Letras - 45 - Modas de Viola Classe A Vol 4 - 1984

March 23, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Modas de Viola Classe A - Vol. 4 Letras  Por: Alexandre Fais, [email protected]

1984

Álbum de Carreira Tião Carreiro & Pardinho

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Pousada de Boiadeiro Moda de Viola - (Tião Carreiro e Dino Franco)

Eu recordo com muita saudade a fazenda onde me criei A escola coberta de tábua e a professorinha com quem estudei Meu cavalo ligeiro de cela, as estradas que nele passei Tudo isso me vem na lembrança, o tempo da infância que longe eu deixei, ai Eu dançava nos fins de semana os bailinhos do velho Matão O matungo pousava no toco seguro nas rédeas ‘manoteando’ o chão A sanfona gemia no canto com viola pandeiro e violão Minha dama encurtava o passo sentindo o compasso do meu coração, ai Esse tempo já vai bem distante, tudo, tudo na vida mudou O piquete das vacas leiteiras cobriu-se de mato e enfim se acabou Os parentes mudaram de rumo, ninguém sabe também onde estou Despedi-me numa madrugada seguindo a estrada que Deus me traçou, ai Adeus Conceição do Monte Alegre, adeus povo do bairro Cancã Adeus pousada de boiadeiros abrigo dos peões de Echaporã Lá reside o César Botelho que demonstra ser meu grande fã Com saudade de todos vocês eu volto talvez num outro amanhã, ai Desculpe se eu não falei de outras terras que andei Lá pras bandas de Agissei, São Mateus, também Santa Ida Daquela gente querida eu nunca vou me esquecer 

 

Viola Vermelha  Moda de Viola - (Tião Carreiro e Jesus Belmiro)

Esta viola vermelha cor de bandeira de guerra Cor de sangue de caboclo, cor de poeira de terra Foi a fiel companheira numa longa trajetória De um artista tão querido que deixou o nome na história Um canhoteiro de fibra, um exemplo de violeiro Com talento e traquejo do progresso sertanejo ele foi o pioneiro Esta viola vermelha já fez tristeza acabar Fez muitos lábios sorrir, fez platéias delirar Mas um dia entristeceu no silêncio da saudade Quando pra sempre seu dono partiu para eternidade Ela chora apaixonada, que até meu corpo arrepia Dá um gemido em cada corda quando comigo recorda esta imortal melodia Esta viola vermelha que tanto alegrou o povo Defendendo o que é nosso está na luta de novo Voltou a ser aplaudida como foi antigamente O seu passado de glória revivendo no presente Florêncio descanse em paz, porque esta viola sua Voltou para o pé do eito encostada no meu peito, sua luta continua Esta viola vermelha que está chorando comigo Ela perdeu o seu dono, eu perdi um grande amigo

 

Herói Sem Medalha  Moda de Viola - (Sulino)

Sou filho do interior do grande estado mineiro Fui um herói sem medalha na profissão de carreiro Puxando tora do mato com doze boi pantaneiro Eu ajudei desbravar nosso sertão brasileiro Sem vaidade eu confesso, do nosso imenso progresso, eu fui um dos pioneiros Veja como o destino muda a vida de um homem Uma doença malvada minha boiada consome Só ficou um boi mestiço que chamava lobisomem Por ser preto igual carvão foi que eu pus esse nome Em pouco tempo depois eu vendi aquele boi pros filhos não passar fome Aborrecido com a sorte dali resolvi mudar E numa cidade grande com a família fui morar Por eu ser analfabeto tive que me sujeitar Trabalhar num matadouro para o pão poder ganhar Como eu era um homem forte ‘nuqueava’ gado de corte pros companheiros sangrar Veja bem a nossa vida como muda de repente Eu que às vezes chorava quando um boi ficava doente Ali eu era obrigado matar a rês inocente Mas certo dia o destino me transformou novamente O boi da cor de carvão, pra morrer na minhas mãos, estava na minha frente Quando eu vi meu boi carreiro não contive a emoção Meus olhos encheram d’água e o pranto caiu no chão O boi me reconheceu e lambeu a minha mão Sem poder salvar a vida do boi de estimação Pedi a conta e fui embora desisti na mesma hora desta ingrata profissão

 

Milagre da Vela  Moda de Viola - (Carreirinho e Zé Carreiro)

Lá no bairro aonde eu moro um dia desses passados Se deu um causo impressionante que ficamo admirado Uma vizinha de casa que há tempo tinha ‘viuvado’ Ficou ela e três filhinhos residiam num sobrado O velho quando morreu, ai, deixou alguns cobres guardados Era meia noite e meia, o relógio tinha marcado E a viúva não dormia virando por todo lado Quando quis pegar no sono escutou um forte chamado Ela então reconheceu ai, que era a voz do seu finado Vai acudir nossos filhos para não morrer queimado A velha virou pro canto, pensou que tinha sonhado Quando a voz se repetia: “Vai fazer o meu mandado” Ela levantou depressa e o quarto estava trancado Arrombou a porta, entrou, ai, num gesto desesperado Uma vela sobre a mesa já com fogo no ‘toalhado’ Com o barulho da porta os menino acordaram assustados EMeus a mesinha em esta ‘lavareda’ cama não estava filhos pra vela senaa força temencostado faltado? Minha mãe, quinze de agosto, nós estamos bem lembrados Que hoje completa um ano que papai foi sepultado

 

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Boi Cigano   Moda de Viola - (Geraldino e Fauzi Kanso)

Entre tantas companhias de grande circo rodeio O capitão Asa Branca se destaca nesse meio Exibindo o boi Cigano nos seus pesados torneios Muitos peões de nome e glória Foi em busca de vitória e acabou fazendo feio A atração da companhia permanece a muitos anos A platéia se arrepia quando entra o boi Cigano Pra montar e não cair, ai, não conheço um ser humano Derrotou em Andradina A grande fera assassina o leão sul africano Um peão compareceu por anuncio dos jornais Por sinal tinha seu nome entre os bons profissionais O Fumaça em montaria já ganhou prêmio demais Mas no lombo do Cigano Conheceu o desengano e acabou o seu cartaz, ai Zé Corisco peão mineiro veio com toda a certeza Por ter lhe ele aplaudia, derrotadooatombo tal mula A platéia foiFortaleza de surpresa Por Cigano derrotado, acabou sendo vaiado  Não valeu sua destreza O capitão Asa Branca percorre o Brasil inteiro Desafiando a peonada pagando prêmio em dinheiro A derrota do Cigano eu tenho que ver primeiro Se um dia acontecer e o peão aparecer Será o campeão brasileiro

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Existe uma outra Moda de Viola com o mesmo nome no Álbum “Meu Carro é Minha Viola” - 1962 - composta por Tião Carreiro e Peão Carreiro. É a primeira Moda da saga do Boi Cigano que derrota um leão no Circo Sul Africano

 

Violeiro do Passado  Moda de Viola - (Dino Franco e Zico Dias)

Pra passar trabalho neste mundo eu vim  Não tenho ninguém que chore por mim Sofrendo desgosto e saudade sem fim Está minha vida sempre foi assim Eu sou como as flores que não tem jardim Quando eu me mudei da onde nasci Um amor que eu tinha não me viu sair Fiz coração duro, mas não resisti Só eu é que sei o quanto sofri Varei quatro noites sem poder dormir  No tempo de moço eu me diverti Meus amores tinham certeza de eu ir Chegava nas festa vinham me pedir Pra que eu cantasse pra elas ouvir Modinhas chorosas, versos de ferir O vosso convite quando eu recebi Com muito prazer Afinei a viola queeuatémeeupreveni senti Fui na sua festa e melhor não vi Eu gozei carinhos que não mereci Eu vivo correndo terras, ai, jogado daqui pra ali Vou deixar de querer bem, ai, chega o tempo que eu perdi Pra ser violeiro foi que eu nasci Em muitos catiras eu amanheci Fiz moça orgulhosa chorar e sorrir Suspirei saudade e me despedi Mas a rosa branca nunca esqueci

 

Arreio de Prata 

Moda de Viola - (Teddy Vieira, Roque José de Almeida e Mário Bernardino)

São José do Rio Preto, muito tempo se passou O seu Oscar Bernardino com a boiada ele viajou  Num transporte a Mato Grosso na comitiva levou Um filho de criação que na lida ele ensinou  No seu arreio de prata que no rodeio ro deio ganhou O menino ia garboso no potro que ele amansou Aquele arreio de prata era o que mais estimava Somente em dia de gala que em rio preto ele usava  Nesta viagem seu Oscar pros peões recomendava r ecomendava Pra zelar bem do peãozinho que recente se formava O menino de ponteiro o berrante repicava O Itamar e o Tiãozinho de perto lhe vigiava A mania do menino seu Oscar sempre lembrava  Na hora do reboliço com a vida não contava E foi lá no pantanal quando ninguém se esperava Uma onça traiçoeira numa rês ela pulava A boiada deu um estouro que o sertão se abalava Parecia que o mundo nessa hora se acabava Os ares de campo virgem cheirava chifre queimado O menino dando grito para tentar segurar o gado A barrigueira partiu, do cavalo foi jogado  Nos cascos dos cuiabanos pelos campos foi pisado Quando a boiada passou viram o peãozinho estirado Com seu arreio de prata estava morto abraçado O seu Oscar Bernardinho sua alegria acabou Pegou o arreio de prata pro Antônio ele falou: “Este arreio é do menino, deixe com ele, por favor”  Na sombra de um anjiqueiro uma cruzinha fincou E na cruz fez umidade letreiro umcom domador Que apesar da pouca nemaqui um jaz peão ele igualou

 

Fazenda Caioçara  Moda de Viola - (Tião Carreiro e Dino Franco)

 Na fazenda Caioçara toda vez que q ue rompe o dia Canta triste a seriema, a codorninha assobia Ronca o porco no chiqueiro e a cachorrada vigia Riscando o chão com o casco Berra um touro no pasto de alma xucra e bravia É bonito na fazenda quando é noite de porfia Todo mundo se diverte com viola e cantoria O Tupy canta rancheira, o Dino fala poesia O Nilsão abre cerveja Uma pinga com carqueja traz um gole de alegria O Raimundo e o Toninho nunca têm as mãos vazias Quando chegam na fazenda fazem boa pescaria O Luizinho despachante come peixe sem quantia O Décio faz a fritada É aquela pingaiada, credo em cruz, ave-maria Quando chega o mês de junho só vendo que maravilha a festa de Pedro a promessa família ATem mulherada fazSão terço a Virginia formadaquadrilha Junto ao fogo da lareira Tem trucada a noite inteira e ninguém joga sem ‘mania’ Liu e Léu chegou a hora, vem vindo à barra do dia O Didi levanta cedo e os trabalhos principia Faz um escaldado forte para aumentar a energia O Antônio traz o leite, já correu a freguesia Eu também vou ver meu eito Pra vocês o meu respeito, temos Deus na companhia

 

Dever do Policial  Moda de Viola - (Tião Carreiro e Jesus Belmiro)

Ano de sessenta e seis, mês de dezembro surgiu A noite do dia sete de desespero cobriu  Na cidade de Olímpia grande temporal caiu A rua nove de julho parecia um grande rio E um grito de socorro na escuridão se ouviu Era uma voz de criança com a vida ameaçada Pela forte correnteza estava sendo arrastada Um corisco iluminou seu corpo na enxurrada E um mocinho de fibra, de coragem redobrada Correu em sua defesa sem ter receio de nada A menina inconsciente com sacrifício tirou Um socorro de urgência com perfeição aplicou O brilho da luz da vida nos olhos dela voltou Viu que era Marta Neves a menina que salvou Levando ela nos braços para a família entregou A família quis pagar, ele não quis receber E se despediu precisa Somente estoudizendo: de folga “Não quando nada agradecer acontecer  Na profissão que abraço de tudo aprendi fazer Sou policial militar e só cumpri meu dever”

 

Saudosa Vida de Peão  Moda de Viola - (Tião Carreiro e Peão Carreiro)

Da minha vida de peão só recordação eu tenho guardada Da peonada gritando, o berrante tocando chamando a boiada  Nas tardes quentes de agosto o suor s uor do meu rosto coberto de pó De quebrada em quebradas nas longas estradas só Deus tinha dó  No estado de Mato Grosso eu era bem moço, mas tinha coragem Enfrentei o Pantanal, uma vida infernal laçando selvagem Junto com meus companheiros cruéis pantaneiros tiramos de lá  No perigoso transporte encontrando com co m a morte a cada lugar De passo a passo a boiada uma onça pintada às vezes seguia Querendo matar sua fome o cheiro do homem a fera temia O som do berrante manhoso, o andar preguiçoso da tropa cansada Foi brutalidade, mas tenho saudade da vida passada Ao deixar o estradão para o meu coração foi um forte veneno Minha rede macia que nela eu dormia até no sereno Expressos boiadeiros deixou os pioneiros com a vida arrasada Acabou-se o berrante, o transporte elegante de uma boiada

 

Mineiro do Pé Quente  Moda de Viola - (Lourival dos Santos e J. dos Santos)

Mato Grosso é um gigante aonde eu piso devagar Eu comparo esse estado um grande jequitibá Que faz uma sombra amiga esperando quem chegar Este estado hospitaleiro vou falar de um mineiro residente em Cuiabá  No dia seis de janeiro há muitos anos atrás  Nasceu na terra do milho no chão de Minas Gerais  Nasceu no dia de reis assim diziam diz iam seus pais Acredito no destino vai ter sorte esse menino, Deus pra nós é bom demais O menino foi crescendo com a fibra de mineiro Ele pensava em silêncio seu talento era ligeiro Honestidade e trabalho traz vitória e dinheiro Pra ele não tinha erro, começou com três bezerros, mais tarde foi boiadeiro  Na enxada e na foice e no machado pegou pe gou Foi carreiro, foi tropeiro, com caminhão trabalhou  No grande jogo da vida não perdendo só ganhou Sua estrela só brilhava, Deus sempre o acompanhava por onde ele passou Casou com dezoito anos, entregou seu coração Quem faz um bom casamento tem um tesouro na mão Com o seu consentimento vou dar minha opinião Sua esposa companheira no seu lar é a roseira, cada filho é um botão O mineiro está lá em cima lutando honestamente Dono de uma grande empresa, dá emprego à muita gente Sendo ele o grande esteio diretor e presidente Falo a verdade e não minto, senhor Augusto Alves Pinto é mineiro do pé quente Sua vida é um livro aberto que nem o tempo consome Mostrou pra filho e parente que vencer honestamente  Não é impossível pro homem

 

Boi Veludo 

Moda de Viola - (Lourival dos Santos e Jesus Belmiro)

Um jornal que sempre leio procurando distração Eu encontrei bem no meio uma grande atração Ia ter um grande torneio lá na minha região Eu que sempre tive anseio num duelo de ação Fui assistir um rodeio por nome de Furacão Eu avistei bem no meio um boi da cor de carvão O seu nome é Veludo, esse boi está com tudo  Não deixa nada pro peão Peão que de longe veio com fama e tradição Foi dizendo sem receio: “Já montei até no cão  Nunca precisei de freio pra montar em bicho pagão p agão  Não vou precisar de reio pra quebrar qu ebrar o boi campeão Hoje vou dar um passeio no lombo do Veludão” O brinquedo ficou feio, bateu com a cara no chão O pobre peão tremendo de medo saiu correndo E trocou de profissão Peão que não fizer feio vai ganhar um dinheirão Está crescendo temigual de montão O lombo do boio érateio, cheio,dinheiro mas é liso sabão Pra quebrar o seu galeio duvido que tenha peão  Nesta viola que eu ponteio vai aqui minha opinião Boi veludo é um esteio, garantia do patrão O boi veludo é um craque o amigo João Gargalak Tem um tesouro na mão

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