JULIO PINTO - 1,2,3 da Semiótica

April 8, 2019 | Author: Willian Salvario | Category: Charles Sanders Peirce, Semiotics, Inductive Reasoning, Experiment, Logic
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JULIO PINTO - 1,2,3 da Semiótica...

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Semiótica

.Júlio   Pint:o

Julio   Pinto

d a  Semiótica

Belo   Horizonte Editora   UFMG

1995

1, 2, 3 da

iót:ica

Copyright ©  1995 by Julio Pinto porr  qualquer Este livro, o u  parte  dele, nã o  pode ser   reproduzido po  sem m autoriz  autorização ação escrita escrita do Edi Editor tor.. meio se

Projeto gráfico e capa: Ready Made Multimídia e Comunicação Editoração de texto: Ana Maria de Moraes Formatação: Cés César ar de Almeida Correia Correia Editora UFMG Av. Antôni Antônioo Carlos, Carlos, 6627 6627 3127 31 2700-90 9011 Belo Horizonte Hori zonte/MG /MG Te!.:.: (031) 448-1438 / 448 Te! 448-13 -1354 54 Fax:: (03 Fax (031) 1) 443 443-68 -6803 03

DE MINAS GERAIS Reitor: Tomaz Aroldo da Mota Santos Vice-Reitor:Jacyntho José LinsBrandão UNIVERSIDADE FEDERAL

Conselho Edi Editor torial: ial: Ana  Mar  Maria ia de Moraes, Moraes, Ânge Ângelo lo Barbosa Barbosa M.Macha M. Machado, do, Beatriz Alvarenga Álvares, Geraldo Norberto Chaves Sgarbi, Heitor Capuzzo   Pilho.joaquim CarlosSalgado, Manoel Otávio da Cos Costa ta Roc Rocha, ha, Paulo Pau lo Bernardo Vaz Vaz,, Sônia Queiroz (Pres (Presidente idente), ), Wander Melo Miranda.

Ficha Catalográfica

P 659

Pinto,Julio 1,2,3 da semiótica / Julio Pinto. - Belo Horizonte: Editora UFMG, UFMG, 199 1995. 5. 70 p. 1.

 Semiótica. I.  Titule. c.D.U.003

 de e Planejamento e Divulgação da Biblioteca Elaborada .pela Divisão d Elaborada. Universitária.

ISBN: ISB N: 85-7041-098 85-7041-098-0 -0

.Júlio Pint:o

The universe is a perfusion ofsigns.

 Man  Js   trutb

is neverabsolute because the basis of Fact is hypothesis. Charles S.   Peirce

1, 2, 3 da   SeRliót:ica

u NOTA INTRODUTÓRIA

R

:

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GUIA DE CONSULTA AOS VERBETES

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VERBETES Abdução, Indução,  Dedução Argumento Categorias Degenerescência Dicissigno Erro Ícone Imagem Índice Interpretante Interpretante  dinâmico Interpretante final Interpretante  imediato Legissigno Lógica do  vago Objeto Objeto dinâmico Objeto imediato Primeiridade Qualissigno " Rema Réplica Representâmen ." Secundidade Semiose Signo

13 13 16 17 19 21 22 24 26 28 29 30 31 32 33 34

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Símbolo

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Sinsigno Terceiridade Tricotomia

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SUGESTÕES DE LEITURA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ÍNDICE REMISSNO DE ASSUNTOS

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57 59

1, 2, 3 da

NO I

I NT O D U T Ó

Este livro  surgiu de uma   lacuna. No   decorrer de meu trabalho c om  Semiótica, vi-me, não  raro, às voltas com  certas demandas de   alunos,   colegas e   associados de   pesquisa, concernentes a   explicações   sobre a   terminologia   própria da   área   que, ao   mesmo   tempo,   propiciassem um   esboço geral da   teoria.   Procurei,   assim,   elaborar   um texto que pudesse dar   acesso rápido aos   termos   específicos de Semiótica   sem, com   isso, trivializar   conceitos ou   pecar por esquematização. É   importante  frisar   que não   se trata  de um  dicionário, apesar de   estar   organizado em   verbetes, e nem de um tratado   geral,   embora às   vezes   procure esmiuçar um ou outro   conceito  central de   maneira  um pouco  mais   profunda. Procurei   fazer   com que os   verbetes fossem suficientemente explicativos, ma s não a   ponto de   dar ao   leitor a   ilusão de que   poderia dispensar os   textos   de Semiótica a que   eles se referem,   Trata-se de um   livro _de   consulta   rápida,   algo que se te m ao   lado no   momento da   leitura de   outros trabalhos que   utilizem   esses   conceitos, algo a que se   pode   recorrer para esclarecimento. Este é,   portanto, um   operador   de leitura.   Dado   esse propósito um tanto propedêutico,   escolhi   privilegiar os conceitos que   julgo   importantes   para a   compreensão dos princípios gerais da   Semiótica, em   detrimento de   certos detalhes e   refinamentos teóricos que   interessam mais aos especialistas ja   seduzidos pelos tortuosos caminhos da semiose. O   enfoque   central e   quase   exclusivo   deste texto é a semiótica de Charles   Sanders   Peirce (1839-1914)   pensador americano cujas  contribuições de  longo  alcance  aos estudos de Lógica   (tanto   da Lógica Simbólica, de que foi um dos iniciadores,   quanto   da Lógica Informal)   ainda estão por ser devidamente   avaliadas. A sua   semiótica   (semeiótica,   como ele preferia,   respeitando   as raízes   gregas do   termo) é, na

.Júlio   Pinto

verdade, um a   teoria do s   signos e da   representação que efetua um a   extensão da  Lógica   para  os limites da   cognição e da   experiência do s   fenômenos. É, por  isso,   também uma teoria d o  conhecimento,  além de   propor novos   insights sobre questões  referentes à  significação e à   produção de   sentido.

A semiótica de Peirce é uma  resposta  ao   repto  lançado po r   Locke no seu   Ensaio sobre o   Entendimento Humano, a saber, que uma  lógica da significação, a se  chamar  Semiótica, deveria ser  elaborada.  Não se trata,   portanto, de um a  teoria de  extração  lingüística associada ao   pensamento serniológico, na tradição de Saussure, embora tenha com ele muitos  pontos de   contacto.   Caracteriza-se,   principalmente, por nã o se r logocêntrica: não   aplica os   códigos verbais aos   demais domínios  da significação. Ao contrário, Peirce vê os   signos verbais   corno um   subconjunto das   manifestações   sígnicas. Isso   tornou  possível -   como   hoje já se faz - o   estudo da zoosserniose e da   fítossemiose, em   bases   diferentes da lingüística. O   pensamento   semiótico de Peirce se faz   sobre uma lógica ternária - urna   outra  diferença da   tradição  francesa, assentada no   bínarísmo   da relação   entre um  significante e um  significado - que   chegou a   seduzir   pensadores   corno Derrida   e Lacan. A   partir da s   noções de   primeiridade, secundidade e terceiridade (as três categorias  d a  experiência para ele)  Peirce   demonstra o   caráter  triádico da relação de representação e   propõe a   noção   de semiose: a   geração de signos por  outros  signos. Daí o título 1, 2, 3 da   Semiótica. Uma   outra  razão justifica   este   livro. A  obra de  Peirce publicada nos   Estados   Unidos   soma   cerca de   doze mil páginas   impressas, e   seus   manuscritos   conhecidos chegam a  aproximadamente oitenta  mil páginas. Sua   obra   completa, portanto,  teria  cerca de cem  volumes de   quinhentas   páginas cada. Existem no  Brasil   apenas duas   traduções de   excertos dos   excertos publicados em   inglês. O 1, 2, 3   da Semiôtica seria, assim, um   esforço   somado ao de   dois ou   três   outros semioticistas brasileiros, no   sentido de   divulgar um a   obra cujo.   alcance   ainda nã o   chegou a ser   vislumbrado   e cuja importância   para os   estudos de   comunicação,   literatura, lingüística, psicanálise, artes e ciências sociais se faz   sentir mais e mais.

Julio  Pinto

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1, 2, 3 da

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CONSULTA Em cada  verbete, os  assuntos  correlatos estão indicados em   caracteres   itálicos   seguidos de   (v.).   Este   código   indica que há um   verbete   também   para aquele   assunto.   Quando há   referência   bibliográfica,   esta   é feita no   texto   através do nome do  autor enl  caixa  alta,  seguida do ano de   publicação do   volume e   número   da(s)   página(s). A   citação, através da data de   publicação,   facilita a   localização da   referência completa ao fím do   livro, que   está   listada por   autor e ano de   publicação. As   duas   exceções a   essa   nornla   referem-se a   duas publicações da   obra de   Peirce, nos   Estados   Unidos. Os Collected Papers, em   oito volumes,   estão   organizados em parágrafos  numerados. De  acordo com  a  maneira  tradicional de   citação   dos estudos   peirceanos, usam-se   as letras CP, seguidas do   núrnero do   volume e o   número do   parágrafo. Assim, CP 2.228   refere-se ao   parágrafo 228 do   volume 2, do s   Collected Papers. Ainda de   acordo com a   prática dos   estudiosos da obra de   Peirce, a   edição   cronológica   d e s e u s   escritos (programa em   andamento no   Peirce Edition   Project, em Indiana)   está   citada   corno   Writings,   seguida do   número do volume em   algarismos  romanos e o   número  dats)  página(s) em   algarismos   arábicos.

Há   também, no fim do   volume, um   índice   remissivo de   assuntos. O   código   adotado   para o   índice é o   seguinte: • s e o   assunto tem um   verbete   próprio, ao   título do verbete   segue-se o   número da   página   onde   encontrá-lo, seguido da   indicação de   outros   verbetes,   separados por ponto  e vírgula,   onde   também se   discute ou se   menciona o assunto.   Essa   indicação é   precedida pela   expressão ver também; • se o   assunto não tem um   verbete   próprio, ma s tem

.Júlio   Pinto

importância suficiente para justificar su a presença no índice, apenas o   verbete  onde   encontrá-lo. Se há   dois ou mais   verbetes,   estes vêm   separados   por ponto   e vírgula. No   corpo do   texto, ao   lado de   cada   verbete, há um  campo em que   se listam   esses   assuntos de   acordo com a   remessa feita no índice.

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1, 2, 3 da   SeRliõt:ica

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ABDUCÃO, INDUCÃO,

Embora não amplamente reconhecido nos meios científicos, o conceito de   alxtução - em contraste com a   indução e a - tem importante papel na lógica, tal corno Peirce a propõe.   Nos escritos de Peirce,   esse tipo   de inferência é alternativamente   chamado   de retrodução, hipótese, inferência hipotética e abdução, e seu  papel é vital no sentido de que a da  descoberta. inferência hipotética é a responsável pela Muitas vezes considerada pelos estudiosos de lógica como um tipo de indução, a abdução recebe de Peirce un1 tratamento especial e é considerada à parte por se tratar do mecanismo pelo qual hipóteses são formuladas e teorias são criadas. Poder-se-ia dizer que a inferência hipotética é "um argumento que supõe que um termo que   necessariamente envolve Un1   certo número de caracteres...  pode   ser predicado de qualquer objeto que possua aqueles caracteres"   (Writings,   1I:48),   ou ainda, "urna  afirmação 1:267).  A categórica de algo ainda não experimentado" inferência hipotética nos capacita a formular urna previsão geral sem que tenhamos a garantia de um resultado correto. Un1 dos exemplos mais famosos que Peirce dá dos três tipos de inferência, o da saca de feijões (encontrado em CP 2.623) toma bastante clara a distinção entre a abdução e os outros dois tipos de inferência:  Dedução

Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses feijões são daquela saca. Logo,   esses  feijões são   brancos.

HIPÓTESE INFERÊNCIA HIPOTÉTIC A LÓGICA   DA DESCOBERTA

ERRO PREVISÃO

1, 2, 3 da   SeRliõt:ica

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ABDUCÃO, INDUCÃO,

Embora não amplamente reconhecido nos meios científicos, o conceito de   alxtução - em contraste com a   indução e a - tem importante papel na lógica, tal corno Peirce a propõe.   Nos escritos de Peirce,   esse tipo   de inferência é alternativamente   chamado   de retrodução, hipótese, inferência hipotética e abdução, e seu  papel é vital no sentido de que a da  descoberta. inferência hipotética é a responsável pela Muitas vezes considerada pelos estudiosos de lógica como um tipo de indução, a abdução recebe de Peirce unl tratamento especial e é considerada à parte por se tratar do mecanismo pelo qual hipóteses são formuladas e teorias são criadas. Poder-se-ia dizer que a inferência hipotética é "um argumento que supõe que um termo que   necessariamente envolve um certo número de caracteres...  pode   ser predicado de qualquer objeto que possua aqueles caracteres"   (Writings,   1I:48),   ou ainda, "urna  afirmação categórica de algo ainda não experimentado" 1:267). A inferência hipotética nos capacita a formular urna previsão geral sem que tenhamos a garantia de um resultado correto. Um dos exemplos mais famosos que Peirce dá dos três tipos de inferência, o da saca de feijões (encontrado em CP 2.623) toma bastante clara a distinção entre a abdução e os outros dois tipos de inferência:  Dedução

Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses feijões são daquela saca. Logo,   esses  feijões são   brancos.

INFERÊNCIA HIPOTÉTIC A LÓGICA   DA DESCOBERTA

ERRO PREVISÃO

.Júlio Pint:o

 In du çã o Esses feijões   são daquela   saca. Esses feijões sã o   brancos. Logo,   todos   os feijões   daquela   saca são   brancos.  Ab du çã o Todos   os feijões   daquela   saca sã o   brancos.

Esses feijões são   brancos. Logo,   esses   feijões   são daquela   saca. Vê-se,   logo   de início, que a  abdução   compartilha co m a   dedução   o fato de ter a regra geral  como   premissa   inicial (todos  os feijões, etc.). Entretanto, corn o a indução ela arrisca um   palpite que   pode da r   errado.   Olhada   dessa   maneira, a abdução   está,   portanto,   entre a   indução e a   dedução. Contudo,   ela difere das   duas   t.amb  m   pela ma ior possibilidade de   erro   implícita na   hipótese que   ela lança, porque é   fácil   perceber   como   tanto a   indução   quanto a dedução   estão baseadas na   experiência. é

Portanto, a lógica nã o   pode se   basear   apenas   nesses dois tipos de   inferência,   porque a   experiência   humana sugere  urna   maneira  de se   derivar  ou   manipular  informações que nã o  é tão bem   definida, corno a   indução ou a  dedução, mas   que, ainda   assim, é   responsável   pela   descoberta do nã o   conhecido . O   caráter de   previsão da   abdução é, por isso, mais   marcante. Há   nela   urna certa  audácia que as   outras inferências   não apresentam   (cf. SEBEOK,1983). Dos   tipos  possíveis de  inferência,   portanto, a  abdução constitui o  único que   se projeta   para   o futuro, já que  tanto a dedução quanto a   indução d izern do   passado, do já conhecido, na   medida em que se   referem à   experiência. Corno palpites, os   processos abdutivos  podem   levar a   erros (v.   erro), mas a falibilidade de urna   hipótese nã o   quer   dizer qu e a   abdução   seja u m   processo de   ensaio e   erro. Fundanlentalnlente, o qu e   acontece é que   urna   hipótese é formulada   com base na   experiência,   através da   escolha de um   interpretante   (v.)   logicamente   possível   para os   signos (v.) que se   oferecem à   observação. A   inferência   abdutiva é,   portanto, um   palpite razoavelmente be m   fundamentado   acerca de uma   semiose (v.)   qualquer e que   deve   ser posteriormente   testado por

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1, 2, 3 da   SeRliót:ica

dedução,   a fim de que se   chegue a um a  inferência indutiva sobre o   universo   representado por  aquela   serniose   (PINTO, 1989:106).   Enquanto   previsão, a   inferência   hipotética se insere na   tercei ridade   (v.) mas,   corno é um at o de   insight  que "se   nos apresenta   corno um  flash   de luz" (CP 5.181), é um  terceiro com   teor   de primeiro, principalmente,  também, em  virtude de seu  caráter essencialmente  remático (v.   remai. Assim, a   abdução   apresenta-se   no esquema   triádico da experiência no   nível de   primeiridade   (v.) em   relação aos dois  outros  tipos   de inferência,   ainda que   os três   processos, por   envolverem   atividade   sígnica,   sejam da   ordem do terceiro.

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.Júlio   Pint:o

PROPOSIÇÃO SUADISSIGNO

FCNÇÃO PROPOSICIONAL

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Terceiro  termo   da terceira   tricotomia   (v.) dos   signos, a que  apresenta o  signo  e m sua  relação  con1 o   interpretante o  argumento é  definido por  Peirce  como um  signo que é   representado em seu   interpretante, não   como   signo do interpretante, mas   como se fosse  um  signo  d o  interpretante. Dizendo   isso   de outra   forma, o   argumento   seria uma proposição   complexa   apresentada   corno   verdadeira, com base ern   urna   outra   proposição (ou   um conjunto de proposições apresentadas numa  única proposição composta). Se o   rema   (v.) é  urna  função  proposicional, do   tipo x am a y, e o  dicissigno   (v.) un1a  proposição  como  Maria am a  João, o   argumento   seria  uma proposição  como   Maria ama [oão porque faz  tudo por  ele, po r  exemplo.   Pode-se  também definir o   argumento   corno um   signo complexo,   composto de   dois ou   mais dicissignos, um dos   quais é   interpretante does)   outrots) (cf,  RANSDELL,1983a:59). Dado seu  parentesco com a   noção de   silogismo, sua   evidente função   argumen tativa e   possibilidades   retóricas, o   argumento é   também chamado  suadissigno (a   partir de   persuadir   e dissuadir).

1, 2, 3 da   SelTliót:ica

que   está na   base   de todo o   edifício teórico da   semiótica de   Peirce   parte  da concepção de que a   experiência do   fenômeno   apresenta   três, e   apenas   três, tipos de   propriedades correspondentes a   categorias, que recebem o   nome de   primeiridade  (v.),   secundidade   (v.) e terceiridade Cv.), Entenda-se corno  fenômeno  qualquer  coisa que se   torne   manifesta ou   disponível  para unl  observador. Pode ser um   objeto no   mundo   "real", ou uma   percepção, um sentimento,  uma sensação,  urna  abstração, enfim,  qualquer coisa   passível,   ainda que   minimamente, de   conhecimento ou   descrição. O   signo   (v.) - e   qualquer fenômeno   pode ser um  signo - não é,   assim,   necessariamente   atribuível a uma  dada  realidade. En1  inglês,   essas categorias   receberam o   nome de  firstness, secondness e   tbirdness e,   dada a  liberalidade com que se usa o   sufixo   -ness em   língua   inglesa,   talvez sua melhor   tradução   em português   devesse usar urn   sufixo igualmente corrente, o   -eza,   para que  urn registro  semelhante pudesse ser  mantido.  Além do   mais, os   termos   primeireza, segundeza e   terceireza   evitar iam as   conotações indesejáveis que   surgem com o   sufixo   -idade   (tais   corno laivos de  hierarquia,  idade,  gradação,  etc.) e  mantêm a  noção de   qualidade que é o que   está   implícito em   -ness. Todavia, a   prática   generalizada no   Brasil tem   sido o uso do   sufixo   -idade  e,   apenas por  essa   razão,   manteremos aqui   esse   sufixo. A   triadicidade

 RA77 0N IS   EN SR EA LE 

LÓGICA

VAGO

SECLNDIDADE TERCEI

DE

PROPOSIÇÃO

É   importante   ressaltar que,   apesar de o   termo categorias  poder  conduzir o   leitor a um   tipo de   raciocínio taxonôrnico ou, no   mínimo,   hierarquizado,   esse não é o que se   quer   dizer. Na  verdade, não há   qualquer  relação de hierarquia ou   prioridades   entre a pr irne ir idade , a secundidade e a   terceiridade. As   três   estão   simultaneamente   presentes em   qualquer   fenômeno, e   qualquer

delas   pode   estar   mais   manifesta (ou   ser selecionada   pelo observador) a   qualquer   n10n1ento,   dependendo do que se busca ao  se  pensar,  estudar,  examinar, sentir,  sonhar, imaginar ou   perceber o   fenômeno. Afirmar que as   categorias   constituem o   fundamento 17

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semiótica é o  mesmo que  dizer que  elas  foram o   primeiro passo para   Peirce.   Depois de   desenvolvidas,   elas propíclaram a   derivação das   formas   lógicas   (os tipos de signos)   através de sua   aplicação   recursiva. A   noção de categoria foi   desenvolvida conl   o finl de se   conseguir   unIa b as e p ar a um   método   capaz de   buscar quaisquer "concepções elementares   intermediárias   entre a  pluralidade da   substância e a   unidade do   ser"   (Writings,   II:5l). Em termos   lógicos, a   substância é o   sujeito de   urna  proposição, e o ser é a   cópula. O que   está   entre a   proposição e a cópula é o   predicado,   isto é, um   signo da   substância. Em outras   palavras, e   olhada   dessa   forma, a   semiótica   seria uma   teoria dos   predicados. Dessa   maneira,   pode-se   dizer que   qualquer   entidade (essa   palavra é   aqui usada  enl seu sentido   mais  antigo, que compreende tanto  o  ens reale quanto  o  ens rationis)  apresenta propriedades   passíveis de   descrição por  meio de   predicados monádicos   (prirneiridade),  diádicos  (secundidade)  e triádicos (terceiridade). A   (Injdeterminabilidade do  signo   está,   assim, diretamcnte   ligada ao se u   modo de   descrição,   isto é, do mais  extenso  (mónadas)   ao mais  intenso  (tríadas) (v.  também erro, lógica do vago e   signo).

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1 , 2, 3 da   SelTliót:ica

.

. .

Peirce  discute  esse  aspecto   da relação sígnica a partir d o   conceito

de   genuinidade   dentro

DIAGRAMA

da   tríade

representacional.  Para ele (ver, p o r  exemplo,  PEIRCE,  1977: 63 et   seq.) a  relação  triádica é   genuína  se ela n ã o  consiste e m  nenhum  complexo  de relações diádicas. Isso   quer  dizer q u e u m  primeiro ( u m   signo, v.)  deve  estar  numa  relação tal c o m  u  um m  segundo  (seu   objeto, v.) q u e é  capaz de  determinar u m   terceiro ( u m   interpretante, v.) q u e   assuma a   mesma relação triádica con1 s e u   objeto, de   modo a  determinar u m segundo   terceiro, e  assim p o r  diante. En1  outras   palavras, u m   interpretante   não deve se mas si sim m ter colocar   numa   relação   binária c o m o   objeto,   mas c o m  o  objeto  a  mesma  relação  q  quu e  o  signo tem. Isso significa q u e u m   terceiro só   poderia   gerar u m   outro   terceiro, na medida em q u e a   relação  sígnica é u m a  terceiridade (v.). Essa   situação faz c o m q u e os   signos   genuínos   sejam apenas os   legissignos  (v.),   simbolos   (v.) e   argumentos  (v.) (v.). ). As que são os   genuinamente   terceiros nas   tricotomias (v. ícones es,, ín índi dice ces, s, qualissig qualissignos, nos, demais   funções   lógicas ( os   ícon sinsignos,   remas e   dicissignos,   lv.D   constituem   versões tricotomia, de degeneradas d o s   terceiros   dentro d e   cada   tricotomia, v e z q u e s e r i a r n   terceiridades q u e p r iv i l e g i a r ia m a  pr im imei ei ri da dade de  (v.), no   caso d o s  ícones, qualissignos e remas, ou a   secundidade   (v.) (v.),, no   caso d o s   sinsignos,   índices e dicissignos. O privilégio da   primeiridade e da   secundidade nesses casos é un un11 resultado  resultado necessário  necessário da aplicação recursiva do  conceito  d  dee   categoria (v.) à  noção  de signo,  evidenciada serr  qualificado de primeiro, o inclusive no fato de o   signo se objeto d e   segundo e o   interpretante d e  terceiro. Esse raciocínio leva à   conclusão de q u e n ã o há, p o r exemplo, ícones   puros (já q u e a   primeíridade é   apenas virtual e  potencial) o u   índices  puros  (porque a  secundidade constitui um umaa   singularidade e   singulares n ã o   significam, a menos q u e  sejam   réplicas  lv.l de urna   abstração   reguladora de   caráter   geral, o u   seja,   d e u m   terceiro).   Note-se, a propósito, q u e o   termo   degenerado n ã o   carrega u m conteúdo  negativo ,   ma mas refere-s refere-see   apenas à   noção d e   caso

GENCINIDADE :

HIPOÍCONE HIPOSSEMA

.

ÍCONE ...

IMAGEM METÁFORA

TERCEIRIDADE

especial. 19

.Júlio .Júli o Pint:o

Dessa maneira,   quando   se diz q u e   "nuvens   baixas e escuras s ã o  índice d e  chuva",  recorre-se  a u m a  simplificação, de v ez q u e s ó  se   chegou a  esse  "índice" (a rigor, u m  símbolo indicial   ou um   argumento   lv.D  após a   constatação   repetida, e   portanto,   generalizada, d e   várias   instâncias d e   chuva naquela   situação. P or   iss isso, o, na   verdade  e ern   sentido  estrito, os   termos   ícone,   índice,   etc., s ã o   recursos   telegráficos usados n o   lugar de   signos icônicos ou   signos   indiciais, p o r   exemplo, e m se   tratando, b e m  entendido, de   sinsignos, isto é,   manifestações   perceptíveis de   signos.

A  recursividade d o   pensamento   categórico   aplicado à relação sígnica leva Peirce a postular,   dentro  da   primeiridade, a   noção de   hipoícones   (Primeiro d o   Primeiro,   Segundo d o Primeiro e   Terceiro d o   Primeiro). Assim Assim,, as   imagens s ão a Primeira Prirneiridade,   porque   "participam   das qual qualidad idades es simples" d o s   objetos   (C (CP 2.2 2.277) 77).. A   Segunda   Primeiridade representa as   relações  binárias de   partes d e   objetos,   através de   relações   análogas entre   suas   partes: é o   caso d e   mapas e   diagramas. A   Terceira   Primeiridade, q ue   estaria   mais próxima da   noção de   representação,   representa o   caráter representativo  de u m  signo através de   analogia c o m  o   objeto e seria o   campo   da metáfora. Analogamente,  pode-se  falar e m  hipossemas ou   sub índices  (CP 2.284). Trata-se de   signos q u e  se   tornam  índices e m  virtude  de   uma conexão  real o u  existencial  c o m  o  objeto. É o   caso de   nomes   próprios, próprios, demonstra demonstrativos, tivos,   pronomes relativos.   Dado n ã o   serem   singularidades, n ã o s ã o   índices genuínos, ma s   funcionam   corno   se o fossem. Estritamente falando, sã o   símbolos  indiciais.

2O

1 , 2 , 3 d a   SelTliót:ica

DICISSIGNO

Segundo   elemento da   terceira   tricotomia   (v.) do doss signos (rema,   dicissigno,  argumento),  aquela  q  que ue vê o  signo suaa   capacidade d e   produzir   interpretantes e   em sua em su (ou u   signo relação co com m   e s s e s   interpretantes, o   dicissigno (o dicente)  pode  ser definido conlO  aquele  signo qu quee é   capaz Ele é,   portanto,   aquilo qu e se   entende de se serr   afirmado.   Ele elee  contém  elementos significati significativos vos como  proposição,  isto é, el quee   indicam suficientemente su qu suaa   referência, ao   contrário umaa   função   proposicional, do do   rema (v.). Se o   rema é um as incógn incógnitas itas   (Maria  tipo x  a m a  y, o   dicissigno   preenche   as RANS NSDE DELL LL,, am a  João),   tornando-se   mais   referencial   (cf. RA 1983a:59-6ü) 1983a: 59-6ü).. (V (Ver er   também   argumento).

DICENTE PROPOSICIONA

PROPOSIÇÃO

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.Júlio Pint:o

TELEOLOGIA

VERDADE

HIPÓTESE INDETERMINAÇÃO

Partindo da   definição de   signo  (v.),   conclui-se que a semiose   (v.), por ser   urna   cadeia   infinita, que tem   como mola propulsora   o fato de ser um   processo   teleológico, tende   para um   estádio   em que o   signo s e   tornaria seu objeto  (v.).   Isso  seria o que  poderíamos  chamar  d e  verdade semiótica,   isto é,   aquele momento em que o   signo, o objeto e o   interpretante (v.) se   confundiriam,  Logicamente, dada a  natureza  infinita  d o  processo  de   semiose, tal  estádio é   apenas   urna  possibilidade   teórica, de vez que   entre um signo  qualquer, n, e   unl signo   anterior   a esse,   sempre se pode   postular a   existência de um  signo   n-L.   Para  todos os efeitos,   portanto, essa  verdade nunca é   alcançada. Chega-se a   essa   conclusão por via da   noção de que um   signo   representa seu   objeto e m   algum aspecto ou capacidade, o que   quer   dizer que o   signo   revela   algum aspecto do   objeto em seu   interpretante.   Dizendo   isso de outra   maneira, o   interpretante   se refere   do mesmo modo que o  signo  àquilo  ao  qual  o  signo  se refere. Essa  formulação aparentemente   exclui a   possibilidade de   erro, de vez que o   interpretante não   pode   mudar sua   referência. Em   outras palavras, não   pode   haver   interpretante   errado (em   inglês, misinterpretani).  Entretanto,  pode  haver erro  de  interpretação por  parte do   intérprete (em   inglês,   misinterpretation). A   existência de erro de   interpretação   pode ser examinada   de três   modos: a)  qualquer  signo é   necessariamente  índetermínado e vago até   certo  ponto (v.   Lógica do   vago); b)   essa   indeterminação   pode  conduzir a  erro  relativo ao   interpretantefinal Cv), mas não  ao   interpretante imediato  (v.);

c)  quando  se fala enl  tendência, não se  está  pensando enl  tendências  rígidas (do  tipo se A,   então B). Tender para   algo   significa,   semio.icamente,   tender na  direção  geral  desse  algo (corno um   zigue-zague, e não urna linha   reta, por   assim   dizer). Essa   tendência   real é o que se  entende  por teleologia em semiótica,  isto é, a  semíose seria um   processo   télico   nesse   sentido da   completude da representação.

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1, 2, 3 da   SelTliót:ica

A   relação   entre   erro e   acerto   fica   mais   clara no seguinte   trecho de   Peirce:

o   seguinte  tipo de   argumento  produziria, no final (a partir de   premissas  verdadeiras), uma   conclusão verdadeira dois terços das vezes: A é   tirado  aleatoriamente   dos B; 2/3 dos   B são C; Logo, A é (Wrítings,

II:

99)

Dar uma   margem de 1/3 de   erros não   invalida   o fato de   que, a   longo   prazo, os   interpretantes   inadequados sã o correlativos ao   objeto,   isto é, o   erro é   correlativo ao  acerto. A   expressão a   longo   prazo   significa qu e o   erro só   pode ser  identificado em   termos do   interpretante   final, e não do interpretante   imediato,

Na   leitura de uma   narrativa de   ficção, por  exemplo, o leitor   estabelece uma   hipótese   acerca da   natureza de um personagem   baseado em   algo que o   personagem tenha feito (v.   abdução). A   ação do   personagem é um   signo e a hipótese do   leitor é um   interpretante  dinâmico  desse   signo. Quando a   hipótese é   formulada,   deve ter   havido um a   forte evidência   conduciva a   ela,   isto é, ela é   uma hipótese  correta nesse   momento.   Entretanto,   ao final da   leitura, o   leitor pode   verificar que   essa hipótese não se   encaixa no   quadro geral das   possibilidades   para   aquele   personagem. Somente agora   pode-se   identificar o   erro,   embora,   e m u m   certo sentido,   esse erro   tenha   contribuído para   o "acerto" final. Percebe-se que   essa  visão do   erro nã o é   diádica,   pois ele nã o   se situa, à   maneira   estruturalista, na   extremidade oposta ao   acerto. Ao   contrário, o   erro é   correlativo ao acerto. De uma   certa maneira,   portanto, o   erro é um interpretante do   acerto  e vice-versa,   dentro de uma  semiose acerca de   outra   serniose ou , em   termos   mais   correntes, dentro de um a  meta-semíose.

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.Júlio Pint:o

REPRESENTÂMEN IMAGEM SEMELHANÇA CONVENÇÃO

Primeiro  termo da   segunda   tricotomia  (v.) dos   signos (v.), o   ícone é   caracterizado por   Peirce, em um a de   suas muitas definições, por se u   objeto (v.) por   compartilhar da s   características   dele. Confira as   seguintes   definições:

SÍMBOLO Um   ícone é um   signo que se   refere ao   objeto qu e ele denota   simplesmente   em virtude de caracteres  dele  [o signo] mesmo, e qu e ele   possui  independentemente  da   existência

do   objeto ou   não.   (CP 2.247) Um   ícone é um   Representâmen   cuja   Qualidade Representativa é uma   primeiridade  dele  enquanto Primeiro. Isto é,   uma qualidade qu e   ele tem qua   coisa  torna-o   capaz de se r um   representâmen.   Assim,   qualquer   coisa   pode substituir   algo com qu e se   pareça.   (CP 2.276)

Percebe-se que o   princípio   básico é o de um a  relação analógica que não   envolva uma   comparação de   dois termos,   tanto que,   inicialmente, o   nome   dado por   Peirce a essa função   sígnica   foi o de   likeness   Csemelhança'). Na verdade,   con1partilhar das   características do   objeto  significa te r   con1 el e   algun1a sin1ilaridade, de vez que o   signo não pode   estabelecer uma   relação   diádica com o   objeto, sob pena de  desfocar sua  primeiridade te,   tornar   menos   perceptível sua   identidade   corno   ícone. Essa   semelhança com o   objeto,   contudo, não é necessariamente   especular,   corno   numa   fotografia,   embora possa   sê-lo. É   suficiente que o   signo   con1partilhe de   un1a única  propriedade   n10nádica con1 o   objeto, un1 que  possa se r visto   pelo sujeito  como  ícone  daquele  objeto. De   qualquer   maneira, relação de   analogia,   qualquer que   seja ela,   fazendo de qualquer   imagem,   (visual, auditiva, olfativa, etc.) um   ícone em   potencial   que depende,   para   su.,   atualização, da interferência do   sujeito. Con10   diz Peirce, no CP   2.276, urn   signo por Primeiridade é um a   imagem de seu   objeto e   uma imagem só   pode ser um a   idéia. A  função   sígnica do   ícone assim,

a de   exibir   en1 si traços

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seu

..

1, 2, 3 da   SelTliót:ica

Por   isso, uma de   suas   Importantes   características é a de que,   através da   observação   direta dos   ícones,   podem ser descobertas outras  verdades  acerca de seu  objeto,  além dos traços que  bastaram  para a sua   identificação, isto é, o é   responsável pela   revelação de   inierpretantes   (v.) inesperados   (cf. CP 2.279). Vale   dizer   que,   assim o rema   (v.), o   ícone é   aquele   signo do   qual se   deriva a informação, ao   contrário do   dicissigno  (v.),   aquela   função sígnica que   veicula a   informação. Os   processos  icônicos se  fundamentam  na forma,   seja ela   concreta (o   mapa de unl   território, po r   exemplo) ou abstrata   (duas   idéias diferentes,   porém   análogas,   podem perfeitamente ser   vistas   corno   icônicas uma da   outra). É possível,  também,   dizer-se de uma   análise estrutural - e a referência  aqui é ao  movimento  intelectual  conhecido como Estruturalismo -   queela na  nledida em que  busca  ísomorfismos  definidores  de  certos elernentos conlO   pertencentes a   unla

Os   formalismos, de   maneira   geral,   também   seriam processos   icônicos, e é por   isso qu e   Peirce   pensa a Matemática   como   urna   disciplina que   tende   para a primeiridade  por, em  última  análise,  basear-se na   noção de semelhança. A  Álgebra, por  exemplo, se   ocupa de   relações isomórficas   entre   quantidades   definidas abstratarnente através de   incógnitas   (que, em si   mesmas, não são   ícones porque   constituem   estipulações   feitas   a priori). O   nlesnlo pode ser  dito do   discurso poético, na   medida   em que ele tende   para a   imagem. Naturalmente, dado ofato de o ícone ser signo e, portanto, estar inscrito ab  initio na   terceiridade (v.), definida   nlediante sua da tricotomia, o   índice a rigor, não   existe   ícone seria falar de   signo icônico, de vez   que,   preso à   terceiridade, o   ícone   sofre o controle do   simbólico.   Assim,   mesmo a   nossa   percepção sensorial os   interpretantes que   produzimos a   partir   dela estão   "contaminados" com as   implicações   convencionais, habituais, ideológicas e regularizadoras,  presentes no  signo  (v. degenerescência).   Isso não   quer  dizer,   contudo, que não se possa   caracterizar um   determinado   discurso, o   poético, por exemplo, corno   tendente   para   o icônico, na   medida em que em vez da   intensão lógica do vago). busca

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.Júlio Pint:o

FUNDAMENTO REPRESENTÂMEN SIMUACRO

A idéia de   imagem está ligada ao conceito de   ícone (v.). Peirce diz, no CP 2.276, que   um ícone é um   representâmen (v.) "cuja   qualidade   representativa é um a sua   Primeiridade (v.) corno primeiro". E mais, "um   signo por   primeiridade é uma   imagem de   seu objeto" e "só   pode ser uma   idéia, pois deve   produzir uma   idéia   interpretante   (v.)", Num   parágrafo subseqüente  (2.280), ele fala de mimetismo conlO   sendo  urna das   propriedades   do ícone. A imagem, concluir-se-ia então, tem um  caráter inegável de semelhança. Baseia-.se nessa constatação - feita a partir de outras um a bases   teóricas, mas   essencialmente a   mesma   idéia certa maneira   ingênua de se   pensar a mímese, a representação de um a  "realidade". Em outras palavras, uma  imagem mimetiza seu   objeto e o   propõe   através de si   mesma,   Esse seria um simples   processo   referencial, isto é, o signo   apontando   para um  referente, que   consiste na apresentação de algo   como s e fosse   aquilo que é. Na   relação   imagem/objcto,   portanto, privilegia-se a identificação da   qualidade   material do   ícone com a do   objeto. Nesse tipo de relação, o (seu objeto é o referente constante. Assim, o tratamento tradicional da   imagem   (e pensa-se aqui   não apenas   a imagem visual, mas   também   a poética, a acústica e outras) baseia-se na tentativa de se alcançar o   algo que é,   através da   estratégia de   chamar o   c o m o s e   (i.e., o signo) de é   (i.e., objeto)   desprezando, em   certo sentido, o veículo, o   como se,   a fim de se concentrar na   busca   daquilo que se   supõe que o   c o m o s e   representa.   Esse   seria o fundamento da   postura  estética  conhecida  corno realismo (cf. PINTO,   1992:10;1993:138-139). Há, entretanto, uma  outra maneira de se   pensar  o signo imagético qu e   pode  levar a urna   concepção menos  trivial de mímese. Um   signo   representa, mas é,   também  ele, um  objeto (essa é uma   implicação   direta do   processo da   semiose  lv.l). Dito de   outra  maneira, um  signo é uma  entidade, um   isso e, portanto, um a  id-entidade. Ao se mostrar, o   signo  tanto   pode exibir seu   objeto (e, assim, ser ícone) ou exibir-se a si mesmo, obscurecendo seu  objeto (mostrando-se, nesse caso, corno unl qualissigno   lv.D.

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1, 2, 3 da   SelTliót:ica

Ao exibir seu  caráter  de primeira, de   signo  (todo  signo é um   primeiro   dentro da   relação de   representação), a imagem   como que   se absolutiza. Ao   eclipsar o   objeto, a imagem emerge   como unl   como se,   quer   dizer, ela a parece como   se fosse um   como se,   não-como   se fosse um   algo qu e é. O ser da   coisa  desaparece,   substituído  pela  imagem, o artifício se   torna o   objeto, e a   ordem de   coisas a que se costuma   chamar de   realidade   perde  seus contornos para se tornar, ela   mesma, signo  (cf.PINT0,1993:14ü-141). Estabelece-se,   dessa  maneira, o  estatuto do   simulacro: realiza-se a   representação, em vez de   representar-se a realidade.   Isso faz com que a   representação   seja   urna profusão de signos dissociados de   seus objetos  "reais", num tipo de   relação representacional que não se   ancora em arranjos   simbólicos,   para além daqueles produzidos por e para   suas   próprias necessidades   internas.

Nã o se   pode,   portanto,   pensar a   imagem   somente como   representação do   objeto (de   resto, não se   pode   fazer isso com   signo   algum).   Considerar a   imagem   desse   único ponto  de vista é  sucumbir a uma  forma sutil de   estruturalismo binário, a do   signum/signatum.   Pensar a   imagem   ímagis ticamente,   contudo, é   vê-la não   apenas   corno um   primeiro do   terceiro, ma s   também   corno um   primeiro do   primeiro, e percebê-la   como a   qualidade   (Dmaterial da   relação repre sentacional, que faz com que o   objeto   seja   (des)conhecido.

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.Júlio Pint:o

íNDlCf

FORÇA

EXISTENCIAL

PROPOSIÇÃO

Segundo termo da  segunda   tricotomia  (v.) dos   signos (v.), o   índice se   define, em   contraposição ao   ícone   (v.), como   aquela   função   sígnica   que, em ve z de   exibir em si traços do   objeto  (característica do   ícone)   aponta   para  fora de si na   direção do   objeto  (v.): Um   índice é um   signo que se   refere ao   Objeto que ele 'denota em   virtude de se r   realmente afetado por   aquele objeto ... Na  medida  e m qu e  o  índice  é   afetado  pelo  Objeto, ele   necessariamente te m   alguma   Qualidade em   comum co m o   Objeto e é co m   respeito a   essa   qualidade que ele se   refere ao   objeto.   (Cp 2.248)

Ser   afetado por um   objeto   seria o que   Peirce   chama de   estar   numa   relação de   força   bruta. O   primordial no índice não é,   portanto, a   analogia.   Para ser   índice, na verdade,   basta que o   signo  esteja   numa   relação diádica  de   dois   termos - com seu   objeto   (quer  dizer, uma   relação existencial)   independentemente da   natureza   dessa   relação (que   pode ser de   contraste,   ação e   reação,   causa   e efeito, contigüidade,  etc.). Em   outras  palavras, o   índice  é a  instância da   secundidade   (v.)   dentro da   tricotornía que   também é segunda (a dos  signos definidos de   acordo com sua  relação com  o objeto,  sern  qualquer  preocupação  c om  o  interpretante que   virá a ser  gerado   nessa mesma   relação).

Dessa  forma,  qualquer  proposição do  tipo  "Se A,  então B" é   indiciaI. O s   chama d o s   "signos   naturais" são freqüentemente  arrolados  como  exemplos  d e  índices:   nuvem (signo de   chuva),   pegadas   (signo da   passagem de   alguém), o   barulho de um   tiro de   revólver   (como   signo do   tiro) e assim por  diante. A  semiologia   médica  é indiciaI, na  medida em que  lida  c om  sintomas. Na   linguagem, os   demonstrativos, os   pronomes   pessoais, os   nomes   próprios, os   advérbios de tempo e   lugar   são também   considerados   índices,   mesmo sendo   obviamente   convencionais, de vez   que, no   contexto da  linguagem, eles diferem das  onomatopéias  (signos  verbais icônicos) e dos   substantivos   comuns   (sínlb%s,   lv.l).

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1, 2, 3 da   Semiót:ica

INTERPRETANTE

Na estrutura indissoluvelmente triádica do   signo   (v.), o interpretante é   aquele termo que se   produz   da relação do signo com seu   objeto   (v.). A palavra   interpretante nã o   deve ser confundida co m  intérprete, ne m com   interpretação  (isto é, o processo de interpretar). Entende-se o interpretante corno um   conteúdo  objetivo que se   depreende   da referência que o signo faz a seu objeto e   somente   nesse sentido   pode ser visto corno um a interpretação (assim   como  na pergunta: "Qual é a sua   interpretação   desses   fatos?"). Ou,   alternativa e complementarmente,   pode-se   ver o interpretante conlo algo qu e se   aduz  do signo, urna espécie de conclusão   lato  senst  de um raciocínio silogístico em qu e   o signo e o objeto seriam premissas. Em um   certo sentido, portanto, a   relação de representação é dialética.

SLJEITO   (INTÉRPRETE)

SEMIOSE CORRELATO/RELATO

VERDADE

Dentro da relação de representação, o interpretante é o terceiro termo, a  terceiridadetv), em  comparação  conl  o objeto - o   correlato a que o   signo   se refere,   quer   dizer, um a secundidade (v.) - e o próprio signo enl si, um a   abstração pura, um a   primeiridade   (v.). O interpretante é   um terceiro porque, corno diz o próprio Peirce, "a ocasião de referência a unl correlato é obviamente por   comparação"   ou, enl outras palavras, o   interpretante é   "urna   relação   mediadora que representa o relato [o signo] corno representação de um  correlato [o objeto] COnlO qual essa representação mediadora   também está em relação"   (Writing 11:53). o interpretante é o   responsável   pela dinâmica da significação, na medida em que   ele a enlpurra para a frente, ad  futu ru m, já  que  o relato por  ele representado pode  também  ser considerado seu correlato, fato que  faz dele um signo que   produz um   interpretante, e assim po r   diante. Essa característica, a de ser mola mestra do processo da   semiose (v.), investe o interpretante com   o traço distintivo da  semiótica de Peirce,   tornando-a   radicalmente diferente das   teorias puramen te referenciais, assentadas na distinção   apenas   entre signum e   signatum,   isto é,   voltadas   unicamente   para a retrospecção   sobre   a experiência. A   noção   de interpretante torna possível a prospecção, a especulação e, ao mesmo tempo, toma  impossível   qualquer   fechamento em torno de verdades unas e definitivas. Corno   terceiro,

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.Júlio Pint:o

SEMIOSE

3O

o   interpretante

dinâmico é   aquele escolhido   pelo intérprete  dentre   as possibilidades interpretativas que o  signo oferece   e m u m   determinado   momento da   semiose (v.). O interpretante   dinâmico é,   assim, o   responsável   pelo andamento   da serníose (é   dinâmico por se r o   portador da dunamos do   sentido)   e, ao   contrário do   objeto   dinâmico (v.), ele é o qu e   realmente acontece,   é o fator  atual   naquela serniose. A   escolha   desse   interpretante   determina   todo o curso futuro da   cadeia  semíósíca,  mesmo que, a longo prazo, essa   escolha   se revele   C0010 U01   erro (v.   erro, interpretante imediato, interpretante final).

1, 2, 3 da   SelTliót:ica

fiNAL

Das caracterizações de (v.)   depreende-se   que, logicamente   falando,   qualquer   signo está infinitamente distante de se u   objeto   originário (o   objeto   dinâmico,   lv.D e também de seu   último   interpretante   (v.).   Entre o   objeto, mesmo o   imediato   (v.) e   qualquer de   seus   signos   existe sempre um  signo n-I do  qual o   signo n é um   interpretante. Não faz   sentido, portanto,   entender-se o   interpretante   final como o   último   de uma   cadeia   serniósica. O   interpretante final seria,   então,   urna   antecipação do   curso   futuro da se míose, um a  previsão de   corno  seria o interpretante imediato (v.) nu m   futuro er n qu e o   signo cessasse de   produzir interpretantes.

CAUSA   FINAL PREVISÃO SEMIOSE

TELEOLOGIA

Ele seria,   assim, um a  antecipação   (feita  n o  momento da interpretação) de   qual   seria a   gama   completa de possibilidades interpretativas de   um dado   signo. En1  outras palavras,   haveria   un1a   hipotética   coincidência   entre o interpretante imediato   e o final. E ss a   antecipação de um estádio futuro da   interpretabilidade de um   signo é que determina, em   última análise, a  escolha  de um   interpretante dinâmico (v.) no   momento da   investigação.   Esse, por  sinal, é um do s   aspectos da   noção de   causalidade  final,   inscrita no   processo   teleológico da   serniose, de ve z que é   urna causa   futura a que vai   determinar, até   certo   ponto, a   escolha de um   interpretante num   instante   presente. Un1 juiz, por  exemplo, ao  julgar urna   questão  obscura, em que o   texto   legal é   ambíguo (e   textos   legais sã o  sempre ambíguos),   certamente   terá corno motivação   colateral (s e nã o   central) a   tentativa de   firmar   uma jurisprudência  acerca daquele   assunto.   Assim, su a   decisão   será   tomada   mediante o que el e   julga  dever  s er a   interpretação do   texto   legal em instâncias  futuras   daquele   caso,   apesar de   essa  decisão (seu interpretante dinâmico) estar   baseada em   possibilidades presentes   reais   Cisto é, no que el e   pensa se r o   interpretante imediato do   texto   legal). É   nesse sentido que se di z que a escolha do   interpretante   dinâmico   pode   vir a   determinar o curso futuro da   serníose   (cf.RANSDELL, 1983b:41-44).

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.Júlio Pint:o

OPACIDADE

SLjEITO

ERRO

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O   interpretante imediato (e a   palavra   imediato   pode ser   entendida   corno   não-mediado) não é   aquele que imediatamente   sucede ao   signo   (v.)   numa cadeia   linear (mesmo   porque   nenhuma   cadeia   serniósica   pode ser entendida   corno linear sem   perigo de  supersimplificação). Ao   contrário, ele é   concebido  como o   conjunto de   interpretantes   dinâmicos   (v.)   possíveis de   u m d a d o   signo, num mesmo momento da   semiose   (v.). Vale  dizer que o   interpretante imediato representa uma   gan1a de   possibilidades interpretativas qu e um   dado   signo vai ter nu m   certo momento  da serniose. Ele é  uma conseqüência  d a  opacidade do   signo,   isto é, do   fato de   nenhum   signo ser transparente em   termos de   significado. Ele   sempre   pode   produzir esse ou   aquele  interpretante,  dependendo do   contexto, do  sujeito interpretador e de   outras   variáveis   (ver   também   erro).

1, 2, 3 da   SeRliót:ica

Terceiro   elemento da   primeira   tricotomia   (v.) dos signos -   aquela que   se refere a   uma entidade   como  signo, na   medida em que o   olhar   recai na sua   identidade   como signo - , o   legissigno se   define por se u   caráter   abstrato. Peirce diz se r el e uma   lei geral e com   isso   deve-se   entender que  o legissigno é   capaz de   gerar um  ordenamento  triádico,  já que   lei, em   semiótica,   refere-se, na maioria das   vezes, à própria   idéia de   representação.   O legissigno se manifesta através de   seus   sinsignos  (v.) ou   réplicas   (v.) cuja   aparição remete a   unla  abstração reguladora do   sentido das   diversas manifestações singulares.

LEI

Em   outras   palavras, o   legissigno   "não é um   objeto singular,   porém um   tipo  geral que,   tenl-se   concordado,   será significant e" (PEIRCE, 1977:52).   Quer   dizer,   urna   réplica, em si, não é   significante, de vez que el a   constitui   urna singularidade.   Ela só significa na   medida ern que se   insere num   legissigno que   lhe empresta   significação. Assim,   certas   configurações   formais,   digamos, os desenhos a e A,   aparecem   numa   página um   certo   número de vezes.   Cada ve z que   elas  aparecem   constitui um a  réplica (o u um  sinsigno) em si   destituída de   sentido.   Seu significado só se dá   quando   cada   manifestação   desses   desenhos é associada   a urna   abstração (a   idéia   da letra A), que   permite reconhecer neles uma   determinada   letra do   alfabeto. O conceito de A é,   portanto, um   legissigno.

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.Júlio Pint:o

lÓGICA DO VAGO

ERRO

EXTENSÃO INTENSÃO INDETERMINAÇÃO OPACIDADE

Peirce, um dos   primeiros  lógicos a se   preocupar com a  manifestação do   vago, do   impreciso e do   não-delimitado, trabalha com   questões   relativas   principalmente à indeterminação dos   simbolos (v .).   Esses   problemas   seriam, mais tarde,   reabordados e   desenvolvidos por,  entre   outros, Russell,   Frege   (que   fala da   "maciez e   mutabilidade da língua") e   pela   filosofia analítica   (que   traduz a   questão do vago em   termos de   intensão e   extensão).   Todos   esses esforços tênl   sido na   direção   da satisfação da de uma  teoria  exata  da   inexatid ão e,   conl  exceção de todos os que  tênl nos  dados das  línguas  naturais, isto é,  pensando  a enl   ternlOS   puranlente   lingüísticos (cf.FREGE, 1978).

Em um  certo  sentido, todos esses   esforços   posteriores constituem  urna   regressão, e não um  avanço , em   termos do trabalho de   Peirce.   Para   ele,   essa   lógica do   vago é   urna teoria   geral da   relação cornunicacionais e significativos,  independentemente de sua pensarésemiótíco. pensar   senl signos   (cf. PEIRCE, 1977:241 et seq.). Ora, o   signo é, el e   mesmo ,   indeterminado, e sua indefinição e   vagueza se   derivam :

a)

com o   objeto   (v.), enl   cujo   caso tem-se o que   Peirce   chama de   breadth   (amplitude, significado,   referência) ;

b) de su a   relação com o   interpretante (v.),   quando se a   indefinição e m ter m o s de   deptb (profundidade,   sentido,   significância). Em   outras   palavras, o   signo é   sempre   parcialmente opaco   (signo  algum  consegue dar  conta exata de seu   objeto e,   assim,   produzir um   interpretante qu e o   explique fielmente), e é   opaco   tanto en l   termos   d o q u e ele   cobre quanto  do que  ele delimita. A noção da indeterminabilidade do   signo   está implicada nas   caracterizações da   relação de representação (um   signo   representa unl objeto em   algum e nos   conceitos de

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1, 2, 3 da   Se.,., iót:ica

Corno as   noções de   deptb e   breadth   são muito semelhantes   às de   intensão e   extensão,   respectivamente, preferimos  usar  essas  últimas  para  traduzir as  duas primeiras. En1 termos simples, e   para  usar  uma   analogia com  vocábulos que nã o  fazem  parte do   corpus   teórico de  Peirce, a extensão está   para o   sintagma, a   intensão para o   paradigrna.   Isso mais definida,   apesar   de mais geral,   enquanto que a   extensão, ao se   apoiar no   singular, é mais vaga. Dito de   outra   forma,   centrando-se a   discussão na segunda   tricotomia   (v.) do   signo, o   caminho do   símbolo para o   ícone   Cv.) faz-se na   direção definição e inverso, do   ícone   para perde en1   singularidade, o que   equivale a   dizer que o símbolo, com   sua dimensão   de lei, te m um   caráter   mais geral, se   bem que   mais   definidor. O   sín1bolo, un1 non1e, por  exemplo, é um  paradigma  generalizador, do   qual  todos podem receber o n1esn10 non1e individuais.   Assim, uma   gameleíra,   un1a   mangueira,   urna laranjeira,   podem   todas receber o   nome   genérico   árvore, que   circunscreve o   interpretante em   contraposição àquilo que   árvore não é.

  ícone, ao   contrário, é   muito   mais   vago em sua singularidade (e é   também por   isso que se   pode   dizer que outras   verdades   acerca do   objeto   podem se r  depreendidas pelo exame de um seu   ícone). Uma   mesma   fotografia, por exe mpl o ,   pode   incitar as ma is   diversas   reações e interpretantes   diferentes por   parte de   observadores diferentes.  Pode-se  dizer, to d a possibilidades   interpretativas - um   interpretante imediato que çV.),que é alínha o   ícone na   categoria do ." . . O

Daí se   dizer que o   símbolo se   adequa  perfeitamente ao   discurso  dito denotativo, ao   discurso  da história, ao   dizer da ciência, à fala   acadêmica,  enquanto que o   signo   icânico .nas artes. Peirce,   portanto,   pensa a   vagueza   do ponto   de vista representação Ce não  daquilo que é  representado).  Con10 el e   próprio diz no   CP 4.505,

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na nledida enl que, ao deixar sua interpretação mais ou experiência   possível a   função a determinação". Nessa concepção   semiótica   da indefinição sígnico e a é   parte  implíclra   de qualquer não é contradição   (NADIN,   1980:354).   Dessa   maneira, não há lógica sen1 e   o erro   deve. ser Peirce do -grupo dos pensad ores positivistas.

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OBJfTO

De   acordo co m o que se   entende por   signo  (v.), o objeto é   aquilo que é   denotado po r um a   representação. No CP 2.230, Peirce afirma que usa o  termo  signo  para denotar um   objeto   perceptível, ou   apenas   imaginável, ou   ainda inimaginável em   algum   sentido e dá   como exemplo a palavra inglesa   fast   ('rápido',   'imóvel' ou 'jejum'). Diz ele que  essa  palavra, que é um  signo, não  é imaginável  porque não é a   palavra   e m s i que se   escreve ou se   fala, ma s apenas   urna   instância  dela.   Além  disso, é a   mesma   palavra quando se   escreve ou   se fala, mas é um   vocábulo  diferente quando  significa  rápido, um  outro  quando  significa  imóvel, e um   outro ainda   quando   se refere a   jejum.   Ternos   aqui um   caso de um   único   signo, em si não   imaginável, qu e pode   se referir a mais   de um   objeto.

COISA PREVISÃO OBJETNIDADE

REFERENTE SUBJETIVIDADE

Entretanto,   para que   algo   seja visto   como   signo, ele deve  representar pelo  menos urna  outra entidade, se u  objeto. Vê-se, com   isso,   que um   objeto é um   referente,   algo ao qual   algo   se refere. En1  outras   palavras, um   objeto não é um a   coisa, e   essa   distinção   entre   coisa e   objeto é   funda mental em   semiótica. Acredita-se que   podemos ter com as   coisas   urna relação direta e o   argumento é  conhecido: não é   senão por isso   que, ao   chutarmos  urna   pedra, sentimos  dor. E, crê-se, essa dor é   tão verdadeira   quanto a   visão de um   fato presenciado ou a   percepção de um   pensamento pensado. Entretanto, existe  u ma  diferença  entre a  d or  ainda não  sentida e   aquela já   experimentada. A dor   ainda não   sentida   pode mais ou   menos ser   prevista com   base na   experiência prévia, da   qual já   existe um   registro   que,   diga-se de passagem, não é   perfeito ou, em   outras   palavras, não é inteiramente   verdadeiro,   pela mesma   razão   porque não é possível a   ninguém   lembrar-se com   perfeita   exatidão do rosto de   urna   pessoa,   mesmo qu e   essa   pessoa   seja   muito familiar (v.   Lógica do vago). Logo,   h á u m a   diferença   entre aquilo que não se conhece e   aquilo que se   conhece, e a   diferença está no (não-)conhecimento delas. O que se   conhece é um   objeto, o que não se   conhece   é urna   coisa. Em   outras   palavras, aquela   coisa que   passa para a   esfera do   conhecimento -

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ou mesmo   algo   inventado -   torna-se   objeto   daquele conhecimento . A   coisa é um   existente ,   conhecido   ou não , e o   objeto é um   conhecido,   existente ou   não. Há,   portanto, coisas que   são apenas   coisas ,   coisas   que são   objetos , e também   objetos  que não são   coisas (u m  mito, um   unicórnio e os   interpretantes de   urna   obra de   ficção, po r   exemplo, são   objetos   não-coisas). Para que se   conheça   algo, é   necessano que   haja representação ,   isto é,   para qu e   haja   objetos é   preciso  haver signos.   Qualquer   relação   com qualquer   objeto é já uma relação   sígnica, e o   próprio   signo já é um   objeto.   Ao se ocupar do s   signos , a   semiótica  ocupa-se do   objeto, e   nisso está su a  objetividade.   Essa   visão é   diametralmente   oposta à da   ciência   positivista qu e   pretende   ocupar-se das   coisas , recusando-se a   admitir qu e o   trânsito   no mundo das   coisas - a   percepção (=   conhecimento)   delas - é   forçosamente medíado po r   relações ontológicas   puras às   quais se dá o nonle de   signos.   Dessa maneira , o que o   positivista   chama de   subjetivo é a   única  objetividade   possível.

Em   outras   palavras, a   concepção   semi ótica do   termo objeto nã o é de   todo   diferente   d o q u e   se entende por objeto em   gram ática .   Diz-se do   objeto   (direto ou   indireto) de um   verbo   assim  como do   objeto   de um  signo.

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OBJfTO

Pensa-se o objeto dinâmico, em  contraposição ao   objeto  imediato (v.),   corno o  objeto originador de  uma dada  semiose (v.), isto é,   aquele   objeto ao   qual   todos os   signos de   urna determinada cadeia  ultimamente se  referem,  Entretanto,  essa é uma   mera   virtualidade   porque,   mediante a   noção   da in finitude da   semiose   (v.), o   processo de   geração de   sentidos, derivada da   concepção   triádica do   signo   (v.) e, principal mente, do (v.), conclui-se que   entre o   signo e seu objeto  pode  sempre  haver  u m  outro  objetointermediário e que a   cadeia semiósica   é infinita em   ambos os   sentidos. A serniose seria,   então, na   medida em que o   objeto  tende a se revelar através de   seus  signos, a  busca contínua da   futura restauração   desse   objeto.   Nesse   sentido, conclui-se que um   processo de   rememoração não  seria  urna  busca  feita no passado, ma s   urna   construção que   se faz na   direção do futuro.

ORIGEM REMEMORAÇÃO SEMIOSE

Isso significa que o   objeto   original é, em   princípio, inalcançável,  tanto  e m  termos  de referência  (num  movimento arqueológico,   voltado para o   passado mas   que, estranha mente,  consegue apenas  se dirigir  para  futuros   interpretantes que   reflitam   esse objeto   passado),   quanto em   termos de significação   propriamente   dita   ( e m q u e o   esforço seria principalmente especulativo). A   noção de   origem em semiótica é,   portanto,   vazia,   quando por   origem   quer-se dizer a  co isa que  gerou, o   grande   objeto   originador.   Pode se,   quando   muito,   falar em   objeto   originário,   delimitado pragmaticamente em   termos dos   objetivos de   pesquisa.

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REFERENTE

o   objeto   Imediato, em   contraposição ao   objeto  dinâmico   (v.) e   analogamente ao   interpretante  dinâmico (v.), é   aquele   visto   como   referente do   signo   (v.) e do interpretante  (v.) na   relação de   representação. É, po r   isso, o   objeto   (v.)   imed iatamc ntc   disponível   quando do estabelecimento da   referência   d e u m   signo.   Assim, cm termos de   praxis   semiótica,   sempre qu e   se fala em   objeto de um   signo,   quer-se   dizer,   simplificadamente,   objeto imediato, a   menos que uma   referência específica seja

ao   objeto dinâmico.

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PR

Primeiridade é o  nome  dado por  Peirce  para prín1eíra da s   três   categorias   (v.)   da experiência. Ela   pode ser caracterizada   como   relativa   àquelas propriedades do fenômeno  que podem ser  descritas por  meio de   predicados monádicos,   contanto que   essas   propriedades   sejam observadas  numa entidade   considerada em s i  mesma,   senl nenhuma   relação   conl   qualquer   outra entidade.   A forma lingüística de um  predicado   monádico  seria  algo  como "X é verde".

SENSAÇÃO PREDICADO MONÁDICO

Essa forma, na   verdade, não é   muito   adequada,   pois pode  levar a   pelo menos   duas   significações. Se, ao se   dizer "X é   verde",   está-se   atribuindo a X   simplesmente uma qualidade,   senl   qualquer   referência implícita a uma   outra coisa,   então "X é   verde" é um   predicado   rnonádico. Se, no entanto,   estiver   implícita   na frase um a   referência a   algo que, e m   contrapartida, não é   verde, haveria   urna contraposição a   outro  algo, e a frase nã o  estaria inserida no que se   entende por  primeiridade. Em  outras  palavras, os   aspectos  fenomenais   puramente qualitativos estaria m  nessa categoria (que Peirce inicialmente denominava  qualidade). Em  termos  lógicos, uma  proposição rnonádica  tem sempre um   termo que   expressa a   substância (o sujeito), um  termo  q ue  expressa  a  qualidade  da  substância (o   predicado) e a   cópula, que une a   substância e sua qualidade.   Assim, Peirce   conclui que "a   qualidade,   C..) em se u   sentido  mais   amplo,   é a primeira   concepção, seguindo se a   ordem que  surge   ao se   passar  d o  ser para  a substância" 11:52). A   primeiridade   refere-se,   assim, a   urna   abstração pura. Na   proposição "X é   verde", o   termo   verde   remete a   "verdeza",   pois dizer qu e "H á   verdeza em X" é o mesmo que   dizer que "X é   verde". A   abstraçào   pura é pré-reflexiva, mais ou  menos como um  sentimento. Assim, a   prirneiridade é   também a   categoria da   sensação ou do sentimento,   entendidos   corno   pré-reflexivos,   isto é, anteriores a  urna  consciência  deles. De  acordo com  Peirce, a   prirneiridade é

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uma instância daquele   tipo de consciência  q ue   não envolve qualquer   análise,   comparação ou   processo análogo , ne m consiste, no   todo   ou em parte, em   qualquer ato   pelo  qual uma   porção   da consciência é   distinguida de outra. (CP 1.306)

Isso   equivale   a dizer   que,   sendo   a categoria do   préreflexivo, a prirneiridade foge de   nosso   alcance   pois, no momento   cm que   ela atinge   nossa   consciência, através de reflexão ou   reconhecimento,   ela deixa de ser primeira.  Podese  também pensar  nela corno uma   possibilidade (no  sentido de   uma qualidade   ainda não   atualizada ou realizada, isto é, um a   abstração   pura), um   potencial ou   algo   imediato (no sentido de   não-mediado, sem   qualquer   mediação). O sentimento,   então, deve ser   entendido   aqui   corno algo experimentado de   maneira   completamente   ingênua e   nãoelaborada. Isso faz da primeiridade a categoria  d o  Ser,  do  indizível , do que nã o   se descreve, do   intangível,   porque   o primeiro é   aquilo que   está   mais próximo, en l   termos de   signo   (v.), qual o   signo   se refere. Em  outras   palavras, do   objeto   (v.) o primeiro é   aquilo que   está   mais   próximo do   continuum no   qual o   signo   vai inscrever sua   diferença.   Portanto, o interpretante  (v.)   desse   signo   será   o mais   amplo   possível e, conseqüentemente,   será   aquele que   menos diz . Por razão, associa-se a primeiridade à   noção de eu, em   oposição ao ele (um  segundo) e tu (um  terceiro) e, e m   termos te m po ra is , à   id éi a d e   presente, e m contradistinção ao   passado  (um segundo) e ao   futuro (um terceiro).

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QUAlISSIGNO

elemento da   primeira   tricotomia   (v.) do s signos,   aquela que   pensa o   signo em si, sem  considerar a relação  entre  o signo, o  objeto  e o interpretante, o qualissigno constitui a   primeiridade em   relação ao   sinsigno   (v.) e ao legissigno   (v.), que se   alinham co m a   secundidade e a terceiridade,   respectivamente. O   qualissigno é   puramente o   caráter   formal do   signo, o   diferencial que   estabelece distinções e   identidades entre os   sinsignos de um   mesmo legissigno. Peirce assim o define: Primeiro  

QUAUDADE

Um Qualissigno é uma   qualidade que   é um Signo. Não pode   realmente atuar  como  signo até que  se corporifique;

mas esta corporificação   nada   tem a ver com seu   caráter como  sig no. (PEIRCE, 1977:52)

O   qualissigno  não pode   atuar  corno signo em   virtude de seu   caráter   de primeiro, de virtualidade, de   algo   ainda nã o   atualizado. Entretanto, ele é um   primeiro   dentro de urna   relação em   si já da   ordem da   terceiridade (a   relação sígnica). Por   isso, o seu   caráter corno signo nã o   necessita, para ser   experimentado, do qu e   Peirce   chama   de corpori ficação. O   qualissigno   seria um   fator   determinante, por exemplo,   na verificação da relação de   identidade de   cópias ou   réplicas com um   determinado   original.   Diversas reproduções de um  quadro qualquer são identificáveis  corno reproduções   daquele  quadro, em  virtude da   presença   nelas de   qualissignos  semelhantes aos do  quadro.   Ao contrário, a identificação de   urna falsificação de um   quadro   dar-se-ia pela presença  de qualissignos  em um  que não  se   manifestam no   outro.

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PROPOSICIONAL INDETERMINAÇÃO

Primeiro   elemento da   terceira   tricotomia   (v.) dos signos, a tríade que   se refere ao s   modos de   relação do signo   con1 se u   objeto, de   maneira a   produzir um   inter pretante (em   outras   palavras, a   tríade que   lida com a significação do   signo propriamente   dita), o   rema   seria caracterizado corno  aquele  signo  cujo  interpretante  tem uma existência sabida, mas   cujo sentido é   obscuro. En1  outras palavras, um  rema é urna   função proposicional, em que os termos  seriam incógnitas. Peirce   pensa o   rema  corno  aquele signo   que não  é nen1  verdadeiro, nem   falso: algo que  seria urna   proposição, se não   lhe faltasse   pelo menos um dos elementos que   deveriam   estar   presentes   para que sua significação   pudesse ser   avaliada em   termos   de falso e verdadeiro   (cf.   RANSDELL,   1983a:59).

Um   rema é,   portanto, um   signo  cujo  interpretante não é Iimitado   naquilo ao   qual ele   pode   se referir  corno  objeto, isto é, é um   signo   aberto e   indeterminado, no   sentido de que   seu interpretante contém   pelo   menos uma   variável livre, ass ím  corno x am a y.  Tem-se aí a idéia de urna relação entre um  sujeito e um  objeto, tal que  o sujeito ama  o objeto, mas não  se   sabe  cxatamentc  a que ou a  quem tal   proposição se refere. A ilusão de referencialidade seria   muito   maior se o   signo   fosse   Maria ama  João, que   seria um   dicissigno (v.),   aquele signo   capaz   de afirmar algo.

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.

Uma   réplica é   urna   manifestação singular de urn legissigno   (v.). O   termo é   usado   alternativamente a   sinsigno (v.),   podendo ser   considerado seu   sinónimo.

LEGISSIGNO

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INTERPRETANTE MENTAL

A   palavra   representâmen é ,   algumas   vezes,   usada nos   escritos de   Peirce   corno sinónima de   signo   (v.).   Outras vezes,   entretanto,   parece haver   urna sutil entre os dois   conceitos.   Assim, o CP 2.274 diz que "u m   signo, ou reprcsent âmen, é um   primeiro ..." e , a   partir  dessa aparente identificação,   desenvolve um   raciocínio   acerca da   noção de  genuinidade (v.   degenerescência) . Todavia, mais   adiante, no   mesmo   parágrafo, Peirce   afirma que "um   signo é um representârnen co m um   interpretante   rnental" e que "[plossivelmentc,   poderá   haver   Representâmens que não sejam   signos" . Para   explicar a   segunda   parte   dessa   assertiva, Peirce dá o   seguinte exemplo: Assim, se um girassol , ao virar-se na   direç ào   do sol, tornar se por   esse   mesmo ato   inteiramente capaz, se m   nenhuma outra condição, de   reproduzir um girassol que   de um   modo

exatamente   correspondente se   volte na   direção   do sol, realizando   isto co m o   mesmo   poder   reprodutor,  o girassol se   transformaria   num Representâmen do   sol.   Mas o p ensamento é o   principal, sen ão o   único ,   modo de representação.   (CP 2.274)

Deve-se   entender com   isso   que um   representãmen é um  signo ainda não   atualizado corno  signo   para um  sujeito, isto é ,  algo que já participa de uma  relação de  representação sem,   contudo,   ter sido   percebido   corno   signo. Em   outras palavras, o   representãmen   seria um   signo enl   potencial. O importe dessa  conclusão é que   a significação  está no  signo e   n ã o e m   quem o   experimenta. O   observador é   aquele capaz   de extrair do   signo algum   tipo de   interpretante, n ão sendo   capaz de   nenhum ato   criador de  sentido.

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...

Secundidade é o   nome   dado por   Peirce à   segunda categoria   (v.) da   experiência, a d a   ocorrência, daquilo que   se manifesta, da existência, em  contraposição à   primeiridade  (v.) que   seria a   categoria do   Ser.   Qualquer coisa é   um segundo na   medida   em que   existe,   pois  existir significa  entrar  enl  relação  com u m  outro.  Em  outras  palavras, para  existir,   algo  deve ser um   objeto para um  sujeito, o que significa que   algo é um   segundo enquanto   participante de uma  relação  diádica.  Tornamo-nos conscientes  da   qualidade apenas ao   contrastá-la ou   compará-la com   urna outra, ou , para usar  urna   terminologia   também empregada por  Peirce, apenas por   referência a um   correlato.

Pode-se também   dizer, com   Zeman, temporais,   que:

PREDICADO DIÁDICO

ACIDENTE

QCAUDADE

REl.AÇÃO EXISTENCIAL

.. ..

CORRELATO FORÇA  BRCTA .

..

.

e em   termos

As   coisas   segundas são   existências   singulares,   tanto no espaço quanto no   tempo ...   Enquanto a   primeiridade é essencialmente   atemporal, a   secundidade   fornece os pontos   discretos e   distintos   pelos   quais   ordenamos a seqüência  temporal.   (ZEMAN,1977:24)

Esse co me ntár io   sublinha a   incapacidade da primeiridade  de   dizer da   existência e da   ocorrência,  e   mostra que a   noção de   tempo   apenas começa  a ter   fundamento a partir da   secundidade, não   sendo,   portanto, um   a priori. Entende-se   também   porque  Peirce   associa a  secundidade à noção de   passado,  isto é, o   outro, o   ele. Urna for ma de   representar a   secundidade Iingüístícamente é o uso de   predicados   diádicos,   apesar de a   forma   lingüística enl si   mesma não ser   inteiramente adequada por poder  implicitamente  apontar  para  urn terceiro termo.   Assim, se se   disser que "X   bateu cm Y"   conl o intuito de   significar que a   colisão foi   acidental e não premeditada, tal   corno o   encontro de   dois   corpos   celestes no   espaço,   então   esse predicado é   diádico e   representa uma   secundidade. Se, no   entanto,   estiver   implícita  na frase a idéia de que "X  bateu em Y co m Z" ou   "por causa   de Z", etc., a frase   acrescenta   unl elemento   instrumental ou  causal, etc., e não   mais caracteriza a   secundidade. Os   comentários 47

.Júlio   Pint:o

acima   ressaltam o   caráter   singular e   acidental da secundidade. Os   signos   segundos, portanto, não   dizem da regularidade, do   hábito , do   propósito   o u d a   lei. Falam, entretanto, de aç ão e   reação,   de resistência ao impacto, de causa  e efeito, de   força bruta. Assim,   enquanto o  sentimento nã o   analisado   estaria na   primeiridade, o   registro do sentimento, a   atenção   a ele, seria um fato na   secundidade, porque   implica por   parte   de quen1 o   sente   urna resistência análoga à que   urna   parede   oferece   ao tato.

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Conceito fundamental da   semiótica de   Peirce, responsável  pelo  avanço qu e   essa  teoria   propõe em   relação às  anteriores  (todas baseadas  na   dicotomia  signum/signatuni), a   semiose está intimamente   ligada à   noção de   interpretante (v.). Por   semiose   entende-se,   estritamente, a   produção de sentido,   processo   infinito   pelo   qual, através de sua   relação com o   objeto  (v.), o   signo  (v.)  produz um   interpretante   que, po r sua   vez, é um   signo que   produz um   interpretante e assim po r   diante.

CA ERRO

SIGNO

TELEOLOGIA VERDADE

Os   termos   gera,   produz,   cria,   determina, e análogos, qu e   aparecem   nas caracterizações do   signo, índícarn   esse   caráter   causal e   lógico qu e   marca a   cadeia semiósica. A   semiose é   comandada, em   última análise, po r uma   causa  final,   constituindo,   assim, um  processo   télico, na medida em que   tende   (sern   nunca   chegar)   para   urna representação  perfeita  do   objeto  (o qu e  poderia ser  chamado de   verdade semiótica). Em   outras   palavras, haveria um estádio   "final"   nessa cadeia em que o   signo   seria   idêntico ao   objeto   (tudo   isso é   dito no   futuro do   pretérito por ser urna   impossibilidade,   corno   vimos). Vista   nessa   perspectiva, a   serníose   pode se r   consi derada um   processo   quasi-cibernético, de vez qu e se um signo determina qu e unl   interpretante   se refira ao   objeto da   mesma   maneira qu e   ele, e se   esse   interpretante qu a signo   determina qu e um  interpretante posterior se refira ao signo anterior corno  s eu  objeto, há   realmente   urna  tendência de o   objeto se   revelar   naqueles aspectos que   seus   signos manifestam. Entretanto,   dizer  q ue um  determinado processo é   cibernético   implica a   possibilidade de   erro, já que mecanismos cibernéticos são   autocorretivos. Há   aqui   urna aparente  contradição: po r  definição, os   signos   não mentem e, po r   definição, a   serniose qu e os   signos   produzem   pode levar a   erro. A  saída   lógica é a de qu e o   erro não   está no interpretante, mas si m no qu e o   sujeito interpretador supõe se r o   interpretante,   pois   qualquer   signo   pode facilmente se r   entendido   corno   signo de   algo   diferente daquilo de   que,   naquele   contexto, ele está   sendo  signo. (v. erro).

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SIGNO

 RA 71 0N IS 

Ess   REALE   RELA71VWvf 

A   concepção   peirceana de   signo   está assentada na idéia de   terceiridade (v.) e   consiste nu m   refinamento  teórico do qu e   poderíamos   chamar de  "definição de   dicionário" ou conceito   fundado   no senso   comum (qualquer   coisa   corno "algo qu e   está no   lugar de   [representa]   outra   coisa   para al guém"). Há, no s   escritos   de Peirce,   muitas caracterizações de signo, e   essa   pluralidade se   deve à   tentativa de   emprestar generalidade a   esse   conceito, já que   urna   definição  tende a se r   redutora.   Duas das   mais   conhecidas   são: [Signo é]   algo qu e   representa   algo   para alguém em   algum aspecto ou   capacidade.   Dirige-se a  alguém,   isto é, cria na mente   dessa   pessoa um   signo equivalente, ou   talvez   mais desenvolvido. A   esse signo que   ele cria dou o   nome de

interpretante do   primeiro  signo. O  signo  representa   algo, seu  objeto.   (CP 2.228)

[Um  signo é]  qualquer  coisa   que determine qu e uma   outra coisa   (seu   interpretante)   se refira a um   objeto   ao qual ele   mesmo se   refere do   mesmo modo, o   interpretante se tornando   um signo, e assim po r   diante, ad  infinitum. (CP

2.303)

Essas   duas   definições sã o   fundamentais em   mais de um   aspecto. En1   primeiro   lugar,   elas   deixam   claro que o interpretante   (v.) não é o   intérprete, ao   mostrar que o interpretante é um   signo qu e se   refere ao   objeto da   mesma forma qu e o   signo do  objeto.   Urna   outra   implicação   delas é a de que o   signo é   ativo (e é   esse o   importe da   frase   cria na  mente   dessa pessoa, na   primeira caracterização, e do verbo  determinar, na   segunda). O   signo   cria significação, em vez de   passivamente   esperar qu e o   sujeito   o invista de sentido. En1  outras   palavras, o   sujeito   interpreta o   signo à su a   maneira e   gera nesse processo seus próprios   interpre tantes, mas o  signo nã o é   vazio, e o  sujeito não o   preenche através de um  fiat   divino. Mesmo   não sendo   vazio,   entretanto, o   signo não é urna   entidade   cuja   produção de   interpretantes   se faz univocamente,  isto é,   nunca se   pode   dizer co m  certeza que 5O

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o  signo  tem aquele  interpretante.   Isso se   deduz da   expressão em  algum aspecto o u  capacidade. Na   verdade, basta um traço que   funcione corno   ground  o u   fundamento,   para que o   signo   seja   entendido   corno   signo de, o   que quer   dizer que não há   transparência de  significação.

Além

do   mais, se   qualquer  coisa   pode   ser signo,   então nenhum   signo   é só signo, o que   contradiz um certo   tipo de pensamento  semíológico que  insiste em   pensar  o   signo corno apenas   signo, isto é, que   coloca nele   urna camisa de força

ontológica, a de Ser Signo (cf.   RANSDELL,   1980:135-137). A  terceiridade do   signo  sugere ainda que el e   constitui um   lugar-entre, um   algo-entre.   Ele é   algo que   circula, qu e está num   momento com   alguém e é   logo   repassado   para outrem,   não pertence a   ninguém ou   apenas   pertence na medida da   duração de se u   uso. É o   instrumento da   troca cornunícacional:  é, mais que um ser signo, um estar  signo. Essa   noção de   signo   corno .de um Vem de  Santo raciocínio  desenvolvido ao   longo Agostinho uma   clássica   definição   de signo: é  algo   que,  ao ser   percebido,  traz à  consciência alguma  coisa qu e nã o  ele mesmo.CDe  doctrina christiana, apud   DEELY,   1982:57) Um   signo

Essa   definição   retrata o   signo   unicamente   corno algo perceptível pelos   sentidos,   não concedendo,   portanto, à noção de   idéia o   status de   signo, ma s é   perfeitamente compatível com o   papel do   conceito de   signo er n sua doutrina. Por   isso,   permaneceu, durante   muitos séculos, como o   esteio   d o q u e   poderia se r   chamado xie   teologia sacramental, até   pelo menos   1632, com a   publicação de um   livro   chamado   Tractatus de Signis, do   português   João Poinsot.

o   prestígio   dessa   conceituação

ele   signo   COI110   algo necessariamente   perceptível   pelos sentidos manteve-se   para os  estudiosos  de lógica,   mesmo com  a influência  q ue  Boethius paralelamente   teve, com seu   Comentário   (510   A.D.) a Aristóteles, no   desenvolvimento da   controvérsia   sobre as relações, isto é, a   questão do   ens relatiuum,   passando   pelos conceitos de   ens reale   (ser   independente da   mente) e ens rationis  (ser   dependente   da mente). Essa   polémica  estimulou Guilherme de   Ockharn   (circa   1340) a afirmar a idéia   corno signo   dentro da   mente (portanto, ens    rationis), er n contraposição à   palavra   falada   Cens realei.

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.Júlio Pint:o

Essa e   outras   divergências   da douta   autoridade de Santo Agostinho não   passaram,   contudo, de   pequenas subversões ao   longo da   Idade  Média e,   como  aponta   Deely (1982:46),   demonstram que   apenas  começava a se r  vislumbrada  a possib ilidade de un1a análise semiótica  dos   conceitos, isto é, um a  análise  d o  ser próprio  dos  conceitos  considerados con10 signos,   porque   os filósofos   medievais   insistiam  numa teoria do  conhecimento elaborada a partir  de uma   perspecti va   ontológica ou   metafísica, em ve z de   urna   abordagem epistemológica. En1 1564,   surge em   Portugal um   importante   livro, o  In st it ut ion um  Dialectarum  Libri Octo, de  Pedro da   Fonseca, S.]., um dos   chamados   Conimbricenses.   Nesse   livro, que é essencialmente um   texto   de lógica,   como   o título   sugere, Fonseca tenta  assimilar  à   tradição ontológica  u m  outro  ponto de   vista, o da significação   propriamente   dita.

Apesar de   ainda   defender a   definição de   Santo Agostinho,   Fonseca  tenta  mostrar q ue os   conceitos  d a  mente, isto   é, as   estruturas que   informam   nossa   percepção da natureza, fu ncio n am e xat arne n t e   como os   signos agostinianos, na   medida   em que   estes   últimos   funcionam enquanto  signos. Vale  dizer que   as idéias  funcionam  como signos   sem,   contudo,   serem   perceptíveis   pelos   sentidos. Do   ponto de   vista da   significação,   contudo, foi realmente  João   Poinsot   quem   fez as   exéquias da   definição de   Santo   Agostinho. O se u   Tractatus de   Signis,   publicado no   a n o d e   nascimento de   John   Locke (1632),   mostra definitivamente que   o essencial na nossa experiência do signo  (e   experiência é um  termo  marcado,   aqui, no  sentido de   apontar   para um   viés   epistemológico) não é a sua perceptibilidade, mas sim o fato de   trazer à  nossa  consciência algo diferente   dele mesmo. E,   além do   mais,   isso se   torna possível,  demonstra   Poinsot,   porque o   signo é da  ordem da relação, o que   quer   dizer que el e é uma   intersubjetividade baseada na   representação, que é o   fundamento da   relação sígnica.   Enquanto um se r   relativo, ele   transcende   a clássica divisão   entre o   ser do   real e o ser da   razão.   Assim, a idéia, a nuven1   como sinal  d e  chuva, um  conceito, um  sonho, a   imagem mental, a   imagem  acústica, um   cheiro, uma   cruz num   cemitério, na   medida  em que   funcionam  como  signos, funcionam da   mesma   maneira em   virtude de   serem   seres relativos, isto é,   lugares-entre. . É   essa a   idéia que   Peirce   retoma, ao dar   à relação

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1 2

3

da   SeRliót:ica

sígnica o seu   caráter   triádico.   Como um   terceiro   dentro da relação de   representação (que  é  também, em  si, um  terceiro), o   interpretante  está entre o   primeiro (o   signo) e o   segundo (o objeto), da   mesma forma qu e  o meio, que só   pode  existir em   virtude da   existência de um   princípio e um .fim,   está entre o   princípio   e o fim. Da   mesma  forma,   entre um  signo eu e um   objeto el e  está um  interpretante tu, que é um   ele eu ou um   eu-ele. Há, ainda, uma   outra   maneira   de se   pensar o   signo como   lugar-entre. A   geração   infinita de signos por   outros signos é o   processo da   semiose (v.). Seja do   ponto   de vista da   interpretação,   seja da   perspectiva da   produção propriamente  dita, em  qualquer momento da   cadeia  sígnica, qualquer   signo   pode   fazer   parte - e   geralmente   o faz  de urna   variedade   de sernioses. Assim,   numa   conferência, por  exemplo,   cada   ouvinte  interpreta o   que ouve   usando o input  específico de su a   formação, de   suas   leituras e de sua experiência. Os   seus   interpretantes   serão,   portanto, uma encruzilhada   onde vão se   encontrar a   informação do conferencista e a   experiência dos  ouvintes. Entretanto,   algo da   ordem de um  conteúdo  objetivo que   "está entre" vai ter qu e   se dar, sob   pena de não   haver entendimento   algum. O   caráter triádico do   signo,   portanto, é a   mola da semiose e   constituiu a   grande   contribuição de   Peirce ao entendimento dos   processos   de significação.

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.Júlio Pint:o

LEI PREVISÃO

CONVENÇÃO

Urna das   caracterizações que   Peirce faz do   símbolo (CP 2.243)   descreve-o   corno   aquele   signo   (v.)   cuja   relação com o   objeto (v.)   consiste  numa   relação com o   interpretante (v.). Essa   definição não é tã o   enigmática   quanto   parece pois, corno um a   terceiridade   (v.) (o   símbolo é o   terceiro termo da segunda   tricotomia  lv.l do s   signos, o  primeiro dos quais é o   ícone   ív.l e o   segundo o   índice   lv.D,   essa função sígnica   dirige-se   para o   futuro em   termos de   regularidade o   símbolo é   aquele   signo que ou   lei.   Isso   quer   dizer será  representado em seu   interpretante   conlO   signo   de seu objeto. Em   outras  palavras, o interpretante de um  símbolo é previsível   porque seu   objeto já é   conhecido.

Ora, um   signo   cujo   objeto é   conhecido e   cujo interpretante   pode se r   facilmente alcançado é   aquele   signo que   representa   unla   lei,   urna   regularidade, um   hábito,   urna convenção ,   urna   previsão ou   conceitos parecidos. Por   isso mesmo, a   representação do   objeto nã o se faz no   símbolo por uma   relação de   deixis (em   cujo   caso   esse   signo   seria um   índice) e ne m se   deve a   qualquer   relação de   analogia ou   semelhança com o   objeto   (que   seria um   fator   icónico) . Chamar um   signo de   símbolo simplesmente   significa qu e seu   interpretante   refletirá seu   objeto. Da í  a   identificação do   conceito de   símbolo com os   conceitos de   lei,   hábito, convenção ,   regularidade.   Entretanto,   deve   haver um   certo cuidado   nessa   identificação. O   símbolo não   reflete   esses conceitos,   isto é, el e não se   conforma a uma   prática ou segue   urna   regra. Ao   contrário, ele é   a lei, é a   regularidade , é o   hábito e   assim po r   diante .

Assim, uma   outra   caracterização   de símbolo   poderia se r  a  de que seu   caráter representativo consiste  precisamente no   fato   de que el e é   urna   regra qu e   vai determinar se u interpretante.  Dizendo  isso  d e  outra  forma,  qualquer  símbolo controla seu   significado. Por   isso   mesmo,   qualquer substantivo   comum é   simbólico,   enquanto   q u e u m   nome próprio é   indicial   relativamente ao   substantivo   comum . O nome   próprio   simplesmente   aponta   para seu   portador (u m singular  dentro  daquela   espécie), mas o   substantivo comum nomeia  coletivamente   todos os   seres   daquela   espécie e ao mesmo tempo   exclui os nã o   pertencentes   àquela   espécie.

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1 2 3 da   SelTliót:ica

Un1 intérprete   sabe que   a palavra "mulher"  denota  todos os membros da   espécie   humana que   sejam do   sexo   feminino e

  somente   esses.

De   maneira   análoga, os   chamados   símbolos   sociais tê m a   função de   controlar o   comportamento dos   cidadãos, na   medida  em que  seus   interpretantes são   previsíveis. Nesta classe   encontram-se o   papel-moeda, os   rituais   sociais/  religiosos, os   adereços,  a vestimenta, as   bandeiras  nacionais, a sinalização de trânsito, por   exemplo. De um   modo   geral, poder-se-la   dizer que a   cultura é   simbólica, na   medida em que   ela dita e é   responsável por   certos   padrões   comporta mentais, sociais,   intelectuais e   ideológicos de uma   deter minada  comunidade.

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.Júlio Pint:o

SINSIGNO

Segundo elemento da   primeira   tricotomia   (v.) do s signos  (v.), a que   focaliza o   signo   enquanto   signo e   na sua identidade de   signo, se m   pensar na   relação   dele com o objeto   (v.) e o   interpretante (v.), o   sinsigno (o   prefixo   sinpOí    exeillplo) é   simplesmente é   o meSillO de aquele signo em   secundidade,   isto é, que se   manifesta, que se   torna   presente e   chama a   atenção para se u   caráter de signo.  Todo signo que se   manifesta e é, po r  isso um  existente, é, en1   virtude de   existir, um   sinsigno. Dentro da  tríade, o   sinsigno  é um  segundo  que, tendose em  vista   seus   qualissignos (v.), é   identificado  como   urna réplíca(v.) de um  legisstgnotv.).  Como  abstração  o legissigno só se   manifesta através de   seus   sinsignos.

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3 da   SelTliót:ica

Se a   primeiridade   (v.) é   referência a uma   abstração pura, a   secundidade  (v.) é   referência a um  correlato.   Peirce afirma,   contudo, que ocasião da  referência a um   correlato é   obviamente por   comparação"   (Writings,   II:53). Um   exernpl o do que se   quer   dizer com  comparação   seria o de um assassino   considerado em   relação à   pessoa  assassinada:

PREVISÃO SÍMBOLO LEI

Nesse   caso  concebemos   o assassinato, e   nessa  concepção

está   representado qu e um a   pessoa   assassinada   corresponde a   cada   assassino (e   também a   cada   assassinato); e   assim,   apelamos   novamente a um a   representação mediadora qu e   representa   o relato em sua   representação de um   correlato co m   o qual a   representação   mediadora está   também   em relação.   (Writings,   11:53)

Em outras  palavras, Peirce  está aqui falando/da  relação de   representação,   isto é, da   relação que   existe   entre   signo (v.),   objeto   (v.) e   interpretante (v.). Essa é uma das   muitas maneiras de se   definir a   terceiridade,   isto é, da   capacidade que   algo tem de   representar se   esse   algo   existe e é   (10). A terceiridade tem a ve r com   o futuro. É  um modo de ser que   consiste no   fato de que   futuras   instâncias de secundidade assumirão um   caráter   geral   determinado. A terceiridade   será,   assim, o   modo da   previsão, na   medida em que o   prever tende  para  s ua  realização, e  eventos  futuros são,   a té c e rt o   ponto,   governados por   algum   tipo de regularidade ou   lei.   Além do   mais, "urna   lei é um   fato geral,   contanto que se   admita que o   geral   encerra   sempre uma   parcela de   potencialidade"   (CP 1.418). Isso   quer   dizer   que, em sua   generalidade, o   terceiro tem   algo a ve r com o   mundo   potencial da   qualidade e com o   mundo   factual dos  existentes,   embora se   distinga  tanto da quanto do   fato O  terceiro é, na  verdade, qualidade a   conexão   entre a   qualidade   e o fato,   entre o   primeiro e o segundo.   Assim, o   princípio é um   primeiro,   o fim um segundo e o   meio um   terceiro, e não é sem   razão que Peirce   inicialmente   pensava a  terceiridade  como a  categoria do tu   (Tbou), em contraposição à   secundidade (ele, Ii) e à primciridade   (eu, I) .

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.Júlio   Pint:o

A   linguagem   verbal, por se u   caráter   de lei, geral, simbólico e regulador, é um terceiro. E o é   também por constituir um a   poderosa conexão qu e   temos entre   aquilo que é e   aquilo que   está a   nossa   via privilegiada de acesso,   sempre   parcial às coisas e   suas   qualidades.

Considerar   algo   c om o u m   terceiro,   portanto, é considerar   esse   algo   como   signo. Entretanto, um   terceiro inclui um   segundo, qu e   inclui um   primeiro. Por   outro  lado, n ad a q u e n ão   possa   inicialmente ser   descrito por um predicado monádico (v.   primeiridade)   pode ser   pensado como   signo.   Isso não   quer   dizer,   contudo, que um ajuntamento de três primeiros, ou um e um  primeiro, possa   constituir um   terceiro. A implicação não é a de qu e um   terceiro seja um a   somatória, mas a de que um   signo é outras coisas   além   de signo.

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da   SeRliót:ica

TRICOTOMIA

Tendo   definido a relação de representação por   meio das   categorias  (v.), e  coerente co m a  noção  de que  qualquer coisa, inclusive um   signo,   pode se r   vista em   termos de primeiridadetv),   secundidade(v.)  e terceiridadetv.),  Peirce aplica recursivamente a   noção   das categorias à   relação de representação   e, assim,   obtém dez   conjuntos   básicos de tipos de   signos com   três tipos   cada. Dessas   tríades (tricotomlas, em   oposição à   idéia de dicotomia), três foram extensamente   desenvolvidas   pelo   próprio   Peirce e estão, portanto, bem   estabelecidas   teoricamente:   qualissigno/  sinsigno/legissigno   (v.),   ícone/índice/símbolo   (v.) e   remai dicissigno/argumento   (v.). O   quadro   abaixo   pode   dar uma idéia de   como   esses tipos de signos e as tríades que   eles compõem   se relacionam   entre si:

Primeiro Primeiro

Terceiro

 

 

TERCEIRIDADE

LEI EXISTENCIAL

CATEGORIAS

Terceiro

qualissigno

 

ícone

 

rema

sinsigno

 

índice

 

dicissigno

legissigno

 

símbolo

 

argumento

Cada um a   das tricotomias é definida de   acordo com os   elementos   da relação de representação. Assim, a tríade qualissigno/sinsigno/legissigno é   baseada na   noção de signo   enquanto   signo, isto é, no signo  considerado  apenas em sua  identidade   de signo, se m   qualquer   referência a se u objeto   (v.) se u   interpretante   (v.). Os   ícones,   índices e símbolos são   signos   considerados em   termos de sua referência a um   objeto,   enquanto o   conjunto   remaI dicissigno/argumento constitui a tríade na sua terceiridade, isto é,   consideram   também   a relação com   o interpretante. No CP 2.243, Peirce explica   seus   critérios na determinação dessas tricotomias:

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.Júlio Pint:o

Os   signos   são divisíveis em   três tricotomias;   primeiro, no tocante ao   signo  ser, ele   mesmo , uma   mera qualidade, um existente ou um a  lei geral ;  segundo, de   acordo com  o fato de a relação do signo com seu objeto consistir no signo ter alguma   característica   dele   [do objeto] em si   mesmo, ou em ter  alguma relação  existencial  c om o  objeto,  ou consistir

em su a   relação com um   Interpretante;   terceiro, se o Interpretante o   representa como   signo de um a   possibili dade, ou   signo   de fato, ou   signo   de razão.

As   categorias   estão presentes   enl cada   conjunto, na medida   em que o   qualissigno, o   ícone e o   rema têm a ver com a   primeiridade; o   sinsigno, o   índice e o   dicissigno são segundos; e o   legíssigno, o  símbolo e o  argumento são   ter ceiros. A   existência   dessas   tricotomias e o falar-se em   tipos de   signos   pode   conduzir a uma   leitura   apressada do   papel que   essas   tríades têm em   semiótica. Já se   apontou   essa discriminação de   funções   sígnicas   como uma tendência taxonômico-descritivista,   ernpobrecedora da   adequação explanatória   e analítica da semiótica. O raciocínio por  detrás dessa   opinião é o   de que a   palavra   tipo   implica   tipologia ou   taxonomia ,   significando   que, se   algo é   definido   como sinsigno , não   pode se r   índice, por  exemplo , em   virtude de sua  definição  corno sinsigno  (que é o que  acontece , digamos , na   taxonomia dos   seres   vivos, em que   primara   é primara e nunca   pode se r   réptil). ,

6O

Entretanto,   dados os   postulados da   teoria semi ótica, isso não é   verdade.   Pode -se falar - e   muitas   vezes   se fala - em   símbolos icônicos ou   argumentos   indiciais.   Esses "tipos" são   distinções   teóricas,   formas   lógicas que   visam caracterizar u m  signo mais   detalhadamente  de modo a torná. lo   unl instrumento   analítico mais preciso.   Além do   mais , um   m e s m o s i gn o   pode ser   visto de   várias   maneiras, dependendo do   ângulo de   abordagem do   investigador e de seus   objetivos de   análise.   Deve-se a penas ter em   mente que há   algumas   restrições às   possibilidades   combinatórias dessas funções   lógicas a que   estamos   dando o   nome de tipos, e   essas   restrições   tê111 a ver com o   fato que U01 terceiro   pressupõe um   segundo, e   U111   segundo   pressupõe um  primeiro  (para  significar, algo  t em  q ue  existir -   qualquer que   seja o   modo de   existência - , e   para   existir,   algo tem que   ser). O   contrário,   todavia, não é   possível. Por  isso, não se   pode   falar em   ícone   simbólico, na   medida em que   U111 primeiro   não pode   conter   un1 terceiro.

1 2 3 da

São  Paulo:  Escuta,  1989. Estes   ensaios são de especial interesse   para   aqueles que   gostariam de   investigar os   possíveis   pontos de   contato entre as   duas   áreas, na   medida em que sã o  informados por Lacan,   Derrida   e Peirce,   entre   outros.

J.  Teixeira. Perspectiva,   1983.

COHHO  NHO,

informarão

São Paulo:

Neste   livro, J. T.   Coelho   Neto, que é o   tradutor e organizador da   edição e   seleção   mais   completa dos   textos de Peirce no   Brasil,   publicada   pela   Perspectiva   (ver   Referências Bibliográficas),   procura   pensar os   fenômenos da  informação e da   comunicação social, através do  aparato  teórico da   semiótica de  Peirce.  Defende  a  semiótica  corno  a teoria  capaz  de transitar entre   as diversas  abordagens em comunicação  e fornecer urna linguagem   comum   nesse   território transdisciplinar.

DHlY, John.

Trad.  Julio  Pinto.

São   Paulo:

1991.

Conhecido pesquisador   da história da   semiótica,   John Deely   propõe,   neste volume, uma   visão geral da   teoria tal corno ela se   apresenta na   contemporaneidade,   complenlentando   assim o   trabalho   iniciado no se u   Introdt  Semiotic   (ver Referências Bibliográficas).   Pensando, tal   corno Peirce, a  semiótica  corno urna  teoria  abrangente  da significação que  abarca o  fenômeno  comunícacíonal  para além  das fronteiras lingüísticas,  Deely dedica vária   páginas  à  discussão da serníose nos mundos   vegetal e animal (fito- e zoosserniose).

comunicação, cultura mundo  natural. Janeiro: Rio fundo   fditora,  1992.

JR.,  fduardo. Um Rio

Professor de  Comunicação na   PUC, UFF e UER], Neiva propõe um   olhar   serniótico   sobre as   interrelações da

.Júlio   Pinto

comunicação e da   cultura  ancoradas na   concepção de um mundo   natural, não  entendido  como   mera ambiência e não muito dos conceitos de Umuielt, Lebenswelt  e  Innenwe!t, de J. von   Uexküll.

Lúcia.  {u/luro

São Paulo:  Razão  Social,   19920.

Nesta   coletânea   de artigos, Lúcia Santaella,   autora de O que é  semiótica   (Brasiliense, 1983), faz uma   análise dos meios de   comunicação   e da cultura,  privilegiando a   poesia e a   arte e   procurando demonstrar que as   dicotomias rigidamente codificadas (cultura de elite vs. cultura de massa, etc.) não  mais   constituem operacionalizações factíveis,   dada a   crescente   interpenetração promovida pelos   meios de comunicação.

SANTAHLA,  Lúcia. oll/no/uro

(oiJOJ. São  Paulo:  Imago, 1992b.

Estudam-se  aqui  as relaçôes  entre  a semiótica de Peirce e a literatura e teoria literária, inclusive com   uma seção do texto   dedicada à   revisão e   resenha dos   trabalhos que têm sido   feitos na área.

62

1 2 3 da

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64

1 2 3 da

íNDICf 

Df 

A Abdução:

ve r

  Abdução, indução, dedução. 13. Ver   também   Erro;

 Lógica do vago. Acidente:

ve r

  Secundidade.

16. Ver   também   Dicissigno;

Rema;

Tricotomia.

( Categorias:   17. Ver   também  Primeiridade;

Secundidade,

Terceiridade; Tricotomia. Causa   fínah Coisa:

ve r

v er

 Interpretante final; Semiose.

  Objeto.

Convenção: Correlato:

ve r

ve r

  Ícone; Índice; Símbolo.

  Interpretante; Secundidade; Terceiridade.

o Dedução:

ve r

  Abdução, indução, dedução.

 De ge ne re sc ência: 19. Ver   também   Categorias;

 Represeruâmen; Tricotomia. Diagrama:

Dicente:

ve r

ver

 Degenerescência.

 Dicissigno.

21. Ver   também  Argumento;

Rema; Tricotomia.

.Júlio   Pinto

ver  Categorias;

Signo. Bn s   reatei ver  Categorias; Signo. Bn s   Relativum: ver   Signo. Erro:   22. Ver   também   Abdução, indução, dedução;  Interpretante final,' Lógica do vago; Semiose. Extensão: ver  Lógica do Vago. Bn s   rationis:

f FenôOleno:ver brutas ver  Índice;

Secundidade. Função   proposicional: ver  Argumento; Dicissigno,  Rema; Tricotomia. Fundamento: ver   Imagem; Signo.

G Genuinidade:

ver

  Degenerescência; Representâmen.

Hipoícone: ve r   Degenerescência. Hípossemas ve r  Degenerescência. Hipótese:

ver

  Abdução, indução, dedução;

 Íc on es   24. Ver   também   Degenerescência;

Imagem; Índice;

Símbolo; Tricotomia.  Image m:   26.

Ver   também ver

 Degenerescência; Ícone. Erro;   Lógica  do   vago; Rema.

 Ícone; Símbolo; Tricotomia. Indução: ver   Abdução, indução, dedução.

lndice:   28.

Ver   também

1

2

3 da   SelTliót:ica

Inferência  hipotética: Intensão:

ver  Lógica

ver   Abdução,

indução, dedução.

do Vago.

 In te rpr eta nt e:   29. Ver   também   Abdução, indução; dedução; Erro;  Representâmen,   Signo;   Semiose;  Terceiridade.

 In ter pr et an te 30. Ver   também  pretante final; Interpretante imediato.

 Inter-

 In te rp reta nte 31. Ver   também   Erro; Interpretante dinâmico; Interpretante imediato.  In terp reta nt e   imediato 32. Ver   também   Erro;  Interpretante dinâmico; Interpretante fi nal. Interpretante   mental:

ve r   Representâmen.

l  Legi ssig no:   33. Ver   também  Réplica, Qualissigno; Sinsigno; Tricotomia. Lei: ve r   Legissigno,

Símbolo; Terceiridade; Tricotomia.

Lógica da   descoberta:

ver   Abdução,

indução, dedução.

 Ló gi ca do  vago:   34. Ver   também   Categorias, Erro;  Interpretante imediato; Objeto, Signo.

Metáfora: ve r   Degenerescência.

o Objeto:   37.

Ver   também   Erro;

Interpretante; Signo.

39. Ver   também   Interpretante Objeto imediato; Objeto Imediato; Semiose.

Objeto  imediato:   40. Ver   também   Interpretante imediato; Objeto dinâmico; Semiose. Objetividade:

ver

  Objeto.

Opacidade:

ver   Interpretante

Origem:

  Objeto dinâmico.

ver

imediato; Lógica do vago. 67

.Júlio Pint:o

p Predicado   diádico:

ve r

Predicado   monádico:

  Secundidade.

ve r

  Primeiridade.

  Abdução, indução, dedução; Interpretante  final; Objeto; Símbolo; Terceiridade.

Previsão:

ve r

  Abdução, indução, dedução; Categorias; Degenerescência; Ícone;  Imagem.

 Pri mei ri dade: 41. Ver   também

Proposição:

ve r

 Argumento.

 Argumento; Categorias; Dicissigno;

Q Qualidade:

ve r

  Primeiridade; Qualissigno, Secundidade.

43. Ver   também

  Imagem;   Legissigno,

Sinsigno; Tricotomia.

R Referente:

ve r

 Imagem; Obfeto, Objeto imediato.

Relação   existencial:

ve r

  Degenerescência; Índice;

Tricotomias. Relato:

ve r

Interpretante; Terceiridade.

 Abdução, indução, dedução;  Argumento; Ícone;   Dicissigno,   Tricotomia.

 Re ma : 44. Ver   também

Rememoração:

ve r

  Objeto dinâmico.

45. Ver   também

  Degenerescência;   Legissigno,

Qualissigno; Sinsigno.  Representã meni

Retrodução:

ve r

46. Ver   também

  Ícone; Imagem.

  Abdução, indução, dedução.

s   Categorias, Degenerescência; Índice; Primeiridade; Terceiridade, Tricotomia.

Secundidade: 47. Ver   também

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