que faz das funções espirituais da vida um verdadeiro sacerdócio, dado que vive completamente consagrado à glorificação da Verdade Espiritual pela perfeita exaltação da Consciência. PARA AUFERIR NOVAS ENERGIAS DURANTE O BANHO Interiorizar-se. Concentrar-se e, em seguida apaziguar todo sentimento de inquietude ou aborrecimento e em seguida meditar sobre o objetivo a que se propõe. Em seguida pronunciar com a máxima serenidade possível: oomoooomooooommmmmmmmmmmooonipaadmeh ummmmm om oooooommm. Esta fórmula também deve ser repetida várias vezes. Toma-se depois o banho e depois se torna a repeti-la tão logo se tenha saído do banho.

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UMA ADVERTÊNCIA IMPORTANTE

É

muito conveniente que estas práticas sejam realizadas em determinadas horas e de forma metódica, tomando-se o cuidado antecipado de realizálas com o estômago vazio. O mais adequado antes de recitar os mantras é fazer vários exercícios de ginástica e depois banharse. Uma vez praticados os mantras é necessário dedicar-se a qualquer trabalho edificante, colocando o corpo em atividade e, se isto não for possível, praticar exercícios físicos ou realizar uma caminhada rítmica. Estas práticas, repetidas dentro de uma igreja ou templo, não importa qual seja a denominação a que pertença, dão melhor resultado. É importante e necessário respeitar todas as crenças, porque todas têm os mesmos propósitos, partem das mesmas ânsias humanas e se dirigem as mesmas potências excelsas. Naturalmente que as melhores são aquelas cujas práticas são mais eficazes. Não se deve pronunciar a fórmula sagrada em vão ou com fins banais.

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A CONSCIÊNCIA CRIADORA

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uando nos referimos à Consciência Criadora surgem imediatamente, ante nós, as considerações mais profundas e, ao mesmo tempo, as mais inverossímeis. Sem dúvida, a humanidade em geral conhece, na atualidade, muito pouco do que seja a Consciência. É comum confundir-se a “consciência-conhecimento” dos psicólogos modernos com a Consciência-Inteligência Universal, ou seja, o Budhatathagatha, o Tao ou Anima Mundi dos antigos. A esta Consciência total, fonte de toda geração biótica e matriz de toda função vital na totalidade da Natureza Universal nomeamos “Krenal” em oposição ao princípio “Ontos”, que é a fase mais primitiva da realidade manifestada. Para facilitar a expressão daquilo sobre o que estamos falando, referirmo-nos a ela como Consciência Cósmica. Estamos completamente impregnados desta Consciência Cósmica e nela nos movemos, pois é a fonte imanente de toda possível realidade. Os Tattwas ou princípios vitais encontram nela suas fases primordiais de atualização, e a isso se deve que possamos dizer: todos somos veículos circunstanciais de seus eternos desígnios. A Vida tem todas as suas possibilidades dentro dessa Consciência Cósmica e nós somos apenas sua expressão, se bem que essa expressão varia de 109 

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acordo com o nosso grau de capacidade para despertar e viver no íntimo de nossa Consciência. Os místicos de todas as escolas conhecidas designaram esta Consciência sob diversos nomes. Os Budistas, em sua Filosofia Fundamental se referem a ela como Budha, pois Budha é tudo aquilo fundamentalmente real e transcendente. Os gnósticos primitivos ou cristãos e bonitas (ou de São João Batista) chamavam-na Chrestos ou Consciência Imanente Universal, e os cristãos a converteram mais tarde em Cristo ou o Filho do Pai Eterno. Quando o indivíduo consegue aplacar suas paixões e canalizar de forma dignificante seus desejos e aspirações, emoções e ideais, consegue despertar paulatinamente no íntimo de seu ser essa Consciência Universal ou Cósmica e se converte em adequado veículo de expressão da verdadeira e eterna realidade, aquilo que fica implícito quando se alude ao Espírito Santo ou Alento Divino, se por “espírito” e “divino” se entende a energia eterna que se atualiza em múltiplas formas, sumamente inteligente e sempre criadora. A verdadeira Sapiência somente é uma realidade quando se consegue viver em plena realização dessa Consciência Cósmica, isto é, em serena plenitude ecumênica, que proporciona a “visão eterna” e nos faz viver na harmonia do indiferenciado. Isto chamamos de Vida Impessoal ou ecumênica, mas que, para facilitar sua expressão, denominamos a Comunhão Mística. A realização Consciente que nos coloca em íntima relação com as fases fundamentais e superiores 110

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da vida, fazendo-nos sentir profundamente o sentido transcendental da Realidade, é uma genuína comunhão mística, porque atualiza em nós o eterno, a Consciência Cósmica imanente do Indiferenciável. A Comunhão Mística é o sentido íntimo da vida, o motivo e significação da realidade cósmica, ou seja, a Natureza Universal em suas fases primordiais e transcendentais. Quando se sabe o que é a vida em si e quando a pessoa percebe a sublime valia que subjaz em todo o existente, vibra harmoniosamente com o infinito, com o ulterior ou essencial, vive euforicamente. Isso se entende por Comunhão Mística, porquanto, então, se está em sutil concordância com o fundamental e perene da realidade. A Consciência Cósmica, portanto, é o estado constante de plenitude eufórica dentro do magnífico concerto da Vida Universal. Isto se pode denominar como “ente” substantivo, chamando-o, abertamente, O CÓSMICO. Mas não se trata aqui de um “ser” ou de uma “entidade formal”, porquanto carece de toda circunscrição e escapa a todo intento de limitação. Ninguém saberia fixar-lhe proporções nem reluzi-lo a termos doutrinais, porquanto é uma realidade per si, isto é, que não se pode inferir sem integrar-se nela pela via da consubstanciação ou função subliminal, operada pelas realizações da Consciência. A Consciência Cósmica é o SummumBo num ideal de toda filosofia sã e edificante e, também, é a meta da verdadeira espiritualidade, por ser a conscientização geral perfeitamente condicionada através de suas 111 

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múltiplas fases de variada expressão, em casos inteligentemente condicionados. Ela penetra tudo no infinito campo da realidade universal e eterna e subjaz através de todas as mutações operadas ao compasso do Verbo Eterno. O indivíduo pode conseguir realizações dessa Consciência Cósmica ou Universal de diversas maneiras. Muitas formas de intuição se revestem dessas características. A meditação profunda e sustentada pode levar a tais alcances de realização subliminal, facilmente reconhecidos por seu sentido universal ou ecumênico. O conceito acrisolado, ulterior em suas finalidades e condensações subjetivas, além de toda coordenação metafísica e que cai plenamente na compreensão inefável e apenas inarticulável da realização mística, também pertence a esse gênero de conquista, em que a percepção e toda a função mental do indivíduo, se perde em noções imprecisas, porém transcendentes do ulterior e universal. Muitas formas de sonho e de inspiração também o são, especialmente de caráter profético. O amor, em suas fases excelsas, também pertence a esse gênero de transposições do indivíduo no infinito universal. Porém, estas conquistas escapam a todas as argúcias e logogrifos metafísicos em que jogam papel decisivo somente as investigações de ordem puramente teórica. A Comunhão Mística não é um assunto dialético ou retórico, mas de experiência íntima e profunda, ampla e categórica, funcional e criadora na certeza e na substância do ser. Toda a explicação deste fato pertence já à ordem das divagações teóricas e das 112

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coordenações metafísicas que são somente tentativas esforçadas e pouco convincentes para patentear e demonstrar a viabilidade ou realidade de hipóteses dogmáticas. A verdadeira Comunhão Mística se vive, se sente e se realiza sem paralisar as mentes em enunciados mais ou menos carregados destruímos ou demasiadamente abstratos. Para muitos filósofos, a problemática da Consciência gira em torno do fato da existência do pensamento e da imanente realidade universal; ou se esta ou aquele são exclusivos e primordiais; ou, ainda, se é necessário negar validade a um destes dois e quando se deve conceder preponderância absoluta a um sobre o outro. Do nosso ponto de vista, pouco importa qual seja a categoria que se queira assumir, pois não concebemos nenhuma importância em tais posicionamentos ou preferências, de ordem puramente esquemática e sem validade demonstrada. Isto corresponde ao complexo “achar dificuldades e conceber problemas”. Assim, a mente humana não cultivada, gosta de engendrar dúvidas e criar dificuldades de toda a espécie. É que a mente humana faz a si própria, espelho e até reflexo da realidade universal, reproduzindo ou projetando as coisas e os fatos em forma de pensamentos ideais, de acordo com sua própria capacidade interpretativa, conceptual, interceptadora e, ainda representativa. Daí que a Consciência Cósmica não pode ser completamente traduzida ou realizada pela mente sem a adequada preparação e, o mais comum, é que esta deforme 113 

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aquela ou lhe dê qualquer condição em forma de expressividade. Todos os males do mundo, nisto incluindo as crises de que padece a nossa presente humanidade, se devem precisamente a essa ingênita inépcia da mente para se constituir em veículo apropriado da Consciência Cósmica, o que acaba redundando naturalmente em incontáveis complexidades e numa carência quase absoluta de capacidade para a Comunhão Mística, derivando-se daí, então, todos os males já crônicos de nossa desventurada espécie humana, que parece esmerar-se em ser infeliz e em viver antinaturalmente e inimizada com os únicos valores verdadeiros do majestoso armazém da Natureza Universal. Tanto a ciência como a religião têm de se encaminhar para estas realizações transcendentais, de ordem ecumênica, tendentes a tornar cada vez mais patente o essencial e o primordial no formal e no transitório, o espiritual no material. A experiência íntima, profunda, da Comunhão Mística é a que nos pode proporcionar uma solução definitiva a todas as nossas inquietudes e a todos os nossos problemas, não com fantasias e teorias, mas, sim, com novíssimas realizações transcendentais e atitudes mentais verdadeiramente edificantes e fundamentadas no essencial da realidade eterna. Aí, todos os conhecimentos se esfumam, achando sua Nêmeses1 frente a realizações de ordem superior Nêmeses é a Deusa justa e imparcial que reserva sua cólera unicamente para aqueles cuja inteligência se acha extraviada pelo orgulho, pelo egoísmo e pela impiedade. É Carma.

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da mente, na qual não entra em comparação nem a função intelectual, nem o raciocínio nem, ainda, as divagações teóricas. A Consciência Cósmica não está esquematizada, nem a verdadeira sabedoria tampouco consiste em definições doutrinárias. O infinito flui na mente, e no íntimo do nosso ser quando estamos adequadamente predispostos e em harmonia com o essencial da realidade vida. Existe somente uma Consciência, a Consciência Cósmica. Aquilo que nós, indivíduos humanos, chamamos “nossa consciência” é uma paródia, um vago disfarce da Consciência Cósmica, que todos nós pressentimos dentro de nosso inato misticismo, mas que raras vezes conseguimos conceber e compreender. Todo esforço realizado em favor de nosso próprio ser, por meio de um profundo cultivo ou de uma estimulante disciplina, tende a favorecer nossa mente conceitual, funcional e emotivamente, com a finalidade de servir de veículo à Consciência Cósmica. Para muitos, esta Consciência Cósmica é o Espírito Universal, enquanto que outros a chamam Alaya, Anima Mundi, Brahma ou Deus. Mas, com que finalidade nos confundimos com palavras altissonantes que nada explicam? O importante é realizar, compreender essa Realidade Eterna e depois servi-la, vivendo em harmonia com seus princípios e inspirações. Segundo as necessidades das épocas e segundo os fundamentos dos diversos e diferentes círculos da vida essa mesma Consciência Cósmica assume diversas formas de apresentação. Ora tem por nome Rama, Krishina, Zoroastro, ou então Budha, Cristo ou 115 

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ainda o Cosmos ou a Inteligência Universal. Por que mudar o nome, a etiqueta ou a marca se o sentido, o conteúdo ou a realidade a que se alude são os mesmos? O verdadeiramente importante está mais na compreensão do que se conseguem disto tudo e do fato de que nos convertamos em adequados veículos de seus valores fundamentais e objetivos transcendentes, o que de outra forma constitui a única finalidade edificante e digna da vida.

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A INICIAÇÃO ESOTÉRICA E A FÓRMULA SAGRADA

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ossos leitores e estudantes devem ter presente um importante particular, já que a fórmula sagrada OM MANI PADME HUM HRI tem íntima relação com cada uma das fases da Iniciação. Queremos dizer com isto que ela não resume em si unicamente uma finalidade, ou seja, a que simplesmente alude, mas também serve de meio para a conquista das supremas realizações e das ulteriores superações que objetiva e inspira a Magia Espiritual. Como pode servir de meio iniciático esta fórmula? Somente o Iniciado pode conseguir sabê-lo, pois seria dificílimo fazer compreender ao profano algo baseado em “vivências” e experiências íntimas. Não obstante, daremos aqui algumas explicações de suas particularidades, de maneira que o estudante sincero possa orientar-se corretamente nesses assuntos tão difíceis, que, mesmo assim, têm sido e continuam sendo tremendamente explorado pelos charlatões e os sectaristas. Abaixo relacionamos e explicamos a fórmula sagrada em relação com a Iniciação em geral e especialmente com os discípulos aceitos:

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OM corresponde ao discipulado em geral e, em forma particular, com os discípulos admitidos. MANI ou Chela.

está relacionado com o discípulo aceito

PADME equivale ao Anagaryka ou Uno-Universal. HUM atua em relação ao Adepto ou verdadeiro Naljorpa1. HRI pertence ao domínio do Nirvana e corresponde exclusivamente ao Bodhisattva. Vejamos agora a relação que cada palavra da fórmula sagrada tem com as funções mentais, ou seja, com Manas: Explicação da palavra Naljorpa: Yoga é a riqueza de ser natural. De fato, a palavra yogi, ou em tibetano Naljorpa, significa “alguém que tem esse tipo de riqueza, a riqueza de ser natural”. Na Índia ou no Tibet, nos referimos aos praticantes, meditantes, como yogis, significando que eles têm esta riqueza ou que têm a riqueza de serem naturais. Uma vez que a visão das duas formas de não identidade tenha sido atingida, então manter a visão é chamado meditação. Manter a visão durante a vida é a meditação. Enquanto praticar, haverá momentos em sua experiência nos quais, por causa das bênçãos do lama e por causa de seu próprio entendimento e contemplação dos ensinamentos, você se sentirá muito certo sobre a visão na meditação, assim que ela tiver sido totalmente realizada. Não é isto; esta é a mente progredindo com a visão. Você deve continuar a meditar e manter a visão por muitos anos. Quando você realmente tiver a percepção direta da sabedoria da não identidade, nunca haverá uma mudança; então você se tornará um yogi. Em tibetano, yogi é Naljorpa, e nal refere-se a alguém que teve uma percepção direta do dharmata, e jor significa alguém que efetivou o poder desta visão. Até esta meta de naljor [sânsc. yoga] ser alcançada, você deve continuar a praticar.

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OM está relacionado com o controle pessoal; MANI com a concentração; PADME com a meditação; HUM com a contemplação e; HRI

com o Nirvana.

As propriedades ou qualidades particulares de cada uma dessas funções podem ser especificadas da seguinte forma: OM Afirmação de toda possibilidade. O futuro e o ulterior. MANI O Verbo. O atual. PADME O Arquétipo. O fundamental. HUM Os princípios. A Consciência Transcendente. HRI O espírito. A essência. O Absoluto. A fórmula sagrada tem, deste modo, relação direta com os princípios vitais ou Tattwas, que emanam do seio imponderável da Consciência Universal. Neste caso as correspondências são: OM e Akasha. MANI e Akasha. Vayu e Tejas. PADME e Akasha, Vayu, Tejas, Apas e Prithivi. HUM Anupâdaka e Buddhi. HRI e Adi e Âtmâ.

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Como se pode ver, aparece, em cada caso, os Tattwas dominantes, ou seja, os princípios vitais característicos em suas funções e implicações correspondentes. Os Discípulos, segundo o seu grau de adiantamento no domínio do despertar da Consciência e de suas manifestações nas mais diversas modalidades, conseguirão o controle dos tattwas correspondentes as suas aptidões em seus respectivos campos. Isto pode ser entendido que, tanto o Discípulo como os Iniciados, conseguem realizações de acordo com suas atitudes e segundo seja a preparação íntima que tenham conseguido.

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OS PRECEITOS DA ALVORADA DA VERDADE Creio em Deus, o Grande Arquiteto do Universo, em seu duplo aspecto de Pai e Mãe, e na Força Crística - o Amor Divino implantado no âmago de toda a humanidade. Creio na Igreja Universal, que é invisível, e no Espírito santo - o Divino Fogo Espiritual de purificação e de Amor. Creio, antes de unir-me ao Espírito Universal e compreender a ação da Lei Espiritual, que deve morrer em mim o ser inferior e que, emergindo o Ser Superior, devo nascer novamente. Creio, esclarecido pela grande Luz de Deus, latente em mim, que eu mesmo julgarei as minhas faltas e sofrerei a minha pena. Creio no Deus de Amor, Pai-Mãe de toda humanidade, na comunhão e trabalho conjunto dos anjos e das almas redimidas. Creio em minha unidade com todos os reinos da Natureza e na santidade de toda a vida. Creio que pelo esforço contínuo chega-se ao Eterno e que, pela união com os Pais Divinos, os desejos e a infelicidade desaparecem. Creio que se quiser a libertação dos renascimentos, devo cumprir a Lei, compreender a natureza do Fogo Celestial e alcançar a Sabedoria Oculta. Esforçar-me-ei, com a ajuda de Deus, em ver o bem em tudo, em me abster de tudo aquilo que conduz ao efêmero, à vaidade, à impureza e ao apego ao poder terrestre. 121 

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Esforçar-me-ei em estar ao lado dos aflitos, em dar conselhos sinceros e impessoais a todos os que procuram a minha ajuda, e em dirigir pensamentos de paz aos que lutam e aos que sofrem. Farei, diariamente, algum trabalho para Deus e obedecerei às leis da hospitalidade. Tentarei cumprir minhas tarefas cotidianas de bom grado, tão preparado quanto as circunstâncias me permitam. Lembrar-me-ei de que sou o templo do Deus Vivo. Procurá-lo-ei interiormente, sabendo que no mais íntimo nasce o Irradiante, o Senhor do passado e do futuro, o Senhor do Infinito que, no entanto, é sempre o mais próximo. Esforçar-me-ei para que minha mente não seja perturbada pelos assuntos do mundo; em não ser dominado por paixões e egoísmo; em ser paciente no sofrimento, alimentando o contentamento e a gratidão. Lembrar-me-ei que todas as épocas foram nutridas pela Majestade de Deus - a Essência Crística que impregna tudo - e que todas as raças foram chamadas a ouvir a Voz de Deus, cada uma sob o aspecto e forma que mais lhe eram propícios. Assim, com esse conhecimento, estarei em harmonia com tudo e poderei reverenciar a Deus, em qualquer tempo e lugar, sob qualquer aspecto que O encontrar. Amém.

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Informações sobre as obras traduzidas: Para receber informações sobre os títulos, visite o nosso Site: http://www.revelandomisteriosdooculto.com.br/

Se quiser receber comentários sobre este livro, escreva para: [email protected]

SOBRE O LIVRO Formato: 15 x 21 cm Tipologia: Verdana, em corpo:12/15 Número de páginas: 122 1ª edição: 2014 Organização realizada, em outubro de 2014 theano editora

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