Iniciação Ao Latim

July 23, 2019 | Author: heber82 | Category: Latim, Substantivo, Sílaba, Pronome, Linguagem Natural
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Iniciação ao latim...

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Zelia de Cardoso

Almeida

Professora titular de Língua e Literatura Latina do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Iniciação ao latim Edição revista

Conforme nova ortografia da língua portuguesa

© Zelia de Almeida Cardoso  Versão Impressa

 Editor-chefe Carlos S. Mendes Rosa  Editora assistente Tatiana Vieira Allegro Coordenadora de revisão Ivany Picasso Batista  Revisores Maurício Katayama e Alessandra Miranda de Sá  Estagiária Mariana de Carvalho Marcondes de Souza  Diagramadora Leslie Morais  Editoração eletrônica Moacir K. Matsusaki

 Versão ePUB 2.0.1 2.0.1

Tecnologia de Educação e Formação de Educadores  Ana Teresa Ralston Gerência de Pesquisa e Desenvolvimento Roberta Campanini Coordenação geral   Antonia Brandao Teixeira e Rachel Zaroni Coordenação do projeto Eduardo Araujo Ribeiro  Estagiária Olivia Do Rego Monteiro Ferragutti  Revisão Cecília Brandão Teixeira  Ao comprar um livro, você remunera e reconhece o trabalho do autor e de muitos outros profissionais envolvidos na produção e comercialização das obras: editores, reviso revisores res,, diagra diagramad madore ores, s, ilustr ilustrado adores res,, gráfic gráficos, os, divulga divulgador dores, es, distri distribui buidor dores, es, livreiros, entre outros. Ajude-nos a combater a cópia ilegal! Ela gera desemprego, prejudica a difusão da cultura e encarece os livros que você compra. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. C269i | 1.ed. Cardoso, Zelia de Almeida, 1934- Iniciação ao latim / Zelia de Almeida Cardoso. - 1.ed. - São Paulo : Atica, 2011. 2 011. - (Princípios ; 172) Inclui bibliografia: 1. Língua latina. I. Título. II. Série. 08-4573. | CDD 478 | CDU 811.124 | Código de obra CL 735463 1ª Edição - Arquivo criado em 23/07/2011 e-ISBN 9788508148677

Sumário

1. A língua latina e sua formação histórica

Preliminares Origem do latim Evolução do latim Importância do latim 2. Classificação tipológica do latim

O léxico latino  A formação de palavras 3. O sistema fonético latino

 A representação gráfica dos fonemas Sílaba, quantidade silábica, acentuação 4. Morfologia nominal latina

Flexão do substantivo

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Gênero do substantivo Número do substantivo Casos do substantivo Classificação temática dos substantivos: declinações Primeira declinação Segunda declinação Terceira declinação Quarta declinação Quinta declinação Flexão do adjetivo Classes de adjetivos Graus dos adjetivos Numerais Pronomes Pronomes pessoais Pronomes possessivos Pronomes demonstrativos Pronomes relativos e interrogativos Pronomes indefinidos

as

5. O sistema verbal latino

Os tempos verbais, os modos pessoais e as formas nominais  Vozes verbais Conjugações

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Conjugação dos modos pessoais nos tempos do infectum Conjugação dos modos pessoais nos tempos do  perfectum Formas não pessoais do verbo latino O verbo esse  Verbos irregulares  Verbos defectivos  Alguns empregos dos modos verbais pessoais 6. As palavras invariáveis em latim

 Advérbios Partículas interrogativas Preposições Conjunções Inteijeições 7. Observações finais 8. Vocabulário crítico 9. Bibliografia comentada

1 A língua latina e

sua formação histórica

Preliminares  Ao iniciar-se um estudo da língua latina seria con veniente que se propusessem algumas perguntas referentes à história, ao domínio e à importância do idioma. O que é o latim? Onde e quando foi falado? Como surgiu? Que grau de parentesco teve com outras línguas que lhe foram contemporâneas? Como se processou a sua evolução? Por que desapareceu como língua viva, falada em comunidades lingüísticas? Que línguas gerou? Qual a sua importância histórica? Qual o interesse, hoje, do conhecimento do latim? Filólogos e gramáticos do passado e do presente realizaram pesquisas tentando encontrar respostas para

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essas perguntas e chegaram a conclusões importantes, das quais fazemos uma pequena síntese.

Origem do latim O latim era a língua falada no Lácio ( Latium), região da Itália central, onde, em meados do século VIII a.C., foi fundada a cidade de Roma. Havia um estreito parentesco entre o latim e dois outros idiomas falados, antigamente, na Península Itálica: o osco, língua do Sâmnio ( Samnium) e da Campânia (Campania), e o umbro, língua da Úmbria  (Umbria). A grande semelhança entre esses três idiomas fez supor a existência de uma língua única, a qual se convencionou denominar "itálico" e que teria dado origem a eles. Por outro lado, o confronto de raízes vocabulares existentes no latim com raízes de palavras pertencentes a algumas das antigas línguas faladas na índia, na Pérsia, na Grécia, na Gália, na Germânia e em outras regiões, bem como certa semelhança entre as estruturas gramaticais de tais línguas, permitiram aos estudiosos do assunto formular a hipótese da existência de uma língua primitiva que teria gerado esses idiomas. Deu-se o nome de "indo-europeu" a essa hipotética língua-mãe. Supõe-se que o indo-europeu foi falado por um povo que se dispersou, por razões até hoje

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desconhecidas, alguns milênios antes de Cristo, espalhando-se pela Europa e pela Ásia.  A dispersão do povo acarretou profundas modificações lingüísticas no idioma, inicialmente uno. O indo-europeu dividiu-se em numerosas línguas, cada uma das quais gerou posteriormente outros tantos idiomas. Essas línguas foram agrupadas, pela proximidade linguística, em diversos ramos: itálico, helênico, céltico, germânico, báltico, eslavo, indo-irânico e outros. Muitas dessas línguas estão hoje extintas ou mortas. As remanescentes são faladas em grande parte do mundo ocidental e em algumas regiões do Oriente.

Evolução do latim Durante o longo período de tempo em que foi utilizado como língua viva, o latim sofreu, evidentemente, profundas transformações. Há grande diferença entre a língua dos primeiros documentos escritos e a dos textos dos tabeliães portugueses que, no século XII de nossa era, ainda se utilizavam do antigo idioma. Há sensível dessemelhança entre o latim das obras literárias do século I a.C. e as inscrições cristãs dos primeiros tempos. Por essa razão costuma-se caracterizar o latim conforme a época e as circunstâncias em que foi usado.

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 Latim pré-histórico era a língua dos primeiros habitantes do Lácio, anterior ao aparecimento dos documentos escritos. Deve ter sido falado entre os séculos XI e VII ou VI a.C.  Latim proto-histórico é o que aparece nos primeiros documentos da língua. São exemplos dessa fase as inscrições encontradas no cipo do Fórum — provavelmente do século VI a.C. — e no vaso de Duenos, de fabricação um pouco mais recente, talvez do século IV a.C.  Latim arcaico era a língua utilizada entre o século III a.C. e o início do século I a.C. Manifesta-se em antigos textos literários — obras de Névio, Plauto, Ênio, Catão —, bem como em epitáfios e textos legais. Inicialmente pobre, com vocabulário reduzido e estruturas morfossintáticas não rigorosamente determinadas, a língua tende, com o passar do tempo, a firmar-se, enriquecer-se e aperfeiçoar-se, graças, sobretudo, ao desenvolvimento da literatura e à influência da cultura helênica.  Latim clássico é o que floresce a partir do segundo quartel do século I a.C., quando são compostas as grandes obras que marcaram os momentos mais importantes da prosa e da poesia latina: as obras de Cícero,  Virgílio, Horácio, Tito Lívio e de numerosas outras figuras de relevo. É uma língua cultivada, artística, profundamente diferente do que seria o latim falado,

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mesmo pelas classes sociais mais cultas. O latim clássico se preservou graças à conservação de inúmeras obras literárias e é dessa modalidade linguística que puderam ser depreendidos os fenômenos gramaticais do idioma.  Latim vulgar era a língua falada pelo povo. Como toda língua oral, esteve sujeita a alterações determinadas por diversos fatores: épocas, delimitações geográficas, influências estrangeiras, nível cultural dos falantes etc. Nunca foi uniforme. Embora sejam pouquíssimas as fontes de que dispomos para o conhecimento do latim vulgar, podemos lembrar os diálogos das comédias de Plauto (séc. III-II a.C.), que registram algumas formas populares da língua, os poemas de circunstância de Catulo (séc. I a.C.) — bilhetes em verso, de caráter muitas vezes jocoso, endereçados a pressupostos amigos —, algumas das cartas de Cícero (séc. I a.C.) dirigidas a familiares, inscrições cristãs, feitas sem nenhuma preocupação literária, textos edificantes cristãos e, finalmente, o Appendix probi, curioso glossário anônimo, destinado a corrigir possíveis desvios da norma culta da língua, que deveriam estar tornando-se comuns. Graças a esse glossário podemos perceber que a "língua do povo", o chamado sermo vulgaris, se distanciava do latim clássico, forma linguística refinada e elaborada, observada nas grandes obras.

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 Latim pós-clássico é o que se encontra nas obras literárias compostas entre os séculos I e V de nossa era. Embora ainda surjam textos de grande valor, a língua começa a perder a pureza e a perfeição que a haviam caracterizado no período anterior. Diminui a distância entre a língua literária e a falada e já se prenuncia a dialetação violenta da qual se originariam as línguas românicas. Com as invasões dos povos bárbaros e o esfacelamento do Império Romano, o latim perdeu a sua unidade como língua, gerando inúmeros falares locais que se desenvolveriam em numerosos idiomas. As classes cultas, entretanto, procuraram ainda, por muito tempo, manter o uso do latim. Os tabeliães utilizavam-no até o século XII em documentos oficiais, muito embora nesses textos a língua já se mostre bastante deteriorada.  A Igreja fez do latim a sua língua oficial, sendo tal idioma obrigatório, até 1961, tanto na redação de documentos eclesiásticos como na realização de cultos e cerimônias religiosas. A ciência, por sua vez, até o início do século XX, viu no latim uma espécie de linguagem universal, e nessa língua foram escritos inúmeros tratados filosóficos, científicos e acadêmicos. Podemos falar, portanto, ao lado das formas antes mencionadas, num latim de tabeliães ou   latim bárbaro, num   latim eclesiástico  e, finalmente, num   latim científico.   Essas

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modalidades apresentam, cada uma, suas características e sua especificidade.

Importância do latim O latim deveu sua importância, no passado, ao prestígio de Roma. Tendo surgido como pequena aldeia, fundada por pastores albanos no coração do Lácio, em meados do século VIII a.C., Roma se tornou, sucessivamente, a principal cidade de uma confederação itálica, a grande metrópole do Mediterrâneo e a capital de um dos maiores impérios que a civilização conheceu, um império cujos limites se estendiam da distante Lusitânia ao Oriente, dos areais da Líbia às terras da Britânia e da Germânia, ao Ponto e à Cítia. No mundo romano, cuja extensão só se definiu na época do imperador Trajano (séc. II d.C.) e que abrangia grande parte da Europa, o norte da África e parte da Ásia ocidental, o latim era a língua de comunicação. Nos locais culturalmente menos desenvolvidos a língua de Roma, divulgada por soldados e ensinada nas escolas, foi implantada sem maiores dificuldades. Nas regiões onde a vida cultural já era intensa e tinha características próprias bem solidificadas não houve, a rigor, a latinização. O latim, todavia, mesmo sem ser uma língua "oficial" do Império, foi

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sempre uma espécie de língua comum, cujo papel a Igreja se encarregou de acentuar. Desnecessário seria falar da importância do latim durante a Idade Média e o início dos tempos modernos, quando foi a língua da comunicação universal, da política, da religião, da cultura e da ciência. E hoje?, poderíamos perguntar, como o fizemos no começo de nossa exposição; qual o interesse do conhecimento do latim? Dois aspectos, parece-nos, deveriam ser focalizados numa tentativa de resposta. De um lado há uma rica literatura deixada pelo mundo romano, que não só nos permite o desfrute de autênticas obras de arte como estende seu alcance por outras áreas do conhecimento: pela historiografia, pela filosofia, pela antropologia, pela teoria literária em todos os seus matizes, pela ciência, pelo teatro. As obras literárias podem ser traduzidas, é certo, mas a tradução, como sabemos, compromete muitas vezes o que existe de genuíno em uma obra. De outro lado, há o interesse linguístico pelo latim. Sendo uma das mais antigas línguas indo-europeias, da qual temos conhecimento pela documentação escrita, oferece-nos a solução de numerosas indagações que se referem ao conhecimento das línguas; sendo, por fim, a língua-mãe dos chamados idiomas românicos (português, espanhol, catalão, provençal, francês, italiano,

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sardo, rético, dálmata, romeno), fornece-nos explicações para fenômenos aparentemente inexplicáveis de nosso idioma e das línguas irmãs do português.

2 Classificação

tipológica do latim

Falamos antes sobre a origem e o domínio do latim. Contudo, para classificar uma língua no quadro geral das línguas do mundo, os critérios genealógico e geográfico não são suficientes. É preciso que se conheça a sua estrutura interna, os mecanismos que determinam seu funcionamento. No século XIX, com o desenvolvimento dos estudos filológicos, os filólogos alemães Schlegel e Schleicher estabeleceram um critério de classificação baseado no exame da estrutura das palavras que compunham o léxico de uma língua. De acordo com esse critério, as línguas indo-europeias em geral, e, por conseguinte, o latim, seriam classificadas como línguas flexivas ou flexionais, ou seja, línguas em cujas palavras existe um elemento significativo (sema) ao qual podem ser acrescentados

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morfemas indicadores de categorias variáveis (gênero, número, caso, grau, quando se trata de nomes; pessoa, tempo, modo, voz, quando se trata de verbos). Nessa classe de línguas as palavras se formam mediante processos de derivação e composição e se articulam, na frase, por relações de dependência.  A multiplicidade de morfemas nos nomes e verbos faz com que os vocábulos dessas categorias concentrem em si várias noções. Tomemos, por exemplo, uma forma  verbal como flebas (choravas). O elemento significativo está contido no radical fl -; -e- é a vogal temática que indica a conjugação a que pertence o verbo;  -ba- é um sufixo modo-temporal que denota o modo e o tempo em que está sendo empregado; -s é a desinência que indica a pessoa e a voz. Essa concentração de noções em uma só forma faz do latim uma língua econômica, sintética e, simultaneamente, lógica e racional. Os morfemas latinos se mantiveram praticamente inalterados durante o período histórico da língua. As alterações observadas entre o período proto-histórico e o histórico são de ordem fonética, principalmente, e obedecem a leis relativamente rigorosas.  A existência de morfemas indicadores de funções sintáticas exercidas por nomes faz com que a ordem das palavras na frase latina seja bastante livre. Por outro lado, como os morfemas verbais indicam os modos e

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estes podem fazer supor coordenação ou subordinação, há possibilidade de justaposição de orações no período, sem necessidade absoluta de conjunção.

O léxico latino O léxico da língua era inicialmente muito pobre. As palavras mais antigas pertencem a um patrimônio indoeuropeu e se referem à vida (uiuere = viver; nasci = nascer; genus = família), às operações dos sentidos (uidere = ver), às partes do corpo (pes = pé; genu = joelho), às relações de parentesco   (pater =   pai;   mater =   mãe;  frater =  irmão), aos animais   (equus  = cavalo;  ouis = ovelha), à alimentação (coquere = cozinhar; bibere = be ber) e ainda ao vestuário, aos fenômenos naturais, às quantidades numéricas   (lana = lã; lux   = dia;   duo = dois). A esses elementos se juntaram vocábulos tomados por empréstimo das línguas de povos não indo-europeus que habitavam a Península Itálica e, mais tarde, quando os indo-europeus divididos em grupos já possuíam línguas diferentes para cada grupo, foram importados elementos vocabulares célticos, germânicos e sobretudo gregos, aos quais se juntaram vocábulos mediterrâneos, em geral, e orientais.

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A formação de palavras  Além dos empréstimos estrangeiros, o vocabulário latino passou constantemente por um processo de enriquecimento graças à possibilidade de formação de novas palavras por derivação e por composição.  A derivação sempre foi feita mediante a justaposição de um sufixo nominal ou verbal a um radical já existente. Embora o significado inicial contido na raiz se mantenha de certa forma, o sufixo confere à nova palavra significações ou inflexões particulares. De pater, por exemplo, por sufixação, podemos ter novos substantivos como patria (pátria), patricius (patrício), patrona (protetora), patronus (protetor, defensor), patruus (tio), ad jetivos como paternus (paterno), patrius (pátrio, paterno), verbos como patrare (pronunciar um juramento),  patrocinari    (patrocinar), advérbios como   patrie (paternalmente). Formam-se novas palavras por composição, quer quando se acrescenta um prefixo a um radical já existente, como ocorre com  aduenire (chegar) e peruenire (atingir), compostos de   uenire   (vir), quer quando se  justapõem ou se aglutinam palavras variáveis e/ou in variáveis já existentes, como acontece com paterfamilias (pai de família), respublica (república), iusiurandum (juramento),   magnanimus   (magnânimo),   quisquis (quem quer que seja), nondum (ainda não).

3 O sistema

fonético latino

 Apesar de poder parecer muito complexa a tarefa de descrever o sistema fonético de uma língua morta, no caso especial do latim essa tarefa se simplifica, uma vez que muitos gramáticos romanos (tais como Mário Vitorino, Terenciano, Marciano Capela, Sérvio, Sérgio, Donato e outros) se ocuparam do assunto, fornecendonos descrições dos fonemas existentes em tal língua. Esses fonemas, na época clássica, representavam já o produto de longa evolução, como o atestam os textos arcaicos e as inscrições do período proto-histórico. Embora pretendamos ater-nos especialmente ao período clássico, faremos algumas referências a evoluções sofridas quando nos parecer necessário.

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No período clássico os fonemas latinos podiam ser classificados em três categorias: vogais, semivogais e consoantes.  As vogais são em número de cinco, /a/ , /e/ , /i / , /o/ e /u/ , cada uma delas podendo sofrer variações quanto à quantidade, ou seja, quanto à duração do tempo despendido em sua pronunciação. Em latim as  vogais podiam ser longas ou breves conforme se levassem duas ou uma unidade de tempo para pronunciá-las. Modernamente costuma-se indicar a  vogal longa com o sinal denominado macro (-) e a vogal  breve com o sinal denominado braquia ( ' ) . Partindo-se da vogal mais aguda para a mais grave temos a seguinte escala: Entre o havia uma diferença de timbre, sendo o primeiro aberto (é) e o segundo fechado (ê); o mesmo ocorria com o / / (ó) e o .  As semivogais são duas, /i / e /u/. Distinguem-se das vogais correspondentes por estarem sempre seguidas de vogal, nelas se apoiando: iuba (juba), uita (vida). Com o passar do tempo as semivogais lil  e lul   adquiriram valor consonantal, distinguindo-se das vogais e passando a corresponder aos fonemas / j / e /v/. Na transcrição atual de textos latinos usam-se indiferentemente as letras i  ou j q u   ou v para representar as antigas semivogais.

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 As consoantes latinas eram inicialmente em número de doze: duas oclusivas bilabiais, sendo uma surda, / p/, e uma sonora, /b/; duas oclusivas dentais, sendo uma surda, /t/, e uma sonora, /d / duas oclusivas  velares, sendo uma surda, Ikl (quê), e uma sonora, /g/ (guê); uma constritiva fricativa labiodental surda, /f/; uma constritiva sibilante linguodental surda, /s/; uma  vibrante pré-palatal sonora, /r/;   uma lateral alveolar sonora, /l/; e duas nasais sonoras: uma bilabial, /m/, e uma dental, /n/.

A representação gráfica dos fonemas Para representar graficamente os fonemas, os romanos se utilizaram de um alfabeto que consiste na adaptação do alfabeto grego, introduzido em Roma provavelmente pelos etruscos. Esse alfabeto começou a ser usado relativamente cedo (como se disse antes, as primeiras inscrições conhecidas datam do século VI a.C.); contava inicialmente com vinte e uma letras, idênticas, quanto à forma, às letras maiúsculas de imprensa do alfabeto ocidental: A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V e X. A  tais letras foram acrescentadas, no período clássico, as letras Y e Z, utilizadas na transcrição de nomes

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estrangeiros, sobretudo gregos:   Zephyrus   (Zéfiro). As letras J (/ consonantizado) e U (u vocálico) são recentes.  As letras A, E e O correspondem aos fonemas vocálicos /a/, /e/  e /o/ ; as letras I e V correspondem aos fonemas vocálicos /i / e /u/ e aos fonemas semivocálicos /i / e /u/ ; as letras B, D, F, L, M, N, P, R, S e T correspondem aos fonemas /b/, /d/, /f/, /l/, /m/, /n/, /p/,  /r/, /s/ e /t/. As letras C, K e Q representam o mesmo fonema,   /k/: Cicero   (pronuncia-se Kíkero). C, no período proto-histórico, representava as oclusivas  velares, tanto a surda /k/ como a sonora /g/: uirco = uirgo (virgem). A letra K é pouco usada no período clássico; seu uso se restringe praticamente a abreviaturas:  Kal., de Kalendse (calendas). Q só é utilizada no grupo QV, antes de vogal: qui   (que). Também representa o fonema /k/   o dígrafo CH, utilizado na transliteração de X em palavras de origem grega: charta = karta (folha de papel, volume). A letra H não representa um fonema; é empregada na transliteração de aspiradas gregas (TH = Θ ; PH = Φ) em palavras de origem grega: thesaurus (tesouro), philosophia (filosofia). Isoladamente, H representa uma ligeira aspiração que teria havido em algum tempo em Roma, em certas vogais iniciais:   homo (homem). Quanto à letra X, representa um grupo de consoantes justapostas: /k/ + /s/. Encontra-se em palavras como lux = lucs (luz), dixi = dicsi  (disse) etc.

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Sílaba, quantidade silábica, acentuação Como em outras línguas, em latim a sílaba é formada por um conjunto de fonemas pronunciados em uma só emissão de voz. Pode a sílaba ser representada por uma única vogal (a-mo), por um ditongo ( ae-ternus, au-rum, Eu-ro-pa), ou por conjuntos de uma ou duas consoantes mais vogal ou ditongo ( ro-sa, pra-tum, cae-lus,  proe-lium) ou conjuntos terminados por consoantes   for-tis (   ). Terminando em vogal, a sílaba é chamada   aberta;   terminando em consoante, é chamada  fechada.  A  quantidade das sílabas é determinada pelo tempo despendido em sua pronunciação, podendo ser elas longas ou breves. Uma sílaba é longa quando apresenta uma vogal longa, um ditongo ou uma vogal breve seguida de duas consoantes, desde que a segunda não seja vibrante (/r/) ou lateral (/l /). É breve quando não preenche essas condições.  As palavras latinas podem ser átonas ou tônicas. São átonos alguns monossílabos representados por preposições, conjunções ou partículas (in, que, ne). Os monossílabos de sentido pleno (nomes, advérbios, verbos) são tônicos, bem como os polissílabos em geral. A  tonicidade latina era, contudo, diferente da nossa. A  sílaba tônica de uma palavra é mais aguda que as átonas, ou seja, é pronunciada num tom mais alto, o que faz

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que o acento tônico seja musical e não intensivo. As palavras com mais de uma sílaba são paroxítonas ou proparoxítonas. Só são oxítonas as palavras que eventualmente perderam um fonema em seu final, tais como illuc(e) (ali), istac(e) (por aí) etc. São proparoxítonas as palavras que têm a penúltima sílaba breve: legére (ler), candidus (cândido) etc.  As demais são paroxítonas. Não havia em latim sinais específicos para registrar a quantidade ou a tonicidade das sílabas. Hoje, entretanto, costuma-se usar macro ou braquia para indicar se são longas ou breves.

4 Morfologia

nominal latina

Embora nas inscrições do período proto-histórico tenhamos elementos para verificar a evolução da morfologia latina, a partir do aparecimento dos primeiros textos literários ela praticamente se fixa, mostrando grande estabilidade. O sistema morfológico latino é bastante complexo.  As palavras podem ser variáveis ou invariáveis, conforme sejam ou não passíveis de modificações em sua forma, pela presença de morfemas. São palavras variá veis os nomes (substantivos, adjetivos, numerais e pronomes) e os verbos (não há artigos em latim). São invariáveis os advérbios, em sua grande parte, as preposições, as conjunções, as interjeições (exceto algumas inter jeições nominais) e as partículas (de interrogação, sobretudo).

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Os nomes se flexionam assumindo formas diferentes conforme o caso gramatical em que estejam sendo empregados, o número e, na maioria das vezes, o gênero. Os verbos, além de apresentarem formas nominais — quando se comportam como nomes —, se flexionam quanto à voz, ao modo, ao tempo e à pessoa.

Flexão do substantivo Os substantivos são palavras que servem para designar os seres. Em todos os substantivos encontramos raízes significativas (às vezes difíceis de identificar por representarem o produto de longa evolução) e elementos que a elas se anexam, tais como prefixos, sufixos, vogais temáticas e de ligação, desinências. Tomemos, por exemplo, o substantivo   amor (amor). Nele encontramos uma raiz, am-, a mesma que se encontra em am-are (amar), am-icus (amigo), amica (amiga), am-icitia (amizade), e um sufixo formador de substantivos abstratos, -or, o mesmo que se encontra em   tim-or   (temor),   pau-or   (pavor),   horr-or   (horror). Podemos, pois, dizer que amor, amare, amicus, amica, amicitia   têm a mesma raiz, enquanto   amor, timor,  pauor, horror têm o mesmo sufixo. Em amicus encontramos a raiz am- e o sufixo -icus, que se opõe, em termos de gênero, ao sufixo   -ica

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encontrado em amica. A vogal final -a de amica é uma  vogal temática que subordina a palavra a um determinado grupo, o grupo das palavras de tema em  -a-, do qual falaremos mais adiante. A vogal -u- presente em amicus representa a evolução fonética de um antigo -oe subordina a palavra ao grupo das palavras de tema em -o-. Quando a um mesmo radical se justapõem as vogais temáticas -a- ou -o-, estas passam a ter um valor morfêmico, indicando, respectivamente, o feminino e o masculino. Temos, assim, filia (filha) e filius (filho), serua (serva) e seruus (servo), domina (senhora) e dominus (senhor), lupa (loba) e lupus (lobo). Em amica não há nenhuma desinência, motivo pelo qual dizemos que a desinência é de grau zero (inexistente); em amicus há uma desinência nominal -s. Se acrescentarmos às palavras  amica e  amicus o prefixo in-, indicador de ausência ou negação, temos as formas inimica e inimicus, nas quais a vogal /a/  da raiz, por ser breve e por conseguinte fraca, sofreu uma alteração fonética, um processo de fechamento, transformando-se em /i/ , uma vez que a sílaba que a continha deixou de ser inicial, passando a ocupar na palavra a posição medial. Por aí temos um pequeno exemplo da complexidade do sistema.

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Gênero do substantivo Existem em latim três categorias de gênero: masculino, feminino e neutro. No entanto, enquanto em algumas outras línguas o masculino e o feminino correspondem a seres sexuados e o neutro a seres assexuados, o mesmo não ocorre em latim. São geralmente masculinos os substantivos que designam seres do sexo masculino e ofícios masculinos. Mas também pertencem a esse gênero os nomes de rios, de ventos, de mares. Talvez esse fenômeno decorra de um antigo processo de animização de tais seres: personificando-se esses elementos da natureza, atribuiu-se a eles, por uma razão ou por outra, a condição masculina. São femininos os substantivos que designam seres femininos e também — talvez pelo mesmo processo de animização — os nomes de árvores, de cidades e de ilhas. Algumas palavras apresentam oscilação de gênero: ora se apresentam como femininas, ora como masculinas. É o caso de dies (dia), por exemplo. O emprego do neutro não é lógico em latim. Alguns seres sexuados são designados por palavras neutras, como scortum (prostituta) ou mancipium (escravo). Os seres assexuados são designados indiferentemente por palavras masculinas, femininas ou neutras.

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Conhecem-se as palavras neutras quando apresentam formas específicas de flexão casual.  A flexão quanto ao gênero não existe, a rigor, de forma absoluta e, sim, acidental. Os substantivos mais antigos da língua têm formas totalmente diferentes para designar o masculino e o feminino: homo e mulier (mulher), pater e mater, frater e soror (irmã). Alguns substantivos masculinos e femininos têm o mesmo radical, mas pertencem a grupos diferentes por terem vogais temáticas diferentes: filius e filia, lupus e lupa etc. Neste caso pode-se falar em flexão, uma vez que a vogal temática assume um valor de morfema de gênero. Há casos — geralmente recentes e artificiais — em que a forma feminina se distingue da masculina por terem elas sufixos diferentes: spectator (espectador) e spectatrix  (espectadora). Em outros casos a forma feminina deriva da masculina, como ocorre com  regina (rainha), derivada de rex   (rei). Há ocasiões, finalmente, em que a mesma forma serve para ambos os gêneros. Ex.: bos (boi, vaca).

Número do substantivo O latim distingue duas categorias de número: o singular e o plural. No indo-europeu havia uma terceira categoria, o dual, número que servia para indicar o par, a dupla, e que perdura em algumas línguas, como, por

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exemplo, o grego. Há vestígios do dual em latim nos numerais duo (dois) e ambo (ambos), cuja forma é diferente do que seria a forma de singular e de plural, e em uiginti  (vinte, ou seja, "dois dez"). Como ocorre no português, há palavras em latim que só podem ser usadas no plural  (pluralia tantum), tais como   nuptiae   (núpcias),   castra   (acampamentos), arma (armamentos), e há outras cujo sentido se modifica conforme se apresentem no singular ou no plural: littera   (letra) e   litterae   (carta),   copia   (abundância) e copiae   (tropas),   fortuna   (sorte) e   fortunae   (bens, haveres).

Casos do substantivo  A noção de caso gramatical é estranha ao português. Em latim, os nomes (substantivos, adjetivos e pronomes) assumem formas diferentes, contando para isso com desinências especiais, conforme o caso em que estejam, ou seja, conforme a função sintática que desempenhem na frase. São seis os casos latinos: 1. Nominativo—É o caso do sujeito e do predicativo do sujeito, bem como do adjunto adnominal do sujeito ou do predicativo, representado por adjetivo ou pronome. É também o caso em que se enuncia

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simplesmente um nome e, por vezes, o da exclamação. 2. Vocativo — Corresponde ao vocativo em português. É o caso da interpelação e, por vezes, o da exclamação. 3. Acusativo—É o caso específico do objeto direto, podendo também ser o caso dos adjuntos adverbiais introduzidos por preposições especiais, o da exclamação, o do sujeito e o do predicativo de orações infinitivas. 4. Genitivo — É  o caso do complemento restritivo do nome (adjunto adnominal possessivo ou qualificativo, representado por substantivo), do complemento nominal de substantivo e do partitivo. 5. Dativo — É  o caso especial do objeto indireto, podendo assumir funções relacionadas com o objeto indireto (dativo de interesse, de posse etc.). 6. Ablativo—É  o caso dos adjuntos adverbiais não preposicionados ou regidos por preposições especiais, do agente da passiva, do complemento de comparação, do sujeito de particípio em orações reduzidas (ablativo absoluto). Há vestígios, em latim, de um sétimo caso, o locativo, preservado em algumas formas nominais e correspondente ao adjunto de lugar "onde". Como os nomes assumem formas especiais conforme o caso em que estejam, para cada nome há um

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conjunto de formas que ele pode assumir. A esse con junto se dá o nome de declinação. Declinar um nome é enunciar as suas formas, caso por caso. Como os demais nomes, os substantivos, em latim, contam com desinências especiais que indicam o caso e o número em que estão sendo empregados, entendendose por desinência um morfema específico. Em português, a mesma palavra pode assumir todas as funções possíveis, sem sofrer alterações quanto à forma. Tomemos, por exemplo, a palavra   menina e empreguemos essa palavra em diversas frases, nas quais ela assuma funções diferentes: "A   menina   é alta" (sujeito), "Vemos a menina"   (objeto direto), "Dei uma  bola à menina"  (objeto indireto). Em latim essas funções corresponderiam a casos diferentes, para os quais há desinências indicadoras. Teríamos então: Puella est alta (ou Puella alta est, uma  vez que é comum o uso do verbo no fim da frase), Puellam uidemus, Puellae pilam dedi. Puella,  no primeiro exemplo, corresponde ao nominativo, puellam ao acusativo, puellae ao dativo. Como se pode verificar, no nominativo a palavra  puella não apresenta desinência (tem uma desinência de grau zero). Ao radical puell- apenas foi acrescentada a  vogal temática, entendendo-se por vogal temática a que é justaposta ao radical de um substantivo,

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subordinando-o a um determinado grupo temático. No acusativo, além do radical e da vogal temática, temos a desinência -m e no dativo a desinência -e, que representa a evolução de um antigo -i.  As desinências não são sempre diferentes, de caso para caso. Há casos que apresentam, por razões de ordem fonética ou por convergência de formas, desinências iguais.

Classificação temática dos substantivos: as declinações  Vimos que os nomes latinos possuem um radical, que contém o seu significado básico, no qual existe uma raiz significativa a que podem ser acrescentados prefixos ou sufixos. A esse radical podem unir-se vogais temáticas (vogais que determinam o grupo, ou "declinação", do substantivo), havendo, entretanto, muitas palavras que não apresentam essa vogal. Deveríamos ter, portanto, seis grupos ou "declinações" de substantivos: os que apresentam vogais temáticas -a-, -o-, -i -, -u- e -e- e os que não apresentam vogal temática. Acontece que estes últimos foram incluídos, como uma espécie de subgrupo, entre os substantivos que têm vogal temática -i -. Temos, assim, cinco grupos de substantivos, ou seja, cinco declinações paradigmáticas.

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Reconhece-se a declinação de um substantivo pela forma que ele assume no genitivo singular, pois este é o único caso em que a terminação do substantivo é diferente de grupo para grupo. E aqui convém assinalar que terminação   não se identifica com   desinência. Por terminação entende-se a parte final da palavra, aposta ao radical, podendo englobar vogal temática, vogal de ligação, conforme o caso, e desinência. Por ser o genitivo singular um caso diferencial, são os substantivos enunciados no nominativo e no genitivo singular. Exs.: filia, filiae ou filia, ae; dominus, domini  ou dominus, i; ciuis, ciuis ou ciuis, is (cidadão); domus, domus ou domus, us (casa); dies, diei  ou dies, ei. As terminações do genitivo singular indicam a declinação do substantivo (-ae: primeira declinação; -i: segunda; -is: terceira; -us: quarta; -ei: quinta). Quando os substantivos são  pluralia tantum, são enunciados no nominativo e no genitivo plural: nuptiae, nuptiarum ou   nuptiae, arum; arma, armorum ou arma, orum.

Primeira declinação  À primeira declinação correspondem os substantivos de tema em -a-. São, na maioria, substantivos femininos: puella, ae; filia, ae; regina, ae. São masculinos

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os nomes de profissões comuns a pessoas do sexo masculino, tais como   nauta, ae   (marinheiro),   auriga, ae (cocheiro), os nomes de pessoas do sexo masculino, como   Galba, ae   (Galba), e os substantivos formados com o auxílio dos sufixos cola e gena: agrícola, ae (agricultor), incola, ae (habitante), indígena, ae (indígena).  As terminações correspondentes aos casos obedecem, em geral, ao seguinte quadro: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo

Singular

-a -a am

Genitivo

-ae

Dativo  Ablativo

-ae -a

Plural

-ae -ae -as arum -is -is

Sobre esse quadro podemos fazer as seguintes observações, no que se refere às terminações dos casos:  Nominativo e vocativo singular — As palavras da primeira declinação apresentam tema puro, sem desinência. Ex.: puella. Têm desinência -s no nominativo singular alguns substantivos próprios de origem grega. Ex.: Aeneas (Eneias).

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 Nominativo e vocativo plural   — As palavras de primeira declinação apresentavam, no período protohistórico, uma desinência -i  no nominativo e no vocativo plural que, combinada com a vogal temática -a-, gerou o ditongo -ae. Ex.: puellae.  Acusativo singular — Para o acusativo singular das palavras de tema em   -a-,   a desinência é -m.   Ex.:  puellam.  Acusativo plural   — No período proto-histórico a desinência era   -ns,   evoluindo posteriormente para -s. Ex.: puellas. Genitivo singular  — As palavras de tema em -atinham, no período proto-histórico, uma desinência -i  que, combinada com a vogal temática, gerou o ditongo ae. Ex.: puellae. Genitivo plural —  No período arcaico havia uma desinência -som que, unida à vogal temática -a-, sofreu um processo de rotacismo (o s transformou-se em r) e de fechamento vocálico (o o   evoluiu para u). A  desinência   -som   transformou-se em   -rum.   Ex.:  puellarum.  Dativo singular — As palavras de primeira declinação apresentavam uma antiga desinência -i  que, unida ao -atemático, gerou o ditongo   -ae,   num fenômeno semelhante ao ocorrido com o nominativo e o vocativo plural e com o genitivo singular. Ex.: puellae.

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 Dativo plural  — As palavras da primeira declinação apresentam, nesse caso, a desinência -is. Essa desinência é antiga e inicialmente se justapunha à vogal temática: *puellais (usa-se o asterisco por não ser registrada essa forma). No período clássico verifica-se que a vogal temática desaparece por ter-se contraído com a vogal da desinência. Ex.: puellis. Algumas palavras de tema em a-, como dea (deusa), filia, asina (mula), equa (égua), que têm correspondentes masculinos na segunda declinação com o mesmo radical, em lugar da desinência  -is, que também é empregada em palavras de tema em -o-, apresentam a desinência -bus, proveniente de uma antiga forma *-bhos. Ex.: filiabus.  Ablativo singular   — No período proto-histórico havia uma desinência -d  para indicar o ablativo singular das palavras de tema vocálico. Essa desinência desapareceu no período clássico, num fenômeno de apócope.  Aparentemente o ablativo singular das palavras de tema em -a- tem desinência de grau zero, mas o fato de opor-se a terminação -ã do ablativo à terminação -ã do nominativo/vocativo singular atesta o desaparecimento da desinência. Ex.: puella.  Ablativo plural  — Sofre o mesmo tratamento obser vado no dativo plural. Há vestígios do locativo na primeira declinação. Quando um adjunto de lugar "onde" é representado por

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um nome de cidade ou de ilha de tema em  -a-,  esse nome é empregado no locativo cuja desinência, no singular, é igual à do genitivo. Ex.: Sum Romae (Estou em Roma).

Segunda declinação  À segunda declinação pertencem os substantivos de tema em -o-. São masculinos, em sua maioria: lupus, i  (lobo), puer, i  (menino), magister, tri   (professor), uir, i  (varão, homem). São femininos os nomes de árvores:  pirus, i  (pereira),   malus, i   (macieira). São neutros os substantivos que têm o nominativo singular em   -um, como templum, i  (templo), bellum, i  (guerra) e três substantivos em   -us,   empregados apenas no singular:  pelagus, i   (mar),   uirus, i   (veneno) e   uulgus, i   (povo, multidão).  A vogal temática -o-, que caracteriza a segunda declinação, sofre numerosas alterações fonéticas pela proximidade de outros fonemas. Por essa razão, só se mantém em seu estado original nas terminações do dativo e do ablativo singular (-o), do acusativo plural (-os) e do genitivo plural (-orum). Os substantivos masculinos e femininos terminados em -us no nominativo singular apresentam as terminações de seus casos obedecendo ao seguinte quadro:

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Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo

Singular

-us -e um

Genitivo

-i 

Dativo  Ablativo

-o -o

Plural

-i   -i   -os orum -is -is

Sobre esse quadro podemos fazer várias obser vações em relação às terminações dos casos:  Nominativo singular — Os substantivos masculinos e femininos da segunda declinação, bem como os raros neutros em   -us,   apresentam no nominativo singular uma terminação -us, decorrente da evolução de um antigo   *-õs,   em que o elemento   *-o-   representa a vogal temática antiga, que, sofrendo um processo de fechamento, transformou-se em -u-, seguida de um -s desinencial, caracterizador do nominativo singular. Exs.: lupus, pirus, pelagus,filius. Quando a antiga vogal temática -o- era antecedida de r proveniente de rotacismo de um s, e este era antecedido de e ou i, havia um procedimento especial. A vogal temática sofria síncope, desaparecendo; o -s desinencial se assimilava ao r, e o encontro consonantal resultante

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sofria um processo de simplificação: *puer-o-s > *puers > *puerr > puer; *uir-o-s >*uirs > *uirr > uir. No caso de o r anterior à vogal temática ser antecedido de consoante, o procedimento era mais complexo, pois muitas vezes se criava, com a síncope do  -o-, um encontro consonantal inaceitável em latim. Havia, então, necessidade de desfazer-se o encontro por meio de uma vogal de ligação (epentética):   "agros > *agrs > *agrr > *agr > ager (campo).  As palavras recentes incorporadas à língua não sofreram esses fenômenos, daí numerus (número), merus (vinho), uirus etc.  A maior parte das palavras neutras apresenta no nominativo singular a mesma desinência -m do acusativo singular; essa consoante, como o -s desinencial, tem a propriedade de provocar o fechamento da vogal temática -o-, transformando-a em -u-. Daí encontrarem-se, no período histórico, aparentemente quatro formas diferentes de nominativo singular para as palavras da segunda declinação: nominativos em -us, -er, -ir e -um, este último reservado para as palavras neutras.  Nominativo plural   — As palavras masculinas e femininas de segunda declinação apresentavam a desinência -i   no nominativo plural. Essa desinência,  justaposta à vogal temática -o-, absorve-a, contraindo-se

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com ela. Temos, pois, lupi, piri  etc. As palavras neutras apresentam a desinência -a no nominativo plural. Essa desinência também se contrai com o -o- temático. Ex.: templa. Vocativo singular — As palavras masculinas e femininas da segunda declinação que apresentam o nominativo singular em -us   têm o vocativo singular em -e. Exs.: lupe, pire. Esse -e não é uma desinência, como poderia parecer. É uma antiga vogal temática que se alternava com o -o-   temático da segunda declinação, configurando-se aí um fenômeno de alternância vocálica nominal, raro em latim mas comum em outras línguas indo-europeias. Os substantivos terminados em ius no nominativo singular, tais como filius, Marins, Lucius e grande parte de nomes próprios da segunda declinação, têm o vocativo singular em i: o i   pré-temático do radical absorve a  vogal temática -e-, contraindo-se com ela. A desinência, nesse caso, é de grau zero. Daí: fili, Mari, Luci. Os substantivos terminados no nominativo singular em er ou ir, bem como as palavras neutras, têm o vocativo singular igual ao nominativo:   puer, ager, uir, templum. Vocativo plural   — Recebe tratamento idêntico ao do nominativo plural.

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 Acusativo singular — Os substantivos masculinos, femininos e neutros da segunda declinação recebem uma desinência -m no acusativo singular, a mesma que se observa nas palavras de primeira declinação. Essa desinência provoca o fechamento da vogal temática -o-, transformando-a em   -u\ lupum, pirum, puerum, agrum, templum.  Acusativo plural   — Os substantivos masculinos e femininos têm, no acusativo plural, uma desinência -s, proveniente de um antigo *-ns que perdeu a nasalidade: lupos, piros, pueros, agros. Nas palavras neutras, o acusativo plural sofre o mesmo tratamento do nominativo plural. Temos, então, templa. Genitivo singular — No genitivo singular os substantivos de segunda declinação apresentam uma desinência -i   (a mesma que se observa no genitivo singular das palavras de primeira declinação). Essa desinência, ao que parece, se justapõe simplesmente ao radical. Exs.: lupi, piri, pueri, agri, templi. Os substantivos terminados em ius no nominativo singular podiam apresentar o genitivo singular em ii  (ao i   do radical se justapunha o -i   da desinência) ou sofrer contração vocálica, indiferentemente. Daí encontrarmos as formas filii  e fili, Marii  e Mari.

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Genitivo plural   — Os substantivos de segunda declinação apresentam no genitivo plural a mesma desinência -rum observada nas palavras de primeira declinação, desinência essa que representa a evolução fonética de uma antiga forma *-som: luporum, pirorum,  puerorum, agrorum, templorum. Em algumas palavras, entretanto, como uir ou deus, ao lado de formas como uirorum ou   deorum,   encontramos formas antigas de genitivo plural, uirum, deum, nas quais o -um representa a evolução de uma antiga desinência   *-om (a mesma que é observada em palavras de terceira e quarta declinações), que se contraiu com a vogal temática.  Dativo singular — Os substantivos de segunda declinação, à primeira vista, parecem não ter desinência para o dativo singular. No período arcaico, todavia, existia uma desinência - , cuja vogal, por ser breve, foi absorvida pelo -odo tema. Temos, portanto, lup , pir , puer , agr , .  Dativo plural  — Os substantivos de segunda declinação apresentam no dativo plural a mesma desinência is   das palavras de primeira declinação. A vogal da desinência se contrai com a vogal temática, absorvendoa. Exs.: lupis, piris, pueris, agris, templis.  Ablativo singular — Como no caso do dativo singular, o ablativo singular dos substantivos de segunda declinação apresenta, aparentemente, uma desinência de

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grau zero. Na verdade, no período arcaico houve uma desinência -d,   observada em numerosos documentos. Com o tempo o d   sofreu queda (apócope), desaparecendo. Exs.: lup , pir , puer , agr , .  Ablativo plural   — Recebe tratamento equivalente ao do dativo plural. Há também vestígios de locativo na segunda declinação. Quando um adjunto de lugar "onde" é representado por um nome de cidade, esse nome é empregado no locativo. Para esse caso existe a mesma desinência -i  observada na primeira declinação. A desinência se contrai com o -otemático, absorvendo-o. Ex.:   SumLugduni( Estou em Lião). O substantivo   deus   não apresenta vocativo até a época cristã e admite multiplicidade de formas no genitivo singular (dei, dii  ou di ), no nominativo e vocativo plural (dei, dii  ou di), no dativo e ablativo plural (deis, diis ou dis) e no genitivo plural (deorum ou deum). Diante do exposto, podemos ampliar o quadro das terminações casuais da segunda declinação, acrescentando-lhe as terminações excepcionais e as de palavras neutras. Teremos, então: Casos

Nominativo

Singular

us,

Plural

-i , -a

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 Vocativo

 Acusativo

er, ir, um e/i  , er, ir, um um

Genitivo

-i 

Dativo  Ablativo

-o -o

-i , -a

-os, a orum, -um -is -is

Confrontando-se as desinências dos substantivos da primeira declinação e as dos da segunda percebe-se que, na origem, foram praticamente as mesmas. No período clássico as terminações apresentam algumas diferenças em decorrência de fenômenos fonéticos.

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Terceira declinação É, sem dúvida, a que oferece maior complexidade, uma vez que são classificados como de terceira declinação os substantivos de tema em -i- e os que não apresentam vogal temática, bem como alguns substantivos de tema em -u- e -ou-, tais como sus (porco) e bos (boi), de provável origem dialetal. Além disso, há na terceira declinação palavras que sofreram tratamento especial, como Iuppiter (Júpiter) e uis (força), palavras com duplo radical, como senex, senis (ancião), e nomes gregos. Tanto as palavras de tema em -i- como as que não apresentam vogal temática podem ser, conforme o caso, masculinas, femininas ou neutras.  As palavras masculinas e femininas de tema em -itinham, na origem, um paradigma próprio que as diferenciava das que não possuíam vogal temática, apresentando as seguintes terminações casuais: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo Genitivo Dativo

Singular

-is -is -im -is -i

Plural

-(i)es -(i)es -is -ium -ibus

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 Ablativo

i(d)

 

-ibus

Como se pode observar, a vogal temática -i- só não aparece no nominativo e no vocativo plural por contrairse com o e da desinência. No dativo singular o -i da terminação representa a contração do -i- temático e do -i  desinencial; no ablativo singular a desinência primitiva, -d, sofre apócope. No período clássico, entretanto, são poucos os substantivos que acompanham esse paradigma. Sitis (sede), tussis (tosse), Tiberis (Tibre) mantêm-se como na origem. A maior parte dos substantivos de tema em -i-, todavia, passou a ter o acusativo singular em -em, o ablativo singular em -e e o acusativo plural em -es, provavelmente por influência dos substantivos sem vogal temática. Isso fez com que fossem incorporados, com eles, em uma única declinação. Os substantivos sem vogal temática apresentam o radical terminado em consoante ou semivogal. Esses elementos fonéticos justapostos às desinências (muitas  vezes consonantais) sofrem tratamento especial em cada caso. Daí a dificuldade do estabelecimento de um paradigma rigoroso para as palavras sem vogal temática da terceira declinação.

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No nominativo e no vocativo singular, quando a desinência dos substantivos masculinos e femininos podia ser -s ou de grau zero, o tratamento é particular para cada tipo de radical. Quando este termina por p ou b (oclusivas bilabiais) ou por m (nasal bilabial), não há problemas. A desinência -s une-se ao radical formando com ele encontros consonantais aceitáveis na língua. Exs.:   princep-s > princeps   (príncipe);   pleb-s > plebs (plebe); hiem-s > hiems (inverno). Quando o radical termina em t  ou d   (oclusivas dentais), a consoante se assimila à desinência e o grupo geminado sofre um processo de simplificação. Exs.:  milet-s > miless > miles (soldado); ped-s > *pets > *pess > pes. Quando termina em n (nasal dental), perde o n. Ex.: "leon > leo (leão). No caso de terminar por c ou g (oclusivas velares), a  justaposição de um desinencial ocasiona o encontro consonantal cs   (puro, no primeiro caso; com assimilação, no segundo). Esse encontro, em latim, é grafado por meio de x. Exs.: duc-s > *ducs = dux  (chefe); leg-s > *legs > *lecs = lex  (lei). Os substantivos com radical terminado em r ou l (líquidas) têm desinência de grau zero no nominativo e no vocativo singular. Exs.: soror, exul  (exilado). Quanto aos que apresentam radical terminado em s, ou este s se mantém no nominativo e no vocativo singular, confundindo-se com a desinência, embora nos demais

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casos sofra um processo de rotacismo, transformandose em r — é o caso de  lio nos (honra), por exemplo: honos, no nominativo singular, honoris, no genitivo singular —, ou se transforma em r também no nominativo, por analogia com os demais casos — veja-se, por exemplo, arbor  (árvore). A forma  arbos,   contudo, coexiste com arbor. Quando o radical termina em ss, contudo, o nominativo e o vocativo singular mantêm o s, embora simplificado. Ex.: os, assis (osso). Diante dessa pluralidade de possibilidades de terminações do nominativo e do vocativo singular, tais casos costumam ser considerados "variáveis" no que diz respeito ao estabelecimento de um paradigma. Os demais casos não oferecem maior complexidade no tocante às terminações. Estabelecemos, portanto, o seguinte quadro: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo Genitivo Dativo

Singular

 

variável variável -em -is -i 

Plural

-es -es -es -um ibus

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 Ablativo

-e

ibus

Podemos fazer algumas observações sobre esses casos, confrontando-os com o paradigma das palavras de tema em -i -:  Nominativo e vocativo singular — Os substantivos de tema em   -i-,   masculinos e femininos, sempre apresentam no nominativo e no vocativo singular uma desinência -s. O -i- temático pode manter-se — é o caso de ciuis —, pode transformar-se em e, como se observa em   caedes   (morticínio), e pode desaparecer, como ocorre em urbs (cidade). Nesse caso existe um encontro consonantal antes da desinência do genitivo singular. Ex.: urbis. Os substantivos masculinos e femininos, sem vogal temática, como já se viu, ou apresentam a desinência -s no nominativo e no vocativo singular (às vezes com alterações no radical), como princeps, plebs, hiems, miles,  pes, dux, lex, ou não têm desinência, como  leo, soror, exul. Convém acrescentar que nos demais casos as desinências são justapostas ao radical original e os fenômenos fonéticos provocados podem ser diferentes. Daí o fato de muitas palavras da terceira declinação apresentarem radicais diferenciados no nominativo e nos outros

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casos. Exs.:   princeps   (nom.),   principis   (gen.); pes (nom.), pedis (gen.).  Nominativo e vocativo plural  — Tanto os substantivos masculinos e femininos de tema em -i - como os que não apresentam vogal temática têm o nominativo e o  vocativo plural em -es. No primeiro caso, a desinência es absorve a vogal temática. Ex.:  *ciui-es > ciues. No segundo, une-se diretamente ao radical. Ex.:  duc-es > duces.  Acusativo singular — Alguns substantivos masculinos e femininos de tema em -i - mantêm o acusativo singular em -im; a maioria, porém, o apresenta em  -em. Ex.: ciuem. Nas palavras sem vogal temática a desinência -m unida à consoante final do radical desenvolve um e. Ex.: *duc-m > ducem.  Acusativo plural  — As palavras masculinas e femininas de tema em -i- apresentavam uma desinência -s no acusativo plural. Daí,   ciuis.   No período clássico, entretanto, a terminação  -is,  embora continuasse aparecendo, sobretudo em textos poéticos, foi quase sempre substituída pela terminação   -es,   própria do acusativo plural das palavras sem vogal temática. Exs.:   ciues e duces. Genitivo singular — Os substantivos de tema em -i apresentam a desinência -s para o genitivo singular. Ex.: ciuis.   Os que não têm vogal temática apresentam a

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desinência -is. Ex.: ducis. Embora as desinências sejam diferentes, há convergência de formas. Genitivo plural  — Tanto as palavras de tema em -i como as que não têm vogal temática apresentam, no genitivo plural, a desinência   -um,   proveniente de um antigo -om. Essa desinência se justapõe ao radical. Daí a presença de um i   na terminação das palavras de tema em -i - (ciuium) e a ausência de i  nas palavras sem vogal temática (ducum). O único caso, no período clássico, em que há diferença de terminação entre as palavras de tema em -i - e as sem vogal temática é o genitivo plural.  Dativo singular — As palavras de tema em -i - e as sem vogal temática apresentam, no dativo singular, a desinência -i . No caso das palavras de tema em -i - estas sofrem contração vocálica. Exs.: ciui  e duci.  Ablativo singular — Originalmente as desinências eram diferentes para as palavras de tema em -i - e as que não tinham vogal temática. As primeiras apresentavam desinência -d; as últimas, desinência -e. Quando o -d  desinencial sofreu apócope, as palavras de tema em -i apresentaram inicialmente um ablativo singular em -i  (siti ), mas no período clássico, por influência do ablativo em -e das palavras sem vogal temática (duce), o das de tema em -i - também passou a ser em -e, na maioria dos casos. Ex.: ciue.

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 Dativo e ablativo plural  — As palavras de tema em -i-apresentavam para esses casos uma desinência -bus, proveniente de um antigo   *-bhos.   Essa desinência simplesmente se justapõe à vogal temática. Ex.: ciuibus. No caso das palavras sem vogal temática, a mesma desinência, encontrando-se com a consoante do radical, desenvolve uma vogal i   (epentética). Ex.:   duc-bus > ducibus. Como se pode depreender, a semelhança existente entre as formas casuais dos substantivos de tema em -ie as dos que não têm vogal temática fez com que as duas categorias fossem agrupadas em uma só declinação.  As palavras neutras de terceira declinação também podem ser de tema em -i - ou não apresentar vogal temática. Os substantivos neutros de tema em -i - sempre apresentam o radical terminado em consoante líquida (/ ou r).   No nominativo, vocativo e acusativo singular, quando a palavra apresenta mais de duas sílabas, perde a vogal temática. Exs.: animal  (animal), calcar (espora). Quando apresenta duas sílabas, tem a vogal temática transformada em e. Ex.: mare (mar). No genitivo e no dativo singular sofrem o mesmo tratamento das palavras masculinas e femininas (animalis, calcaris, maris e animali, calcari, mari) e no ablativo singular conservam o -i-   temático, perdendo o -d   desinencial (animali,

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calcari, mari). No plural, apresentam uma desinência -a no nominativo, no vocativo e no acusativo  (animalia, calcaria, maria)   e nos demais casos o mesmo tratamento das palavras masculinas e femininas (genitivo: animalium, calcariam, marium; dativo e ablativo: animalibus, calcaribus, maribus). Temos, então, o seguinte quadro de terminações: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo

Singular

ai, ar, e al, ar, e al, ar, e

Genitivo

-is

Dativo

-i 

 Ablativo

-i 

Plural

-ia -ia -ia ium ibus ibus

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 As palavras neutras sem vogal temática podem apresentar o radical em t,   como   caput, itis   (cabeça), r, como  marmor, oris   (mármore), n,   como  flumen, inis (rio), s, (rio), s, como  como tempus,  tempus, oris (tempo). oris (tempo). No nominativo, vocativo e acusativo singular esses substantivos não apresentam desinência. Não há, portanto, alterações fonéticas significativas nos radicais. Daí a conservação do n em flumen, em  flumen, contrariamente  contrariamente ao que ocorre com as palavras masculinas e femininas, e a permanência do t  do t  em caput.  em caput. No genitivo, dativo e ablativo singular as palavras neutras sem vogal temática sofrem tratamento semelhante ao sofrido pelas palavras masculinas e femininas. No nominativo, vocativo e acusativo plural apresentam a desinência desinência -a, justaposta -a,  justaposta ao radical do genitivo singular. Exs.: capita, Exs.:  capita, marmora, flumina, têmpora. Nos têmpora.  Nos demais casos apresentam as mesmas desinências das palavras masculinas e femininas. Temos, para tais substantivos, o seguinte quadro de terminações: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo Genitivo

Singular

variável variável variável -is

Plural

-a -a -a -um

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Dativo  Ablativo

-i -e

-ibus -ibus

Dois substantivos da terceira declinação apresentam tema em -u-. em -u-. São  São os substantivos sus substantivos sus (porco)  (porco) e grus   (grou) (grou).. Decl Declin inam am-s -see norma normalm lmen ente te,, mas mas sus apresenta resenta duas formas possíveis possíveis de dativo/abla dativo/ablativo tivo plural: plural: subus,   com just justap apos osiç ição ão da desi desinê nênc ncia ia   -bus   à vogal temática, e suibus, e  suibus, forma  forma analógica com as demais palavras da terceira declinação. Um substantivo apresenta tema em -ou-: em -ou-: bos, bouis. No bouis. No nominativo e vocativo singular, o ditongo ou se ou  se reduziu a o  por possíveis razões dialetais; no dativo e ablativo plural, observa-se a mesma redução. A forma   bobus,   entretanto, coexiste com bubus. com bubus. O substantivo Iuppiter substantivo Iuppiter recebe  recebe um tratamento especial. As formas de acusativo ( Iouem ( Iouem), ), genitivo ( Iouis ( Iouis), ), dativo (Ioui  dativo  (Ioui ) e ablativo ( Ioue ( Ioue)) mostram que o tema da palavra é em -ouem  -ou- (como  (como o de bos) bos) e que o nominativo deveria ser *Ious. ser *Ious. A  A forma Iuppiter forma Iuppiter é,  é, pois, uma aglutinação de   *Ious e   pater  (Deus pai, Júpiter pai), sendo usada como nominativo e vocativo singular. Outro substantivo da terceira declinação que mereceu tratamento particular foi uis, foi uis, palavra  palavra de tema em -iem -i-,, empregada sobretudo no acusativo singular (uim ( uim)) e no ablativo singular (ui). Tomada falsamente por palavra

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sem vogal temática com radical em s,   desenvolveu formas de plural como se realmente o fosse (nominativo/vocativo/acusativo: uires, (nominativo/vocativo/acusativo:  uires, genitivo:  genitivo: uirium  uirium — agora como se fosse de tema em -i  - i - — e dativo/ablativo: uiribus). ivo: uiribus). Quanto ao substantivo senex, substantivo senex, observa-se  observa-se o seguinte: no nominativo e no vocativo singular apresenta o radical senec — senec  — ao qual se acrescentou a desinência -s desinência  -s (senec-s = senex).   Na Nas demais form ormas (acusat sativo sin singular: senem;   genitivo singular:  senis  etc.), o radical encontrado é sen-. é sen-. Trata-se  Trata-se de uma anomalia.

Quarta declinação Comparada com a terceira, a quarta declinação é  bastante simples. A ela correspondem os substantivos masculinos, femininos e neutros de tema em  -u-, com exceção de sus e  grus, antes  grus,  antes mencionados. As desinências, tanto das palavras masculinas e femininas como das neutras, são idênticas às das palavras de tema em -i -. -. Podemos, pois, traçar os quadros das terminações. Para as palavras masculinas e femininas, temos: Casos

Nominativo  Vocativo

Singular

-us -us

Plural

-us -us

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 Acusativo

um

Genitivo

-us

Dativo

-ui 

 Ablativo

-u

-us uum ibus ibus

 A única observação importante diz respeito ao dativo/ ablativo plural. A desinência  -bus aposta à vogal temática -u- faz com que esta passe a pertencer a uma sílaba interior da palavra. O -u- temático, por ser breve, passa a i, num fenômeno fonético usual em latim. Palavras como manus, us (mão), fructus, us (fruto) têm o dativo/ablativo plural em ibus: manibus, fructibus. Alguns substantivos, porém, conservam o dativo/ablativo plural em -ubus. É o caso de quercus (carvalho) e lacus (lago) e de algumas palavras que poderiam ser confundidas com palavras de terceira declinação por terem radicais semelhantes — partus, us (parto) — radical igual ao de  pars, artis (parte); arcus, us (arco) — radical igual ao de arx, eis   (fortificação). Essas palavras apresentam as formas de dativo/ablativo plural   quercubus, lacubus,  partubus, arcubus.

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Merece uma observação especial, entre os substantivos de quarta declinação, a palavra domus, us, que ao lado de apresentar as terminações próprias das palavras da sua categoria pode também assumir as terminações da segunda declinação. Assim, no genitivo singular, temos as formas domus (4 ) e domi   (2 ); no dativo singular,   domui  (4 ) e   domo   (2 ); no ablativo singular, domu (4 ) e domo (2 ); no acusativo plural, domus (4 ) e domos (2 ); no genitivo plural, domuum (4 ) e domorum (2 ). Para os substantivos neutros, o quadro das terminações obedece ao seguinte paradigma: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo Genitivo Dativo  Ablativo

Singular

-u -u -u us ui  -u

Plural

-ua -ua -ua uum ibus ibus

Não há observações especiais a fazer. É pequeno o número das palavras da quarta declinação. No momento

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em que o latim entrou em decadência e começou a perder a sua estabilidade morfológica, as palavras dessa declinação integraram-se na segunda.

Quinta declinação É a mais simples de todas e a mais pobre em número de vocábulos. A ela correspondem os substantivos de tema em -e-, São palavras femininas, predominantemente. São masculinas apenas os substantivos dies, ei  e merídies, ei  (meio-dia). Dies, entretanto, é feminino quando significa "dia marcado".  As desinências da quinta declinação são, em parte, as da primeira e, em parte, as da terceira declinação. O quadro das terminações é o seguinte: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo

Singular

-es -es em

Genitivo

-ei 

Dativo

-ei 

Plural

-es -es -es erum ebus

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 Ablativo

-e

ebus

Não há necessidade de observações sobre os casos, uma vez que os procedimentos são os usuais. O confronto dos quadros das cinco declinações dos substantivos permite-nos fazer um quadro geral das desinências. Essas desinências, apostas às vogais temáticas ou aos radicais, geram terminações específicas para cada grupo: Casos

Nominativo  Vocativo  Acusativo Genitivo Dativo  Ablativo

Singular

zero (m/f/n*), -s (m/f), -m (n) zero (m/f/n), -s   (m/f), -m (n) -m   (m/f/n), zero (n)

Plural

-i ', -es (m/f), -a (n) -i ', -es (m/f), -a (n) -s (m/f), -a (n) -rum -i', -is (m/f/n) , -um (m/f/n) -is, -bus -i  (m/f/n) (m/f/n) (-d ) (m/f/n), -is, -bus -e (m/f/n) (m/f/n)

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* m/f/n = masculino/feminino/neutro

Flexão do adjetivo Os adjetivos são palavras que servem para qualificar ou caracterizar os substantivos. Como estes, apresentam raízes significativas, às quais se acrescentam  vogais temáticas e/ou desinências, como, por exemplo, altus (alto), ou sufixos e vogais temáticas e/ou desinências, como   formosus   (formoso). Podem, portanto, ser primitivos ou derivados. Como elemento modificador do substantivo, servindo-lhe de atributo (adjunto adnominal ou aposto) ou predicativo, o adjetivo, via de regra, concorda com o substantivo em gênero, número e caso. Quando empregado isoladamente, o adjetivo tem o valor de substantivo. É o que ocorre com os adjetivos pátrios, empregados usualmente no plural, tais como  Romani  (os romanos, o povo romano), Graeci  (os gregos, o povo grego), e com formas generalizadas   bônus   (o bom), malus (o mau), encontradas no plural em frases do tipo  Boni maios non debent timere   (Os bons não devem temer os maus). Alguns adjetivos neutros são substantivados quer no singular, quando designam o ser abstrato que corresponde à qualidade expressa pelo adjetivo — bonum   (o bem),   malum   (o mal) —, quer no plural,

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quando indicam pluralidade de coisas portadoras da qualidade expressa:   Vera dicite   (Dizei coisas  verdadeiras).

Classes de adjetivos Os adjetivos declinam-se como os substantivos de primeira, segunda ou terceira declinação. Os que se declinam como substantivos de primeira e segunda declinação são chamados   adjetivos de primeira classe.  Apresentam-se em três gêneros, masculino, feminino e neutro, acompanhando, no gênero masculino, o paradigma dos substantivos masculinos e femininos de tema em -o- (segunda declinação), no feminino o dos substantivos masculinos e femininos de tema em -a(primeira declinação) e no neutro o dos substantivos neutros de tema em -o- (segunda declinação). Os adjetivos de primeira classe são enunciados nos três gêneros, no nominativo singular. Ex.: altus, alta, altum. É mais comum, porém, enunciá-los de forma abreviada:  altus, a, um. Oferecemos um exemplo de adjetivo de primeira classe declinado:

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 Assim como na segunda declinação há substantivos terminados em er, no nominativo e no vocativo singular (por razões já explicadas), há também adjetivos assim terminados. Ao lado de   altus, a, um   encontramos formas como liber, libera, liberum  (livre), nas quais o elemento er  encontrado no nominativo singular masculino pertence ao radical (como ocorre com puer, i), e formas como niger, nigra, nigrum (negro), nas quais o elemento er apresenta um e epentético que não aparece nos outros casos, a não ser no vocativo singular (como ocorre com   ager, gri).   Esses adjetivos são também enunciados de forma abreviada:   liber, a, um e  niger, gra, grum. Os adjetivos que se declinam seguindo o paradigma dos substantivos de terceira declinação são chamados adjetivos de segunda classe.   Podem ser   triformes

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(quando apresentam no nominativo singular três formas diferentes para os três gêneros), como acer, acris, acre (acre),   biformes   (quando apresentam no nominativo singular duas formas diferentes, uma para o masculino e o feminino e outra para o neutro), como  fortis, forte (forte), ou uniformes (quando apresentam no nominativo singular uma única forma para os três gêneros), como felix   (feliz) ou uetus (velho). Os adjetivos de segunda classe triformes e biformes são enunciados no nominativo singular, usualmente de forma abreviada: acer, cris, cre; fortis, e.  Os uniformes são enunciados como os substantivos, no nominativo e no genitivo singular, também comumente de forma abreviada:   felix, icis; uetus, eris. Em sua grande maioria os adjetivos de segunda classe declinam-se como palavras masculinas/femininas ou neutras de tema em -i -, mantendo até mesmo a terminação -i   no ablativo singular. Alguns, porém, como uetus, eris, declinam-se como os substantivos que não apresentam vogal temática. São muito raros estes últimos, entretanto.  Apresentamos, a seguir, alguns exemplos de declinações desses adjetivos:

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É preciso observar que, quando se fala em adjetivo de segunda classe triforme, biforme ou uniforme, tal qualificação se refere apenas ao nominativo/vocativo

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singular. Nos demais casos a denominação não é justificada: os triformes têm duas formas no acusativo singular e no nominativo/vocativo/acusativo plural, e apenas uma no genitivo e no dativo/ablativo plural; os biformes têm uma só forma no genitivo e no dativo/ablativo (singular e plural); os uniformes têm duas formas de acusativo singular e de nominativo/vocativo/acusativo plural: uma para o masculino/feminino e uma para o neutro.

Graus dos adjetivos Como em outras línguas, o adjetivo, em latim, pode apresentar-se em seu grau normal (puer altus, agrícola altus, puella alta, pirus alta), no grau comparativo (de igualdade, inferioridade ou superioridade) e no grau superlativo (de superioridade ou inferioridade). O comparativo de igualdade e inferioridade é formado por meio dos advérbios tam (tão) e minus (menos), antepostos ao adjetivo. Esses advérbios correlacionamse com a conjunção quam (que, quanto), introdutora de uma oração subordinada comparativa explícita ou implícita. Exs.: Puer tam altus est quam puella (O menino é tão alto quanto a menina); Puer minus altus est quam  puella   (O menino é menos alto que a menina). Subentende-se na subordinada comparativa o verbo (est) e o predicativo do sujeito (alta).

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O comparativo de superioridade é construído de maneira bastante especial. Embora haja casos análogos aos de igualdade e inferioridade, constrói-se, via de regra, o comparativo de superioridade não por meio de um advérbio que modifica o adjetivo e se correlaciona com uma conjunção, mas com o auxílio dos sufixos particulares -ior/ -ius, derivados de um antigo -ios. Esses sufixos são justapostos ao radical do adjetivo em questão, e a palavra resultante passa a funcionar como nominativo de um substantivo com radical em s > r, sem vogal temática (da terceira declinação). Tomemos por exemplo os adjetivos altus (radical alt-), acer (radical   acr-), fortis   (radical   fort-), felix   (radical   felic-). Justapondo-se aos radicais desses adjetivos os sufixos ior (para o masculino e o feminino) e -ius (para o neutro), teremos as formas altior/ altius, acrior/acrius, fortior/fortius, felicior/felicius,   cujos radicais são, respectivamente,   altior-, acrior-, fortiore   felicior-. Juntam-se a esses radicais as terminações casuais próprias dos substantivos de terceira declinação sem vogal temática.  Vejamos um exemplo de adjetivo no comparativo declinado:

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Quando se emprega, em uma oração, o comparativo de superioridade, o segundo termo de comparação vai para o mesmo caso do primeiro quando se usa, na construção, a conjunção quam. Ex.: Puella altior quam puer est  (A menina é mais alta que o menino). Quando não for empregada a conjunção, o segundo termo vai para o ablativo, sendo considerado um complemento de comparação. Ex.: Puella altior puero est.  Alguns adjetivos apresentam formas especiais de comparativo. Os adjetivos terminados em eus e   ius, como idoneus (idôneo) ou serius (sério), não admitem a construção do comparativo com o auxílio dos sufixos ior/ius. Forma-se o comparativo, nesse caso, de forma analítica, empregando-se o advérbio magis (mais), que, como tam e  minus,   se correlaciona com a conjunção quam. Ex.: Puella magis seria quam puer est  (A menina

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é mais séria que o menino). Os adjetivos formados com auxílio dos sufixos -dicus, -ficus e -uolus, tais como maledicus   (maledicente),   beneficus   (benéfico),   maleuolus (malévolo), são substituídos, na forma comparativa, por particípios presentes ou adjetivos cognatos (maledicens, beneficens, maleuolens). Temos, então,  maledicentior, beneficentior, maleuolentior. O adjetivo diues, itis (rico) apresenta a forma ditior no comparativo, na qual se observa um caso de contração vocálica. Alguns adjetivos como bônus (bom), malus (mau) e  paruus (pequeno) têm comparativos com radical diferente do que apresentam no grau normal: melior (melhor), peior (pior), minor   (menor).   Magnus  (grande) apresenta o radical modificado no comparativo: maior (maior).  Senex  e iuuenis (jovem), palavras ora empregadas com valor de adjetivo ora de substantivo, apresentam as formas de comparativo sênior (na qual o sufixo é acrescentado ao radical   sen-,   variante de   senec-) e   iunior (forma contraída). O comparativo  prior  (mais antigo, anterior, mais importante) não tem um adjetivo correspondente no grau normal. O sufixo -ior foi acrescentado diretamente a uma antiga raiz, *pris-. O superlativo de superioridade dos adjetivos é formado, via de regra, por meio de um sufixo. O sufixo encontrado mais frequentemente na formação desse grau é

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-issimus, proveniente -issimus,  proveniente de um antigo  *-issomos, no  *-issomos,  no qual existe o elemento  *-mos que,  *-mos  que, realmente, caracteriza o superlativo. O sufixo  -issimus é  -issimus  é ligado diretamente ao radi radica call do adje adjeti tivo vo (a (alt lt--issimu issimus, s, fort-i fort-issi ssimus mus,, felicfelic-isissimus),  e a forma resultante passa a figurar como se fosse um verdadeiro adjetivo de primeira classe, admitindo flexão nos três gêneros (altissimus, (altissimus, a, um-, fortissimus, a, um etc.). um etc.). Havia, entretanto, na época arcaica, outros sufixos formadores de superlativo, todos apresentando o elemento   *-mos *-mos:: *-somo *-somos, s,   pr presente em *magmag-so somo moss > maxumus = maximus (o maximus (o maior), *-tornos maior), *-tornos em  em *op-tomos  *op-tomos > optumus = optimus   (o melhor). O sufixo   *-mos aparece em formas como *sup-mos como  *sup-mos > summus (o summus  (o mais alto) e pris-mos e pris-mos > primus (o primus (o primeiro).  Alguns adjetivos em lis e lis  e os terminados em er no nominativo singular masculino, tais como facilis como  facilis (fácil),  (fácil), difficilis (difícil), difficilis  (difícil), acer,  acer, niger, apresentam niger,  apresentam um superlativo aparentemente especial mas, na verdade, decorrente de evolução fonética normal. No caso dos adjetivos em lis, o lis, o superlativ superlativoo era formado pela anexação do sufixo *sufixo *somos ao somos ao radical: * facil-somos. * facil-somos. O  O encontro do l  do  do radical e do s  do sufixo provoca um fenômeno de assimilação; o primeiro o de somos, de  somos, por  por ser breve e estar em sílaba interior aberta, transforma-se em i  em i  e  e o segundo o, segundo  o, por ser breve e estar seguido de s   em síl sílab abaa fina finall,

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transforma-se em u.   Daí * facilsomos > facillimus. O sufixo *-somos sufixo  *-somos gera,  gera, nessas condições, o sufixo -limus, sufixo  -limus, de superlativo, só encontrável em adjetivos cujo radical termina em /. No caso dos adjetivos terminados em er no nominativo singular masculino, o superlativo era formado com o acréscimo do sufixo *-somos sufixo  *-somos ao  ao nominativo: *acer-somos, ivo:  *acer-somos, *niger-somos. O *niger-somos.  O encontro do r  final da palavra com o s o s inicial  inicial do sufixo provoca também um fenômeno de assimilação, e as vogais do sufixo sofrem tratamento idêntico ao do caso anteriormente mencionado. Temos então   *acer *acerso somo moss > acerr acerrim imus us e   nigersomos > nigerrimus. O nigerrimus.  O sufixo -rimus, sufixo  -rimus, gerado  gerado pelo antigo sufixo   *-somos, só   é encontrado em adjetivos terminados no nominativo singular masculino em er. Os superlativos em -limus em  -limus e  -rimus sofrem  -rimus  sofrem o mesmo tratamento ento morf morfol ológ ógic icoo dos dos supe superl rlat ativ ivos os em   -issimus — declinam-se como adjetivos de primeira classe:   facillimus, a, um; acerrimus, a, um. Os adje adjeti tivo voss term termin inad ados os em   ius ius,, eus eus e uus apresentam superlativo analítico, formado com auxílio do advérbio   maxime   (m (muito, o mais):   maxi maxime me seri serius us (muito sério, o mais sério). Alguns adjetivos apresentam no super superla lati tivo vo radic radical al dife difere renci nciad adoo   (bônus/ optimus; malu malus/ s/ pessi pessimu mus; s; paru paruus us// mini minimu mus) s)   ou modi modific ficad adoo (magnus/ maximus).

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O superlativo, em latim, apresenta a mesma forma quando é absoluto ( Puella ( Puella altíssima est  =   = A menina é muito alta, a menina é altíssima) e quando é relativo (Puella altíssima est omnium, Puella altíssima est ex  omnibus = A = A menina é a mais alta de todas). No caso de ser relativo, o complemento do superlativo se apresenta no genitivo, ou no ablativo precedido da preposição e preposição  e ou  ou ex. O superlativo de inferioridade é sempre analítico, sendo construído com o auxílio do advérbio minime advérbio  minime (o menos, muito pouco). Ex.:   Puer minime altus est  (O menino é pouquíssimo alto; o menino é o menos alto).

Numerais Os numerais, como é óbvio, são palavras que servem para indicar quantidades numéricas. Dividemse, em latim, em quatro categorias: cardinais, ordinais, distributivos e multiplicativos. Cardinais são os numerais que exprimem a quantidade em si ou a de seres. Como a numeração romana era decimal (fato aliás ocorr orrido nas língua guas indo-europeias, em geral), há nomes especiais para os dez primeiros cardinais. Os demais são formados por composição ou derivação

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aparente. Há nomes especiais, também, para os cardinais que denominam a centena e o milhar. Os três primeiros cardinais são declináveis: unus, a, um; duo, ae, o e tres, trium. Unus, a, um  declina-se apenas no singular. Segue, no nominativo, acusativo e ablativo, o paradigma dos adjetivos de primeira classe; no genitivo e no dativo tem terminações equivalentes às dos pronomes demonstrativos, dos quais falaremos adiante. Duo representa, na verdade, um antigo dual. Daí as desinências especiais que tem.   Tres, trium  só tem plural e acompanha o paradigma dos adjetivos de segunda classe. Damos adiante o quadro das declinações desses numerais:

Os cardinais não costumam ser empregados no  vocativo. De "quatro" a "cem", os cardinais são indeclináveis:

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1.   unus, a, um 2. duo, ae, a 3.   tres, tria 4. quattuor 5. quinque 6. sex  7. septem 8. octo 9. nouem 10. decem

21.   uiginti unus ou unus et uiginti  22. uiginti duo ou duo et uiginti 

11. undecim 12. duodecim 13. tredecim

30. triginta

14. quattuordecim

40. quadraginta

15. quindecim

50. quinquaginta

16. sedecim 17. septendecim 18. duodeuiginti  19. undeuiginti 

60. sexaginta

20. uiginti 

70. septuaginta 80. octoginta 90. nonaginta  

100. centum

Como se pode observar, da segunda dezena em diante os numerais cardinais são formados mediante a combinação do que indica a unidade e do que indica a dezena (unus et decem = undecim); o penúltimo e o último cardinal de cada dezena são formados a partir da idéia de subtração: unus de uiginti  (um tirado de vinte)

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= undeuiginti; duo de uiginti = duodeuiginti; unus de triginta = undetriginta etc. Nos múltiplos de dez (uiginti, triginta, quadraginta)   observamos aglutinação de dois elementos  bastante modificados sob o aspecto fonético: um elemento indicador da unidade (ui < *dui, tri, quadri  etc.) e um indicador da dezena   (ginti, ginta),   no qual aparece, alterada, a raiz *-d-kmt   presente em decem e centum. A diferença entre as terminações de uiginti  e as dos outros múltiplos de dez pode ser atribuída ao fato de uiginti   representar um antigo dual, provavelmente, enquanto os demais múltiplos apresentam a terminação -a, própria do neutro plural. Os múltiplos de centum voltam a ser declináveis e só apresentam plural. Seguem o paradigma dos adjetivos de primeira classe: ducenti, ae, a; trecenti, ae, a; quadringenti, ae, a; quingenti, ae, a; sexcenti, ae, a; septingenti, ae, a; octingenti, ae, a; nongenti, ae, a. O cardinal mille (mil), embora indeclinável no singular ( Da mi basia mille = Dá-me mil beijos), opera, no plural, como se fosse um verdadeiro substantivo neutro equivalente não apenas a "milhares", mas também a "quantidade incontável", e admite declinação (nominativo/acusativo: milia;  genitivo:  milium;  dativo e ablativo: milibus).

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Quando se emprega milia, em qualquer dos casos, o cardinal é seguido de determinante no genitivo (partitivo):   Milia militum uidi   (Vi milhares de soldados; vi uma quantidade incontável de soldados). Os múltiplos de mille são formados com o auxílio dos cardinais indicadores de unidade, dezena ou centena: duo milia, tria milia, decem milia, uiginti milia, centum milia. Os cardinais costumam ser representados por meio dos conhecidos símbolos romanos (I, V, X, L, C, D e M). Os ordinais são numerais que indicavam inicialmente a ordem, a sequência numérica; posteriormente passaram a indicar também a fração. São declináveis e acompanham o paradigma dos adjetivos de primeira classe. Os dois primeiros ordinais,   primus, a, um e secundus, a, um,   não eram originalmente numerais.  Primus era um antigo superlativo que, por significar "o mais antigo" e, por conseguinte, "o primeiro", passou a ser utilizado como ordinal. Secundus era um antigo particípio do verbo sequor (seguir), significando originalmente " o que segue", "seguinte". Mais tarde incluiu-se entre os ordinais.  A partir de   tertius, a, um   (terceiro), temos, verdadeiramente, ordinais, formados a partir de sufixos próprios justapostos a radicais que contêm os mesmos

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semas presentes nos radicais dos cardinais:   -tius (tertius), -tus (quartus, quintus, sextus), -us (septimus, octauus < *octouos, nonus < *nouenos, decimus). Os ordinais consecutivos a decimus são formados ou a partir do cardinal (undecimus, duodecimus) ou pela combinação dos ordinais correspondentes à unidade e à dezena (tertius decimus, quartus decimus etc.). Em uicesimus, entretanto (proveniente de uma antiga forma   *uicent-somos),   o final   esimus   foi tomado por sufixo, passando a ser empregado nos múltiplos de dez (trigesimus, quadragesimus, quinquagesimus, sexagesimus, septuagesimus, octogesimus, nonagesimus, centesimus) e de cem  (ducentesimus, trecentesimus etc.) a partir do radical do cardinal, reduzido (triginta/trigesimus)   ou completo   (trecenti/  trecentesimus). Os distributivos latinos têm forma própria. Enquanto em português são necessárias perífrases para indicar a categoria ("de um em um", "de dois em dois" etc.), em latim há distributivos sintéticos: singuli, ae, a (de um em um); bini, ae, a (de dois em dois); temi, ae, a (de três em três) e assim por diante  (quaterni, ae, a; quini, ae, a; seni, ae, a; septeni, ae, a; octoni, ae, a; noueni, ae, a; deni, ae, a; uiceni, ae, a; triceni, ae, a etc.).

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Há em latim numerais multiplicativos operando como adjetivos e gerando verdadeiros adjetivos, tais como simplex  (simples), duplex  (duplo), triplex  (triplo), quadruplex    (quádruplo),   quintuplex    (quíntuplo), septemplex  (séptuplo) e decemplex  (décuplo), que se declinam como adjetivos de segunda classe, e numerais multiplicativos adverbiais, indeclináveis portanto: semel  (uma só vez), bis (duas vezes), ter (três vezes) e assim por diante   (quater, quinquies, sexties, septies, octies, nouies, decies etc.).

Pronomes Entre as categorias de nomes, os pronomes desempenham um papel particular pela dupla função que exercem no plano semântico: ao lado de terem um significado próprio, podem assumir o significado do substantivo, substituindo-o (pronomes substantivos), e podem simplesmente determinar o substantivo, mantendo seu significado próprio (pronomes adjetivos). Como acontece nos demais idiomas, as várias subclasses dos pronomes, em latim, fazem com que a categoria seja bastante complexa, tanto no seu aspecto morfológico quanto no sintático, exigindo a questão um amplo estudo.

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Procuraremos dar uma idéia dessa complexidade apresentando, embora de forma bastante esquemática, as subclasses pronominais e algumas de suas particularidades.

Pronomes pessoais Os pronomes pessoais não substituem propriamente o nome; indicam a pessoa do discurso: a pessoa que fala ou a com quem se fala. Em sua forma subjetiva são desnecessários, uma vez que, em latim, há desinências pessoais nas formas verbais. São, porém, enfáticos, expressivos. Na forma objectual, os pronomes pessoais desempenham seu papel gramatical. Têm declinação própria e a antiguidade da categoria é comprovada pela observação de particularidades semelhantes às existentes em latim, em outras línguas indo-europeias.  A primeira pessoa do singular tem raízes diferentes no nominativo e nos demais casos. A forma do nominativo é ego (eu). As do acusativo, genitivo, dativo e ablativo são   me, mei, mihi  e me   (me, de mim, a mim, comigo/por mim). A primeira pessoa do plural não é exatamente o plural da primeira pessoa do singular, que é única, não admitindo plural. Nos (nós), primeira pessoa do plural, pode representar "eu e tu " , "eu e ele/ela", "eu

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e vós", "eu e eles/ elas", "eu e todos"; pode, também, substituir enfaticamente ego. Mas não só os radicais são completamente diferentes como o sentido profundo expresso em ego e em nos é diferente. Como na declinação de ego, também na de nos as terminações são bastante especiais (nominativo/acusativo: nos; genitivo: nostri/  nostrum; dativo/ablativo: nobis). Como a primeira, a segunda pessoa tem radicais diferentes para o singular (tu) e o plural (uos). Vos não é o plural de tu. Pode equivaler a "tu e ele/ela", "tu e eles/ elas", a um conjunto de pessoas com quem se fala ou, simplesmente, substituir "tu". Como a de   ego,   a declinação de tu   é específica (nominativo/vocativo: tu;   acusativo: te;   genitivo:   tui; dativo: tibi; ablativo: te). Há pontos comuns entre as declinações dos dois pronomes (acusativo:  me/te; genitivo: mei/tui; ablativo: me/te) como também há relação entre as declinações de nos e uos (nominativo/vocativo: uos;   acusativo:   uos;   genitivo:   uestri/uestrum; dativo/ ablativo: uobis) — nominativo: nos/uos; acusativo: nos/  uos; genitivo: nostri, nostrum/uestri, uestrum; dativo/ ablativo: nobis /uobis. Não há pronome pessoal de terceira pessoa. Para designar-se aquele de quem se fala usa-se o demonstrativo. Há, no entanto, um pronome reflexivo de terceira pessoa, empregado exclusivamente como reflexivo,

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indiferentemente no singular e no plural. Obviamente o pronome reflexivo não apresenta nominativo. Nos casos que tem, declina-se de forma semelhante à segunda pessoa do singular (acusativo: se; genitivo: sui; dativo: sibi; ablativo: se). Tanto os pronomes pessoais como o reflexivo admitem, no ablativo, quando regidos pela preposição eum (com), a construção enclítica: mecum, tecum, nobiscum, uobiscum, secum.  As formas de genitivo nostrum e uestrum são usadas como partitivos;   nostri  e   uestri,   nas demais circunstâncias.

Pronomes possessivos Os pronomes possessivos modificam ou substituem o substantivo, indicando o possuidor do ser expresso pelo substantivo ou subentendido. São eles meus, a, um; tuus, a, um; noster, tra, trum; uester, tra, trum, correspondentes, respectivamente, a ego, tu, nos e uos, e suus, a, um,   correspondente ao reflexivo e só empregado quando o possuidor é o sujeito da oração. Ex.: Puerpatriam suam amat  (O menino ama sua pátria). Quando o possuidor não é o sujeito, usam-se, para indicá-lo, formas do genitivo do pronome anafórico   is, ea, id  (empregado normalmente como um pronome de

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terceira pessoa: ele, ela): eius (dele, dela), eorum, earum (deles, delas). Exs.: Vidi puerum cum eius patre (Vi o menino com seu pai = com o pai dele);  Vidi pueros cum eorum patribus  (Vi os meninos com seus pais = com os pais deles); Vidi puellas cum earum patribus (Vi as meninas com seus pais = com os pais delas). Os possessivos têm o mesmo radical do genitivo dos pronomes pessoais (meus, a, um/ mei; tuus, a, um/ tui; noster, tra, trum/ nostri; uester, tra, trum/ uestri) e do reflexivo (suus, a, um/ sui), ao qual equivalem, e se declinam como adjetivos de primeira classe (o vocativo singular de   meus,   entretanto, é mi,   como o dos substantivos em -ius).

Pronomes demonstrativos Em latim há três pronomes demonstrativos propriamente ditos, ou seja, pronomes que modificam ou substituem os substantivos indicando a posição do ser a que se referem em relação às pessoas do discurso: hic, haec, hoc; iste, ista, istud  e ille, illa, illud. Hic, haec, hoc (este, esta, isto) indica proximidade da primeira pessoa ou proximidade temporal e local. Ex.:  Hic liber bônus est  (Este livro é bom). Iste, ista, istud   (esse, essa, isso) indica proximidade da segunda pessoa, sendo empregado por vezes com conotação pejorativa. Ex.: Iste uir (Esse

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homem de mau caráter). Ille, illa, illud   (aquele, aquela, aquilo) indica proximidade de uma terceira pessoa ou distanciamento da primeira e/ou da segunda. Ex.:  Illo tempore (naquele tempo, naquele tempo distante). Em hic, haec, hoc  encontramos uma partícula ad verbial de reforço c(e), encontrável também em formas antigas ou enfáticas dos demais pronomes demonstrativos (veja-se, por exemplo, istisce, illiusce) e em advérbios formados a partir de pronomes   (istic, illuc).  A declinação dos demonstrativos a que nos estamos referindo tem de especial o genitivo singular em  -ius (provável combinação de duas desinências de genitivo, um -i   e um antigo *-os) e o dativo singular em -i. Nos demais casos, suas terminações são semelhantes às dos adjetivos de primeira classe, sendo que  hic, haec, hoc conserva a partícula em algumas formas. Esses pronomes, bem como os relativos, interrogativos e indefinidos, não apresentam vocativo:

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 Ao lado desses pronomes, costuma-se classificar como demonstrativo o anafórico  is, ea, id   (este, esta, isto), empregado frequentemente na função de pronome pessoal de terceira pessoa (ele, ela) ou em correlação com o relativo  qui, quae, quod (is qui   = aquele que, quem), bem como seus derivados idem, eadem, idem (o mesmo) e ipse, ipsa, ipsum (o próprio).  Idem e   ipse   apresentam partículas   (-dem e   -pse)  justapostas ao radical. No entanto, ao passo que em idem   a partícula permanece indeclinável em todos os casos, acarretando uma ou outra modificação de ordem fonética nas formas que o pronome assume, em  ipse a partícula foi considerada como parte do pronome. Este passou então a sofrer um tratamento semelhante ao sofrido por iste ou ille. Confrontemos as declinações:

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O pronome is   admite as seguintes variantes: no nominativo plural masculino, ii  e i; no dativo/ablativo plural dos três gêneros, iis e is. Nesses mesmos casos idem admite iidem/idem e iisdem/isdem.

Pronomes relativos e interrogativos Os pronomes relativos introduzem orações ad jetivas que modificam a principal e substituem substantivos nesta expressos; por vezes, modificam tais substantivos, presentes também na subordinada. Por serem nomes, os pronomes relativos, além de exercerem a função de conectivos oracionais, exercem uma função sintática definida na oração que introduzem (sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.). Flexionam-se, portanto, conforme o caso, o gênero e o número em que

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estejam sendo empregados. Se dissermos " O menino que ama a pátria", "que" exerce a função de sujeito; se dissermos, porém, " O menino que eu vi", "que" exerce a função de objeto direto. Em " A menina que eu vi", "que", além de exercer a função de objeto direto, referese a um substantivo feminino; em "As meninas que eu  vi", refere-se a uma palavra feminina e plural. Tudo isso tem de ser levado em consideração na frase latina, pois o pronome relativo, como qualquer nome, tem a sua flexão.  A tradução dos exemplos mencionados mostra-nos o fenômeno: Puer qui patriam amat, Puer quem uidi,  Puella quam uidi, Puellae quas uidi. O pronome concorda em gênero e número com o antecedente, mas tem sua própria função e, portanto, seu próprio caso. Embora haja vários pronomes relativos em latim, tais como qualis (qual), quantus (quanto), quicumque (quem quer que seja),   qualiseumque   (de qualquer natureza que) e outros, o mais frequente e comum é qui, quae, quod  (que). Esse pronome, na origem, deveria ser de tema em -o- no masculino e no neutro e de tema em a- no feminino. Sofreu, entretanto, influência do pronome interrogativo  quis, quae, quid  (quem?, o quê?), inicialmente de tema em -i-. As declinações do relativo e do interrogativo se tornaram muito semelhantes e as

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pequenas diferenças remanescentes podem ser observadas em um confronto:

Como o pronome relativo, o pronome interrogativo concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número.

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 Além de quis, quae, quid, temos ainda como interrogativos os pronomes:   uter, utra, utrum   (qual dos dois?), que se declina como um adjetivo de primeira classe, salvo no genitivo e no dativo singular, quando, como a maior parte dos pronomes, apresenta as terminações -ius e -i; qualis, e (qual?) declinado como adjetivo de segunda classe; quotus, a, um (quanto?) e quantus, a, um (de que tamanho?), que se declinam como adjetivos de primeira classe;   quot   (quanto), que é indeclinável, e outros.

Pronomes indefinidos Os mais frequentes em latim são   quis, quae (ou qua), quid  (alguém), cuja declinação é exatamente igual à do interrogativo, e  aliquis, aliqua, aliquid   (alguém), composto do primeiro. Derivam também de quis os pronomes indefinidos  quispiam, quaepiam, quidpiam ou quippiam   (alguém),   quisquam   (sem feminino), quidquam ou   quicquam   (alguém),   quiuis, quaeuis, quiduis e  quilibet, quaelibet, quidlibet  (qualquer um), quidam, quaedam, quiddam (certo), quisque, quaeque, quidque   (cada). Quando empregados como pronomes adjetivos, temos, nas formas neutras, derivados de quod  em lugar dos de   quid (aliquod, quodpiam, quoduis, quodlibet  etc.).

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Todos esses pronomes são formados com o auxílio de partículas que se mantêm inalteradas nos diversos casos. São ainda indefinidos os pronomes derivados de uter (uterque, utraque, utrumque = cada um dos dois; uteruis, utrauis, utrumuis e uterlibet, utralibet, utrumlibet  = qualquer um dos dois; e neuter, neutra, neutrum = nenhum dos dois), os que significam "outro", aiius, a, ud   (outro, entre diversos) e  alter, a, um  (outro entre dois), o pronome totus, a, um (todo) e os negativos nullus, a, um   (nenhum) e   nemo/nihil   (ninguém/nada). Todos esses pronomes apresentam o genitivo singular em -ius e o dativo singular em -i. Nos demais casos, uter e seus derivados, aiius, alter, totus e nullus, declinam-se como adjetivos de primeira classe. Nemo e nihil   só são declinados no singular. Nemo, empregado como forma ambivalente (masculina e feminina), só apresenta nominativo (nemo), acusativo (neminem) e dativo (nemini); nihil, empregado como forma neutra, só tem nominativo e acusativo (nihil). Nos demais casos são substituídos por nullus, a, um.

5 O sistema verbal latino

O sistema verbal latino se reveste de grande complexidade uma vez que é o verbo, entre todas as categorias de palavras variáveis, a que pode apresentar o maior número de formas dada a pluralidade de tempos, modos, vozes e pessoas. Além disso, existe a questão das formas nominais e a das conjugações. O sistema verbal, entretanto, se mostra bastante racional em sua organização.

Os tempos verbais, os modos pessoais e as formas nominais Os tempos verbais agrupam-se em dois blocos, cada um dos quais indicador de um aspecto do enunciado  verbal: o   infectum   (não feito) e o   perfectum   (feito, realizado).

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 Ao infectum prendem-se os tempos verbais que indicam ações ou procedimentos gerais, não concluídos ou em prosseguimento: o presente, o imperfeito e o futuro do presente. Ao perfectum prendem-se os tempos que indicam ações ou procedimentos concluídos, realizados: o perfeito, o mais-que-perfeito e o futuro perfeito. Os tempos do infectum e do perfectum podem ser conjugados em vários modos pessoais: o presente, no indicativo, no subjuntivo e no imperativo; o imperfeito, no indicativo e no subjuntivo; o futuro, no indicativo e no imperativo; o perfeito, no indicativo e no subjuntivo; o mais-que-perfeito, no indicativo e no subjuntivo; o futuro perfeito, no indicativo. Os tempos do infectum têm o mesmo radical (e o mesmo tema). Os do perfectum, por sua vez, também têm radical comum, distinto do do infectum. Tomemos, por exemplo, o verbo laudare. O radical do infectum é laud-, forma que figura no presente do indicativo, laudo (louvo), no imperfeito do indicativo,   laudabam (louvava), no futuro do presente, laudabo (louvarei), no presente do subjuntivo,  laudem (louve), no imperfeito do subjuntivo,   laudarem   (louvasse), no imperativo presente, lauda (louva), e no imperativo futuro, laudato (louva, louvarás). O radical do   perfectum é   laudau-,  forma encontrada no perfeito do indicativo,   laudaui   (louvei), no

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mais-que-perfeito do indicativo, laudau ram (louvara), no futuro perfeito,   laudau ro (terei louvado), no perfeito do subjuntivo, laudau rim (tenha louvado), e no mais-que-perfeito do subjuntivo,   laudauissem   (tivesse louvado). Embora no radical do perfectum, laudau-, existam elementos aparentemente pertencentes ao radical do in fectum (laud-a-), não se trata de um fenômeno usual e constante. Em alguns verbos, o radical do perfectum apresenta ocorrências fonéticas que não se verificam no do infectum. É o caso do verbo scribere (escrever), por exemplo, que apresenta no   infectum   o radical   scrib(scribo = eu escrevo) e no  perfectum o radical scrips(scripsi  = eu escrevi). No verbo ferre (trazer, levar), muito antigo na língua, os radicais do infectum, fer-, e do perfectum, tul-, têm raízes diferentes.  A par com os radicais do infectum e do perfectum, presentes nos tempos dos modos pessoais, a maioria dos  verbos latinos tem, em algumas das formas nominais, o radical do supino. O supino é um antigo nome verbal em -tu.   Muito utilizado na época arcaica, teve seu uso  bastante reduzido no período clássico, quando apenas dele sobreviveram um acusativo em -um e um ablativo em -u (ex.: laudatum, laudatu). Com o radical do supino (laudat -) forma-se o particípio futuro, laudaturus,

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a, um. O particípio passado, laudat us, a, um, não é derivado do supino mas, coincidentemente, apresenta radical igual ao daquela forma. Há, portanto, três radicais diferentes no verbo latino: o do infectum, o do perfectum e o do supino. Por essa razão, ao enunciar-se um verbo, costuma-se enunciar seus "tempos primitivos", tempos que permitem o conhecimento dos três radicais, ou seja, a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, a primeira pessoa do singular do perfeito do indicativo e o supino.  Ao lado dessas três formas indicam-se também a segunda pessoa do singular do presente do indicativo e o infinitivo presente, a fim de que se reconheça, como  veremos mais adiante, a conjugação a que pertence o  verbo. Essas formas são enunciadas em uma das duas ordens: primeira pessoa do singular do presente do indicativo, segunda pessoa do singular do presente do indicativo, primeira pessoa do singular do perfeito do indicativo, supino, infinitivo presente (ex.: laudo, laudas, laudaui, laudatum, laudare ou   laudo, as, aui, atum, are) ou, então, primeira pessoa do singular do presente do indicativo, segunda pessoa do singular do presente do indicativo, infinitivo presente, primeira pessoa do singular do perfeito do indicativo, supino. Ex.:  laudo, laudas, laudare, laudaui, laudatum ou laudo, as, are, aui, atum.

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Os radicais do   infectum e do   perfectum   estão presentes também em algumas formas nominais que, embora funcionem como nomes (substantivos ou adjetivos), conservam alguma conotação temporal. Têm radical do infectum o infinitivo presente (ativo e passivo), o particípio presente, o gerundivo e o gerúndio; do  per fectum, o infinitivo perfeito ativo.

Vozes verbais Na maior parte dos verbos latinos há voz ativa e passiva. Alguns, todavia, só têm forma ativa. É o caso do  verbo esse (ser, estar, haver), dos verbos uelle (querer), nolle (não querer) e malle (preferir) e de alguns verbos defectivos. Em contraposição há verbos que só são con jugados na voz passiva, embora tendo significação ativa. É o caso de mentiri  (mentir) ou proficisci  (partir). Esses  verbos são chamados depoentes. Há alguns verbos que são conjugados na voz ativa nos tempos do  infectum e na voz passiva nos tempos do perfectum, embora conservando o significado ativo. São chamados semidepoentes, podendo-se citar como exemplos os  verbos solere (costumar) e gaudere (alegrar-se).  A voz passiva, em alguns casos, pode indicar impessoalidade do sujeito (dicitur = fala-se; bibitur =  bebe-se); em outros, quando o sujeito é

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simultaneamente agente e paciente, pode corresponder a uma verda rdadeira voz média, prese resen nte em algumas línguas indo-europeias. Exs.: cingor Exs.: cingor (eu  (eu me cinjo), conicinjo),  coniungor (eu ungor (eu me uno).

Conjugações Os verbos latinos nos cost ostumam ser agrup rupados em quatro conjugações. conjugações. Esse agrupamento agrupamento,, no entanto, entanto, só é realmente válido para os tempos do infectum, do  infectum, nos  nos quais há term termiinaçõ nações es difer iferen ente tes, s, de conj conjug ugaç ação ão para para concon jugação. As terminações dos tempos do perfectum do  perfectum são iguais em todas as conjugações.  A primeira conjugação caracteriza-se pela presença de uma vogal temática  -a-, quase  -a-,  quase sempre longa, justaposta ao radical, nos tempos do infectum do  infectum (apenas  (apenas em algumas circunstâncias, por razões de ordem fonética, a  vogal temática não se faz presente: é o caso da primeira pessoa soa do singular do prese resen nte do indicativo e das formas de presente do subjuntivo).  A segunda conjugação é caracterizada pela presença da vogal temática -e-, temática  -e-, em  em todos os tempos do infectum, do  infectum, e a quarta pela presença da vogal -i-, -i-, em todos os tempos do infectum, do  infectum, salvo  salvo no imperfeito do indicativo. Essas vogais, originalmente longas, podem abreviar-se em alguns casos, por razões de ordem fonética.

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 A terceira conjugação é mais complexa. A vogal - observada nos infinitivos presentes ativos dic ativos  dic re = dice-re (dizer) e-re  (dizer) e fac e  fac re = fac-e-re (fazer) fac-e-re  (fazer) não tem a força das vogais temáticas presentes nas outras conjugações.  Dic re pertence re  pertence a um primeiro grupo de verbos da terceira terceira conjugação, conjugação, que não apresentam apresentam vogal temática temática na primeira pessoa do singular do presente do indicativo (dic-o (dic-o = dico). Fac re pertence re  pertence a um segundo grupo, constituído de verbos formados com o auxílio de um sufixo -i-, -i-, observado na primeira pessoa do singular do presente do indicativo (facio indicativo  (facio = faci-o) e faci-o)  e em muitas das form formas as do   infectum,   o que as torna semelhantes às formas da quarta conjugação.  Além desses dois grupos, há verbos atemáticos na terceira conjugação, como ferre, como  ferre, por  por exemplo, em cujo infinitivo presente ativo o radical se une diretamente ao sufixo modo-temporal -re modo-temporal -re (fer-re = ferre < *fer-se). Há verbos que não se enquadram em nenhuma das conjugações. É o caso de  esse, por  esse,  por exemplo, e de seus comp compos osto toss (abesse =   esta estarr ause ausent nte, e,   ad adesse =   estar presente, interesse presente, interesse = estar = estar entre; posse entre;  posse = poder), = poder), e outros, com paradigma próprio de conjugação.

Conjugação dos modos pessoais nos tempos do infectum do  infectum

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 As formas pessoais, nos tempos do infectum, do  infectum, apresentam em sua constituição os seguintes elementos: um radical significativo, uma vogal temática (ausente ou modificada em alguns casos), um sufixo modo-temporal (ausente no presente do indicativo e no imperativo) e desinências pessoais.  As desinências pessoais indicam as pessoas do discurso. Nos tempos do indicativo e do subjuntivo da voz ativa são as seguintes: -o/-m, seguintes:  -o/-m, -s, -t, -mus, -tis, -nt; nos tempos do indicativo e do subjuntivo da voz passiva são: -r/-r /-or or,, -r -ris is,, -tur -tur,, -m -mur ur,, -m -min ini, i, -ntu -ntur. r.   No impe imperat rativ ivoo presente da voz ativa são: zero são:  zero (segunda  (segunda pessoa do singular) e -te (segunda -te  (segunda pessoa do plural); no futuro são:  zero (segunda  zero  (segunda e terceira pessoas do singular), -te (se-te  (segunda do plural) e -nt  (terceira   (terceira do plural). No imperativo presente da voz passiva são: -re (segunda -re (segunda pessoa do singular), -mini  singular), -mini  (segunda  (segunda do plural); no futuro: zero futuro: zero (se (segunda e terceira pessoas do singular) e -nt(o)r e  -nt(o)r (terceira  (terceira pess pessoa oa do plur plural al — extr extrem emam ameente nte rara rara). ). A segu segund ndaa pessoa do plural não é registrada. Os sufixos modo-temporais são os seguintes: presente do indicativo: ausente; imperfeito do indicativo: -ba-; ivo:  -ba-; futuro  futuro do indicativo:  -bo/bi- (primeira  -bo/bi-  (primeira e segund gundaa conj conjug ugaç açõe ões) s),,   -a/e-   (t (terceira e quarta con jugações); presente do subjuntivo: -e-   (primeira con jugação), -a- (segunda, -a-  (segunda, terceira e quarta conjugações);

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imperfeito do subjuntivo:   -re-   (em todas as conjugações). O imperativo futuro, em lugar de sufixo modo-temporal, apresenta uma partícula adverbial,  -to, que, no caso das formas com desinência de grau zero, se  justapõe à vogal temática (ex.: laudato = lauda-to) e, no caso das formas desinenciadas, se insere entre a vogal temática e a desinência (ex.: laudatote = lauda-to-te) ou se pospõe à desinência (ex.: laudanto = lauda-nt-(t)o). Esse fato pode ser observado nas raras formas encontradas de imperativo futuro passivo: laudator (segunda e terceira pessoas); laudantor (terceira pessoa do plural). Isto posto, podemos apresentar o quadro geral das terminações dos tempos do infectum dos modos pessoais das quatro conjugações latinas:

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 A respeito deste quadro, passamos a fazer algumas observações.  Presente do indicativo ativo   - Na primeira con jugação a primeira pessoa do singular não apresenta o a- temático por ter havido provável contração da vogal com a desinência -o. Daí laudo = laud-o (eu louvo). Os verbos do primeiro grupo da terceira conjugação apresentam alternância vocálica o/e na vogal temática. Na primeira pessoa do singular, na primeira e na terceira do plural, a vogal temática era -o-. Nas demais era -e-. O -e- sofreu evolução, transformando-se em -l -, o que pode ser observado em dicis, dicit e dic tis. Em dic mus,   por analogia com essas formas, o -o-   temático, gerador de um antigo -u- que pode ser observado em formas arcaicas como  quaes mus,   acabou sendo substituído por um -i -: dic mus. Na primeira pessoa do singular, o -o-   temático se contraiu com o desinencial

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(dico), e na terceira pessoa do plural transformou-se em -u(dicunt ). No segundo grupo da terceira conjugação e na quarta, a terceira pessoa do plural em   -iunt  é provavelmente analógica com a do primeiro grupo.  Imperfeito do indicativo ativo — Diante de formas como laud bam e del bam, formadas pela justaposição do radical do presente, da vogal temática, do sufixo modo-temporal -ba- e da desinência, esperaríamos um imperfeito com vogal breve na terceira conjugação e com -i - na quarta. Mas, embora existam formas arcaicas como audibam, generalizou-se no período clássico o imperfeito do indicativo em -ê/iê- na terceira e na quarta conjugações por provável influência da segunda. Temos, então, dicebam, faciebam, audiebam.  Futuro do presente do indicativo ativo — O futuro em -bo/bi-, observado na primeira e na segunda con jugações (laudabo/laudabis, delebo/delebis), é recente e provavelmente analógico com o futuro do verbo esse. Explica-se: como no verbo   esse,   para um imperfeito eram, existe um futuro ero, na primeira e na segunda conjugações foi criado um futuro em  -bo, correspondente a um imperfeito em -bam. O futuro da terceira e da quarta conjugações em a/e   representa a possível transformação de um subjuntivo.

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No período arcaico existiu um futuro em  -so, que acabou caindo em desuso, embora algumas formas como faxo = faciam (eu farei) tenham permanecido até a época clássica.  Presente do subjuntivo ativo — O presente do sub juntivo se caracteriza pelo sufixo   -a-.   Apenas na primeira conjugação emprega-se o sufixo -e-, possivelmente para evitar-se identidade de forma com o presente do indicativo. No período arcaico são atestadas formas de sub juntivo em -i - (equivalentes às observadas em sim e uelim), tais como duim - dem (que eu dê), dixim = dicam (que eu diga), faxim = faciam (que eu faça).  Imperfeito do subjuntivo ativo — É um tempo que não oferece maiores dificuldades. Forma-se com o auxílio de um sufixo -r -, proveniente de um antigo -se (presente em essem), e diferente do sufixo -r   de infinitivo presente ativo. Os verbos do segundo grupo da terceira conjugação em lugar de um -i- sufixal apresentam um - -. Ex.: fac rem.  Imperativo presente e futuro   — O imperativo presente só é empregado na segunda pessoa. Não apresenta sufixo modo-temporal. Não há desinência para a segunda pessoa do singular, e a segunda do plural a apresenta reduzida (-te em lugar de  -tis). Alguns verbos cujo radical termina em velar (como   dic re e   fac re)

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perdem a vogal temática na segunda pessoa do singular. Daí dic e   fac.   O imperativo presente é usualmente empregado em orações afirmativas. Nas negativas costuma ser substituído pelo subjuntivo. O imperativo futuro, utilizado para indicar ordens a serem cumpridas mais tarde, foi muito empregado na época arcaica, mas teve o seu uso bastante reduzido no período clássico.  Formas passivas — Merecem especial atenção as formas que sofrem alteração vocálica em relação às correspondentes na voz ativa. São elas a segunda pessoa do singular do presente do indicativo da terceira con jugação (dic ris/dicis) e do futuro do presente dos verbos de primeira e segunda conjugações (laudab ris/laudabis; deleb ris/ delebis).  Na voz passiva a vogal e se mantém por estar seguida de r; na ativa se transforma em i, sofrendo um processo de fechamento.  A segunda pessoa do singular das formas passivas, ao lado da terminação em -ris, também pode apresentar a terminação -re, freqüentemente empregada em poesia (laudaris/laudare, laudab ris/laudab re etc.).

Conjugação dos modos pessoais nos tempos do perfectum

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Nos tempos do perfectum, como já se disse, não é possível, a rigor, falar em conjugações, já que todas elas têm as mesmas características. Na voz ativa os tempos apresentam um radical geralmente diferente do dos tempos do   infectum, que mantêm o radical do presente. No radical dos tempos do  perfectum, há usualmente elementos que trazem em si uma conotação de perfeito, de ação concluída. Em grande parte dos verbos de primeira e segunda conjugações, alguns dos quais muito recentes na língua, o elemento caracterizador de perfeito é um -u(i), que, ou acrescentado à vogal temática posposta ao radical do presente, ou unido diretamente ao radical, constrói, por assim dizer, o radical do perfectum. Em laudaui  (louvei) e   deleui   (destruí) temos exemplos do primeiro caso (laud-a-ui, del-e-ui ); em debui  (devi) ou  habui  (tive), exemplos do segundo   (deb-ui, hab-ui). Em   laudaui, deleui, debui, habui   observamos os radicais   laudau-, deleu-, debu-, habu-,   figurantes também nos demais tempos do perfectum. Em outros verbos, sobretudo nos da terceira con jugação, o elemento caracterizador do perfeito pode ser um -s(i) posposto ao radical (e determinador, por vezes, de alterações fonéticas), um redobro de fonemas ou um alongamento vocálico com ou sem mudança de timbre.

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Os verbos   clep re   (roubar),   scribère   (escrever), iung re (unir), mitt re (enviar) têm o perfeito em  -si: clepsi, scripsi, iunxi, misi. Em clepsi, o elemento -si  é apenas justaposto ao radical (clep-si ); em scripsi  e iunxi, o s   provoca ensurdecimento da consoante do radical (scrib-si > scripsi, iung-si > iuncsi = iunxi)-, em misi, a consoante é assimilada e, em seguida, simplificada (mitsi > missi > misi). Os verbos   pendere   (pender),   mordere   (morder), tangere   (tocar) apresentam perfeito com redobro:  pependi, momordi  (com manutenção da vogal do radical do presente),   tetigi   (com alteração de timbre  vocálico). Os verbos uidere(ver), linquere (deixar), capere (tomar) apresentam perfeito com alongamento vocálico: u di   (com manutenção de timbre vocálico),  l qui   (com perda da nasal), cepi  (com alteração de timbre). Todos os tempos do   perfectum   apresentam um sufixo característico, -is-, que só se mantém inalterado no mais-que-perfeito do subjuntivo (laudauissem, fecissem).   No perfeito do indicativo, justapondo-se a desinências particulares, sofre alterações e acaba por gerar as pseudodesinências do perfeito do indicativo (i, isti, it, imus, istis, erunt), em algumas das quais se preserva (isti, istis). Nos demais tempos transforma-se em er-   (mais-que-perfeito do indicativo:   laudaueram;

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futuro perfeito:   laudauero;   perfeito do subjuntivo: laudauerim).  A esses sufixos acrescentam-se os sufixos modotemporais propriamente ditos (perfeito do indicativo: ausente; mais-que-perfeito do indicativo: -a-; futuro do perfeito: -o/i-; perfeito do subjuntivo: -i -; mais-que-perfeito do subjuntivo: -se-). Em todos os tempos do perfectum, salvo no perfeito do indicativo, são empregadas as desinências pessoais usuais (o/m, -s, -t, -mus, -tis, -nt).  A voz passiva dos tempos do perfectum é analítica, formada mediante uma perífrase constituída pelo particípio passado do verbo em questão e pelo verbo  esse conjugado nos tempos do infectum que correspondem aos tempos do perfectum que estão sendo conjugados: ao perfeito corresponde o presente do verbo   esse; ao maisqueperfeito, o imperfeito; e, ao futuro perfeito, o futuro do presente. Ex.: amatus, a, um sum (fui amado), amatus, a, um eram (fora amado) etc. Passemos, em seguida, ao quadro das terminações dos tempos do perfectum:

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Sobre os tempos do   perfectum,   na voz ativa, há poucas observações a fazer. A terceira pessoa do plural do perfeito do indicativo admite uma forma reduzida, com a terminação - re   (em lugar de - runt),   usada sobretudo em poesia. Na voz passiva lembramos que o particípio concorda sempre em gênero e número com o sujeito. Exs.: Puer amatus est   (O menino foi amado);  Puella amata est   (A menina foi amada); Turres deletae sunt  (As torres foram destruídas). Empregam-se formas do verbo esse no infectum porque no particípio já existe noção de passado. Em Puer amatus est, temos, a rigor, " O menino é aquele que foi amado". Portanto: " O menino foi amado" . Com o tempo, essa noção enfraqueceu.  As formas sintéticas do infectum da passiva desapareceram e o verbo esse passou a ser usado em perífrase com o particípio em formas de infectum e de perfectum. Quando Júlio César escreve Gallia est omnis diuisa in  partes tres ("Toda a Gália é dividida em três partes" e não "Toda a Gália foi dividida em três partes"), já temos um exemplo de um fato gramatical que um pouco mais tarde viria a generalizar-se.

Formas não pessoais do verbo latino  As formas não pessoais do verbo latino são, como já se disse, as que equivalem a nomes (substantivos ou

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adjetivos), por essa razão também denominadas formas nominais. São elas: o infinitivo, o particípio, o gerundivo, o gerúndio e o supino. O infinitivo é um nome verbal que apresenta flexão de tempo e de voz: presente, perfeito e futuro, nas vozes ativa e passiva. Equivale a um substantivo e pode exercer a função de sujeito, predicativo ou objeto direto. Exs.: Turpe est mentiri  (Mentir é vil); Viuere est cogitare (Viver é pensar); Nolo exire (Não quero sair). Algumas  vezes podemos observar o infinitivo como adjunto ad verbial de fim ou complemento de adjetivo. É muito frequente também, em latim, o uso do infinitivo como  verbo principal de uma oração infinitiva. Ex.:   Legem breuem esse oportet   (É preciso ser breve a lei = é preciso que a lei seja breve). O infinitivo presente, tanto na voz ativa como na passiva, apresenta o radical próprio dos tempos do in fectum. Na voz ativa, os verbos da primeira, segunda e quarta conjugações, bem como os do primeiro grupo da terceira, conservam no infinitivo presente a vogal temática; a ela se anexa o sufixo modo-temporal  -re.  Exs.: laudare, delere, dicere, audire.  Os verbos do segundo grupo da terceira conjugação perdem no infinitivo presente o -i - sufixal do radical, ocorrente no presente do indicativo (facio) e em outros tempos, e apresentam

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em seu lugar a vogal - -. Com isso, o infinitivo presente ativo dos verbos do segundo grupo se torna semelhante ao dos do primeiro. Ex.:   fac re.  O infinitivo presente passivo dos verbos de primeira, segunda e quarta con jugações é formado pela justaposição dos seguintes elementos: radical do   infectum,   vogal temática e sufixo modo-temporal -ri. Exs.: laudari   (ser louvado), deleri  (ser destruído), audiri   (ser ouvido). Os da terceira con jugação são formados pela justaposição de um sufixo modo-temporal, -i, diretamente ao radical, sendo que os do segundo grupo também perdem, nessa forma nominal, o sufixo -i - do radical. Exs.: dici   (ser dito); faci   (ser feito). O infinitivo perfeito ativo, em todas as conjugações, é formado pela justaposição do sufixo modo-temporal isse   ao radical do   perfectum.   Exs.:   a mau isse   (ter amado), deleuisse (ter destruído), fecisse (ter feito). O infinitivo perfeito passivo é perifrástico, formado pelo acusativo do particípio passado combinado com o infinitivo presente de esse. Exs.: amatum, am, um esse (ter sido amado); factum, am, um esse (ter sido feito). O infinitivo futuro é perifrástico em todas as con jugações. Na voz ativa é formado pela combinação do acusativo do particípio futuro com o infinitivo do verbo esse. Exs.:  amaturum, am, um esse  (haver de amar);  facturum, am, um esse   (haver de fazer). O passivo,

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também perifrástico e de uso muito raro, é formado pela combinação do supino e do infinitivo iri, forma impessoal de ire (ir). Ex.: laudatum iri  (haver de ser louvado). Os particípios são adjetivos verbais. O particípio presente, de valor ativo, é formado, na primeira e na segunda conjugações e no primeiro grupo de verbos da terceira conjugação, pelo radical do infectum acrescido da vogal temática e de um sufixo modo-temporal -nt, ao qual se acrescentam as desinências nominais próprias dos adjetivos uniformes de segunda classe (no ablativo singular, entretanto, o particípio presente mantém a desinência -e). Assim formado, o particípio se declina como se fosse um nome, perdendo o t  do sufixo no nominativo/vocativo singular masculino e feminino e no nominativo/vocativo/acusativo singular neutro. Ex.: laudans < *laudants (o que louva). No segundo grupo da terceira conjugação e na quarta o particípio presente é formado pelo radical do presente acrescido da vogal -i- (sufixal ou temática) e de uma vogal -e-  analógica com a dos particípios da segunda conjugação e dos verbos do primeiro grupo da terceira. Exs.: faciens, entis (o que faz); audiens, entis (o que ouve). O particípio passado tem usualmente valor passivo. Nos verbos depoentes, contudo, seu valor é ativo. Tem a configuração de um adjetivo de primeira classe e, no

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período clássico, apresenta o mesmo radical do supino. O conteúdo verbal do particípio passado, como, de resto, pode ocorrer também com o particípio presente, embora com menos freqüência, é demonstrado sobretudo nas orações reduzidas cujo sujeito é diferente do da principal. Essas orações, que funcionam em relação à principal como uma cláusula adverbial, apresentam o sujeito e o particípio no ablativo. É o chamado ablativo absoluto. Ex.: Bello finito, milites redierunt  (Terminada a guerra, os soldados voltaram = com o término da guerra, os soldados voltaram). O particípio futuro se relaciona com os tempos do infectum pelo significado, mas é formado pelo radical do supino acrescido do sufixo -urus, a, um. Ex.: laudaturus, a, um   (o que há de louvar). Como o particípio presente, tem sentido ativo. O gerundivo, que na verdade se comporta como se fosse um particípio futuro passivo, é formado pelo radical do presente acrescido, na primeira e segunda con jugações e nos verbos do primeiro grupo da terceira, da  vogal temática e do sufixo -nd, ao qual se acrescentam as terminações casuais próprias dos adjetivos de primeira classe: laudandus, a, um (o que deve ser louvado); delendus, a, um (o que deve ser destruído). Nos  verbos do segundo grupo da terceira conjugação e nos da quarta, como ocorre com o particípio presente,

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acrescenta-se a vogal e ao -i- sufixal ou temático: faciendus, a, um (o que deve ser feito); audiendus, a, um (o que deve ser ouvido).  Ao gerundivo se prende o gerúndio, forma substantiva, sem valor temporal, destinada a substituir o infinitivo em funções complementares. Forma-se o gerúndio com o radical do presente acrescido da vogal temática (ou da vogal temática seguida de e), do mesmo sufixo -nd- presente no gerundivo e das terminações próprias dos substantivos de tema em -o-: -um, para o acusativo; -i,   para o genitivo; -o,   para o dativo/ablativo. Exs.: laudandum, laudandi, laudando; faciendum, faciendi,  fadendo. O supino tem radical próprio. Às vezes esse radical se identifica com o do   infectum (laud-/laudatum), muito embora, quando se fala em radical de supino, seja comum considerá-lo como um radical que, ao lado do sema propriamente dito, engloba também o sufixo (-tu) formador do supino   (laudat-).   Outras vezes, porém, como acontece principalmente com os verbos da terceira conjugação, o radical sêmico do supino sofre modificações fonéticas e/ou gráficas decorrentes da justaposição do sufixo -tu. Exs.: *leg-tum > lectum; *scribtum > scriptum. Em alguns verbos, também por razões de ordem fonética, em lugar de encontrarmos supino em -tum,   encontramo-lo terminado em   -sum (missum,

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uisum). Em ferre, o supino apresenta a forma latum, o mesmo ocorrendo com seus compostos   (offerre/oblatum, sufferre/sublatum   etc.). Alguns verbos não têm supino. Essa forma nominal não tem valor temporal e é utilizada tanto na formação do infinitivo futuro passivo como para substituir o infinitivo em adjuntos adverbiais de fim (forma acusativa) e como complemento de alguns adjetivos (ablativo). Exs.: Misit milites petitum pacem (Enviou soldados para pedirem a paz);  Mirabile dictu (Admirável de dizer). Passemos ao quadro das formas nominais das quatro conjugações:

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O verbo esse verbo esse O verbo esse verbo esse (sum, es, fui, esse) não esse) não se enquadra em nenhuma das conjugações. Por sua própria significação (ser, estar, haver) e por ser muito antigo na língua, apresenta várias peculiaridades. Nos tempos do infectum do  infectum o  o verbo esse verbo  esse apresenta  apresenta alternância s-/esternância s-/es- no  no radical. Há formas com o radical s-, tais como sum como sum (sou),  (sou), sumus  sumus (somos),  (somos), sim  sim (seja),  (seja), ao lado de outras com o radical es-, radical es-, como  como essem  essem (fosse)  (fosse) ou eram ou eram (era), esta com o radical modificado por rotacismo. Os sufixos modo-temporais do verbo esse verbo  esse são  são especiais, embora correlacionados com os sufixos das con jugações ditas regulares: -aregulares:  -a- no  no imperfeito do indicativo (-ba (bana nass dema demais is conj conjug ugaç açõe ões) s),,   -o/i-   no no futuro do pres presen ente te ((-bo bo// bi-   na na primeira e na segunda con jugações), -se jugações), -se- no  no imperfeito do subjuntivo (-resubjuntivo  (-re- < *-senas demais). O presente do indicativo e o imperativo não apresentam sufixos, e o presente do subjuntivo tem o sufixo arcaico -i  -i -. -. Tais fenômenos fazem com que a conjugação do  verbo esse  verbo  esse se  se apresente de forma particular nos tempos do infectum: do infectum:

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Nos tempos do perfectum do  perfectum não  não há anomalias: todos apresentam o radical furadical fu- e  e se conjugam normalmente. Quanto às formas nominais, o verbo   esse   só apresenta infinitivo presente: esse; presente: esse; perfeito:  perfeito: fuisse;  fuisse; futuro:  futuro:  futurum, am, um esse ou fore; ou  fore; e  e particípio futuro: futurus, a, um. Como o verbo esse verbo esse são  são conjugados os seus compostos:   abesse   (estar (estar ause ausente nte), ),   adesse   (esta (estarr presen presente) te),, deesse  (faltar), inesse  (faltar),  inesse (estar  (estar em),  interesse  (participar de), obesse de),  obesse (opor-se  (opor-se a), praeesse a),  praeesse (comandar)  (comandar) e supere  superesse (sobreviver esse  (sobreviver a). O verbo  posse (poder),  posse  (poder), formado a partir de um prefixo pot-, prefixo  pot-, mantém  mantém o prefixo intacto nas formas em que o verbo  esse apresenta  esse  apresenta o radical de in fectum es-; nas es-;  nas formas em que o radical é s-, o s-,  o prefixo

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sofre um processo de assimilação, transformando-se em  pos-, Ex.: possum (posso) e potes (podes). Os tempos do  perfectum apresentam o radical potu-. Fenômeno mais ou menos semelhante ocorre com o verbo prodesse (ser útil), formado a partir de um prefixo  prod-. O prefixo perde o d  final nas formas do infectum em que o radical de esse é s- (prosum, prosim) e em todas as formas de  perfectum (profui).

Verbos irregulares São considerados verbos irregulares aqueles que, por uma razão especial, não acompanham o paradigma das conjugações. Os mais importantes são os verbos  ferre, uelle, ire e seus compostos. O verbo ferre é um verbo atemático de terceira con jugação. Além de apresentar radicais diferentes, com raízes diferentes, nos tempos do   infectum e do   per fectum e no supino (fer-, tul- e lat-), mostra várias outras anomalias. No presente do indicativo ativo não tem  vogal temática na segunda e na terceira pessoas do singular e na segunda do plural, como se pode observar na conjugação do tempo:   fero, fers, fert, fer mus, fertis,  ferunt. No presente do indicativo passivo não tem vogal temática na segunda e na terceira pessoas do singular:  feror, ferris, fertur, fer mur, ferim ni, feruntur. Nessas

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formas o radical, terminado em r, se une diretamente à desinência por ser aceitável, na língua, o encontro consonantal gerado. Também se nota ausência de vogal temática no imperativo presente (/er, ferté), na segunda e terceira pessoas do singular e na segunda do plural do imperativo futuro   (ferto, ferio, fertote),   na segunda pessoa do singular do imperativo presente passivo (ferre),   em todo o imperfeito do subjuntivo   (ferrem,  ferres   etc.) e no infinitivo presente ativo   (ferre) e passivo (ferri). Como   ferre   conjugam-se seus compostos   afferre (trazer),   offerre   (oferecer),   referre   (trazer de volta, referir) e outros. O verbo uelle (querer) é também um atemático de terceira conjugação. Caracteriza-se tanto por apresentar formas atemáticas, nas quais o radical se une diretamente à desinência, como por ter alternância vocálica no radical (uol-/ uel-), fato relativamente raro em latim, e sufixo modo-temporal arcaico no presente do sub juntivo (-i -). Essas anomalias atestam a antigüidade do  verbo e fazem com que a sua conjugação seja especial nos tempos do infectum e nas formas nominais que têm radical de infectum:

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Como se pode observar, nos tempos do indicativo, com exceção da segunda pessoa do singular, o radical é uol-.   A vogal o   do radical sofre um processo de fechamento, transformando-se em u, quando ao radical se justapõe um t. Daí *uolt > uult\ *uoltis > uultis. A segunda pessoa do singular apresenta um radical particular ui-, derivado possivelmente de um antigo *uei-. No particípio presente, o radical é igualmente uol-. No infinitivo presente, porém, bem como nos tempos do sub juntivo, o radical é uel-, o que demonstra a ocorrência de alternância vocálica.  A terceira pessoa do singular e a segunda e a terceira do plural do presente do indicativo não têm vogal

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temática: o radical se une diretamente à desinência. Também não existe vogal temática no futuro do presente (fato normal nos verbos do primeiro grupo da terceira conjugação), no presente do subjuntivo (o que ocorre com os verbos que têm subjuntivo em -i -), no imperfeito do subjuntivo e no infinitivo presente. No caso do imperfeito do subjuntivo o radical uel- justaposto ao sufixo modo-temporal -se- provocou um fenômeno de assimilação progressiva: *uel-se-m > uellem; uel-se-s > uelles etc. Fenômeno semelhante ocorreu com o infinitivo presente: *uel-se > uelle. O verbo não apresenta imperativo, em virtude de seu próprio significado (querer), faltando-lhe também o gerúndio, o supino e a voz passiva. Os tempos do  perfectum   conjugam-se normalmente, tendo o radical uolu-. Derivam de   uelle   os verbos   nolle   (não querer) e malle (preferir), que representam a contração de non uelle e magis uelle. O verbo nolle se caracteriza por apresentar, no presente do indicativo, formas contraídas ao lado de formas analíticas: nolo, non uis, non uult, nol  mus, non uultis, nolunt.   Nos outros tempos do in fectum só apresenta formas contraídas, constituídas de um radical nol- e de sufixos modo-temporais e desinências idênticos aos de uelle. Nos tempos do perfectum as formas são igualmente contraídas, apresentando o

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radical   nolu-.   Contrariamente ao que acontece com uelle, nolle possui imperativo presente (noli, nol te) e futuro (nol to, nolitote). Malle não tem formas analíticas. No presente do indicativo, a contração de magis com as formas de uelle, por razões de ordem fonética, se processa de maneira aparentemente irregular. Temos, como resultado:   maio, mauis, mauult, mal mus, mauultis, malunt. Nos demais tempos do infectum e do perfectum o verbo se conjuga como uelle, substituindo-se os radicais uol- e uel- por mal-, e uolu- por malu-. Como ferre e uelle, o verbo ire (ir) também foi, na origem, um verbo atemático, de radical unido diretamente à desinência ou ao sufixo modo-temporal. No período clássico, o verbo apresentava, nos tempos do in fectum,   dois radicais diferentes: e-   (ocorrente em eo, eam, eunt) e i- (ocorrente em is, ibam, irem). Na verdade, ambos os radicais são provenientes de um antigo *ei-, que perdeu o i   diante de vogal e sofreu contração diante de consoante. Daí termos no presente do indicativo as formas   eo, is, it, imus, itis, eunt   (esta última analógica com os verbos de quarta conjugação). No presente do subjuntivo, como o sufixo é vocálico (-a-), o radical é e- (eam, eas, eat, eamus, eatis, eant)\ no imperfeito do indicativo e do subjuntivo, como os sufixos são iniciados por consoante (-ba- e -re-, o primeiro arcaico), o radical é  i- (ibam, ibas, ibat, ibamus, ibatis,

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ibant e irem, ires, iret, iremus, iretis, irent).  No futuro do presente, o sufixo modo-temporal utilizado é  -bo-/bi e não -a-/-e- (ibo, ibis, ibit, ib mus, ib tis, ibunt). Nas demais formas que apresentam radical de infectum, os procedimentos são coerentes. No imperativo presente emprega-se o radical i- (i, ite) e no futuro ambos os radicais (ito, ito, itote, eunto); no infinitivo presente o radical é i- (ire) e no particípio presente é e- (euns, euntis). Os tempos do perfectum são formados, indiferentemente, com o radical iu- (iui, iu ram, iuissem) ou com o radical contraído i- (ii, i ram, iissem). As formas derivadas do supino apresentam o radical it-. Conjugam-se como ire os verbos abire (afastar-se), exire (sair), redire (voltar), interire (morrer). Entre os verbos irregulares cumpre lembrar o caso especial do verbo  ed re  (comer) (edo, edis ou es, edi, esum, edere ou esse). Embora possa ser conjugado como um verbo regular, algumas de suas formas podem ser substituídas por formas semelhantes às de   esse  (ser): edis e es (segunda pessoa do singular do presente do indicativo);   edit  e est   (terceira pessoa do singular do presente do indicativo); editis e estis (segunda pessoa do plural do presente do indicativo); ederem, ederes etc. e essem, esses etc. (imperfeito do subjuntivo); ede, edite e es, este (imperativo); edere e esse (infinitivo presente).

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Verbos defectivos Muitos verbos latinos não têm supino nem as formas dele derivadas; outros não têm os tempos do  perfectum,   outros, ainda, carecem de outras formas comuns. Coepisse (começar) só tem os tempos do per fectum, meminisse  (lembrar-se) e   odisse   (odiar) tam bém só apresentam os tempos do perfectum, mas estes equivalem aos tempos correspondentes do infectum. Os verbos que indicam fenômenos naturais só são empregados na terceira pessoa do singular e no infinitivo. É o caso de   pluit   (chove),   tonat   (troveja),  ningit  (neva) e outros. Só são também empregados na terceira pessoa do singular os verbos impessoais que indicam conveniência, evidência e eventualidade, tais como constat   (consta), patet   (é evidente), decet   (é conveniente), libet  e iuuat   (é agradável), licet   (é permitido), interest  (importa), oportet  (convém) e alguns outros, e os verbos que, não tendo sujeito, são construídos com acusativo, indicando esse acusativo a pessoa que experimenta o sentimento. Exs.:   me miseret   (tenho compaixão), me  paenitet   (arrependo-me),   me pudet   (envergonho-me), me taedet  (entedio-me).

Alguns empregos dos modos verbais pessoais

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Os modos verbais pessoais têm conotações e atribuições precisas. O indicativo é o modo das ações reais. É empregado em orações independentes — afirmativas, negativas e interrogativas — tais como Cynthia me cepit   (Cíntia me conquistou), Dolor non est summum malum (A dor não é o mal supremo), Quid tibi uisl   (Que desejas para ti?), em coordenadas, como Tu uiuere uis, ille mori mauult  (Tu queres viver, ele prefere morrer), e em subordinadas, desde que enunciem alguma coisa como certa. Nessas circunstâncias pode-se encontrar o indicativo em subordinadas causais ( Frustra uera dico, quoniam non uis credere   = Digo verdades em vão se não queres acreditar), conformativas  (Haec, ut exposui, ita gesta sunt  = Estas coisas, como eu disse, assim aconteceram), temporais   (Cum Cicero in Senatum uenit, Catilina tacuit =   Quando Cícero chegou ao Senado, Catilina calou-se), condicionais   (Si sapis, oblatas ne desere messis   = Se ages com sabedoria, não desprezes as messes oferecidas), concessivas   (Etsi aliqua culpa tenemur, a scelere certe liberati sumus =  Embora se jamos considerados com alguma culpa, certamente fomos absolvidos do crime) e em algumas completivas (Accedebat quod caecus erat = Acrescia que era cego) e adjetivas (Iste quod est, ego saepe fui  = O que ele é eu o

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fui muitas vezes). Em todos esses casos, as subordinadas expressam ações reais. O subjuntivo, contrariamente, é o modo das ações irreais, potenciais ou eventuais. Embora seja, por excelência, o modo das subordinadas, encontramo-lo em orações independentes exortativas (Viuamus, mea Lesbia, et amemus - Vivamos, minha Lésbia, e amemos), optativas — quer expressem desejos possíveis (Valeant  ciues mei   = Que meus concidadãos passem bem), quer impossíveis (Utinam natus non essem = Oxalá eu não tivesse nascido) —, proibitivas (Ne fec ris = Não faças) e dubitativas ( Eloquar an sileaml =   Deveria falar ou calar-me?). Nos períodos compostos por subordinação encontramos o subjuntivo em subordinadas finais (Cura ut ualeas = Cuida para que tenhas saúde) e consecutivas (Ceteros seruaui ut ego perirem = De tal modo salvei os outros que causei minha própria ruína), bem como em causais, conformativas, temporais, condicionais e concessivas que enunciem ações como não reais. Encontramos também o subjuntivo em interrogativas indiretas, em geral ( Rogo te quid faciat   = Pergunto-te o que ele faz), em grande parte das completivas (Dic ei ut  ueniat   = Diga-lhe que venha) e nas adjetivas introduzidas por pronomes relativos, que sugiram idéia de possibilidade, indeterminação, intenção, consequência.

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O imperativo, finalmente, é o modo que expressa ordem, pedido ou súplica. Exs.: Abi ! (Sai!); Cum perueneris, scribito (Quando chegares, escreve); Miserere nostri  (Tem piedade de nós).

6 As palavras

invariáveis em latim

São palavras invariáveis as que não admitem flexão, ou seja, os advérbios, as partículas, as preposições, as conjunções e as interjeições.

Advérbios São palavras que se justapõem aos verbos e por  vezes aos nomes para negar-lhes o sentido, imprimirlhes um tom dubitativo ou optativo, intensificá-los, bem como para indicar circunstâncias de tempo, lugar e modo ou para propor interrogações sobre tais circunstâncias.  Alguns advérbios latinos podem ser considerados como palavras primitivas, independentes. É o caso dos advérbios de afirmação sic e ita   (assim), também

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empregados como advérbios de modo, dos de negação non, ne e haud  (não), de alguns advérbios de tempo, como   ante   (antes),   post   (depois),   nunc   (agora),   olim (um dia, outrora),   eras   (amanhã),   saepe   (frequentemente), ou de lugar, como ultra (além), supra (acima), infra (abaixo), circa (em torno de), prope (perto) — alguns dos quais usualmente empregados como preposições. Grande parte dos advérbios de lugar, porém, bem como de tempo e modo, é formada a partir de radicais nominais, aos quais se juntam sufixos especiais, ou de duas ou mais palavras (variáveis ou invariáveis) justapostas ou aglutinadas. Alguns advérbios de lugar são formados com radicais de pronomes demonstrativos, mediante o acréscimo de uma partícula. É o caso de  hic (aqui), cuja partícula se incorpora ao próprio pronome, de istic (aí) e de illic (ali). Outros equivalem ao ablativo de um pronome. É o caso de alio (para outro lugar) e de quo (para onde). Outros, ainda, apresentam radical de adjetivo e terminação equivalente ao que seria uma desinência nominal de palavras sem vogal temática. É o que se verifica em longe e late (longe). Entre os advérbios de tempo, alguns são formados com radicais de substantivos, como diu   (por muito tempo), noctu (de noite), ou de adjetivos, como súbito (subitamente); outros, pela justaposição de prefixos a

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advérbios de lugar, como adhuc (até agora) e abhinc (a partir de agora), de advérbios a pronomes, como postea (em seguida), de advérbios a substantivos, como quotannis (todos os anos), e pela aglutinação de pronomes a substantivos, como hodie < hoc die (hoje). Os advérbios de modo, em sua grande maioria, são formados por meio de radicais de adjetivos aos quais se anexa um elemento de valor sufixal, tal como   -um, presente em uerum (verdadeiramente) — na realidade uma terminação de acusativo singular neutro —, -o ou e,   ocorrentes em   falso   (falsamente) ou   docte   (sabiamente) — terminações de ablativo singular. São sufixos formadores de advérbios de modo -ter, -iter, -itus/-ito, im. Exs.: uehementer (veementemente), fortiter (fortemente), funditus (desde as fundações), fortuito (fortuitamente), partim (em parte). Muitos advérbios de modo admitem comparativo e superlativo. O comparativo de superioridade é construído com o sufixo -ius: fortius (mais fortemente); os de igualdade e inferioridade, por meio dos advérbios tam e minus, que passam a formar perífrase com o ad vérbio em questão: tam forte (tão fortemente), minus  forte (menos fortemente). O superlativo de superioridade dos advérbios é construído com os sufixos -issime/lime — é o caso de fortissime (muito fortemente) e facillime (muito facilmente); o de inferioridade, por meio de

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perífrase formada com o auxílio do advérbio  minime: minime facile (o menos facilmente). Os advérbios de quantidade ou intensidade,  magis (mais), minus (menos), multum (muito), nimis (excessivamente), paulo (pouco), satis (suficientemente), podem modificar verbos ou adjetivos. Exs.:  Multum legebas   (Lias muito);   Multo meliorem sortem meruisses (Merecerias uma sorte muito melhor). Vez por outra encontramos advérbios modificando substantivos que, nessas circunstâncias, costumam estar no genitivo (partitivo):   Adulescentiae est minus prudentiae; senectuti  minus fidueiae (Para a juventude há menos prudência, para a velhice menos confiança = Os jovens têm menos prudência; os velhos, menos confiança). Os advérbios de negação e afirmação também podem modificar verbos ( Non inuideo = Não tenho inveja) e adjetivos ( Haud iniustus mihi uideor = Considero-me não injusto). Ocasionalmente encontramos advérbios de negação modificando substantivos. Os advérbios interrogativos, muito frequentes em latim, são palavras que figuram em orações interrogativas para propor questões referentes a circunstâncias de tempo, lugar, modo, causa, quantidade. Os mais comuns são:   ubi?    (onde?),   unde?    (de onde?),   quando? (quando?), quandiu?   (por quanto tempo?), quomodo? 

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(como?), quid?   (por quê?), cur?   (por quê?), quin?   (por que não?), quantum?  (quanto?).

Partículas interrogativas São palavras invariáveis utilizadas nas orações interrogativas quando nestas não existem advérbios ou pronomes interrogativos. Servem para caracterizar a interrogação e podem ser traduzidas por "acaso", "porventura" ou simplesmente deixar de ser traduzidas. São elas: ne, partícula enclítica, num, utilizada quando se espera uma resposta negativa, e nonne, utilizada quando se espera uma resposta afirmativa. Exs.: Legistine epistulam quam tibi scripsi ? (Leste a carta que te escrevi?);  Num diligis improbos? (Amas os maus?); Nonne omnes uitia uitare debemus? (Devemos evitar os vícios?).

Preposições São palavras invariáveis que regem substantivos, palavras substantivadas ou pronomes, estabelecendo uma relação de dependência entre estes e outros elementos da oração.  Algumas preposições exigem que a palavra regida seja empregada no acusativo: ad  (para), aduersus (contra), ante (perante), apud   (junto a),  circa/circum (ao

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redor de), contra (contra), erga (para com), extra (fora de), infra (abaixo de), inter (entre), intra (dentro de), iuxta (perto de), ob (por causa de), per (através de, por meio de),  post   (depois de),  prope  (perto de),  propter (por causa de), trans (além de). Outras exigem que a palavra regida seja empregada no ablativo:   a/ab/abs (por), coram (diante de), cum (com), de (a respeito de), e/ex   (fora de), prae (por causa de), pro (em favor de), sine   (sem). Algumas dessas preposições podem ser empregadas como advérbios.  As preposições in (em), sub (sob) e super (sobre) podem reger acusativo ou ablativo. Regem acusativo quando o verbo da oração indica movimento   (Eo in  Italiam = Vou à Itália) e ablativo quando indica estabilidade (Sum in Italia = Estou na Itália). Os substantivos causa e gratia, empregados no ablativo, equivalem a preposições ("por causa de " e "por favor de") que regem genitivo. Ex.:  causa laboris (por causa do trabalho).

Conjunções São palavras invariáveis que conectam palavras ou orações. Podem ser coordenativas, quando simplesmente ligam duas palavras ou orações, sem estabelecer entre elas relações de dependência, ou subordinativas,

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quando, ligando uma oração a outra, estabelecem entre elas um vínculo de subordinação. A oração subordinada, além de depender da outra (principal), funciona em relação a esta como cláusula adverbial ou substantiva. Entre as conjunções coordenativas mais frequentes temos as aditivas et, atque, ac (e), neque, nec (nem), as alternativas aut, uel, -ue (ou), as adversativas sed  (mas), tamen (entretanto) e as conclusivas nam (pois), enim, etenim (portanto), idcirco, quamobrem (por isso). Entre as subordinativas temos as finais   ut, quo (para que), ne (para que não), as consecutivas ut, ita ut  (de tal forma que), ut non, quin (de tal forma que não), as temporais   ubi, cum, quando   (quando), dum   (enquanto),   donec, quoad   (até que),   postquam   (depois que),   antequam   (antes que), as causais   quod, quia (porque), cum, quoniam (pois que), ut   (visto que), as comparativas   quam   (que), ut   (como),   sicut   (assim como), as concessivas   quanquam, etsi, etiamsi, quamuis (embora, ainda que), as condicionais si   (se), nisi   (a não ser que),   siue   (ou se),   modo, dummodo (contanto que) e as integrantes ut   (que),   ne, quin, quominus (que ... não), quod  (o fato de que). Como se pode observar, muitas conjunções desempenham papéis múltiplos, assumindo, conforme o caso, significações e atribuições diferentes.

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Interjeições  As interjeições são palavras equivalentes, em muitos casos, a expressões inarticuladas que exprimem sentimentos ou sensações.  Algumas são monossilábicas e não se revestem de conteúdo significativo, podendo assumir conotações diferentes conforme a inflexão da voz ou as circunstâncias em que sejam pronunciadas. É o caso de ah!, a!, o!, interjeições que servem para expressar dor, espanto, alegria, surpresa. Outras, entretanto, apresentam-se sob a forma de palavras possuidoras de conteúdo significativo original, transmudadas em interjeições. É o caso de  age, agite (anda!), macte (vamos!), uale, ualete (adeus), formas de imperativos verbais, e de  hercules!, castor!, pollux! e suas variantes   hercle, mehercle, mehercule, ecastor, mecastor, edepol  (por Hércules, por Cástor, por Pólux), interjeições exclamativas formadas a partir de substantivos próprios puros ou modificados.

7 Observações finais

 A explanação que acabamos de fazer teve por objetivo oferecer uma visão do funcionamento da língua latina enquanto sistema morfológico. As dimensões do texto não permitiram que nos aprofundássemos nas questões sintáticas. Falamos de funções e casos. Os casos nominais são objeto de estudo morfológico por serem caracterizados por morfemas específicos. Existe, entretanto, uma complexa sintaxe de casos que faz a abordagem das múltiplas atribuições de cada caso. Falamos rapidamente de tempos e modos verbais e de seus empregos mais comuns. Não nos detivemos, contudo, no exame dos usos particulares dessas formas nem na apresentação dos inúmeros matizes que as orações podem ter. E há, ainda, as questões referentes à regência, à concordância

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e à colocação. É um amplo campo que se tem pela frente, do qual se construiu apenas um primeiro esboço. Os que se interessarem pela língua e pretenderem enfrentar as surpresas dos textos devem, forçosamente, procurar aprofundar-se nessas áreas. É necessário que se complementem as primeiras noções gramaticais com um estudo mais amplo que acrescente, além de novos conhecimentos referentes à morfologia e à sintaxe, informações mais completas sobre o léxico da língua e a estilística.

8 Vocabulário crítico

 Adjetivo de primeira classe: é o adjetivo que apresenta três formas (masculino, feminino e neutro), declinando-se como os substantivos de primeira e segunda declinações.  Adjetivo de segunda classe: é o que se declina como os substantivos de terceira declinação, podendo apresentar três, duas ou uma única forma, no nominativo singular, para os três gêneros gramaticais.  Apócope: supressão de um ou mais fonemas no fim de uma palavra.  Braquia: sinal diacrítico ( ˘ ) empregado para indicar a  vogal breve. Contração: fusão de duas ou mais vogais.  Declinação: conjunto de formas assumidas por um mesmo nome; cada um dos cinco paradigmas

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nominais, determinados pela vogal temática existente (ou não) no nome.  Desinência: morfema que se apõe ao nome ou ao verbo e que serve para indicar o número e o caso dos nomes, e por vezes o gênero, a pessoa e a voz dos  verbos.  Dual : antiga categoria de gênero, indicadora do par ou dupla.  Epêntese (epentético): acréscimo de um ou mais fonemas no interior de uma palavra. Gerundivo: adjetivo verbal que exerce funções de um particípio futuro passivo com conotação de obrigatoriedade. Grau zero: ausência de morfema usualmente ocorrente em circunstâncias semelhantes.  Infectum: sob o nome de "tempos do infectum" designam-se os tempos verbais que apresentam o mesmo tema (tema do infectum) e o mesmo radical, correspondendo tais tempos ao enunciado de ações não realizadas em sua plenitude, ações em continuidade ou com certa duração temporal. São eles o presente, o imperfeito e o futuro do presente.  Macro: sinal diacrítico (-) empregado para indicar a  vogal longa.  Perfectum: sob o nome de "tempos do perfectum" designam-se os tempos verbais que apresentam o

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mesmo radical, opondo-se aos tempos do infectum por enunciarem ações completamente realizadas. São eles o perfeito, o mais-que-perfeito e o futuro perfeito.  Pluralia tantum: são os substantivos que só apresentam forma de plural. Quantidade silábica: propriedade apresentada pelas sílabas, em virtude da qual elas podem apresentar-se como longas ou breves, dependendo da vogal ou do encontro vocálico que possuem. Quantidade vocálica: propriedade apresentada pelas  vogais, em virtude da qual elas podem ser longas (tendo a duração de dois tempos) ou breves (tendo a duração de um tempo).  Síncope: supressão de um ou mais fonemas no meio de uma palavra.  Supino: antigo substantivo verbal latino, empregado no período histórico para substituir o infinitivo em funções específicas. vogal temática: vogal justaposta a um radical nominal ou verbal que faz com que os nomes ou verbos de um mesmo grupo, definido pela vogal, tenham tratamento morfológico semelhante.

9 Bibliografia comentada

C ART, A. et alii. Gramática latina. Trad. de M. Evangelina N. Soeiro. São Paulo, T. A. Queiroz/Edusp, 1986. Gramática elaborada com grande preocupação didática. Simples, concisa e clara, destina-se a principiantes, apresentando nas páginas pares as noções  básicas da língua e nas ímpares informações complementares. Chama-se a atenção para aspectos gramaticais particulares e excepcionais. A abordagem da morfologia e da sintaxe é feita de forma sistemática. Os exemplos são abundantes e a utilização de duas cores, em toda a parte gráfica, é valiosa para ressaltar a importância de alguns fenômenos lingüísticos e para garantir melhor fixação das informações. COLLART, J. Grammaire du latin. Paris, PUF, 1966. Obra séria e erudita, destina-se a leitores que já tenham algum conhecimento do latim. Embora sintética,

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revela profundidade. A análise dos fenômenos gramaticais parte de uma visão histórico-comparativa. Dividida em três partes ("Elementos da palavra escrita e falada", "Morfologia" e "Sintaxe"), ocupa-se principalmente da sintaxe. Os fatos morfológicos são apresentados de forma panorâmica. COUSIN, J. Evolution et structure de la langue latine. Paris, Les Belles Lettres, 1944. Estudo da evolução da língua latina, da época arcaica ao cristianismo. Faz-se um confronto entre o latim e línguas indo-europeias, mediterrâneas, em geral, e itálicas e analisam-se aspectos da evolução fonética, morfológica e sintática do idioma. ERNOUT, A. Morphologie historique du latin. 3. ed. rev. e corr. Paris, Klincksieck, 1953. Texto básico para todos aqueles que desejam conhecer a formação histórica da morfologia latina. Escrito com simplicidade e lucidez, o livro se divide em duas partes, nas quais são apresentados, com abundante exemplificação, os fatos fundamentais que caracterizam a declinação latina e o sistema verbal da língua.  ____ & THOMAS, F. Syntaxe latine. Paris, Klincksieck, 1953. A partir de um estudo profundo e minucioso de textos, os autores procuram detectar as construções correntes em latim, explicando-as e precisando as noções de linguagem literária, familiar e vulgar. O

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livro é dividido em três partes, nas quais são analisados os casos e as preposições, a frase simples e seus elementos, e a subordinação e a coordenação. A exposição é metódica e a exemplificação, abundante. O livro é enriquecido com índices de exemplos (autores e obras citadas), analítico (ocorrências sintáticas) e de palavras (principais empregos). F ARIA , E. Fonétiea histórica do latim. Rio de Janeiro, Livraria Acadêmica, 1955. Estudo exaustivo da evolução dos fonemas latinos, precedido de longa "Introdução", na qual é traçado um esboço panorâmico da história da língua, e seguido de explanação sobre os principais metaplasmos.  ____. Gramática superior da língua latina. Rio de Janeiro, Livraria Acadêmica, 1958. Obra objetiva cuja finalidade é oferecer aos estudiosos uma ampla explanação sobre os fenômenos linguísticos. Dividido nas três partes convencionais (fonétiea, morfologia e sintaxe), o livro apresenta a teoria gramatical de forma bastante clara. A exemplificação é rica, sempre acompanhada da referência literária e seguida de tradução. GREINER , E. & BILLORET, R. Grammaire du latin. Paris, Hachette, 1952. É um estudo bastante metódico da sintaxe latina (emprego dos casos nominais, das categorias invariáveis, do verbo e da frase), a partir de

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comparações com a gramática francesa. Destina-se a leitores que já possuam conhecimentos da língua e desejem complementá-los. MEILLET, A. Esquisse d'une histoire de la langue latine. Paris, Hachette, 1928. É uma tentativa de demonstração de como os fenômenos históricos determinaram o desenvolvimento da língua latina. Há importantes observações sobre a formação do vocabulário latino, a estrutura gramatical da língua, a helenização, as mudanças operadas na época imperial e o papel desempenhado pela escrita na fixação das formas. MONTEIL, P. Éléments de phonétique et de morphologie du latin. Paris, Nathan, 1974. Embora simples e claro, o manual exige do leitor conhecimentos de língua latina e de linguística pela proposta que desenvolve: fazer uma abordagem científica da língua, partindo de pressupostos saussurianos. A visão da língua, entretanto, é diacrônica.

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