Inteligencia_Volitiva
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Inteligencia_Volitiva...
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Eduardo P. Pacheco
Inteligência
Volitiva A inteligência associada ao poder de realizar
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O inconformismo nos coloca dentro de uma missão, a paixão nos mantém nela e a iniciativa garante a sua realização.
“É perceptível a importância das inteligências racional e emocional na construção do êxito profissional e da perenidade organizacional, quando se entende que o caráter de longevidade de uma companhia se pauta no crescimento, que se fundamenta na inovação. No entanto, após onze anos dedicados ao mundo das franquias, acompanhando o desempenho de centenas de empreendedores de diferentes perfis, percebi que, embora as inteligências racional e emocional fossem fundamentais, não garantiam o sucesso
ao
empreendedor.
Além de um QI elevado e de um comportamento que permite o exercício da liderança pelo amor – QE, uma terceira competência está presente entre os empreendedores bem-sucedidos: a inteligência volitiva – QV”.
Inteligência
Volitiva
Inteligência
Volitiva
EDUARDO PEREIRA PACHECO
Inteligência
Volitiva A inteligência associada ao poder de realizar
1ª EDIÇÃO MINAS GERAIS
2012
Copyright ©2011 por Eduardo Pereira Pacheco Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. ISBN: 978-85-911527-1- 1
Preparo de Originais: Eduardo Pereira Pacheco Revisão de Conteúdo: Cesar Falcão Projeto Gráfico: William Rosada Primeira Revisão: Lúcia Helena Amaral Segunda Revisão: Ione Vieira Terceira Revisão: Edetilde Mendes De Paula
Todos os direitos de comercialização desta edição foram cedidos para Sensus Editora Ltda. Avenida Marcos de Freitas Costa, 666, 38400-238, Uberlândia, MG, Brasil www.inteligenciavolitiva.com
À Letícia e Lara, motivos do mais puro sentimento de amor.
SUMÁRIO
Agradecimentos,
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Realizando sonhos,
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Introdução: A inteligência integral,
19
Capítulo 1: O inconformismo gerando necessidades, Capítulo 2: A paixão pelo que se faz,
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53
Capítulo 3: Iniciativa – O início da ação,
65
Capítulo 4: Inteligência volitiva e liderança,
79
Capítulo 5: Inteligência volitiva e empreendedorismo, Capítulo 6: Inteligência volitiva e educação, Bibliografia,
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175
123
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
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Inteligência Volitiva
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Manoel e Alice, por terem depositado em meu coração os valores que alicerçam minhas realizações, que cultivo diariamente, para que se tornem as raízes de tudo o que faço: justiça, coragem, diligência, empreendedorismo e entusiasmo são objetos de minha busca cotidiana. Às minhas filhas, Letícia e Lara, por me darem carinho, aconchego, paz e alegria, restabelecendo a prontidão de minha alma, e por me ensinarem, principalmente o verdadeiro significado do amor. À Alana Cardoso, com muito amor, por estar ao meu lado, apoiando-me incondicionalmente no momento mais difícil de minha existência, pois sua presença me fortalece e entusiasma. Ao
meu
sócio,
Paulo
Fernando,
companheiro
de
batalhas duras, com quem muito aprendi, pela lealdade e constância no propósito de enfrentar os desafios que surgiram em nosso caminho.
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Agradecimentos
A todos os sócios e colaboradores que se uniram lealmente a mim na realização das missões propostas pelas organizações que fundei. Foi e tem sido uma honra compartilhar experiências com todos vocês. A todos os franqueados que acreditaram em nosso modelo de negócios, em nossos produtos e em nossa capacidade de ajudá-los no desenvolvimento de seus negócios. A todos os mestres que fizeram parte de minha vida: à Maria Helena, que me ensinou a ler e a escrever; aos professores do ensino fundamental e médio, pela paciência em ensinar quem ainda não entendia a importância da educação formal; aos meus professores da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, no Brasil, e do MGC – Middle Georgia College –, nos EUA, por terem me ensinado a grandeza do pensamento autônomo e à Cora Pavan Capparelli, por não ter permitido que eu desistisse dos meus sonhos e, assim, garantir que a diferença fosse consumada. Agradeço, especialmente, ao amigo e mestre César Falcão,
que,
com
sua
sabedoria,
generosidade
e
humildade, apresentou-me, entre várias outras coisas, a temperança. Devo a ele vários ensinamentos sobre gestão, sobre a verdadeira liderança e sobre o homem que vive
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Inteligência Volitiva
na plenitude da integralidade, como espírito, mente, amor e corpo. A essência dos seus ensinamentos fez-me racionalizar a minha vida como empreendedor. O conteúdo desta obra traduz o que com ele aprendi. Nunca encontrei homem mais sábio e não teria sido capaz de escrever este livro, se não tivesse recebido o bilhete premiado que foi conhecê-lo. Da mesma forma, agradeço aos vários amigos que têm ativamente participado de minha vida, fazendo de mim e de minha família pessoas mais felizes. Este livro é o eco da fantástica experiência de conviver com todos vocês.
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Realizando Sonhos
REALIZANDO SONHOS
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Inteligência Volitiva
REALIZANDO SONHOS
Durante minha trajetória, como empreendedor e líder organizacional, tive de enfrentar desafios que mais pareciam labirintos sem saída. Em alguns momentos de dura solidão e derrota iminente, a minha salvação foi ter optado por um espírito realizador, que originou novos empreendimentos e inovações. Replicar incansavelmente esse comportamento para todas as pessoas ligadas à minha corporação foi e tem sido fundamental para o meu crescimento contínuo. Ter desenvolvido um espírito inquieto levoume a perseguir soluções antes impensadas. Tal comportamento
foi
determinante
para
ativar
rapidamente as fórmulas que contribuíram para a perpetuidade de minha empresa e de minha perenidade
profissional.
O
desenvolvimento
da
inteligência volitiva, para transpor as barreiras estabelecidas
pelos
paradigmas,
sempre
condicionante das batalhas que venci.
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foi
o
Realizando Sonhos
Acredito que a verdade é inexorável e evidenciada pela experiência, pelo contato direto com o conteúdo, enfim, pelos fatos que permeiam a existência humana. Os resultados intelectuais, materiais e sociais gerados por nosso trabalho representam as verdades de nossa vida profissional. Entretanto nem sempre nossas realizações representam o que sonhamos. O que me motiva a compartilhar a minha experiência é a vontade de viver em um mundo onde as pessoas consigam, além de sonhar, realizar seus sonhos. Essa motivação vem da certeza de que minha experiência pode ajudá-lo a transformar a sua vida e a sua verdade. Com este livro, que é fruto do conhecimento adquirido por meio de uma vida dedicada ao empreendedorismo, quero
contribuir
para
a
formação
de
organizações
vencedoras e, ao mesmo tempo, servir de inspiração para a sua vida profissional, que, indubitavelmente, se dará em um ambiente bastante competitivo. Acredito, de forma apaixonada, nas ideias que transmito, e creio que elas contribuirão, positivamente e de forma decisiva, para o seu sucesso no que quer que você faça. Lembre-se, entretanto, de que a sua nova verdade só poderá ser construída por você mesmo, caso sinta o que eu senti, aja como agi. Em qualquer processo de aprendizagem,
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Inteligência Volitiva
é a vulnerabilização do “eu”, permitindo-se ser o que, normalmente, não se é, que poderá ser precursora de resultados diferentes e enriquecedores.
“Ninguém obtém resultados diferentes ao agir da mesma forma que sempre agiu. Portanto, se quiser mudar o seu resultado, mude o seu jeito de agir.” Provérbio chinês
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Introdução
INTRODUÇÃO
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Inteligência Volitiva
INTRODUÇÃO
A INTELIGÊNCIA INTEGRAL A inteligência emocional, a inteligência racional e a inteligência volitiva, juntas, alicerçam o verdadeiro empreendedor.
A globalização é um fenômeno espetacular e, ao mesmo tempo, extremamente desafiador. O mundo sem fronteiras contribui para o desenvolvimento das nações de diferentes regiões do planeta, por meio da integração econômica e da transferência rápida de conhecimento, cultura e de novas tecnologias. Entretanto, a democratização das informações, principalmente por meio da internet, fragiliza as organizações que se veem, prematuramente, sem seus segredos de negócios e sem os diferenciais competitivos que detinham.
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Introdução
Corporações “diferenciais
que
sólidos”
se e
imaginam de
um
possuidoras
capital
de
intelectual
singular, no mundo globalizado, enfretam subitamente, concorrentes que expressam em seus produtos e serviços as mesmas características dos produtos e serviços dos pioneiros. As empresas são, portanto, obrigadas a acelerar seu ciclo de inovações com o intuito de se manter sempre na vanguarda. Ser
vanguardista requer competência especial. A
maioria dos profissionais se vê, prematuramente, sem o conhecimento e a energia necessários para exercer funções de forma competitiva. Valorizam-se, comumente, aqueles com capacidade intelectual para idealizar um novo modo de pensar e agir, viabilizando a inovação ou até a criação do que ninguém “nunca viu ou teve”. O ciclo da inovação, cada vez mais curto, é uma condição
“sine qua non” para a perenidade das organizações. Temos aprendido a experimentar o novo sem que uma postura refratária e ilógica exerça domínio sobre nós, levandonos a dizer não a uma ideia qualquer simplesmente porque é nova. Peter Drucker afirmou que devemos nos preparar para promover a inovação de forma sistemática, incentivando
a
organização
a
identificar
mudanças
iminentes ou em curso como indicadores de oportunidades de inovar. Sabemos que realizar a inovação é o único
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Inteligência Volitiva
caminho. Porém, a grande pergunta é: como assumir um comportamento capaz de realizar a inovação? Ao longo de minha experiência profissional, busquei ser precursor da novidade. Nunca desejei deixar as descobertas a cargo do meu concorrente, assinando, assim, o “atestado de óbito” de minha organização. Sou consciente de que a ideia de experimentar o novo mantém os profissionais ativos, entretanto apenas aqueles, que não só aceitam mas também são diretamente responsáveis por inovar, são capazes de definir como as coisas devem ser e, por isso, constroem o sucesso financeiro e a perenidade de sua companhia. Estes, que buscam entusiasmadamente a inovação, desenvolveram a inteligência volitiva, que é o “gatilho” que “dispara” as realizações e a “chave que abre as portas” para a prosperidade. A
palavra
“inovação”
deriva
da
vocábulo
latino
innovatione, que significa renovação, e seu significado é totalmente diferente de criação. Esta é um ato de divindade, ao passo que inovar significa fazer o que já se faz, mas de outra forma, de modo mais revigorante, propiciando um novo desabrochar, a fim de atender às novas necessidades exibidas por clientes que passaram a ter desejos um pouco diferentes dos que possuíam anteriormente.
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Introdução
A inovação requer, em primeiro lugar, grande esforço de racionalidade para compreender as mudanças externas. Um líder atento aos movimentos mercadológicos consegue racionalizar a realidade com extrema sensibilidade e, ao mesmo tempo, colabora para a construção de um ambiente que permite, aos membros da organização, ajudar a descobrir soluções diferentes das que eram empregadas até então, valendo-se, inclusive, daquelas que já existem em outros segmentos, mas que ainda não são aplicadas na empresa. As diversas interpretações da realidade, por diferentes membros da equipe, contribuem para se pensar em soluções inovadoras. Somente a ação da equipe é capaz de propiciar a almejada singularidade. Assim, além da capacidade racional, que permite a compreensão mercadológica e a proposição de soluções, uma liderança pautada no amor é vital para desencadear a participação ativa de todos na renovação. A democratização das informações promove o raciocínio questionador e, assim, o exercício da liderança se torna mais difícil, visto que os liderados exigem uma participação ativa na tomada de decisões. O mundo, salvo raras exceções, não oferece mais espaço para líderes que exercem poder não concedido, pois, atualmente, passaram a ser fortemente questionados. A liderança moderna é norteada pela inteligência emocional, que abre
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Inteligência Volitiva
espaço para que todos possam cooperar com o sucesso organizacional. É perceptível a importância das inteligências racional e emocional na construção do êxito profissional e da perenidade organizacional, quando se entende que o caráter de longevidade de uma companhia se pauta no crescimento, que se fundamenta na inovação. No entanto, após onze anos dedicados ao mundo das franquias, acompanhando o desempenho de centenas de empreendedores de diferentes perfis, percebi que, embora as inteligências racional e emocional fossem fundamentais, não garantiam o sucesso ao empreendedor. Além de um QI elevado e de um comportamento que permite o exercício da liderança pelo amor – QE, uma terceira competência está presente entre os empreendedores bem-sucedidos: a inteligência volitiva – QV, inteligência esta associada à vontade. Ainda que se fale pouco sobre esse tipo de inteligência, percebi que as pessoas com vontade de fazer “as coisas certas” é que vencem. O exercício do querer é a base para o sucesso organizacional. A vontade fomenta o desenvolvimento de ações que desencadeiam a evolução da inteligência racional e da inteligência emocional. Por isso, para mim, a mais
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Introdução
notável característica de qualquer profissional é o seu QV – Quociente Volitivo. A inteligência volitiva, que permite rapidamente implementar as inovações e estratégias que culminam na descaracterização da concorrência e fazem surgir novos mercados, determinará o nível de sucesso de um empreendedor. O produto da inteligência volitiva chama-se realização. O ‘‘coração que irriga o nosso cérebro’’, viabilizando as adaptações e evoluções que as outras formas de inteligência nos permitem executar. O produto ou resultado de uma organização é a soma das ações realizadas pelas pessoas que compõem a instituição, ou seja, é a soma das ações desencadeadas pelos colaboradores. Quando meço os resultados obtidos pelos gerentes de minhas empresas, na verdade, estou identificando se houve ou não trabalho empregado. Ora, o que é trabalho? Na física, é uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento. Quando o trabalho não é nulo, existe deslocamento, cria-se, então, uma realidade diferente da que se tinha inicialmente.
No mundo dos negócios,
podemos entender que existe trabalho, por exemplo, na área comercial, quando há deslocamento do volume de vendas. Podemos também dizer que existe trabalho no departamento de recursos humanos quando a capacidade
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Inteligência Volitiva
dos funcionários em entregar mais valor é aumentada por meio de treinamentos. No meu conceito, só existe trabalho executado pelas lideranças, no momento em que o lucro líquido é maior do que o resultado do período anterior, ou quando o “market share” é maior, ou ainda se a taxa de retorno sobre o capital investido é maior. Enfim, existe trabalho quando as ações geram mudança de patamar de desenvolvimento. Recordo-me de uma experiência vivenciada quando conversei com um gestor de uma de minhas franqueadas. Este
assegurava
estar
trabalhando
muito,
mas
os
resultados não refletiam o empenho que relatava. Ele havia sido contratado por ter demonstrado, no momento da seleção, bom conhecimento do processo de venda ativa, ser racionalmente inteligente e ter habilidade para lidar com pessoas. Entretanto, por vários meses, o faturamento daquela unidade continuou inalterado. Ele argumentava que o problema estava no negócio e não nele e, por isso, o resultado financeiro da empresa naquela região não crescia. O que o gerente fazia na unidade não contribuía para o único propósito de qualquer organização, que, como o próprio Drucker ressaltava, é “gerar clientes”, e eu adiciono: aumentar o faturamento e o lucro. Logo, não houve trabalho na empresa citada, porque, quando existe trabalho, há deslocamento. Quando a força atua no sentido do deslocamento, o resultado é positivo, há
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Introdução
energia sendo acrescentada ao negócio, gerando mais receita e lucro. O fato é que, no caso daquele gerente, apesar do nível de sua inteligência racional e emocional, a sua inteligência volitiva era praticamente nula, o que o impedia de gerar clientes e de ter sucesso. A sua derrota profissional, dentro de nossa organização, deu-se por não ter desenvolvido a inteligência volitiva. Muitas vezes, julgamos que estamos realizando um determinado trabalho, mas não o estamos. A única prova de existência de trabalho é a existência de uma ação que culmina em um deslocamento positivo. Por isso, Drucker dizia que, para fazer a ‘‘coisa certa’’, é preciso que haja também a pessoa certa. Em meus negócios, busco escolher pessoas racionalmente inteligentes, pois elas conseguem identificar as mudanças externas e que são emocionalmente inteligentes, porque contribuem com o trabalho em equipe. Fundamentalmente, procuro identificar e desenvolver pessoas dotadas de inteligência volitiva,
pois
estas
têm
capacidade
de
aumentar
continuamente o seu QI e QE, além disso executam e transformam a realidade e, consequentemente, os resultados. Pessoas com energia e capacidade de execução são valiosíssimas para as organizações. A competência em inovar e em desenvolver, por meio da liderança por amor, pessoas capazes de inovar, e a competência em
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Inteligência Volitiva
agir, identificar e desenvolver pessoas aptas a agir, são pré-requisitos para o sucesso e definem a capacidade dos indivíduos e das empresas de gerar lucro. Falo dos indivíduos e das empresas, porque não podemos separar as empresas das pessoas. Quando alguém diz: “minha empresa não é boa”, está, na verdade, afirmando: “eu não sou bom”. Da mesma forma, quando um líder diz: “os colaboradores não dão o melhor que podem”, ele está, de fato, falando: “eu não dou o melhor de mim e, com isso, a minha organização não dá o melhor que pode para a sociedade”. Uma companhia é um corpo único com células vivas, que são as pessoas. O fracasso de uma célula, geralmente, culmina no insucesso de outra. O mais trágico é que esse “câncer” pode levar o corpo, ou seja, toda a organização, à ‘‘morte’’. Por outro lado, pessoas que desenvolvem a inteligência volitiva funcionam como anticorpos capazes de agir e reagir rapidamente em prol do sucesso organizacional. Muito se discute sobre as inteligências racional e emocional nas organizações. No entanto, pouco se fala sobre a inteligência volitiva, que é a base para a formação da inteligência integral. Quando nos referimos à busca pela
inteligência
volitiva,
estamos
falando
daqueles
que estão dispostos a sair do plano ideológico para se comprometerem com a realização da missão, sem se
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Introdução
importarem
com
as
dificuldades
encontradas
pelo
caminho. Não basta ser uma pessoa com boas ideias. O relevante é ter pessoas que, além de possuírem boas ideias, realizem-nas. A notícia ruim é que elas são raras. Não adianta ter ideias para o desenvolvimento, por exemplo, de uma tecnologia de ponta, quando as pessoas não estão preparadas e motivadas a realizá-la. Realização significa agir transformando a realidade, o que é diferente de planejar e formatar ideias. Uma ideia é apenas o início e, por si só, não transforma nada. Sem ação, tudo continuará como antes. Com tanta informação disponível, a diferença entre as pessoas não está na capacidade de ter ideias, mas, sim, na competência de ativá-las. Por isso, aprendi, ao longo de minha experiência, que as organizações com melhores condições para vencerem são as que, fundamentalmente, além de ter ‘‘cabeças brilhantes’’ capazes de desenvolver as melhores ideias, contam com pessoas capazes de realizar e de consumar o propósito dessas ideias. Devido ao nível de concorrência do mundo moderno, a inteligência volitiva é uma competência mandatória em qualquer organização vencedora, ela é intangível e é pura energia potencial de realização. Contudo, indivíduos volitivamente inteligentes são raríssimos e extremamente valiosos. Na busca pela perenidade, o que as organizações têm demandado, essencialmente, são pessoas comprometidas com a missão organizacional, dispostas a passar por
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Inteligência Volitiva
mudanças que ocorrem em um ritmo alucinante, a empenharem-se
para
promover
transformações
nos
liderados e, finalmente, a lutarem para provocar mudanças no próprio mercado. Essas pessoas inovadoras, equilibradas na promoção de suas inovações e, principalmente, cheias de energia para agir, criam necessidades que antes não existiam, geram mercados onde não havia, contribuem para a perpetuidade das marcas e, consequentemente, para a própria longevidade profissional. O intuito deve ser atingir, individualmente ou em equipe, um patamar de desenvolvimento ainda não alcançado e sobreviver. Empresários,
líderes,
executivos
e
toda
a
cadeia
organizacional, para se manterem vivos, são obrigados a desenvolver o hábito de inovar, mediante espírito participativo que promova o engajamento coletivo. Devem se habituarem, sobretudo, a realização de forma inovadora, rompendo, portanto, com paradigmas, a fim de buscarem empregar inovações na sociedade. Ademais, refletindo de forma ainda mais aprofundada sobre o assunto, a realização de uma oferta singular de algo altamente desejado parece ser a razão da sobrevivência das organizações, mas, se fizermos uma análise de causa e efeito, veremos que a verdadeira razão para a vitalidade das organizações é a realização de uma oferta singular de condições propícias para que as pessoas inovem e
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Introdução
realizem. A inteligência volitiva do líder, associada à sua racionalidade e à sua capacidade de liderança por amor, cria condições para que essas mesmas competências se repliquem em toda a equipe. A inteligência volitiva é, então, a competência definitiva, que desencadeia a evolução constante das inteligências racional e emocional, criando o ambiente perfeito para a formação da inteligência integral e propiciando o equilíbrio das forças que levam as organizações adiante.
Inteligência Racional
Inteligência Integral Inteligência Volitiva
Líderes prosperar
de e
Inteligência Emocional
organizações durar,
criam
modernas, condições
feitas
para
psicológicas
e
estruturais favoráveis ao endoempreendedorismo, ou seja, ao empreendedorismo exercido por todos os membros da organização. A equipe deve estar disposta a inovar conjuntamente e a realizar a missão da entidade na
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Inteligência Volitiva
sociedade. Para exercer a inteligência de forma integral, a disseminação da inteligência volitiva é o principal desafio. Meu primeiro negócio de tamanho e complexidade relevante foi uma franqueadora de uma rede de escolas de idiomas. Depois que meu sócio e eu desenvolvemos o mais eficaz método de ensino de línguas já criado, saímos pelo mundo para vender o nosso produto e a nossa franquia. Todas as vezes que o nosso método entrava em ação, as pessoas se surpreendiam e percebiam o quanto ele era inovador e eficaz. Por várias vezes, cruzei com pessoas que diziam: “eu sempre pensei em fazer algo exatamente assim”. Muitas pessoas têm ideias, mas o grande problema é que a maioria não realiza, não age. O que as impede de consumar suas ideias? Por que grande parte das pessoas não consegue incorporar um comportamento realizador? E por que alguns se tornam líderes e não conseguem assumir atitude capaz de criar um ambiente propício para o endoempreendedorismo? Já vi vários profissionais e empresários jogarem às traças oportunidades ímpares por falta de inteligência volitiva. Um observador que acompanha o desenrolar dos fatos do lado de fora da matriz de acontecimentos surge atônito com a indagação: “mas, por que você não fez?” Parece simples, mas ser volitivamente inteligente é, de fato, psicologicamente desafiador.
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Introdução
Nos
próximos
capítulos,
dissertarei
sobre
como
desenvolvi o que tenho de melhor: a inteligência volitiva. Ela desencadeia um espírito muito empreendedor, que é a base comportamental para uma vida de sucesso no mundo globalizado e competitivo. O desenvolvimento da inteligência volitiva para o exercício do empreendedorismo ou endoempreendedorismo, quando a opção é por uma carreira corporativa, ajudará você a ser um profissional vencedor. Ao longo da leitura, você conhecerá exemplos de uma história real.
“As oportunidades aparecem normalmente disfarçadas de muito trabalho, e é por isso que a maioria das pessoas não as reconhece.” Ann Landers
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O inconformismo gerando necessidades
CAPÍTULO 1 O INCONFORMISMO GERANDO NECESSIDADES
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 1
O INCONFORMISMO GERANDO NECESSIDADES “Controle o seu próprio destino ou outra pessoa o fará.” Jack Welch
Tinha sete anos de idade. Riscava o chão de cimento com giz branco, construindo ruas e avenidas que se espalhavam pelo quintal da casa. Na minha cidade de “faz de conta”, havia prédios, casas, postos de gasolina, lojas de roupas, oficinas para autos, estádios de futebol, cinema e várias outras empresas que eclodiam em minha mente, reproduzindo a realidade. Na brincadeira de copiar o mundo real, saía de casa pela manhã, abastecia o carro e seguia para o escritório de minha empresa, uma transportadora, como a do meu pai. Usava os talões de vales amarelos inutilizados pela empresa de meu pai
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O inconformismo gerando necessidades
como talões de cheques em minha fantasia como homem de negócios. À noite, em carros de luxo, ia ao restaurante, assistia a filmes no cinema e, em minhas férias, sempre viajava. Essa era a minha vida adulta em meus sonhos de criança. Era assim que eu iria ser quando crescesse. Assim me criei, sempre sonhando com um futuro brilhante. Se, por um lado, meus sonhos eram sempre muito apoiados pela minha mãe, por outro, eles padeciam com a desconfiança de meu pai. Hoje, conforto-me em saber que o receio dele derivava do simples medo de ver um filho frustrado. Esse é, no entando, um jeito de ver a vida que consegui afastar de mim. Ainda muito jovem, assimilei um preceito que se tornaria essencial para a minha vida: o medo de perder nunca se fixaria como um obstáculo para mudanças, em todas as suas facetas, afastando-me do êxito no que quer que eu quisesse fazer, pois o meu medo de não vencer sempre foi muito maior. De minha mãe e de meu pai, herdei a capacidade de realizar e de empreender. Minha mãe era uma dedicada professora de música, que me ensinou o poder da diligência e a capacidade de sempre acreditar em que tudo é possível. Ela só se dedicou à educação formal depois de ter tido quatro filhos. Como ela mesma conta, queria fazer faculdade, por isso, acordava às três da manhã, saía do quarto na ponta dos pés e ia estudar sem que o
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Inteligência Volitiva
marido a visse. O modelo mental da época fazia-o criticar qualquer ato de libertação assumido por ela. No íntimo de sua sabedoria, ela sentia que conhecimento significava liberdade. Devo a ela o conhecimento que hoje carrego e a sede que tenho por mais conhecimento transformou -se na fonte de minha autonomia. A minha maior felicidade foi ter entendido que o conhecimento é um poder que liberta a humanidade, ao passo que o vazio de uma mente aprisiona as pessoas a uma vida angustiante. Herdei de meu pai a capacidade de empreender, de enfrentar riscos e de assumir consequências. Também por causa dele, aprendi que, às vezes, o que o pai tem de melhor, o filho tem de pior e vice-versa. Portanto, para mim, foi essencial entender que vencer a vontade de meu pai significava desenhar o caminho mais rápido para uma vida vencedora. Não podia seguir o caminho dele, pois aquele caminho era o dele e não o meu. Ao mesmo tempo, agradeço ao meu pai por ter compreendido que eu precisava encontrar a minha paixão. Aos
quatorze
anos,
mesmo
ainda
sem
entender
completamente as nuanças do livre mercado, no qual as forças de oferta e demanda se confrontam para a formação do preço, já observava a importância de manterme com habilidades desconhecidas por muitos outros e, por consequência, escassas. Percebi que se pagava mais
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O inconformismo gerando necessidades
àqueles que tinham qualidades raras. Decidi, então, que meu crescimento profissional e financeiro dependeria do acesso a experiências que poucos tinham. Aos dezessete anos, já estava cursando a Faculdade de Economia na Universidade Federal de Uberlândia, no estado de Minas Gerais. Ao mesmo tempo, buscava vivenciar uma experiência internacional e, aos dezenove anos de idade, consegui uma bolsa de estudos para fazer faculdade nos Estados Unidos. A experiência de estudar lá foi essencial. Lá, nos EUA, fiz amigos vindos de todos os continentes do mundo, com jeitos totalmente distintos de ver e viver a vida. Convivi com mestres fantásticos e aprendi a entender, a respeitar e a admirar culturas diferentes. Minha verdade não era mais a única. Nunca vou me esquecer de todos que gentilmente me ajudaram durante o tempo em que lá vivi. Depois que voltei dos EUA, continuei com minha graduação na Faculdade de Economia. Aos vinte e dois anos, ao passo que estudava, abri minha primeira empresa em busca de minha independência financeira. Contudo foi um fiasco. Quando meu pai percebeu que eu estava decidido a ganhar dinheiro, quis me ajudar. Entretanto ele dizia que me apoiaria financeiramente, caso eu abrisse um negócio que sempre quisera ter: uma revenda de óleo lubrificante. Eu não tinha o capital e, consequentemente,
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Inteligência Volitiva
não tinha o poder, mas queria o dinheiro, por isso, decidi, desacertadamente, seguir o caminho apontado por ele, o que se revelou uma decisão errada, porque o fim era o meu único motivo para agir. O resultado não poderia ser mais desastroso, e a derrota pode ser explicada, principalmente, pela minha infelicidade em estar ali. Em apenas quatro meses depois de ter aberto o negócio, eu o fechei. A culpa pela derrota foi toda minha, pois eu aceitei a oferta que meu pai me fizera. Aprendi que só teria sucesso se sentisse paixão pelo que iria fazer, por isso, deveria ter declinado da oferta. Eu não tinha o menor interesse por óleo lubrificante, então, o que é que eu estava fazendo ali? Ainda com vinte e dois anos, motivado pela abertura de mercado e pela forte demanda pelo ensino da língua inglesa, ao longo de toda a década de noventa, abri minha primeira empresa de ensino de línguas. Com ela, tive sucesso e muito aprendi sobre a arte de ensinar. Quando decidi que precisava agir para realizar algo muito maior, senti necessidade de associar-me a alguém que pudesse incorporar experiência de ter trabalhado em grandes organizações. Cinco anos após ter aberto minha primeira empresa no segmento de idiomas, juntamente com o meu sócio, desenvolvi o mais eficaz método de ensino de línguas já construído. Ensinávamos nossos alunos a falar uma língua com autoconfiança, cinco vezes mais rapidamente do que os nossos concorrentes. Logo, o que era apenas
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O inconformismo gerando necessidades
uma escola se transformou em uma franqueadora, e começamos a espalhar nossa marca pelo país. Assim, passei toda a minha vida profissional vivenciando os desafios de um mercado extremamente competitivo. Experimentei convencer centenas de empreendedores a se associarem a mim no desafio de empreender, treinei e apoiei centenas de novos empresários no desenvolvimento de seus negócios. Assim tem sido a minha vida: buscar sempre o próximo patamar de desenvolvimento. Nessa busca, por várias vezes, enfrentei obstáculos árduos, por isso, respaldo a verdade de que nenhuma conquista é fácil. O que sempre me manteve diligente na busca por realizações era saber exatamente o que eu queria viver e estar consciente sobre o quanto cada conquista era fundamental para minha felicidade. Eu via as realizações como necessidades, sabia que simplesmente não seria feliz se a minha realidade não fosse a que sonhara quando criança. A minha visão de futuro se mantinha firme em minha mente, e, mesmo nos momentos mais difíceis, ela me levava adiante. Ao realizar a minha missão de apoiar empreendedores, percebi que muitos não conseguiam ter a mesma constância em seus propósitos de realizações. Vários desistiam no meio da jornada. Certa vez, em um “workshop”, estava reunido com um pequeno grupo de três franqueados
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Inteligência Volitiva
de uma determinada região que vinha encontrando dificuldades em fazer crescer os negócios. Perguntei aos três se eles já tinham identificado o que estava afetando negativamente o resultado do negócio de cada um deles. Pelas explicações, ficou óbvio que conheciam o ‘‘gargalo’’ que impedia o crescimento de seus respectivos negócios. Por coincidência, no caso dos três, havia uma tremenda ineficácia no ritmo da atividade comercial. Ao longo do processo de relatar o problema, iam também apontando as soluções recomendadas pelo nosso manual comercial. No entanto, por que não agiam? Perguntei a eles se, na semana anterior, eles haviam seguido o processo de acordo com o manual de nossa empresa, o que significava acrescentar nomes à sua lista de “leads” – clientes em potencial, fazer o número de ligações necessárias para que pudessem conseguir o volume satisfatório de visitas a clientes, realizar as que haviam sido programadas para aquela semana e, finalmente, fechar o número de contratos previsto de acordo com as estatísticas que tínhamos como referência. Nenhum tinha realizado algo do que estava previsto no manual. Sabiam o que tinha que ser feito, mas não o fizeram. Perguntei a eles se achavam que uma mudança comportamental seria importante para suas vidas e todos disseram que sim. Eu já sabia que a palavra proferida se
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O inconformismo gerando necessidades
transformava em atos. Por isso, lancei um desafio, pedi a cada um que se comprometesse com todos os que ali estavam, dizendo em voz alta que seguiriam todo o processo de vendas para novos clientes durante a semana seguinte. Eu sugeri a eles que o colega cobrasse os resultados. Infelizmente, ninguém teve a coragem de comprometerse e percebi que todos ficaram envergonhados. Havia o desejo de ter uma empresa, mas nenhum deles demonstrava ter vontade, na medida certa, para levá-lo a, consistentemente, executar as atividades que ajudam a edificar o empreendimento. Descobri que o maior problema daquelas pessoas chamava-se Inteligência Volitiva. Esperar
que
automaticamente,
os
problemas
não
saber
sejam
planejar
solucionados as
mudanças
necessárias e, o mais importante, não escolher executálas são erros fatais que um empresário não pode cometer. Quando o medo do fracasso é maior que o de não vencer, o crescimento é automaticamente bloqueado, isso vale para as organizações e para as pessoas. Passo pelo menos metade de meu tempo motivando pessoas, ajudando-as a vencer seus medos, a eliminar gargalos e a buscar soluções. Um empresário não deveria precisar de motivação extrínseca, no entanto, no mundo dos negócios, essa não é a tônica. O empresário
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Inteligência Volitiva
é, frequentemente, alguém que se aventura a abrir uma empresa, mesmo quando não tem vocação para o ambiente empresarial.
Naquele
encontro
com
franqueados,
uma empresária iniciante queixava-se, relatando que precisava ter alguém próximo para que seguisse adiante e complementava dizendo que, às vezes, sentia-se sozinha, consequentemente, desmotivada. Lembro-me exatamente de suas palavras: “Eu olho para trás e não vejo ninguém me motivando, alguma coisa está errada com esta organização!” Ela se fazia de vítima e buscava um culpado para os problemas, para o insucesso até então. É assim que a maioria das pessoas age. É mais fácil culpar o outro pelos problemas que se tem. Boa parte dos empresários que fracassam atribui a culpa ao governo, à economia, à esposa, ao marido, aos filhos, aos pais, mas, nunca, à eles. Continuando, a franqueada me perguntou: “onde eu busco a minha motivação?” Olhando firmemente nos olhos dela, disse: “Olhe para trás de mim. Quem você vê?” Ela me perguntou: “Como assim?” Eu completei: “É isso mesmo, quem você vê? Quem está comigo o tempo todo me motivando?” Ela deu um sorriso e afirmou: “Ninguém!” Então, eu continuei: “Você acredita que não se motiva porque nós não estamos presentes cem por cento do tempo, certo? Permita-me fazerlhe uma segunda pergunta: Você acha que é fácil estar longe de minha família por várias semanas ao longo de cada ano
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O inconformismo gerando necessidades
para dar apoio aos negócios dos franqueados?” Ela, com um olhar um tanto surpreso, perguntou-me: “o que te leva a fazer isso?” Eu falei: “A mesma coisa que falta em você e que a ajudaria a desprezar a aparente necessidade de ter outra pessoa junto a você, motivando-a a fazer o que sabe que deve ser feito e não precisa ser dito. O meu motivo de estar aqui é o meu inconformismo com a minha situação atual e a necessidade de concretizar a minha visão de futuro. Estou aqui porque estou construindo um mundo que me faz ainda mais feliz. Quanto a você, qual é o mundo em que se vê mais feliz? Você precisa ter o seu próprio motivo para agir e ser mais feliz. Não há dúvidas de que tem que vir de dentro, tem que ser um mundo autenticamente seu. Você precisa ter a sua visão de futuro. Comece a pensar sobre o seu futuro e estará moldando uma vida entremeada, cada vez mais, de prazer. Essa é a verdadeira fonte de energia e motivação de um empreendedor. Sem esse combustível, você nunca vai ser uma empreendedora de sucesso”. Ela baixou os olhos, ficou envergonhada e pediu ajuda, confirmando que realmente tinha entendido a importância da visão em nossos treinamentos, mas afirmou que não tinha ainda conseguido definir quem ela era e o que queria fazer da sua vida. Ela estava fugindo de algo, mas não se encontrava ali para mudar a realidade. Havia comprado uma empresa, mas não tinha uma visão clara e não sabia em que esta estava se transformando,
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Inteligência Volitiva
algo que é completamente inaceitável para um empresário. As pessoas compram ou fundam suas companhias sem ter uma visão estabelecida, sem saber por que as abriram, para onde estão caminhando, o que devem fazer para atingir os seus objetivos e, enfim, como devem agir para modificar o futuro. Em geral, tornam-se empresários para fugir de algum incômodo. É o que eu chamo de empresários pelo acaso e não por vocação. Montam os negócios olhando para trás, para o passado, querendo se livrar dele, em vez de abrirem um negócio olhando para o amanhã. Um empreendedor feito para vencer sabe para onde está caminhando e conhece bem a fonte de sua motivação. Ele olha para frente e consegue enxergar-se no futuro. Esse empreendedor já se definiu como pessoa e compreende o que é o seu conceito de felicidade. O que precisa ser e ter para ser feliz são questões sob seu domínio. Além disso, pela certeza que tem sobre as suas necessidades, assume o compromisso de buscar uma vida feliz e relaciona essa tarefa à de obter resultados expressivos no que quer que se proponha a fazer. Saber exatamente o que você precisa viver, sendo e tendo, é a principal fonte de motivação e energia na busca de felicidade. A necessidade fará com que você se comprometa com as atividades que precisa desempenhar em sua rotina, para que atinja os resultados extraordinários
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O inconformismo gerando necessidades
que busca e que são basilares para a efetiva transformação de sua vida e da vida dos que estão próximos a você. Por isso, levo sempre em consideração o que dizia Joel Barker. Quando pergunto às minhas filhas o que elas querem ser quando crescerem, dou muita atenção às suas respostas, porque sei que estou ajudando-as a pensar sobre o seu futuro, ou seja, sobre o lugar onde elas passarão o resto de suas vidas. Como você se vê no futuro? Qual é a sua visão? Como você se vê feliz? Ao responder a essas perguntas, estará produzindo o combustível para viver uma vida dedicada à ação em prol da transformação. Ao construir uma visão significativa sob o seu ponto de vista, você será capaz de gerar energia suficiente para vencer. Entenda o que é felicidade e estará definindo as raízes de sua motivação. Preocupo-me com a capacidade que temos de ceifar as raízes do poder de realização. Fui criado sob a regência de premissas relativamente conservadoras que eram respaldadas pelos dogmas religiosos da Igreja Católica. Minha mãe, insistentemente e de forma pouco racional, tentava fazer com que eu assumisse para minha vida a doutrina religiosa. No entanto, a impressão que eu tinha era a de que aqueles que representavam a Igreja, durante a década de setenta e oitenta, pareciam pouco preparados
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Inteligência Volitiva
para interpretar a Palavra de forma isenta e, ao mesmo tempo, lidar com as desigualdades sociais que imperavam na época. Era fácil perceber que os líderes insistiam nas interpretações tendenciosas. As incursões dos líderes religiosos em prol de um sistema econômico moldado por ideias marxistas me incomodavam tremendamente. Eu já sentia que esses conceitos não seriam implementados se não por meio da estruturação de uma sociedade submissa. Tudo isso ia contra o espírito de liberdade que eu tinha, os meus ideais de governo limitado e a minha crença de que cada indivíduo tem o direito de buscar a sua evolução de forma a atingir patamares de desenvolvimento antes não encontrados e de acordo com a própria vontade. Não suportava a ideia de uma vida pautada em realizações limitadas. A Igreja da época parecia perdida em relação à relevância e à importância da matéria, e a mensagem que passava era a de que o desenvolvimento material era incompatível com o desejo divino. Uma ideia no mínimo retrógrada para um país que apresentava um dos piores indicadores sociais do mundo e carecia de líderes realizadores para que a transformação social viesse à tona. A Igreja da década de setenta e oitenta, a meu ver, ceifava sonhos – as raízes da realização – e, consequentemente, o
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O inconformismo gerando necessidades
poder de transformação das pessoas, que é o único capaz de mudar a vida para melhor. Se o propósito era acabar com as desigualdades, parecia-me o caminho mais adequado ajudar o povo a visualizar um futuro diferente, tendo a matéria como relevante. Um ‘‘script’’ de vida, baseado na irrelevância da matéria, estava sendo desenhado para que eu o seguisse. Entretanto, escolhi um caminho diferente. Lutei contra esse ‘‘script’’ e busquei traçar um novo caminho para a minha existência. Hoje me pego pensando em quão pobre e limitada minha vida teria sido se os líderes religiosos tivessem conseguido inculcar suas ideias em mim. Quando, como sociedade, criamos um ambiente que cerceia o desenvolvimento humano, cabe, como último recurso, ao próprio homem desenvolver-se como ser livre. Hoje entendo que o homem se completa quando se desenvolve de forma autônoma. Como dizia Rudolf Steiner: “A natureza faz do homem um ser natural. A sociedade faz dele um ser social. Somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre.” O meu mestre, Cesar Falcão, racionalizou de maneira espetacular essa questão, indo de encontro a toda a prática religiosa daquele tempo: “me ponho a pensar no que seria de Deus se ele não tivesse criado a matéria. Talvez nem existisse, pois foi só criando a matéria que Ele se consumou
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Inteligência Volitiva
como Deus.” Por pensar exatamente assim, a minha inibição quanto à valorização da matéria e, consequentemente, do ter, dissipou-se anos atrás. Uma sábia conclusão foi a chave que me ajudou a construir as raízes que dariam vida às realizações. Vendo Deus como o criador de tudo o que existe, entendemos que ele se realiza na matéria. Quando Deus age e cria, demonstra sua existência. Como seria Ele sem sua criação? Deus de quê? Deus de quem? Sendo assim, por que para o próprio homem seria diferente? O homem também se realiza na matéria e deve sentir-se livre para, também, construí-la. Por isso, quando falo de visão, falo, na verdade, de um profundo desejo de realizar por necessidade de evoluir para um patamar de desenvolvimento mais elevado. Falo das necessidades de fazer mais e de ser melhor a cada dia e, por fim, de um sentimento de extrema avidez e inquietude em não aceitar as coisas como elas parecem ser. Esse sentimento de inconformismo só é criado quando o que é almejado se torna uma necessidade absoluta. A necessidade de transformação, respaldada pela esperança de que o futuro será diferente, é a raiz de todas as realizações e é o que não deixa o sonho morrer, impedindo as pessoas de desistirem de suas atividades, por mais desafiadoras
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O inconformismo gerando necessidades
que pareçam ser. A necessidade é ativada pelo instinto de sobrevivência e é ele que mantém as pessoas ativas para que não sejam aniquiladas. O inconformismo, gerando uma necessidade absoluta, é o primeiro dos três ingredientes que dão forma à inteligência volitiva.
Inteligência Volitiva
Inconformismo gerando necessidades
“Um homem não está acabado quando ele é derrotado, mas quando desiste.” Richard Nixon
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A paixão pelo que se faz
CAPÍTULO 2 A PAIXÃO PELO QUE SE FAZ
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 2
A PAIXÃO PELO QUE SE FAZ “Se eu pudesse dar um único conselho aos mais jovens seria: busque dedicar-se àquilo pelo que você sente paixão. Fazer aquilo que não se gosta é mais ou menos como deixar o sexo para a velhice. Não me parece fazer sentido.” Warren Buffett
Um dia, ouvi o extraordinário Warren Buffett relatando que acreditava que são dados a todos bilhetes da sorte. Segundo ele, o dele foi ter nascido em um país fantástico. No meu caso, um dos bilhetes da sorte que recebi foi ter encontrado em meu caminho pessoas fabulosas que, de
alguma
forma,
influenciaram-me,
mostrando-me
a vida tal qual a percebo hoje. Alguns eu não conheci pessoalmente, mas regozijei-me ao me deparar com suas reflexões perpetuadas em livros extraordinários. Outros tive o prazer de encontrar e, entre eles, está Cesar Falcão. Apesar de não termos nos encontrado tantas vezes assim,
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A paixão pelo que se faz
sei que poucos tiveram tanta influência sobre mim quanto Cesar – um ser humano que dissemina sabedoria por onde quer que passe. Ele, tal qual o vejo à luz de nossos encontros, é um homem que vive à busca da própria evolução, decididamente exercitando a humildade, não fazendo a menor questão de reconhecimentos públicos. É um desses empreendedores que se deleita com o fato de poder transformar a vida das pessoas e organizações e de contribuir com o conhecimento e sabedoria acumulados ao longo de décadas, com as experiências vividas ao redor de todo o mundo, nas mais variadas áreas de conhecimento. Para ele, a transformação basta. A Cesar sou grato por ter aprendido a viver mais conectado à ótica do homem integral. Entender os conceitos do homem integral permitiume viver de forma mais equilibrada, autônoma, e iluminou os caminhos que eu deveria percorrer para ser mais completo, mais livre e mais feliz, tanto no âmbito pessoal quanto nos aspectos ligados à vida profissional. Hoje, ao ver o homem sob o conceito da integralidade, entendo-o como sendo mente, amor, matéria e espírito, e, quando penso na razão da minha existência, penso em buscar livremente a minha evolução mental, emocional, física e espiritual, pois agora sou humano e sinto que preciso desenvolver ao máximo o que sou.
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Inteligência Volitiva
Diagrama do Homem Integral
MENTE
ESPÍRITO
AMOR
CORPO César Falcão
Como sei que sou mente, busco a evolução mental e procuro melhorar cada vez mais a capacidade de decidir, de escolher, de sonhar – construindo o futuro –, de gerir, de planejar e de ser original. Como homem, sou também amor, sei que devo, constantemente,
desenvolver-me
como
ser
social
e
desencadear harmonia nas minhas relações. Contribuir com o outro é a consumação de nossa capacidade de
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A paixão pelo que se faz
amar, de cuidar, de compreender e, enfim, de viver de forma plena como seres sociais. Sou também corpo, sou matéria, e o desenvolvimento da matéria, em todos os sentidos, é condição para a minha sobrevivência, seja a matéria, o meu próprio corpo ou objetos de que preciso para viver bem. Reconhecendo-me como corpo, dedico-me a incrementar minha capacidade de ser disciplinado, de executar bem os planos desenhados pela mente, de dedicar-me aos meus objetivos materiais de forma aguda e de desenvolver sincronia e coordenação no quer que eu faça em equipe, estabelecendo uma sinergia entre o homem-corpo e o homem-amor. Como homem, também sou espírito, e o meu espírito é capaz de desencadear energia pura quando se encontra equilibrado. O espírito equilibrado é entusiasmo, é também inspiração. A palavra entusiasmo vem do grego enthusiasmus. En significa “dentro”, e Theos, “Deus”. Assim, a palavra entusiasmo literalmente significa “Deus no interior.” Quando falamos que executamos uma atividade com entusiasmo, realizamos essa atividade com Deus dentro de nós: uma fonte de energia inigualável. Após ter mais intimidade com os conceitos que moldam o homem integral, dei mais um passo na compreensão de como a inteligência volitiva é edificada, ao mesmo tempo
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Inteligência Volitiva
em que passei a observar franqueados e funcionários em suas atuações diárias. Percebi que, na maioria dos casos, quando alguém executava uma atividade que não refletia a sua integridade espiritual, o efeito gerado era absolutamente o contrário do almejado, geralmente, destrutivo e desencadeador de um sentimento de injustiça e de fracasso. Foi o que aconteceu comigo quando decidi acatar a oferta de financiamento de meu pai para abrir a minha primeira empresa. O varejo de lubrificantes nada tinha a ver com o propósito que desenhara para minha vida, e as minhas atividades diárias não refletiam de forma alguma o que eu tinha de melhor a oferecer ao mundo. O axioma da vida é a busca por prazer. Quando sentimos satisfação no que fazemos, as descargas químicas em nosso corpo são positivas, geram prazer e, consequentemente, motivação para continuarmos com a execução da atividade com disciplina e dedicação, buscando patamares de desenvolvimento que nos aproximam da excelência. Um homem que decide viver seus dias desenvolvendo atividades que não representam a natureza de seu espírito é comumente um fracassado. A mente bloqueia qualquer realização dissonante com a vontade, e o resultado nunca pode ser positivo, porque a energia desencadeada nunca é a energia divina dentro de nós.
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A paixão pelo que se faz
Existem duas fontes de motivação. A primeira é a motivação extrínseca, que é aquela que vem do mundo exterior. Bob Knight, o legendário técnico de basquetebol universitário norte-americano, dizia que, naqueles que são bem-sucedidos, “a vontade de se preparar é maior do que a vontade de vencer”. Como se preparar bem e consistentemente quando não se gosta do que se faz? A motivação em desempenhar as atividades do dia a dia deve ser a razão de sua felicidade e não a conquista que pode ou não surgir a partir de seu desempenho. Esta é incerta e só causa frustração. Minha experiência mostrou-me que um homem cuja vida desenvolveu-se sob os conceitos do homem integral tem mais condições de desempenhar bem uma atividade do que um com um espírito contorcido, falso, que não carrega a essência do divino. Viver em consonância com o prazer da própria realização é uma estupenda fonte de renovação energética. A minha experiência também me mostrou que um indivíduo que executa uma atividade com entusiasmo, com Deus dentro dele, é capaz de transformar a realidade de uma forma, aparentemente, sobre-humana. Quando a atividade é consonante com a razão de ser do indivíduo, uma quantidade de energia absolutamente exuberante é despejada sobre as ações executadas pelo “Homem-Corpo” e sobre as relações estabelecidas sobre o “Homem-Amor”.
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Inteligência Volitiva
A única certeza que tenho sobre o futuro é a de que quem não é cúmplice de seu espírito está fadado ao fracasso. Um concorrente com um espírito genuíno, executando atividades de forma simples, mas, com extrema autenticidade, provavelmente, conquistará um posição muito mais confortável e triunfante e, acima de qualquer coisa, terá vivido a real razão da existência humana, que é a felicidade. Ao experimentar uma vida em cumplicidade com o seu espírito, você perceberá que o seu estado de alerta atingirá um nível excepcionalmente fantástico, e os sentimentos mais profundos serão ativados em cada momento em que se dedicar à execução da missão que lhe foi atribuída. Por isso, viver de modo que respalde a sua razão de ser o manterá consistentemente ativo e em estado de desenvolvimento contínuo. Ao dedicar o seu presente à sua paixão, a sua inteligência volitiva estará muito mais próxima de ser desenvolvida e abrir-se-á espaço, consequentemente, para que as inteligências racional e emocional fluam juntamente com um comportamento realizador. Quando você exercita uma mente livre, que funciona de maneira autônoma, ela decide-se por desencadear ações consonantes com o que você realmente é, e a sua essência emerge, assumindo um papel social positivo,
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A paixão pelo que se faz
maravilhando e contagiando àqueles que o cercam de uma forma magnífica. Ao longo de minha experiência como empresário, convivi com outros profissionais, incluindo donos de negócios, cujas mentes eram completamente inexoráveis em relação a decidir-se com autonomia em favor de um espírito desimpedido e que pudesse gozar de liberdade. Para eles, as trilhas que levavam à mudança eram praticamente impossíveis de ser desvendadas e a adaptação ao que os outros desejavam ou aos previsíveis “scripts” de vida parecia ser inevitável. Um erro fatal! A decisão pela integridade do espírito teria sido muito mais sábia e frutífera. Só ela pode levar qualquer um ao sucesso no que quer que faça. Só a execução de atividades que desencadeiam prazer é capaz de fomentar realizações vencedoras a longo prazo. Algumas vezes, cometi o erro de aceitar como franqueados e colaboradores pessoas que não demonstravam a devida paixão pelas atividades que estavam prestes a executar em
suas
respectivas
rotinas
de
trabalho.
Decisões
desafortunadas como essa, invariavelmente, retardaram meu crescimento. Hoje, ajo com extremo cuidado quando seleciono alguém que se juntará a mim na realização da missão de minha companhia. Como Carl Rogers dizia, “os fatos são amigos”, e acobertá-los nunca é frutífero. Em alguns momentos, de forma aparentemente cômoda,
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Inteligência Volitiva
tendi a concluir que bastava treinar e apoiar o novo parceiro ajudando-o a adaptar-se, mesmo quando existia a evidência de distorção espiritual, que os resultados seriam positivos. Na verdade, essa era uma grande ilusão que, de forma avassaladora, contrapunha-se à minha necessidade de grandes realizações. Contorcer o espírito de alguém para que execute um papel qualquer é um erro fatal de escolha que, indubitavelmente, acaba nos levando à derrocada. Por outro lado, quando passei a recrutar somente franqueados ou colaboradores que eram apaixonados pelo que faziam, um nível extraordinário de energia passou a ser desencadeado, e a busca pela excelência tornou-se evidente, o que fez com que a eficácia se sobrepusesse e os ‘‘gargalos” fossem mais facilmente eliminados. Crescer passou a ser a consequência de um dia normal de trabalho. Comecei a perceber que a realização se consumava quando as pessoas gostavam do processo e não somente do resultado. Percebi que o inconformismo, gerando necessidades, não se mostrava suficiente para a formação de um espírito realizador. Aqueles que carregavam um sentimento de inconformismo devido às respectivas circunstâncias em que viviam, demonstrando um profundo desejo por mudálas, mas que, ao mesmo tempo, passavam os dias se dedicando às rotinas que liberavam um sentimento íntimo
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A paixão pelo que se faz
de dor, não conseguiam ter consistência no que faziam e, geralmente, não tinham sucesso em suas tentativas de assumir um comportamento realizador. Para eles, o abandono da busca de um fim glorioso era inevitável em algum momento da trajetória. A inteligência volitiva só se desenvolve, quando, além de se ser inconformado com a situação presente, se é também apaixonado pelas atividades rotineiras. Ser apaixonado pelas ações do dia a dia e pelo propósito dessas ações é o segundo instrumento que orbita a construção da inteligência volitiva.
Inconformismo gerando necessidades
Inteligência Volitiva
Paixão pelo que se faz (razão de ser)
“Sem paixão você não tem energia, e sem energia, você não tem nada.” Donald Trump
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Iniciativa - O início da ação
CAPÍTULO 3 INICIATIVA O INÍCIO DA AÇÃO
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 3
INICIATIVA - O INÍCIO DA AÇÃO “Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio têm qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?” Fernando Pessoa
Nada mais notório do que um homem de ação. A diferença entre o real e o sonho está na capacidade de agir do ser humano. Quando ele entende que nada mais importa senão aquilo que pode ser realizado agora, no momento presente, o “impossível” começa a ser construído e o sucesso a ser conectado. Foi crucial tornar-me consciente de que só o que eu realizo hoje importa, pois só o tempo presente muda o futuro. Por isso, eu me fiz agindo. Ao longo do meu desenvolvimento, no processo de desvendar quem eu
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Iniciativa - O início da ação
realmente era, encontrei serenidade e aceitei-me. Foi nesse momento que descobri que os pensamentos e críticas do outro não mais me paralisavam. Quando essa consciência se apoderou de mim, um espírito realizador passou a comandar os meus atos, e o medo de um resultado negativo se esfacelou. Agir passou a ser um evento trivial. Os paradigmas começaram a ser quebrados e um novo modelo emergiu por meio de minhas ações para transformar o meu mundo naquilo que eu desejava. Foi quando eu aprendi que um homem comum pode realizar coisas extraordinárias. O estadista e primeiro ministro francês, Georges Clemmanceau, no início do século XX, , dizia que “um homem que tem de ser convencido a agir antes de agir não é um homem de ação. Você precisa agir ao mesmo tempo em que respira”. O meu respeito pela ação é tão grande que me leva, todo o tempo, a observar todos ao meu redor na tentativa de entender um pouco mais sobre a forma que cada um lida com a necessidade de agir. Analiso a capacidade humana de entrar em ação nas mais variadas circunstâncias, incluindo momentos em que uma ação simples é requisitada – por exemplo, quando estou na posição de cliente em uma loja qualquer – e outros em que ela requer decisões complexas e coragem. Por vender franquias, tive a oportunidade de encontrar vários pretendentes a donos de negócios que namoravam
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Inteligência Volitiva
oportunidades de investimento por meses e, em alguns casos, até anos, e eram bem preparados tecnicamente para ter um negócio próprio. Tenho a certeza de que venceriam como empresários se eles se permitissem se jogar no processo de viver verdadeiramente uma vida voltada para a realização. Entre eles, ao longo de minha jornada, deparei-me com gente extremamente culta, que trabalhava em grandes corporações. Frequentemente, eu os pegava reclamando de seus subordinados, de seus chefes e do estilo de vida que o mundo seletista normalmente oferece. Em algumas oportunidades, eu os ouvia falando sobre as várias ideias que tinham. Era fácil perceber que algumas delas eram magníficas e, se realizadas, contribuiriam de forma significativa para a vida das pessoas. Muitos me diziam que queriam mudar de vida e ter o próprio negócio, mas, tudo isso, no futuro. Quando penso nesses executivos, lembro-me do que meu mestre, Cesar Falcão, dizia: “se vai agir, então já deve estar agindo, porque se não está, muito provavelmente não vai”. Nessas circunstâncias é que distinguimos quem tem desejo de quem tem vontade. O grande problema com essas “mentes brilhantes” é que o futuro nunca chega, o tempo passa, elas não iniciam a ação e continuam a reclamar do que vivem no presente. O aparente brilhantismo daqueles indivíduos se ofuscava quando as realizações em torno do “querer” não se consumavam. Às vezes, a quantidade
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Iniciativa - O início da ação
de dinheiro que tinham era relativamente significativa, portanto, eles aparentavam ser bem-sucedidos por essa condição financeira. Entretanto, na realidade, não se sentiam vitoriosos, por conseguinte, não o eram. O sucesso se consolida quando vivemos diariamente executando ações conectadas à realização de nossa visão. Como posso atribuir a palavra bem-sucedido a alguém que não realiza o que sempre quis? De que vale a vida se não realizo o que sou na essência ou se não vivo me transformando naquilo que tenho vontade de ser? A minha percepção de que eles não consolidavam o sucesso parece proceder.
Se eles não se sentiam bem
trabalhando para outras pessoas, por que não pediam demissão e abriam o próprio negócio? O fato é que a iniciativa era neutralizada pelo medo. Não adianta ter um sonho se não há coragem para sair da inércia e agir. O comportamento empreendedor requer coragem e controle dos medos. Sem o controle dos medos não existe ação. Fico frustrado ao ver tamanha quantidade de recurso intelectual em estado vegetativo. Para mim, mentes em estado vegetativo são mentes mortas que se preocupam demasiadamente com o outro e com a derrota. A coragem é prerrogativa de um espírito realizador. Assim, a autoconfiança é atributo de quem tem iniciativa, que é um sinal distintivo de quem age prontamente
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Inteligência Volitiva
quando uma solução é necessária, sem se preocupar com o julgamento dos outros em relação às decisões e à forma de executá-las. O medo de sentir-se menor, menos importante, é o grande desafio para quem quer desenvolver a iniciativa. Quem tem pânico da ação, geralmente, o tem porque tende a colocar o outro como referência, em vez de ter o próprio desempenho como a marca a ser batida. É preciso aprender a aceitar-se. O medo do que o outro vai pensar pode levar à hesitação, bloqueando a capacidade de agir, de opinar, de encaminhar possíveis soluções, enfim, de dedicar-se à ação e mudar. Em contrapartida, a coragem é íntima daqueles que demonstram iniciativa em seu caráter. O medo de “perder” abala a capacidade de agir do ser humano e o afasta de sua felicidade. O medo de iniciar a ação está relacionado ao sentimento de rejeição, ou, porque não dizer, ao medo do fracasso. Não ser amado é o primeiro pensamento que surge nas mentes da maioria dos que erram. A dependência do amor do outro parece ser vital para os que não confiam em si mesmos, valorizandose. Em minha experiência, percebi uma característica comum entre os indivíduos com iniciativa. De maneira geral, eles apresentavam um profundo sentimento de independência em relação às observações de terceiros. O que essas pessoas efetivamente valorizavam era o que descobriam dentro de si quando se jogavam no processo da
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Iniciativa - O início da ação
ação. Em vez de se preocuparem com a reação dos outros, seus pensamentos estavam focados na própria evolução. Cada ação era desencadeada com o propósito de corrigir as falhas encontradas no ciclo anterior de ações. Assim, as falhas eram observadas de forma natural e, além de identificar os pontos que deveriam ser melhorados, elas os ensinavam a ser um pouco mais psicologicamente “autossuficientes”. Mais basilar que o amor do outro era a opção pelas sensações que suas atividades traziam à tona, traduzindo a importância que atribuíam a si mesmos. Carl Rogers escreveu: “a avaliação do outro não pode me servir de guia visto que a minha experiência é a suprema autoridade”. Quanto mais experimento e busco soluções variadas, mais aprendo que o mesmo objeto pode ser olhado por ângulos completamente diferentes e, com isso, sinto que minha capacidade intelectual é incrementada como se eu estivesse unindo realidades diferentes e construindo uma inteligência muito maior e capaz de ultrapassar obstáculos antes intransponíveis. Ao perceber que o fracasso me leva a observar o objeto sob outro prisma, mais construtivo, começo a relacionar-me com o sentimento de perda de uma forma mais enriquecedora. Por isso, aprendi a jogar-me nesse processo com todas as minhas forças para vencer, mas já sei que, mais cedo ou mais tarde, atingirei um limite de desenvolvimento, que é o máximo que conseguirei atingir com os recursos sociais, mentais,
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Inteligência Volitiva
corporais e espirituais que tenho e os quais promovem a minha existência atual. Cabe a mim rearranjar esses recursos para que estabeleça novos limites e volte a evoluir. Quando encontro meus limites, sei que algumas batalhas serão perdidas, mas sei também que são só batalhas e que triunfarei na guerra da vida. Uma guerra que travo comigo mesmo para que eu seja sempre melhor. Sem a experiência da derrota, o paradigma anterior prevalece e os resultados anteriores se perpetuam, impedindo a inovação e a minha evolução. Os que carregam o espírito empreendedor já aprenderam que é primordial olhar a derrota como parte de um processo de construção de um novo túnel de realidade e de uma inteligência superior. A derrota, que pode inclusive nos arremessar eventualmente para a solidão, é uma tormenta psicológica terrível, mas, ao mesmo tempo, compele-nos a olhar o nosso interior em busca da renovação, do entusiasmo, de mais energia, ou seja, de Deus dentro de nós, instigando-nos a inovar, a nos transformar e a progredir de forma contínua. Para o verdadeiro empreendedor, o que importa é ser melhor hoje do que foi ontem. As dores da rejeição, o orgulho, a vaidade, enfim, os sentimentos negativos que acorrentam a nossa capacidade de realizar, passam a ser pequenos demais diante da grandeza da realização de um potencial. Aqueles que mais se expõem tendem a ser os que mais erram, os mais flexíveis e, ao mesmo tempo, os que mais
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Iniciativa - O início da ação
evoluem. Na iminência da opção por não agir, é imperioso lembrar que a dor causada pela perda de uma batalha é rapidamente assimilada, mas a dor provocada por uma guerra perdida é eterna. Para mim, a grandeza social consiste na democratização do conhecimento, e o conhecimento só é democratizado quando se realiza na comunidade. Para que serve o conhecimento que não se transforma em realização? Quando o medo impera, nada se realiza. Elevar o medo ao patamar de grande vilão das realizações é inconcebível. Penso que os medos são indignos de ser valorizados, portanto, precisam ser controlados. Para mim, o que realmente importa é a preservação da minha capacidade de transformar o que penso e o que sinto em realizações. Ademais, em sendo o meu intelecto, os meus sentimentos e a minha vontade as faculdades de minha alma, vejo que ela é intocável, por isso, o meu medo se desvanece. A minha alma não pertence a outras pessoas, por isso, aprendi a aceitar o que penso, o que sinto e como ajo, enfim, aceito e respeito quem sou. Como franqueador, sempre premiei os franqueados com melhor desempenho em cada ano. Em um dado ano, dois diretores que cuidavam das operações da nossa organização ficaram indignados ao saber que uma determinada empresária ganharia o prêmio de melhor franqueado do
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Inteligência Volitiva
ano. Afirmavam que tinham acabado de participar de um treinamento com ela e que, naquela ocasião, não pareceu ser dotada de qualquer virtude. Os diretores chegaram a duvidar dos números e, cuidadosamente, buscaram possíveis erros. Depois de terem analisado novamente todos
os
dados
junto
ao
sistema,
acreditaram
no
resultado. Ela não parecia ser muito especial, talvez não fosse dotada de grande embasamento conceitual, mas eis que simplesmente foi até o cliente e fez. Essa empresária nunca esperou para iniciar a ação, agiu enquanto os outros pensavam na ação, provavelmente, com medo do que terceiros pensariam sobre sua maneira de agir. O meu mestre, Cesar Falcão, diz que “a iniciativa, ou o ato de iniciar-se uma ação, pode levar um milésimo de segundo ou pode levar uma eternidade até que aconteça.” Tudo depende do controle do medo para que se tenha a capacidade de focar na ação, interagir e manter a prontidão. Para que a ação aconteça, é preciso concentrar as energias na ação proposta, é preciso sentir-se bem com a interação que cria a sinergia e a união entre os envolvidos, é preciso estar preparado tecnicamente em relação a cada atividade que completa a ação. Quem não está pronto, não age.
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Iniciativa - O início da ação
É preciso ainda pensar que nada se transforma quando não se inibe o medo e não se dá o primeiro passo. Por isso, irrito-me quando alguém afirma que vai fazer, que vai mudar, que vai executar. Se vai, então já deve estar....ou não? A ação deriva da vontade e não do desejo. Suponhamos que eu diga: “quero ir aos Estados Unidos no ano que vem”. Se “quero” significa vontade, então, o fato é que já estou, hoje, indo aos Estados Unidos, porque as ações já são imediatamente desencadeadas: o dinheiro já está sendo economizado, já estou fazendo as reservas dos trechos aéreos e de hotéis, já me prontifico a organizar os documentos necessários, ou seja, os fatos já estão acontecendo. Vontade implica ação! Estamos falando de visão. Por outro lado, se “quero” significa desejo, então, estamos falando de alguém que verbaliza as coisas de forma irresponsável, sem propósito, sem ensejar as faculdades da alma. Nesse caso, se o “quero” significa que o outro aja, que o outro faça e que as coisas aconteçam através de uma mão invisível, então, nunca acontecerão. Estamos falando de especulação, de imprecisão, de preguiça e de baixa autoestima. Sem a ação, nada muda, e só uma decisão autônoma através da ação pode ser precursora de realizações. Para se ter iniciativa, é fundamental que exista uma inquietação interior, o desabrochar de um evento espiritual, ou seja, a consciência e a fé de que algo que ainda não foi realizado
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Inteligência Volitiva
precisa ser urgentemente executado. Uma pessoa de iniciativa é extremamente observadora e perceptiva, ela se incomoda, sente-se machucada e perturbada com a não realização. Ter a necessidade de agir e gostar do que se faz não basta. A inteligência volitiva só se consuma quando o hábito de agir é compulsivamente instigado.
Pessoas
volitivamente inteligentes se expõem de forma a desvendar a sua capacidade de encaminhar soluções para os obstáculos que surgem ao longo de seu percurso, por mais simples que eles sejam. É fundamental planejar, mas executar o plano que molda o nosso futuro e a nossa evolução é o grande diferencial de um profissional e é o que consuma o comportamento empreendedor. Estou falando da ação em tempo real, ou seja, o agora é que define como você finalmente viverá o seu futuro. Para pessoas assim, o pensamento surge na velocidade da luz, dando vida espontaneamente à ação propriamente dita e, consequentemente, às realizações. Esse é, definitivamente, o supremo estado de iluminação. A
inteligência
volitiva
é,
pois,
uma
competência
daqueles que sentem necessidade de agir pela própria sobrevivência ou por uma visão formada, dos que têm paixão pelo processo de execução e são autoconfiantes para desencadear ações que provoquem a mudança do
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Iniciativa - O início da ação
status quo e que solucionem problemas que surgem inusitadamente. A inteligência volitiva é a única com poder supremo de transformação e também a única capaz de funcionar como combustível para o desenvolvimento de outras inteligências, como, por exemplo, a emocional e a racional, que são fundamentais para o empreendedor. Portanto, a inteligência volitiva é um ativo sem paralelo.
Inconformismo gerando necessidades
Inteligência Volitiva
Iniciativa - agir ao passo que se respira
Paixão pelo que se faz (razão de ser)
“O que pensamos ou o que sabemos ou o que acreditamos é de pouca influência. Somente o que fazemos é capaz de gerar alguma consequência.” John Ruskin
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Inteligência volitiva e liderança
CAPÍTULO 4 INTELIGÊNCIA VOLITIVA E LIDERANÇA
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 4
INTELIGÊNCIA VOLITIVA E LIDERANÇA “Pensar é fácil, agir é difícil, e colocar o pensamento de alguém em ação é o que há de mais difícil no mundo.” Johann Wolfgang Von Goethe
A longo prazo, a evolução máxima de qualquer organização não pode ser maior do que o grau de desenvolvimento das pessoas que fazem parte dela. Uma organização qualquer nada mais é do que o conjunto de competências humanas que se unem para realizar uma missão na sociedade. Como sendo a extensão dos homens e mulheres que a integram, é fascinante poder enxergar a empresa sob a ótica do homem integral. Quando, por meio dos ensinamentos de meu mestre, César Falcão, consegui analisar a organização, tendo como aparato conceitual a integralidade humana, deparei-me com uma
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Inteligência volitiva e liderança
sensação de certo conforto e tranquilidade. Ficou mais fácil iluminar o caminho mais propício a ser seguido nos momentos em que decisões extremamente difíceis precisavam ser tomadas. A análise do negócio pelo prisma do homem integral me ajuda a identificar o gargalo que atravanca o crescimento do meu empreendimento e me auxilia na promoção de ações que alavancam o sucesso da companhia que lidero. Quando olho a corporação sob o conceito do homem integral, alegro-me ao ver que, assim como o homem, a empresa se energiza através de seu espírito, define estratégias e toma decisões pelas reflexões da mente, executa ações por meio do corpo organizacional e tem o ambiente interno e externo conectado pelas relações construídas entre os próprios colaboradores, entre estes e os fornecedores e entre os colaboradores e os clientes; uma sinergia que precisa ser construída e mantida a qualquer custo para que a missão se realize. Aprender a gerir sendo balizado pelos conceitos do homem integral me levou a entender também que, em sendo a mente organizacional, minha atuação como líder só seria bem-sucedida se eu sobrepusesse os interesses organizacionais aos interesses pessoais como investidor. A minha experiência me provou que existe uma força negativa que é revelada pela ansiedade do investidor em retornar o capital aportado no empreendimento, a qual, por mais paradoxal que possa parecer, retarda ou até
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Inteligência Volitiva
impede o sucesso financeiro da organização. Infelizmente, nem sempre o objetivo do investidor de atingir uma determinada taxa de retorno sobre o capital investido se alinha por completo com os interesses missionários da companhia no exato horizonte temporal. Só a liderança pode equilibrar os propósitos, desenhando e monitorando as ações organizacionais.
Diagrama da Organização Integral (Uma adaptação advinda do diagrama do Homem Integral)
MENTE ORGANIZACIONAL Gestão / Estratégia/ Liderança
ESPÍRITO ORGANIZACIONAL Missão / Entusiasmo/ A razão de ser perante o mercado
AMOR NA ORGANIZAÇÃO
CORPO ORGANIZACIONAL
Pessoas / Clima organizacional/ Respeito
Infraestrutura / Processos / Competência na execução
César Falcão
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Inteligência volitiva e liderança
Só comecei a entender verdadeiramente o que significa exercer
liderança
quando
me
deixei
envolver
pela
missão da companhia que lidero. A missão é o espírito organizacional, a fonte de energia que atrai as pessoas certas, motivando-as a realizar essa missão. Essa é a única fonte de valor real da empresa para a sociedade. A missão é a razão da existência da empresa, e quando ela é forte o suficiente para atrair as pessoas certas, ela se mostra poderosa para uni-las em torno de sua consumação. A missão organizacional fundamenta a existência da empresa e nada é mais importante do que cumpri-la, incluindo o retorno financeiro, pois ele só se consuma em consequência de uma missão autêntica, que deve ser executada antes de qualquer outra coisa. A singularidade dessa missão e o seu cumprimento podem garantir, em seguida, a almejada margem de lucro do investidor. Ela é uma inspiração que precisa ser descrita de forma clara e direta, por meio de palavras precisas. Todos na empresa devem conhecê-la de cor, ou seja, de coração, pois como podem realizá-la se não conseguem compreendê-la? Em organizações vencedoras, as pessoas se importam mais com a certeza de que a missão será cumprida do que com os próprios resultados pessoais. A missão que gera retorno financeiro, antes de qualquer coisa, é executada pelas pessoas certas, que agem obstinada e apaixonadamente na sua execução, fazendo com que, em consequência, toda
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Inteligência Volitiva
essa energia acabe por sensibilizar o coração daqueles que fazem parte do grande propósito da empresa: os clientes. Com meu mestre, Cesar, aprendi a ver a empresa como uma árvore. Ao criar uma organização e sua missão, o empreendedor planta a primeira semente a fecundar a terra. A energia desencadeada por seu espírito o faz criar, servir, inspirar-se, entusiasmar-se e, ao exalar tanta energia, ele influencia as pessoas ao seu redor, causando a aderência de liderados e, em seguida, de clientes. A influência positiva leva cada colaborador a agir em consonância com a missão organizacional, vitalizando a perpetuidade da empresa. Por outro lado, quando a missão não é compreendida pelos colaboradores e não toca seus corações, o espírito organizacional não germina e a empresa morre. A perda da razão de ser de uma organização é uma doença destruidora e, por que não dizer, fatal. Perder o senso missionário significa perder inspiração, entusiasmo, capacidade de servir, poder de integrar e, principalmente, significa perder o grande propósito de qualquer empresa: os clientes. Isso explica por que uma transição de gestores é extremamente complexa. Quando o empreendedor sai e o herdeiro ou outro executivo entra em seu lugar, muitas vezes, é possível perceber que o espírito missionário não foi absorvido pelo sucessor, por isso, cuidados extremos precisam ser tomados antes que o bastão seja efetivamente passado. No caso de empresas
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Inteligência volitiva e liderança
do setor de serviços, essa atenção deve ser ainda maior, já que, nelas, os clientes são rapidamente afetados. Quando o empreendedor sai, ele leva junto a alma do negócio, a raiz que vinha mantendo a árvore de pé. Vejo vários líderes formatando missões organizacionais de forma obscura, o que faz com que as ações descritas sejam mal compreendidas pelos executores. Ao criar uma missão, um líder deve deixar claro o que pretende realizar para os clientes; além disso, a missão deve ser autêntica. A autenticidade é evidenciada nos diferenciais que a organização se propõe a manter. As empresas criadas para a perenidade foram fecundadas por empreendedores que deram vida à singularidade em benefício do cliente. A organização que desenvolve uma missão sem autenticidade está fadada ao fracasso. O corpo organizacional é a parte que é físico, incluindo os processos que precisam ser realizados em sincronia, os sistemas, as máquinas, a competência na execução dos processos, a infraestrutura, enfim, a matéria. O corpo representa o movimento físico organizacional que, em plena atividade, demonstra capacidade de produzir e transformar. O
amor
na
organização
representa
as
relações
estabelecidas entre os membros participantes da empresa,
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Inteligência Volitiva
os clientes e os fornecedores. Quanto maior a sintonia entre eles, maior a capacidade de canalizar a energia missionária para que o corpo execute. Por fim, temos a mente organizacional, que corresponde à liderança, ela administra o corpo e as relações entre todos os envolvidos. Impulsionados por sua missão, líderes criam um plano de negócios, incluindo o plano estratégico, o mix de produtos e serviços, a análise de mercado, o plano de marketing, o plano de vendas, o plano financeiro, enfim, o que a organização precisa para que a missão seja realizada com sucesso. No entanto somente a qualidade do conhecimento técnico e a inteligência racional para planejar a execução da missão não são suficientes para definir um líder de sucesso. É preciso muito mais. A mente organizacional define como, quando, por que e onde o corpo agirá, e, para que o corpo organizacional a realize com o mais alto grau de produtividade, engajando seu potencial, a mente organizacional deve desenhar as políticas de forma a descrever como as relações serão estabelecidas dentro da própria companhia e entre a organização e o mercado. Entretanto, as políticas e diretrizes são somente indicações dos caminhos mais propícios a serem seguidos pela liderança. Na verdade, a forma de agir do líder define o clima organizacional e cria oportunidades para que a ação predomine e os resultados floresçam.
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Inteligência volitiva e liderança
É comum vermos líderes que conhecem bem o conteúdo técnico que a função exige, mas é na forma de disseminar o conteúdo para os liderados que a maioria peca, ao diminuir a produtividade e arriscar a sustentabilidade da companhia. A boa notícia é que líderes que desenvolveram a inteligência volitiva têm o poder de vulnerabilizar o próprio ego, aceitando-se, e, por isso, desencadeiam energia em quantidade suficiente, capaz de permitir-lhes adaptar seu comportamento ao estilo de liderança que mais ativa a capacidade de realização das pessoas, a liderança por amor. A liderança por amor se realiza pela aplicabilidade de dois princípios básicos. Primeiramente, exercita-se a liderança por amor quando se executa um papel missionário. Como missionário, o líder abre novos caminhos, deixando sempre um trilho bem aparente para que possa ser seguido. Essa é a única forma de engendrar energia, conhecimento e, principalmente, atitude aos membros da equipe na proporção que os mercados competitivos exigem. Ao dizer que “as raposas têm covis, as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”, Jesus, o maior líder da História, não somente falava, mas agia e exemplificava como os seus liderados deveriam executar a ação se quisessem transformar as pessoas e o mundo.
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Inteligência Volitiva
Lucius Séneca já dizia que “longo é o caminho ensinado pela teoria, mas curto e eficaz, o do exemplo”. A ação é decidida pela “Mente”, mas executada pelo “Corpo”, e é muito mais fácil condicionar o “Corpo” a agir do que ensinar a “Mente” e esperar que ela se decida pela ação do “Corpo”. O condicionamento do “Corpo” é a formação subconsciente de um paradigma a ser adotado, sem que haja reflexão aprofundada sobre os sentimentos que a ação desencadeia. A racionalização pode imobilizar o executor. Imagine Jesus explicando racionalmente como o papel missionário deveria ser executado por meio de planilhas de dados ou de slides de “PowerPoint”. Possivelmente, seus apóstolos, pouco acostumados às interpretações de informações, não entenderiam o que deveria ser feito nem a forma de execução do plano. Jesus, entretanto, simplesmente falava: “vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”. “Vinde após mim” significava me acompanhem, vejam como eu faço e façam da mesma forma. Em segundo lugar, o exercício da liderança por amor está também pautado no desenvolvimento e na preservação da capacidade de ofertar dignidade e oportunidades de realização pessoal para cada membro da comunidade gerida. A proposta de valor para cada integrante da equipe deve, fundamentalmente, viabilizar os caminhos para a experiência de uma vida que reflita a respectiva visão de cada um dos liderados. A empresa
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Inteligência volitiva e liderança
se torna, então, parte da solução para a vida de todos os membros da equipe. Por isso, liderar por amor requer altas doses de temperança, generosidade, caridade – quando esta não causa prejuízos à organização –, paciência, humildade e diligência. É óbvio que um ser humano comum, geralmente, não apresenta todas essas virtudes, mas a minha experiência mostra que a inteligência volitiva do líder o leva a desenvolver continuamente cada uma das virtudes associadas à liderança eficaz. Isso acontece quando o liderado tem a percepção de que o propósito de evolução do líder está acima de qualquer suspeita. O exercício do poder desenvolvido a partir da autoridade é prerrogativa para poucos. A palavra autoridade deriva do latim auctoritas e significa o autor, o fundador, aquele que exemplifica e cria o modelo. Durante o Império Romano, a palavra autoridade era atribuída àquele com prestígio para exercer o poder concedido. Somente os virtuosos adquirem o poder com legitimidade, e este é um estado de iluminação que faz com que os liderados aceitem a liderança com simplicidade e voluntariedade. Como líder, tenho que conquistar a adesão dos liderados em torno do propósito da missão. Esse é o meu esforço contínuo e imensurável para que a nossa organização
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Inteligência Volitiva
consiga efetivamente contribuir com os que compram nossos produtos e serviços. Entretanto, confesso que aprender a liderar foi e tem sido o meu maior desafio. Saber como extrair o máximo de cada um que compõe a equipe é uma verdadeira provação. A liderança por amor
nunca
foi
completamente
natural
para
mim,
e estou certo de que ela não é natural para a maioria esmagadora dos líderes, pois é, na verdade, um exercício espiritual e requer, à luz do meu olhar, que vivamos perseguindo um estado de iluminação que se evidencia quando nossa alma está imbuída ao máximo de uma de suas faculdades: a vontade. Entretanto, a inteligência volitiva tem me ajudado no enorme esforço diário de me encaixar nos moldes de comando que me levam a ter sucesso no que faço. Temperança, por exemplo, tem sido uma busca cotidiana. Durante toda a minha trajetória, tenho me esforçado muito para ouvir e compreender as razões do outro. No início, tendia a acreditar que o que já estava formatado em minha mente era uma verdade a ser respeitada, pois, tecnicamente, sob vários aspectos e para os padrões da sociedade capitalista ocidental, ela era construída sobre um alicerce racional bem elaborado. De meu pai, eu sempre ouvi que “a arrogância e a soberba exibem-se sagazes na antessala do fracasso”. Foi só pela experiência, pelo exercício do sentir, que realmente entendi o que ele dizia. Talvez, se eu tivesse desenvolvido melhor
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Inteligência volitiva e liderança
minha capacidade de liderar por amor, teria economizado milhões. O grande desafio de um novo empreendimento é diminuir a curva de aprendizagem, com isso, eliminar rapidamente os gargalos que impedem o crescimento e levam ao consumo de capital de giro. Quanto mais tempo se leva para aprender as artimanhas peculiares ao negócio que propiciam o crescimento, mais capital é consumido. Em um determinado momento, nossa organização parou de crescer, estava completamente estagnada. Foi a fase mais difícil de minha vida profissional, mas, em contrapartida, como não podia deixar de ser, foi também a que mais me trouxe sabedoria. Naquele momento, eu liderava uma equipe de tamanho relativamente expressivo, que incluía, aproximadamente, uma rede com mais de quatrocentas pessoas entre colaboradores, franqueados e funcionários de franqueados. Sentia que existia uma desmotivação generalizada na equipe, no entanto não entendia o porquê. Dávamos uma série de prêmios, que incluíam viagens, jantares nos melhores e mais caros restaurantes do país e dinheiro em espécie, mas isso não trazia motivação ao grupo e crescimento para a organização.
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Inteligência Volitiva
A mudança começou após uma reunião com vários franqueados, diretores regionais e diretores de unidades franqueadas. Alguns eram donos das franquias, outros eram gestores de franquias contratados para exercer as funções de diretores de unidades. Eu falava da necessidade de agir no âmbito das coisas certas, da excelência, enfim, da essência de nossa missão. Eu falava, eis o problema! Eu que fazia, agora falava! De repente, quis entender o que eles sabiam sobre nossa missão e se a estavam executando de maneira irreparável, conforme o propósito original. Ao ouvir mais do que falar, pude perceber que nossas perspectivas eram completamente divergentes, concluí, então, que o problema não estava no corpo executor, ele se encontrava em mim mesmo, ou seja, na liderança. Naquele momento, vi que eu, que tinha de forma aguerrida contribuído decisivamente para o estabelecimento dos alicerces que trouxeram a organização até o ponto em que estava, havia me afastado do espírito missionário e vinha liderando de forma completamente equivocada. Na tentativa de guiá-los na execução das coisas certas, compreendi que estava, na verdade, afastando-os da razão de nossa existência, porque eu mesmo havia me afastado dos fundamentos que consumavam a nossa missão. Consegui também compreender a grande causa do meu afastamento da corrente missionária. Ao longo do tempo, eu me frustrei, porque achava que havia
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Inteligência volitiva e liderança
assumido riscos, no âmbito pessoal e profissional, em níveis extraordinários para alavancar a organização, por isso um forte sentimento de injustiça se apoderou de mim, porque não me sentia recompensado de forma proporcional à energia depositada na realização. Só mais tarde compreendi que esse era um sentimento que se desdobrava em um comportamento destruidor para mim mesmo. Minha forma de liderar era egoísta e distante da liderança exercida com base no amor. Foi quando os ensinamentos de Jesus sobre “talentos” me vieram à mente. Se a mim foram dados “dois talentos”, devo, então, realizar o proporcional a “dois talentos”. Se me foram dados três, que eu realize na proporcionalidade dos “três talentos”, sem me preocupar com o quanto o outro realiza. Comecei a ver que o meu ego estava colocando o meu sucesso em risco. Se achava que o outro não realizava, também não realizava, se o outro não ouvia, também não ouvia e, assim, tudo se deteriorava. Havia me esquecido das minhas faculdades espirituais, da minha consciência e da minha fé, que desencadeavam energia e realizações e me lembrei do fato de que o outro, com
consciência
e fé diversas, não podia, de forma alguma, realizar na proporção que o meu espírito me permitia executar essa mesma missão especificamente. Reaprendi a enxergar as minhas ações na execução da missão como sendo parte de uma realização muito maior do que o próprio resultado
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Inteligência Volitiva
financeiro, o qual seria, também posteriormente, provido para o meu próprio bem-estar. Assim, o processo já deveria alimentar minha fome por reconhecimento, eliminando o sentimento de injustiça. Comecei a aceitar que a justiça também se fundamenta na consumação do propósito de minha alma – intelecto, sentimentos e vontade – e não somente nos resultados materiais providos pela ação. Depois de compreender o meu comportamento e começar a readequá-lo, pude voltar-me para a missão. Ouvi a base e comecei a entender o quanto os liderados eram diferentes entre si, o quanto estavam em diferentes estágios de desenvolvimento e como uma fala qualquer os atingia de maneira muito desuniforme, ou, na maioria das vezes, não os atingia. Vi que era impossível motiválos a agir, porque havíamos perdido a essência da nossa união, o respeito e a paixão pela realização da missão da companhia. Eu, por motivos externos à missão, havia me desgarrado dela. Ao
passo
que
conversava
e
ouvia
as
falas
dos
franqueados, recordava-me da inteligente observação de um antropólogo chamado Hilário Carnielle, que, um dia, disse-me que “esperar que o ser humano dê saltos de crescimento é uma utopia. Ele obrigatoriamente passa por todas as fases de desenvolvimento que uma pessoa qualquer tem que passar em qualquer atividade. É preciso
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Inteligência volitiva e liderança
que se respeite a natureza da evolução humana!” Fiquei pensando em como deveríamos agir, já que cada um tinha expectativas completamente diferentes das dos outros, apesar de fazer parte do mesmo sistema de franquias. Naquele
momento,
também
pelo
meu
exemplo
desastrado, as esperanças financeiras sobrepunham os ideais missionários. Se continuássemos assim, como os clientes perceberiam valor naquilo que oferecíamos? Muitos demonstravam uma desconexão total com a nossa razão de ser. Comecei a pensar em cada um com quem havia conversado, e as lembranças de vários momentos do encontro que vinha tendo com eles diminuíam o meu bem-estar e desencadeavam em mim uma inquietação desconfortante. Acabara de descobrir que existia um abismo entre nós, membros da rede, e a missão da companhia. Senti muita dor ao desvendar o longo caminho que teríamos que percorrer para transformar o olhar de cada um deles em relação à nossa missão. Mais uma prova que tive de que só a paixão pode nos manter consistentes na realização de uma missão, a qualquer custo, e ante o sentimento de qualquer dor. Percebi que eu, uma pessoa completamente pragmática, extremamente objetiva, um tanto destemperada, teria que aprender a direcionar o meu olhar mais para as pessoas que eu liderava e para as direções em que olhavam se
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Inteligência Volitiva
quisesse associar suas expectativas à nossa missão. No meu despertar, descobri que, em nossos encontros, buscava alcançar os meus objetivos e metas e realizar os meus sonhos nas ações dos meus liderados. Cada vez mais, afastava-me da real razão de existência da nossa companhia, da nossa missão, que, há anos, havíamos entendido como sendo fundamental para os clientes. Por consequência, obviamente, os liderados também se esqueceram de que, sobretudo, é primordial que se realize a missão organizacional. Se continuasse a agir da mesma forma, definitivamente, eu não conseguiria a adesão dos franqueados e colaboradores. Portanto, passei a dedicar tempo a conhecê-los melhor e a dar muito mais atenção para os seus sonhos e objetivos em detrimento dos meus próprios. Os meus sonhos só seriam alcançados como consequência. Acordei para o fato de que eu não mais demonstrava o respeito pelo desenvolvimento pessoal e profissional de cada um e não associava a realização de nossa missão organizacional à evolução pessoal dos membros de nossa equipe, assim, não desencadeava a vontade de realizar em cada um deles. Descobri, também, que não adiantava querer transmitir para eles o que eu era e queria ser ou o que nossa organização era e deveria ser. Em meu papel de líder, precisava ajudá-los a se descobrirem dentro da organização. A essa descoberta só eles poderiam
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Inteligência volitiva e liderança
chegar, eu não poderia fazer isso por eles. A lição, a qual me consumira milhões, mostrou-me que um líder deve aprender a pensar com a mente de seus liderados para poder servir-los melhor, ajudando-os a se compreender melhor, inclusive entendendo se conseguirá servi-los ou se o melhor a fazer é ajudá-los a buscar outros caminhos. Nessa época, em que me encontrava no olho do furacão, o sabor da derrota, que parecia definitiva, era amargo, magoava-me e, principalmente, preocupavame profundamente. Foram anos difíceis! A demora no crescimento culminou em um consumo de capital imenso, e a dor pela perda financeira era profunda, porque ela afetava a minha família, além disso, eu também sabia do esforço que deveria fazer para revitalizar a organização. Pedaços me foram arrancados! Foi quando descobri que a vida ceifa para fazer crescer. No entanto, a derrota iminente, que era traduzida em um profundo sentimento momentâneo
de
tristeza,
nunca
me
paralisou
e
a
inteligência volitiva mais uma vez me salvou. Acreditar que bons manuais e processos “robustos” e bem definidos podem garantir o sucesso, eliminando o ser humano como fator decisivo dentro do processo evolutivo organizacional, é uma doença fatal que pode destruir qualquer empresa. A coisa não funciona assim. Na verdade, na época em que esses grandes problemas eclodiram, esse
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Inteligência Volitiva
pensamento distorcido imperava e era uma conclusão que nem de perto resvalava na real necessidade da empresa – liderar pelo amor, tendo a missão como o propósito supremo, que viria a ser realizada, caso formássemos missionários dignos e respeitados. Infelizmente, esse estilo de liderança não era completamente natural para mim. Uso o termo “completamente natural”, porque o primeiro aspecto que caracteriza a liderança por amor já fazia parte de mim. Eu havia parado de exercê-lo por questões de ego que ora já estavam resolvidas. Já havia entendido o que era a liderança pelo exemplo e aplicava o método quando implementei a minha unidade própria e as nossas primeiras unidades franqueadas. Sempre atuei onde o cliente estava, e esse comportamento missionário era, de certa forma, natural. Então, a retomada desse aspecto pôde ser imediata. No entanto, como líder organizacional, meu objetivo de realização da nossa missão em benefício de todos os nossos clientes dependia, também, de minha capacidade de mover outros para que pudessem servir de corpo e alma à nossa missão, assim como eu, no contato direto com o cliente, olhando-o como propósito soberano. O fato é que não vinha exercendo a competência em liderar, propiciando dignidade e respeitando a realização individual de cada membro da equipe. Eu precisava engendrar, em meu comportamento, a temperança, a paciência e a caridade. O desprovimento dessas virtudes me afastava de meus liderados, por isso,
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Inteligência volitiva e liderança
por mais que tudo fizesse sentido tanto para mim quanto para eles, em todos os aspectos, financeiros, sociais, entre outros, não conseguia governá-los para uma vida pautada na ação missionária que o nosso negócio prometia aos nossos clientes. A temperança, a paciência e a caridade, quando esta não causa prejuízos à organização, provocam nos liderados um respeito grandioso pelo líder e pelos processos estabelecidos, levando-os a movimentarem-se em direção a um senso de responsabilidade junto às atividades conectadas à missão e que precisam ser desempenhadas. Minha salvação foi a inteligência volitiva, que me resgatou do fracasso total, fomentando o meu propósito de adequação comportamental. A mudança no estilo de liderar foi conquistada à custa de muita vontade de evoluir. A flexibilização do meu “eu” não me transformou, sem sombra de dúvidas, em um exemplo ímpar de liderança, mas, certamente, viabilizou o sucesso de nossa organização. Foi fácil notar o despertar da inteligência volitiva em mim mesmo, pois, inconformado com a derrota, precisava agir, porque havia muito dinheiro a ser recuperado. Eu adorava o que fazia e tinha uma capacidade, relativamente peculiar, de desencadear muita energia em prol da ação na busca e, ainda mais importante, na implementação de novas soluções. Não basta contratar boas cabeças. Diariamente, travo uma batalha extenuante para fazer com que minha
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Inteligência Volitiva
energia e o meu espírito missionário contagiem todos aqueles que colaboram com o crescimento de nossa companhia. A inteligência volitiva é a única que pode desencadear a quantidade de energia que me permite vigiar diariamente e controlar a minha forma de estabelecer o relacionamento com todos os meus liderados. Com a inteligência volitiva, busco minimizar os efeitos negativos que a minha natureza impetuosa tem o potencial de criar e busco, disciplinadamente, enxergar por meio dos olhares daqueles que estão comigo. A missão organizacional só é realizada quando as pessoas da companhia engendram o espírito missionário organizacional. Cabe à liderança criar o ambiente perfeito para que a missão possa ser engendrada. Uma empresa precisa de uma fonte motivacional genuína e inspiradora – fonte de fé e consciência –, que leve todos os que precisam do trabalho a ter iniciativa, decidindo-se por realizar. Digo decidindo-se, porque o intelecto é o gatilho que move o ser humano a organizar os sentimentos para a transformação da realidade. Surge, assim, a vontade de realizar como resultado da interação das outras faculdades da alma: o intelecto e os sentimentos.
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Inteligência volitiva e liderança
IV = I + P - M IV = Inteligência Volitiva I = Inconformismo (processo de racionalização que gera sentimentos de indignação que me fazem agir, caso contrário, sinto-me aniquilado) P = Paixão (sentimento positivo e genuíno que me move em direção à consistência) M = Medo (sentimento negativo e inibidor que, quando controlado, proporciona a iniciativa)
Hoje, não tenho dúvidas de que vence quem realiza com obstinação, e só a realização garante, nesta ordem, a satisfação do cliente, o lucro e a perenidade. A união simbiótica do líder com o espírito missionário da empresa leva-o a entender a importância de implementar um estilo de liderança que estabelece vínculos, promove a lealdade e é capaz de unir a equipe em torno de um objetivo único. Quando esse estado de iluminação é atingido, cada colaborador ou liderado age como se fosse dono do empreendimento.
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Inteligência Volitiva
Por isso, é preponderante que o líder compreenda a missão organizacional e se identifique com ela. Não acredito que um líder qualquer seja um líder para todas as ocasiões. Acredito em líderes diferentes para missões diferentes, já que se identificar com a missão é fundamental. A minha experiência não deixa dúvidas de que a necessidade nos coloca dentro de uma missão, a paixão nos mantém nela e a iniciativa garante a sua realização. Os gargalos encontrados por um líder são vencidos por sua inteligência volitiva, que faz com que ele se torne um líder adequado e viabilize a transposição das barreiras enfrentadas pela companhia. A inteligência volitiva é o combustível que pode levar o líder a experimentar a liderança servidora, mesmo nos casos em que a essência do líder não é servir. A inteligência volitiva ajuda-o a construir as visões de futuro dos liderados, restabelecendo o respeito pela dignidade e pela realização pessoal de cada um. O espírito servidor do líder é fundamental em ambientes em que as pessoas se sentem perdidas, sem saber por que estão ali e aonde querem chegar. Em geral, as pessoas vivem à deriva, experimentando um dia após o outro, sem saber o que buscam e por que buscam e, se porventura sabem o que querem, tendem a não conhecer os caminhos que levam à concretização da vontade. Alguns confundem o que
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Inteligência volitiva e liderança
é vontade com o que é desejo. Os que desejam acabam por entregar tudo à sorte, demonstrando que o seu “querer”, na verdade, implica esperar que o outro faça e que as coisas aconteçam. De fato, a vontade desencadeia a ação imediata para que um resultado surja – uma faculdade da alma que move o corpo. As pessoas que simplesmente desejam, em seu dia a dia, não se sentem inspiradas a trabalhar energicamente e a mudar o comportamento para viabilizar um novo patamar de desenvolvimento. Um desperdício enorme de potencial produtivo, que impede a realização da missão organizacional e a realização pessoal de cada indivíduo. Ao amparar o liderado na criação de uma visão para a vida, o líder cria o ambiente que propicia o desenvolvimento de um dos fundamentos da inteligência volitiva no liderado: o inconformismo, liberando neste uma motivação intrínseca que o leva a desempenhar suas atividades com muito mais vigor, em busca da própria visão e colaborando com a organização no cumprimento de sua missão. É fácil perceber a importância da atitude positiva em relação ao desenvolvimento dos outros na construção da liderança eficaz. Empreender é liderar e isso não pode ser algo diferente de servir. O líder, em um esforço fatigante, pode até tentar transferir a sua percepção da realidade para os liderados,
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Inteligência Volitiva
mas, mesmo que exista fundamento racional, a longo prazo, ele não obterá sucesso se não exercer a liderança por amor. Não adianta querer conduzir os liderados mostrando-lhes que podem atingir as metas estabelecidas, se executarem os processos da forma planejada e conforme os manuais. A exigência é ineficaz. Ademais, levando em consideração a incapacidade dos seres humanos de dar saltos em sua evolução, esse modelo se torna falível, porque não leva a equipe a fundamentar os princípios que alicerçam o desenvolvimento da inteligência volitiva. Na minha experiência, vi que era essencial ajudar cada indivíduo da equipe a tornar-se uma pessoa volitivamente inteligente para que pudesse engendrar os processos. Para uma performance de alto nível, todos da organização têm de ser respeitados e dignificados de acordo com as respectivas fases de seu desenvolvimento. As pessoas são diferentes, e o exercício da liderança requer que respeitemos as diferenças. No processo de formação de um novo missionário para a sua organização, é preponderante que haja um alinhamento de expectativas. É preciso fazer para o outro o que ele espera que se faça com ele para que ele se sinta dignificado. Ao contribuir para a recuperação de nossa companhia, minha função primordial como líder passou a ser desenvolver a inteligência volitiva de cada membro da
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Inteligência volitiva e liderança
nossa organização. O nível de produtividade teria que aumentar muito, e só a inteligência volitiva poderia transformar rigorosamente os resultados. Sabendo que só quem tem interesse pelo negócio perpetua-se dentro dele, foi necessário fazer uma seleção criteriosa de quem ficaria e de quem sairia. A resposta que buscávamos era se a vida na empresa e as atividades a serem desempenhadas traziam felicidade e prazer para cada um que nos representava. Só a paixão manteria todos ativos na realização da missão, pois é sábio saber em que terra semear. Ao longo de minha luta pela recuperação da nossa empresa, concluí que uma rápida evolução só é viabilizada quando o espírito missionário da liderança é concreto, pois, assim, o líder entende, engendra e realiza a missão organizacional.
A
partir
daí,
ele
também
consegue
identificar quem são as pessoas de que precisa para realizar as chamadas “coisas certas”, como afirma Peter Drucker, ou como o mestre César Falcão sempre diz: “é importante que se faça a coisa certa, certo”. Eu nunca vi pessoas erradas executando certo a coisa certa. No
propósito
supremo
de
revitalizar
a
nossa
organização, tendo mais clientes a cada dia, aprendi que a ação cardeal deveria ser despender toda a energia para realizar a missão organizacional. Para tanto, como líder, foi fundamental olhar para a qualidade como inegociável.
105
Inteligência Volitiva
Como consequência, minha vida profissional na liderança passou a ser fundamentada em influenciar positivamente as pessoas para que agissem com eficiência na realização da missão. Um líder precisa encontrar formas de replicar suas ações de influência. Pode fazê-lo por intermédio de funcionários, empresas terceirizadas, representantes comerciais, parceiros, enfim, existem muitos modelos que viabilizam a replicação. Entretanto, encontrar as pessoas certas que permitam que a qualidade floresça é um fator de substancial preponderância para que o negócio cresça a taxas que promovam a sua própria sustentabilidade. No segmento de serviços como o meu, em que o ser humano é o maior divisor de águas entre o sucesso e o fracasso, o crescimento depende explícita e absolutamente de se ter as pessoas certas. Tudo funciona como um programa de televisão ao vivo. Diferentemente do segmento industrial, em que o controle de qualidade acontece na fábrica, e o momento da verdade só surge quando o produto se encontra na prateleira ou na vitrine, na maioria dos segmentos da área de serviços, como o do ensino de idiomas, por exemplo, os momentos da verdade acontecem ao passo em que se respira e o controle da qualidade do serviço executado é feito na frente do cliente. Não existe espaço para erros, já que eles são facilmente percebidos pelos clientes. Com as pessoas certas, as condições para uma curva de influência mais acentuada são criadas. Um
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Inteligência volitiva e liderança
líder volitivamente inteligente, criando liderados também volitivamente inteligentes, influencia e fideliza muito mais clientes. Quando a equipe é formada por membros que precisam do trabalho, sentem paixão pela missão e têm autoconfiança para agir prontamente ao longo do processo de execução, realizar a missão se torna muito mais plausível e o crescimento é drasticamente alavancado. Por isso, hoje, dedico mais tempo a encontrar as pessoas certas. Para mim, provérbios como “não adianta salgar a carne podre” ou “cavalo não voa” sempre se aplicam. No meu negócio, a maioria dos liderados são donos de negócios. Já tive contato com centenas de empreendedores franqueados com quem me relacionei com profundidade. Alguns desses empresários abriram o seu negócio sem saber muito bem o que estavam buscando nele. Para alguns, a abertura da própria companhia significava muito mais o conserto de um passado malsucedido do que a busca planejada por um futuro que já estivesse definido em suas mentes. Eles não tinham uma visão definida, trabalhavam com o espírito contorcido, já que não sentiam paixão pela missão e, geralmente, fracassavam. Em minha vida como franqueador, em um mesmo mercado e negócio, lidei com vários empresários diferentes. O resultado só foi ruim quando permitimos que um espírito contorcido assumisse o comando.
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Inteligência Volitiva
Na batalha pela revitalização da nossa companhia, a prática de conhecer melhor cada membro da equipe foi
enriquecedora.
Foi
surpreendente
desvendar
as
frustrações que as pessoas carregam consigo ao dedicar suas vidas a fazer o que não gostam. Além disso, foi muito frustrante perceber que grande parte delas tendia a permanecer inerte, mesmo quando se encontrava na iminência da derrota. Ao mesmo tempo, foi reconfortante ajudá-las a encontrar o caminho para se tornarem o que pretendiam profissionalmente, no caso dos colaboradores, e como empresários, no caso dos franqueados. Muitas vezes, a ajuda foi dada facilitando sua saída, porque elas simplesmente não eram as pessoas certas para a execução de nossa missão. Experimentar na prática o que Carl Rogers escreveu em seu livro “Tornar-se pessoa” foi sensacional. Peço licença para citar o trecho do livro no qual ele explica que, mesmo quando os indivíduos não atingem um resultado final preestabelecido, eles se proclamam encorajados por terem assimilado que estavam em processo de se integrar, ou seja, em processo de se tornar o que buscavam ser: “Gostaria de ressaltar que em minha experiência com terapia compreendi que à medida que os indivíduos lutam para descobrirem a si mesmos e tornarem-se eles mesmos, eles parecem se mostrar mais satisfeitos em ser um processo ao invés de um produto. Quando entra, ele deseja alcançar
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Inteligência volitiva e liderança
algum estado fixo; ele deseja chegar ao ponto em que seus problemas serão resolvidos, ou onde será eficiente em seu trabalho. Na liberdade da relação terapêutica, ele tende a abandonar essas metas fixas, e aceitar uma compreensão mais satisfatória de que não constitui uma entidade fixa, mas um processo de tornar-se. Na conclusão da terapia, ele diz de maneira bastante perplexa: ‘Eu não encerrei a tarefa de integrar-me e reorganizar-me, mas isso é somente confuso, não desencorajador, agora que percebo que este é um processo contínuo. É excitante, algumas vezes preocupante, mas profundamente encorajador sentir-se em ação, aparentemente sabendo para onde você se dirige’. Aqui está a descrição pessoal da sensação de aceitarse como um curso do tornar-se e não como um produto acabado”. Insisto em reforçar que, ao longo de minha jornada empresarial,
descobri
que,
para
gerar
resultados,
precisei dedicar-me a encontrar o liderado que adere à missão organizacional e, então, encontra-se energizado, antes de qualquer coisa, para realizar bem o que ele tem paixão por fazer. Como líder, desencadeio a ação de que preciso por meio do liderado quando ele também se sente inconformado com a situação atual, por isso, não a aceita, gosta das atividades associadas à execução da missão organizacional e controla seus medos para ter iniciativa. Para essas pessoas, o processo de tornar-se missionário
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Inteligência Volitiva
passa a ser mais importante do que o sentimento causado pelo resultado do processo, seja ele a vitória ou a derrota. É um estado de iluminação que provoca a atividade consistente e, quando se pensa assim, a execução é melhorada em cada novo ato, e o desenvolvimento contínuo passa a ser habitual. O paradoxo se encontra no fato de que, com o desencadeamento da evolução contínua, é natural atingir um fim glorioso quando não se olha para ele como objeto primário. É desse modo que as pessoas de caráter empreendedor são formadas. Descobre-se, então, que a inteligência volitiva, ao desencadear a diligência, conserva-nos no propósito de inovar e de buscar a excelência. Eu me arrisco também a afirmar que essa é a verdadeira essência da felicidade. Em busca de minha evolução, descobri exatamente aonde quero chegar, mas, mesmo não tendo chegado lá ainda, e, mesmo sabendo que pode ser que eu nunca chegue, olho para o agora e me conforto, pois sinto prazer simplesmente por ter paixão pelo processo em que me encontro e não somente pelo resultado que um dia pode ser que eu tenha. Mas sei também que, como exerço melhor o que faço a cada dia, chegarei cada vez mais próximo do resultado esperado, também estou quase certo de que, caso eu consiga atingi-lo, não serei mais feliz do que eu já o sou. Já me encontro em felicidade plena simplesmente por realizar. É o processo de tornar-
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Inteligência volitiva e liderança
me o que quero viver, buscando ser e ter, que me deixa feliz. Portanto, no fundo, o fim importa muito menos do que processo de busca, por isso, alegro-me em canalizar minhas energias para o hoje. É esse modo de pensar que me faz estabelecer metas audaciosas a cada dia para que eu possa ser sempre melhor no tempo presente e sentir os prazeres que a busca missionária faz-me sentir. Só a pessoa que se identifica com a missão é capaz de engendrá-la. Quando o executor sente profundamente os propósitos da missão em suas artérias e coração, ele simplesmente não aceita não a cumprir. Vencer é consequência de se fazer cada vez mais e melhor. Na busca por salvar a minha companhia, selecionamos quem deveria permanecer, tendo como objetivo principal manter na equipe aqueles que conferiam à parceria uma sinergia com o espírito organizacional, ou seja, passamos a buscar de forma prática pessoas que mantinham uma relação quase que simbiótica com a missão organizacional. A pessoa certa tinha que ter vocação para o nosso negócio. Além
disso,
examinei
quem
eram
aqueles
que
demonstravam desconforto com a situação em que viviam. Enaltecer um forte sentimento de inconformismo servia de base para a criação de um agente missionário. Por isso, trabalhava regularmente ajudando os nossos liderados
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Inteligência Volitiva
na construção de suas respectivas visões de futuro, tendo como base o respeito pelo estágio de desenvolvimento de cada um e sua dignificação. Um componente do combustível que leva as pessoas a agir é fazê-las pensar sobre seus sentimentos de forma a construir a vontade. Uma tarefa primordial na construção de um missionário é levá-lo a trabalhar a sua alma, ajudando-o a identificar o que, primordialmente, deve ser transformado em sua vida. A construção da visão do liderado deve basear-se no ato volitivo de jogar-se por inteiro no processo de tornarse o que se quer ser, buscando também ter o que se quer ter e, enfim, vivendo a vida sonhada. A visão é o início da busca por tornar-se e, assim sendo, por mais paradoxal que possa parecer, o prazer se encontrará no processo de tornar-se, na busca, e não no fim. Essa é uma batalha que se trava e que equaciona os sentimentos. Para mim, como já observei, essa liberdade é a consumação da verdadeira felicidade. Tornar-se não é um fim, mas um processo. Ser melhor hoje do que se foi ontem já é absolutamente fantástico e, de maneira casual, provoca crescimento absoluto em todos os sentidos. Um único passo adiante já é uma reorganização plausível de aplausos.
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Inteligência volitiva e liderança
A aproximação com os franqueados e funcionários das empresas franqueadas evidenciava que a paixão pela marca aumentava, e a expectativa de que tudo isso se traduziria na expansão dos negócios também crescia. Conhecendo melhor cada um dos que ficaram, criamos um sentimento de inconformismo com a situação atual em que se encontravam. Geramos a necessidade em cada um de se tornar aquele em que desejava realmente se transformar. Com essa estratégia, conseguimos reacender o sentido de dignidade do grupo e a empresa voltou a crescer. De repente, todos os membros da equipe estavam ativos, realizando suas vontades e eu estava consumando as minhas. Considerando os níveis de empreendedorismo existentes, o líder deve identificar em que estágio de vida cada um de seus liderados se encontra. Existe uma resistência enorme dos líderes em dedicar tempo às pessoas, mas aprendi que só se consegue mudar a atitude de alguém com muita dedicação de tempo, embora muitos não saibam o que dedicação de tempo realmente significa. A maioria dos líderes passa tempo com as pessoas, mas não se dedica aos fundamentos que desencadeiam a inteligência volitiva. É crucial que se ajude o liderado a construir uma visão que o faça feliz. A visão do liderado se tornará uma necessidade e dará vida à semente da ação e das
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Inteligência Volitiva
realizações. É fundamental que o líder consiga conectar as metas profissionais da equipe à visão própria de cada um que a compõe. A inteligência volitiva da companhia, ou seja, a sua capacidade de agir e realizar, é igual à soma das inteligências volitivas de cada membro da equipe. É preciso que cada um entenda como pode contribuir com o todo e como cada ação desencadeada contribuirá com a missão da equipe e, o mais importante, é preciso que o indivíduo entenda como os resultados gerados pelo todo contribuem com o processo de realização de sua própria visão. O papel mais difícil da gestão é desenhar o jogo do ganha-ganha. No final, todas as mensagens enviadas para o liderado se traduzem em uma única frase: “a organização ganha, você ganha!”
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Inteligência volitiva e liderança
Concluindo O líder só contribui verdadeiramente como líder quando: 1) é capaz de selecionar as pessoas que comprovam interesse pela realização da missão ao demonstrar claramente que sentem paixão pelas atividades funcionais que a missão requer e que demonstrem ser capazes de ter iniciativa; 2) apoia os que aderiram à missão organizacional na realização da visão de cada um,
conectando o
sucesso pessoal do liderado à realização das atividades relacionadas à execução da missão.
Ao construir a visão de cada membro da equipe, o líder deve atentar para todos os aspectos que afetam a realização da visão, detalhando: como, quando, onde, quanto custa e o que deve ser feito, quem deve executar cada atividade e por que elas devem ser executadas. Assim, cada indivíduo se conscientizará de todos os detalhes que promoverão os resultados esperados. Ao cuidar das pessoas, ao mesmo tempo em que o líder retém os talentos, ele replica a maior força motivacional de uma organização, que é a inteligência volitiva do próprio empreendedor, a energia do dono, em todos os membros da equipe.
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Inteligência Volitiva
O desafio é levar o liderado a certificar-se do que ele quer ser, sentir e ter para ser feliz. Pela ótica do homem integral, o ser humano busca o seu desenvolvimento em todas as suas faculdades de pensar, sentir e querer, visto que, além de espírito, o qual é energia pura e serve de combustível, o homem é mente, amor e corpo. A harmonização do “ser” no liderado é vital, e esse equilíbrio só existe quando se escolhe o time e quando se desenha o futuro profissional de cada liderado. É crucial recrutar e selecionar as pessoas certas. Aqueles que já estão dentro da organização, ali estão pelo interesse autônomo pelo que ali são e fazem. No entanto, é também primordial ir além. A construção da visão do liderado deve levar em consideração o que ele pode vir a ser e fazer dentro da organização. A
forma
como
as
relações
se
darão
dentro
da
organização representa o “amor”, e a liderança por amor e a preocupação da companhia com o bem-estar familiar apaziguam o ambiente de trabalho e melhoram o foco dos liderados nas atividades. Ao construir a visão do liderado, leve em conta que é muito mais fácil ter sucesso quando se compartilha a visão do liderado com a família dele. A visão do liderado deve ser apoiada pela família e, assim, as chances de alcançá-
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Inteligência volitiva e liderança
la aumentarão consideravelmente, porque ele nunca se sentirá emocionalmente vulnerável. Quando a visão não é compartilhada com a família, ela nunca compreenderá as ausências provocadas pelas viagens demandadas pela organização, a dedicação ao trabalho nos fins de semana e nunca apoiará o liderado quando ele tiver que enfrentar dificuldades financeiras por causa dos contratempos que, inusitadamente, surgirão no dia a dia dos negócios. Pelo contrário, nesses momentos, a família dirá: “nós te dissemos que não ia dar certo, mas você não nos ouviu.” Quando isso acontece, a maioria das pessoas tende ao arrependimento e à desistência. O que você quer como líder é uma equipe forte, sólida e perene. Por
outro
lado,
quando
a
visão
do
liderado
é
compartilhada com a família dele, e ela sente a presença leal da organização, ele poderá, sem remorso algum, focar no negócio com toda sua energia, e, quando encontrar dificuldades financeiras, as quais são comuns, principalmente no início dos empreendimentos, tanto para donos quanto para funcionários, ou quando tiver que superar qualquer outro tipo de desafio, não se sentirá compelido a desistir. Uma visão compartilhada faz com que todos os envolvidos entendam os motivos do comportamento empreendedor e as razões que desencadeiam tanta luta. Quando a
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Inteligência Volitiva
visão do liderado estiver compartilhada, ele terá todas as condições emocionais para desencadear o seu sucesso e o da companhia. Ele poderá, disciplinadamente, focar no negócio, porque a felicidade de toda a sua família, a visão dela, dependerá do sucesso do empreendimento. A visão deve ser criada pelo liderado e com a coordenação do líder, mas deve ser, obrigatoriamente, compartilhada com todos os membros envolvidos. Quanto ao “Corpo”, a matéria, além de ser capital para a sobrevivência de qualquer um, permite prazeres que dignificam e confortam a humanidade. A matéria conquistada e acumulada por um homem ou mulher, mediante práticas éticas e em quantidade proporcional ao quanto ele ou ela influenciou positivamente a vida das pessoas e a perpetuidade da humanidade, é digna de respeito, admiração e é fator inspirador para a evolução daqueles que a observam. Portanto, a construção da visão dos liderados deve levar também em conta a matéria, principalmente, quando a carência material da equipe é relevante. A construção da visão do liderando em relação ao “ter” assume papel preponderante, e esse é um grande desafio, principalmente em sociedades que, historicamente, desenvolveram o hábito de depreciar o “ter” por acreditar que a matéria não é reconhecida como sendo produto de Deus. Assim, perguntas objetivas devem ser feitas ao liderado, tais como: “Viajar é importante para você? Em
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Inteligência volitiva e liderança
que tipo de escola você quer que seus filhos estudem? Onde você pretende morar? Que tipo de conforto pretende buscar para você e sua família?” Quanto mais desejo por matéria você introduz no seu liderado, principalmente naqueles ligados diretamente aos processos comerciais, ao passo que cria condições proporcionais para a realização do desejo, tanto mais fundamentos para o desenvolvimento da inteligência volitiva você gera nele e mais realizações para a companhia. Existem alguns provérbios que, na minha opinião, fazem muito sentido: “Quanto maiores os seus sonhos, maiores serão suas realizações”, ou “Pensar grande ou pensar pequeno dá o mesmo trabalho, você continuará tendo que acordar cedo no dia seguinte, por isso, pense grande.” Seja o sonho material do seu liderado pequeno ou grande, ele tem um custo. Para ver se os sonhos dos seus liderados são grandes ou pequenos, coloque preço nos sonhos. Ele terá que saber exatamente o quanto terá que colocar no bolso para a concretização de seus sonhos materiais. A maioria não sabe nem por onde começar. Quando ele fizer isso, começará a dar mais importância à matéria, porque terá a noção exata sobre quanto custa ou custará a universidade do filho, quanto custarão as passagens para as sonhadas férias, quanto é necessário para comprar um carro confortável, e verá que ou começa já ou nunca saboreará os prazeres de uma vida sob a ótica da integralidade humana. 119
Inteligência Volitiva
Descobri que, no que se refere à visão no aspecto “corpo”, é possível classificar as pessoas em quatro grupos diferentes, com visões homogêneas entre si. Percebi que pessoas do grupo 4 já tinham passado pelo estágio de desenvolvimento das pessoas dos grupos 3, 2 e 1. Consegui entender que era fundamental construir a visão de futuro do grupo 1, baseando-me no que vivia o grupo 2. Ajudei o grupo 2 a construir sua visão, tendo como menção o que vivia o grupo 3, e auxiliei o grupo 3 a construir a sua, tendo como referência o que as pessoas do grupo 4 viviam. Em seguida, trabalhei para edificar a visão de futuro do grupo 4, tendo a prosperidade absoluta como alusão, pois seus integrantes estavam preparados para viver esse modelo, ao passo que as pessoas dos outros grupos precisavam ainda experimentar os outros estágios de desenvolvimento.
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Inteligência volitiva e liderança
OS QUATRO ESTÁGIOS VISIONÁRIOS SOB A ÓTICA MATERIAL
- GRUPO 1 PROFISSIONAL INICIANTE
Início da vida profissional; Em geral, tem menos de 25 anos de idade; Sonhos materiais são carros próprios, viagens e quantidade de dinheiro que permita a independência dos pais; Preocupa-se menos com segurança e futuro financeiro estável.
- GRUPO 2 PROFISSIONAL PLENO
- GRUPO 3 EMPRESÁRIO EM POTENCIAL
- GRUPO 4 EMPRESÁRIOS
Em geral, tem mais de 25 anos e alguma experiência profissional; Vive um momento de definição e está disposto a se dedicar mais à vida profissional, já que a dependência financeira dos familiares é uma ameça à sua liberdade; Disposto a aprender; Busca o sucesso financeiro para adquirir bens, viver com conforto, e quer status social; Deseja assumir algum papel de liderança
Boa remuneração por assumir funções que exigem grande responsabillidade; Sente-se bem com o trabalho árduo; Pensa em renda passiva e se sente bem falando da possibilidade de trabalhar menos operacionalmente e aumentar seus ganhos; Ter um negócio próprio é uma possibilidade. A motivação se mantém com a possibilidade de se associar ao empreendimento (bônus, participação nos lucros ou ações da empresa).
Já tem o seu negócio próprio; Considera o ato de abrir uma empresa um fato corriqueiro; Quer tornar-se investidor de outros negócios que não requeiram a sua presença; Sonha em parar de lidar com a operação de sua empresa para poder usufruir mais de sua renda e, por isso, está sempre aberto a outras oportunidades de negócios.
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Inteligência Volitiva
Se o líder é incapaz de fazer com que o liderado enxergue as suas realizações futuras e significativas como sendo para seu próprio benefício e para o benefício das pessoas que ele ama, então, o desenvolvimento da inteligência volitiva das pessoas da organização é aniquilado. Por outro lado, quando o líder leva o liderado a enxergar-se no futuro com brilhantismo, ele está construindo, por meio do inconformismo, os alicerces de uma organização volitivamente inteligente, a qual cria a inconformidade na equipe e engendra, em cada membro, a semente da consumação da missão organizacional.
“Aquele que deseja garantir o bem do outro, já garantiu o seu próprio bem.” Confucius
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5 INTELIGÊNCIA VOLITIVA E EMPREENDEDORISMO PURO
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 5
INTELIGÊNCIA VOLITIVA E EMPREENDEDORISMO PURO “Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.” Johann Wolfgang Von Goethe
Ao longo de todo o livro, busquei desmistificar o raciocínio que decifra a transcendência da inteligência volitiva na consumação do poder de realizar. Defini a inteligência volitiva como energia potencial de realização que se consuma quando o sentimento de inconformismo se une à paixão pelo processo em si e à capacidade de encaminhamento imediato de soluções. Fiz algumas reflexões sobre minha experiência como líder, relatando a importância da inteligência volitiva na promoção do estilo de liderança que considero ser o único capaz de replicar a própria inteligência volitiva em todos os membros da 124
Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
organização e de fazer com que esta se mantenha unida em torno do cumprimento da missão organizacional. Julgo que, a essa altura, exista certa congruência em relação a reconhecer que a inteligência volitiva é o ingrediente essencial para a formação do espírito empreendedor, o qual é fundamental para o florescimento de ambientes de sucesso, principalmente nos tempos modernos do sistema capitalista. A palavra “empreender” deriva da palavra latina imprehendere,
que
significa
“prender
nas
próprias
mãos”. O termo empreendedor é, então, de forma geral, utilizado para qualificar aquelas pessoas que assumem a responsabilidade de fazer. Nos últimos tempos, a terminologia “empreendedorismo” tem sido empregada de uma maneira vasta, incluindo elementos que não estão ligados diretamente ao mundo dos negócios. Temos ouvido falar, por exemplo, de empreendedorismo político e empreendedorismo social, entre outros tipos de empreendedorismo. A palavra carrega um conceito bastante abrangente, podendo ser utilizada nos mais diversos segmentos. No entanto, quando a utilizo neste livro, refiro-me às pessoas do mundo dos negócios. Ademais, acato a ideia de qualificar como endoempreendedores aqueles que são capazes de assumir a responsabilidade de
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Inteligência Volitiva
realizar em benefício da companhia sem que, no entanto, para isso, se envolvam em riscos financeiros. Entendo que, embora alguns tenham o poder de realizar, aqueles que fundamentam suas vidas em horários limitados de trabalho, salário garantido e uma vida regrada não podem ser chamados de empreendedores. Prefiro tratá-los como endoempreendedores, e o endoempreendedorismo é o espírito que acompanha os melhores colaboradores de qualquer organização. Atenho-me, aqui, a utilizar o termo empreendedorismo para fazer referência ao ato de fundar uma empresa inovadora, que cultiva novas formas de agir para transformar as diversas áreas do conhecimento humano, criar mercados e empregos, atender às novas necessidades mercadológicas e gerar riquezas. O sucesso de um indivíduo como este está pautado na capacidade que ele tem de conviver com o risco e de neutralizá-lo de maneira efetiva. Na minha visão, também não podemos chamar
de
empreendedor
aquele
que
simplesmente
abre uma companhia. Nem sempre o fundador de uma organização dita as regras do futuro. Na verdade, observo que, na maioria das vezes, o novo empresário só replica o que já existe em outra empresa, e essas organizações já nascem com data marcada para morrer por não apresentarem diferenciais que direcionam o mercado. O verdadeiro empreendedor é aquele que gera companhias
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
para a perenidade e assume a responsabilidade de aglomerar os recursos necessários para que uma missão ímpar seja realizada de maneira também singular e, para isso, é orientado pela faculdade de agir, guiando o mercado. É nesse empreendedor que vemos a inteligência volitiva no seu mais alto grau de manifestação. Devemos ser gratos a pessoas assim, pois elas são diretamente responsáveis pelo progresso econômico de qualquer nação, beneficiando a sociedade em seu todo de maneira inigualável. A
competência
de
empreender
está
diretamente
relacionada ao poder de empregar as inovações. Os verdadeiros empreendedores são pessoas que atuam como agentes transformadores. É fácil perceber que a coragem é amiga íntima desses desbravadores. A história evidencia inúmeros exemplos que ilustram a bravura de vários empreendedores, que são até mesmo temidos, pois a audácia de uma pessoa que pensa à frente de seu tempo pode dar a ela um aparente caráter de vilão, quando, na verdade, o empreendedor fundamenta as grandes descobertas que nos mantêm vivos e em evolução. Por exemplo, com o advento do computador, cada empreendedor que introduzia a tecnologia no ambiente corporativo sofria represálias duras daqueles que temiam
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Inteligência Volitiva
a eliminação de postos de trabalho. Na verdade, não há o que temer. O fantástico ambiente democrático, que deve ser cultivado e protegido a qualquer custo, permite que o mercado seja o responsável por autorizar ou não as inovações. Foram as próprias pessoas que se decidiram a aceitar os computadores como sendo vitais para o aumento da produtividade, para a integração dos povos, para a disseminação de conhecimento e riqueza, enfim, para uma nítida melhoria em suas vidas. O mercado sempre define o melhor caminho e é a suprema autoridade. Uma
das
grandes
multinacionais
do
segmento
agrícola, a Monsanto, também teve a ousadia, apesar das críticas duras que sofreu, de propor o alimento advindo de grãos transgênicos como solução para alimentar um mundo superpopuloso. É fato que alguns ainda questionam essa atitude, mas algo tinha que ser feito para solucionar um problema real de produtividade, e alguém simplesmente teve a audácia de executar essa ideia. Mais uma vez, o mercado definiu se esse era o caminho a ser seguido. Da mesma forma, só alguém de muita coragem e inteligência volitiva, como Steve Jobs, poderia propor a venda de canções de forma individualizada pela internet, causando, felizmente, um enorme transtorno
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
para a indústria musical. Digo felizmente, porque o que Steve Jobs fez, ao criar o iTunes , foi promover a boa música, que é aquela que desperta o interesse daqueles que são os chefes – os clientes. Eles não querem mais comprar discos que ofertam, em sua percepção, apenas uma ou duas músicas de qualidade, entre várias outras menos interessantes. A venda de canções pela internet é uma forma fantástica de atender bem quem precisa ser atendido, ofertando, exatamente, o que o cliente quer. Esses são exemplos que, de maneira óbvia, mostram como os empreendedores são os que definem como as coisas devem ser, abalando o status quo e respaldando clara e objetivamente as necessidades sociais. A mentalidade do empreendedor difere drasticamente da maioria das pessoas porque, em seu modelo mental, o risco não é um fator inibidor. Para a maioria, o risco é fator impeditivo de uma ação, para o empreendedor, o risco é apenas um elemento a ser analisado, mas, antes de qualquer coisa, ele sabe que este é controlável.
O
risco é assumido de maneira natural pelo fato de o mais importante passar a ser jogar-se no processo de tornarse o que se quer ser. Quando o empreendedor evolui para esse estágio de desenvolvimento espiritual, sua autoconfiança e autoestima
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Inteligência Volitiva
tornam-se tão grandes que a influência de terceiros, na tentativa de impedi-lo, é facilmente neutralizada. É difícil deduzir quais motivos levam alguém a escolher um caminho que parece facultar o ensejo de tanta vulnerabilidade, responsabilidade, intranquilidade e, por que não dizer, até mesmo dor. Ao ser decodificado, o caráter do empreendedor se mostra elaborado sobre várias facetas, as quais se integram para edificar o perfil realizador. Tenho grande entusiasmo por dedicar boa parte de minha reflexão a entender de maneira mais profunda como o empreendedor desenvolve continuamente a inteligência volitiva para aprimorar as qualidades comportamentais que fundamentam o seu perfil, adicionando os ingredientes que dão forma à atitude que influencia ativamente o futuro da humanidade. Para mim, o empreendedorismo puro, caráter daqueles que fundam ou renovam organizações, é o grau máximo de manifestação da inteligência volitiva. Quando alguém se encontra nesse estado de iluminação, a inteligência volitiva se consuma de maneira plena e fervorosa. O empreendedor puro sabe que toda a matéria acumulada pode também ser perdida em qualquer fase do empreendimento. No entanto, isso não parece, de
130
Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
forma alguma, ter relevância a ponto de bloquear o seu espírito empreendedor. Para o verdadeiro empreendedor, a matéria não é o fim, mas fundamentalmente o meio para a realização de uma missão verdadeiramente nobre e consequente desenvolvimento espiritual. Eis que é realizando que o autêntico empreendedor se sente realizado.
“Empreendedores são os que assumem riscos com suas companhias, e estão dispostos a perder seu dinheiro e sua reputação em troca de suas ideias e empreendimento. Eles voluntariamente assumem a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso de uma empresa e respondem por todas as suas facetas.” Victor Kiam
131
Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 5
5.1 - INDEPENDÊNCIA “Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência.” Henry Ford
Abrir as portas para uma vida empreendedora exige que um sentimento de independência, em várias de suas facetas, desabroche no empreendedor. De forma um tanto paradoxal, o desprendimento financeiro se mostra como sendo a primeira expressão de independência do verdadeiro empreendedor. Para um empreendedor puro, o objetivo maior é a sua própria evolução de maneira integral, englobando o seu desenvolvimento como espírito, mente, amor e, também, mas não somente, como corpo. A meta suprema é o
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
acúmulo de “sabedoria”, mesmo na iminência de perdas, sejam elas de ordem financeira, afetiva ou de qualquer outra natureza. Percebo que o ato de empreender, assumindo a responsabilidade
máxima
pela
realização,
é
uma
demonstração de completo desprendimento material. Quando se trata de um empreendimento, o risco de que todo o dinheiro acumulado possa subitamente evaporarse é real.
Esse exercício de desprendimento material é
consumado por um indivíduo bastante incomum, que exibe uma substancial intimidade em relacionar-se com o novo, com a resistência social a um paradigma diferente, com o risco, e que também comprova, de maneira incontestável, sentir uma tremenda indiferença pelo fracasso. Nem o risco nem a noção de que o fracasso é um acontecimento com potencialidade real oferecem resistência à habilidade de agir e transformar do empreendedor puro. Nele, a inteligência volitiva se evidencia de forma absolutamente transcendental. A ação em busca da evolução é o que mais importa. O verdadeiro empreendedor se consuma como tal ao não enxergar a organização simplesmente como um meio para que um fim unicamente financeiro seja atingido. Ele sabe que a jornada para consumar a missão é longa.
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Inteligência Volitiva
Os que são simplesmente donos de negócios não veem a hora de chegar ao ponto final dessa viagem. Embarcam no navio com o objetivo único de abandoná-lo em algum momento. O retorno sobre o capital investido é o propósito primário quando deveria ser o resultado de um trabalho missionário bem executado. Os atos desses pseudoempreendedores não se alinham com o desejo dos clientes em potencial, por isso, a maioria “quebra” e nunca chega ao almejado sucesso. Para eles, as decisões se pautam em retorno financeiro antes da solução dos problemas dos clientes e, ao inverterem a ordem do raciocínio, o mercado, como autoridade suprema, não hesita em expulsá-los. A mente do pseudoempreendedor nunca se decide por decodificar a missão organizacional, que permitiria a programação do melhor modelo de relações a ser estabelecido na companhia e do melhor padrão de execução dos processos que consumam a execução da missão. Sob a ótica do empreendedor por necessidade, o empreendimento se torna uma viagem sem fim, mais árdua do que parecia ser, demasiadamente perigosa, dolorida, capaz de causar temor e, por isso, praticamente impossível de ser realizada. Empreendedores por necessidade entram no mundo dos negócios pensando somente nos frutos, em vez de fazerem do cultivo o alvo de suas mais ricas
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
reflexões. Eles desejam os frutos, mas não sentem vontade de realizar. Não estão preparados para vigiar a saúde da árvore diariamente a fim de protegê-la, garantindo o seu crescimento por meio de intensa dedicação que mais parece um exercício espiritual. O pseudoempreendedor não entende a importância dos atos de adubar, irrigar, retirar as folhas doentes e as pragas que insistem em impedir a germinação da árvore.
Embora o sonho da colheita
dos frutos exista, os pseudoempreendedores tendem a gerar árvores estéreis e não chegam a compreender que a grande sabedoria está em deleitar-se com os cuidados que o cultivo da árvore exige. É fato que as estradas do empreendedorismo nos levam a lugares nunca antes habitados ou, no mínimo, muito desconhecidos. Mais eis, então, que o fundamento do verdadeiro empreendedorismo se encontra na inteligência volitiva do empreendedor que, antes de qualquer objetivo financeiro, move-se pelo inconformismo sentido, ao ver uma situação problemática ainda não equacionada, pela paixão sentida pela dedicação diária ao que faz e pela capacidade ímpar de iniciar a ação, visto que o insucesso no cumprimento da missão se torna, de fato, o seu maior medo.
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Inteligência Volitiva
A inteligência volitiva do empreendedor o faz ver a vida como sendo boa quando ele se joga no desafio missionário. É claro que esse desafio pode trazer à tona sentimentos carregados de dor, como a raiva, a tristeza e o medo, entretanto, ao mesmo tempo, o processo de empreender exalta
sentimentos
extremamente
enriquecedores
e
significativos para o autodesenvolvimento, como a alegria e o amor. Portanto, para o verdadeiro empreendedor, o fim organizacional de gerar lucro significa muito mais a mola propulsora que intensifica a realização da missão, mediante o reinvestimento, do que um propósito unicamente financeiro. O empreendedor é apaixonado pelo processo de transformação e não consegue viver sem a liberdade interior de desenvolver ao máximo suas potencialidades e de sentir o que Carl R. Rogers, o precursor da psicologia humanista, chamava de “a riqueza da vida”: o processo de viver a “vida boa”. Vejamos um trecho do livro “Tornar-se pessoa”, em que o autor relata suas conclusões tiradas de sua experiência, como terapeuta, sobre o processo de viver a “vida boa”: “Uma última implicação que gostaria de mencionar é que esse processo de viver a “vida boa” implica um campo mais vasto, uma riqueza maior do que a vida restrita em que grande parte de nós se encontra. Participar nesse processo significa que se está mergulhado em experiências, muitas vezes temíveis e muitas vezes satisfatórias, de uma vida
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mais sensível, com uma amplitude maior, maior variedade e maior riqueza. Parece-me que os clientes que fizeram progressos significativos na terapia vivem de um modo mais íntimo com os seus sentimentos dolorosos, mas vivem também mais intensamente os seus sentimentos de felicidade; a raiva é mais claramente sentida, mas o amor também; o medo é uma experiência feita mais profundamente, mas também a coragem. E a razão pela qual eles podem viver de uma maneira tão plena num campo tão vasto é que têm em si mesmos uma confiança subjacente de serem instrumentos dignos de confiança para enfrentar a vida. Estou convencido de que esse processo da “vida boa” não é gênero de vida que convenha aos que desanimam facilmente. Esse processo implica coragem de ser. Significa que se mergulha em cheio na corrente da vida. E, no entanto, o que há de mais profundamente apaixonante em relação aos seres humanos é que, quando o indivíduo se torna livre interiormente, escolhe essa “vida boa” como processo de transformação”. Além
da
liberdade
material,
a
liberdade
mental
consuma a capacidade de inovar, prerrogativa de qualquer empreendedor. Por meio do exercício da liberdade mental, o empreendedor promove as inovações. No entanto a inovação só cumpre o seu papel quando é empregada na sociedade e, para tanto, o empreendedor tem de se libertar da necessidade imediata de reconhecimento social. Com
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Inteligência Volitiva
as inovações à mostra, as críticas são disparadas como se fossem armas de grande calibre. Se não fosse por um comportamento de independência das carícias sociais, o espírito empreendedor seria aniquilado. O verdadeiro empreendedor tem sua autoestima no nível certo, que permite a ele viver, por um bom tempo, em meio a olhares de desconfiança e como alvo de mensagens um tanto desconfortáveis. É o preço pago pelo pioneirismo. Apresentar o Método Park aos que trabalhavam na área de ensino de línguas era uma atividade um tanto extenuante. As “flechas” atiradas contra mim eram definitiva e psicologicamente letais. Mesmo assim, nunca me furtei em colocar abertamente meus pensamentos e ideias à prova. A desconfiança era naturalmente grande. Como um economista e um engenheiro poderiam ter desenvolvido o melhor método de ensino de línguas já criado? Para alguns, era difícil aceitar a realidade de alguém que não fazia parte do âmago do mundo do ensino de línguas, pudesse ser precursor de tanta mudança. Para o meu próprio bem, aprendi a ignorar esse comportamento, ou, pelo menos, de forma completamente pragmática, desenvolvi o poder de agir com independência das necessidades naturais por reconhecimento, comuns em qualquer ser humano. Consegui, com isso, assimilar
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
o lado positivo das duras críticas e rejeições por parte dos que compunham a parte central do segmento de idiomas. Essa habilidade de paralisar minha fome por reconhecimento foi vital para o meu desenvolvimento como empreendedor. Pude consumar a inovação, porque aprendi a não me importar em colocar minha reputação em risco. Entendi ser essa a única forma de empregar a novidade na sociedade, fazendo dela um sucesso, e isso era muito mais importante. Ao ver que mesmo os que se beneficiariam diretamente com o sucesso do projeto se afastavam quando uma oportunidade de rejeição sobressaltava aos olhos, percebi o quanto essa faceta do empreendedorismo era rara. O desconforto em ser alvo de críticas é comum aos que ainda não se satisfizeram com o que simplesmente são. Para a minha felicidade, compreendi a importância dessa faceta do empreendedorismo logo no início de minha carreira, quando ainda era muito jovem, por isso, nunca desisti e absorvi com naturalidade cada golpe que sofri. Hoje, após ter sido testado como empreendedor por várias vezes e de diferentes formas, vejo com lucidez que os acontecimentos paradoxais tendem a reger os acontecimentos no mundo. O que, aparentemente, parecia ser a minha grande desvantagem também me colocou na vanguarda de um mercado altamente competitivo. Eu fazia parte da periferia e não tinha nada a perder ao
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Inteligência Volitiva
construir algo completamente inovador. Feliz daqueles que, mesmo fazendo parte do centro, conseguem manter um olhar positivo em direção ao futuro, pois esta é a fórmula da perenidade. A
expressão
da
liberdade
permeia
a
vida
do
empreendedor. Ninguém mais do que os verdadeiros empreendedores consegue viver a vida de forma tão livre, tão criativa e com sentimento de confiança para inovar e transformar o mundo no ambiente em que deseja viver. Em relação à minha experiência como empreendedor, descobri que o que mais me faz mergulhar na fascinante aparente loucura de empreender é a liberdade que sinto para experimentar mais sabedoria, valorizando-me como ser humano e me tornando cada vez mais competente no que quer que eu faça. Sinto-me motivado a me jogar no mundo dos que empreendem simplesmente porque me vejo tornando-me mais quem eu desejo ser. Quando vejo que, por meio de minhas realizações, me aproximo do homem que eu desejo ser, uma sensação incrível de liberdade se apodera de mim, qualquer tipo de medo se esvanece, e os únicos sentimentos que prevalecem são a alegria e o amor pelo que faço.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5
5.2 - A ACEITAÇÀO DOS FATOS COMO ELES SÃO “Encare a realidade da forma que ela é, não como já foi ou como você gostaria que ela fosse.” Jack Welch
Sigmund Freud afirmava que “as ilusões nos servem porque nos salvam da dor e nos permitem sentir prazer em seu lugar. No entanto, devemos aceitar, sem reclamar, quando, às vezes, elas colidem com um pouco de realidade e, então, são completamente dilaceradas”. As ilusões parecem confortar o homem, disfarçando o seu sofrimento e causando uma sensação de aparente felicidade. Não me parece sábio viver uma vida assim; pelo contrário, essa é uma existência que se afigura um tanto insipiente e espiritualmente pobre. Assim, os pseudoempreendedores vivem suas vidas, criando um mundo imaginário como
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Inteligência Volitiva
instrumento
de
autoproteção
com
o
único
intuito
de terem a sensação artificial de aceitação própria. Não sabem mergulhar nas vastas experiências que o empreendedorismo proporciona, não aceitam o fracasso como o caminho para o sucesso e, por fim, constroem um peculiar jeito de viver, pautado na contemplação e não nos objetivos. A minha experiência com a formação de empresários me mostrou que existe uma tendência humana de ignorar os fatos, porque a consciência deles é o reconhecimento da evidente imperfeição de nossas vidas no tempo presente. No entanto, é exatamente essa consciência da imperfeição que é precursora do inconformismo, da necessidade de agir para transformar o mundo em algo melhor.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5
5.3 - PERSUASÃO “A ferramenta de persuasão mais importante que você pode ter em seu arsenal é a integridade.” Zig Ziglar
No
empreendedorismo,
atividade
alguma
exibe
maior potencial de exposição do que a comercial, mais especificamente, a de vendas. É no momento da busca pela persuasão que todo o ambiente propicia a extrema exposição do empreendedor e o potencial de desqualificação é altíssimo. Cedo ou tarde, o demérito fatalmente sobrevirá. Por isso, as vendas são objeto de descuido, sendo desprezadas, em alguns casos, pelo pseudoempreendedor. No entanto, é fato que, no mundo dos negócios, nada acontece até que alguém venda. As vendas, além de representarem um passo fundamental do
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Inteligência Volitiva
processo de conquista de clientes para que a missão possa ser realizada, são o pontapé inicial do exercício efetivo do significado de se ter um negócio – negar o ócio. A influência positiva na vida de outras pessoas, tal qual a vejo à luz da minha experiência com empresários, é uma das competências mais importantes de um empreendedor. É o poder de persuasão que consuma o propósito da organização de ter clientes. De nada adianta ter o melhor produto do mundo ou oferecer o melhor serviço em qualquer área quando não se tem capacidade de persuadir outros a adquiri-lo. Pode ser que alguém produza o melhor carro, a melhor roupa, a melhor bolsa, o melhor calçado, o melhor tecido, os melhores móveis, ou, ainda, pode ser que se seja o melhor consultor de negócios, que se tenha a melhor escola de idiomas, a melhor academia, a melhor clínica médica, a melhor clínica dentária, ou, talvez, que se tenha a melhor banda de música, não importa o que se faça, ser o melhor pode não significar nada. Na verdade, nada acontece até que alguém venda. A missão só começa a se realizar depois que já se executou a atividade que, fatalmente, é a mais repudiada pela maioria no mundo dos negócios: a venda. A assunção da importância de desenvolver a habilidade de vendas não vale somente para os empreendedores.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
Embora
muitos
não
percebam,
a
competência
em
vendas é de relevância significativa até mesmo para o endoempreendedor que, a princípio, nada tem a ver com a área comercial. A persuasão é, primordialmente, fundamental para o crescimento de qualquer colaborador dentro da própria organização, visto que as suas ideias e competência em realizar devem ser diária e literalmente vendidas para todos os outros membros da companhia, os clientes internos, a fim de transmitir a verdade do seu alinhamento com o propósito missionário da organização a todos os envolvidos. Só assim, galga-se espaço dentro das corporações. Ainda mais importante do que isso, subsiste o princípio de que todos que estão imbuídos da tarefa de completar a missão não podem prescindir de compreender que a manutenção do cliente também requer uma consciência comercial, já que cada ponto de contato com este, cada momento da verdade, é o instante em que se vende a continuidade do propósito do cliente em comprar. Sem o cliente, a missão não se realiza. Por isso, a venda não é uma atividade a ser realizada somente pelos que assumiram a função direta de vender. Nunca conheci um empreendedor que tenha edificado uma empresa a partir do nada, levando-a para um posto de destaque em seu segmento, que não demonstrasse
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Inteligência Volitiva
excelência em vendas. Todo empreendedor de sucesso que conheci era, também, um vendedor competente, um influenciador. Alguns relatam que não vendem por não terem o dom. Meu sentimento é que isso são desculpas desconexas de pessoas que ainda não desenvolveram a inteligência volitiva. O princípio do poder de persuasão não está na capacidade do convencimento pela oratória e altivez, como muitos pensam. Na verdade, a base do poder de persuasão está na inteligência volitiva desenvolvida pelo indivíduo que busca persuadir. Em primeiro lugar, aquele que não consegue vender não carrega dentro de si o inconformismo com a situação em que se encontra ou, mais importante ainda, em que o cliente se encontra. Em segundo lugar, não existe persuasão quando não se sente paixão pela missão da organização. A paixão do empreendedor pela missão é o fator mais importante do processo de persuasão. Nada mais forte e contagiante do que o amor pela missão organizacional que culmina na conquista de mais um cliente. Essa é a ferramenta de vendas definitiva. Em terceiro lugar, não se vende quando não há o mínimo de controle sobre os medos e, consequentemente, não se desenvolve a autoconfiança, desencadeadora a
autoconfiança
da
iniciativa
seja
comercial.
edificada,
é
Para
que
terminantemente
imprescindível interpretar um fracasso qualquer em uma
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
batalha como sendo o sábio caminho que nos aproximará da vitória na guerra. Ao longo de minha vida profissional, convivi com alguns pseudoempreendedores que desprezavam as ações de vendas, o que era algo completamente incompatível com a posição que ocupavam. Muitos davam a desculpa de que vender era sinônimo de incomodar; no entanto aquele que vê a ação comercial como o ensejo de uma relação baseada na antipatia, na verdade, deveria se questionar se está no negócio certo, o qual tem como missão um propósito alinhado com a própria razão de ser do empresário. Como já relatei, em minha experiência como franqueador no ramo de ensino de idiomas, errei algumas vezes quando vendi o negócio para pessoas que não se alinhavam com a missão da organização. Essas, por alguma razão, não sentiam paixão pela missão que precisavam realizar e boicotavam, de maneira assustadora, o seu próprio negócio. Como podiam vender um produto e serviço conectados a uma missão que não correspondia aos seus ideais de vida? Por outro lado, aqueles que encontraram na missão da empresa sua razão de viver caminharam diretamente ao encontro do sucesso. Um empreendimento só é concebível quando o empreendedor desenvolve um negócio cuja missão é inspiradora do ponto de vista do próprio empresário. Para aqueles que empreendem alinhando o espírito corporativo com o espírito pessoal, vender passa a ser sinônimo de
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Inteligência Volitiva
oferecer algo que genuinamente melhorará a vida das pessoas. Não existe sensação de desconforto com vendas para pessoas volitivamente inteligentes. Vender é uma habilidade como qualquer outra. Ela pode ser aprendida por qualquer pessoa que precise do trabalho, que tenha afinidade pela missão da companhia e que se sinta confiante para agir. Sem o poder da persuasão, o espírito empreendedor é automaticamente aniquilado.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5
5.4 - FOCO “Concentre todos os seus pensamentos sobre o trabalho em mãos. Os raios de sol não queimam até que atinjam um foco!” Alexander Graham Bell
Um novo empreendimento tem uma vida extremamente vulnerável sob diversos aspectos e a sua edificação requer cuidados extremamente especiais por parte do empreendedor. Sem o foco do empreendedor, as bases que sustentam o novo negócio não se fortalecem. Na maioria dos casos, a quantidade de energia canalizada pelos empreendedores para a realização da missão organizacional parece insuficiente, haja vista o número de novos negócios que são fechados nos primeiros anos de operação. Poucos conseguem energizar a empresa a um ponto tal que permita à mente organizacional, atenta
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Inteligência Volitiva
às mudanças mercadológicas, adaptar-se rapidamente à nova realidade e desencadear ações que revitalizem a empresa. Quase sempre, a mínima desatenção culmina na extinção da companhia. O que aumenta ainda mais o risco de uma nova operação é o fato de a maioria dos novos negócios ser aberta sem que um valor adequado de capital de giro seja reservado. Nesses casos, a vulnerabilidade do novo empreendimento torna-se ainda maior. Por isso, uma característica do empreendedor, vital para a perenidade do seu negócio, é a sua capacidade de concentrar suas energias no empreendimento. Como já dito, empreender é completamente diferente de ser empresário. Muitos querem ser empresários, mas poucos querem empreender, assumir a responsabilidade de fazer. Quando alguém me diz que quer comprar uma franquia minha e sugere colocar alguém para fazer a gestão, fico sempre com a ‘‘pulga atrás da orelha’’. Geralmente, faço a seguinte pergunta: “Você tem capital suficiente para bancar alguém com a mesma capacitação e, principalmente, energia que você tem para depositar no negócio? Por que alguém pior do que você, e a tendência é que você coloque alguém com menor competência para operar o negócio, será capaz de fazer prosperá-lo em seu nome?” Geralmente, a energia e o foco dos “administradores” contratados para operar pequenos negócios são insuficientes para arrancar o empreendimento do chão, fazendo-o decolar rumo
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
ao sucesso. Uma nova empresa é como um filho sendo gerado e, como qualquer filho, a energia demandada para a fecundação e o crescimento sadio é praticamente sobre-humana. Para esses casos, sugiro que o investidor busque um sócio-empreendedor. Um
empreendimento,
inicialmente,
requer
um
investidor e um empreendedor. Um negócio não vive sem os dois. Pode até ser que uma única pessoa assuma os dois postos. No entanto, o empreendedor faz a gestão da
companhia,
assumindo
as
responsabilidades
de
arrancá-lo do chão, transformando-o diariamente em algo melhor para os clientes. Os investidores colocam o capital para tê-lo remunerado. Para o investidor, o fim é a remuneração do capital, para o empreendedor, o fim é a missão organizacional. Frequentemente, deparo-me com pequenos investidores que querem abrir o negócio próprio, mas não demonstram ter a disposição necessária para assumir uma posição empreendedora. Morrem de medo de abandonar os seus empregos. Estou certo de que a probabilidade de fracasso, nesses casos, é altíssima. O verdadeiro empreendedor tem consciência de que o seu poder de transformação somente existe no tempo presente e no espaço físico onde ele se encontra. Ele sabe que não consegue mudar o que existe “lá”, estando “aqui”. Ele compreende que pode exercer alguma influência no que está “aqui”, ao seu redor, agora. Por isso, o verdadeiro
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Inteligência Volitiva
empreendedor quase nunca está em sua mesa, quando ele tem mesa. Ele está sempre ocupado com a ação no momento presente sendo realizada junto ao cliente atual ou ao seu cliente em potencial. É exatamente isso que o foco permite: a ação aqui, agora. Como pode a energia de um dono atuar no empreendimento quando ele está longe? É importante lembrar que todos os competidores de um mercado qualquer estão em uma corrida pelo mesmo cliente. Quando, como empresário, não tenho a capacidade de ter foco no empreendimento, perco a oportunidade de realizar minha missão aqui e agora, quando o meu concorrente muito provavelmente pode estar realizando a sua missão junto a um cliente que poderia ser meu. A tendência é que eu perca a corrida. A ação focada no cliente no tempo presente é a única capaz de contribuir com o cumprimento da missão. Somente o verdadeiro empreendedor, presente, focado, consegue canalizar a energia necessária para fazer com que a empresa cresça e vença a concorrência. O verdadeiro empreendedor consegue ter compreensão de que o foco no empreendimento é amigo íntimo do sucesso e sabe que negócios de sucesso consomem muita energia.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5
5.5 - VISÃO, DILIGÊNCIA E CAPACIDADE DE ENTREGA “Diligência é a mãe da boa sorte e a indolência, o seu oposto nunca levou um homem a atingir qualquer um de seus desejos!” Miguel de Cervantes
Certa vez, ouvi um provérbio que dizia: “a boa diligência acaba o que o merecimento não alcança”. A palavra diligência deriva do latim, do verbo diligere, que significa “amar”, o que já demonstra a quantidade de energia que alguém diligente é capaz de desencadear para
realizações
inigualáveis.
Empreendedores
que
atuam com diligência são praticamente invencíveis. Uma grande dose de diligência, que se opõe à preguiça, supre as outras deficiências do empreendedor. Diligência é uma característica que exprime prontidão e amor e está associada aos que desenvolveram a inteligência volitiva.
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Inteligência Volitiva
Devo à minha mãe a alegria de cultivar a diligência e a perseverança. Foi ela a pessoa que mais agiu pela inserção desse valor em minha vida. Durante a minha infância e adolescência, ela nunca permitiu que desistisse de qualquer responsabilidade assumida. Acredito, ainda, que meu espírito diligente também se desenvolveu com a prática de esportes de competição, desde a tenra idade. Vou contar uma passagem de minha vida que vejo como sendo de grande importância para a formação definitiva de meu espírito diligente. Com quatorze anos de idade, decidi que queria estudar nos Estados Unidos, porque julgava que ter alguma experiência no exterior poderia contribuir de alguma forma para a construção de um futuro notório. Buscava uma experiência pouco comum na época. Como eu não tinha dinheiro para pagar uma faculdade americana, busquei informações sobre bolsas de estudos e descobri uma instituição na Georgia, EUA, que oferecia, todos os anos, seis bolsas para alunos de outros países. Eu teria, então, que me candidatar a uma delas, fazer provas de inglês e matemática e conseguir uma boa pontuação para ser premiado com uma. Eu estudava inglês todos os dias, fazia aulas três vezes por semana, que eram financiadas por meus pais. Por dois anos consecutivos tentei conseguir a bolsa para estudar nos Estados Unidos. Não entendia a razão de não me concederem a bolsa, já que minha pontuação era boa.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
Sem ouvir os conselhos de desistência vindos do meu pai, que considerava aquele sonho inatingível diante da situação financeira de nossa família e da desvalorização da moeda brasileira diante do dólar na época, segui em frente e, pela terceira vez, participei da competição pela bolsa. Fiz as provas, mas dessa vez agi de forma diferente, decidi que os diretores da universidade precisavam me conhecer. Comuniquei aos meus pais que queria ir aos EUA conversar com as pessoas que decidiam. Queria entender o processo de seleção para as bolsas e desejava, por meio de uma possível entrevista, demonstrar minha vontade e meu empenho em estudar naquela instituição. Na época, uma viagem aos EUA custava uma soma expressiva de dinheiro, gastei minhas economias com a passagem mais barata que pude encontrar. Foram trinta e duas horas de viagem até Cochran, Georgia, onde se situava o Middle Georgia College. Eu cheguei lá à uma e meia da madrugada de uma terça-feira. Às sete e meia da manhã do mesmo dia, já me encontrava no prédio onde ficava o escritório de admissão de novos alunos. Ali, uma senhora alta, com cabelos loiros encaracolados, recebeume. No processo de cadastramento para pleito à bolsa, tive que encaminhar fotos e, por isso, ela me olhava um tanto surpresa, portanto, demonstrava saber quem eu
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Inteligência Volitiva
era. Depois de me observar um pouco, um tanto surpresa, perguntou-me em que podia ajudar. Ao ver em cima de sua mesa uma placa de identificação com o seu nome, fui logo falando o que havia planejado falar ao longo da minha viagem: “Sra. Elizabeth, como a senhora deve saber, este é o terceiro ano consecutivo que sou candidato a uma das bolsas para alunos de outros países. Minha pontuação é boa, mas, mesmo assim, eu não tenho tido sucesso, por isso, se possível, eu gostaria de entender como funciona o processo de seleção”. Ela, então, explicou que era secretária do diretor de Admissão e veria se ele poderia me atender. Depois de alguns minutos, ele me recebeu, juntamente com um outro professor. Fui entrevistado pelo diretor de Admissão, por um professor, Dr. Phil Gibbs, um ser humano extraordinário que tive a chance de conhecer, e pelo reitor, por aproximadamente trinta minutos. Após nossa conversa, informaram que eu teria a bolsa. Um veredito que mudou o rumo de minha vida. Quando me deram a notícia, sentimentos de alívio e êxtase se misturavam em mim. Hoje, entendo por que eu não havia recebido a bolsa nos anos anteriores. Imagine-se contratando um funcionário para sua empresa. Suponhamos que você tenha dois candidatos formados em administração com a mesma capacidade técnica, porém um deles estudou em Harvard. É muito mais plausível que você contrate a
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
pessoa que se formou em Harvard, porque suas chances de errar são muito menores. Depois de conhecer os outros bolsistas, percebi que os candidatos aprovados eram filhos de diplomatas, europeus e japoneses, enquanto eu, um brasileiro recém-saído de um sistema ditatorial, representava uma loteria do ponto de vista de alguém que buscava alunos estrangeiros que pudessem ensinar algo aos alunos americanos. Senti, naquele momento, que os dados estatísticos de meu país, infelizmente, não contribuíam. A experiência serviu para que eu aprendesse que nas frases que contassem a história de minha vida, eu me posicionaria como o sujeito, o agente modificador do mundo e não como um objeto, que sofre as modificações impostas por terceiros. As palavras “não dá”, “não pode”, “impossível” não seriam aceitas sem que uma dura batalha fosse travada. A questão deveria sempre ser: o que é que eu posso fazer de diferente para obter o resultado esperado? Cada vez mais aprendia que podia mudar o rumo de minha jornada quando quisesse. Por
isso,
acredito
que
cabe
a
quem
está
em
desvantagem, antes de qualquer coisa, com humildade, reconhecer o fato. Ao reconhecer o que falta, fica nítido o que tem que ser feito para que uma determinada situação possa ser modificada. Isso, mesmo que de forma não consciente, foi o que fiz.
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Inteligência Volitiva
Com
essa
passagem
da
minha
vida,
aprendi
a
importância da diligência. Minha busca cotidiana é por agir de forma apaixonada pelo processo e pelo objetivo, em vez de me assustar ou abalar-me com as turbulências, fico motivado com um bom combate. Uma barreira qualquer que esteja me impedindo de alcançar o meu objetivo é vista por mim como um mistério ainda não desvendado. A certeza de que tenho é a que serei uma pessoa melhor, mais sábia, quando descobrir o que fazer para a transpor. Em momento algum, sinto-me pior, menos competente, ou até mesmo, menos inteligente. Por isso, desistir da ação não passa por minha mente, tampouco fico imobilizado quando me deparo com uma derrota. Busco trabalhar, de forma apaixonada, o próximo patamar de desenvolvimento, a próxima solução. Para mim, o comportamento que inspira diligência é uma decisão que instiga a iluminação e é vital para o sucesso do empreendedor. Ao longo de minha vida empresarial, tive a felicidade de cruzar com algumas mentes extraordinárias com quem costumo, de forma fantástica, trocar experiências em busca de conhecimento. Uma dessas pessoas, que hoje é um grande amigo, notável executivo, empresário e, certamente, uma das pessoas mais disciplinadas que já conheci. Por dar tanto valor à diligência, indigna-se facilmente com a incapacidade da maioria de entregar no prazo o que está prometido. Certa vez, ele teceu um
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
comentário um tanto pitoresco que ajuda a definir a incapacidade de certas pessoas, empresas e até nações de prosperar. Ele dizia que alguns indivíduos têm uma tendência à “síndrome dos 95%”, ou seja, a não terminar por completo o que começam e, na maioria das vezes, um produto ou serviço só pode ser usado quando está 100% acabado. 95%, 96% ou até mesmo 99%, definitivamente, não são 100% e, por isso, não se consegue consumar a missão. Por mais que possa causar uma sensação de conforto psicológico, mudar a trave de lugar para que o gol possa ser marcado, não leva ninguém à notoriedade. Uma das facetas que formam o caráter do verdadeiro empreendedor é a diligência. A busca disciplinada pela excelência é alvo do verdadeiro empreendedor. Este é determinado e dedicado, nele a inquietação permanece enquanto não vê o projeto totalmente finalizado, ou, de uma forma mais profunda, enquanto sua missão não se encontra totalmente realizada para cada cliente. Nunca vi Joel Baker pessoalmente, mas não tenho dúvidas de que os seus vídeos me ajudaram a construir um caráter mais associado ao empreendedorismo. Foi em um dos seus fantásticos vídeos que comecei a entender um dos preceitos para a formação de um indivíduo volitivamente inteligente. Barker dizia que “uma visão sem ação, não passava de um sonho, uma ação sem visão, era um passatempo, mas uma visão acompanhada de ação,
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Inteligência Volitiva
essa sim, poderia mudar o mundo”. Comecei a entender visão como sendo um sentimento de inconformismo com a situação atual e passei logo a sentir o poder que uma visão tinha quando estava associada a alguém com um caráter moldado pela disciplina. Em 1996, então com 23 anos de idade, já sabia que as grandes editoras ligadas ao ensino de idiomas seguiam paradigmas metodológicos criados na década de 50 e 60. Esses modelos atendiam ao mercado da época, porém eram incapazes de atender às necessidades do mundo moderno. Nessa época, comecei a pesquisar o que as pessoas queriam em relação à aprendizagem de idiomas. Concluí que criaria um negócio que ofertasse uma singularidade metodológica no mercado do ensino de línguas que, efetivamente, seria capaz de ensinar as pessoas a falar idiomas de forma rápida, simples e lúdica. Para desenvolver o Método Park de Ensino de Línguas, eu e meu sócio, dedicávamo-nos ao projeto após a nossa jornada de trabalho, geralmente, às vinte e duas horas, e continuávamos até as duas ou três da manhã do dia seguinte. Além disso, trabalhávamos também aos sábados e domingos, porque as horas noturnas eram insuficientes. Fizemos isso incansavelmente por quase três anos. Depois disso, por vários anos ainda continuamos a trabalhar aos sábados, domingos e feriados. É óbvio que não gostávamos
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
de trabalhar de madrugada e aos finais de semana, porque existem outras mil coisas para fazer nessas horas. Entretanto, nossa visão era mais importante, por isso, nos submetíamos a isso. Mantivemo-nos firmes em nosso propósito por cinco anos até que conseguimos colocar o negócio em um patamar que nos permitia passar os domingos com nossas famílias. Nossa atitude disciplinada possibilitou que concretizássemos nosso projeto. Nunca conseguiríamos ter dado o pontapé inicial na empresa se não tivéssemos um comportamento disciplinado, motivado por nossa visão. Planejar e escrever o Método Park foi somente o começo. Após montar a primeira Unidade Park, enfrentei vários desafios, principalmente nos primeiros dez anos de atividades. Quando decidimos crescer por meio do sistema de franquias, eu viajava por várias cidades a fim de mostrar o nosso produto e modelo de negócios para empresários, com a expectativa de que comprariam nossa franquia. As voltas para casa eram intercaladas por fracasso e sucesso, nessa ordem. Não me abatia, porque sabia que era uma pessoa melhor a cada dia e que a minha evolução diária significaria, por consequência, a evolução do meu negócio. Hoje, quando olho para trás, acho até ridículo pensar em como eu ousei um dia querer ter sucesso com tão pouco conhecimento entranhado em mim. Precisava, sem dúvidas, passar pelo que passei,
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Inteligência Volitiva
conhecer as pessoas que conheci, aprender o que aprendi, enfim, vivenciar diversas experiencias para vencer. No entanto, em momento algum, faltou-me o ingrediente fundamental: a inteligência volitiva, fundamentada por uma visão de futuro que me fazia mais completo e mais feliz. Por isso, perseverava e me dedicava diligentemente ao meu negócio. A minha visão de futuro me mantinha firme no propósito. Eu tinha que terminar o que havia começado e minha vida só teria valido a pena se eu concretizasse minha visão. Algumas pessoas próximas costumavam dizer que eu trabalhava 24 horas por dia porque não parava de pensar no negócio, mesmo quando estava em momentos de lazer. Sei que tal afirmação tinha tom de cobrança e, às vezes, até de revolta, e me trazia de volta para uma reflexão sobre o que era uma vida equilibrada. Sinceramente, nunca me arrependi. Estava sempre pensando em possíveis soluções para os problemas que barravam o nosso crescimento. Dedicava-me ao negócio de forma determinada, até obstinada, porque vencer era a única possibilidade. Os verdadeiros empreendedores tendem a entregar 100% do que prometem não só a seus clientes, mas também a si próprios, ao buscarem sua visão de maneira incansável, galgam, assim, novos patamares
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
de desenvolvimento e, como líderes, fazem refletir a sua evolução pessoal em seus negócios.
“Você pode e deve moldar o seu futuro; do contrário, outra pessoa, com certeza, o fará!” Joel Barker
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 5
5.6 - COMPETITIVIDADE E ESPÍRITO MISSIONÁRIO “A essência da competitividade é liberada quando conseguimos fazer com que as pessoas acreditem que o que elas pensam e fazem é importante – então, basta sair do caminho delas para que elas possam executar!” Jack Welch
Com meu mestre, Cesar Falcão, aprendi a olhar uma boa empresa como sendo uma árvore que gera frutos raros. Uma organização é criada pelas mãos do empreendedor, que identifica uma demanda mercadológica e planta a semente que se tornará a árvore supridora das necessidades humanas. O empreendedor, impulsionado pela inteligência volitiva, lança a semente ao solo, que marca o início de uma longa jornada. A semente cresce, torna-se uma árvore, gera frutos e morre. Um processo de transformação contínuo. No entanto, a perenidade da árvore só é garantida pela germinação da semente
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
lançada ao solo pela própria árvore por meio de seu fruto. A próxima geração de árvores não é igual à árvore mãe. As evoluções ou mudanças garantem uma melhor adaptação ao meio e, consequentemente, a perenidade. Da
mesma
forma,
o
empreendedor
funda
a
organização, cultiva a união de várias almas, as pessoas da companhia, que se juntam para a formação de uma alma organizacional única e buscam diariamente sua própria evolução, em todos os aspectos, para que o negócio possa ser perpetuado. Durante o seu processo evolucionário, as organizações enfrentam seus gargalos, que as impedem de continuar crescendo. É chegado, então, o momento de mudar para crescer, porque o propósito missionário organizacional está pautado na angariação de mais pessoas que queiram comungar dos benefícios propostos pela empresa – os clientes. Uma das diferenças entre o verdadeiro empreendedor, o que cria a vida perene, e o pseudoempreendedor, criador de empresas frágeis e fadadas ao fracasso, está na forma de encarar a mudança como resposta às necessidades de adaptação para o crescimento. Em momentos críticos, só a mudança pode nos salvar da derrota. O que enobrece e diferencia o verdadeiro empreendedor é que, apesar de cultivar opiniões sólidas sobre o que diz respeito ao seu negócio, ele carrega, em si, coragem para mudar e enfrentar as consequências trazidas pela mudança. O
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Inteligência Volitiva
segredo da coragem está fundamentado na ausência do medo de perder, que desencadeia um espírito altamente competitivo. Dentre
as
que
são
abertas,
poucas
companhias
se renovam na busca por mais um cliente adicional, perpetuando-se. O autêntico empreendedor é consciente de que a coragem para implementar as mudanças que promovem o crescimento contínuo é mandatória, caso contrário a organização desfalece. Um concorrente um pouco mais voluntarioso elimina aqueles que se decidem pela estabilidade. Gostaria
de
finalizar
esta
discussão,
mediante
trechos de uma palestra do legendário técnico de futebol americano, Dr. Lou Holtz. Eles retratam a importância da competitividade e de um espírito missionário por parte de quem se propõe a realizar: “Existe uma regra na vida, ou nós estamos crescendo ou nós estamos morrendo. Uma árvore, por exemplo, está crescendo ou morrendo, assim também funciona com as pessoas e também com os negócios. O problema é que, com o passar do tempo, a tendência é que nos sintamos conformados com o que temos ou somos e decidimos por não assumir nenhum risco para mantermos o estado atual em que nos encontramos. Todas as vezes que se decide
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
pela manutenção de qualquer fase da vida, está-se, na verdade, morrendo. A decisão por manter o estado atual é a decisão pela morte. Sempre que se decide por manter, nunca há razão para celebrar, você nunca traz ideias autênticas à tona. Quando eu deixei o futebol, pensei que estava cansado de ser técnico, mas, na verdade, eu não estava. De fato, eu estava cansado de manter. E quando saí, eu ainda tinha o mesmo sentimento de vazio, porque você tem de ter algo a esperar, tem de ter um desafio a ser vencido.”
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 5
5.7 - CORAGEM E AUTOCONFIANÇA “Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota.” Theodore Roosevelt
Quando penso em empreendedores natos, percebo que a autoconfiança é uma característica comum em todos eles. Ela é o componente fundamental para o desencadeamento da iniciativa e, portanto, é um ingrediente diretamente ligado a indivíduos volitivamente inteligentes. Para a maioria, a autoconfiança é um sentimento mágico difícil de ser construído.
No entanto, ao longo de meu
desenvolvimento como empreendedor e de meus trabalhos desenvolvendo empreendedores, percebi que, por meio da inteligência volitiva, a autoconfiança pode ser desenvolvida por qualquer um de forma relativamente simples.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
Vejo que a autoconfiança está relacionada, em primeiro lugar, à aceitação do que sou, por mim mesmo. Ela é conquistada dia após dia, e a integridade funciona como combustível para a formação da autoconfiança, ao mesmo tempo em que esta funciona como combustível para aquela. A integridade alimenta minha satisfação pelo fato de ser quem eu sou e de fazer o que eu faço e faculta uma consciência mais adequada sobre a utilização de todo o potencial que tenho em mãos.
INTEGRIDADE
AUTOCONFIANÇA
Não consigo pensar em uma maneira mais simples e eficaz de definir a integridade na composição da autoconfiança do que pela fórmula do fantástico Dr. Lou Holtz. Para ele, a autoconfiança começa a ser estabelecida a partir da assunção de três comportamentos básicos:
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Inteligência Volitiva
1. Faça o que é certo – seja honesto com você mesmo e com o outro. Qualquer tipo de sociedade implica honestidade. Aqui, vemos o segundo componente da inteligência volitiva – paixão. É fundamental estar imbuído fortemente desta. O verdadeiro empreendedor não se autodestrói ao escolher dedicar-se àquilo que considera sua paixão. 2. Faça o seu melhor - tenha atitude de vencedor e não aceite, em hipótese alguma, um comportamento medíocre que gere resultados ínfimos. O verdadeiro empreendedor não se boicota e estabelece para si metas audaciosas que o levam à excelência. 3. Respeito – trate o outro da mesma forma que você quer ser tratado. Essa é a fórmula de Dr. Lou Holtz, que permite uma percepção positiva em relação a si mesmo, viabilizando, cada vez mais, a formação de um indivíduo autoconfiante.
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
CAPÍTULO 5 5.8 - CONSISTÊNCIA E EXCELÊNCIA “Excelência é uma arte que se domina através do treinamento e do hábito. Nós não agimos corretamente porque temos virtuosidade ou excelência; na verdade, de forma oposta, conquistamos a excelência porque agimos da forma certa consistentemente. Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um ato, mas sim um hábito.” Aristóteles
É fácil contratar pessoas para que executem uma atividade qualquer, mas, nem sempre, ou quase nunca, a execução ocorre em nível de excelência. Lou Holtz já dizia que excelência é algo tão difícil de ser atingido que você não consegue pagar as pessoas para que sejam excelentes. Excelência é algo que não se compra. Ela vem de dentro e só o indivíduo volitivamente inteligente consegue desencadeá-la. Por isso, o verdadeiro empreendedor faz da excelência o seu alvo cotidiano no que executa e ele sabe que ela nunca é atingida sem sacrifícios e sem que se estude e pratique os fundamentos do negócio de maneira ativa e consistente.
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Inteligência Volitiva
Não existe negócio sem equipe. De nada adianta ter algumas pessoas altamente competentes, quando a equipe não funciona em harmonia em nível de excelência. Não basta ter um único craque, a equipe precisa exercer a excelência para vencer o jogo. Ademais, o verdadeiro empreendedor sabe que o exercício da excelência se consuma quando o próprio cliente define o serviço ou produto como sendo excelentes. Portanto, empreendedores natos estão próximos dos clientes, entendendo exatamente o que estes precisam para atingir seus objetivos pessoais. Para o verdadeiro empreendedor, a excelência em negócios se materializa quando o melhor que se pode fazer é executado com o intuito supremo de resolver o problema do cliente. Por isso, ele próprio estabelece para si metas quantitativas e qualitativas audaciosas, como, por exemplo, os níveis qualitativos de gestão do negócio, de execução das atividades que suprem as necessidades dos clientes. Inclui-se aqui tudo aquilo que representa o corpo que envolve o pacote de soluções o qual o cliente adquire e o nível qualitativo do relacionamento estabelecido com o cliente no atendimento. O verdadeiro empreendedor não demite clientes e reconhece que o consumidor precisa se sentir único e amado. Por isso, uma energia grande é consumida quando o objetivo é a
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Inteligência volitiva e empreendedorismo puro
excelência e somente a inteligência volitiva pode resolver esse problema. Às vezes, pensamos que o sucesso se encontra em um tempo distante do que nos encontramos, quando, na verdade, o sucesso é um processo e não um fim. O sucesso é dinâmico e não estático. Ele está relacionado ao que eu faço agora, ao ter qualidade e excelência como base nas minhas ações e não como uma condição futura. Vou construindo o sucesso quando, de olho no meu propósito de vida, imediatamente, vejo o que é importante a ser feito agora para que o propósito seja consumado. O empreendedor vencedor faz uso da inteligência volitiva para realizar, de maneira surpreendente, as coisas importantes que urgem ser feitas agora. Alguns atingem a excelência em momentos isolados, ao passo que pouquíssimos conseguem entregar excelência de forma consistente. Uma coisa é entregar cem por cento e bem uma única vez, outra, completamente diferente, é entregar cem por cento e bem sempre. Isto se chama excelência e consistência. Empreendedores vitoriosos se preocupam em agregar valor ao produto e serviço ofertado de forma contínua. Somente os que são volitivamente inteligentes desencadeiam energia para entregar cem por cento do
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Inteligência Volitiva
prometido, todos os dias, do início ao fim do dia, essa é a única certeza que podemos ter de fidelização de clientes. O empreendedor legítimo preocupa-se intensamente com a execução perfeita e consistente de todos os processos da corporação, seja na construção do produto seja na forma de servir. Não consigo ver outra forma de atingir a perenidade senão pelo compromisso com a qualidade, tendo-a como inegociável.
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Inteligência volitiva e educação
CAPÍTULO 6 INTELIGÊNCIA VOLITIVA E EDUCAÇÃO
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Inteligência Volitiva
CAPÍTULO 6
INTELIGÊNCIA VOLITIVA E EDUCAÇÃO “O professor medíocre relata! O bom professor explica! Um professor muito bom demonstra! O grande professor inspira!” William Arthur Ward
Orgulho-me em ser empreendedor. Fico envaidecido ao saber que meu espírito me leva a transformar positivamente a vida das pessoas. O empreendedorismo e a inovação caminham inseparáveis, assim, encho-me de orgulho também em ser o coautor do mais eficaz método de ensino de línguas já criado. Ao longo dos anos, vi-me colaborando com a capacitação de dezenas de milhares de pessoas, que passaram a falar idiomas rápida e fluentemente. Foi essa a inovação – diferente de tudo o que já havia sido criado no segmento de ensino de línguas – que serviu de catapulta para a minha vida profissional.
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Inteligência volitiva e educação
Minha escolha pelo segmento de línguas fez-me ensinar inglês como segunda língua no Brasil por, praticamente, dez anos antes de me dedicar exclusivamente à gestão do meu negócio. Mergulhei por inteiro no fascinante mundo da educação e, assim, muito pude aprender sobre a relação professor-aluno e sobre educação de maneira geral. Em alguns desses dez anos, dei mais de cinquenta horas semanais de treinamento para o mercado corporativo ao mesmo tempo em que trabalhava no desenvolvimento do Método Park. Como relatei, reunia-me com meu sócio às dez horas da noite, ao término de uma jornada de trabalho que havia começado às seis horas da manhã, para agirmos na construção de nosso método. O fato de poder realizar algo pelo qual era apaixonado deixava-me feliz. De certa forma, já havia aprendido a sentir prazer com o processo e não somente com o resultado. O desafio de realizar o trabalho ao longo das madrugadas e nos fins de semana não se igualava ao êxtase de participar da construção de algo grandioso. Além disso, a nossa juventude viabilizava reuniões extremamente criativas em horários pouco usuais. Hoje, recordo-me disso com imensa alegria, porque meu esforço gerou, para mim e para os que se juntaram a mim, frutos materiais, sociais e intelectuais e contribuiu com o desenvolvimento de milhares de pessoas e organizações, propiciando aos que participaram do trabalho uma vida muito mais produtiva e feliz em um
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Inteligência Volitiva
mundo sem fronteiras. Uma influência extremamente positiva para a humanidade! O meu entusiasmo é genuíno porque, de certa forma, minha consciência mais profunda me diz que já deixei por aqui uma contribuição de substancial significância. Para o empreendedor, no seu mais íntimo sentimento, essa busca é soberana e edificalhe o espírito, enobrecendo-o. Por isso, sinto-me muito à vontade para falar sobre educação. A minha experiência na abrangência em que se deu nunca teria sido possível se não fosse pela energia desencadeada pela inteligência volitiva que desenvolvi. Dada a limitação de todos os outros recursos, devo a ela as minhas conquistas. Sinto que o acesso a uma educação adequada teria facilitado muito o meu caminho, mas, infelizmente, não tive o bilhete premiado de ter nascido em uma nação onde a educação se posicione como sustentáculo social. No meu caso, as oportunidades foram alcançadas mediante muito empenho durante o ato de realizar. Em 1980, eu estava com seis anos de idade, minha família ainda morava em uma casa alugada em um bairro de classe média baixa em uma cidade do interior de Minas Gerais. Era uma casa muito pequena e velha, que não tinha laje em toda a sua extensão. Tenho lembranças de minha mãe e meu pai colocando baldes em alguns cantos
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Inteligência volitiva e educação
da casa para amparar as gotas de água de chuva que caíam, trespassando o velho telhado construído de telhas de barro, para impedir que poças se espalhassem sobre o chão de cimento vermelho da cozinha. A única boa lembrança daquele lugar é que eu usava o chão vermelho de cimento para jogar botão com meu irmão. A duas quadras e meia dali, ficava a escola estadual onde estudei os quatro anos do Ensino Fundamental. Ela era horrível, extremamente mal cuidada, os banheiros exalavam um mau cheiro tremendo, e duvido que aquele lugar despertasse em alguém qualquer manifestação voluntária de ali estar. Hoje, fico imaginando se a diretora responsável pela escola tinha capacitação suficiente para exercer tal papel. Com certeza não. Eu não me sentia feliz de forma alguma naquele lugar. Como se a péssima estrutura não bastasse, hoje, tenho consciência de que os professores eram desqualificados e, além disso, eu tinha também que lidar com a violência. Havia brigas entre os alunos na saída do colégio quase todos os dias e, às vezes, eu, uma criança com índole pacífica, precisava me envolver com elas. O Estado não cumpria o seu papel e minha educação era prejudicada. Creio que o que mais aprendi ali foi como fazer para me livrar de brigas ou para me defender quando não conseguia me safar delas. Graças à inconsequência, incompetência e desonestidade de grande parte do Poder Público da
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Inteligência Volitiva
época, essa foi minha ‘‘magnífica’’ primeira experiência com uma escola. Quando o Estado não se realiza como facilitador, as conquistas se tornam um tanto mais árduas. Não luto de forma alguma por um Estado assistencialista, mas sou a favor de um Estado que dê condições de igualdade às crianças, criando bases que permitam a elas buscar os seus sonhos. Essa condição de igualdade só é viabilizada por meio da democratização do conhecimento e, a meu ver, a maneira mais efetiva de democratizá-lo é pela educação integral, sustentada na edificação da inteligência volitiva. Se o que constitui o cerne da natureza humana é a busca pelo prazer, pela saúde e pelo bem-estar, não consigo ver necessidade do Estado, senão para garantir saúde, segurança, infraestrutura e, sobretudo, educação de qualidade para todos, criando, assim, os fundamentos que atraem os investidores e desencadeiam oportunidades. Nesse
ambiente,
empreendedores
visionários,
por
intermédio de suas organizações, competem livremente em busca de excelência em seus resultados, geram progresso, promovem descobertas, criam renda, enfim, melhoram o bem-estar social.
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Inteligência volitiva e educação
Para o Estado, ir além significaria fomentar a criação de uma nação líder. A liderança requer a união, em um único ambiente, de várias competências essenciais. Edificar uma nação líder só é possível quando o ambiente humano está imbuído da competência que catalisa a transformação. A inteligência volitiva prepara, portanto, as pessoas para o desafio da inovação. Para mim, um país líder começa a ser formatado quando o Estado assume o papel de fomentador de uma educação empreendedora. Rica é a nação que, por meio de uma educação para o empreendedorismo, deposita em suas crianças o espírito que as leva a assumir a responsabilidade de fazer. Assim, ele as faz volitivamente inteligentes,
torna-as
líderes
pioneiros,
capazes
de
inovar, criar produtos e serviços nunca antes imaginados, fomentando novos mercados que geram mais emprego e renda. O Estado que decide investir em educação empreendedora perpetua-se na liderança. Não vejo como o caminho que leva à edificação de uma nação líder possa ser diferente quando penso que a liderança se manifesta e se perpetua por meio de realizações. Acredito fortemente que a educação formadora de visionários deve também ser conduzida, medida e limitada por valores que integrem a sociedade. A participação da família é essencial. Ao longo de minha vida, conheci
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Inteligência Volitiva
muitos que buscavam sua visão a qualquer custo, não se importando se suas ações estavam alinhadas com os padrões éticos e morais aceitáveis em uma sociedade que pleiteia o próprio desenvolvimento, dando as mesmas oportunidades a todos. Pessoas assim não respeitam regras nem o outro, nem a si próprias. Se o ser humano tem, basilarmente, uma orientação positiva, cabe às famílias e ao Estado, unidos num único propósito, contribuir com uma educação que fundamente o intento da igualdade de oportunidades, não permitindo, sob qualquer hipótese, que os fins passem a justificar os meios. Os que agem de maneira antiética, colocando o fim como propósito maior e inibindo ações pautadas em uma competição justa, estão, na verdade, fantasiando-se de empresários para adquirirem notoriedade. Estes representam empecilhos que permeiam o caminho dos verdadeiros empreendedores – aqueles guiados por valores éticos e que aprenderam a vencer pelo trabalho árduo e respeito pelo competidor. Entendo que o Estado deve protegê-los, cumprindo seu papel fiscalizador e corrigindo os desajustes, por meio de punição austera, causados por possíveis erros na educação dada pela família e pela escola. Para evitar que se faça uso dessas correções, é fundamental que o Estado aja na base educacional, de forma a prevenir qualquer potencial de desequilíbrio na igualdade de oportunidades para todos.
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Inteligência volitiva e educação
Não vejo, portanto, outra forma de construir uma nação líder, empreendedora, senão pela educação integral. Esta, de forma plena, permite nosso desenvolvimento para que sejamos o que devemos ser e é capaz não só de consumar as oportunidades, como também de torná-las iguais para todos. A educação integral busca desenvolver, ao máximo, o ser humano nas faculdades de querer, sentir e pensar. O pensar e o sentir desencadeiam nossa vontade e nossas ações, dando vida ao que somos. Assim, o maior substrato da riqueza é o conhecimento, que se realiza a partir de uma reserva de vontade. Na educação integral, a inteligência volitiva assume papel preponderante, pois o querer é o gatilho que dispara a ação de buscar o conhecimento de forma contínua. A educação integral, ao ofertar o conhecimento que desencadeia o empreendedorismo é a maior riqueza de uma nação, pelo fato de ser eficaz. O motivo de nosso sucesso em ensinar línguas é termos desenvolvido um método que garante a aquisição de linguagem, ao levar em consideração a educação integral. Por meio de nosso método, a aquisição de linguagem de um segundo idioma se consuma de forma eficaz, porque a emulação de todas as faculdades de querer, sentir e pensar, nesta ordem, concretiza-se. Quando isso acontece, as inteligências volitiva, emocional e racional, de forma cíclica, agem em prol do entendimento e fixação do conhecimento.
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Inteligência Volitiva
QUERER
PENSAR
SENTIR
Em uma educação pautada na excelência, a mente funciona
como
tentáculos
que
se
agarram
com
naturalidade aos conhecimentos que por ela passam. Nesse modelo educacional, o conhecimento permeia o ambiente e não é criado para o aluno, mas, sim, no aluno. Processos pedagógicos eficazes são desenhados para que o aluno se deleite com a experiência do conteúdo em relação à própria vida, antes mesmo que qualquer tipo de racionalização seja colocada em questão. Processos pedagógicos que levam o aluno a experimentar ou sentir o conteúdo na prática despertam mais sede pelo conhecimento no próprio educando, ou seja, acendem o estopim para que o desenvolvimento da inteligência volitiva mantenha os tentáculos vivos e ativos, preservando o desejo por mais conhecimento e consequente evolução. Processos pedagógicos de vanguarda também promovem, após a certeza da vontade de realizar e do sentimento prático do conteúdo, a racionalização, que solidifica a análise e a conclusão autônoma por parte do aluno. A
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Inteligência volitiva e educação
experiência desencadeia sentimentos, a racionalização consolida a aprendizagem. Essa integração do sentir e do pensar desenvolve no aluno cada vez mais a vontade pelo conhecimento, e ela pode ser totalmente consumada por meio de uma decisão conclusiva autônoma do aprendiz. Ao
longo
de
minha
experiência,
percebi
que
o
verdadeiro professor conduz o educando pela estrada do conhecimento, simplesmente estruturando o conjunto de circunstâncias vitais para que a aprendizagem se realize no querer, no sentir e no pensar do aluno e pelo aluno. Entender educação por meio dos seus fundamentos mais eficazes requer, portanto, qualificação no âmbito pessoal. A grande questão é como posso me propor a ajudar o outro a descobrir-se quando tenho dúvidas sobre a compreensão que tenho de mim mesmo? O que quero dizer é que as dúvidas do educador sobre quem ele é e como ele se posiciona em relação ao outro tendenciosamente o colocam no centro e expulsam o educando do processo de sentir o que aprende. Nesse âmbito, o próprio professor passa a buscar o sentir, assume a posição de ator principal no palco da educação, ao passo que o aluno se posiciona como mero coadjuvante e distancia-se da soberana experiência, maior fonte de vontade por conhecimento. O conhecimento só é conhecimento quando experimentado ou realizado. Recursos, em todos os sentidos, precisam ser movimentados para que a verdadeira educação
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Inteligência Volitiva
empreendedora se realize no aluno. Permitindo para tanto que ele tenha oportunidade de sentir os efeitos do conteúdo trabalhado. Por isso, a educação integral viabiliza indivíduos empreendedores, capazes de assumir a responsabilidade pela ação. Ela é, então, precursora da justiça social, que se consuma quando o educador desenvolve a inteligência volitiva no aluno mediante modelos pedagógicos que desencadeiam o prazer ao longo da aprendizagem. Não existe prazer maior do que os sentimentos liberados pela experiência. Ao longo de todo o livro, venho falando do poder de realizar e enfatizando-o por meio das experiências vividas no mundo corporativo. No mundo dos negócios ou em qualquer outro setor social, fica fácil perceber o quanto a competência em influenciar é uma sabedoria singular, vital para todo e qualquer líder que se proponha a fomentar grandes realizações. A interferência positiva nas ideias, crenças e paradigmas de um indivíduo requer perspicácia, conhecimento profundo de si próprio e do outro. O poder da persuasão é o mais alto grau de influência e é inerente ao propósito de todas as organizações que anseiam por influenciar positivamente a vida das pessoas. No entanto, de todas as formas de influência, a mais nobre é a de quem se coloca na posição de interferir sem que um resultado predeterminado esteja desenhado. A estes nós chamamos de legítimos pedagogos. Esse tipo de influência não
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Inteligência volitiva e educação
ocorre por meio de debates competitivos, resulta em puro aprendizado e cria o ambiente perfeito que permite ao aprendiz tomar decisões de forma autônoma. Esse formato de ambiente é o estopim para a inteligência volitiva entrar em ação. A capacidade de influenciar sem querer vencer o debate é o ápice do desempenho de um pedagogo. Damos o nome de mestres às pessoas com tal capacidade. Fico
muito
entusiasmado
quando
encontro
um
desses mestres, propulsores de uma transformação sem se preocuparem com um resultado predefinido. Eles valorizam a oportunidade de conhecer o outro, ajudando-o no autoconhecimento. A tão sonhada igualdade de oportunidades seria verdade se qualquer um tivesse acesso a esses mestres. Todos os nossos professores deveriam ser formados como mestres genuínos. O verdadeiro pedagogo emprega o conceito da palavra na plenitude de sua etimologia. O vocábulo ‘‘pedagogo’’ origina-se do grego: paidós significa “criança”, e agogé significa “condução” e, por isso, o verdadeiro mestre conduz seus discípulos a passar por profundas experiências, seguidas
de
reflexões
autônomas,
respeitando
os
respectivos estágios de desenvolvimento de cada indivíduo. Informar o ouvinte já com um intuito predefinido sobre como a reflexão deve dar-se é, infelizmente, o objetivo da
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Inteligência Volitiva
maioria dos que se colocam na posição de professores. Costumo falar que o verdadeiro professor não ensina, mas abre caminho para que o aluno possa se desenvolver. Os mestres fazem com que ajamos sobre o nosso próprio ser, respeitando nossa autonomia e possibilitando que vivenciemos diferentes túneis de realidade. Esse é um termo muito usado nos estudos sobre mecânica quântica e significa visões diferentes, explicações completamente distintas sobre a mesma questão. Acredito que aprender a olhar a vida a partir de ângulos diferentes nos ajuda a aumentar nossa capacidade de pensar e encontrar soluções para os desafios que surgem ao longo de nossa existência ou ao longo da existência das organizações das quais fazemos parte. Quando, nos processos pedagógicos, viabilizamos a sinergia entre a inteligência volitiva, a inteligência emocional e a inteligência racional, contribuímos para a disseminação do conhecimento de forma democrática e aumentamos imensamente o potencial de evolução dos indivíduos e, consequentemente, da sociedade por intermédio de suas organizações. No entanto, o papel do Estado depende também do papel da família. Os pais são os primeiros professores que encontramos em nossas vidas. Alguns se tornam mestres, outros não. Influenciados pelo amor
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Inteligência volitiva e educação
incondicional e na tentativa de sempre protegerem suas crias, os pais, algumas vezes, cortam alguns dos nossos tentáculos, ejetando oportunidades que contribuiriam para o incremento da inteligência volitiva e de nossa felicidade. Pais desenham scripts de vida e essa é uma herança cuja absorção nem sempre se mostra positiva. Se, por um lado, seguir o script parece fácil e seguro, por outro, pode significar o distanciamento de uma vida feliz, pautada em experiências com sentimentos mais profundos. O script é um paradigma do outro que não, necessariamente, diz respeito a mim. Quando não somos capazes de libertar nossa mente, dando a ela a faculdade do raciocínio autônomo, não ousamos viver os próprios sonhos – aqueles que nos fariam realmente felizes.
O script é um modelo único
no meio de milhares de outros que poderiam estar mais conectados a quem nós realmente queremos ser. O script de vida deixado por nossos ancestrais nos leva a executar ações gerenciadas pelo nosso subconsciente, assim, nesses momentos, vivemos a vida do outro. A nossa inteligência racional não se energiza a ponto de tomar decisões que nos colocam em uma estrada alinhada com o nosso espírito. A inteligência volitiva nos serve como uma espécie de escudo, protegendo-nos de nosso subconsciente, que nos distancia de nossos desejos mais autênticos e das nossas vontades mais íntimas.
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Inteligência Volitiva
Os scripts de vida impedem a expansão de nossos túneis
de
realidade,
nossa
inteligência
e
nossos
horizontes, nessas condições, tendemos a inibir sonhos que, quando concretizados, poderiam realmente nos fazer felizes. Minha experiência com alunos de idiomas ou mesmo na formação de empreendedores me mostrou que a opção por seguir o script é soberana quando o medo de não ser aceito pelas pessoas que mais amamos se evidencia. A dependência psicológica da aceitação do outro nos convém quando não estamos seguros de quem somos. Em situações assim, o que somos não nos traz equilíbrio. A inteligência volitiva é a precursora de decisões autônomas, capazes de eliminar scripts quando temos a leve percepção de que nossa paixão é outra e, por meio dela, a busca soberana passa a ser escrever um roteiro de vida alinhado com o espírito. O controle dos medos e das crenças é fundamental para a felicidade. Isso ocorre quando conseguimos pensar o que queremos pensar, ser o que queremos ser ou buscar ter o que queremos ter. Por isso, o sucesso ou “ser feliz” requer, em primeiro lugar, a construção de indivíduos que tenham coragem para se sentirem tranquilos mesmo quando a opção é por uma saída
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Inteligência volitiva e educação
diferente da tradicional: escolher o que querem pensar, ser e buscar ter, sem medo de críticas venenosas. Embora haja uma tendência à valorização da faculdade de pensar, na maioria dos modelos educacionais, minha experiência me provou que não conseguiremos democratizar o conhecimento sem elevar a importância da faculdade de sentir e, principalmente, da faculdade de querer. Ambas permitem, funcionando sinergicamente, consistência na absorção de conhecimento. Introduzir modelos pedagógicos e qualificar o corpo docente, conduzindo ao desenvolvimento da inteligência volitiva é, para mim, condição para edificarmos uma sociedade mais igual, mais harmônica, mais empreendedora e mais feliz. Quando discuto sobre educação, eu me entusiasmo. Sei que esse é o único caminho capaz de nos levar à construção de uma sociedade mais próxima do ideal. O meu sentimento de êxtase não só vem à tona porque me fiz, profissionalmente, com negócios na área de educação, mas também porque sinto um profundo sentimento de gratidão pelos que contribuíram para que eu me tornasse quem hoje sou. No entanto, não ouso deixar de ser ainda muito mais grato a Deus, por ter conseguido desenvolver a inteligência volitiva. Neste
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Inteligência Volitiva
mundo, não consigo perceber a existência de um ativo mais valioso. Quando olho ao meu redor, percebo que temos uma oportunidade absolutamente fantástica. Se ajustarmos nossos modelos educacionais para a edificação da inteligência
volitiva,
estaremos
mais
próximos
de
construir cidadãos que vivam uma vida permeada de objetivos em detrimento de uma vida morna, baseada em contemplação. Além disso, estaremos trabalhando na construção do ativo que mais contribui para a edificação de uma nação gloriosa. Não há dúvidas de que a sociedade empreendedora é a que mais nos aproxima do bem comum. Por isso, uma educação integralizada, que promova o empreendedorismo e a inovação deve ser a nossa busca cotidiana. Lembro que os únicos agentes promotores da inovação são as pessoas. Estas são o grande diferencial competitivo das organizações. Cuidemos, então, de nossas
pessoas,
preservando
o
hábito
de
buscar
conhecimento continuamente. Finalmente, faço votos que você busque desenvolver a sua inteligência volitiva, atentando para os componentes que a formam diariamente e conectando-os à sua vida.
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Inteligência volitiva e educação
Para facilitar o seu caminho, busquei transmitir-lhe ensinamentos que, se bem compreendidos e colocados em prática, poderão transformar a sua vida. Eles foram passados por meu mestre, Cesar Falcão. Creio que os compreendi.
“Cuide de seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras. Sugiro também que cuide de suas palavras, porque elas muito provavelmente se tornarão atos. Tenha cuidado com os seus atos, pois eles se transformarão em hábitos. Muito cuidado com seus hábitos, porque eles formarão o seu caráter e, dele, depende sua vida, o seu destino. Um caráter realizador o colocará muito mais próximo de Deus.”
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Inteligência Volitiva
BILIOGRAFIA
BARKER, Joel. A Questão do Paradigma. Charthouse 327792 R. BARKER, Joel. A Visão do Futuro. Charthouse 30520 R. BUFFETT Mary e CLARK David. O TAO de Warren Buffett. Rio de Janeiro: Sextante, 2006/2007 (Tradução). CHOPRA, Deepak. Vida Após a Morte. Rio de Janeiro: Rocco: 2006. FALCÃO, Cesar. Palestra. 2009. FALCÃO, Cesar. Palestra. 2010. FALCÃO, Cesar. Coaching. 2011. HOLTZ, Lou - Palestra. HUNTER, James C. - O Monge e o Executivo. Rio de Janeiro: Sextante, 2004. KRAMES, Jeffrey A. A Cabeça de Peter Ducker. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. MATEUS. Bíblia Sagrada - JUERP. RESENDE, Bernardo (Bernardinho). Transformando Suor em Ouro. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. ROGERS, Carl R. Tornar-se Pessoa. Rio de Janeiro: São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
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