IX - Carga Térmica
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Climatização
IX - Carga Térmica
Vimos anteriormente que o condicionamento completo do ar compreende aquecimento, refrigeração, umidificação e desumidificação, circulação e filtragem do ar. A carga de condicionamento de ar é afetada por uma série de fatores complexos, tais como:
•
transmissão de calor;
•
irradiação solar;
pessoas;
•
•
iluminação e equipamentos elétricos;
•
ventilação e infiltração do ar;
mercadorias;
•
diversos.
•
Carga térmica Dá-se o nome de carga térmica de uma instalação de ar condicionado a quantidade de calor que, por unidade de tempo, deverá ser fornecida (inverno) ou retirada (verão) do ar a ser introduzido nos ambientes beneficiados, a fim de que mantenha-se as condições pré fixadas de projeto, segundo as diferentes necessidades já estudadas de antemão. Para que o projeto e instalação do sistema de ar condicionado seja realmente condizente com as necessidades do mesmo, é primordial que sejam caracterizados inicialmente inicialmente os seguintes elementos: 1. carga térmica de aquecimento aquecimento (inverno); (inverno); 2. carga térmica de refrigeração (verão).
Carga Térmica
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Climatização
Dividimos a carga térmica em duas partes: a primeira como sendo do ambiente, abrangendo todas as cargas que ocorrem dentro do mesmo e a segundo como sendo total, abrangendo a carga térmica do ambiente mais aquela gerado pelo ar externo. Calor sensível
É a quantidade de calor que se acrescenta ou se retira de um corpo e que pode ser medido por mudança de temperatura. Calor latente
É a quantidade de calor que se acrescenta ou se retira de um corpo e que causa sua mudança de estado. Fontes de calor externo
As fontes de calor mais consideráveis originam-se no meio exterior e atingem o ambiente condicionado devido aos seguintes fatores: •
•
•
ganho de calor devido ao ar externo; ganho de calor devido a penetração por condução através de janelas, paredes, divisões, tetos, telhados; insolação (radiação solar) através de janelas, janelas, clarabóias, clarabóias, paredes, paredes, portas portas externas externas e telhados.
Fontes de calor interno
As fontes de calor interno a ambientes condicionados são principalmente: pessoas; iluminação; motores elétricos; dissipação de calor por equipamentos; equipamentos ; cargas especiais.
•
•
•
•
•
O calor proveniente de pessoas em atividade ou não constitui-se em fontes de calor sensível e latente.
Cálculo de carga térmica – verão
As partes integrantes que serão analisadas, sob o ponto de vista de carga térmica são: 108
Carga Térmica
Climatização
Dividimos a carga térmica em duas partes: a primeira como sendo do ambiente, abrangendo todas as cargas que ocorrem dentro do mesmo e a segundo como sendo total, abrangendo a carga térmica do ambiente mais aquela gerado pelo ar externo. Calor sensível
É a quantidade de calor que se acrescenta ou se retira de um corpo e que pode ser medido por mudança de temperatura. Calor latente
É a quantidade de calor que se acrescenta ou se retira de um corpo e que causa sua mudança de estado. Fontes de calor externo
As fontes de calor mais consideráveis originam-se no meio exterior e atingem o ambiente condicionado devido aos seguintes fatores: •
•
•
ganho de calor devido ao ar externo; ganho de calor devido a penetração por condução através de janelas, paredes, divisões, tetos, telhados; insolação (radiação solar) através de janelas, janelas, clarabóias, clarabóias, paredes, paredes, portas portas externas externas e telhados.
Fontes de calor interno
As fontes de calor interno a ambientes condicionados são principalmente: pessoas; iluminação; motores elétricos; dissipação de calor por equipamentos; equipamentos ; cargas especiais.
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O calor proveniente de pessoas em atividade ou não constitui-se em fontes de calor sensível e latente.
Cálculo de carga térmica – verão
As partes integrantes que serão analisadas, sob o ponto de vista de carga térmica são: 108
Carga Térmica
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1. carga devido devido a transmissão de paredes, paredes, pisos e tetos; 2. carga devido a insolação; 3. carga devido a pessoas; 4. carga devido a luzes, iluminação; 5. carga devido a motores elétricos; 6. carga devido a aparelhos e equipamentos equipamento s diversos; 7. carga devido a ventilação; 8. carga devido a infiltração.
Carga Térmica Exterior Transmissão de Calor - ao conjunto de fenômenos que caracterizam a tendência do desaparecimento desaparecimento diferencial de temperatura existente entre duas regiões do espaço, com temperaturas diferentes, denominamos transmissão de calor.
E1
E2
E1
T1
T2
T1
Fluxo Térmico
T1 > T2
E2
T2
T1 = T2
Figura 9.1 - Exemplo do fenômeno transferência de calor A transmissão efetua-se de maneira distinta entre 3 formas designadas por condução, convecção e radiação, cada uma delas obedecendo à leis próprias, embora admitam em comum, as duas características seguintes: seguintes: 1. Necessidade de um diferencial de temperatura temperatur a entre duas regiões; 2. O fluxo térmico térmico verifica-se sempre no sentido de temperaturas decrescentes.
Fluxo de Calor A quantidade de calor trocada na unidade de tempo Q [Kcal/h], em qualquer um dos processos de transmissão de calor citados, recebe o nome de fluxo de calor. O fluxo de
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calor através de uma parede que separa dois espaços a temperaturas diferentes depende de 3 fatores: 1. a área da parede; 2. a diferença de temperatura temperatu ra de dois espaços; 3. as propriedades de condutividade de calor da parede. Quanto maior for a área da parede, maior será a quantidade de calor que ela produz. Uma parede de 200m 2 de área, conduzirá o dobro do calor de uma parede de 100m 2. No que diz respeito ao segundo fator, suponhamos que a diferença nas temperaturas dos dois espaços seja 25ºC. Uma certa quantidade de calor sensível passará através da parede. Se a diferença das temperaturas aumentar para 50ºC, o fluxo de calor será o dobro. Os princípios que se acabam de discutir não são válidos só para as paredes, mas também para janelas, telhados, e outras superfícies de edifícios. Estes princípios são resumidos do seguinte modo: O fluxo de calor através de qualquer superfície é diretamente proporcional a sua área. E ainda diretamente proporcional a diferença das temperaturas os espaços separados pela superfície. O terceiro fator é função do material da parede e da espessura. Serão usados os termos condução, convecção e coeficiente global de transferência de calor, ao discutir o fluxo de calor através de materiais de construção.
Condução
É do conhecimento conheciment o geral que a capacidade dos vários materiais para conduzir calor , difere consideravelmente. consideravelmente. Os melhores condutores de calor são os metais, os piores condutores (madeira, asbesto, gases, cortiça e feltro) são chamados de isolantes. A capacidade de uma substância para transmitir calor por condução é uma propriedade física do material específico. É chamada condutividade térmica (normalmente abreviado apenas por condutividade), o símbolo comum é K, a condutividade é a quantidade de calor em Kcal/h que flui através de uma peça de material homogêneo de um milímetro de espessura, com a área de um metro quadrado e quando a diferença de temperatura entre as faces é de um grau. Valores do K (condutibilidade térmica) para diversos materiais de construção podem ser vistos na tabela 9.1.
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Carga Térmica
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O calor transferido por condução através de um material homogêneo pode-se calcular pela seguinte equação. Q = K A (t2 -t1) / e Onde:
Q = Fluxo de calor [Kcal/h]; A = Área [m 2]; K = Condutividade térmica [ Kcal mm/h m 2 º C]; e = espessura [mm]; (t2 -t1) = Gradiente Gradiente de temperatura temperatura entre duas duas superfícies superfícies à distância [º C].
Convecção
Neste mecanismo envolvendo movimento de partículas macroscópicas que não ocorria no fenômeno da condução, prevalecem as forças da corrente fluida estando a convecção intimamente ligada à mecânica dos fluidos. De acordo com as forças que originam as correntes fluidas a convecção pode ser de dois tipos: 1. Convecção natural: quando a velocidade do fluido é devida às forças de empuxo (criada pela diferença de densidade, originada por diferença de temperatura na massa fluida). Este empuxo é normalmente denominado de empuxo térmico. 2. Convecção forçada: Quando o movimento da corrente fluida é devido a dispositivos dispositivo s mecânicos como bombas, ventiladores, exautores, agitadores mecânicos, etc. estes forçam o deslocamento deslocamento do fluido. fluido.
Carga Térmica
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Tabela 9.1 - Condutibilidade Térmica de Materiais de Construção:
W / m2°C
Material
Kcal / h m °C Kcal mm / h m 2 °C
Painéis para Construção Asbesto Cimento
0,574
0,495
495
Gesso de Paris
0,165
0,143
143
Forro
0,054
0,0471
47,1
Terra Seca
0,52
0,45
450
Materiais isolantes: Placas de Manta Fibras de lã Mineral
0,038
0,03344
33,44
Borracha Macia
0,012
0,010
10,00
Borracha Dura
0,013
0,011
11,00
Asfalto
0,062
0,053
53,00
Amianto
0,139
0,12
120,00
Feltro
0,070
0,0602
60,20
Fibra de Madeira
0,035
0,031
30,96
Cortiça
0,042
0,037
33,45
Fibra de Vidro
0,038
0,033
30,96
Lã de Rocha
0,048
0,042
42,00
Telhado
0,051
0,044
44,00
Lã Mineral
0,039
0,034
34,00
Lã de Vidro
0,039
0,034
34,00
Vermiculite
0,064
0,056
56,97
Materiais Isolantes: Materiais em Placa Gesso agregado de Areia
0,22
0,1892
189,20
Gesso agregado de Vermiculite
0,25
0,215
215,00
Placa de Cimento agregado de
0,718
0,619
619,00
0,28
0,240
240,00
Agregado leve em ripas metálicas
0,47
0,410
410,00
Concreto Geral
1,42
1,220
1220,00
Argamassa Cal
1,16
0,990
990,00
Argamassa de Cimento
0,72
0,620
619,00
0,24
0,210
210,53
Areia Agregado leve em ripas de madeira
Agregados leves: Cascalho expandido: Barro, Ardósia, Escória cinza, Pedra Pomes, Perlite, Vemiculite 112
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W / m2°C
Material Agregado de areia e cascalho ou
Kcal / h m °C Kcal mm / h m2 °C
1,723
1,486
1486
Estuque
0,72
0,62
620
Cimento Portland
0,29
0,25
250
Concreto com Escória
0,76
0,65
650
Concreto com Brita
1,37
1,18
1180
Agregado de Areia e Cascalho
0,905
0,780
780
Agregado de Cinza
0,582
0,502
502
Pedra Cal ou Areia
1,795
1,548
1548
Pedra
Tijolos: Tijolo de Barro Tijolo de Argila 1 furo (10 cm de
0,52
0,4472
447,2
0,69
0,5934
593,4
Tijolo Comum
0,72
0,62
619
Tijolo de Fase (liso)
1,29
1,11
1115
espessura) Tijolo de Argila 3 furos (30cm de espessura)
Tijolos: Tijolo de Bloco de Concreto Com 3 furos Ovais (20 cm de espessura)
1,0
0,86
860
1,1
0,946
946
0,6
0,516
516
0,57
0,576
576
Com 2 furos retangulares (20cm de espessura) Com 2 furos preenchidos (20 cm de espessura) Agregado com cinzas 3 furos (20 cm de espessura)
Tijolos: Tijolo Cerâmico (Baiano) Com 6 furos (10cm de espessura)
1,392
1,2
1200
Com 6 furos (15cm de espessura)
1,1368
0,98
980
Com 8 furos (15cm de espessura)
1,0788
0,93
930
Telhas Telhado Fibrocimento
0,406
0,35
350
Telha de Barro
0,72
0,62
620
0,509
0,439
439
0,612
0,528
528
Telha Oca de Barro, elemento de fundo Telha Oca 2 elementos de fundo
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W / m2°C
Material
Kcal / h m °C Kcal mm / h m2 °C
Material para Laterais Asbesto – cimento dobrado
0,16182
0,1395
139,5
Isolamento de Asfalto
0,0508
0,04381
43,81
Madeiras Madeira dura em geral
0,16
0,14
140
Madeira mole em geral
0,12
0,10
100
0,087
0,075
75
Madeira Compensada
0,115
0,0999
99,97
Fibra de madeira (tipo mole)
0,172
0,149
149
Fibra de madeira (tipo dura)
0,2006
0,173
173,36
0,06
0,05
50
0,03944
0,034
34
Madeira picotada / colada (Aglomerado)
Serragem Eucatex
Janela / vidro Vidro comum
0,78
0,68
680
Pires
1,4
1,2
1200
0,0560
0,0483
48,3
Vidro celular
Material de Acabamento Civil Mármore
2,80
2,41
2410
Granito
2,79
2,40
2400
Ladrilho Cerâmico (valor médio)
1,5
1,29
1290
Porcelana
1,03
0,89
890
Arenito
1,83
1,57
1570
206
179
179000
Ferro Fundido
33
28
28000
Aço
53
46
46000
Cobre
398
342
342000
Chumbo
16
14
1400
Zinco
114
97
9700
Níquel
92
79
79000
Estanho
64
55
55000
Metais Alumínio
Coeficientes de Película Ar interior
7 Kcal/h m2 º C
Ar Exterior (v = 6,7 m/s)
45 Kcal/h m2º C
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Lei de Newton
Durante investigações de calor em trânsito entre um fluido e uma superfície sólida, Peclet notou o aparecimento de uma resistência térmica superficial na película de fluido. Existindo a resistência aparecerá uma diferença de temperatura entre a massa de fluido em movimento e a superfície sólida. Este mecanismo é de grande importância tendo em vista a sua aplicação prática em trocadores de calor em geral.
Figura 9.2 -Transferência através de fluído e superfície sólida
Película
É a tendência que as superfícies tem de reter por adsorção uma camada parada de moléculas de fluido em contato com ela. A adsorção é a fixação de moléculas de uma substância (o adsorvato) na superfície de outra substância (o adsorvente). Haverá, portanto transmissão de calor do fluido1 (maior temperatura) para o fluido 2 (menor temperatura) através da superfície de separação. O equacionamento do fenômeno foi feito por Newton através de estudos experimentais e o seu princípio hoje é aceito como lei tendo em vista sua verificação prática. Segundo Newton o calor trocado entre um fluido e uma superfície sólida é proporcional a área de troca de calor ao tempo, a diferença de temperatura na película de fluido e um coeficiente, que é a função das características físicas, é de movimento do fluido. (Coeficiente de Película). Lei de Newton para transmissão de calor por convecção
Q = h. A. ∆t
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Onde:
Q = Razão de transferência de Calor; h = Coeficiente de Convecção ou de Película; A = Área de troca de Calor; ∆t = Queda de temperatura na película do fluido; ∆t = t1 - t2 (para o fluido 1); ∆t = t3 - t4 (para o fluido 2).
Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U)
Como foi demonstrado a transmissão de calor entre fluidos separados por uma superfície plana simples, pode ser calculada duas seguintes equações: Q=
Q=
t
∆
1 + e h1 . A
1
+ 1
1
k . A h2 . A
+
h1
e
+
k
A . ∆t
h1
+
e k
+
1 h2
1 h2
Onde:
Representa a soma de Resistências Térmicas por unidade de área. O inverso da Resistência Térmica por unidade de área é o Coeficiente Global de Transmissão de calor (U), para uma parede plana simples entre fluidos. U=
1 1 h1
+
e k
+
Kcal h. m2. º C
1
BTU h. ft2. º F
W m
h2
Ou seja:
Coeficiente Global de transmissão de Calor (U), para fluidos separados por uma superfície plana simples. (Parede). Desta forma a equação da transmissão de calor fica representada da seguinte forma: 116
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Q = U. A. ∆t Onde:
Q = Quantidade de Calor; ∆t = Diferencial de temperatura entre os fluidos (t 1 -t2); A = Área total de transmissão de calor; U = Coeficiente Global de transmissão de Calor; Exemplo
Uma parede de alvenaria é feita de blocos ocos de concretos de 200mm e de tijolos de 100mm. Os blocos são feitos de agregado de areia e cascalho. Entre os blocos e os tijolos existe argamassa de cimento com 13 mm de espessura. O acabamento interior da parede é de gesso (16mm de espessura) com agregado de vermiculite. Presuma-se que o vento é de 6,7 m/s. Qual é o valor de "U" para a parede? Solução
Ver na figura a seguir para o esboço desta parede. Prepare um quadro para resolver este problema e escreva nele cada item que ofereça resistência ao fluxo de calor. Os números dos itens no quadro eqüivalem aos indicados na parte inferior da figura 11. Quadro 9.1 – Cálculo da resistência total
Item
Descrição
Resistência
01 02 03 04 05 06
Película do ar interior, 1/f, 1/7 Gesso, x/K 16/210 Bloco, 1/C, 1/4.39 Argamassa x/K 13/619 Tijolo, x/K 100/1115 Película do ar exterior, 1/f 1/45.24 Resistência Total
0,142857 0,076190 0,227790 0,021002 0,089686 0,022104 0,579629
Carga Térmica
117
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Figura 9.3 - Parede de alvenaria do exemplo Quadro 9.2 – Itens da Figura
Item
Descrição
A
Argamassa de cimento de 13 mm
B
Bloco de concreto de 200 mm
C
Gesso 16 mm
D
Tijolos de 100 mm
E
Fluxo de calor
O coeficiente total de transferência de calor é o inverso da resistência total. Assim, U = 1/R U = 1/ 0,579629 U = 1,725241 Kcal/h. m^2 º C que pode ser arredondado para 1,73 Kcal/h m^2 º C
Ganho de calor por transmissão No presente apenas se discutirão os ganhos de calor devido a condução através das diferentes superfícies de um edifício. O efeito dos raios do sol nestas superfícies será discutido posteriormente. Assim, por hora, os ganhos de calor através das paredes serão considerados como se elas se encontrassem sempre na sombra. Só a área líquida de uma parede é usada no cálculo do ganho de calor. As áreas de todas as janelas deverão ser subtraídas da área bruta, isto dará a área líquida. O ganho de calor através de janelas são indicado separadamente. As portas, quando poucas, são normalmente consideradas como parte da parede, erro normalmente 118
Carga Térmica
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desprezível. Suponhamos, no entanto, que temos um grande número de portas nestas paredes, neste caso o ganho de calor através das portas deverá ser calculado separadamente, neste caso ainda, só se deve usar a área líquida das paredes, janelas e portas. Exemplo
Calcular a carga térmica (verão) que penetra por condução em um ambiente com as seguintes características:
Figura 9.4 - Exemplo de ambiente
Pé direito de forro a piso = 2,60m Pé direito de laje a piso = 2,80m Vidro comum com persianas Paredes comum média Temperatura interna = t1 = 24º C Temperatura externa = t2 = 32º C Forro Isolado com 1"de lã de vidro Piso não condicionado Localização: 20 andar de um edifício de 2 andares.
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119
Climatização
Tabela 9.2 – Coeficientes globais de transmissão de calor
Coeficiente
Valor
U piso
1,71 Kcal / h m2 º C
U forro isolado
1,02 Kcal / h m2 º C
U parede externa
1,61 Kcal / h m2 º C
U parede divisória
1,95 Kcal / h m2 º C
U vidro comum
5,37 Kcal / h m2 º C
Ganhos de calor por condução através das paredes externas. 1. Diferença de temperaturas, para o caso de estruturas que separam o meio condicionado do meio externo. ∆t
= t2 - t1
∆t
= 32 - 24
∆t
= 8º C
2. Cálculo da área líquida das paredes externas Atotal (paredes e vidros) = (10 + 7). 2,80 Atotal = 47,60 m2 Avidros (área só das janelas) = (2 . 1) + (3 . 2) Avidros = 8 m2 Aliquida (At - Av) = (47,60 - 8) Aliquida = 39,60 m2 3. U da parede externa = 1,61 Kcal / h m2 º C 4. Usando a equação Q = U . A . ∆t Qpe = 39,60 . 1,61 . 8 Qpe = 510,04 Kcal/h
120
Carga Térmica
Climatização
Ganho de calor por condução através dos vidros externos 1. Diferença de temperaturas ∆t
= t2 - t1
∆t
= 32 - 24
∆t
= 8º C
2. Avidros = 8 m2 3. U vidro comum = 5,37 Kcal / h m2 º C 4. Usando a equação Q = U . A . ∆t Qve = 8 . 5,37 . 8 Qve = 343,68 Kcal/h
Parede em divisória com ambiente vizinho não condicionado: 1. Diferença de temperaturas para estruturas em divisórias com ambientes não condicionados. ∆t'
= t'2 - t1
t'2 = t2 - 3º C t'2 = 32 - 3 t'2 = 29º C ∆t
= 29 - 24
∆t
= 5º C
2. cálculo de área líquida da parede, quando não existem janelas: Aliquida = 10 . 2,6 Aliquida = 26m2 3. Uparede divisória = Uporta = 1,95 Kcal / h m2 º C 4. d) Usando a equação Q = U . A . ∆t Qpd' = 26 . 1.95 . 5 Qpd' = 253,5 Kcal / h Carga Térmica
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Climatização
Parede em divisória com ambiente vizinho condicionado 1. Diferença de temperaturas para estruturas em divisórias com ambientes condicionados. ∆t"
= t"2 - t1
t"2 = Temperatura interna do ambiente vizinho ∆t
= 21 - 24
∆t
= -3º C
2. Cálculo de área líquida da parede, quando não existem janelas: Aliquida = 7 . 2,6 Aliquida = 18,2 m2 3. Uparede divisória = 1,95 Kcal / h m2 º C d) Usando a equação 5 Q = U . A . ∆t Qpd" = 18,2 . 1.95 . (-3) Qpd" = (-106,47) Kcal / h
Observação 1. Note que o fluxo de calor Qpd" se dá no sentido do ambiente condicionado em questão, ao ambiente vizinho que também é condicionado, porém a uma temperatura menor, Justificando portanto o sinal negativo do resultado. 2. Note também que se o ambiente vizinho fosse condicionado a mesma temperatura que o ambiente em questão, não haveria troca de calor, pois ∆t = 0, logo Q = 0.
Ganho de calor total através das paredes em divisórias Qpd = Qpd' +Qpd" Qpd = 253,5 + (-106,47) Qpd = 147,03 Kcal/h
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Carga Térmica
Climatização
Ganho de calor por condução através do piso 1. Diferença de temperaturas para estruturas em divisórias com ambientes não condicionados. ∆t'
= 2t' - t1
t'2 = t2 - 3º C t'2 = 32 - 3 t'2 = 29º C ∆t
= 29 - 24
∆t
= 5º C
2. Cálculo de área do piso Apiso = 7 . 10 Apiso = 70m2 3. Upiso = 1,71 Kcal / h m2 º C 4. Usando a equação Q = U . A . ∆t Qpiso = 70 . 1,71 . 5 Qpiso = 598,5 Kcal / h
Observação Neste caso se o pavimento fosse o pavimento térreo o ∆t = 0 (piso sobre a terra), e portanto o fluxo de calor Q = 0.
Ganho de calor por condução através do teto 1. Diferença de temperaturas para estruturas que separam o ambiente condicionado do meio externo. ∆t
= t2 - t1
t'2 = 32 - 24 t'2 = 8º C 2. cálculo de área líquida da parede, quando não existem janelas:
Carga Térmica
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Climatização
Ateto = 7 . 10 Ateto = 70m2 3. Uteto = 1,02 Kcal / h m2 º C 4. d) Usando a equação 5 Q = U . A . ∆t Qteto = 70 . 1,02 . 8 Qteto = 571,2 Kcal / h Quadro 9.3 - Ganho total de calor por transmissão
Fonte
Valor
Qpe
210,04 Kcal / h
Qve
343,68 Kcal / h
Qpd
147,03 Kcal / h
Qpiso
598,50 Kcal / h
Qteto
571,20 Kcal / h
Qtotal
2170,45 Kcal / h
Tabela 9.4 - Condições externas para verão (°C)
Cidades
TBS
TBU
Temperatura máxima
Macapá (AP)
34
28,5
34,7
Manaus (AM)
35
29,0
36,9
Santarém (PA)
35
28,5
37,3
Belém (PA)
33
27,0
34,9
| - Região Norte
124
Carga Térmica
Climatização
Cidades
TBS
TBU
Temperatura máxima
João Pessoa (PB)
32
26
-
São Luis (MA)
33
28
33,9
Parnaíba (PI)
34
28
35,2
Teresina (PI)
38
28
40,3
Fortaleza (CE)
32
26
32,4
Natal (RN)
32
27
32,7
Recife (PE)
32
26
32,6
Petrolina (PE)
36
25,5
38,4
Maceió (AL)
33
27
35,0
Salvador (BA)
32
26
33,6
Aracaju (SE)
32
26
-
Brasília (DF)
32
23,5
34,8
Goiânia (GO)
33
26
37,3
Cuiabá (MT)
36
27
39,0
Campo Grande (MT)
34
25
37,0
Ponta – Porã (MT)
32
26
35,8
Curitiba (PR)
30
23,5
33,3
Londrina (PR)
31
23,5
34,0
Foz do Iguaçu (PR)
34
27
38,0
Florianópolis (SC)
32
26
36,0
Joinville (SC)
32
26
36,0
Blumenau (SC)
32
26
36,0
Porto Alegre (RS)
34
26
39,0
Santa Maria (RS)
35
25,5
40,0
Rio grande (RS)
30
24,5
-
Pelotas (RS)
32
25,5
-
Caxias do Sul (RS)
29
22,0
-
Uruguaiana (RS)
34
25,5
-
|| - Região Nordeste
|V – Região Centro – Oeste
V – Região Sul
Carga Térmica
125
Climatização
Tabela 9.5 - Condições externas para inverno (6) Cidades
TBS (°C)
Umidade relativa (%)
Aracaju (SE)
20
78
Belém (PA)
20
80
Belo Horizonte (MG)
10
75
Blumenau (SC)
10
80
Boa Vista (RR)
21
80
Brasília (DF)
13
65
Caxias do Sul (RS)
0
90
Cuiabá (MT)
15
75
Curitiba (PR)
5
80
Florianópolis (SC)
10
80
Fortaleza (CE)
21
80
Goiânia (GO)
10
65
João Pessoa (PB)
20
77
Joinville (SC)
10
80
Macapá (AP)
21
80
Maceió (AL)
20
78
Manaus (AM)
22
80
Natal (RN)
19
80
Pelotas (RS)
5
80
Porto Alegre (RS)
8
80
Porto Velho (RO)
15
80
Recife (PE)
20
78
Rio Branco (AC)
15
80
Rio Grande (RS)
7
90
Rio de Janeiro (RJ)
16
78
Salvador (BA)
20
80
Santa Maria (RS)
3
80
São Luiz (MA)
20
80
São Paulo (SP)
10
70
Teresina (PI)
20
75
Uruguaiana (RS)
7
80
Vitória (ES)
18
78-
126
Carga Térmica
Climatização
Tabela 9.6 - Condições Internas para verão Recomendável Finalidade Local TBS (°C) UR (%)
Conforto
Lojas de Curto tempo de ocupação
Residências Hotéis Escritórios Escolas Bancos Barbearias Cabeleireiros Lojas Magazines Supermercados
Teatros Auditórios Ambientes Templos com grandes Cinemas cargas de Bares calor latente Lanchonetes e/ou sensível Restaurantes Bibliotecas Estúdios de TV Locais de Boates reuniões com Salões de Baile movimento Depósitos de livros, manuscritos, Ambientes de obras raras Arte Museus e galerias de artes Halls de Acesso elevadores
Máxima TBS (°C)
UR (%)
23 a 25
40 a 60
26,5
65
24 a 26
40 a 60
27
65
24 a 26
40 a 65
27
65
24 a26
40 a 65
27
65
21 a 23(c)
40 a 50(c)
–
–
21 a 23(c)
50 a 55(c)
–
–
–
–
28
70
Tabela 9.6 - Condições Internas para verão
TBS (ºC)
UR (%)
20 – 22
35 – 65
Ganho de Calor por Insolação Até aqui, nós discutimos transferência de calor sendo conduzida através de uma estrutura, onde tínhamos a estrutura separando um ambiente condicionado do meio exterior, de ambientes não condicionados; ou de ambientes vizinhos condicionados não condicionados. Neste estudo vimos que o calor flui para o ambiente em estudo Carga Térmica
127
Climatização
através do fenômeno da condução, onde precisamos de um elemento intermediário ligando os dois elementos a diferentes temperaturas, ou seja, se propagando através das moléculas das substâncias envolvidas. Agora estudaremos qual a influência que o calor radiante solar produz em um ambiente condicionado. Em primeiro lugar o que seria a carga térmica total devido a insolação de um dado ambiente? A carga térmica total devido a insolação seria o fluxo de calor radiante solar ganho pelo ambiente através de sua estrutura (paredes, vidros e teto).
Calor Solar
Os raios do sol passam através do espaço exterior e da atmosfera no seu caminho para a terra. Qualquer superfície em que toquem (solo, telhados, paredes) aquece. O calor radiante solar que atinge a superfície da Terra varia consideravelmente de hora para hora que dependendo do instante em que o sol nasce até ao instante que se põe, naturalmente dependendo portanto, do sentido de rotação da terra em relação ao sol. As nuvens, nebulosidade da atmosfera, o grau de pureza da atmosfera, sua transparência, e outros mil fatores originam grandes variações na quantidade de calor que atingem a face da Terra. Quanto as influências da atmosfera, define-se radiação direta e radiação difusa: A radiação direta é a parte da radiação inicial que incide diretamente na superfície da terra. É o feixe real de luz solar. Radiação difusa é a radiação devido a reflexão que se produz nas partículas de vapor de água, ozona, ou de poluição atmosférica. Ë a energia solar refletida pelas nuvens e poeira do ar.
Reflexão Solar
Quando a luz bate num espelho, superfície branca, ou qualquer outra superfície brilhante, uma grande porcentagem dela é refletida. De modo idêntico, se o calor radiante solar, atingir uma superfície de cor clara, uma grande porcentagem dela será refletida; só o restante será absolvido pela superfície. Quanto mais escura for a superfície maior será o calor radiante solar absorvido pela superfície. Assim as superfícies escuras terão sempre temperaturas superiores às superfícies brancas expostas a mesma luz solar. A cor da superfície exterior de uma parede e assim de grande importância na quantidade de calor radiante solar que será absorvido. As superfícies com cores claras refletem mais radiação solar do que as superfícies de 128
Carga Térmica
Climatização
cores escuras. Ao calcular os ganhos de calor solar através de estrutura, deve-se ter em conta a cor da superfície exterior. Outra consideração a fazer quanto a reflexão do calor radiante é de que as superfícies lisas refletem mais calor radiante solar do que as ásperas. Temperaturas superficiais
A energia radiante que atinge qualquer superfície eleva sua temperatura. Um telhado escuro pode atingir, por exemplo, a temperatura de 70º C durante o dia de verão. Contudo, a temperatura imediatamente acima do telhado pode ser apenas 32º C. A temperatura superficial de uma estrutura depende da limpeza da atmosfera, como já vimos, assim como, do ângulo com que os raios solares, recebe a intensidade total do sol. Por outro lado, quando estes raios incidem na superfície segundo um ângulo, a intensidade é muito menor. A Terra dá uma rotação a cada 24h, isto causa o dia e a noite. A Terra dá uma volta ao redor do Sol, isto causa as estações. Por causa destes movimentos, o ângulo segundo o qual os raios solares incidem numa superfície está sempre mudando. Isto significa que a temperatura superficial de uma estrutura ao Sol, varia ao longo do dia. A direção para qual está voltada uma estrutura vertical é importante na determinação do ângulo com que os raios solares incidem. A direção também determina as horas durante as quais a estrutura ficará exposta ao Sol. Uma parede com a direção Este à latitude de 30º sul, estará ao Sol a partir de 8 horas. A partir daí, a temperatura superficial da face exterior da estrutura aumentará regularmente até o meio dia. A partir do meio dia , a temperatura superficial diminuirá até um ponto próximo das 14 horas. À tarde estará na sombra. À mesma latitude , a luz solar só incidirá em uma superfície vertical orientada para o Oeste após o meio dia. A temperatura da superfície exterior de uma estrutura vertical Oeste, atingirá o máximo valor cerca das 16 horas. A partir desta hora resfriará de um modo regular. A temperatura de superfície exposta ao Sol é normalmente superior à temperatura do ar exterior. Assim, o calor circula da superfície para o ar através da película superficial exterior. Só uma parte do calor radiante que atinge a superfície passa para o interior da estrutura. Da porção de calor que começa a circular no interior da estrutura, só uma parte atingirá o ambiente condicionado. É necessário tempo para o calor penetrar numa estrutura vindo do Exterior e atingir a face interior. A maioria do calor radiante solar que primeiro incide numa estrutura apenas leva a temperatura da porção exterior da parede. Antes que o calor possa penetrar profundamente na parede a temperatura da superfície exterior desce novamente, devido ao Sol mudar de posição. A estrutura quente começa a fornecer calor ao ar Carga Térmica
129
Climatização
exterior. Apesar de tudo, há sempre certa porcentagem de calor que atinge a superfície interior e eleva sua temperatura. Esta parcela de calor obedece ao fenômeno de condução.
Orientação Geográfica
A orientação geográfica consiste em estabelecer-se o posicionamento correto das estruturas consideradas em função dos pontos cardeais. Portanto, para que possamos adotar um horário de cálculo é necessário orientar as paredes do recinto a condicionar. É muito importante que a posição Norte seja fornecida, pois em função dela orientaremos as paredes. A figura abaixo, representa a Rosa dos ventos e é um auxiliar importante ao processo da orientação das estruturas. A estrutura perpendicular, a determinada orientação, recebe o nome respectivo da mesma.
Figura 9.5 - Rosa dos ventos
Horizonte Visual
Quando olhamos em redor, para nos orientarmos, vemos uma extensão enorme de terreno, se a nossa visão não for interceptada por quaisquer obstáculos. O círculo abrangido pelo nosso olhar e que é limitado pela linha em que a Terra parece acabar e tocar o céu designa-se por Horizonte Visual. O movimento aparente do Sol, permitiu aos homens a determinação de referências: pontos cuja posição é invariável em qualquer lugar da Terra. Com efeito, o Sol descreve todos os dias, aparentemente, um arco, cujas extremidades cortam a linha do Horizonte Visual em dois pontos. Esses pontos correspondem ao seu nascimento e ao seu ocaso. Se os imaginarmos unidos, obtemos uma linha que passa 130
Carga Térmica
Climatização
pelo lugar onde nos encontramos. Se imaginarmos, novamente, uma linha perpendicular a estas, com as mesmas características (cortando a Linha do Horizonte e passando pelo lugar onde estamos), obtemos quatro direções. A estes quatro pontos dá-se o nome de pontos cardeais.
Pontos Cardeais
O Norte é o ponto fundamental, na Rosa dos ventos das cartas marítimas antigas, o Norte era representado por uma flor-de-liz. Os quatro pontos cardeais são: •
•
•
•
Norte,
Setentrional, Boreal ou Ártico (N) Sul, Meridional, Austral, Antártico (S) Este, Leste, Oriente, Nascente ou Levante (E) Oeste, Ocidente, Poente, Ocaso (O ou W)
Os pontos da Rosa dos ventos costumam ser referidos em termos do ângulo que fazem com o Norte. O Este são 90 graus, o Sul 180 e o Oeste 270. O conhecimento dos pontos cardeais é a base elementar da orientação, mas como as direções que permitem definir ficam, por vezes, bastante afastadas das que desejamos determinar, criam-se outros pontos que representam direções intermédias daquelas. Estes pontos designam-se por Pontos Colaterais.
Pontos Colaterais
Os pontos colaterais situam-se na bissetriz dos ângulos formados pelos pontos cardeais. São eles: NE SE SO NO
•
•
•
•
Nordeste Sudeste Sudoeste Noroeste
(45º ) (135º ) (225º ) (315º )
Carga Térmica
131
Climatização
Hora de Cálculo A escolha da Hora de Cálculo deverá ser feita de tal modo, possibilitando o cálculo para a pior condição, ou seja, para hora de insolação máxima ao local que está sendo calculado. Terão grandes influências as áreas de vidros existentes nas diversas paredes.
Roteiro para cálculo de ganho de calor por insolação Para a determinação do percentual do ganho de calor por insolação deverá o mesmo ser procedido da seguinte forma: 1. Determinar as orientações das estruturas; 2. Verificar o tipo de estrutura e o coeficiente de transmissão total relativos às mesmas; 3. Verificar se existem estruturas vizinhas que impeçam a insolação parcial ou total alguma estrutura dos ambientes considerados; 4. Calcular as áreas de paredes externas e vidros externos das estruturas consideradas; 5. Verificar áreas de teto sujeita a insolação; 6. Verificar se existe insolação devido a reflexão dos raios solares em vidros de prédios próximos, etc. 7. Verificar os valores de ∆t em função das variáveis relativas aos mesmos. (Tabelas); 8. Montagem da tabela básica; 9. cálculo de ganho de calor por insolação.
132
Carga Térmica
Climatização
Tabela 9.7 - Valores de ∆t para Superfícies Opacas Cores: Preto, Cinza-escuro
Direção da Face Hora
SE
E
8
3.3
3.9
9
14.5
19.5
8.3
5
10
19.5
8.3
14.5
16.1
11
14.7
22.1
15.6
25.5
12
6.7
15
13.4
0.5
32.7
6.1
7.8
2.8
36.8
1.1
3.3
1.1
15
2.8
7.8
6.1
36.8
16
0.5
13.8
15
32.7
17
15.6
22.1
13.4
25.5
18
14.5
24.5
19.5
16.1
19
8.3
19.5
14.5
5
3.9
3.3
13 14
NE
N
NO
20
O
SO
Telhado
38.2
Tabela 9.8 - Valores de ∆t para Superfícies Opacas Cores: Cinza-Claro, Vermelho e Marrom
Direção da Face Hora
SE
E
8
0.5
1.1
9
7.8
9.4
3.9
1.7
10
10
14.5
8.3
9.4
11
7.6
12.8
8.9
15
12
2.8
8.9
7.4
20
2.9
3.9
22.1
13 14
NE
N
NO
O
SO
0.5
Telhado
23.5
15
3.9
2.8
16
7.4
8.9
2.8
20
17
8.9
12.8
7.4
15
18
8.3
14.5
10
9.4
19
3.9
9.4
7.8
1.7
1.1
0.5
20
Carga Térmica
22.1
133
Climatização
Tabela 9.9 - Valores de ∆t para Superfícies Opacas Cores: Alumínio e Branco
Direção da Face Hora
SE
E
NE
N
NO
O
SO
Telhado
9
3.3
4.4
10
4.4
7.4
3.3
3.9
11
2.8
6.1
3.9
7.8
3.9
2.8
10.5
0.5
12.2
8
12 13 14
12.8
15
0.5
16
2.8
3.9
17
3.9
6.1
2.8
7.8
18
3.3
7.2
4.4
3.9
19
1.1
4.4
3.3
12.2 10.5
20 Tabela 9.10 - Valores de ∆t para Superfícies Transparentes - Condição: Sem Proteção contra o sol / Sem Cortinas escuras
Direção da Face Hora
SE
E
NE
6
24.2
26
11
2.2
7
62
74
39
25
8
70
96
58
65
9
50
86
60
98
10
22
58
48
3.9
124
11
1.1
20
16.8
8.9
136
5
10.6
5
13
8.9
26.8
20
1.1
136
14
3.9
48
58
22
124
15
60
86
50
98
16
58
96
70
65
17
39
74
62
25
18
11
26
24.2
2.2
12
134
N
Carga Térmica
NO
O
SO
Telhado
143
Climatização
Tabela 9.11 - Valores de ∆t para Superfícies Transparentes - Com cortinas claras / com persianas internas
Direção da Face Hora
SE
E
NE
N
NO
O
SO
Telhado
6
12.2
13.3
0.55
1.1
7
31
37
19.5
12.8
8
35
48.5
29.4
33
9
25.6
43
30
49
10
10.5
29.4
24
1.6
62
11
0.55
10
13.5
4.5
68
12
5
71
13
4.5
13.5
10
0.55
68
14
1.6
24
29.4
10.5
62
15
30
43
25.6
49
16
29.4
48.5
35
33
17
19.5
37
31
12.8
18
0.55
13.3
12.2
2
Tabela 9.12 - Valores de ∆t para Superfícies Transparentes - Condição: com Persianas Externas
Direção da Face Hora
SE
E
NE
6
7.3
7.8
3.3
7
18.3
22
11.7
8
21
29
17.8
9
15
25.6
17.8
10
6.7
17.8
14.4
1.1
6.1
7.8
2.8
1.6
3.3
1.6
13
2.8
7.8
6.1
14
1.1
14.4
17.8
6.7
15
17.8
25.6
17
16
17.8
29
21
17
11.7
22
18.3
18
3.3
7.8
7.3
11 12
N
Carga Térmica
NO
O
SO
135
Climatização
Exemplo
Calcular para o exemplo anterior o ganho de calor por insolação. Conforme item anterior temos o seguinte roteiro: 1. Determinar as direções das faces com o auxílio de uma Rosa dos ventos. Temos:
Figura 9.6 - Exemplo de cálculo 2. Verificar o tipo de estrutura e os respectivos coeficientes de transmissão total estruturas: paredes com média vidros comuns com proteção de persianas telhado com isolamento de 1"de lã de vidro Uparede externa
= 1,61 Kcal / h m2 º C
Uvidro comum
= 5,37 Kcal / h m2 º C
Utelhado
= 1,02 Kcal / h m2 º C
3. Verificar se existem estruturas vizinhas que impeçam a insolação parcial ou total de alguma estrutura dos ambientes considerados: não existem 4. Calcular as áreas das paredes externas, vidros externos: Estrutura SO - Parede + Vidro 136
= 7 x (2,80) = Carga Térmica
19,6 m2
Climatização
Estrutura SO - Vidro
=2 x 1 =
2 m2
Estrutura SO – Paredes
=19,6 - 2 =
17,6 m2
Estrutura SE - Parede + Vidro
=10 x (2,80) = 28 m2
Estrutura SE - Vidro
=3 x 2 =
6 m2
Estrutura SE - Paredes
= 19,6 - 2 =
22 m2
5. Verificar áreas de teto sujeitas a insolação: Ateto = 10 . 7 = 70 m2 6. Verificar se existe insolação devido a reflexão dos raios solares em vidros de prédios próximos, etc. : não existem 7. Verificar os valores de ∆t em função de suas respectivas variáveis: Na tabela 9.8 encontramos os valores de ∆t para superfícies opacas de cor média Na tabela 9.11 encontramos os valores de ∆t para superfícies transparentes com proteção de persianas. 8. Montagem da tabela básica:
Carga Térmica
137
Climatização
Tabela 9.13 - Tabela Básica
Superfície
Parede
Vidros
Parede
Vidros
Telhado
Direção das faces
SE
SE
SO
SO
(-)
A [m2]
22
6
17.6
2
70
U [Kcal / h m 2 ºC]
1.61
5.37
1.61
5.37
1.02
A .U [Kcal / h ºC]
35.42
32.22
28.33
10.74
71.4
∆t
∆t
∆t
∆t
∆t
Q
Q
Q
Q
Q
7.8
25.6
1.7
276.28
824.83
121.38
10.00
10.5
9.4
354.20
338.31
671.16
7.60
0.55
15
269.19
17.72
1071.00
Horas Solares 9 10 11 12
2.80
20
99.18
1428.00
13
0.55
22.1
5.91
1577.94
10.5
23.5
112.77
1677.90
25.6
22.1
274.94
1577.94
2.8
35
20
79.32
375.90
1428.00
7.4
31
15.5
209.64
332.94
1106.70
10
12.2
9.4
283.30
31.03
671.16
14 15 16 17 18
T O T A I S 1222.49 1363.67 1357.91 1527.18 1583.85 1790.67 1852.88 1883.22 1649.22 1085.49
Determinação dos ganhos de calor por insolação Ganho total de calor por insolação Q = 1883,22 Kcal/h , sendo que às 16:00 se dará o ganho de calor máximo para o ambiente em estudo.
138
Carga Térmica
Climatização
Ganhos de calor devido a pessoas As perdas de calor do corpo humano variam de indivíduo para indivíduo, variam também com o grau de atividade. O corpo libera calor sensível e calor latente; devem ambos ser considerados no projeto do sistema de ar condicionado. Na tabela 9.15 selecionam-se valores de calor sensível e calor latente, para vários tipos de atividade física, note que ao descer a primeira coluna da tabela 9.15, o grau de atividade aumenta. Observe agora as colunas de calor sensível e calor latente. O calor sensível aumenta uma pequena quantidade, mas o calor latente sobe sensivelmente. Desconhecendo-se o número exato de pessoas que eventualmente possam ocupar o recinto condicionado deve-se utilizar da tabela abaixo: Tabela 10.14 - Valores para ocupação de recintos
M2 / Pessoa
Local Dormitórios
10
Salas residênciais
8
Salões de Hotel
6
Escritórios Privados
8
Escritórios em geral
8
Bancos - Recintos privados
7
Bancos-recintos públicos
4
Lojas de pouco público
5
Lojas de muito público
3
Restaurantes
2
Boites
1
Auditórios - Conferências
1.5
Teatros Cinemas
0.75
Carga Térmica
139
Climatização
Tabela 9.15 - Calor liberado por pessoas TBS Local
(1)
28º
(2)
27º
26º
24º
21º
S
L
S
L
S
L
S
L
S
L
88
44
44
49
39
53
35
58
30
65
23
113 100
45
55
48
52
54
46
60
40
68
32
113
45
68
50
63
54
59
61
52
71
42
126
45
81
50
76
55
71
64
62
73
53
Bancos
139
Restaurante (b)
126 139
48
91
55
84
61
78
71
68
81
58
202 189
48
141
55
134
62
127
74
115
92
97
227 214
55
159
62
152
69
145
82
132
101
113
252 252
68
184
75
176
83
169
96
156
116
136
378 365
113
252
117
248
122
243
132
233
152
213
Teatro, escola primária Escola secundária
98
Escrit. Hotéis, aptos,
120
universidades Supermercados, varejistas, lojas Farmácias drogarias
Fábrica, trabalho leve Salão de baile
139 139
Fábrica, trabalho moderadamente pesado Boliches, Fábricas, Ginásios (c) (1) Metabolismo Homem Adulto (2) Metabolismo médio (a) S = Calor Sensível
L = Calor Latente
1. O Metabolismo Médio corresponde a um grupo composto de adultos e crianças de ambos o sexos, nas proporções normais. Estes valores foram obtidos com base nas seguintes hipóteses:
•
Metabolismo da Mulher Adulta = Metabolismo do Homem Adulto . 0,85
•
Metabolismo da Criança = Metabolismo do Homem Adulto . 0,75
140
Carga Térmica
Climatização
2. estes valores compreendem 4 Kcal/h (50% de calor sensível e 50% de calor latente) por ocupante, para levar em conta o calor desprendido pelos pratos. 3. Boliche: admitindo uma pessoa jogando por pista e os outros sentados (100 Kcal) ou de pé (139 kcal/h). O ganho de calor Sensível devido a pessoas pode ser obtido pela equação:
QS = n . CS
Onde : Qs = ganho de calor Sensível [Kcal/h] n = número de pessoas CS = calor sensível liberado por pessoa [Kcal/h] O ganho de calor latente devido a pessoas pode ser obtido pela equação:
QL = n . CL
Onde : QL = ganho de calor Latente [Kcal/h] n = número de pessoas CL = calor Latente liberado por pessoa [Kcal/h] Exemplo Um salão de baile, tem uma assistência total de 1200 pessoas. Destas, 900 estão na pista de dança e 300 estão sentadas. Calcular os calores sensível e latente total adicionados a sala. 1. Das condições internas recomendadas para o verão obtém-se que a temperatura ideal para o salão de festas está na faixa 24º C a 26º C. Tome 24º C. 2. da tabela 9.15 de calor sensível e latente, obtém-se a temperatura:
Carga Térmica
141
Climatização
Sentada com atividade moderada
CS = 71 Kcal / h
(restaurante) Dançando com moderação
CL = 68 Kcal / h CS = 82 Kcal / h
(salão de baile)
CL = 132 Kcal/h
300 pessoas estão sentadas, portanto: Qs = 300 . 71
Qs = 21300 Kcal / h
Ql = 300 . 44
Ql = 13200 Kcal / h
900 pessoas estão dançando, portanto: Qs = 900 . 82
Qs = 73800 Kcal / h
Ql = 900 . 132
Ql = 118800 Kcal / h
Totais Qs total = 21300 + 7380
Qs total = 95100 Kcal / h
Ql total = 13200 + 118800
Ql total = 132000 Kcal / h
Ganho de calor devido a Iluminação A dissipação de calor liberado pelos aparelhos de iluminação elétrica é uma carga sensível considerável e que deve ser computada. Nos casos em que não se tenham os valores corretos de iluminação elétrica, deve-se assumir valores, segundo o estabelecido na tabela a seguir:
142
Carga Térmica
Climatização
Tabela 9.16 - Iluminação W/m2
Local
Dormitório
10
Salas Residenciais
20
Salões de Hotel
30
Escritórios
40
Bancos
40
Lojas
60
Salas de desenhos
60
Restaurantes
20
Boates
10
Auditórios - Conferências
20
Teatros Auditórios
10
Para iluminações indiretas, com lâmpadas incandescentes, os números da tabela devem ser multiplicados por 2. Para iluminação com lâmpadas fluorescentes os números relativos à lâmpadas fluorescentes devem ser divididos por 3, segundo os valores da tabela. O ganho de calor devido a iluminação do ambiente é dada pela equação:
Qil = 0,860 . Wt
Onde: (para lâmpadas incandescentes)
Qil = carga de iluminação [Kcal/h] 0,860 = fator de conversão Wt = Potência Total [W] Para lâmpadas fluorescentes deverá ser acrescido 25% a mais, devido a carga de reatores, à saber:
Qil = 0,860 . Wt
Carga Térmica
143
Climatização
Exemplo Determinar a carga térmica total à iluminação de uma recepção de hotel com as seguintes luminárias:
•
5 candelabros com 108 lâmpadas incandescentes de 10W cada;
•
iluminação incandescente para uma área de 20 m2, iluminação indireta para pinturas a óleo;
•
iluminação fluorescente para uma área de 30m2, para escritório da gerência.
Solução 1. 5 candelabros com 108 lâmpadas incandescentes de 10W cada; Qil = 5. 108. 10. 0.86 Qil = 4644 Kcal /h 2. iluminação incandescente indireta para uma área de 20 m 2; a) da tabela de iluminação ideal, obtém-se Salões de hotel - 30W/m 2 b) Correção para iluminação indireta - dobro 30. 2 = 60W/m2 c) Total de potência de iluminação a ser gerada: 60. 2 = 120W d) Qil = 1200. 0,86 Qil = 1032 Kcal/h 3. iluminação fluorescente para escritório com 30 m2:
•
da tabela de iluminação ideal, obtém-se: -
•
Correção para iluminação indireta - 1/3 -
•
Escritório - 40W/m2 1/3 = 13,33 W/m2
Total de potência de iluminação a ser gerada: -
144
13,33 = 400 W Carga Térmica
Climatização
-
Qil = 400. 0,86. 1,25
-
Qil = 430 Kcal/h
Calor total transmitido. Qil total = 4644 + 1032 + 430
•
Qil total = 6106 Kcal/h
•
Ganho de calor devido à motores elétricos
Os motores elétricos fornecem calor sensível quando estão em funcionamento e esse calor deve ser removido pelo equipamento de resfriamento, quer o motor esteja na sala condicionada, quer na corrente de ar. Tomaremos como exemplo, um motor acoplado ao ventilador de insuflamento. Assuma-se que o motor é de 5 Kw e se encontra fora da câmara do ventilador. A potência fornecida ao ventilador constitui energia adicionada à corrente de ar. O calor equivalente é 5Kw. Ao equipamento de resfriamento não interessa de onde venha os 5 Kw, ele terá que efetuar o mesmo trabalho de resfriamento que o ganho de calor seja da sala ou do ventilador de insuflamento. Certamente que os motores não tem uma eficiência de 100%. Assim, para que o motor forneça 5Kw a sua alimentação terá que ser superior a 5 Kw. Assume-se que a eficiência de um motor de 5Kw é de 80%. Assim a alimentação do motor é 6.25 Kw (5,0 / 6,25). Evidentemente que esta energia chega ao motor na forma de eletricidade. Será contudo, eventualmente toda convertida em calor. Geralmente o equivalente em calor da energia elétrica de alimentação é considerado como parte da carga da sala. Quando o motor faz parte do ambiente condicionado sabe-se previamente sua potência, porém, quando faz parte do equipamento torna-se difícil computar sua potência , uma vez que os ganhos de calor do ambiente e que vão determinar as potências do equipamento frigorífico e dos motores dos mesmos. Dessa forma, a alternativa que resta é estimar sua potência e posteriormente, quando a potência frigorífica estiver definida, verificar os valores estipulados e corrigi-los se necessário. Como estimativa assume-se que cada 100m2 condicionados exigem 1 HP para potência frigorífica. O ganho de calor devido a motores elétricos pode ser obtido pela equação:
Carga Térmica
145
Climatização
Qm
=
P . Fc E
Onde: Qm = ganho do Motor [kcal / h]; P = potência do motor elétrico[W],[HP],[CV]; E = eficiência do motor elétrico; Fc = fator de Conversão de unidades. 1Watt = 0,86 Kcal/h 1HP
= 1,044 CV
1HP
= 641,2 Kcal /h
Ganho de calor devido a equipamentos e aparelhos diversos Esse ganho de calor depende da função e aplicação típica do recinto a ser condicionado, pois, estas determinarão o tipo, quantidade e potência dos equipamentos existentes. Sua composição pode ser obtida através da somatória de calor de equipamento relacionados na tabela 15. O ganho de calor de equipamentos não indicados na tabela, pode ser estimado a partir das características indicadas em sua chapa de identificação e através da equação. Deve-se ressaltar no entanto, que em alguns casos o calor liberado compõe-se de percentual latente. Suponhamos, por exemplo, que um aquecedor elétrico aqueça um líquido no recipiente aberto ou num recipiente ventilado para sala. Neste caso, uma parte do ganho de calor é convertida em calor latente. Isto pode ser estimado como cerca de 50% de calor sensível e 50% de calor latente. O ganho de calor devido a equipamentos e aparelhos diversos, pode ser obtido pela equação:
Qe = Pe . 0,86
146
Carga Térmica
Climatização
Onde: Qe
= ganho de calor [ Kcal / h]
Pe
= potência dos equipamentos em watts
0,86
= fator de conversão de watts para Kcal /h
Tabela 9.17 - Calor liberado por fontes diversas
Kcal/h
Equipamentos Diversos
Sensível
Latente
Total
Aparelhos elétricos - por Kw
860
0
860
Forno elétrico - serviço de cozinha por Kw
690
170
860
Torradeiras e aparelhos de grelhar por Kw
770
90
860
Mesa Quente - por Kw
690
170
860
Cafeteiras – por litro
100
50
150
GLP 50% butano + 50% propano por m 3 /h
5540
700
6240
GLP (50%/50%) por Kg
9800
1200
11000
Bico de Bunsen - tamanho grande
835
215
1050
10500
10500
21000
Por m2 de superfície Superior
2130
1120
3250
Cafeteira – por litro
150
50
200
1125
2625
3750
7
7
14
Equipamentos elétricos
Equipamentos a Gás
Fogão a gás-serviço de rest. por m2 de superfície de mesa
Banho Maria
Equipamentos a Vapor Banho Maria por m2 de boca
Alimentos Por pessoa (restaurante)
Motores Elétricos Potência Placa
Eficiência aproximada
Até 1/4 CV
Por CV
60
1050
0
1050
1/2 a 1 CV
Por CV
70
900
0
900
1 1/2 CV a 5 CV
Por CV
80
800
0
800
7 1/2 CV a 20 CV
Por CV
85
150
0
750
Acima de 20 CV
Por CV
88
725
0
725
Carga Térmica
147
Climatização
Carga térmica do ambiente a ser condicionado (Verão) Deve-se somar as cargas térmicas sensíveis geradas no ambiente e depois as latentes para a fim de determinar o fator de calor sensível, a temperatura de insuflamento e a vazão de insuflamento. Abaixo o resumo: Tabela 9.18 – Resumo do Cálculo de Carga Térmica do Ambiente
Descrição
Sensível
Latente
Transmissão
X
Insolação
X
Pessoas
X
Iluminação
X
Motores
X
Equipamentos Diversos
X
X*
CS
CL
Soma Parcial
X
* Alguns equipamentos geram carga latente através da vaporização de água, tais como: banho-maria, cafeteiras, etc.
Fator de Calor Sensível (FCS) O fator de calor sensível representa a relação entre as cargas sensíveis e latentes. Será utilizado no diagrama psicrométrico para determinar a temperatura de insuflamento.
FCS =
CS___ CS + CL
Ambientes com carga latente baixa trabalham com o FCS de 1,0 até 0,7 . Em alguns casos os diagramas psicrométricos trabalham com o multiplicador de calor sensível:
MCS = CS + CL CL
148
Carga Térmica
Climatização
Condições do Ar da saída do equipamento Teoricamente o projetista de um sistema de ar condicionado, pode selecionar a condição do fornecimento de ar, para qualquer combinação de temperaturas de bulbo seco e úmido, que se interceptam na linha de porcentagem de calor sensível. Na prática, contudo, a combinação das temperaturas de bulbo seco e úmido selecionada para o fornecimento de ar deve ser possível de obter com o equipamento usado para resfriar o ar. O ar é normalmente fornecido à sala condicionada, nas mesmas condições que deixa o equipamento de resfriamento. O equipamento de condicionamento selecionado deve ser assim, capaz de reduzir as temperaturas de bulbo seco e úmido do ar fornecido até um ponto que se situe na linha de porcentagem do calor sensível para a sala em questão. O ar pode ser resfriado através de muitas combinações diferentes de temperatura de bulbo seco e úmido, dependendo da combinação exata do projeto do equipamento de resfriamento. Contudo os pontos que representam as temperaturas de bulbo seco e úmido finais do ar ao deixar o equipamento de resfriamento deverá ser na linha de calor sensível ou debaixo dela. Os equipamentos dos tipos normalmente usados tem tendência a fornecer ar com altas umidades. Assim, por conveniência de cálculo, o ar ao deixar o equipamento de resfriamento é normalmente considerado como tendo uma porcentagem de saturação 90% apesar de se obterem umidades relativas superiores e inferiores.
Determinação da temperatura de saída do equipamento Ao projetar qualquer sistema de ar condicionado as temperaturas de bulbo seco e úmido requeridas ao ar insuflado devem ser sempre selecionadas primeiro e a partir delas calculado o volume de ar necessário para absorver a carga sensível e latente existente no ambiente e deixá-lo nas condições ideais de estudo. A temperatura de saída do equipamento de ar condicionado é conseguida através do seguinte processo, ilustrado na figura a seguir:
Carga Térmica
149
Climatização
Figura 9.7 - Temperatura de saída do equipamento
Determinação da vazão de ar a ser insuflado 1. Localiza-se no diagrama psicrométrico o ponto que determina as condições internas do ambiente em estudo (ponto A); 2. Calcula-se o fator de calor sensível e localiza-se este ponto na escala correspondente (ponto B); 3. Une-se ponto B ao ponto de referência (PR) para utilização da escala do fator de calor sensível (reta PRB); 4. Traça-se uma paralela unindo o ponto a (condições Internas) ao ponto C determinado pela intersecção desta reta com a curva de saturação (90% UR) normalmente considerada como a porcentagem de umidade oferecida pelo equipamento de resfriamento (reta AC); 5. Através do ponto C obtém-se o valor de TBS2 na escala de temperatura de bulbo seco; 6. TBS2 é a temperatura na saída do equipamento frigorífico.
150
Carga Térmica
Climatização
Determinação da vazão de ar a ser insuflado
Vai =
CS
1
0,24 . (TBS1 - TBS2) ve
Onde: Vai
= vazão de ar insuflado [m3 /h];
CS
= calor sensível a ser absorvido [Kcal/h];
0,24
= constante prática;
TBS1 = temperatura de bulbo seco interna do ambiente [º C]; TBS2 = temperatura de bulbo seco na saída do equipamento frigorífico [º C].
Determinação da vazão de ar externo Origina-se esta parcela de carga térmica pelo fato do ar exterior em determinadas condições de temperatura e umidade passar para as condições do recinto condicionado. Este ar exterior e que vai substituir o ar que por infiltração escapa do recinto condicionado por frestas existentes nas janelas, portas, portas giratórias ou vai e vem e exaustores. O valor do volume de ar que escapa do recinto através de portas normalmente fechadas eqüivale a uma troca, por hora do volume total do recinto condicionado. O valor do volume para portas de vai e vem depende da medida e tipo dessas portas como também da freqüência de abertura das mesmas como pode-se ver na tabela a seguir extraída da NB-10 da ABNT.
Carga Térmica
151
Climatização
Tabela 9.19 - Fluxo de Ar externo pelas portas
Pelas Portas (Normalmente Fechadas) m3 / h . pessoa
Local
Porta Giratória (1.80m)
Porta de vai-e-vem (0.90m)
Bancos
11
14
Barbearias
(-)
9
Drogarias e farmácias
10
12
Escritórios de Corretagem
9
9
Escritórios Privados
(-)
4
Escritórios em Geral
(-)
7
Lojas em Geral
12
14
Restaurantes
3
4
Lanchonetes
7
9
Pelas Portas (Normalmente Abertas) Porta de 90cm
1350 m3 /h
Porta de 180cm
2000 m3 /h
Tabela 9.20 - valores para perdas de ar por frestas de janelas e portas
Pelas Frestas Tipo de Abertura
Observação
m3/h (por metro de frestas) (*)
Janelas - Comum
3
- Basculante
3
- Guilhotina com caixilho de madeira - Guilhotina com caixilho metálico Portas
Mal ajustada
6.5
Bem ajustada
2
Sem vedação
4.5
Com vedação
1.8
Mal ajustada
13
Bem ajustada
6.5
(*) largura da fresta considerada de 4.5 mm
152
Carga Térmica
Climatização
Tabela 9.21 - Ar exterior para renovação
Local
m3 / h por pessoa
Concentração de
Recomendável Mínimo
Fumantes
Bancos
17
13
Ocasional
Barbearias
25
17
Considerável
Salões de beleza
17
13
Ocasional
Bares
68
42
(-)
Cassinos-Grill-Room
45
35
(-)
Escritórios Públicos
25
17
Alguns
Privados
42
25
Nenhum
Privados
51
42
Considerável
Outros Ambientes Estúdios
35
25
Nenhum
Lojas
17
13
Ocasional
Salas de hotéis
51
42
Grande
Residências
35
17
Alguns
Restaurantes
25
20
Considerável
Salas de diretores
85
50
Muito Grande
Teatros-Cinemas-Auditórios
13
8
Nenhum
Teatros-Cinemas-Auditórios
25
17
Alguns
Salas de aula
50
40
Nenhum
Salas de reuniões
85
50
Muito grande
Aplicações Gerais Por pessoa (Não fumando)
13
8
(-)
Por pessoa (fumando)
68
42
(-)
Para o cálculo de vazão correspondente do ar exterior deve-se proceder a avaliação dos seguintes valores: 1. determinar a quantidade de ar que, por motivo de ventilação deve ser introduzida no recinto condicionado; 2. determinar a quantidade de ar que escapa por portas normalmente fechadas; 3. determinar ao ar que escapa por eventuais portas de vai e vem; 4. determinar o ar que escapa por eventuais exaustores.
Carga Térmica
153
Climatização
Uma vez obtidos estes valores, adotaremos para quantidade de ar exterior o maior
valor obtido entre a necessidade de ar para renovação do ambiente com a necessidade de ar para a reposição devido as perdas. O ar exterior é admitido pelo climatizador de ar o qual deverá remover seu calor total (sensível + latente) antes de enviá-lo para o ambiente. Na tabela 11 mostramos os valores para perdas de ar por frestas de janelas e portas. Na tabela 12 mostramos os valores de quantidades de ar exterior para renovação extraídos da NB-10 da ABNT.
Condições de entrada do ar na serpentina Devemos determinar a temperatura de entrada do ar na serpentina do condicionador considerando as proporções entre as massas de ar de retorno e de ar externo.
Figura 9.8 - Esquema da caixa de mistura de ar
Chama-se caixa de mistura de ar o local onde encontram-se as massas de ar de retorno e de ar externo. Esta caixa de mistura pode ser uma junção entre ramais de dutos ou mesmo a própria casa de máquinas do equipamento condicionador de ar. Através do esquema podemos perceber que:
VAI = VAE + VR
Onde: VAI = Vazão de insuflamento VAE = Vazão de ar externo VR = Vazão de retorno
154
Carga Térmica
Climatização
Devemos calcular a entalpia da mistura das massas de ar que será igual a entalpia de entrada do ar na serpentina do equipamento através da fórmula:
hec = hae * VAE + hr * VR VAI
Onde: hec = Entalpia de Entrada no Condicionador hae = Entalpia de Ar Externo VAE = Vazão de Ar Externo hr = Entalpia de Retorno VR = Vazão de Retorno VAI = Vazão de Insuflamento
Carga Térmica Total de Verão Devemos calcular a carga térmica total de verão através da fórmula:
CT = VAI
.
(hec – hi) ve
Onde: CT = Carga Térmica Total de Verão VAI = Vazão de Insuflamento hec = Entalpia de Entrada no Condicionador hi = Entalpia de Insuflamento ve = Volume Específico do Ambiente Condicionado
Carga térmica de aquecimento Denomina-se carga térmica de aquecimento a quantidade de calor necessária a um ambiente durante o inverno, para compensar perdas de calor devido a diferença de
Carga Térmica
155
Climatização
temperaturas entre o ar externo e o ar interno. Estas perdas manifestam-se em escape de calor do espaço condicionado.
Cálculo da resistência de aquecimento O cálculo da potência necessária para a reposição de calor ao ambiente no período do inverno, é dada em watts e é conseguida através da fórmula:
Raq = ∑Qdesf - ∑Qfav
0,86
Onde: Raq = Potência para aquecimento [w]; ∑Qdesf = Somatória das cargas térmicas consideradas desfavoráveis para a
manutenção do ambiente em temperatura ideal de inverno. [Kcal/h]; ∑Qfav = Somatória das cargas térmicas consideradas favoráveis para a manutenção
do ambiente em temperatura ideal de inverno. [Kcal/h]; 0,86 = fator de conversão de Kcal - watts.
Cargas favoráveis As cargas consideradas como favoráveis para a manutenção do ambiente em temperatura ideal de inverno são: 1. Carga térmica devido a iluminação (sensível); 2. Carga térmica devido a motores (sensível); 3. Carga térmica devido a equipamentos (sensível); 4. Carga térmica devido a pessoas (sensível).
•
Cargas desfavoráveis
As cargas consideradas como desfavoráveis para a manutenção do ambiente em temperatura ideal de inverno são: 1. Condução - O processo de perda de calor durante o período de inverno é idêntico ao processo de ganhos de calor no verão, ou seja, por condução através das 156
Carga Térmica
Climatização
paredes, pisos, vidros e tetos. A perda de calor por condução é afetada pelos materiais de construção e pela diferença entre as temperaturas do ar externo e interno. O fator "U" é novamente usado para determinar a quantidade de calor que se perde através dos materiais. 2. Ar Externo (renovação de ar do ambiente) - Uma outra fonte de calor a considerar é o calor necessário para aumentar a temperatura do ar externo usado para renovação do ar do ambiente.
Potência de Umidificação e Potência de Reaquecimento Umidificação Como já vimos em itens anteriores, a quantidade de umidade existente no ar é um dos fatores importantes para obtenção do conforto humano, além da temperatura, pureza e velocidade do ar.
Resistência de Umidificação Um dos meios mais utilizados em instalações de ar condicionado para umidificação do ar do ambiente, são as resistências elétricas de imersão. Estas resistências, normalmente estão localizadas na saída de ar dos condicionadores do ar aos ambientes.
Cálculo da Resistência de Umidificação O cálculo da potência da resistência elétrica de imersão é necessária para umidificação do ar na situação de inverno. Pode ser obtida pela equação:
Ru = VAE . 0,65 . (Wi - We) 0,86
Onde: Ru = potência da resistência de umidificação [W] VAE = Vazão de ar externo [m3 /h] Wi = Umidade específica ou absoluta do ar interior [g/Kg] We = Umidade específica ou absoluta do ar exterior (inverno) [g/Kg] 0,86 = fator de conversão Kcal /h para watt Os valores de umidade específica ou absoluta são obtidos no diagrama psicrométrico. Carga Térmica
157
Climatização
Potência das Resistências de Reaquecimento ou Desumidificação O cálculo das resistências de desumidificação ou reaquecimento se torna necessário, no verão, devido aos seguintes fatores: 1. incidências de chuvas ocasionais de verão tornando o ar excessivamente úmido; 2. ocasional desaparecimento do sol, acarretando a baixa da carga térmica a ser retirada, prevista para o ambiente; 3. Ocasional não utilização dos eventuais equipamentos existentes no ambiente, acarretando a diminuição da carga térmica a ser retirada, prevista para o ambiente. Com base nestes fatores o cálculo da resistência de desumidificação ou reaquecimento será:
Rd = Qisol + %Qeq + %Qpes 0,86
Onde: Rd = potência da resistência de desumidificação; Qisol = carga térmica devido a insolação [W]; %Qeq = 50% da carga térmica devido a equipamentos; %Qpes = 50% da carga térmica sensível devido a pessoas.
158
Carga Térmica
Climatização
Tabela 9.22 - Recomendações para aplicações de filtros de ar
Classe
Eficiência
de filtro
(%)
Características
Aplicações Principais
Boa eficiência contra insetos e
Condicionadores tipo janela
relativa contra poeira grossa. G0
30 - 59
Eficiência reduzida contra pólen de plantas e quase nula contra poeira atmosférica. Boa eficiência contra poeira
G1
60 - 74
Condicionadores tipo compacto
grossa e relativa contra pólen de (self contained) plantas. Eficiência reduzida contra poeira atmosférica.
G2
75 - 84
Alta eficiência contra poeira
Condicionadores de sistemas
grossa. Boa eficiência contra
centrais
pólen de plantas e relativa contra a fração grossa (75µ) da poeira atmosférica Boa eficiência contra fração
G3
F1
85 - acima grossa (>75µ) da poeira
40 - 69
Condicionadores de sistemas centrais pré filtragem para filtros
atmosférica
finos.
Eficiência satisfatória contra a
Condicionadores de sistemas
fração final (de 1 a 5µ) de poeira
centrais c para exigências altas.
atmosférica . Pouca eficiência
Pré filtragem para filtros finos F3
contra fumaças de óleos e tabaco
F2
70 - 89
Boa eficiência contra a fração
Condicionadores de sistemas
fina (de 1 a 5µ) da poeira
centrais c para exigências altas.
atmosférica. Alguma eficiência
Pré filtragem para filtros absolutos
contra fumaça de óleos e tabaco.
F3
Alta eficiência contra a fração
Pré filtro para filtros absolutos.
fina (de 1 a 5µ) da poeira
Precisa de pré filtragem por sua
atmosférica. Eficiência
vez.
90 - acima satisfatória contra fumaças de óleo e tabaco. Razoavelmente eficiente contra bactérias e fungos microscópicos.
Carga Térmica
159
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