Jolande Jacobi - Complexo,Arquétipo e Símbolo

February 13, 2017 | Author: Derick Sulivan Laureano | Category: N/A
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JOLANDE

JACOBI

COMPLEXO ARQUÉTIPO SÍMBOLO na Psicologia de C. G. Jung

Com prefácio de C. G. Jung e 5 ilustrações

Tradução MARGIT MARTINCIC

~~ ~ EDITORA CULTRIX São Paulo

Título do original: Komplex Archetypus Symbol

in der Psychologie C. G. Jungs

©

Copyright

1957 by Rascher & Cie. AG., Zurique

SUMÁRIO

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Prefáciode C. G. Jung

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COMPLEXO, ARQUÉTIPO,

SÍMBOLO

Introdução

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COMPLEXO

Os agrupamentos de idéias de acento emocional no incopsciente, 16. Autonomia dos complexos, 19. Da fenomenologia do complexo, 23. A diferença entre a concepção de Jung e a de Freud, 27. Sobre os dois tipos de comple· xos, 29. Os complexos fazem parte da estrutura básica da psique, 32. Neuroses e psicoses,34.

UNISINOS Biblioteca

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o ARQUÉTIPO

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Direitos reservados EDITORA CULTRIX LTDA. Rua Dr. Mário Vicente, 374 ·04270 - São Paulo, SP - Fone: 272-1399 Impresso em nossas oficinas grdficas.

Da natureza do arquétipo, 37. O desenvolvimento histórico do conceito de arquétipo de Jung, 38. Arquétipo, instinto e estrutura cerebral, 41. O aspecto biológico do arquétipo, 43. Compreensão realista e simbólica, 50. O arquétipo e a idéia platônica, 52 Os arquétipos não são imagens herdadas, 53. O arquétipo e a gestalt, 55. Hierarquia dos arquétipos, 57. Sobre o inconsciente coletivo, 60. Arquétipo e sincronicidade, 62. Arquétipo e consciente, 66. Um sonho como exemplo, 69.

51MBOLO

Arquétipo e símbolo, 72. Que é um símbolo?, 74. Símbolo e signo, 76. O símbolo segundo Freud e Jung, 83. O símbolo como mediador, 88. O símbolo como transfonnador de

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37

e

energia, 92. Símbolos individuais e coletivos, 95. O "eu" entre o consciente coletivo e o inconsciente coletivo, 100. Os símbolos do processo de individuação, 102. A capacidade da psique para transformar os símbolos, 104. Resumo, 106.

II

ARQuETIPO E SONHO Introdução O sonho do "bich()-papão", 122 O duplo aspecto do animal, 125. O dragão e a serpente, 127. O chifre, 131. A serpente com chifres, 132. Espetar e devorar, 134. O duplo aspecto psicológico, 136. Os animais pequenos, 138. O vapor azul, 140. Os quatro, 144. Um e quatro, 147. Ore. nascimento, 151. A viagem marítima noturna, 155. Observaçõesfmais, 164.

ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES

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1. Exorcismo dos complexos no século XVII. Xilogravura de 1648, Museu Germânico, Nuremberg.

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2. Noite, sono, morte e sonho. Xilogravura de V. Cartari "Le imagini de i Dei de gli Antichi", Lyon, 1581.

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3. A serpente como símbolo da evolução do tempo. Xilogravura de Ch. Cotterus Silesius "Lux in tenebris", 1657.

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4.

Jonas escapa do peixe. Guache persa da antiga escola timúrida (ao redor do século XIV), Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque. 5. O Uroboros. Fôrma de madeira (de padaria) de St. Gallen, Museu de Ciências Naturais e de Etnologia, Base!.

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PREFÁCIO

o problema de que trata este escrito tem-me ocupado um longo tempo. Faz agora exatamente cinqüenta anos que, graças aos resultados da experimentação associativa, cheguei a reconhecer o papel dos complexos na vida do consciente . .o que mais me impressionou, nesse fato, foi a singular autonomia de que os complexos desfrutam perante os outros conteúdos do consciente. Diferentes destes, que estão subordinados ao controle da vontade e vêm ou vão segundo ela, os complexos ou se impõem ao consciente, rompendo a sua influência inibidora, ou se subtraem" tão repentina quanto obstinadamente, à interlção' d'e forçá-los á se reproduzirem. Os complexos têm caráter não apenas obsessivo, mas muitas vezes francamente possessivo, motivandõ erros de memória e de juízo e tOcÍos os tipos de gafes aborrecidas, ridículas e traiçoeiras. Eles contrariam a capacidade de adaptação do consciente. Não foi difícil perceber que os complexos devem a sua relativa autonomia à sua natureza emocional, visto que as suas manifestaçõeL baseiam-se numa porção de associações aglomeradas em torno de um centro carregado de agitação. Essa emoção central revelou ser, na maioria dos casos, uma aquisição individual e, por isso, é assunto exclusivamente pessoal. Com- a experiência crescente, comprovou.se, no entanto, não serem os complexos ilimitadamente variáveis, mas pertencerem quase sempre a determinadas categorias, que aos poucos receberam depois as denOminações já tão popularmente conhecidas hoje, como, por exemplo, c~mplexo de inferioridade, de autoridade, de Édipo, d~ med(J, e outras. Ia o próprio fato da existência de 'tipos de complexos bem caracterizados e reconhecíveis indica que eles se baseiam em fundamentos típicos corres9

pondentes, isto é, em prontidões emocionais, respectivamente instintos. No ser humano, os instintos manifeStam-se em imaginações fantasistas, atitudes e atos irrefletidos e involuntários, que, por um lado, mantêm uma mútua harmonia interna e, por outro, são idênticos às reações instintivas do homo sapiens. Eles têm um aspecto dinâmico e outro formal. O último se expressa, entre outras coisas, nas imaginações fantasistas que, tal como se esperava, podem ser constatadas, pela sua surpreendente semelhança, em toda parte e em todos os tempos. Tais imaginações, da mesma forma que os impulsos, têm caráter relativamente autônomo, isto é, são numinosas e, por conseguinte, encontram-se, com freqüência maior, na esfera das imagi. nações numinosas, isto é, religiosas. Para esse aspecto formal do instinto, escolhi, por motivos que não vêm ao caso, a denominação "arquétipo". Nesta obra, a dra. Jolande Jacobi incumbiu-se da tarefa de expor a significativa relação que há entre o complexo individual e o instinto arquetípico universal, por um lado, e a relação entre este e o símbolo, por outro. O seu trabalho destinava-se, no início, a ser uma contribuição ao meu livro Das raizes do consciente, contudo não era mais possível incluí-Io na coletânea dos meus artigos, pois teria aumentado, além do admissível, o volume do livro. Lamento muito a necessidade dessa decisão, ainda mais porque o presente trabalho da notável autora parece-me muito oportuno, visto que a noção de "arquétipo" dá lugar aos maiores mal-entendidos e parece ser muito difícil de entender, a dar-se crédito à crítica desaprovadora. Quem tiver então dúvidas em relação a esse termo, poderá buscar esclarecê-Ias na presente obra, que recorre também parcialmente a outras obras pertinentes. Com poucas exceções, os meus críticos não costumam dar-se ao trabalho de consultar atentamente o que a respeito tenho para apresentar, mas me imputam, entre outras coisas, a opinião de que o arquétipo seria uma imaginação congênita. O preconceito parece ser mais cômodo do que a verdade. Espero também que, nesse sentido, os esforços da autora possam contribuir para o esclarecimento, tanto mais que as exposições teóricas da primeira parte são elucidadas na segunda com exemplos de como o arquétipo se manifesta e atua. Sinto-me muito grato à dra. Jolande Jacobi por ter-me poupado o trabalho de remeter os leitores repetidamente à minha própria literatura. Fevereiro, 1956 C. G. Jung

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COMPLEXO ARQUETIPO SIMBOLO

o homem não nasceu para solucionar os problemas do mundo, mas para procurar onde começa o problema, a fim de manter~e depois dentro do limite do compreensível. (Goethe, Ccnvenações com Eckermann, em 12 de outubro de 1825.)

INTRODUÇÃO

''4 fé confirma todas as coisas, Sem ela, pouco valor têm arte e a;uda. Mas vem, vamos experimentar isso Na minha cozinha de alquimia Onde ergui o alambique. Vem e dá-me a tua cabeça e não tenhas medo. Dentro em pouco veremos Subir com todo (mpeto os vapores, Cheios de mil maluquices

Que percebo bem dentro de ti. Oba! Eles jd vêm subindo! Epa! Que mutucas, que moscas! Que lixo há em tua cobeçal Ó caldeirão abagunçado de ignorante, Realmente dás·me mais que fazer Que toda uma floresta apinhada de mon Se eu te livrar dessa dol!7lÇa, Bem poderás proclamar-me um mestre. '

Vivemos numa era de babellingüística. Isso é válido em especial para a psicologia, ramo mais novo da árvore das ciências, e mais ainda para uma das suas ramificações, que chamamos Psicologia profunda.1 Com o desdobramento das ciências em inúmeras especializações, o vocabulário disponível não conseguiu manter mais o passo com o processo diferencial da formação de conceitos e, mesmo dentro de matérias aparentadas, surgiram repentinamente dificuldades intransponíveis de ordem terminológica, que criam sempre novos mal-entendidos. Comprometida com as ciências naturais do mesmo modo que com as espirituais, a Psicologia profunda também não evoluiu ainda no sentido de uma terminologia própria e adequada e, desse modo, a sua matriz está repleta de "forasteiros". Por inúmeros motivos, lhe é vedado, de antemão, aquilo que é possível e oferecido na física e na matemática e aquilo que intentam os positivistas ou

nustração 1 Exorcismo dos Ccmple:xos no Século XVII Representação de uma fornalha, por meio da qual expulsam~e os "grilos" da cabeça de um louco. Xilogravura de 1648. (Panfleto escarnecendo dos processos aplicados pelos médicos. Nuremberg, Museu Germânico.)

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1. Rigorosamente falando, denomina~e "psicologia profunda" apenas a "psicanálise" de Freud e a "psicologia complexa", a saber, a "psicologia analítica" de Jung. Esse tenno, porém, é usado também na linguagem geral de todos aqueles movimentos que, ~~s seus trabalhos teóricos e práticos, utilizam também a hipótese do chamado InConsciente", fora do seu aspecto médico-terapêutico.

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logistas no domínio da fIlosofia:2 a criação de uma linguagem "intersubjetiva", composta de símbolos verbais de sentido imutável. Além de ter que "limpar" o seu mundo conceitual dos remanescentes superdeterminantes da herança da mitologia e da antiga promiscuidade desta com a fIlosofia, a história das religi
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