Iniciação da clarineta com crianças

July 2, 2019 | Author: Rosa Barros | Category: Clarinete, Educação Musical, Aprendizado, Sociologia, Mestrado
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Processos de aprendizagem da clarineta em crianças de oito a dez anos: aspectos técnicos e recursos didáticos.

Resumo: O presente artigo é parte do trabalho de mestrado que estuda a iniciação da clarineta

com crianças a partir dos seis anos de idade no qual apresenta-se considerações sobre a utilização da clarineta na aprendizagem instrumental. O objetivo principal deste projeto é analisar o processo de ensino e aprendizagem instrumental com crianças de 6 a 9 anos tentando compreender como as habilidades musicais são adquiridas e como as crianças as desenvolvem na clarineta . !retendeu-se também de"inir critérios de per"ormance instrumental in"antil musicalização e musicalidade procurando entender as relações e#istentes entre as aulas de instrumentos e sua relação com a e#peri$ncia anterior das crianças em aulas de musicalização. musicalização. % partir dessa an&lise a metodologia escolhida "oi a pesquisa-ação em que um grupo de alunos com idade entre seis e oito anos de um projeto de e#tensão universit&ria "oi escolhido como grupo-alvo. grupo-alvo . 'omo conclusão propõe-se compreender o ensino da clarineta em uma perspectiva da educação musical contempor(nea apontando a necessidade de novas  pesquisas que considerem a clarineta como uma real possibilidade na iniciação instrumental in"antil.

pesquisa-ação Palavras chave: clarineta iniciação instrumental pesquisa-ação Introdução

O tema proposto trata dos processos de ensino e aprendizagem musical com crianças entre sete e dez anos com um "oco especial na iniciação instrumental tendo a clarineta como objeto objeto da pesquisa. pesquisa. O presente presente artigo é parte do trabalho de mestrado mestrado que busca entender entender e analisar analisar os processo processoss de ensino ensino e aprendiz aprendizagem agem instrumental. instrumental. !retendeu !retendeu-se -se com este artigo relatar o in)cio da pesquisa que "oi desenvolvida com a turma de clarinetas de um projeto de e#tensão universit&ria no primeiro semestre de *+,. !aralelamente  revisão de literatura e  "undamentação te/rica "oi realizada uma pesquisa-ação piloto que antecede a aplicação da  plano de instrução do mestrado que acontecer& no segundo semestre de *+,. O objetivo  principal "oi compreender compreender e analisar os processos de ensino e aprendizagem aprendizagem instrumental in"antil e analisar a problem&tica da pesquisa em v&rios aspectos. %lgumas proposições proposições "oram "eitas a partir da an&lise dos dados as ações "oram moldadas e revistas a partir da e"etividade apresentada na pr&tica.  Ciência, XXI Congresso Nacional da Associação Brasileira de Educação Musical Ciência, tecnologia e inovação: perspectivas para pesquisa e ações em educação musical  Pirenópolis, 04 a 07 de novembro de 2013

Considerações sobre iniciação instrumental inantil! musicalização e musicalidade"enculturação! aprendizagem e signiicado

% "im de entender e analisar os processos de ensino e aprendizagem instrumental "az-se necess&rio uma compreensão de como as habilidades musicais são adquiridas e de como as crianças chegam até os instrumentos musicais escolhidos por elas. !ara tanto "oram elencados quatro conceitos b&sicos para "undamentar o estudo0 enculturação motivação  parental teorias cognitivas de aprendizagem e musicalização. O indiv)duo est& imerso em ações culturais e sociais espec)"icas relacionadas aos sons musicais desde o seu nascimento. 1ssas ações são adquiridas de "orma espont(nea assim como acontece com a aquisição da compet$ncia da l)ngua materna. 2essa "orma o indiv)duo aprende desde o nascimento as mani"estações musicais pr/prias da cultura na qual est& inserido por meio de observação audição composição e e#ecução. 1ste processo de aquisição de habilidades e conhecimento musicais através da imersão nas pr&ticas musicais di&rias do conte#to social ao qual o indiv)duo pertence é chamado de enculturação. 34511 *++, p. **7 !ara 4511 3*++,7 a enculturação é parte essencial de qualquer processo de ensino e aprendizagem musical e nesse sentido 8oloboda 3 7 ressalta que0 % enculturação também é caracterizada pela aus$ncia de es"orço autoconsciente bem como pela aus$ncia de instrução e#pl)cita. %s crianças  pequenas não aspiram progredir em sua capacidade de aprender canções mas progridem. Os adultos não ensinam  as crianças a arte de memorizar  canções mas as crianças aprendem a memoriza-las. 38O:O2% *++;  p.*aura !enna traz luz ao conhecimento dessa questão0 3...7 concebemos a musicalização como um processo educacional orientado que visando promover uma participação mais ampla na cultura socialmente  produzida  e"etua o desenvolvimento dos esquemas de percepção e#pressão e pensamento necess&rios para a apreensão da linguagem musical de modo

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que o indiv)duo de torne capaz de apropriar-se criticamente das v&rias mani"estações musicais dispon)veis em seu ambiente G o que vale dizer0 inserir-se em seu meio sociocultural de modo cr)tico e participante. 1sse é o objetivo "inal da musicalização na qual a mAsica é o material para um  processo educativo e "ormativo mais amplo dirigido para o pleno desenvolvimento do indiv)duo como sujeito social. 3!1% *+,* p.E97

%o compreender musicalização como um processo educativo amplo e dirigido para o  pleno desenvolvimento do indiv)duo como sugere >aura !enna talvez seja poss)vel considerar a per"ormance instrumental como um recurso essencial dentre os j& e#istentes  para o desenvolvimento do aluno o"erecendo oportunidades para uma e#ploração musical criativa e#pressiva e autHnoma. 'abe notar que a iniciação instrumental na &rea de instrumentos de sopro possui um viés bem "undamentado tendo em vista que h& v&rios anos a "lauta doce tem sido utilizada com $#ito em classes de iniciação musical in"antil que visam trabalhar com instrumentos de sopro. I um instrumento tradicionalmente utilizado nas séries iniciais e intermedi&rias do ensino "undamental em escolas de mAsicas projetos socioculturais e organizações não governamentais 3O4s7. 3F%1F8 e J8 *+,* p.,7 1mbora a "lauta doce e demais instrumentos como piano violão "lauta transversal e instrumentos de cordas "riccionadas j& possu)rem recursos dispon)veis para a iniciação instrumental em idade mais tenra surgiu o questionamento sobre quais seriam os princ)pios norteadores que permitiriam um desenvolvimento musical integral do aluno utilizando a clarineta na iniciação instrumental.

# utilização da clarineta como um recurso de iniciação musical

% e#peri$ncia de dezessete anos como pro"essora de mAsica em escolas O4s e Bniversidades somada a e#peri$ncia como instrumentista trou#e a tona o questionamento sobre outras possibilidades de iniciação instrumental nesse caso a iniciação instrumental utilizando a clarineta. %o ver a clarineta como um instrumento presente nas bandas nas rodas de choros nas orquestras e nas mais variadas "ormações musicais e perceber que sua versatilidade timbr)stica assim como os recursos de técnica e#pandida tais como  glissandos,  frulatos, sleps  dentre outros poderiam enriquecer sobremaneira aulas de iniciação musical a

ideia de utilizar a clarineta em classes in"antis de iniciação instrumental "oi se tornando cada

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vez mais estimulante. 1ntretanto ao re"letir sobre a utilização da clarineta em classes in"antis questões relacionadas  ergonomia veem a tona visto que o tamanho o peso do instrumento e a  pressão de ar necess&ria para emissão dos primeiros sons inviabilizaria a iniciação na clarineta com crianças menores como acontece na "lauta doce. 1m instrumentos como violão "lauta transversal e cordas "riccionadas por e#emplo e#istem dispon)veis no mercado instrumentos menores permitindo com que crianças bem  pequenas possam ser iniciadas por meio destes. 8obre essa questão "az-se necess&rio observar  que no caso da clarineta a requinta 3clarineta sopranino >ib7 poderia ser usada e h& casos em que isso acontece especialmente nas bandas. 1mbora a utilização da requinta possa ser  vi&vel no caso de crianças um pouco maiores uma clarineta sib de resina pl&stica pode também servir bem a esta "inalidade considerando que esse instrumento é notadamente mais leve do que uma clarineta de madeira. #plicação da pes$uisa%ação piloto na classe de clarineta em um pro&eto de e'tensão universitária

:uscando identi"icar estratégias poss)veis que contribu)ssem para um aprimoramento do ensino e aprendizagem na classe de clarineta do projeto de e#tensão universit&ria optou-se  por uma pesquisa-ação do tipo descritivo-e#plicativa com abordagem qualitativa dos dados. 8egundo ima e %lbano 3*++97 a metodologia da pesquisa-ação é   pertinente a área da educação musical porque traz significados importantes e diferenciados nos processos de ensino/aprendizagem. Para os autores esse modelo de pesquisa atua de forma a teorizar as práticas educativas rotineiras e poderia transformar gradativamente e de maneira positiva o ensino musical do paí s. (ALBANO e LIMA, 2009, p. 91-92)

% técnica escolhida para a coleta dos dados "oi a observação participante ativa que segundo :arbier 3*++E p.,*67 é aquela em que o pesquisador tenta por meio de um papel desempenhado no grupo adquirir um  status de membro desse grupo. 1ntão pode-se entender  como observação participante a técnica pela qual se chega ao conhecimento das caracter)sticas de um grupo a partindo dele mesmo. Os dados "oram coletados durante as aulas ministradas por quatro meses consecutivos num total de dezessete semanas. %s atividades eram constitu)das de tr$s etapas0 ensaios de

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orquestra de sopros aulas coletivas e aulas individuais. O objeto de estudo deste artigo "oram as aulas coletivas. % ideia "oi proporcionar aos alunos a aprendizagem pela descoberta ou pela resolução de  problemas por meio das teorias de aprendizagem de :runer 3,99;7 e Ausubel (2001) ampliando os saberes musicais com atividades que contemplaram a criatividade, a memorização, a prática antes da teoria e a afetividade.

Koram enumerados alguns procedimentos pedag/gicos e estratégias adotadas durante o processo0  , G >et&"oras e brincadeiras em grupo 2urante as aulas "oram utilizadas met&"oras para estabelecer imagens mentais que ajudassem os alunos a memorizar certos conceitos técnicos tais como L:arriga de paredeM  para a respiração usando o apoio dia"ragm&tico L>ão de 'M para posicionamento correto de mãos e braços e L'ara de clarinetistaM para a concepção da embocadura. % essas met&"oras "oram somadas brincadeiras como LO "iozinho de arM - brincadeira de soprar tentando imaginar um "io de ar LO equilibristaM G brincadeira de "echar tr$s "uros da clarineta usando uma das mãos e "azer desenhos imagin&rios sem tirar os dedos do lugar e a L'larimãoM0  brincadeira em que as crianças tocam utilizando apenas a boquilha e o barilhete da clarineta e tem que mudar a altura das notas alterando a embocadura e abrindo e "echando as mãos. * - 8ocialização em grupo na aula e no intervalo %credita-se que a "unção do pro"essor e o conte#to social onde esse aluno est& inserido são "undamentais. Os est)mulos culturais e sociais que rodeiam o cotidiano de um indiv)duo podem determinar que instrumento ele possa vir a tocar e de que maneira esse aluno lidar& com o aprendizado do mesmo. %p/s o ensaio havia um pequeno intervalo e os alunos iam para a aula coletiva de clarineta. O in)cio da aula acontecia com uma conversa sobre como "oi o ensaio a ideia nesse momento era dar voz aos alunos para suas percepções inquietações cr)ticas e sugestões. >uitas perguntas "oram "eitas a turma em relação s mAsicas que mais gostam as mAsicas que ouvem em casa e na escola e se "azem mAsica em outros momentos além das aulas. % maioria dos alunos respondiam que tocavam em casa em eventos "amiliares e alguns j& levaram a clarineta para tocar na escola.

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 G Kunção LespelhoM  as aulas em grupo a pro"essora muitas vezes tocava de pé e de "rente para os alunos  promovendo a interação auditiva e visual baseado no conceito dos neurHnios espelhos de 5izzolatti 3*++E7. !ara o autor esse tipo de interação se "az muito importante na iniciação instrumental pois promove maior segurança aos alunos em relação aos gestos e movimentos quando estes são e#ecutados pelo pro"essor na "unção de LespelhoM. E-%tividades coletivas N atenção individual Fanto as aulas individuais quanto coletivas eram estruturadas de maneira a promover o aper"eiçoamento técnico dos alunos bem como sua "uncionalidade para "ins inter e transdisciplinares como o desenvolvimento do prazer estético o estimulo da criatividade a "ormação de atitudes de cr)tica e autocr)tica racionalmente "undamentadas o "avorecimento da sociabilidade e o desenvolvimento da autonomia. 2urante as aulas além da presença do  pro"essor h& também um monitor que circulava na sala durante a aula prestando alguns atendimentos individuais como correção da postura e ajuda com digitação de determinadas notas. usical. >Asica ?odie. v. 9 n. *. *++9. %B8B:1 2avid !aul. %quisição e retenção de conhecimentos0 uma perspectiva cognitiva. isboa0 !l&tano 1dições Fécnicas *++,. :%F?%R%5 aura BdiaraS K51J51 5icardo Dosé 2ourado. % utilização dos eurHnios1spelho na per"ormance musical0 possibilidades de au#)lio da iniciação instrumental. TJJJ 8imp/sio de 'ognição e %rtes >usicais :ras)lia0 Bniversidade Kederal de :ras)lia *+,*. :%5:J15 5ené . % pesquisa-ação . Fradução ucie 2idio. :ras)lia0 !lano *++* . :5B15 D. 3,96+7 Fhe process o" education. eU Vor0 Tantage. 5e-impressão ,999. 2%J 2avid VunS 8'?%215 5obin. !arentsW 5easons and >otivations "or  8upporting Fheir 'hildWs >usic Fraining. %cademic journal article "rom  Roeper Review Tol. *E o. , G *++,. 4511 ucX 3*++,7 !opular music education in and "or itsel" and "or WotherW music0 current research in the classroom. Jnternational Dournal o" >usic 1ducation *E 3*7. pp. ,+,-,,;. J88 +*aria D. 8. 2a 'osta. Jniciação Z Klauta 2oce0 uma pr&tica de ensino signi"icativa. NTJ 12J!1 - 1ncontro acional de 2id&tica e !r&ticas de 1nsino. 'ampinas0 Bniversidade de 'ampinas *+,*

Jnsira aqui somente as re"er$ncias citadas no trabalho. %s re"er$ncias devem ser estruturadas de acordo com as especi"icações da chamada de trabalho do 'ongresso e das normas da %:F 3:5 6+*7 3"onte ,*S normalS alinhado  esquerdaS espaçamento entre linhas simplesS espaçamento + pt antes e + pt depois como um espaço simples entre uma re"er$ncia e outra7

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