LAWSON, Bryan. Como Arquitetos e Designers Pensam

April 30, 2017 | Author: Camila Caixeta | Category: N/A
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FICHAMENTO

LAWSON, Bryan. O que é projetar? In: _____. Como arquitetos e designers pensam. São Paulo: Oficina de Textos, 2011. p.13-55.

Destaques do livro:  A mudança do papel do arquiteto  O advento de modernidade alterou o modo de projetar do arquiteto.  O que antes era sobejamente conhecido, testado e de eficiência comprovada pelo tempo e pela tradição passou a ser incerto, desconhecido.  A revolução tecnológica mudou a sociedade e suas exigências. Em um período de menos de uma geração todo o ambiente em que vivemos precisou ser inteiramente reprojetado.  O automóvel, a televisão, a internet, exigiram a construção de espaços inimagináveis pelas gerações anteriores.  O ato de projetar deixou de ser uma tarefa lógica com objetivos bem definidos e passou a ser de alta complexidade dadas as incertezas geradas pelas rápidas mudanças da sociedade. Problemas e soluções  Os problemas de projeto não podem ser totalmente determinados, nem sempre são visíveis e precisam ser encontrados.  “Projetar é uma habilidade altamente complexa e sofisticada. Não é um talento místico

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concedido apenas aos que têm poderes recônditos, mas uma habilidade que tem de ser aprendida e praticada, como se pratica um esporte ou se toca um instrumento musical.” Os problemas de projeto melhor de explicitam ao testarmos as soluções. Diferentemente do cientista que se aprofunda no problema para descobrir a solução, o

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arquiteto descobre a solução através das tentativas de solução. Neste caso a síntese inicia-se paralelamente à análise e não após a análise. Problemas e soluções surgem juntos, tanto o problema quanto a solução ficam mais



claros à medida que o processo avança. É muito provável que objetivos e prioridades mudem durante o processo de projeto assim



que as conseqüências das soluções começarem a aparecer. Para iniciar o projeto é suficiente identificar o problema mais importante a ser resolvido



(gerador primário), evitando exaustivas pesquisas de análises. O programa surge, essencialmente, numa relação constante entre o que é possível na



arquitetura e o que queremos fazer, tudo o que fazemos modifica a nossa idéia do que é possível. [...] não se pode começar com o programa e (depois) projetar, é preciso começar projetando e programando ao mesmo tempo, porque as duas atividades são completamente interligadas. (Drake, 1978) Iniciar o projeto apenas com o gerador primário exige habilidade para desvencilhar-se da



solução inicial e partir para outra, tão logo se constate que a proposta não atende às necessidades do cliente (não resolve o problema). A pesquisa prolongada, especialmente dos alunos de arquitetura pode ser indevidamente usada para adiar o dia cruel de realmente começar o projeto.



É raríssimo que a coisa projetada sirva a um único propósito, assim o programa de



necessidades é apenas uma hipótese. No primeiro momento o cliente não consegue expressar com clareza suas reais



necessidades e somente o fará através de críticas ou sugestões às propostas do arquiteto. É mais fácil criticar a solução do que sugeri-la. O cliente não deve ser considerado apenas como fonte de informações, mas como um

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participante criativo do processo. As restrições impostas pelo cliente podem tornar o projeto único, original. Os problemas de projeto exigem interpretação subjetiva (juízo de valor). Não há soluções ótimas para os problemas de projeto, mas soluções aceitáveis que podem



ser melhores ou piores para diferentes clientes. Tudo que projetamos tem potencial não só de resolver problemas, como também de criar



outros. O processo de projeto é interminável. Uma das habilidades do projetista é saber quando

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parar. O desenho e esboços exercem papel central no ato de projetar. Depois que uma idéia se forma e o projeto se completa, de certa forma o mundo muda. A solução de um projeto não serve apenas ao cliente, mas permite ao projetista desenvolver as suas idéias de maneira pública e verificável.

Problemas de Projeto  Nunca se sabe com certeza quando todos os aspectos dos problemas já foram revelados.  Não é possível esperar que muitos dos problemas de projeto surjam antes que haja uma 

tentativa de gerar soluções. Na verdade, muitas características dos problemas de projeto talvez nunca sejam reveladas



e explicitadas. Até certo ponto, nosso entendimento dos problemas de projeto e das informações



necessárias para resolvê-los depende de nossas idéias de solução. As soluções de um projeto raramente correspondem exatamente às partes identificadas do



problema. O mais comum é que uma idéia de solução seja uma resposta integrada e holística a vários problemas, ou seja, raramente é possível dissecar uma solução de projeto e relacioná-lo ao problema, dizemos qual parte da solução resolve qual parte do problema. É raro que o projetista possa simplesmente otimizar uma exigência sem sofrer perdas em

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outras. Tanto o problema quanto a solução ficam mais claros à medida que o processo avança. O ato de projetar visa resolver um problema no mundo real enquanto a arte, em boa parte,



é auto-motivada e centraliza-se na expressão de pensamentos íntimos. Uma escola de pensamento defende que os alunos devem ter um regime livre e aberto, no qual se encoraje a livre expressão. Outra argumenta que os projetistas têm de resolver problemas do mundo real e que devem dar atenção à aquisição de conhecimento e experiência.



Barnes Wallis: “Nunca tive uma idéia inédita na vida. As minhas realizações foram



soluções de problemas.” O período de incubação também pode fazer uma linha de pensamento se interromper, e



quando voltamos ao problema, ficamos mais livres para partir em uma direção nova, diferente da anterior. Depois que tivemos uma idéia ou começamos a ver um problema de um jeito específico é

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preciso um bom esforço para mudar de direção. O processo de projeto é experimental . Projeto é mais normativo do que descritivo. Descritivo: o que é, como é, porque é.



Normativo: o que pode ser, como poderia ser. “Um dos paradoxos da criatividade é que para pensar de forma original, temos de nos



familiarizar com as idéias dos outros” KNELER (1965) No Studio os alunos aprendem tentando resolver problemas e não adquirindo a teoria e



depois aplicando-a. O espaço da solução de Van Bakel:

Programa: Restrições geradas pelo cliente. Conceito: Restrições geradas pelo projetista. Terreno: Principal fonte de restrições. 

Hertz Berger – Abordagem integrada onde ambigüidade e a multiplicidade de funções são projetadas de forma deliberada: Ele mostra, por exemplo, num conjunto habitacional, que uma forma simples de concreto diante de cada residência pode exibir o numero da casa, abrigar uma luminária, servir de apoio para garrafas de leite, ser um lugar para sentar e até servir de mesa numa refeição ao ar livre.

Estratégias para projeto  “O programa ideal provavelmente só tem uma ou duas páginas, mesmo no projeto mais 

complexo.” Lawson (1994) Estratégia Heurística: As estratégias heurísticas não se baseiam muito nos princípios teóricos, mas na experiência e nos macetes.

Disponível em: , acesso em: 19 mai. 2015.

Markus propõe 3 pontos de vistas que os arquitetos contemporâneos podem adotar a respeito do seu papel na sociedade. O primeiro é o conservador, centrado na continuação das instituições profissionais. Aguardam a solicitação dos clientes, produzem projeto e saem de cena. O segundo ponto é buscar ativamente mudanças estruturais na sociedade e que resultaria no fim do

profissionalismo liberal que conhecemos. Esses arquitetos se sentirão mais felizes tratando com os destituídos e trabalhos em favelas. O terceiro ponto é meio termo, fica entre os dois extremos e os projetistas continuam a ser especialistas profissionais qualificados mas tentam envolver no processo os usuários do projeto. O autor coloca que o projetista acaba desenhando enquanto pensa, mas nem sempre o desenho revela todo o processo de pensamento, nem mesmo os projetistas estão acostumados a analisar e explicitar esse processo de pensamento.

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