JULIO PINTO - 1,2,3 da Semiótica
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JULIO PINTO - 1,2,3 da Semiótica...
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Semiótica
.Júlio Pint:o
Julio Pinto
d a Semiótica
Belo Horizonte Editora UFMG
1995
1, 2, 3 da
iót:ica
Copyright © 1995 by Julio Pinto porr qualquer Este livro, o u parte dele, nã o pode ser reproduzido po sem m autoriz autorização ação escrita escrita do Edi Editor tor.. meio se
Projeto gráfico e capa: Ready Made Multimídia e Comunicação Editoração de texto: Ana Maria de Moraes Formatação: Cés César ar de Almeida Correia Correia Editora UFMG Av. Antôni Antônioo Carlos, Carlos, 6627 6627 3127 31 2700-90 9011 Belo Horizonte Hori zonte/MG /MG Te!.:.: (031) 448-1438 / 448 Te! 448-13 -1354 54 Fax:: (03 Fax (031) 1) 443 443-68 -6803 03
DE MINAS GERAIS Reitor: Tomaz Aroldo da Mota Santos Vice-Reitor:Jacyntho José LinsBrandão UNIVERSIDADE FEDERAL
Conselho Edi Editor torial: ial: Ana Mar Maria ia de Moraes, Moraes, Ânge Ângelo lo Barbosa Barbosa M.Macha M. Machado, do, Beatriz Alvarenga Álvares, Geraldo Norberto Chaves Sgarbi, Heitor Capuzzo Pilho.joaquim CarlosSalgado, Manoel Otávio da Cos Costa ta Roc Rocha, ha, Paulo Pau lo Bernardo Vaz Vaz,, Sônia Queiroz (Pres (Presidente idente), ), Wander Melo Miranda.
Ficha Catalográfica
P 659
Pinto,Julio 1,2,3 da semiótica / Julio Pinto. - Belo Horizonte: Editora UFMG, UFMG, 199 1995. 5. 70 p. 1.
Semiótica. I. Titule. c.D.U.003
de e Planejamento e Divulgação da Biblioteca Elaborada .pela Divisão d Elaborada. Universitária.
ISBN: ISB N: 85-7041-098 85-7041-098-0 -0
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The universe is a perfusion ofsigns.
Man Js trutb
is neverabsolute because the basis of Fact is hypothesis. Charles S. Peirce
1, 2, 3 da SeRliót:ica
u NOTA INTRODUTÓRIA
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GUIA DE CONSULTA AOS VERBETES
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VERBETES Abdução, Indução, Dedução Argumento Categorias Degenerescência Dicissigno Erro Ícone Imagem Índice Interpretante Interpretante dinâmico Interpretante final Interpretante imediato Legissigno Lógica do vago Objeto Objeto dinâmico Objeto imediato Primeiridade Qualissigno " Rema Réplica Representâmen ." Secundidade Semiose Signo
13 13 16 17 19 21 22 24 26 28 29 30 31 32 33 34
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39 40 41 43
44 :
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:
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Símbolo
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Sinsigno Terceiridade Tricotomia
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SUGESTÕES DE LEITURA
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ÍNDICE REMISSNO DE ASSUNTOS
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1, 2, 3 da
NO I
I NT O D U T Ó
Este livro surgiu de uma lacuna. No decorrer de meu trabalho c om Semiótica, vi-me, não raro, às voltas com certas demandas de alunos, colegas e associados de pesquisa, concernentes a explicações sobre a terminologia própria da área que, ao mesmo tempo, propiciassem um esboço geral da teoria. Procurei, assim, elaborar um texto que pudesse dar acesso rápido aos termos específicos de Semiótica sem, com isso, trivializar conceitos ou pecar por esquematização. É importante frisar que não se trata de um dicionário, apesar de estar organizado em verbetes, e nem de um tratado geral, embora às vezes procure esmiuçar um ou outro conceito central de maneira um pouco mais profunda. Procurei fazer com que os verbetes fossem suficientemente explicativos, ma s não a ponto de dar ao leitor a ilusão de que poderia dispensar os textos de Semiótica a que eles se referem, Trata-se de um livro _de consulta rápida, algo que se te m ao lado no momento da leitura de outros trabalhos que utilizem esses conceitos, algo a que se pode recorrer para esclarecimento. Este é, portanto, um operador de leitura. Dado esse propósito um tanto propedêutico, escolhi privilegiar os conceitos que julgo importantes para a compreensão dos princípios gerais da Semiótica, em detrimento de certos detalhes e refinamentos teóricos que interessam mais aos especialistas ja seduzidos pelos tortuosos caminhos da semiose. O enfoque central e quase exclusivo deste texto é a semiótica de Charles Sanders Peirce (1839-1914) pensador americano cujas contribuições de longo alcance aos estudos de Lógica (tanto da Lógica Simbólica, de que foi um dos iniciadores, quanto da Lógica Informal) ainda estão por ser devidamente avaliadas. A sua semiótica (semeiótica, como ele preferia, respeitando as raízes gregas do termo) é, na
.Júlio Pinto
verdade, um a teoria do s signos e da representação que efetua um a extensão da Lógica para os limites da cognição e da experiência do s fenômenos. É, por isso, também uma teoria d o conhecimento, além de propor novos insights sobre questões referentes à significação e à produção de sentido.
A semiótica de Peirce é uma resposta ao repto lançado po r Locke no seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, a saber, que uma lógica da significação, a se chamar Semiótica, deveria ser elaborada. Não se trata, portanto, de um a teoria de extração lingüística associada ao pensamento serniológico, na tradição de Saussure, embora tenha com ele muitos pontos de contacto. Caracteriza-se, principalmente, por nã o se r logocêntrica: não aplica os códigos verbais aos demais domínios da significação. Ao contrário, Peirce vê os signos verbais corno um subconjunto das manifestações sígnicas. Isso tornou possível - como hoje já se faz - o estudo da zoosserniose e da fítossemiose, em bases diferentes da lingüística. O pensamento semiótico de Peirce se faz sobre uma lógica ternária - urna outra diferença da tradição francesa, assentada no bínarísmo da relação entre um significante e um significado - que chegou a seduzir pensadores corno Derrida e Lacan. A partir da s noções de primeiridade, secundidade e terceiridade (as três categorias d a experiência para ele) Peirce demonstra o caráter triádico da relação de representação e propõe a noção de semiose: a geração de signos por outros signos. Daí o título 1, 2, 3 da Semiótica. Uma outra razão justifica este livro. A obra de Peirce publicada nos Estados Unidos soma cerca de doze mil páginas impressas, e seus manuscritos conhecidos chegam a aproximadamente oitenta mil páginas. Sua obra completa, portanto, teria cerca de cem volumes de quinhentas páginas cada. Existem no Brasil apenas duas traduções de excertos dos excertos publicados em inglês. O 1, 2, 3 da Semiôtica seria, assim, um esforço somado ao de dois ou três outros semioticistas brasileiros, no sentido de divulgar um a obra cujo. alcance ainda nã o chegou a ser vislumbrado e cuja importância para os estudos de comunicação, literatura, lingüística, psicanálise, artes e ciências sociais se faz sentir mais e mais.
Julio Pinto
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CONSULTA Em cada verbete, os assuntos correlatos estão indicados em caracteres itálicos seguidos de (v.). Este código indica que há um verbete também para aquele assunto. Quando há referência bibliográfica, esta é feita no texto através do nome do autor enl caixa alta, seguida do ano de publicação do volume e número da(s) página(s). A citação, através da data de publicação, facilita a localização da referência completa ao fím do livro, que está listada por autor e ano de publicação. As duas exceções a essa nornla referem-se a duas publicações da obra de Peirce, nos Estados Unidos. Os Collected Papers, em oito volumes, estão organizados em parágrafos numerados. De acordo com a maneira tradicional de citação dos estudos peirceanos, usam-se as letras CP, seguidas do núrnero do volume e o número do parágrafo. Assim, CP 2.228 refere-se ao parágrafo 228 do volume 2, do s Collected Papers. Ainda de acordo com a prática dos estudiosos da obra de Peirce, a edição cronológica d e s e u s escritos (programa em andamento no Peirce Edition Project, em Indiana) está citada corno Writings, seguida do número do volume em algarismos romanos e o número dats) página(s) em algarismos arábicos.
Há também, no fim do volume, um índice remissivo de assuntos. O código adotado para o índice é o seguinte: • s e o assunto tem um verbete próprio, ao título do verbete segue-se o número da página onde encontrá-lo, seguido da indicação de outros verbetes, separados por ponto e vírgula, onde também se discute ou se menciona o assunto. Essa indicação é precedida pela expressão ver também; • se o assunto não tem um verbete próprio, ma s tem
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importância suficiente para justificar su a presença no índice, apenas o verbete onde encontrá-lo. Se há dois ou mais verbetes, estes vêm separados por ponto e vírgula. No corpo do texto, ao lado de cada verbete, há um campo em que se listam esses assuntos de acordo com a remessa feita no índice.
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V
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B
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ABDUCÃO, INDUCÃO,
Embora não amplamente reconhecido nos meios científicos, o conceito de alxtução - em contraste com a indução e a - tem importante papel na lógica, tal corno Peirce a propõe. Nos escritos de Peirce, esse tipo de inferência é alternativamente chamado de retrodução, hipótese, inferência hipotética e abdução, e seu papel é vital no sentido de que a da descoberta. inferência hipotética é a responsável pela Muitas vezes considerada pelos estudiosos de lógica como um tipo de indução, a abdução recebe de Peirce un1 tratamento especial e é considerada à parte por se tratar do mecanismo pelo qual hipóteses são formuladas e teorias são criadas. Poder-se-ia dizer que a inferência hipotética é "um argumento que supõe que um termo que necessariamente envolve Un1 certo número de caracteres... pode ser predicado de qualquer objeto que possua aqueles caracteres" (Writings, 1I:48), ou ainda, "urna afirmação 1:267). A categórica de algo ainda não experimentado" inferência hipotética nos capacita a formular urna previsão geral sem que tenhamos a garantia de um resultado correto. Un1 dos exemplos mais famosos que Peirce dá dos três tipos de inferência, o da saca de feijões (encontrado em CP 2.623) toma bastante clara a distinção entre a abdução e os outros dois tipos de inferência: Dedução
Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses feijões são daquela saca. Logo, esses feijões são brancos.
HIPÓTESE INFERÊNCIA HIPOTÉTIC A LÓGICA DA DESCOBERTA
ERRO PREVISÃO
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ABDUCÃO, INDUCÃO,
Embora não amplamente reconhecido nos meios científicos, o conceito de alxtução - em contraste com a indução e a - tem importante papel na lógica, tal corno Peirce a propõe. Nos escritos de Peirce, esse tipo de inferência é alternativamente chamado de retrodução, hipótese, inferência hipotética e abdução, e seu papel é vital no sentido de que a da descoberta. inferência hipotética é a responsável pela Muitas vezes considerada pelos estudiosos de lógica como um tipo de indução, a abdução recebe de Peirce unl tratamento especial e é considerada à parte por se tratar do mecanismo pelo qual hipóteses são formuladas e teorias são criadas. Poder-se-ia dizer que a inferência hipotética é "um argumento que supõe que um termo que necessariamente envolve um certo número de caracteres... pode ser predicado de qualquer objeto que possua aqueles caracteres" (Writings, 1I:48), ou ainda, "urna afirmação categórica de algo ainda não experimentado" 1:267). A inferência hipotética nos capacita a formular urna previsão geral sem que tenhamos a garantia de um resultado correto. Um dos exemplos mais famosos que Peirce dá dos três tipos de inferência, o da saca de feijões (encontrado em CP 2.623) toma bastante clara a distinção entre a abdução e os outros dois tipos de inferência: Dedução
Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses feijões são daquela saca. Logo, esses feijões são brancos.
INFERÊNCIA HIPOTÉTIC A LÓGICA DA DESCOBERTA
ERRO PREVISÃO
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In du çã o Esses feijões são daquela saca. Esses feijões sã o brancos. Logo, todos os feijões daquela saca são brancos. Ab du çã o Todos os feijões daquela saca sã o brancos.
Esses feijões são brancos. Logo, esses feijões são daquela saca. Vê-se, logo de início, que a abdução compartilha co m a dedução o fato de ter a regra geral como premissa inicial (todos os feijões, etc.). Entretanto, corn o a indução ela arrisca um palpite que pode da r errado. Olhada dessa maneira, a abdução está, portanto, entre a indução e a dedução. Contudo, ela difere das duas t.amb m pela ma ior possibilidade de erro implícita na hipótese que ela lança, porque é fácil perceber como tanto a indução quanto a dedução estão baseadas na experiência. é
Portanto, a lógica nã o pode se basear apenas nesses dois tipos de inferência, porque a experiência humana sugere urna maneira de se derivar ou manipular informações que nã o é tão bem definida, corno a indução ou a dedução, mas que, ainda assim, é responsável pela descoberta do nã o conhecido . O caráter de previsão da abdução é, por isso, mais marcante. Há nela urna certa audácia que as outras inferências não apresentam (cf. SEBEOK,1983). Dos tipos possíveis de inferência, portanto, a abdução constitui o único que se projeta para o futuro, já que tanto a dedução quanto a indução d izern do passado, do já conhecido, na medida em que se referem à experiência. Corno palpites, os processos abdutivos podem levar a erros (v. erro), mas a falibilidade de urna hipótese nã o quer dizer qu e a abdução seja u m processo de ensaio e erro. Fundanlentalnlente, o qu e acontece é que urna hipótese é formulada com base na experiência, através da escolha de um interpretante (v.) logicamente possível para os signos (v.) que se oferecem à observação. A inferência abdutiva é, portanto, um palpite razoavelmente be m fundamentado acerca de uma semiose (v.) qualquer e que deve ser posteriormente testado por
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dedução, a fim de que se chegue a um a inferência indutiva sobre o universo representado por aquela serniose (PINTO, 1989:106). Enquanto previsão, a inferência hipotética se insere na tercei ridade (v.) mas, corno é um at o de insight que "se nos apresenta corno um flash de luz" (CP 5.181), é um terceiro com teor de primeiro, principalmente, também, em virtude de seu caráter essencialmente remático (v. remai. Assim, a abdução apresenta-se no esquema triádico da experiência no nível de primeiridade (v.) em relação aos dois outros tipos de inferência, ainda que os três processos, por envolverem atividade sígnica, sejam da ordem do terceiro.
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PROPOSIÇÃO SUADISSIGNO
FCNÇÃO PROPOSICIONAL
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Terceiro termo da terceira tricotomia (v.) dos signos, a que apresenta o signo e m sua relação con1 o interpretante o argumento é definido por Peirce como um signo que é representado em seu interpretante, não como signo do interpretante, mas como se fosse um signo d o interpretante. Dizendo isso de outra forma, o argumento seria uma proposição complexa apresentada corno verdadeira, com base ern urna outra proposição (ou um conjunto de proposições apresentadas numa única proposição composta). Se o rema (v.) é urna função proposicional, do tipo x am a y, e o dicissigno (v.) un1a proposição como Maria am a João, o argumento seria uma proposição como Maria ama [oão porque faz tudo por ele, po r exemplo. Pode-se também definir o argumento corno um signo complexo, composto de dois ou mais dicissignos, um dos quais é interpretante does) outrots) (cf, RANSDELL,1983a:59). Dado seu parentesco com a noção de silogismo, sua evidente função argumen tativa e possibilidades retóricas, o argumento é também chamado suadissigno (a partir de persuadir e dissuadir).
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que está na base de todo o edifício teórico da semiótica de Peirce parte da concepção de que a experiência do fenômeno apresenta três, e apenas três, tipos de propriedades correspondentes a categorias, que recebem o nome de primeiridade (v.), secundidade (v.) e terceiridade Cv.), Entenda-se corno fenômeno qualquer coisa que se torne manifesta ou disponível para unl observador. Pode ser um objeto no mundo "real", ou uma percepção, um sentimento, uma sensação, urna abstração, enfim, qualquer coisa passível, ainda que minimamente, de conhecimento ou descrição. O signo (v.) - e qualquer fenômeno pode ser um signo - não é, assim, necessariamente atribuível a uma dada realidade. En1 inglês, essas categorias receberam o nome de firstness, secondness e tbirdness e, dada a liberalidade com que se usa o sufixo -ness em língua inglesa, talvez sua melhor tradução em português devesse usar urn sufixo igualmente corrente, o -eza, para que urn registro semelhante pudesse ser mantido. Além do mais, os termos primeireza, segundeza e terceireza evitar iam as conotações indesejáveis que surgem com o sufixo -idade (tais corno laivos de hierarquia, idade, gradação, etc.) e mantêm a noção de qualidade que é o que está implícito em -ness. Todavia, a prática generalizada no Brasil tem sido o uso do sufixo -idade e, apenas por essa razão, manteremos aqui esse sufixo. A triadicidade
RA77 0N IS EN SR EA LE
LÓGICA
VAGO
SECLNDIDADE TERCEI
DE
PROPOSIÇÃO
É importante ressaltar que, apesar de o termo categorias poder conduzir o leitor a um tipo de raciocínio taxonôrnico ou, no mínimo, hierarquizado, esse não é o que se quer dizer. Na verdade, não há qualquer relação de hierarquia ou prioridades entre a pr irne ir idade , a secundidade e a terceiridade. As três estão simultaneamente presentes em qualquer fenômeno, e qualquer
delas pode estar mais manifesta (ou ser selecionada pelo observador) a qualquer n10n1ento, dependendo do que se busca ao se pensar, estudar, examinar, sentir, sonhar, imaginar ou perceber o fenômeno. Afirmar que as categorias constituem o fundamento 17
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semiótica é o mesmo que dizer que elas foram o primeiro passo para Peirce. Depois de desenvolvidas, elas propíclaram a derivação das formas lógicas (os tipos de signos) através de sua aplicação recursiva. A noção de categoria foi desenvolvida conl o finl de se conseguir unIa b as e p ar a um método capaz de buscar quaisquer "concepções elementares intermediárias entre a pluralidade da substância e a unidade do ser" (Writings, II:5l). Em termos lógicos, a substância é o sujeito de urna proposição, e o ser é a cópula. O que está entre a proposição e a cópula é o predicado, isto é, um signo da substância. Em outras palavras, e olhada dessa forma, a semiótica seria uma teoria dos predicados. Dessa maneira, pode-se dizer que qualquer entidade (essa palavra é aqui usada enl seu sentido mais antigo, que compreende tanto o ens reale quanto o ens rationis) apresenta propriedades passíveis de descrição por meio de predicados monádicos (prirneiridade), diádicos (secundidade) e triádicos (terceiridade). A (Injdeterminabilidade do signo está, assim, diretamcnte ligada ao se u modo de descrição, isto é, do mais extenso (mónadas) ao mais intenso (tríadas) (v. também erro, lógica do vago e signo).
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Peirce discute esse aspecto da relação sígnica a partir d o conceito
de genuinidade dentro
DIAGRAMA
da tríade
representacional. Para ele (ver, p o r exemplo, PEIRCE, 1977: 63 et seq.) a relação triádica é genuína se ela n ã o consiste e m nenhum complexo de relações diádicas. Isso quer dizer q u e u m primeiro ( u m signo, v.) deve estar numa relação tal c o m u um m segundo (seu objeto, v.) q u e é capaz de determinar u m terceiro ( u m interpretante, v.) q u e assuma a mesma relação triádica con1 s e u objeto, de modo a determinar u m segundo terceiro, e assim p o r diante. En1 outras palavras, u m interpretante não deve se mas si sim m ter colocar numa relação binária c o m o objeto, mas c o m o objeto a mesma relação q quu e o signo tem. Isso significa q u e u m terceiro só poderia gerar u m outro terceiro, na medida em q u e a relação sígnica é u m a terceiridade (v.). Essa situação faz c o m q u e os signos genuínos sejam apenas os legissignos (v.), simbolos (v.) e argumentos (v.) (v.). ). As que são os genuinamente terceiros nas tricotomias (v. ícones es,, ín índi dice ces, s, qualissig qualissignos, nos, demais funções lógicas ( os ícon sinsignos, remas e dicissignos, lv.D constituem versões tricotomia, de degeneradas d o s terceiros dentro d e cada tricotomia, v e z q u e s e r i a r n terceiridades q u e p r iv i l e g i a r ia m a pr im imei ei ri da dade de (v.), no caso d o s ícones, qualissignos e remas, ou a secundidade (v.) (v.),, no caso d o s sinsignos, índices e dicissignos. O privilégio da primeiridade e da secundidade nesses casos é un un11 resultado resultado necessário necessário da aplicação recursiva do conceito d dee categoria (v.) à noção de signo, evidenciada serr qualificado de primeiro, o inclusive no fato de o signo se objeto d e segundo e o interpretante d e terceiro. Esse raciocínio leva à conclusão de q u e n ã o há, p o r exemplo, ícones puros (já q u e a primeíridade é apenas virtual e potencial) o u índices puros (porque a secundidade constitui um umaa singularidade e singulares n ã o significam, a menos q u e sejam réplicas lv.l de urna abstração reguladora de caráter geral, o u seja, d e u m terceiro). Note-se, a propósito, q u e o termo degenerado n ã o carrega u m conteúdo negativo , ma mas refere-s refere-see apenas à noção d e caso
GENCINIDADE :
HIPOÍCONE HIPOSSEMA
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ÍCONE ...
IMAGEM METÁFORA
TERCEIRIDADE
especial. 19
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Dessa maneira, quando se diz q u e "nuvens baixas e escuras s ã o índice d e chuva", recorre-se a u m a simplificação, de v ez q u e s ó se chegou a esse "índice" (a rigor, u m símbolo indicial ou um argumento lv.D após a constatação repetida, e portanto, generalizada, d e várias instâncias d e chuva naquela situação. P or iss isso, o, na verdade e ern sentido estrito, os termos ícone, índice, etc., s ã o recursos telegráficos usados n o lugar de signos icônicos ou signos indiciais, p o r exemplo, e m se tratando, b e m entendido, de sinsignos, isto é, manifestações perceptíveis de signos.
A recursividade d o pensamento categórico aplicado à relação sígnica leva Peirce a postular, dentro da primeiridade, a noção de hipoícones (Primeiro d o Primeiro, Segundo d o Primeiro e Terceiro d o Primeiro). Assim Assim,, as imagens s ão a Primeira Prirneiridade, porque "participam das qual qualidad idades es simples" d o s objetos (C (CP 2.2 2.277) 77).. A Segunda Primeiridade representa as relações binárias de partes d e objetos, através de relações análogas entre suas partes: é o caso d e mapas e diagramas. A Terceira Primeiridade, q ue estaria mais próxima da noção de representação, representa o caráter representativo de u m signo através de analogia c o m o objeto e seria o campo da metáfora. Analogamente, pode-se falar e m hipossemas ou sub índices (CP 2.284). Trata-se de signos q u e se tornam índices e m virtude de uma conexão real o u existencial c o m o objeto. É o caso de nomes próprios, próprios, demonstra demonstrativos, tivos, pronomes relativos. Dado n ã o serem singularidades, n ã o s ã o índices genuínos, ma s funcionam corno se o fossem. Estritamente falando, sã o símbolos indiciais.
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DICISSIGNO
Segundo elemento da terceira tricotomia (v.) do doss signos (rema, dicissigno, argumento), aquela q que ue vê o signo suaa capacidade d e produzir interpretantes e em sua em su (ou u signo relação co com m e s s e s interpretantes, o dicissigno (o dicente) pode ser definido conlO aquele signo qu quee é capaz Ele é, portanto, aquilo qu e se entende de se serr afirmado. Ele elee contém elementos significati significativos vos como proposição, isto é, el quee indicam suficientemente su qu suaa referência, ao contrário umaa função proposicional, do do rema (v.). Se o rema é um as incógn incógnitas itas (Maria tipo x a m a y, o dicissigno preenche as RANS NSDE DELL LL,, am a João), tornando-se mais referencial (cf. RA 1983a:59-6ü) 1983a: 59-6ü).. (V (Ver er também argumento).
DICENTE PROPOSICIONA
PROPOSIÇÃO
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TELEOLOGIA
VERDADE
HIPÓTESE INDETERMINAÇÃO
Partindo da definição de signo (v.), conclui-se que a semiose (v.), por ser urna cadeia infinita, que tem como mola propulsora o fato de ser um processo teleológico, tende para um estádio em que o signo s e tornaria seu objeto (v.). Isso seria o que poderíamos chamar d e verdade semiótica, isto é, aquele momento em que o signo, o objeto e o interpretante (v.) se confundiriam, Logicamente, dada a natureza infinita d o processo de semiose, tal estádio é apenas urna possibilidade teórica, de vez que entre um signo qualquer, n, e unl signo anterior a esse, sempre se pode postular a existência de um signo n-L. Para todos os efeitos, portanto, essa verdade nunca é alcançada. Chega-se a essa conclusão por via da noção de que um signo representa seu objeto e m algum aspecto ou capacidade, o que quer dizer que o signo revela algum aspecto do objeto em seu interpretante. Dizendo isso de outra maneira, o interpretante se refere do mesmo modo que o signo àquilo ao qual o signo se refere. Essa formulação aparentemente exclui a possibilidade de erro, de vez que o interpretante não pode mudar sua referência. Em outras palavras, não pode haver interpretante errado (em inglês, misinterpretani). Entretanto, pode haver erro de interpretação por parte do intérprete (em inglês, misinterpretation). A existência de erro de interpretação pode ser examinada de três modos: a) qualquer signo é necessariamente índetermínado e vago até certo ponto (v. Lógica do vago); b) essa indeterminação pode conduzir a erro relativo ao interpretantefinal Cv), mas não ao interpretante imediato (v.);
c) quando se fala enl tendência, não se está pensando enl tendências rígidas (do tipo se A, então B). Tender para algo significa, semio.icamente, tender na direção geral desse algo (corno um zigue-zague, e não urna linha reta, por assim dizer). Essa tendência real é o que se entende por teleologia em semiótica, isto é, a semíose seria um processo télico nesse sentido da completude da representação.
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A relação entre erro e acerto fica mais clara no seguinte trecho de Peirce:
o seguinte tipo de argumento produziria, no final (a partir de premissas verdadeiras), uma conclusão verdadeira dois terços das vezes: A é tirado aleatoriamente dos B; 2/3 dos B são C; Logo, A é (Wrítings,
II:
99)
Dar uma margem de 1/3 de erros não invalida o fato de que, a longo prazo, os interpretantes inadequados sã o correlativos ao objeto, isto é, o erro é correlativo ao acerto. A expressão a longo prazo significa qu e o erro só pode ser identificado em termos do interpretante final, e não do interpretante imediato,
Na leitura de uma narrativa de ficção, por exemplo, o leitor estabelece uma hipótese acerca da natureza de um personagem baseado em algo que o personagem tenha feito (v. abdução). A ação do personagem é um signo e a hipótese do leitor é um interpretante dinâmico desse signo. Quando a hipótese é formulada, deve ter havido um a forte evidência conduciva a ela, isto é, ela é uma hipótese correta nesse momento. Entretanto, ao final da leitura, o leitor pode verificar que essa hipótese não se encaixa no quadro geral das possibilidades para aquele personagem. Somente agora pode-se identificar o erro, embora, e m u m certo sentido, esse erro tenha contribuído para o "acerto" final. Percebe-se que essa visão do erro nã o é diádica, pois ele nã o se situa, à maneira estruturalista, na extremidade oposta ao acerto. Ao contrário, o erro é correlativo ao acerto. De uma certa maneira, portanto, o erro é um interpretante do acerto e vice-versa, dentro de uma semiose acerca de outra serniose ou , em termos mais correntes, dentro de um a meta-semíose.
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REPRESENTÂMEN IMAGEM SEMELHANÇA CONVENÇÃO
Primeiro termo da segunda tricotomia (v.) dos signos (v.), o ícone é caracterizado por Peirce, em um a de suas muitas definições, por se u objeto (v.) por compartilhar da s características dele. Confira as seguintes definições:
SÍMBOLO Um ícone é um signo que se refere ao objeto qu e ele denota simplesmente em virtude de caracteres dele [o signo] mesmo, e qu e ele possui independentemente da existência
do objeto ou não. (CP 2.247) Um ícone é um Representâmen cuja Qualidade Representativa é uma primeiridade dele enquanto Primeiro. Isto é, uma qualidade qu e ele tem qua coisa torna-o capaz de se r um representâmen. Assim, qualquer coisa pode substituir algo com qu e se pareça. (CP 2.276)
Percebe-se que o princípio básico é o de um a relação analógica que não envolva uma comparação de dois termos, tanto que, inicialmente, o nome dado por Peirce a essa função sígnica foi o de likeness Csemelhança'). Na verdade, con1partilhar das características do objeto significa te r con1 el e algun1a sin1ilaridade, de vez que o signo não pode estabelecer uma relação diádica com o objeto, sob pena de desfocar sua primeiridade te, tornar menos perceptível sua identidade corno ícone. Essa semelhança com o objeto, contudo, não é necessariamente especular, corno numa fotografia, embora possa sê-lo. É suficiente que o signo con1partilhe de un1a única propriedade n10nádica con1 o objeto, un1 que possa se r visto pelo sujeito como ícone daquele objeto. De qualquer maneira, relação de analogia, qualquer que seja ela, fazendo de qualquer imagem, (visual, auditiva, olfativa, etc.) um ícone em potencial que depende, para su., atualização, da interferência do sujeito. Con10 diz Peirce, no CP 2.276, urn signo por Primeiridade é um a imagem de seu objeto e uma imagem só pode ser um a idéia. A função sígnica do ícone assim,
a de exibir en1 si traços
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seu
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Por isso, uma de suas Importantes características é a de que, através da observação direta dos ícones, podem ser descobertas outras verdades acerca de seu objeto, além dos traços que bastaram para a sua identificação, isto é, o é responsável pela revelação de inierpretantes (v.) inesperados (cf. CP 2.279). Vale dizer que, assim o rema (v.), o ícone é aquele signo do qual se deriva a informação, ao contrário do dicissigno (v.), aquela função sígnica que veicula a informação. Os processos icônicos se fundamentam na forma, seja ela concreta (o mapa de unl território, po r exemplo) ou abstrata (duas idéias diferentes, porém análogas, podem perfeitamente ser vistas corno icônicas uma da outra). É possível, também, dizer-se de uma análise estrutural - e a referência aqui é ao movimento intelectual conhecido como Estruturalismo - queela na nledida em que busca ísomorfismos definidores de certos elernentos conlO pertencentes a unla
Os formalismos, de maneira geral, também seriam processos icônicos, e é por isso qu e Peirce pensa a Matemática como urna disciplina que tende para a primeiridade por, em última análise, basear-se na noção de semelhança. A Álgebra, por exemplo, se ocupa de relações isomórficas entre quantidades definidas abstratarnente através de incógnitas (que, em si mesmas, não são ícones porque constituem estipulações feitas a priori). O nlesnlo pode ser dito do discurso poético, na medida em que ele tende para a imagem. Naturalmente, dado ofato de o ícone ser signo e, portanto, estar inscrito ab initio na terceiridade (v.), definida nlediante sua da tricotomia, o índice a rigor, não existe ícone seria falar de signo icônico, de vez que, preso à terceiridade, o ícone sofre o controle do simbólico. Assim, mesmo a nossa percepção sensorial os interpretantes que produzimos a partir dela estão "contaminados" com as implicações convencionais, habituais, ideológicas e regularizadoras, presentes no signo (v. degenerescência). Isso não quer dizer, contudo, que não se possa caracterizar um determinado discurso, o poético, por exemplo, corno tendente para o icônico, na medida em que em vez da intensão lógica do vago). busca
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FUNDAMENTO REPRESENTÂMEN SIMUACRO
A idéia de imagem está ligada ao conceito de ícone (v.). Peirce diz, no CP 2.276, que um ícone é um representâmen (v.) "cuja qualidade representativa é um a sua Primeiridade (v.) corno primeiro". E mais, "um signo por primeiridade é uma imagem de seu objeto" e "só pode ser uma idéia, pois deve produzir uma idéia interpretante (v.)", Num parágrafo subseqüente (2.280), ele fala de mimetismo conlO sendo urna das propriedades do ícone. A imagem, concluir-se-ia então, tem um caráter inegável de semelhança. Baseia-.se nessa constatação - feita a partir de outras um a bases teóricas, mas essencialmente a mesma idéia certa maneira ingênua de se pensar a mímese, a representação de um a "realidade". Em outras palavras, uma imagem mimetiza seu objeto e o propõe através de si mesma, Esse seria um simples processo referencial, isto é, o signo apontando para um referente, que consiste na apresentação de algo como s e fosse aquilo que é. Na relação imagem/objcto, portanto, privilegia-se a identificação da qualidade material do ícone com a do objeto. Nesse tipo de relação, o (seu objeto é o referente constante. Assim, o tratamento tradicional da imagem (e pensa-se aqui não apenas a imagem visual, mas também a poética, a acústica e outras) baseia-se na tentativa de se alcançar o algo que é, através da estratégia de chamar o c o m o s e (i.e., o signo) de é (i.e., objeto) desprezando, em certo sentido, o veículo, o como se, a fim de se concentrar na busca daquilo que se supõe que o c o m o s e representa. Esse seria o fundamento da postura estética conhecida corno realismo (cf. PINTO, 1992:10;1993:138-139). Há, entretanto, uma outra maneira de se pensar o signo imagético qu e pode levar a urna concepção menos trivial de mímese. Um signo representa, mas é, também ele, um objeto (essa é uma implicação direta do processo da semiose lv.l). Dito de outra maneira, um signo é uma entidade, um isso e, portanto, um a id-entidade. Ao se mostrar, o signo tanto pode exibir seu objeto (e, assim, ser ícone) ou exibir-se a si mesmo, obscurecendo seu objeto (mostrando-se, nesse caso, corno unl qualissigno lv.D.
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Ao exibir seu caráter de primeira, de signo (todo signo é um primeiro dentro da relação de representação), a imagem como que se absolutiza. Ao eclipsar o objeto, a imagem emerge como unl como se, quer dizer, ela a parece como se fosse um como se, não-como se fosse um algo qu e é. O ser da coisa desaparece, substituído pela imagem, o artifício se torna o objeto, e a ordem de coisas a que se costuma chamar de realidade perde seus contornos para se tornar, ela mesma, signo (cf.PINT0,1993:14ü-141). Estabelece-se, dessa maneira, o estatuto do simulacro: realiza-se a representação, em vez de representar-se a realidade. Isso faz com que a representação seja urna profusão de signos dissociados de seus objetos "reais", num tipo de relação representacional que não se ancora em arranjos simbólicos, para além daqueles produzidos por e para suas próprias necessidades internas.
Nã o se pode, portanto, pensar a imagem somente como representação do objeto (de resto, não se pode fazer isso com signo algum). Considerar a imagem desse único ponto de vista é sucumbir a uma forma sutil de estruturalismo binário, a do signum/signatum. Pensar a imagem ímagis ticamente, contudo, é vê-la não apenas corno um primeiro do terceiro, ma s também corno um primeiro do primeiro, e percebê-la como a qualidade (Dmaterial da relação repre sentacional, que faz com que o objeto seja (des)conhecido.
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íNDlCf
FORÇA
EXISTENCIAL
PROPOSIÇÃO
Segundo termo da segunda tricotomia (v.) dos signos (v.), o índice se define, em contraposição ao ícone (v.), como aquela função sígnica que, em ve z de exibir em si traços do objeto (característica do ícone) aponta para fora de si na direção do objeto (v.): Um índice é um signo que se refere ao Objeto que ele 'denota em virtude de se r realmente afetado por aquele objeto ... Na medida e m qu e o índice é afetado pelo Objeto, ele necessariamente te m alguma Qualidade em comum co m o Objeto e é co m respeito a essa qualidade que ele se refere ao objeto. (Cp 2.248)
Ser afetado por um objeto seria o que Peirce chama de estar numa relação de força bruta. O primordial no índice não é, portanto, a analogia. Para ser índice, na verdade, basta que o signo esteja numa relação diádica de dois termos - com seu objeto (quer dizer, uma relação existencial) independentemente da natureza dessa relação (que pode ser de contraste, ação e reação, causa e efeito, contigüidade, etc.). Em outras palavras, o índice é a instância da secundidade (v.) dentro da tricotornía que também é segunda (a dos signos definidos de acordo com sua relação com o objeto, sern qualquer preocupação c om o interpretante que virá a ser gerado nessa mesma relação).
Dessa forma, qualquer proposição do tipo "Se A, então B" é indiciaI. O s chama d o s "signos naturais" são freqüentemente arrolados como exemplos d e índices: nuvem (signo de chuva), pegadas (signo da passagem de alguém), o barulho de um tiro de revólver (como signo do tiro) e assim por diante. A semiologia médica é indiciaI, na medida em que lida c om sintomas. Na linguagem, os demonstrativos, os pronomes pessoais, os nomes próprios, os advérbios de tempo e lugar são também considerados índices, mesmo sendo obviamente convencionais, de vez que, no contexto da linguagem, eles diferem das onomatopéias (signos verbais icônicos) e dos substantivos comuns (sínlb%s, lv.l).
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INTERPRETANTE
Na estrutura indissoluvelmente triádica do signo (v.), o interpretante é aquele termo que se produz da relação do signo com seu objeto (v.). A palavra interpretante nã o deve ser confundida co m intérprete, ne m com interpretação (isto é, o processo de interpretar). Entende-se o interpretante corno um conteúdo objetivo que se depreende da referência que o signo faz a seu objeto e somente nesse sentido pode ser visto corno um a interpretação (assim como na pergunta: "Qual é a sua interpretação desses fatos?"). Ou, alternativa e complementarmente, pode-se ver o interpretante conlo algo qu e se aduz do signo, urna espécie de conclusão lato senst de um raciocínio silogístico em qu e o signo e o objeto seriam premissas. Em um certo sentido, portanto, a relação de representação é dialética.
SLJEITO (INTÉRPRETE)
SEMIOSE CORRELATO/RELATO
VERDADE
Dentro da relação de representação, o interpretante é o terceiro termo, a terceiridadetv), em comparação conl o objeto - o correlato a que o signo se refere, quer dizer, um a secundidade (v.) - e o próprio signo enl si, um a abstração pura, um a primeiridade (v.). O interpretante é um terceiro porque, corno diz o próprio Peirce, "a ocasião de referência a unl correlato é obviamente por comparação" ou, enl outras palavras, o interpretante é "urna relação mediadora que representa o relato [o signo] corno representação de um correlato [o objeto] COnlO qual essa representação mediadora também está em relação" (Writing 11:53). o interpretante é o responsável pela dinâmica da significação, na medida em que ele a enlpurra para a frente, ad futu ru m, já que o relato por ele representado pode também ser considerado seu correlato, fato que faz dele um signo que produz um interpretante, e assim po r diante. Essa característica, a de ser mola mestra do processo da semiose (v.), investe o interpretante com o traço distintivo da semiótica de Peirce, tornando-a radicalmente diferente das teorias puramen te referenciais, assentadas na distinção apenas entre signum e signatum, isto é, voltadas unicamente para a retrospecção sobre a experiência. A noção de interpretante torna possível a prospecção, a especulação e, ao mesmo tempo, toma impossível qualquer fechamento em torno de verdades unas e definitivas. Corno terceiro,
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SEMIOSE
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o interpretante
dinâmico é aquele escolhido pelo intérprete dentre as possibilidades interpretativas que o signo oferece e m u m determinado momento da semiose (v.). O interpretante dinâmico é, assim, o responsável pelo andamento da serníose (é dinâmico por se r o portador da dunamos do sentido) e, ao contrário do objeto dinâmico (v.), ele é o qu e realmente acontece, é o fator atual naquela serniose. A escolha desse interpretante determina todo o curso futuro da cadeia semíósíca, mesmo que, a longo prazo, essa escolha se revele C0010 U01 erro (v. erro, interpretante imediato, interpretante final).
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fiNAL
Das caracterizações de (v.) depreende-se que, logicamente falando, qualquer signo está infinitamente distante de se u objeto originário (o objeto dinâmico, lv.D e também de seu último interpretante (v.). Entre o objeto, mesmo o imediato (v.) e qualquer de seus signos existe sempre um signo n-I do qual o signo n é um interpretante. Não faz sentido, portanto, entender-se o interpretante final como o último de uma cadeia serniósica. O interpretante final seria, então, urna antecipação do curso futuro da se míose, um a previsão de corno seria o interpretante imediato (v.) nu m futuro er n qu e o signo cessasse de produzir interpretantes.
CAUSA FINAL PREVISÃO SEMIOSE
TELEOLOGIA
Ele seria, assim, um a antecipação (feita n o momento da interpretação) de qual seria a gama completa de possibilidades interpretativas de um dado signo. En1 outras palavras, haveria un1a hipotética coincidência entre o interpretante imediato e o final. E ss a antecipação de um estádio futuro da interpretabilidade de um signo é que determina, em última análise, a escolha de um interpretante dinâmico (v.) no momento da investigação. Esse, por sinal, é um do s aspectos da noção de causalidade final, inscrita no processo teleológico da serniose, de ve z que é urna causa futura a que vai determinar, até certo ponto, a escolha de um interpretante num instante presente. Un1 juiz, por exemplo, ao julgar urna questão obscura, em que o texto legal é ambíguo (e textos legais sã o sempre ambíguos), certamente terá corno motivação colateral (s e nã o central) a tentativa de firmar uma jurisprudência acerca daquele assunto. Assim, su a decisão será tomada mediante o que el e julga dever s er a interpretação do texto legal em instâncias futuras daquele caso, apesar de essa decisão (seu interpretante dinâmico) estar baseada em possibilidades presentes reais Cisto é, no que el e pensa se r o interpretante imediato do texto legal). É nesse sentido que se di z que a escolha do interpretante dinâmico pode vir a determinar o curso futuro da serníose (cf.RANSDELL, 1983b:41-44).
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OPACIDADE
SLjEITO
ERRO
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O interpretante imediato (e a palavra imediato pode ser entendida corno não-mediado) não é aquele que imediatamente sucede ao signo (v.) numa cadeia linear (mesmo porque nenhuma cadeia serniósica pode ser entendida corno linear sem perigo de supersimplificação). Ao contrário, ele é concebido como o conjunto de interpretantes dinâmicos (v.) possíveis de u m d a d o signo, num mesmo momento da semiose (v.). Vale dizer que o interpretante imediato representa uma gan1a de possibilidades interpretativas qu e um dado signo vai ter nu m certo momento da serniose. Ele é uma conseqüência d a opacidade do signo, isto é, do fato de nenhum signo ser transparente em termos de significado. Ele sempre pode produzir esse ou aquele interpretante, dependendo do contexto, do sujeito interpretador e de outras variáveis (ver também erro).
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Terceiro elemento da primeira tricotomia (v.) dos signos - aquela que se refere a uma entidade como signo, na medida em que o olhar recai na sua identidade como signo - , o legissigno se define por se u caráter abstrato. Peirce diz se r el e uma lei geral e com isso deve-se entender que o legissigno é capaz de gerar um ordenamento triádico, já que lei, em semiótica, refere-se, na maioria das vezes, à própria idéia de representação. O legissigno se manifesta através de seus sinsignos (v.) ou réplicas (v.) cuja aparição remete a unla abstração reguladora do sentido das diversas manifestações singulares.
LEI
Em outras palavras, o legissigno "não é um objeto singular, porém um tipo geral que, tenl-se concordado, será significant e" (PEIRCE, 1977:52). Quer dizer, urna réplica, em si, não é significante, de vez que el a constitui urna singularidade. Ela só significa na medida ern que se insere num legissigno que lhe empresta significação. Assim, certas configurações formais, digamos, os desenhos a e A, aparecem numa página um certo número de vezes. Cada ve z que elas aparecem constitui um a réplica (o u um sinsigno) em si destituída de sentido. Seu significado só se dá quando cada manifestação desses desenhos é associada a urna abstração (a idéia da letra A), que permite reconhecer neles uma determinada letra do alfabeto. O conceito de A é, portanto, um legissigno.
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lÓGICA DO VAGO
ERRO
EXTENSÃO INTENSÃO INDETERMINAÇÃO OPACIDADE
Peirce, um dos primeiros lógicos a se preocupar com a manifestação do vago, do impreciso e do não-delimitado, trabalha com questões relativas principalmente à indeterminação dos simbolos (v .). Esses problemas seriam, mais tarde, reabordados e desenvolvidos por, entre outros, Russell, Frege (que fala da "maciez e mutabilidade da língua") e pela filosofia analítica (que traduz a questão do vago em termos de intensão e extensão). Todos esses esforços tênl sido na direção da satisfação da de uma teoria exata da inexatid ão e, conl exceção de todos os que tênl nos dados das línguas naturais, isto é, pensando a enl ternlOS puranlente lingüísticos (cf.FREGE, 1978).
Em um certo sentido, todos esses esforços posteriores constituem urna regressão, e não um avanço , em termos do trabalho de Peirce. Para ele, essa lógica do vago é urna teoria geral da relação cornunicacionais e significativos, independentemente de sua pensarésemiótíco. pensar senl signos (cf. PEIRCE, 1977:241 et seq.). Ora, o signo é, el e mesmo , indeterminado, e sua indefinição e vagueza se derivam :
a)
com o objeto (v.), enl cujo caso tem-se o que Peirce chama de breadth (amplitude, significado, referência) ;
b) de su a relação com o interpretante (v.), quando se a indefinição e m ter m o s de deptb (profundidade, sentido, significância). Em outras palavras, o signo é sempre parcialmente opaco (signo algum consegue dar conta exata de seu objeto e, assim, produzir um interpretante qu e o explique fielmente), e é opaco tanto en l termos d o q u e ele cobre quanto do que ele delimita. A noção da indeterminabilidade do signo está implicada nas caracterizações da relação de representação (um signo representa unl objeto em algum e nos conceitos de
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Corno as noções de deptb e breadth são muito semelhantes às de intensão e extensão, respectivamente, preferimos usar essas últimas para traduzir as duas primeiras. En1 termos simples, e para usar uma analogia com vocábulos que nã o fazem parte do corpus teórico de Peirce, a extensão está para o sintagma, a intensão para o paradigrna. Isso mais definida, apesar de mais geral, enquanto que a extensão, ao se apoiar no singular, é mais vaga. Dito de outra forma, centrando-se a discussão na segunda tricotomia (v.) do signo, o caminho do símbolo para o ícone Cv.) faz-se na direção definição e inverso, do ícone para perde en1 singularidade, o que equivale a dizer que o símbolo, com sua dimensão de lei, te m um caráter mais geral, se bem que mais definidor. O sín1bolo, un1 non1e, por exemplo, é um paradigma generalizador, do qual todos podem receber o n1esn10 non1e individuais. Assim, uma gameleíra, un1a mangueira, urna laranjeira, podem todas receber o nome genérico árvore, que circunscreve o interpretante em contraposição àquilo que árvore não é.
ícone, ao contrário, é muito mais vago em sua singularidade (e é também por isso que se pode dizer que outras verdades acerca do objeto podem se r depreendidas pelo exame de um seu ícone). Uma mesma fotografia, por exe mpl o , pode incitar as ma is diversas reações e interpretantes diferentes por parte de observadores diferentes. Pode-se dizer, to d a possibilidades interpretativas - um interpretante imediato que çV.),que é alínha o ícone na categoria do ." . . O
Daí se dizer que o símbolo se adequa perfeitamente ao discurso dito denotativo, ao discurso da história, ao dizer da ciência, à fala acadêmica, enquanto que o signo icânico .nas artes. Peirce, portanto, pensa a vagueza do ponto de vista representação Ce não daquilo que é representado). Con10 el e próprio diz no CP 4.505,
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na nledida enl que, ao deixar sua interpretação mais ou experiência possível a função a determinação". Nessa concepção semiótica da indefinição sígnico e a é parte implíclra de qualquer não é contradição (NADIN, 1980:354). Dessa maneira, não há lógica sen1 e o erro deve. ser Peirce do -grupo dos pensad ores positivistas.
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OBJfTO
De acordo co m o que se entende por signo (v.), o objeto é aquilo que é denotado po r um a representação. No CP 2.230, Peirce afirma que usa o termo signo para denotar um objeto perceptível, ou apenas imaginável, ou ainda inimaginável em algum sentido e dá como exemplo a palavra inglesa fast ('rápido', 'imóvel' ou 'jejum'). Diz ele que essa palavra, que é um signo, não é imaginável porque não é a palavra e m s i que se escreve ou se fala, ma s apenas urna instância dela. Além disso, é a mesma palavra quando se escreve ou se fala, mas é um vocábulo diferente quando significa rápido, um outro quando significa imóvel, e um outro ainda quando se refere a jejum. Ternos aqui um caso de um único signo, em si não imaginável, qu e pode se referir a mais de um objeto.
COISA PREVISÃO OBJETNIDADE
REFERENTE SUBJETIVIDADE
Entretanto, para que algo seja visto como signo, ele deve representar pelo menos urna outra entidade, se u objeto. Vê-se, com isso, que um objeto é um referente, algo ao qual algo se refere. En1 outras palavras, um objeto não é um a coisa, e essa distinção entre coisa e objeto é funda mental em semiótica. Acredita-se que podemos ter com as coisas urna relação direta e o argumento é conhecido: não é senão por isso que, ao chutarmos urna pedra, sentimos dor. E, crê-se, essa dor é tão verdadeira quanto a visão de um fato presenciado ou a percepção de um pensamento pensado. Entretanto, existe u ma diferença entre a d or ainda não sentida e aquela já experimentada. A dor ainda não sentida pode mais ou menos ser prevista com base na experiência prévia, da qual já existe um registro que, diga-se de passagem, não é perfeito ou, em outras palavras, não é inteiramente verdadeiro, pela mesma razão porque não é possível a ninguém lembrar-se com perfeita exatidão do rosto de urna pessoa, mesmo qu e essa pessoa seja muito familiar (v. Lógica do vago). Logo, h á u m a diferença entre aquilo que não se conhece e aquilo que se conhece, e a diferença está no (não-)conhecimento delas. O que se conhece é um objeto, o que não se conhece é urna coisa. Em outras palavras, aquela coisa que passa para a esfera do conhecimento -
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ou mesmo algo inventado - torna-se objeto daquele conhecimento . A coisa é um existente , conhecido ou não , e o objeto é um conhecido, existente ou não. Há, portanto, coisas que são apenas coisas , coisas que são objetos , e também objetos que não são coisas (u m mito, um unicórnio e os interpretantes de urna obra de ficção, po r exemplo, são objetos não-coisas). Para que se conheça algo, é necessano que haja representação , isto é, para qu e haja objetos é preciso haver signos. Qualquer relação com qualquer objeto é já uma relação sígnica, e o próprio signo já é um objeto. Ao se ocupar do s signos , a semiótica ocupa-se do objeto, e nisso está su a objetividade. Essa visão é diametralmente oposta à da ciência positivista qu e pretende ocupar-se das coisas , recusando-se a admitir qu e o trânsito no mundo das coisas - a percepção (= conhecimento) delas - é forçosamente medíado po r relações ontológicas puras às quais se dá o nonle de signos. Dessa maneira , o que o positivista chama de subjetivo é a única objetividade possível.
Em outras palavras, a concepção semi ótica do termo objeto nã o é de todo diferente d o q u e se entende por objeto em gram ática . Diz-se do objeto (direto ou indireto) de um verbo assim como do objeto de um signo.
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OBJfTO
Pensa-se o objeto dinâmico, em contraposição ao objeto imediato (v.), corno o objeto originador de uma dada semiose (v.), isto é, aquele objeto ao qual todos os signos de urna determinada cadeia ultimamente se referem, Entretanto, essa é uma mera virtualidade porque, mediante a noção da in finitude da semiose (v.), o processo de geração de sentidos, derivada da concepção triádica do signo (v.) e, principal mente, do (v.), conclui-se que entre o signo e seu objeto pode sempre haver u m outro objetointermediário e que a cadeia semiósica é infinita em ambos os sentidos. A serniose seria, então, na medida em que o objeto tende a se revelar através de seus signos, a busca contínua da futura restauração desse objeto. Nesse sentido, conclui-se que um processo de rememoração não seria urna busca feita no passado, ma s urna construção que se faz na direção do futuro.
ORIGEM REMEMORAÇÃO SEMIOSE
Isso significa que o objeto original é, em princípio, inalcançável, tanto e m termos de referência (num movimento arqueológico, voltado para o passado mas que, estranha mente, consegue apenas se dirigir para futuros interpretantes que reflitam esse objeto passado), quanto em termos de significação propriamente dita ( e m q u e o esforço seria principalmente especulativo). A noção de origem em semiótica é, portanto, vazia, quando por origem quer-se dizer a co isa que gerou, o grande objeto originador. Pode se, quando muito, falar em objeto originário, delimitado pragmaticamente em termos dos objetivos de pesquisa.
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REFERENTE
o objeto Imediato, em contraposição ao objeto dinâmico (v.) e analogamente ao interpretante dinâmico (v.), é aquele visto como referente do signo (v.) e do interpretante (v.) na relação de representação. É, po r isso, o objeto (v.) imed iatamc ntc disponível quando do estabelecimento da referência d e u m signo. Assim, cm termos de praxis semiótica, sempre qu e se fala em objeto de um signo, quer-se dizer, simplificadamente, objeto imediato, a menos que uma referência específica seja
ao objeto dinâmico.
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PR
Primeiridade é o nome dado por Peirce para prín1eíra da s três categorias (v.) da experiência. Ela pode ser caracterizada como relativa àquelas propriedades do fenômeno que podem ser descritas por meio de predicados monádicos, contanto que essas propriedades sejam observadas numa entidade considerada em s i mesma, senl nenhuma relação conl qualquer outra entidade. A forma lingüística de um predicado monádico seria algo como "X é verde".
SENSAÇÃO PREDICADO MONÁDICO
Essa forma, na verdade, não é muito adequada, pois pode levar a pelo menos duas significações. Se, ao se dizer "X é verde", está-se atribuindo a X simplesmente uma qualidade, senl qualquer referência implícita a uma outra coisa, então "X é verde" é um predicado rnonádico. Se, no entanto, estiver implícita na frase um a referência a algo que, e m contrapartida, não é verde, haveria urna contraposição a outro algo, e a frase nã o estaria inserida no que se entende por primeiridade. Em outras palavras, os aspectos fenomenais puramente qualitativos estaria m nessa categoria (que Peirce inicialmente denominava qualidade). Em termos lógicos, uma proposição rnonádica tem sempre um termo que expressa a substância (o sujeito), um termo q ue expressa a qualidade da substância (o predicado) e a cópula, que une a substância e sua qualidade. Assim, Peirce conclui que "a qualidade, C..) em se u sentido mais amplo, é a primeira concepção, seguindo se a ordem que surge ao se passar d o ser para a substância" 11:52). A primeiridade refere-se, assim, a urna abstração pura. Na proposição "X é verde", o termo verde remete a "verdeza", pois dizer qu e "H á verdeza em X" é o mesmo que dizer que "X é verde". A abstraçào pura é pré-reflexiva, mais ou menos como um sentimento. Assim, a prirneiridade é também a categoria da sensação ou do sentimento, entendidos corno pré-reflexivos, isto é, anteriores a urna consciência deles. De acordo com Peirce, a prirneiridade é
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uma instância daquele tipo de consciência q ue não envolve qualquer análise, comparação ou processo análogo , ne m consiste, no todo ou em parte, em qualquer ato pelo qual uma porção da consciência é distinguida de outra. (CP 1.306)
Isso equivale a dizer que, sendo a categoria do préreflexivo, a prirneiridade foge de nosso alcance pois, no momento cm que ela atinge nossa consciência, através de reflexão ou reconhecimento, ela deixa de ser primeira. Podese também pensar nela corno uma possibilidade (no sentido de uma qualidade ainda não atualizada ou realizada, isto é, um a abstração pura), um potencial ou algo imediato (no sentido de não-mediado, sem qualquer mediação). O sentimento, então, deve ser entendido aqui corno algo experimentado de maneira completamente ingênua e nãoelaborada. Isso faz da primeiridade a categoria d o Ser, do indizível , do que nã o se descreve, do intangível, porque o primeiro é aquilo que está mais próximo, en l termos de signo (v.), qual o signo se refere. Em outras palavras, do objeto (v.) o primeiro é aquilo que está mais próximo do continuum no qual o signo vai inscrever sua diferença. Portanto, o interpretante (v.) desse signo será o mais amplo possível e, conseqüentemente, será aquele que menos diz . Por razão, associa-se a primeiridade à noção de eu, em oposição ao ele (um segundo) e tu (um terceiro) e, e m termos te m po ra is , à id éi a d e presente, e m contradistinção ao passado (um segundo) e ao futuro (um terceiro).
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QUAlISSIGNO
elemento da primeira tricotomia (v.) do s signos, aquela que pensa o signo em si, sem considerar a relação entre o signo, o objeto e o interpretante, o qualissigno constitui a primeiridade em relação ao sinsigno (v.) e ao legissigno (v.), que se alinham co m a secundidade e a terceiridade, respectivamente. O qualissigno é puramente o caráter formal do signo, o diferencial que estabelece distinções e identidades entre os sinsignos de um mesmo legissigno. Peirce assim o define: Primeiro
QUAUDADE
Um Qualissigno é uma qualidade que é um Signo. Não pode realmente atuar como signo até que se corporifique;
mas esta corporificação nada tem a ver com seu caráter como sig no. (PEIRCE, 1977:52)
O qualissigno não pode atuar corno signo em virtude de seu caráter de primeiro, de virtualidade, de algo ainda nã o atualizado. Entretanto, ele é um primeiro dentro de urna relação em si já da ordem da terceiridade (a relação sígnica). Por isso, o seu caráter corno signo nã o necessita, para ser experimentado, do qu e Peirce chama de corpori ficação. O qualissigno seria um fator determinante, por exemplo, na verificação da relação de identidade de cópias ou réplicas com um determinado original. Diversas reproduções de um quadro qualquer são identificáveis corno reproduções daquele quadro, em virtude da presença nelas de qualissignos semelhantes aos do quadro. Ao contrário, a identificação de urna falsificação de um quadro dar-se-ia pela presença de qualissignos em um que não se manifestam no outro.
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PROPOSICIONAL INDETERMINAÇÃO
Primeiro elemento da terceira tricotomia (v.) dos signos, a tríade que se refere ao s modos de relação do signo con1 se u objeto, de maneira a produzir um inter pretante (em outras palavras, a tríade que lida com a significação do signo propriamente dita), o rema seria caracterizado corno aquele signo cujo interpretante tem uma existência sabida, mas cujo sentido é obscuro. En1 outras palavras, um rema é urna função proposicional, em que os termos seriam incógnitas. Peirce pensa o rema corno aquele signo que não é nen1 verdadeiro, nem falso: algo que seria urna proposição, se não lhe faltasse pelo menos um dos elementos que deveriam estar presentes para que sua significação pudesse ser avaliada em termos de falso e verdadeiro (cf. RANSDELL, 1983a:59).
Um rema é, portanto, um signo cujo interpretante não é Iimitado naquilo ao qual ele pode se referir corno objeto, isto é, é um signo aberto e indeterminado, no sentido de que seu interpretante contém pelo menos uma variável livre, ass ím corno x am a y. Tem-se aí a idéia de urna relação entre um sujeito e um objeto, tal que o sujeito ama o objeto, mas não se sabe cxatamentc a que ou a quem tal proposição se refere. A ilusão de referencialidade seria muito maior se o signo fosse Maria ama João, que seria um dicissigno (v.), aquele signo capaz de afirmar algo.
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...
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.
Uma réplica é urna manifestação singular de urn legissigno (v.). O termo é usado alternativamente a sinsigno (v.), podendo ser considerado seu sinónimo.
LEGISSIGNO
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INTERPRETANTE MENTAL
A palavra representâmen é , algumas vezes, usada nos escritos de Peirce corno sinónima de signo (v.). Outras vezes, entretanto, parece haver urna sutil entre os dois conceitos. Assim, o CP 2.274 diz que "u m signo, ou reprcsent âmen, é um primeiro ..." e , a partir dessa aparente identificação, desenvolve um raciocínio acerca da noção de genuinidade (v. degenerescência) . Todavia, mais adiante, no mesmo parágrafo, Peirce afirma que "um signo é um representârnen co m um interpretante rnental" e que "[plossivelmentc, poderá haver Representâmens que não sejam signos" . Para explicar a segunda parte dessa assertiva, Peirce dá o seguinte exemplo: Assim, se um girassol , ao virar-se na direç ào do sol, tornar se por esse mesmo ato inteiramente capaz, se m nenhuma outra condição, de reproduzir um girassol que de um modo
exatamente correspondente se volte na direção do sol, realizando isto co m o mesmo poder reprodutor, o girassol se transformaria num Representâmen do sol. Mas o p ensamento é o principal, sen ão o único , modo de representação. (CP 2.274)
Deve-se entender com isso que um representãmen é um signo ainda não atualizado corno signo para um sujeito, isto é , algo que já participa de uma relação de representação sem, contudo, ter sido percebido corno signo. Em outras palavras, o representãmen seria um signo enl potencial. O importe dessa conclusão é que a significação está no signo e n ã o e m quem o experimenta. O observador é aquele capaz de extrair do signo algum tipo de interpretante, n ão sendo capaz de nenhum ato criador de sentido.
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....
..
...
Secundidade é o nome dado por Peirce à segunda categoria (v.) da experiência, a d a ocorrência, daquilo que se manifesta, da existência, em contraposição à primeiridade (v.) que seria a categoria do Ser. Qualquer coisa é um segundo na medida em que existe, pois existir significa entrar enl relação com u m outro. Em outras palavras, para existir, algo deve ser um objeto para um sujeito, o que significa que algo é um segundo enquanto participante de uma relação diádica. Tornamo-nos conscientes da qualidade apenas ao contrastá-la ou compará-la com urna outra, ou , para usar urna terminologia também empregada por Peirce, apenas por referência a um correlato.
Pode-se também dizer, com Zeman, temporais, que:
PREDICADO DIÁDICO
ACIDENTE
QCAUDADE
REl.AÇÃO EXISTENCIAL
.. ..
CORRELATO FORÇA BRCTA .
..
.
e em termos
As coisas segundas são existências singulares, tanto no espaço quanto no tempo ... Enquanto a primeiridade é essencialmente atemporal, a secundidade fornece os pontos discretos e distintos pelos quais ordenamos a seqüência temporal. (ZEMAN,1977:24)
Esse co me ntár io sublinha a incapacidade da primeiridade de dizer da existência e da ocorrência, e mostra que a noção de tempo apenas começa a ter fundamento a partir da secundidade, não sendo, portanto, um a priori. Entende-se também porque Peirce associa a secundidade à noção de passado, isto é, o outro, o ele. Urna for ma de representar a secundidade Iingüístícamente é o uso de predicados diádicos, apesar de a forma lingüística enl si mesma não ser inteiramente adequada por poder implicitamente apontar para urn terceiro termo. Assim, se se disser que "X bateu cm Y" conl o intuito de significar que a colisão foi acidental e não premeditada, tal corno o encontro de dois corpos celestes no espaço, então esse predicado é diádico e representa uma secundidade. Se, no entanto, estiver implícita na frase a idéia de que "X bateu em Y co m Z" ou "por causa de Z", etc., a frase acrescenta unl elemento instrumental ou causal, etc., e não mais caracteriza a secundidade. Os comentários 47
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acima ressaltam o caráter singular e acidental da secundidade. Os signos segundos, portanto, não dizem da regularidade, do hábito , do propósito o u d a lei. Falam, entretanto, de aç ão e reação, de resistência ao impacto, de causa e efeito, de força bruta. Assim, enquanto o sentimento nã o analisado estaria na primeiridade, o registro do sentimento, a atenção a ele, seria um fato na secundidade, porque implica por parte de quen1 o sente urna resistência análoga à que urna parede oferece ao tato.
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Conceito fundamental da semiótica de Peirce, responsável pelo avanço qu e essa teoria propõe em relação às anteriores (todas baseadas na dicotomia signum/signatuni), a semiose está intimamente ligada à noção de interpretante (v.). Por semiose entende-se, estritamente, a produção de sentido, processo infinito pelo qual, através de sua relação com o objeto (v.), o signo (v.) produz um interpretante que, po r sua vez, é um signo que produz um interpretante e assim po r diante.
CA ERRO
SIGNO
TELEOLOGIA VERDADE
Os termos gera, produz, cria, determina, e análogos, qu e aparecem nas caracterizações do signo, índícarn esse caráter causal e lógico qu e marca a cadeia semiósica. A semiose é comandada, em última análise, po r uma causa final, constituindo, assim, um processo télico, na medida em que tende (sern nunca chegar) para urna representação perfeita do objeto (o qu e poderia ser chamado de verdade semiótica). Em outras palavras, haveria um estádio "final" nessa cadeia em que o signo seria idêntico ao objeto (tudo isso é dito no futuro do pretérito por ser urna impossibilidade, corno vimos). Vista nessa perspectiva, a serníose pode se r consi derada um processo quasi-cibernético, de vez qu e se um signo determina qu e unl interpretante se refira ao objeto da mesma maneira qu e ele, e se esse interpretante qu a signo determina qu e um interpretante posterior se refira ao signo anterior corno s eu objeto, há realmente urna tendência de o objeto se revelar naqueles aspectos que seus signos manifestam. Entretanto, dizer q ue um determinado processo é cibernético implica a possibilidade de erro, já que mecanismos cibernéticos são autocorretivos. Há aqui urna aparente contradição: po r definição, os signos não mentem e, po r definição, a serniose qu e os signos produzem pode levar a erro. A saída lógica é a de qu e o erro não está no interpretante, mas si m no qu e o sujeito interpretador supõe se r o interpretante, pois qualquer signo pode facilmente se r entendido corno signo de algo diferente daquilo de que, naquele contexto, ele está sendo signo. (v. erro).
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SIGNO
RA 71 0N IS
Ess REALE RELA71VWvf
A concepção peirceana de signo está assentada na idéia de terceiridade (v.) e consiste nu m refinamento teórico do qu e poderíamos chamar de "definição de dicionário" ou conceito fundado no senso comum (qualquer coisa corno "algo qu e está no lugar de [representa] outra coisa para al guém"). Há, no s escritos de Peirce, muitas caracterizações de signo, e essa pluralidade se deve à tentativa de emprestar generalidade a esse conceito, já que urna definição tende a se r redutora. Duas das mais conhecidas são: [Signo é] algo qu e representa algo para alguém em algum aspecto ou capacidade. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo equivalente, ou talvez mais desenvolvido. A esse signo que ele cria dou o nome de
interpretante do primeiro signo. O signo representa algo, seu objeto. (CP 2.228)
[Um signo é] qualquer coisa que determine qu e uma outra coisa (seu interpretante) se refira a um objeto ao qual ele mesmo se refere do mesmo modo, o interpretante se tornando um signo, e assim po r diante, ad infinitum. (CP
2.303)
Essas duas definições sã o fundamentais em mais de um aspecto. En1 primeiro lugar, elas deixam claro que o interpretante (v.) não é o intérprete, ao mostrar que o interpretante é um signo qu e se refere ao objeto da mesma forma qu e o signo do objeto. Urna outra implicação delas é a de que o signo é ativo (e é esse o importe da frase cria na mente dessa pessoa, na primeira caracterização, e do verbo determinar, na segunda). O signo cria significação, em vez de passivamente esperar qu e o sujeito o invista de sentido. En1 outras palavras, o sujeito interpreta o signo à su a maneira e gera nesse processo seus próprios interpre tantes, mas o signo nã o é vazio, e o sujeito não o preenche através de um fiat divino. Mesmo não sendo vazio, entretanto, o signo não é urna entidade cuja produção de interpretantes se faz univocamente, isto é, nunca se pode dizer co m certeza que 5O
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o signo tem aquele interpretante. Isso se deduz da expressão em algum aspecto o u capacidade. Na verdade, basta um traço que funcione corno ground o u fundamento, para que o signo seja entendido corno signo de, o que quer dizer que não há transparência de significação.
Além
do mais, se qualquer coisa pode ser signo, então nenhum signo é só signo, o que contradiz um certo tipo de pensamento semíológico que insiste em pensar o signo corno apenas signo, isto é, que coloca nele urna camisa de força
ontológica, a de Ser Signo (cf. RANSDELL, 1980:135-137). A terceiridade do signo sugere ainda que el e constitui um lugar-entre, um algo-entre. Ele é algo que circula, qu e está num momento com alguém e é logo repassado para outrem, não pertence a ninguém ou apenas pertence na medida da duração de se u uso. É o instrumento da troca cornunícacional: é, mais que um ser signo, um estar signo. Essa noção de signo corno .de um Vem de Santo raciocínio desenvolvido ao longo Agostinho uma clássica definição de signo: é algo que, ao ser percebido, traz à consciência alguma coisa qu e nã o ele mesmo.CDe doctrina christiana, apud DEELY, 1982:57) Um signo
Essa definição retrata o signo unicamente corno algo perceptível pelos sentidos, não concedendo, portanto, à noção de idéia o status de signo, ma s é perfeitamente compatível com o papel do conceito de signo er n sua doutrina. Por isso, permaneceu, durante muitos séculos, como o esteio d o q u e poderia se r chamado xie teologia sacramental, até pelo menos 1632, com a publicação de um livro chamado Tractatus de Signis, do português João Poinsot.
o prestígio dessa conceituação
ele signo COI110 algo necessariamente perceptível pelos sentidos manteve-se para os estudiosos de lógica, mesmo com a influência q ue Boethius paralelamente teve, com seu Comentário (510 A.D.) a Aristóteles, no desenvolvimento da controvérsia sobre as relações, isto é, a questão do ens relatiuum, passando pelos conceitos de ens reale (ser independente da mente) e ens rationis (ser dependente da mente). Essa polémica estimulou Guilherme de Ockharn (circa 1340) a afirmar a idéia corno signo dentro da mente (portanto, ens rationis), er n contraposição à palavra falada Cens realei.
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Essa e outras divergências da douta autoridade de Santo Agostinho não passaram, contudo, de pequenas subversões ao longo da Idade Média e, como aponta Deely (1982:46), demonstram que apenas começava a se r vislumbrada a possib ilidade de un1a análise semiótica dos conceitos, isto é, um a análise d o ser próprio dos conceitos considerados con10 signos, porque os filósofos medievais insistiam numa teoria do conhecimento elaborada a partir de uma perspecti va ontológica ou metafísica, em ve z de urna abordagem epistemológica. En1 1564, surge em Portugal um importante livro, o In st it ut ion um Dialectarum Libri Octo, de Pedro da Fonseca, S.]., um dos chamados Conimbricenses. Nesse livro, que é essencialmente um texto de lógica, como o título sugere, Fonseca tenta assimilar à tradição ontológica u m outro ponto de vista, o da significação propriamente dita.
Apesar de ainda defender a definição de Santo Agostinho, Fonseca tenta mostrar q ue os conceitos d a mente, isto é, as estruturas que informam nossa percepção da natureza, fu ncio n am e xat arne n t e como os signos agostinianos, na medida em que estes últimos funcionam enquanto signos. Vale dizer que as idéias funcionam como signos sem, contudo, serem perceptíveis pelos sentidos. Do ponto de vista da significação, contudo, foi realmente João Poinsot quem fez as exéquias da definição de Santo Agostinho. O se u Tractatus de Signis, publicado no a n o d e nascimento de John Locke (1632), mostra definitivamente que o essencial na nossa experiência do signo (e experiência é um termo marcado, aqui, no sentido de apontar para um viés epistemológico) não é a sua perceptibilidade, mas sim o fato de trazer à nossa consciência algo diferente dele mesmo. E, além do mais, isso se torna possível, demonstra Poinsot, porque o signo é da ordem da relação, o que quer dizer que el e é uma intersubjetividade baseada na representação, que é o fundamento da relação sígnica. Enquanto um se r relativo, ele transcende a clássica divisão entre o ser do real e o ser da razão. Assim, a idéia, a nuven1 como sinal d e chuva, um conceito, um sonho, a imagem mental, a imagem acústica, um cheiro, uma cruz num cemitério, na medida em que funcionam como signos, funcionam da mesma maneira em virtude de serem seres relativos, isto é, lugares-entre. . É essa a idéia que Peirce retoma, ao dar à relação
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sígnica o seu caráter triádico. Como um terceiro dentro da relação de representação (que é também, em si, um terceiro), o interpretante está entre o primeiro (o signo) e o segundo (o objeto), da mesma forma qu e o meio, que só pode existir em virtude da existência de um princípio e um .fim, está entre o princípio e o fim. Da mesma forma, entre um signo eu e um objeto el e está um interpretante tu, que é um ele eu ou um eu-ele. Há, ainda, uma outra maneira de se pensar o signo como lugar-entre. A geração infinita de signos por outros signos é o processo da semiose (v.). Seja do ponto de vista da interpretação, seja da perspectiva da produção propriamente dita, em qualquer momento da cadeia sígnica, qualquer signo pode fazer parte - e geralmente o faz de urna variedade de sernioses. Assim, numa conferência, por exemplo, cada ouvinte interpreta o que ouve usando o input específico de su a formação, de suas leituras e de sua experiência. Os seus interpretantes serão, portanto, uma encruzilhada onde vão se encontrar a informação do conferencista e a experiência dos ouvintes. Entretanto, algo da ordem de um conteúdo objetivo que "está entre" vai ter qu e se dar, sob pena de não haver entendimento algum. O caráter triádico do signo, portanto, é a mola da semiose e constituiu a grande contribuição de Peirce ao entendimento dos processos de significação.
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LEI PREVISÃO
CONVENÇÃO
Urna das caracterizações que Peirce faz do símbolo (CP 2.243) descreve-o corno aquele signo (v.) cuja relação com o objeto (v.) consiste numa relação com o interpretante (v.). Essa definição não é tã o enigmática quanto parece pois, corno um a terceiridade (v.) (o símbolo é o terceiro termo da segunda tricotomia lv.l do s signos, o primeiro dos quais é o ícone ív.l e o segundo o índice lv.D, essa função sígnica dirige-se para o futuro em termos de regularidade o símbolo é aquele signo que ou lei. Isso quer dizer será representado em seu interpretante conlO signo de seu objeto. Em outras palavras, o interpretante de um símbolo é previsível porque seu objeto já é conhecido.
Ora, um signo cujo objeto é conhecido e cujo interpretante pode se r facilmente alcançado é aquele signo que representa unla lei, urna regularidade, um hábito, urna convenção , urna previsão ou conceitos parecidos. Por isso mesmo, a representação do objeto nã o se faz no símbolo por uma relação de deixis (em cujo caso esse signo seria um índice) e ne m se deve a qualquer relação de analogia ou semelhança com o objeto (que seria um fator icónico) . Chamar um signo de símbolo simplesmente significa qu e seu interpretante refletirá seu objeto. Da í a identificação do conceito de símbolo com os conceitos de lei, hábito, convenção , regularidade. Entretanto, deve haver um certo cuidado nessa identificação. O símbolo não reflete esses conceitos, isto é, el e não se conforma a uma prática ou segue urna regra. Ao contrário, ele é a lei, é a regularidade , é o hábito e assim po r diante .
Assim, uma outra caracterização de símbolo poderia se r a de que seu caráter representativo consiste precisamente no fato de que el e é urna regra qu e vai determinar se u interpretante. Dizendo isso d e outra forma, qualquer símbolo controla seu significado. Por isso mesmo, qualquer substantivo comum é simbólico, enquanto q u e u m nome próprio é indicial relativamente ao substantivo comum . O nome próprio simplesmente aponta para seu portador (u m singular dentro daquela espécie), mas o substantivo comum nomeia coletivamente todos os seres daquela espécie e ao mesmo tempo exclui os nã o pertencentes àquela espécie.
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Un1 intérprete sabe que a palavra "mulher" denota todos os membros da espécie humana que sejam do sexo feminino e
somente esses.
De maneira análoga, os chamados símbolos sociais tê m a função de controlar o comportamento dos cidadãos, na medida em que seus interpretantes são previsíveis. Nesta classe encontram-se o papel-moeda, os rituais sociais/ religiosos, os adereços, a vestimenta, as bandeiras nacionais, a sinalização de trânsito, por exemplo. De um modo geral, poder-se-la dizer que a cultura é simbólica, na medida em que ela dita e é responsável por certos padrões comporta mentais, sociais, intelectuais e ideológicos de uma deter minada comunidade.
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SINSIGNO
Segundo elemento da primeira tricotomia (v.) do s signos (v.), a que focaliza o signo enquanto signo e na sua identidade de signo, se m pensar na relação dele com o objeto (v.) e o interpretante (v.), o sinsigno (o prefixo sinpOí exeillplo) é simplesmente é o meSillO de aquele signo em secundidade, isto é, que se manifesta, que se torna presente e chama a atenção para se u caráter de signo. Todo signo que se manifesta e é, po r isso um existente, é, en1 virtude de existir, um sinsigno. Dentro da tríade, o sinsigno é um segundo que, tendose em vista seus qualissignos (v.), é identificado como urna réplíca(v.) de um legisstgnotv.). Como abstração o legissigno só se manifesta através de seus sinsignos.
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Se a primeiridade (v.) é referência a uma abstração pura, a secundidade (v.) é referência a um correlato. Peirce afirma, contudo, que ocasião da referência a um correlato é obviamente por comparação" (Writings, II:53). Um exernpl o do que se quer dizer com comparação seria o de um assassino considerado em relação à pessoa assassinada:
PREVISÃO SÍMBOLO LEI
Nesse caso concebemos o assassinato, e nessa concepção
está representado qu e um a pessoa assassinada corresponde a cada assassino (e também a cada assassinato); e assim, apelamos novamente a um a representação mediadora qu e representa o relato em sua representação de um correlato co m o qual a representação mediadora está também em relação. (Writings, 11:53)
Em outras palavras, Peirce está aqui falando/da relação de representação, isto é, da relação que existe entre signo (v.), objeto (v.) e interpretante (v.). Essa é uma das muitas maneiras de se definir a terceiridade, isto é, da capacidade que algo tem de representar se esse algo existe e é (10). A terceiridade tem a ve r com o futuro. É um modo de ser que consiste no fato de que futuras instâncias de secundidade assumirão um caráter geral determinado. A terceiridade será, assim, o modo da previsão, na medida em que o prever tende para s ua realização, e eventos futuros são, a té c e rt o ponto, governados por algum tipo de regularidade ou lei. Além do mais, "urna lei é um fato geral, contanto que se admita que o geral encerra sempre uma parcela de potencialidade" (CP 1.418). Isso quer dizer que, em sua generalidade, o terceiro tem algo a ve r com o mundo potencial da qualidade e com o mundo factual dos existentes, embora se distinga tanto da quanto do fato O terceiro é, na verdade, qualidade a conexão entre a qualidade e o fato, entre o primeiro e o segundo. Assim, o princípio é um primeiro, o fim um segundo e o meio um terceiro, e não é sem razão que Peirce inicialmente pensava a terceiridade como a categoria do tu (Tbou), em contraposição à secundidade (ele, Ii) e à primciridade (eu, I) .
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A linguagem verbal, por se u caráter de lei, geral, simbólico e regulador, é um terceiro. E o é também por constituir um a poderosa conexão qu e temos entre aquilo que é e aquilo que está a nossa via privilegiada de acesso, sempre parcial às coisas e suas qualidades.
Considerar algo c om o u m terceiro, portanto, é considerar esse algo como signo. Entretanto, um terceiro inclui um segundo, qu e inclui um primeiro. Por outro lado, n ad a q u e n ão possa inicialmente ser descrito por um predicado monádico (v. primeiridade) pode ser pensado como signo. Isso não quer dizer, contudo, que um ajuntamento de três primeiros, ou um e um primeiro, possa constituir um terceiro. A implicação não é a de qu e um terceiro seja um a somatória, mas a de que um signo é outras coisas além de signo.
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TRICOTOMIA
Tendo definido a relação de representação por meio das categorias (v.), e coerente co m a noção de que qualquer coisa, inclusive um signo, pode se r vista em termos de primeiridadetv), secundidade(v.) e terceiridadetv.), Peirce aplica recursivamente a noção das categorias à relação de representação e, assim, obtém dez conjuntos básicos de tipos de signos com três tipos cada. Dessas tríades (tricotomlas, em oposição à idéia de dicotomia), três foram extensamente desenvolvidas pelo próprio Peirce e estão, portanto, bem estabelecidas teoricamente: qualissigno/ sinsigno/legissigno (v.), ícone/índice/símbolo (v.) e remai dicissigno/argumento (v.). O quadro abaixo pode dar uma idéia de como esses tipos de signos e as tríades que eles compõem se relacionam entre si:
Primeiro Primeiro
Terceiro
TERCEIRIDADE
LEI EXISTENCIAL
CATEGORIAS
Terceiro
qualissigno
ícone
rema
sinsigno
índice
dicissigno
legissigno
símbolo
argumento
Cada um a das tricotomias é definida de acordo com os elementos da relação de representação. Assim, a tríade qualissigno/sinsigno/legissigno é baseada na noção de signo enquanto signo, isto é, no signo considerado apenas em sua identidade de signo, se m qualquer referência a se u objeto (v.) se u interpretante (v.). Os ícones, índices e símbolos são signos considerados em termos de sua referência a um objeto, enquanto o conjunto remaI dicissigno/argumento constitui a tríade na sua terceiridade, isto é, consideram também a relação com o interpretante. No CP 2.243, Peirce explica seus critérios na determinação dessas tricotomias:
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Os signos são divisíveis em três tricotomias; primeiro, no tocante ao signo ser, ele mesmo , uma mera qualidade, um existente ou um a lei geral ; segundo, de acordo com o fato de a relação do signo com seu objeto consistir no signo ter alguma característica dele [do objeto] em si mesmo, ou em ter alguma relação existencial c om o objeto, ou consistir
em su a relação com um Interpretante; terceiro, se o Interpretante o representa como signo de um a possibili dade, ou signo de fato, ou signo de razão.
As categorias estão presentes enl cada conjunto, na medida em que o qualissigno, o ícone e o rema têm a ver com a primeiridade; o sinsigno, o índice e o dicissigno são segundos; e o legíssigno, o símbolo e o argumento são ter ceiros. A existência dessas tricotomias e o falar-se em tipos de signos pode conduzir a uma leitura apressada do papel que essas tríades têm em semiótica. Já se apontou essa discriminação de funções sígnicas como uma tendência taxonômico-descritivista, ernpobrecedora da adequação explanatória e analítica da semiótica. O raciocínio por detrás dessa opinião é o de que a palavra tipo implica tipologia ou taxonomia , significando que, se algo é definido como sinsigno , não pode se r índice, por exemplo , em virtude de sua definição corno sinsigno (que é o que acontece , digamos , na taxonomia dos seres vivos, em que primara é primara e nunca pode se r réptil). ,
6O
Entretanto, dados os postulados da teoria semi ótica, isso não é verdade. Pode -se falar - e muitas vezes se fala - em símbolos icônicos ou argumentos indiciais. Esses "tipos" são distinções teóricas, formas lógicas que visam caracterizar u m signo mais detalhadamente de modo a torná. lo unl instrumento analítico mais preciso. Além do mais , um m e s m o s i gn o pode ser visto de várias maneiras, dependendo do ângulo de abordagem do investigador e de seus objetivos de análise. Deve-se a penas ter em mente que há algumas restrições às possibilidades combinatórias dessas funções lógicas a que estamos dando o nome de tipos, e essas restrições tê111 a ver com o fato que U01 terceiro pressupõe um segundo, e U111 segundo pressupõe um primeiro (para significar, algo t em q ue existir - qualquer que seja o modo de existência - , e para existir, algo tem que ser). O contrário, todavia, não é possível. Por isso, não se pode falar em ícone simbólico, na medida em que U111 primeiro não pode conter un1 terceiro.
1 2 3 da
São Paulo: Escuta, 1989. Estes ensaios são de especial interesse para aqueles que gostariam de investigar os possíveis pontos de contato entre as duas áreas, na medida em que sã o informados por Lacan, Derrida e Peirce, entre outros.
J. Teixeira. Perspectiva, 1983.
COHHO NHO,
informarão
São Paulo:
Neste livro, J. T. Coelho Neto, que é o tradutor e organizador da edição e seleção mais completa dos textos de Peirce no Brasil, publicada pela Perspectiva (ver Referências Bibliográficas), procura pensar os fenômenos da informação e da comunicação social, através do aparato teórico da semiótica de Peirce. Defende a semiótica corno a teoria capaz de transitar entre as diversas abordagens em comunicação e fornecer urna linguagem comum nesse território transdisciplinar.
DHlY, John.
Trad. Julio Pinto.
São Paulo:
1991.
Conhecido pesquisador da história da semiótica, John Deely propõe, neste volume, uma visão geral da teoria tal corno ela se apresenta na contemporaneidade, complenlentando assim o trabalho iniciado no se u Introdt Semiotic (ver Referências Bibliográficas). Pensando, tal corno Peirce, a semiótica corno urna teoria abrangente da significação que abarca o fenômeno comunícacíonal para além das fronteiras lingüísticas, Deely dedica vária páginas à discussão da serníose nos mundos vegetal e animal (fito- e zoosserniose).
comunicação, cultura mundo natural. Janeiro: Rio fundo fditora, 1992.
JR., fduardo. Um Rio
Professor de Comunicação na PUC, UFF e UER], Neiva propõe um olhar serniótico sobre as interrelações da
.Júlio Pinto
comunicação e da cultura ancoradas na concepção de um mundo natural, não entendido como mera ambiência e não muito dos conceitos de Umuielt, Lebenswelt e Innenwe!t, de J. von Uexküll.
Lúcia. {u/luro
São Paulo: Razão Social, 19920.
Nesta coletânea de artigos, Lúcia Santaella, autora de O que é semiótica (Brasiliense, 1983), faz uma análise dos meios de comunicação e da cultura, privilegiando a poesia e a arte e procurando demonstrar que as dicotomias rigidamente codificadas (cultura de elite vs. cultura de massa, etc.) não mais constituem operacionalizações factíveis, dada a crescente interpenetração promovida pelos meios de comunicação.
SANTAHLA, Lúcia. oll/no/uro
(oiJOJ. São Paulo: Imago, 1992b.
Estudam-se aqui as relaçôes entre a semiótica de Peirce e a literatura e teoria literária, inclusive com uma seção do texto dedicada à revisão e resenha dos trabalhos que têm sido feitos na área.
62
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1 2 3 da
íNDICf
Df
A Abdução:
ve r
Abdução, indução, dedução. 13. Ver também Erro;
Lógica do vago. Acidente:
ve r
Secundidade.
16. Ver também Dicissigno;
Rema;
Tricotomia.
( Categorias: 17. Ver também Primeiridade;
Secundidade,
Terceiridade; Tricotomia. Causa fínah Coisa:
ve r
v er
Interpretante final; Semiose.
Objeto.
Convenção: Correlato:
ve r
ve r
Ícone; Índice; Símbolo.
Interpretante; Secundidade; Terceiridade.
o Dedução:
ve r
Abdução, indução, dedução.
De ge ne re sc ência: 19. Ver também Categorias;
Represeruâmen; Tricotomia. Diagrama:
Dicente:
ve r
ver
Degenerescência.
Dicissigno.
21. Ver também Argumento;
Rema; Tricotomia.
.Júlio Pinto
ver Categorias;
Signo. Bn s reatei ver Categorias; Signo. Bn s Relativum: ver Signo. Erro: 22. Ver também Abdução, indução, dedução; Interpretante final,' Lógica do vago; Semiose. Extensão: ver Lógica do Vago. Bn s rationis:
f FenôOleno:ver brutas ver Índice;
Secundidade. Função proposicional: ver Argumento; Dicissigno, Rema; Tricotomia. Fundamento: ver Imagem; Signo.
G Genuinidade:
ver
Degenerescência; Representâmen.
Hipoícone: ve r Degenerescência. Hípossemas ve r Degenerescência. Hipótese:
ver
Abdução, indução, dedução;
Íc on es 24. Ver também Degenerescência;
Imagem; Índice;
Símbolo; Tricotomia. Image m: 26.
Ver também ver
Degenerescência; Ícone. Erro; Lógica do vago; Rema.
Ícone; Símbolo; Tricotomia. Indução: ver Abdução, indução, dedução.
lndice: 28.
Ver também
1
2
3 da SelTliót:ica
Inferência hipotética: Intensão:
ver Lógica
ver Abdução,
indução, dedução.
do Vago.
In te rpr eta nt e: 29. Ver também Abdução, indução; dedução; Erro; Representâmen, Signo; Semiose; Terceiridade.
In ter pr et an te 30. Ver também pretante final; Interpretante imediato.
Inter-
In te rp reta nte 31. Ver também Erro; Interpretante dinâmico; Interpretante imediato. In terp reta nt e imediato 32. Ver também Erro; Interpretante dinâmico; Interpretante fi nal. Interpretante mental:
ve r Representâmen.
l Legi ssig no: 33. Ver também Réplica, Qualissigno; Sinsigno; Tricotomia. Lei: ve r Legissigno,
Símbolo; Terceiridade; Tricotomia.
Lógica da descoberta:
ver Abdução,
indução, dedução.
Ló gi ca do vago: 34. Ver também Categorias, Erro; Interpretante imediato; Objeto, Signo.
Metáfora: ve r Degenerescência.
o Objeto: 37.
Ver também Erro;
Interpretante; Signo.
39. Ver também Interpretante Objeto imediato; Objeto Imediato; Semiose.
Objeto imediato: 40. Ver também Interpretante imediato; Objeto dinâmico; Semiose. Objetividade:
ver
Objeto.
Opacidade:
ver Interpretante
Origem:
Objeto dinâmico.
ver
imediato; Lógica do vago. 67
.Júlio Pint:o
p Predicado diádico:
ve r
Predicado monádico:
Secundidade.
ve r
Primeiridade.
Abdução, indução, dedução; Interpretante final; Objeto; Símbolo; Terceiridade.
Previsão:
ve r
Abdução, indução, dedução; Categorias; Degenerescência; Ícone; Imagem.
Pri mei ri dade: 41. Ver também
Proposição:
ve r
Argumento.
Argumento; Categorias; Dicissigno;
Q Qualidade:
ve r
Primeiridade; Qualissigno, Secundidade.
43. Ver também
Imagem; Legissigno,
Sinsigno; Tricotomia.
R Referente:
ve r
Imagem; Obfeto, Objeto imediato.
Relação existencial:
ve r
Degenerescência; Índice;
Tricotomias. Relato:
ve r
Interpretante; Terceiridade.
Abdução, indução, dedução; Argumento; Ícone; Dicissigno, Tricotomia.
Re ma : 44. Ver também
Rememoração:
ve r
Objeto dinâmico.
45. Ver também
Degenerescência; Legissigno,
Qualissigno; Sinsigno. Representã meni
Retrodução:
ve r
46. Ver também
Ícone; Imagem.
Abdução, indução, dedução.
s Categorias, Degenerescência; Índice; Primeiridade; Terceiridade, Tricotomia.
Secundidade: 47. Ver também
68
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