José Gonçalves - Por Que Caem Os Valentes

March 23, 2019 | Author: Kelvin Oliveira Santos | Category: René Descartes, Bible, Ciência, Immanuel Kant, Devil
Share Embed Donate


Short Description

Download José Gonçalves - Por Que Caem Os Valentes...

Description

pela hipocrisia. No dia seguinte, era apenas 1 hora da madrugada, quando chamei pelo telefone a meu sócio e amigo chegado, Dudley Hall. Disse-lhe: "Dudley, uma pessoa pode ser livre? Você conhece alguém que realmente seja livre?" Não muito depois, Dudley me pôs em contato com Milton Geiem. Milton não era um evangelista bem conhecido. Antes, era um limpador de carpetes que amava a Jesus e que reconhecia a sua própria autoridade em Cristo. Desesperado, convidei Milton para apanhar comigo um avião, que nos levaria à cruzada que teria lugar dentro de algumas horas. Durante a jornada, ele compartilhou a Palavra de Deus, o que fez com inegável poder e autoridade. Naquela noite, terminada a reunião, convidei-o para que fosse comigo ao hotel onde eu me hospedara, a fim de que continuasse partilhando comigo os ensinos bíblicos. Conversamos durante algum tempo, e em seguida Milton ergueu os olhos para mim. "Tenho ouvido você falar e orado por você durante seis anos", disse ele. "Tenho pena de você. Acredito que é a pessoa mais atacada por demônios que eu já vi. Você vive tão atormentado que nem sei como já não perdeu o juízo." Ele estava com toda a razão. Eu me sentia miserável, atormentado mesmo, na minha mente. Embora meu ministério estivesse crescendo, eu mesmo estava vivendo em derrota e servidão pessoais. Graças a Deus, porém, estava disposto a admitir isso e a clamar a Deus, pedindo ajuda. Milton perguntou se poderia orar por mim. Respondi afirmativamente, e então ele impôs suas mãos sobre meus ombros e confessou quem somos, como crentes em Cristo. Ele reconheceu a derrota diante do pecado, em minha vida, e concordei com ele, naquela oração. Em seguida, caminhando pelo quarto, ele começou a repreender os maus espíritos que me estavam atacando: espíritos de crítica, de ira, de compulsão e de luxúria. Sua voz ribombava de autoridade, e quando ele baixou ordens corajosas aos espíritos, para que me deixassem em paz, eles fugiram de perto de mim. Eu não tinha compreendido o que acontecera — nem ao menos entendi que tudo já havia sucedido senão quarenta e oito horas mais tarde, quando despertei com versículos bíblicos fluindo livremente de meus lábios, e dotado de uma mente cristalina e clara. Quando aquele humilde limpador de carpetes lutou com as forças das trevas, usando a sua autoridade em Cristo, caíram por terra as correntes que me tinha tolhido até então. Mediante os meus próprios esforços, tinha sido incapaz de viver vitoriosamente; mas por meio da autoridade espiritual agora eu fora libertado. Fui verdadeiramente libertado de uma repetida derrota e servidão espirituais.

A nossa vida espiritual leva em conta a vida do outro também. Estas palavras de Robinson soam muito forte para serem ignoradas. Como valentes precisamos de uma vez por todas descer do pedestal e procurar ajuda quando necessitamos. Lembro-me de certa vez em que visitei uma das minhas "mães adotivas". Aquela havia sido uma semana difícil para mim, a batalha espiritual fora intensa, mas graças a Deus eu havia obtido a vitória. Quando estava de saída da casa daquela serva de Deus, ela começou a contar um sonho que tivera comigo no início daquela semana. Sonhara que eu e ela andávamos em um Jeep, em um local de difícil acesso. Chegávamos em um trecho que havia muitos bancos de areia. Segundo ela me narrou, o veículo tinha tração nas

quatro rodas, mas estava com dificuldades para passar por aquele obstáculo. Ela então desceu do carro para empurrá-lo a fim de que o mesmo transpusesse o banco de areia. Foi quando ela se deu conta de que o Jeep havia se transformado em mim, eu era o veículo. Com muito esforço, o banco de terra foi vencido. Fiquei pensando: Meu Deus, e eu que imaginara que havia vencido essa  luta sozinho!  O Senhor já havia despertado a sua serva para ajudar-me em oração na batalha. Ela havia lutado por mim. Não se engane, não existe valentes que são sozinhos!

Notas 1 ROBISON, James. Vencendo a Guerra Real  —  Vitória sobre  o Poder das Trevas. Abba Press, São Paulo, 1993.

9 TRATANDO OS FERIDOS "Perdoar é muito mais que estender a mão e dizer eu te perdôo, meu irmão. Usar a voz é fácil... Apertar a mão também... O difícil é revelar o coração. Mas se um coração perdoa, é fácil perceber, pois o coração é cúmplice do olhar. Perdão que sai do coração é jóia rara de encontrar e está na sinceridade de um olhar." Sérgio Lopes, o poeta de Cristo "Veio sobre mim a mão do SENHOR; e o SENHOR me levou em espírito, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos, e me fez andar ao redor deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale e estavam sequíssimos. E me disse: Filho do homem poderão viver estes ossos? E eu disse: Senhor JEOVÁ, tu o sabes. Então, me disse: Profetiza sobre estes ossos e dizelhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR. Assim diz o Senhor  JEOVÁ a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis. E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o SENHOR. Então, profetizei como se me deu ordem; e houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se juntaram, cada [ou pondo-se cada um na sua juntura] osso ao seu osso. E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito. E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. E profetizei como ele me deu ordem; então, o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extremo. Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados. Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor  JEOVÁ: Eis que eu abrirei as vossas sepulturas, e vos farei sair das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel. E sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair das vossas sepulturas, ó povo meu. E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o SENHOR, disse isso e o fiz, diz o SENHOR" (Ez 37.1-14). Esta é uma das mais belas passagens das Escrituras Sagradas que mostram o poder restaurador de Deus. Neste trecho, três agentes concorrem no processo da restauração: o Espírito, o

homem e a Palavra. O Espírito que vivifica: "E porei em vós o meu Espírito, e vivereis" (v. 14); o homem que profetiza: "Profetiza sobre estes ossos"; e a Palavra que gera essa restauração: "Ouvi a Palavra do Senhor" (v. 4). Este processo continua sendo o mesmo ainda hoje e com os mesmos agentes — o Espírito, o homem e a Palavra. Aqui, desejo falar sobre a restauração dos valentes feridos na batalha, apenas com uma pequena alteração; colocarei em lugar do "homem", como sendo um dos agentes da restauração, a figura da igreja. Esta é aquela que "fala a Palavra do Senhor" para que haja restauração. Cabe a ela tratar dos seus feridos. Parece que tratar dos feridos não é uma missão desejada por muitos de nós. E melhor estar com os sãos, os robustos, os perfeitos. Mas não devemos nos esquecer de que em nosso exército há muitos feridos que necessitam de tratamento; não podemos simplesmente ignorá-los. Às vezes, penso que assimilamos demais a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, que somente "os mais aptos" conseguem sobreviver. Acostumamo-nos com a idéia de que em nosso meio não há lugar para quem cometeu deslizes ou até mesmo fracassou. Vivi esta experiência recentemente. Encontrava-me em uma cruzada e Jeorge Wilson era o preletor daquela noite. Era a primeira vez que ouvia Wilson pregando; em sua preleção ele demonstrava muito fervor e eloqüência. Apesar da poderosa mensagem entregue por Wilson, eu não consegui me entusiasmar muito, algo bloqueava a minha liberdade. Fora um comentário que ouvi acerca dele poucos dias antes daquele encontro. Disseram-me que há cerca de dez anos, Wilson cometera um deslize em seu ministério. A partir daquele momento uma sombra negra pareceu ofuscar a bela imagem que eu tinha de Jeorge Wilson. Essa sombra farisaica não me permitia ver o perdão de Deus na vida daquele irmão. Quando ainda seminarista, um amado professor costumava nos dizer: "Façam tudo para não errar, pois, se vocês errarem a igreja não lhes perdoará, ela dirá que lhes perdoou, mas não é verdade". Fiquei espantado com aquilo; com o passar dos anos, infelizmente comprovei que em parte as palavras daquele mestre eram verdadeiras. Não sabemos perdoar. O Senhor me fez ver certa vez o tamanho de minha falta de misericórdia. Aproximadamente dez horas da noite o telefone tocou. Era um colega me ligando, estava muito aflito. Algo grave havia ocorrido com ele poucas horas antes. Pediu-me um conselho e por um momento fiquei atordoado com tudo aquilo. Disse-lhe algumas palavras e prometi retornar o nosso diálogo depois. Aquela semana foi agitada para mim, pensava comigo mesmo: "Aquilo que o irmão me contou é muito sério, preciso contar para mais alguns obreiros

para saber o que fazer". Era justamente isso o que aquele irmão temia, a falta de misericórdia por parte dos seus companheiros de ministério. Ele estava profundamente arrependido, mas sabia que poucos estavam prontos para entender o seu dilema. Naquela mesma semana, quando pedia orientação ao Senhor acerca daquele caso, uma porção das Escrituras me veio à mente: "Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo algum, senão estas coisas necessárias" (At 15.28). Após ler o texto, parecia ouvir o Espírito Santo me dizer: "Ele (aquele obreiro)  já lhe confessou a sua falta, está arrependido, portanto, cumpriu a recomendação bíblica (Tg 5.16), ele fez o necessário, o que você quer ainda?" Fiquei envergonhado, pois, o Espírito Santo revelara o meu interior. Inconscientemente, estava querendo a cabeça daquele irmão. Não podemos esquecer: "O juízo é sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia" (Tg 2.13). Conversei com aquele irmão acerca dessa experiência que tive com o Senhor. Muitos anos já se passaram e ele continua sendo um valente de Deus. Nas páginas da Bíblia Sagrada, encontramos o apóstolo Paulo se desentendendo com Barnabé por causa de João Marcos, primo deste último. Marcos acompanhara a Paulo e a Barnabé na primeira viagem missionária da igreja, mas desistiu no meio do caminho. Na segunda viagem, Barnabé queria levá-lo novamente, mas Paulo não aceitou porque não achava "razoável que tomassem consigo aquele que desde Panfília se tinha apartado deles" (At 15.36-38). As Escrituras dizem que esse incidente provocou "tal contenda [...] entre eles, que se apartaram um do outro" (v. 39). Se as Escrituras terminassem aqui, poderíamos imaginar que Paulo não perdoou a João Marcos, mas quando encontramos esse mesmo apóstolo dizendo tempos depois: "Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério"(2 Tm 4.11), todas as nossas dúvidas se esvaem. Sim, Paulo não compactuava com o erro, ele era um cristão ortodoxo. Freqüentemente ele fala em suas cartas acerca do alto padrão moral que Deus exige dos agentes do seu Reino, mas uma coisa fica patente na vida desse apóstolo — ele sabia perdoar. Aqui cabe a pergunta: é possível a restauração de alguém que fracassou no ministério? Acredito que sim, não estou dizendo que o valente ferido irá voltar a ocupar a mesma função ministerial de antes, estou me referindo a uma obra interior de restauração que o Espírito Santo fará nele. Essa restauração interior é muito mais importante do que um simples reconduzir de cargos. Muitos valentes após serem feridos na batalha, preocupam-se mais em manter o seu antigo status  do que com a restauração de Deus. Agem como Esaú que após vender seu direito de

primogenitura queria ser abençoado a qualquer custo: "E Jacó deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim, desprezou Esaú a sua primogenitura. [...] E disse-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú. [...] Esaú, ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai. [...] E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz e chorou" (Gn 25.34; 27.32,34,38). Por que buscar a bênção  antes da restauração?  Para que voltar a trabalhar com fraturas expostas? Não é melhor cuidar dos ferimentos antes de qualquer outra coisa? O verdadeiro arrependimento não impõe regras, ele é humilde e aceita as condições impostas. E esta a restauração interior que lhe conferirá paz, ela fará com que se sinta "justiça de Deus" em Cristo Jesus (2 Co 5.21). Os valentes feridos precisam saber disso e não culparem os outros, a igreja ou até mesmo a Deus pelo que aconteceu. E esse transferir de responsabilidades que me faz lembrar de um outro fato acontecido. Estávamos em uma cidade de um outro estado da federação, quando um irmão daquela cidade me mostrou alguém que foi um obreiro. Após termos conversado um pouco com aquele irmão, fiquei sabendo que culpava a Deus pelo que tinha acontecido com ele. Esta é uma tática de Satanás, fazer com que não enxerguemos as nossas próprias falhas, e assim permitirmos que o Senhor nos restaure. Enquanto esse sentimento de transferência de responsabilidade permanecer no valente ferido, é impossível a sua restauração. E condição necessária para a restauração o reconhecimento das próprias falhas: "Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares" (SI. 51.3,4). Sim, o Senhor está pronto a perdoar e a restaurar. Os valentes devem permitir que Deus use o seu cajado, e nós como igreja devemos estar prontos a fazer a nossa parte nesse processo.

10 PLACAS DE ADVERTÊNCIAS Desejo partilhar um alerta final com todos os valentes: não devemos ignorar as placas de advertências. Elas nos ajudarão a seguirmos seguros em nosso caminhar ministerial. Essas placas estão espalhadas por toda a Bíblia, bem como podem ter sido erguidas por quem já passou pelo percurso antes de nós. Se queremos seguir firme, então precisamos levá-las a sério. Desejo expor aqui trinta e duas dessas placas. Dezesseis delas encontradas nas Escrituras Sagradas e outras dezesseis fincadas por outros homens de Deus: 1. "Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder" (Dt 6.5). 2. "Quando jovens seminaristas e pastores sentem-se responsáveis por tornar o seu ministério famoso, rico e culturalmente pertinente, acabam tornando-se mercadejadores da fé; obcecados pela glória só vão a compromissos com grandes multidões. Ensandecidos pelo dinheiro vendem a alma ao Diabo" (Fim de Milênio - Ricardo Gondim). 3. "Porque eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo" (Lv 11.44). 4. "Para começar, todos nós sabemos e concordamos: a Palavra de Deus é absolutamente essencial para nossa vida pessoal e ela somente vai assumir o lugar devido quando optarmos por lê-la diariamente e exercitarmos esta atividade. Sem Desculpas!" (Jack Haiford) 5. "Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela, purificai-vos, vós que levais os utensílios do Senhor" (Is 52.11). 6. "Não podemos alimentar a carne e esperar vitória no Espírito. Precisamos matar a carne de fome e alimentar o espírito, pois, ao fazermos isso, a lei do espírito vai se sobrepor à lei da carne" (Tony Evans). 7 "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2 Cr 7.14). 8. "Integridade moral arruinada significa que o líder espiritual renunciou ao direito de liderar" (Charles Swindoll). 9. "Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isto com jejuns, com choro e com pranto" (Jl 2.12).

10. "Satanás sabe que a queda de um profeta de Deus é uma vitória estratégica para si, por isso não descansa dia e noite, inventando armadilhas ocultas e fossos para o ministério. Talvez um exemplo melhor seria o dardo envenenado que apenas paralisa sua vítima, pois acho que Satanás tem pouco interesse em matar sem rodeios o pregador. Um ministro ineficaz, meio-vivo, é uma propaganda melhor para o inferno do que um bom homem morto. Por isso, os perigos do pregador, provavelmente, serão espirituais, em vez de físicos" (A.W.Tozer). 11. "Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão buscando a quem possa tragar" (1 Pe 5.8). 12. "O ministério é uma profissão de caráter. O chamado de Deus o coloca em categoria distinta, com um padrão mais severo do que todos os outros" (A Noiva de Cristo — Charles Swindoll). 13. "Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). 14. "Você é um desses crentes que vivem em desespero silencioso, na escravidão do medo, da fúria, da depressão, de hábitos que não pode controlar, de pensamentos ou vozes interiores que não sabe fugir, ou de comportamento pecaminoso que não consegue se livrar? Não estou dizendo que todos os problemas espirituais são resultado de atividades demoníacas diretas. Todavia, você pode estar escravizado porque negligenciou, ou negou, a realidade das forças demoníacas operando no mundo de hoje" (Quebrando Correntes — Neil T. Anderson). 15. "Foge, também, dos desejos da mocidade" (2 Tm 2.22). 16. "Não devemos nos afastar do pecado do mesmo modo como fazemos com um amigo, com o objetivo de, no futuro, ter a mesma familiaridade de antes ou, talvez, ate maior... Devemos tirá-lo de nossas mãos do mesmo modo que Paulo atirou ao fogo a víbora que lhe picara" (Erwin Lutzer). 17. "Não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós" (Js 7.12). 18. "Mostre-me um povo que ande intimamente com Deus  — que odeie energicamente o pecado, e se tenha separado do mundo, e reconheça a sua voz — e eu lhe mostrarei um povo que não precisa de muita oração e ensinamentos sobre fé" (Faminto por mais de Jesus — David Wilkerson). 19. "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento" (Rm 12.2). 20. "Penso no homem que encontrei há vários anos — um professor itinerante da Bíblia. Ele dissera que estava guardando uma lista confidencial de homens que um dia foram estupendos expositores das Escrituras, respeitados e capazes homens de

Deus... os quais afundaram sua fé nas correntes da depravação. Na semana anterior, ele havia incluído o nome da vítima número 42 na lista. O homem advogava que esta pesquisa sórdida e triste fazia com que ele fosse ainda mais cuidadoso e agisse com discrição em sua própria vida. E possível que sua lista tenha agora mais uma dúzia de nomes" (Bruce H. Wilkinson). 21. "Fugi da prostituição" (1 Co 6.18). 22. "Saio periodicamente para fazer retiros, sozinho ou com minha esposa. Em tempos de grande necessidade, saio por uma semana, normalmente para uma cabana na costa do Estado de Oregon. Não são férias, mas um tempo em que a falta de necessidades imediatas e ausência de ruído dão claridade à calma e doce voz de Deus, tão facilmente sufocada no corre-corre de minha vida diária" (Randy Alcorn). 23. "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor do Senhor" (2 Co 7.1). 24. "E o que fazer se a tentação estiver perto — na casa ao lado ou no trabalho? A semente da sensualidade deve ser esmagada antes que tenha uma oportunidade de firmar suas raízes na mente e no corpo. Faça o que for necessário para contêla" (Erwin Lutzer). 25. "Sé o exemplo dos tieis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza" (1 Tm 4.12). 26. "Se o crente permanecer carnal, eles (os demônios) irão introduzir nele noções que aparentemente concordam com seu temperamento e suas avaliações, levando-o a crer que tudo isso é seu pensamento natural" (O Homem Espiritual vol.3 — Watchman Nee). 27. "E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção" (Ef 4.30). 28. "Como um adolescente, eu estava amarrado pelo pecado da cobiça sexual. A maioria dos males da América está relacionada com a cobiça e a impureza. Isso não me deixou assim que recebi a Cristo no coração, mas permaneceu me atormentando. Vez após outra, clamava a Deus, implorando seu perdão. Eu pensei que quando me casasse isso me deixaria, mas, infelizmente, descobri que estava errado. Isso atrapalhou meu relacionamento sexual com minha esposa, que amava tanto. Estava atormentado por esse pecado. Estava amarrado [...] em 1985, ausentei-me para  jejuar durante quatro dias. Estava preocupado com aquele pecado. Eu sabia que estava ferindo a Deus e que Jesus já havia pagado o preço para que ficasse livre. No quarto dia de jejum, Deus me dirigiu numa oração de libertação e o espírito de concupiscência da carne me deixou! Eu estava livre! E estou livre

até hoje!" (A Unção Profética — John Bevere) 29. "Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne" (Gl 5.16). 30. "Tudo começa de forma bem inocente. Não há planos de atrair nem prejudicar quem quer que seja, somente o desejo de expressar o que se sente: 'Você é uma pessoa muito legal; é mesmo! Nunca conheci alguém que me compreendesse como você!' Ou simplesmente: 'Como a gente se divertiu!' Essas palavras têm o poder de fazer brotar a vida dentro de nós, e aí se forma a conexão. Só há um problema: um de nós ou os dois somos casados —  com outra pessoa. A tentação de deixar entrar em nosso coração alguém que não possui esse direito espreita-nos em todas as formas de ministério. Os dirigentes do louvor, os músicos, os ministros de jovens, os pastores, as secretárias e os conselheiros estão cedendo a essa tentação em um número alarmante de casos" (Líderes a Beira do Abismo — Joyce Strong). 31. "Não deis lugar ao diabo" (Ef 4.27). 32. "Você esteve com alguma mulher esta semana de uma maneira que tenha sido imprópria ou que possa ter parecido aos outros que você tivesse agido com falta de bom senso? Você esteve completamente acima de qualquer censura em todas as suas transações financeiras esta semana? Você se expôs a qualquer material pornográfico esta semana? Você passou tempo diariamente em oração e nas Escrituras esta semana? Você cumpriu o mandato da sua vocação esta semana? Você separou tempo para passar com sua família esta semana? Você acabou de mentir para mim?" (A Noiva de Cristo — Charles Swindoll)

APÊNDICE A

Demônios Fortes, Ministros Fracos? Acredito que nenhum ensino tem demonstrado ser tão nocivo à Igreja de Jesus Cristo, como esse que dá super-poderes aos demônios. O extremo desse ensino espúrio está na afirmação que diz ser possível os demônios possuírem os crentes. Esse ensino tornou os crentes fracos e os demônios fortes. Na década de 90, esse modismo se tornou como uma praga, era só que no se falava nos meios evangélicos. Multiplicava-se o número de literaturas dando destaque a esse tema. Em 1993 adquiri o livro: Demônios Derrotados.1 Folheando o mesmo, encontrei um capítulo intitulado: "Pode um cristão ter demônios?" Neste capítulo, o autor sem arrodeios respondeu: "A resposta é enfaticamente sim!" O problema com esta afirmação está no fato de a mesma não ser baseada na Bíblia Sagrada, mas na experiência do autor. Tentando fundamentar a sua resposta, ele diz: "Estou ciente do muito que se tem ensinado a respeito de os cristãos não poderem ter demônios. Contudo, através de 'minha experiência' no ministério há quatorze anos, constatei que tal opinião é totalmente incorreta". Partindo desse princípio a posteriori  (fundamentado em sua experiência), esse autor faz uma exegese falaciosa sobre a "possessão demoníaca" no cristão: "Em primeiro lugar precisamos compreender que alguém poder ter um demônio sem estar possuído por ele. A versão King James (Bíblia em Inglês) traduz incorretamente a palavra "endemoninhado" como "possuído". Isto dá as pessoas a impressão de que se um espírito as ataca, ou se apenas possuem um espírito, estão conseqüentemente possuídas por demônios. Não há nada na tradução grega que revele a palavra "possuído". Estudiosos insistem no fato de que esta palavra tem amedrontado muitas pessoas, por pensarem que, se possuem um demônio, estão "possuídas". Esta interpretação onde se afirma que uma pessoa pode "ter um demônio", sem contudo estar "possuído" por ele, é freqüentemente invocada por muitos ensinadores que crêem na possessão demoníaca do cristão. Na tentativa de adaptarem as Escrituras às suas crenças, esses "mestres" procuram dar um novo significado à redação original do Novo Testamento. Assim é que a autora do livro: A Igreja e a Batalha Espiritual   — Você Está em Guerra, diz: A igreja evangélica tem de levar a sério a libertação das pessoas proce-

dentes da umbanda, candomblé, quimbanda, kardecismo e outras religiões de possessão. Se partirmos do pressuposto que os crentes não podem ter demônios ou não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos crentes opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão, mornidão, com uma dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o Inimigo deseja uma vida cristã medíocre. E aqui é preciso esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com dezenas de estudiosos do grego, daimonozomenai  [aqui há um equívoco na grafia dessa palavra, já que no original grego o termo correto é daimonizomai!], "ter demônios", é melhor traduzido pela palavra "endemoninhado". Uma pessoa pode ter um demônio numa determinada área da vida. O correto é chamá-la de endemoninhada, nunca de possessa, pois no Novo Testamento não vemos o uso do termo. Na realidade, a palavra "possesso" descreve inadequadamente o fenômeno. Endemoninhado tem um significado lato, indicando o estado da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios perturbando ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da pessoa. 2

Um outro autor que faz o papel de advogado do Diabo é Frank Hammond. Em seu livro: "Porcos na Sala",, esse autor americano também se propõe a responder á pergunta: "Como é que um cristão pode ter demônios?" Em seu livro, ele diz: "Como é possível para um espírito demoníaco habitar o mesmo corpo, ao mesmo tempo que o Espírito Santo? Hammond sabe da dificuldade em defender sua tese e afirma: "Parece lógico presumir que é impossível". Todavia ele está determinado a contraditar o Novo Testamento, prosseguindo em sua nefasta argumentação: Mas nem tudo que é lógico é verdade e há lógica baseada numa suposição falsa. Temos tomado a posição aqui neste livro de que os crentes podem sei habitados por demônios. A explicação dessa possibilidade é principalmente baseada, tanto quanto eu possa determinar, num entendimento claro da diferença entre a alma e o espírito.

Hammond vai mais longe ainda, em seu livro ele ensina que não somente o crente pode ser possuído por demônios, como também o próprio crente pode expulsá-lo de si mesmo. Na página 61 de seu livro, ele demonstra como se 'auto-libertou': Em minha própria experiência, logo que confrontei o demônio [que estava dentro dele!], senti uma pressão em minha garganta e em seguida tossi e vomitei muco. Houve, então, um "sinal de que a coisa tinha saído".

Quando lemos os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Epístolas e não encontramos esse tipo de ensino espúrio, fica impossível levarmos a sério o que dizem esses mestres. Quem já encontrou nas páginas do Novo Testamento o apóstolo Paulo ensinando aos crentes a "se auto-exorcizar?" Quem encontrou o apóstolo Paulo dizendo que "o crente é santuário do Espírito Santo e dos demônios ao mesmo tempo?", ou que "um demônio podia

ficar alojado somente no corpo do crente? Quem já leu algum texto bíblico relatando que os apóstolos advertiram os crentes, dizendo: "Tenham cuidado, vocês podem ter um demônio, sem contudo estarem possuídos por ele?" Esse ensino que dá amplos poderes aos demônios sobre os cristãos é falso pelo menos por cinco razões: 1. É a "posteriori", isto é, baseia-se na experiência e não na Bíblia. 2. E fruto de uma teologia errada sobre a segurança do crente. 3.E fundamentado numa concepção equivocada sobre a tricotomia humana. 4. É falho em definir o que seja um "cristão" segundo o modelo do Novo Testamento. 5. É fundamentado na má compreensão da terminologia usada no Novo Testamento para a possessão demoníaca.

A Experiência Fica claro o lugar que a experiência ocupa no ministério daqueles que crêem no domínio dos demônios sobre os cristãos. Isso fica demonstrado na frase: "Através de minha experiência no ministério há quatorze anos", dita pelo primeiro autor citado aqui. Na segunda citação que aqui fizemos, a autora firma sua convicção em testemunhos vindo da "umbanda, candomblé, quimbanda, kardecismo e outras religiões de possessão". De forma semelhante, o terceiro autor parece convicto de sua posição, pois, assim testemunha a "sua própria experiência", quando ele expulsou um demônio de si mesmo! Não podemos negar o valor que a experiência tem para nós cristãos, a vida cristã é experimental. Todavia uma experiência cristã alicerça seus princípios na Palavra de Deus — a Bíblia Sagrada. Uma experiência divorciada das Escrituras não tem valor para a fé genuinamente evangélica. Nenhum dos autores citados consegue enquadrar suas experiências no modelo dado no Novo  Testamento. A teologia deles está fundamentada em uma premissa falsa. A Segurança do Crente No livro Confronto de Poderes, uma das melhores obras sobre batalha espiritual, Opal Reddin, missionária com larga experiência na área de libertação, nos revela uma compreensão correta sobre a segurança do crente. No capítulo intitulado: "Podem os Demônios Possuir os Cristãos?"4, ela esboça vários princípios

neotestamentários que atestam a segurança do cristão. Aqui resumirei alguns deles:

1. O Crente "Cidadão" O Rei do Reino da luz é Cristo, enquanto o príncipe do reino das trevas é Satanás. Os que não aceitam o plano da salvação de Deus através de Cristo "pertencem" ao remo de Satanás. Eles são "possessão" dele [...] A pergunta levantada no início deste capítulo não diz respeito aos cidadãos do reino de Satanás. A Bíblia deixa bem claro que as pessoas não salvas podem ser possuídas por demônios. Nossa atenção, portanto, estará voltada aos cidadãos do Reino da luz, isto é, os que nasceram de novo e tornaram-se cristãos". Mudemos agora a analogia de "cidadania" para "propriedade". Quando um pecador aceita a Cristo como seu Salvador, ele é "possuído" por Cristo. Cristo habita nele [...] quando se trata do mundo espiritual, não há tal coisa como "co-propriedade" ou "ocupação conjunta!" Tendo se tornado possessão de Cristo, não podemos ser "possessão" de Satanás. Por isso que é impossível para um crente nascido de novo ser "possuído pelo demônio!" 2. O Crente Nascido de Novo Está "Guardado" Uma vez que o pecador se arrepende e se volta para Cristo, ele se torna um crente nascido de novo. Ele deixa o reino das trevas e se torna um cidadão do Reino da luz. Cristo agora é seu Rei e está assentado no trono de seu coração. Se ele se submete completamente a Cristo está seguro. O apóstolo fala acerca desta segurança em Romanos 8.38,39: "Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor!" É impossível para Satanás "possuir de novo" o que Cristo já "possui". Isto é, impossível contanto que o crente permaneça fiel ao Senhor. Se ele rejeita aquele que dele se apossou, isso é outra coisa. O crente foi salvo pela fé, e é "mantido" pela fé. Contanto que mantenha sua fé, sua salvação estará garantida. Enquanto mantiver sua fé, Satanás não pode reconquistá-lo, muito menos habitar nele. Satanás pode até fazê-lo tropeçar ou influenciar seu comportamento, mas não pode "apossar-se" dele. Aleluia por isso! 3. O Crente Nascido de Novo Está "Alistado" "Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas,

sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Nossa luta é dupla. Primeiro, nós "resistimos" ao Diabo e o mantemos em fuga. Esta é a batalha pessoal que cada crente trava. "Sujeitai-vos, pois, a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7). Segundo, atacamos as fortalezas de Satanás para arrancar dali os que estão escravizados por ele. "As armas de nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (2 Co 10.4). Por que, então todo este debate referente à possessão demoníaca do crente? Você poderia pensar, ouvindo alguém falar a respeito do assunto, que o agressor é o Diabo, e é o crente que está fugindo! Esta preocupação com a autodefesa não é saudável espiritualmente, é negativa. Deveríamos estar planejando uma estratégia de ataque. Deveríamos estar vivendo de vitória em vitória sobre o pecado, de modo a atendermos ao clamor dos homens perdidos, que Satanás tem enganado e com freqüência possuído. E incrível, não é mesmo? Ver o soldado do exército de Deus preocupado em expulsar demônios de seus compatriotas cristãos, em vez de estar entrincheirado e libertando prisioneiros que estão escravizados por Satanás! Desde quando o cristão tem se tornado cativo para precisar ser liberto? Deixemos claro de uma vez por todas, Satanás perdeu seu poder sobre o crente. Ele pode nos tentar, oprimir, nos ferir, mas, se mantivermos nossa fé, ele não pode apossar-se de nós!

Um Ser Tricotômico: Espírito, Alma e Corpo Um ponto de vista distorcido acerca da tricotomia do homem é invocado para se justificar a "demonização" do crente. Esses mestres justificam que um cristão pode ter um demônio na sua mente ou no seu corpo, mas não no seu espírito. Essa tese foi popularizada pelo norte americano Kenneth E. Hagin. Em um de seus recentes livros, Hagin afirma: "Um cristão não pode ter um demônio em seu espírito"." Essa posição de f Iagin afirmando que um cristão não pode ter um demônio em seu espírito é ambígua já que ele crer que os crentes podem tê-los em seus corpos ou em suas mentes. Essa tese já havia sido anteriormente defendida por ele em uma das suas primeiras obras: O Nome de Jesus, na qual ele diz: O cristão não pode ser dominado no espírito, na alma e no corpo. Logo, o cristão não é endemoninhado. Mas aqui temos outra pergunta: "O cristão pode ter um demônio?" Decididamente, sim! [...] Alguém pode ter um demônio

sem estar possesso. Às vezes, isso acontece na carne, no corpo. 6

Uma visão tricotômica do homem, onde se fatia o ser humano em três partes distintas e independentes não é bíblica. Embora o homem seja uma tricotomia composta de espírito, alma e corpo, todavia ele é uma unidade dessas três partes. A propósito, Paulo Romeiro em um de seus livros, ao falar sobre o ponto de vista sustentado por aqueles que fracionam o ser humano, diz:  Tal posição não reflete o que a Bíblia ensina sobre a natureza do homem, pois, o homem é um ser integrado de corpo, alma e espírito. Tanto o corpo quanto a alma e o espírito devem ser conservados irrepreensíveis para a vinda do Senhor Jesus. Paulo acrescenta ainda no mesmo versículo: "O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo" (veja 1 Ts 5.23) e isso inclui o corpo. Como pode alguém ensinar que o demônio pode habitar no corpo do cristão quando a Bíblia afirma exatamente o contrário? Paulo declarou que o corpo do cristão é o templo do Espírito Santo e que Deus deve ser glorificado também através do nosso corpo (1 Co 6.19,20; Fp 1.20). C) corpo é tão importante que o Senhor vai ressuscitá-lo um dia no futuro. 7

Redefinindo o que Seja um Cristão O Brasil é conhecido como o maior pais "cristão" do mundo, por outro lado vemos constantes notícias na mídia dando destaque a grandes escândalos praticados por cristãos. Na Irlanda do Norte é histórica a briga entre "cristãos" (católicos e protestantes). O que é um cristão? Freqüentadores de templos? Aqueles que o são apenas nominalmente:* Com certeza, não. Há alguns anos fui convidado para pregar em uma igreja no subúrbio da capital do Piauí. Naquela noite a minha mensagem fora intitulada: "Autoridade Espiritual", e fora baseada no Evangelho de Lucas 4.31-37. Pois bem, quando tinha pregado por aproximadamente uns quinze minutos, uma jovem aproximou-se do púlpito para falar comigo. Ela disse-me que desejava receber uma oração. Disse-lhe que tão logo terminasse o meu sermão iria orar por ela. Solicitei, então, uma outra senhora que a conduzisse até a um assento da igreja mais próximo. Quando ela estava sendo conduzida, em um gesto brusco empurrou com violência a sua condutora. Nesse momento, percebi que ela estava possuída por demônios. Ainda do púlpito, confrontei aquele espírito maligno, ordenando que ele saísse daquela jovem, imediatamente ela caiu ao chão. Descendo do púlpito, levantei-a do chão e continuei a pregação da Palavra. Ao término do sermão, perguntei ao dirigente da congregação se a conhecia, ele respondeu negativamente. Foi então que a encontrei já fora do templo. Perguntei-lhe se residia naquele bairro, e ela respondeu-me dizendo que morava no estado do Pará e que se encontrava em Teresina para fins de

tratamento de saúde. Disse-me que pertencera a uma igreja pentecostal por seis meses, mas que no momento estava afastada e encontrava-se envolvida com a umbanda. Disse-me ainda que antes de ser liberta naquela noite, mantinha um ódio muito grande pelos pregadores do evangelho, mas que em tal ocasião sentiu algo como se fosse nuvens negras saindo de seu interior. Estava aliviada e feliz! Em meu ministério já vi muitos outros casos como esse, e a pergunta que faço é: "Essas pessoas eram genuinamente cristãs?" Não, não eram. Um crente nascido de novo não pode ser cavalo do Diabo. Ricardo Gondim, afirma: Que um membro nominal de igreja pode ser possesso, não há qualquer dúvida. Porém aqueles que já lavaram suas roupas no sangue do Cordeiro não podem sucumbir a uma escravidão abjeta como a possessão. 8

Opal Reddin, faz algumas importantes ponderações ao responder à pergunta: "Por que alguns dizem que cristãos podem ficar endemoninhados?" Em sua obra, aqui já citada, ela afirma:  Tenho considerado com cuidado o porquê de algumas pessoas eruditas e piedosas dizerem que os cristãos podem ser possuídos por demônios. Vejo três razões para isso: 1. Há, hoje em dia, um padrão tão baixo do que significa ser "cristão" que muitos em nossas igrejas podem realmente não ser convertidos. E, certamente, podem ficar endemoninhados. 2. Há alguns que nasceram de novo, mas simplesmente abandonaram a Cristo. Pelo contínuo andar na carne, morreram espiritualmente (Rm 8.13). Assim sendo, também podem ser possuídos por demônios (Mt 12.43-45). 3. Alguns estão chamando as obras da carne de "demônios". De fato, tudo aquilo que tenho ouvido como sendo um demônio na pessoa cristã pode ser encontrado na lista de Gaiatas 5.19-21 como obra da natureza carnal e pecaminosa do homem.

Daimonizomai — a Terminologia Bíblica Correta Um último ponto que ao meu ver torna o ensino da "demonização" do crente insustentável é  com respeito à terminologia usada. Os defensores da tese de que os cristãos podem ser habitados por demônios fazem um esforço enorme no sentido de provar que a tradução correta da palavra grega "daimonizomai" deve ser "ter demônios", e não "possuídos por demônios". Essa diferença sutil nessa tradução é muito importante para esses mestres. Uma vez que a tradução correta seja "ter demônios", fica mais fácil defender a falácia de que o cristão pode "ter um demônio" em seu corpo ou em sua alma, sem, contudo, estar possuído por ele. O que mais impressiona em tudo isso é que esses intérpretes

insistem em dizer que "dezenas de eruditos em grego" apóiam essa tradução. Veremos aqui que nenhum erudito em grego diz tamanho absurdo. A palavra grega "Daimonizomai", segundo a Concordância Greco  —  Española del N UEVO  Testamento ,9 ocorre 13 vezes no texto grego nas seguintes passagens: Mateus 4.24; 8.16,28,33; 9.32; 12.22; 15.22; Marcos 1.32; 5.15,16; 5.18; Lucas 8.36; João 10.21. Vejamos agora o que diz de fato os eruditos em grego sobre o termo daimonizomai: 1. Ser endemoninhado, ser possesso por um demônio.10 2. Significa estar possuído por um demônio, atuar sob o controle de um demônio. Vine acrescenta: "Os que se achavam assim afligidos expressavam a mente e consciência do demônio ou dos demônios que moravam neles, por exemplo, Lucas 8.28"." 3. Estar sob o poder de um demônio. Joseph Thayer, ainda observa que o entendimento acerca desse termo era que "os demônios haviam entrado e mantido (o indivíduo) possesso por eles".12 4. Estar sob o poder de um demônio, ser possuído por um demônio.13 5. Ser possuído, afligido, por um demônio. 14 6. Estar endemoninhado, estar possesso.15 7. Ser atormentado ou possuído por um demônio.16 8. Estar endemoninhado, possesso.17 9. Estar sob a autoridade de um demônio, ter (ser incomodado com, ser possuído por) um demônio. 18 10. Estar possuído por um demônio. 19 11. Ser possuído por um demônio. 211 12. Estar possesso por um demônio.21 13. Estar endemoninhado, sob o domínio de um demônio.22 14. Possuído por demônios.23 A erudição bíblica não deixa dúvidas: daimonizomai  significa "ser possuído por demônios", e em nenhum lugar do Novo Testamento é aplicado para um crente nascido de novo. Não! Um crente nascido de novo jamais pode ser possuído por demônios. A doutrina que dá super-poderes aos demônios não é bíblica. Isso está mais do que comprovado pelas Escrituras Sagradas. Esse fato, porém, não significa que não tenhamos mais problemas com Satanás. Enquanto estivermos aqui, a luta contra o Diabo será constante. E não somente contra Satanás, mas também contra a nossa natureza adâmica. Muitos crentes e ale mesmo obreiros não compreendem a natureza dessa guerra, acham que uma vez que o Diabo foi derrotado (Cl 2.15) e o velho homem foi destronado na cruz do calvário (Rm 6.6), não terão mais

problemas com eles. É um equívoco. No Apêndice B, o leitor encontrará mais detalhes sobre essa questão.

Notas 1 SUBRITZKY, Bill. Demônios Derrotados. ADHONEP, Rio de  Janeiro-RJ, 1991. 2 ITIOKA, Neuza. A Igreja e a Batalha Espiritual  —  Você Está  em Guerra. Editora Sepal, São Paulo - SP, 1999, p.65. 3 HAMMOND, Frank & HAMMOND, Ida. Porcos na Sala. Ed. Unilit, Mogi Das Cruzes - SP, p.132. 4 REDDIN, Opal. Confronto de Poderes. Editora Vida, São Paulo - SP, 1996, p.26. 3 HAGIN, Kenneth E. The Triunphant Church  —  dominion  over ali the powers of darkness. Kenneth Hagin Ministries. Tulsa, OK, USA, 1994. 6 HAGIN, Kenneth E. O Nome de Jesus. Graça Editorial, Rio de Janeiro - RJ, p.90. 7 ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise. Mundo Cristão, São Paulo - SP, p.128. 8 GONDIM, Ricardo. Santos em Guerra. Editora Abba Press, São Paulo - SP. 9 HUGO, M. Petter. Concordância Greco  —  Espanola del  Nuevo Testamento. CLIE, Barcelona, Espanha. 10 BROW, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo  Testamento. Edições Vida Nova, São Paulo -SP. 11 VINE, W.E. Diccionario Ex-positivo de Palabras dei Nuevo  Testamento. Editorial CLIE, Barcelona, Espanha 12 THAYER, Joseph. Thayer's English - Greek New Testament. Baker Book House, U.S.A. 13 BULLINGER, Ethelbert W. A Criticai Lexicon and  Concordance to the English and Greek New Testament. Zondervan Publishing House. Grand Rapids, Michigan. U.S.A. 1975 14 MOUTON, Harold K. Analytical Greek Lexicon Revised. Regency Library. Grand Rapids, Michigan, U.S.A. 15  PEREIRA, Isidro. Dicionário Grego - Português e Português -  Grego. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto - Portugal 16 McKIBBEN, Jorge Fitch. Nuevo Léxico Griego  —  Espanol  dei Nuevo Testamento. Casa Bautista de Publicaciones. El Paso,  Texas, U.S.A. 1994. 17 GINGRICH, F. Wilbur. Léxico do Novo Testamento Grego  —  Português. Edições Vida Nova, São Pualo — SP. 18 STRONG, James. The New Strongs Exhaustive  Concordance of the Bible.  Thomas Nelson Publishers, Nashville, U.S.A.1982. 19 KITTEL, Gerhard. Thelogical Dictionary of the New 

Testament. Eerdmans Publishing Company, Michigan, U.S.A. 20 BAUER, W. A Greek   —  English Lexicon of the New  Testament. The University oi Chicago Press. U.S.A. 21 RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Lingüística  do Novo Testamento Grego. Edições Vida Nova, São Paulo — SP, 1985. 22 TAYLOR, William Carey. Dicionário do Novo Testamento  Grego. JUERP, Rio de Janeiro — RJ, 1983. 23 ROBERTSON, Archibald Thomas. Robertsons New  Testament Word Pictures. Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília —  DF, 1999.

APÊNDICE B

Satanás e o Pecado não Devem Ser Subestimados Vimos que o ensino que exalta o poder de Satanás em relação aos crentes é extremista e anti-bíblico. Por outro lado, aqueles que acham que Satanás e o pecado já não são mais problema para os cristãos caem no mesmo erro. O argumento levantado por muitos pode ser dito da seguinte forma: "Se Satanás e o pecado já foram destruídos, então não teremos mais problemas com eles" (Hb 2.14; Rm 6.6). Esse é um pensamento equivocado e perigoso. Ele é fruto de uma má compreensão daquilo que as Escrituras dizem sobre esse assunto. Na guerra espiritual, essa falta de entendimento acerca da verdadeira natureza do pecado, bem como acerca da missão de Satanás em atacar aos crentes, costuma ser decisivo nas batalhas. Não há a menor chance para quem não tiver um correto discernimento sobre esse assunto. Eles não devem ser subestimados. Devemos ter uma correta compreensão sobre isso. Em primeiro lugar, vejamos as passagens das Escrituras Sagradas que falam sobre esse assunto, conforme elas aparecem na versão de Almeida Revista e Atualizada: a) "Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" (Hb 2.14, ARA). b) "Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6, ARA). É importante conhecermos o que a teologia bíblica diz acerca de Satanás e do pecado. Sendo que o texto original grego usa o verbo katargeo  para se referir tanto a "destruição" de Satanás como a do pecado, farei uma exegese bíblica que analise ao mesmo tempo a natureza do pecado, bem como a atuação de Satanás neste mundo. Primeiramente vejamos o que as Escrituras revelam acerca do pecado. Do ponto de vista de Deus, o velho homem (a natureza adâmica) já foi crucificado com Cristo. Estamos identificados com Cristo através de sua morte e ressurreição. O que o Senhor devia fazer com a nossa natureza terrena Ele já o fez. Ele a colocou sobre Cristo Jesus.

Deus através da obra expiatória de Cristo Jesus destronou a nossa natureza pecaminosa. A palavra grega katargeo  traduzida como "destruir" significa "tornar inoperante, fazer como se não mais existisse, anular. Tanto em Romanos 6.6, como em Gaiatas 5.24, Paulo ao se referir à crucificação do velho homem usa o verbo grego no tempo aoristo. O aoristo significa que a ação já foi completada de uma vez por todas. Em outras palavras, Paulo está afirmando que do ponto de vista de Deus a questão em relação à antiga natureza já foi resolvida — Ele a crucificou juntamente com Cristo. A Bíblia revela que estamos identificados com Cristo através de sua morte e ressurreição. Observe estes textos: "Sabendo isto: que foi crucificado [a palavra 'crucificado' no aoristo, significa que isso de fato já ocorreu] com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos" (Rm 6.6, ARA). "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, (a palavra condenação aqui neste texto refere-se ao jugo do pecado) que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito" (Rm 8.1). "Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, [a palavra 'despojar' está no aoristo, significando: 'considerem-se despojados'] que se corrompe segundo as concupiscências do engano" (Ef 4.22, ARA). "Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes ['despistes' está no aoristo - 'despistes de uma vez por todas'. Isto já aconteceu quando fomos crucificados com Cristo] do velho homem com os seus feitos" (Cl 3.9). "E os que são de Cristo Jesus crucificaram [aqui mais uma vez a palavra 'crucificaram' está no aoristo, significando que isso  já aconteceu. Quando? Na cruz do calvário onde fomos crucificados com Cristo] a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gl 5.24). "Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria" (Cl 3.5). Neste último texto a expressão "fazei, pois, morrer", nekrosate  no original grego, está no aoristo e segundo F.F. Bruce,

erudito em grego, deve ser traduzida como em Romanos 6.11, isto é: "Considerem como morta". O Senhor destronou a natureza pecaminosa (Rm 6.6), mas esse destronar não significa que não venhamos a ter problemas com a velha natureza, pois o que o Senhor fez foi retirar o seu poder e o domínio que ela exercia sobre nós. A palavra grega para "destruir" em Romanos 6.6 é a mesma em Hebreus 2.14, onde é dito que Cristo através de sua morte destruiu (gr. Katargeo)  o Diabo. Satanás foi de fato destruído, no sentido de ser aniquilado? A resposta é  não, pois, o Diabo continua existindo e tentando (1 Co 7.5,1 Ts 3.5,1 Pe 5.8). O que Deus fez em Cristo Jesus foi "destronar", anular o poder do Diabo em relação ao cristão. Satanás não pode mais dominar o crente em Jesus. Em Colossenses 1.13, Paulo afirma que "Ele [Deus] nos libertou do império das trevas", ou seja, fomos de fato libertado do domínio e do poder do Diabo. O verbo rhuomai  (libertou) está no aoristo significando que essa nossa libertação aconteceu de forma completa e de uma vez por todas na cruz do calvário, isso é um fato consumado. E por isso que o crente agora pode resistir ao Diabo (Tg 4.7). Estas Escrituras nos mostram que tanto Satanás como nossa antiga natureza continuarão querendo o seu antigo lugar em nossas vidas, mas não somos mais obrigados a obedecer-lhes. "Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer" (Gl 5.17, ARA). A palavra "milita" traduz o vocábulo grego epitumei  que significa "desejar". Esta palavra no original está no tempo presente, o qual indica uma ação contínua ou habitual. Em palavras mais simples, a carne tem o hábito de desejar aquilo que é contrário ao Espírito, e isto ela o faz diariamente. Ora, se o Senhor tirou todo o poder que a antiga natureza, o velho homem tinha sobre mim, mas ela ainda continua existindo e reivindicando o seu antigo território, cabe ao crente através do Espírito Santo não permitir que isso venha a acontecer. Existe a nossa parte na santificação. Devemos nos considerar mortos para o pecado (ou seja, para a antiga natureza). A palavra grega logizomai, "considerar" (Rm 6.11), significa "ter isso como um fato", isto é, de fato isto já aconteceu. Não é uma simples teoria ou um mero assentimento mental. Somos informados pela erudição bíblica que "essa palavra refere-se a um fato e não a uma suposição".1 Em Cristo Jesus o nosso velho homem foi destronado de fato. Vejamos mais dois textos das Escrituras: "Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-

vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação". Quando Paulo fala em "nem ofereçais cada um os membros" (Rm 6.13a), ele usa o verbo grego no tempo presente, mostrando a necessidade de uma ação habitual, no sentido de interromper o elo com o passado. Mas no mesmo versículo 13, parte b, e no versículo 19 do mesmo capítulo, Paulo usa a palavra "ofereceis" no tempo aoristo, mostrando que essa entrega a Deus deve ser feita definitivamente, de uma vez por todas: "O presente imperativo anterior (Rm 13a.) pede a descontinuação da ação. O imperativo aoristo (Rm 6.13b,19) pede uma nova ação, como uma ruptura decisiva com o passado" 2 Essa maravilhosa obra de Cristo jamais se tornará uma realidade em nossas vidas sem a ação do Espírito Santo. Cabe a nós permitirmos que o Espírito Santo operacionalize em nossas vidas a obra de Cristo Jesus. "Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8.2). Observemos que a palavra "livrou" (gr. Eleutherosen)  está no tempo aoristo, significando que essa libertação já é um fato consumado. Em Cristo Jesus, através de sua morte e ressurreição, e pela obra santificadora do Espírito Santo em nossas vidas, nós somos libertos do poder do pecado e da morte. Qualquer tentativa de santificação sem a atuação do Espírito Santo é vã. Agostinho, bispo de Hipona, ilustrou isso muito bem: Mas, quando não há intervenção do Espírito Santo, inspirando, em lugar da má cobiça, a boa cobiça, ou seja, a caridade que ele difunde em nosso coração, a mesma Lei, embora boa, aumenta o mau desejo pela proibição. Assim acontece à semelhança do ímpeto da água, que, se flui para um lado, torna-se mais impetuosa quando surge um obstáculo; vencido este se precipita com maior volume e impetuosidade pela vertente. Desse modo, se torna mais agradável o que se cobiça pelo fato de ser proibido. É isso que disfarça o pecado mediante o preceito e, por seu intermédio, mata quando sobrevém a transgressão, a qual não existe onde não há lei (Rm 4.15). 3

Como a carne continua reivindicando o seu antigo espaço em nossas vidas, cabe a nós "amortecer, mortificar" através do Espírito Santo, os feitos do corpo (1 Ts 4.3; 1 Co 6.18). "Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se, pelo Espírito, mortificardes  as obras do corpo, vivereis" (Rm 8.13,

grifo do autor). A palavra "mortificardes" no original está no tempo presente, que, como já sabemos, se refere a uma ação habitual, significando que a carne ainda quer continuar a reinar, embora não tenha mais direito quanto a isso. Isto mostra que a santificação do crente é um processo. Este texto nos revela alguns detalhes interessantes: embora a carne esteja destronada, ela ainda continua querendo conquistar o seu antigo domínio, como já dissemos, cabe ao crente permitir ao Espírito Santo mortificar (amortecer) a ação da antiga natureza. "Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne". A palavra "andai" no original está no tempo presente, significando que esse andar no Espírito deve ser contínuo ou habitual" (Gl 5.16). "E vos revestistes  do novo homem que se refaz  para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Cl 3.10, ARA, grifos do autor). A palavra "revestistes" é um particípio aoristo no texto grego, e é mais bem traduzida como: "Tendo-vos revestidos do novo homem". Em palavras mais simples, no momento em que recebemos a Cristo como nosso Salvador, nos revestimos do novo homem, pois, em Cristo Jesus somos nova criatura (2 Co 5.17). Esse é o primeiro passo no processo posicionalmente em Cristo; do ponto de vista de Deus, somos uma nova criação. Mas por outro lado, a expressão "se refaz" (gr. anakainoumenon)  traduzida também como "renovar, tornar novo" está no tempo presente, e significa "que está sempre sendo renovado".4Em outras palavras, o crente já está revestido do novo homem (a santificação como um estado), mas por outro lado ele deve se renovar diariamente (a santificação como um processo).  Tudo o que foi dito até aqui, visa a dar ao crente uma compreensão bíblica acerca da ação de Satanás e também do poder que o velho homem ainda exerce em sua vida. Quanto mais conhecimento os valentes de Deus tiverem de sua Palavra, mais aptos a vencerem a guerra eles estarão.

Notas 1 Bíblia On Line. Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília - DF, 1999. 2 RIENECKER, Fritz &. ROGERS, Cleon. Chave Linguística  do Novo Testamento Grego. Edições Vida Nova, São Paulo - SP,

1985. AGOSTINHO, Santo. A Graça, volume I. Editora Paulus, São Paulo - SP. 4 RIENECKER, Fritz & ROGERS, Cleon. Chave Lingüística do  Novo Testamento Grego. Edições Vida Nova, São Paulo - SP, 1985. 3

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF