João Pernambuco

September 25, 2017 | Author: Lucas Smaniotto Navasconi | Category: Rio De Janeiro
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Jose de Souza Leal Artur Luiz Barbosa

MEC/FUNARTE

CNDA

JOAO PERNAMBUCO Arte de urn povo

Ministra da Educa9ao e Cultura

Esther Figueiredo Fe"az Secretario da Cultura

Marcos Vinicios Vifara Presidente do CNDA

Jose Carlos Costa Netto Fund~ao Nacional de Arte Diretora-Executiva

Maria Edmea Saldanha de Arruda Falcao lnstituto Nacional de Musica Dire tor

Edino Krieger Diretor-Adjunto da Divisao de Musica Popular

Hermfnio Bello de Carvalho

Monografia vencedora do concurso sobre a vida e obra do compositor Joiio Pernambuco promovido pela Consultoria para Projetos Especiais, atual Divisilo de Musica Popular/INM da Funarte. Comissilo Julgadora: Ary Vasconcelos, Paulo Tapajos, Tdrik de Souza, Lygia Santos, Ana Maria Bahiana e Albino Pinheiro.

Cole9~o

MPB-6

JOAO PERNAMBUCO Arte de urn povo Jose de Souza Leal Artur Luiz Barbosa

Edi9ilo FUNARTE, 1982

Projeto gnifico e produ9ao Departamento de Editoraplo da Funarte

LEAL, Jose de Souza & BARBOSA, Artur Luiz. Joiio Pernambuco, arte de um povo. Rio de Janeiro. Funarte, 1982. 72p., il. (Cole9ao MPB, 6). I. Guimaraes, Joao Teixeira - Biografia. 2. Compositor popular - Brasil. 3. Milsica popular - Brasil. 4. Violonista. I. Barbosa, Artur Luiz, colab. II. &hie. III. Titulo.

CDU 78.071.1(81) Ficha catalografica preparada pelo Centro de Documenta-lf/1/a--~

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0 reconhecimento de Patativa do Norte (Augusto Calheiros).

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Joiio Pernambuco sempre viveu entre amigos, levando uma vida simples e humilde em meio a muita musica e violiio. Teresbpolis, 1924.

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A primeira controversia: Caboca di Caxanga ''Quando COffle(:aVa minha obra poetica mais importante apareceu-me o Joiio Pernambuco, que vinha do norte e que, soube tocar muito bern o viol&J, me trouxe urn vocabultirio ainda niio pervertido pela lfngua culta''.

oao Pernambuco, ferreiro de profissao, pobre e analfabeto por condi~ao, aprendera a conquistar melhores condi~6es de vida por suas pr6prias rnaos e essas mesmas rnaos responderam asensibilidade de seu cora~ao, captando a genialidade das esquinas e das ruas que foram sua grande escola, tornando-se sfntese de toda a for~a de cria~ao embotada no seio de seu povo. Oaf toda sua naturalidade e espontaneidade ao exprimir as qualidades de instrumentista (violonista), musico e compositor. Naturalidade e espontaneidade porque tudo passava por ele mas nao era dele. Por assim sentir e que Joao Pernambuco procurava dar a todos o que era para todos e entendia que era assim que devia receber. Foi assim no sertao pernambucano, no Recife e no Rio de Janeiro. Mas as coisas por aqui eram diferentes; como foi dito anteriormente, o processo de comercializa~ao da m6sica era crescente, aliado a sede de proje~o social tao comum nos intelectuais da classe media da qual Joao Pernambuco foi alvo mas nao presa flicil. E dentro deste quadro que Joao Pernambuco encontra verdadeiros amigos como Patricio Teixeira, seu conterraneo Quincas Laranjeira, Satiro Bilhar, Rogerio Guimaraes (violonista canhoto, falecido durante a realiz~ao deste trabalho ), Caninha, etc. Porem houve quem com ele convivesse, como Catulo da Paixao Cearense, e lhe trouxesse grandes dissabores. No ano de 1913 e composta a musica que iria se transformar na primeira controversia entre Joao Pernambuco e Catulo da Paixao Cearense. Trata-se de Caboca di Caxangd, grande sucesso no Carnaval de 1914, interpretada pelo Grupo Caxanga em suas apari~es publicas. Esta obra foi registrada em nome de Catulo da Paixao Cearense mas, segundo pessoas que mantiveram rela~ao com Joao Pernambuco, a milsica seria deste e Catulo teria feito apenas a letra. Em 1930 a autoria de Caboca di Caxangd passa a ser discutida como parte integrante de urn processo movido por Martins Guimaraes (Jose Martins de Moraes Guimaraes, cessionario das obras de Catulo ), contra o maestro Heitor Villa-Lobos sob a acusa~ao de que este harrnonizara sem autoriza~ao e vendera ilicitamente a propriedade comercial desta musica e mais Charas n9 10, com subtitulo de Rasga cora(:iio (de autoria de Catulo da Paixlro Cearense e Anacleto

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de Medeiros) e Tu passaste par este jardim, letra de Catulo e musica de Alfredo Dutra, as Editions Max Eschig, de Paris. Tal questlro e tratada por Carlos Maul em seu livro intitulado A gloria escandalosa de Heitor VillaLobos (Livraria Imperio Editora, 1960). Em resposta as noticias veiculadas no Boletim da SBAT de maio-junho de 1954, e publicado neste livro urn documento datado de 17 de abril de 1953 dando o parecer de cinco professores catedraticos da Escola Nacional de M6sica da Universidade do Brasil, no qual consta: ". . . que o tema e as palavras da can~ao brasileira "Caboca di Caxanga", harrnonizada por Heitor Villa-Lobos e edit ada pe1as "Editions Max Eschig", de Paris, sao, como a propria partitura indica, de autoria de Catulo da Paixao Cearense, tendo sido empregado o mesmo compasso e substituida a tonalidade original". Carlos Maul tece comentarios sobre a contesta~ao do maestro Villa-Lobos: " que de inicio cumpria salientar que Catulo nao era o autor das musicas das duas primeiras can~6es referidas ("Tu Passaste por este Jardim" e Rasga Cora~ao"), mas apenas de suas letras, pois como reconhece o proprio autor, tais musicas eram de Anacleto de Medeiros e de Alfredo Dutra, verificando-se o mesmo em relayffo a ultima (Caboca di Caxanga), baseada em urna melodia popular do Nordeste, atribuida a urn seresteiro local, de nome Joao Pernambuco; que ademais Catulo nunca fora compositor musical, necessitando sempre de uma milsica pre-existente para sobre ela formular os seus versos; que deste modo, em rela~ao a tais musicas, nenhum direito autoral nem qualquer outra providencia pode tomar o autor, uma vez que e apenas cessionario das obras de Catulo; que, mais ainda, em rela~ao a can~ao "Caboca di Caxanga", os direitos autorais de Catulo sobre ela, antes da cessao feita ao autor, ja h
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