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PROJECTO:
O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO NA PROMOÇÃO DA MOBILIDADE DA PESSOA IDOSA Elaborado por: Enf.ra Celina Dias
Funchal 2007-2008
REGIÃO REGIÃO AUTÓNOMA AUTÓNOMA DADA MADEIRA MADEIRA
REPÚBLICA PORTUGUESA
UNIÃO EUROPEIA FSE
2º CURSO DE PÓS-LICENCIATURA DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO
PROJECTO:
O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA EM REABILITAÇÃO NA PROMOÇÃO DA MOBILIDADE NA PESSOA IDOSA Elaborado por: Enf.ra Celina Dias
Elaborado no âmbito do Ensino Clínico III – Enfermagem de Reabilitação Opcional Orientado por: Enf.ra Mireya Fernandes e Enf.ra Elisabete Reynolds Coordenado por: Prof.ra Otília Freitas
-Funchal 1-
2007-2008
“ Há uma idade na vida em que os
anos passam demasiado depressa e os dias são uma eternidade” Virginia Wolf
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SUMÁRIO 0.INTRODUÇÃO.................................................................................................................. - 4 1.PROJECTO DE AUTO-FORMAÇÃO.......................................................................... - 5 1.1 Contextualização ................................................................................................................... - 5 1.2 Objectivos ................................................................................................................................ - 8 1.3 Revisão de literatura .............................................................................................................. - 8 1.4 Quadro conceptual ............................................................................................................. - 11 1.4.1 O processo de envelhecimento ....................................................................................- 11 1.4.1.1 Teorias do envelhecimento..........................................................................................- 12 1.4.1.2 Envelhecimento físico, sócio-afectivo e psicológico ...........................................- 13 1.4.1.3 Mobilidade na pessoa idosa .......................................................................................- 17 1.4.3 Actividade física na pessoa idosa.................................................................................- 23 1.4.3.1 Benefícios da Actividade física na pessoa idosa ..................................................- 24 1.4.3.2 Programação da actividade física para a pessoa idosa ...................................- 25 1.4.3.2.1 Prescrição de actividade física ...............................................................................- 26 Parte principal.................................................................................................................... - 27 - 1.4.3.2.2 Avaliação para a actividade física .......................................................................- 30 1.4.4 Papel da Enfermeira Especialista de Reabilitação e a Recuperação da .......- 31 pessoa idosa ..................................................................................................................................- 31 1.4.4.1 Fases da Reabilitação Geriátrica e a actuação da Enfermeira Especialista de Reabilitação .......................................................................................- 32 1.4.4.2 Problemas frequentes na Reabilitação da pessoa idosa e a actuação da Enfermeira Especialista de Reabilitação ...........................................................- 33 1.4.5 Papel da Enfermeira Especialista de Reabilitação e a promoção da mobilidade da pessoa idosa .........................................................................................- 34 1.4.5.1 Avaliação de Enfermagem de Reabilitação da mobilidade da pessoa idosa ....................................................................................................................................- 35 1.4.5.2 Formulação de diagnósticos de Enfermagem de Reabilitação relativamente à mobilidade da pessoa idosa .......................................................- 37 1.4.5.3 Planeamento de cuidados de Enfermagem de Reabilitação relativamente à mobilidade da pessoa idosa .......................................................- 38 1.4.5.4 Avaliação de cuidados de Enfermagem de Reabilitação relativamente à mobilidade da pessoa idosa .....................................................- 43 1.5 Selecção e organização de meios e estratégias .......................................................... - 44 1.6 Descrição da execução das actividades ....................................................................... - 46 1.7. Cronograma e programa de actividade física ………………………………………….-471.8 Implementação do projecto e resultados obtidos ........................................................ - 47 -
2. CONCLUSÃO ................................................................................................................. - 67 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. - 68 -
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INTRODUÇÃO Integrado no 2º curso de pós-licenciatura de especialização em enfermagem de reabilitação, o projecto que apresento inscreve-se no âmbito da disciplina de Orientação e Desenvolvimento de projecto I e tem como objectivo a aquisição de competências teórico-práticas numa área de intervenção da enfermagem de reabilitação. O actual projecto tem como tema “O papel do Enfermeiro Especialista de Reabilitação na promoção da mobilidade da pessoa idosa” e a sua execução ocorrerá durante o ensino clínico III, (Enfermagem de Reabilitação opcional), do curso supracitado, o qual acontecerá entre 25 Fevereiro e 14 Março de 2008, no Centro de saúde do Caniço, concelho de Santa Cruz. A preparação das actividades integradas no projecto decorre desde Maio de 2007, como se constata no cronograma exposto adiante. De seguida apresento, no capítulo projecto de auto-formação o trabalho de projecto. Na contextualização, justifico a opção do tema do projecto face ao meu percurso profissional, pertinência mediante a sociedade vigente a caracterização da população idosa do Caniço e ainda a importância para a enfermagem de reabilitação do projecto. Exponho também no referido capítulo os objectivos pretendo atingir. No quadro conceptual, faço uma abordagem dos conceitos que são relevantes para compreender o âmbito do projecto nomeadamente o processo de envelhecimento, a mobilidade/actividade física no idoso e o papel do enfermeiro de reabilitação na promoção da mobilidade do idoso. No capítulo, selecção e organização de meios e estratégias exponho as actividades e intervenções que levarei a cabo para executar o projecto, bem como os objectivos específicos de cada uma delas, estando no cronograma patente o tempo em que as mesmas acontecerão. Na descrição da implementação das actividades relatarei a concretização das intervenções planeadas. O desenvolvimento ou implementação do projecto será apresentado através da metodologia de portfolio, ao longo do qual farei através de uma reflexão crítica, uma avaliação de como decorreu o projecto implementado, quais os resultados, os benefícios e os obstáculos encontrados.
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1.PROJECTO DE AUTO-FORMAÇÃO Falar de projecto tornou-se hoje um discurso privilegiado em vários domínios. Fernandes (1998), defende que vivemos numa civilização de projectos. No intuito de inovar e de fazer frente às exigências futuras, o campo profissional e as organizações são locais de emergência para a realização de projectos. A enfermagem não é excepção e por isso tanto a nível organizacional, como a nível da avaliação de desempenho e da formação é solicitada a elaboração de projectos como metodologia de crescimento profissional, e de aprendizagem. Um projecto como nos diz Lhotellier (1986) é uma intenção desencadeada por uma motivação, de realizar uma obra, um trabalho, uma acção, animada por uma implicação contínua, afirmada por uma orientação de valor. Do projecto fazem parte etapas metodológicas, que são de acordo com Fernandes (1998), o diagnóstico da situação, a determinação de prioridades, a definição de objectivos, a selecção e organização de meios e estratégias, a execução e a avaliação, as quais encontram-se descritas no presente documento.
1.1 Contextualização Nos últimos séculos tem-se assistido a mudanças demográficas e sociais em todo o mundo, que determinaram uma sociedade maioritariamente envelhecida, inactiva e dependente. Actualmente, uma em cada dez pessoas está com idade superior a 60 anos e estima-se que em 2050 essa relação seja de uma para cada cinco pessoas, sendo as mulheres em maior número. Mundialmente, no final do século XX, houve um aumento da esperança de vida em vinte anos com uma média de vida de 66 anos, referem Rebelatto e Moretti (2004), para tal contribuíram factores como um maior acesso aos sistemas de saúde, os avanços científicos que proporcionaram diagnósticos e tratamentos cada vez mais precoces, a prevenção mais efectiva das incapacidades e o desenvolvimento da indústria farmacêutica. Como consequência do aumento da população idosa, Carvalho (2005) reitera, que as doenças crónicas e incapacidades também aumentaram, 88% dos indivíduos com mais de 65 anos apresenta pelo menos uma patologia crónica e 21% possui incapacidades crónicas. As mulheres são certamente as mais atingidas sendo que 35% a 50% entre os 70-80 anos apresenta dificuldade de locomoção e na realização de tarefas diárias. Não escapando à tendência mundial, Portugal duplicou o número de idosos nos últimos quarenta anos e desde 1999 que o número de idosos ultrapassou o número de jovens, o que levou á criação do Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas 2004-2010, integrado no Plano Nacional de Saúde (2004-2010), pela Direcção Geral de Saúde. Este programa foi concebido em concordância com as recomendações da política para a população idosa, das organizações internacionais, designadamente das metas para a saúde do projecto ―Saúde 21‖ da Organização Mundial de saúde. Mais concretamente da META 5 _ Envelhecer Saudavelmente e mais tarde do Plano de Acção Internacional para o Envelhecimento 2002. Citando a Direcção Geral de Saúde e o referenciado Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas 2004-2010, o nosso país possui uma alta esperança de vida, 80.3 anos para as mulheres e 73.5 anos para os homens. Conforme dados da divisão de estatística da entidade supracitada, para uma população residente de 10529.3 o índice de envelhecimento era em 2004, de 108.7% enquanto o maior índice de dependência pertencia igualmente ao grupo dos idosos que possuía 25.2% de dependência, num total de 48.5% de dependência na população residente. Por sua vez a Madeira apresentava em 1999, citando dados apresentados no Plano Regional de Saúde de 2004 da Secretaria Regional de Saúde, uma esperança de vida de 73.3 anos, sendo que a população idosa aumentou 15% entre 1991 e 2001. O índice de envelhecimento em 2001 era de 71.6% contra 47.4% de 1991 e o índice de dependência da população idosa aumentou de 17.8%, em 1991 para 20.1% em 2001. A nível dos concelhos, o Norte da ilha apresenta maior grau de dependência e o concelho de Santa Cruz, no qual desenvolverei o meu projecto tinha um índice de dependência na pessoa idosa de 16.6%.
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É Interessante verificar que o Instituto Nacional de Estatística na sua publicação ―Atlas das cidades de Portugal‖ editado em 2004, elaborado a partir de dados dos censos de 2001 e de outros inquéritos, realizados por esta entidade, narra que, no concelho de Santa Cruz, para uma população de 5673, o nível de dependência total é de 47.8% e o índice de dependência nos idosos é de 25.6%. Do relatório de actividades de 2006 dos Centros de Saúde do concelho de Santa Cruz, constatamos que o Caniço tem 1315 idosos inscritos no Centro de Saúde, sendo a taxa de frequência às consultas de 83.8%. Da aplicação da escala de avaliação funcional de Barthel a 74 idosos concluiu-se que 28 apresentavam dependência ligeira, 30 dependência moderada, 10 dependência severa e 5 dependência muito severa. Os factos que acabei de enunciar confirmam a percepção empírica, proveniente da minha experiência pessoal e profissional de que os idosos são cada vez em maior número, possuem cada vez mais incapacidades, e consequentemente maior grau dependência, quer seja nos serviços de internamento quer seja nos domicílios. A Direcção Geral de Saúde, no Programa Nacional de Saúde para as pessoas idosas de 2004-2010, reitera que, perante evidências como o reconhecido envelhecimento demográfico, a reestruturação das famílias (famílias de idosos unipessoais) e os actuais comportamentos sociais e familiares, enormes desafios se advinham a curto e médio prazo aos sistemas de saúde, de forma a garantir a eficácia na acessibilidade e qualidade dos cuidados, para que ao aumento de vida corresponda a um aumento da saúde e bem-estar. É de vital importância que as pessoas idosas tenham saúde se a consideramos, conforme a Organização Mundial de saúde, citada pela direcção geral da saúde, no Programa Nacional de Saúde para as pessoas idosas, (2004-2010), Como um recurso da vida quotidiana e não apenas um objectivo a atingir, um conceito positivo que valoriza os recursos sociais e individuais, assim como as capacidades físicas, pois só assim os mais velhos terão qualidade de vida. (p.6) Esta saúde passa portanto por um envelhecimento activo, definido como um processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem, por Who (2002), citado no Programa Nacional para as pessoas idosas 2004-2010. A qualidade de vida, nas pessoas idosas é largamente influenciada pela capacidade em manter a autonomia (capacidade percebida para controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida do dia-a-dia, de acordo com as próprias regras e preferências) e a independência, (capacidade para realizar funções relacionadas com a vida diária, sem ajuda ou com pequena ajuda de alguém) como nos explica Who (2002). A promoção da saúde, processo pelo qual proporciona-se ao individuo ter um maior controlo sobre a sua própria saúde e que compreende não só acções que visam reforçar as aptidões e capacidades dos indivíduos, mas também as medidas que visam alterar a situação social, ambiental e económica, de modo a reduzir os seus efeitos negativos sobre a saúde pública, e sobre a saúde das pessoas, (p. 7) preconizada pela Carta de Otawa para a promoção da saúde de Genéve de 1986, e os cuidados de prevenção dirigidas às pessoas idosas, melhoram a saúde e a qualidade de vida e ajudam a racionalizar os recursos da sociedade. Sabendo que a evolução prolongada das doenças crónicas e as doenças não transmissíveis, por serem insidiosas, incapacitantes, são sem dúvida as principais causas da morbilidade e da morbilidade nos idosos, com custos elevados para as famílias e sociedade e que a maioria das complicações destas patologias pode ser retardada e até evitada, facilmente se compreende o papel do enfermeiro de reabilitação na promoção da saúde, prevenção primária, secundária e terciária da deficiência, incapacidade, desvantagem e dependência na população idosa, que aliais é segundo a direcção geral da saúde e o programa nacional de saúde para as pessoas idosas, “…uma abordagem prioritária e indispensável do sector da saúde no quadro da manutenção, o mais tempo possível, da máxima autonomia e independência daquelas pessoas, obrigando, concomitantemente a uma
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mudança de mentalidades e de atitudes da população face ao envelhecimento…” (p.8) No mesmo programa estão delineadas três grandes estratégias de intervenção respectivamente, nas áreas do envelhecimento activo, da organização e prestação de cuidados de saúde e de promoção de ambientes facilitadores da autonomia e independência. São propostas recomendações para a acção junto das famílias e pessoas idosas tais como: Abordar as situações mais frequentes de dependência, nomeadamente por deficits motores, sensoriais, cognitivos, ambientais e sócio-familiares; Informar e formar sobre a actividade física moderada e regula e as melhores formas de a praticar; Informar e formar sobre a detecção e eliminação de barreiras arquitectónicas inibidoras da independência Prestação de cuidados domiciliários a pessoas idosas doentes ou com dependência O mesmo programa será depois avaliado através de indicadores de resultados como a dependência nos auto-cuidados A secretaria regional de saúde da Madeira no seu plano regional de saúde 2004-2010, também reconhece que a diminuição de funções na população idosa é evitável e traça como meta para o ano de 2010, o aumento para 20%, dos idosos com 75 anos ou mais com capacidade para ser autónomos, nas actividades domésticas e actividades de vida diária e para tal propõem-se desenvolver diferentes intervenções, entre elas, a promoção e protecção da saúde dos idosos As pessoas com maior risco e numa fase transitória ou já instalada dependência assumem segundo o programa acima indicado uma intervenção imediata por parte dos serviços e profissionais de saúde, campo no qual irei incidir o meu projecto. Por sua vez o projecto de intervenção em cuidados de enfermagem de reabilitação nos cuidados de saúde primários da Madeira elaborado pelos enfermeiros especialistas em reabilitação a exercer funções nos cuidados primários, que data de 2005, reitera a actuação do Enfermeiro de reabilitação aos três níveis de prevenção, mencionando a circular de 5/90 de 21 de Fevereiro onde está explícito que o Enfermeiro de reabilitação deverá actuar precocemente, através de técnicas específicas a fim de evitar complicações ou sequelas, aproveitando a capacidade funcional do indivíduo, diminuindo a incapacidade e, contribuindo para a total reintegração familiar e social da pessoa. (p.7) Na entrevista individual que realizei com a Enfermeira Mireya Fernandes (enfermeira especialista em reabilitação a exercer funções no Centro de Saúde do Caniço), esta confirmou a existência de idosos com diferentes níveis de dependência em que intervém promovendo a sua mobilidade, com o fim de conseguir o máximo de autonomia e independência possível dos mesmos. A minha prática profissional também me incentiva a realizar este projecto já que é frequente cuidar de idosos cada vez mais dependentes e para os quais ainda não se consegue dar a resposta atempada e eficaz para impedir as complicações da imobilidade e aumentar a qualidade de vida do idoso através de um envelhecimento activo. Face às evidências populacionais mundiais e particularmente da Madeira, e de acordo com a minha prática profissional e com as metas de saúde delineadas pela Organização Mundial de Saúde e da Direcção Geral da saúde Portuguesa, bem como do Serviço Regional de Saúde entendo ser relevante e importante desenvolver este projecto, para compreender e aprofundar conhecimentos, pois serei como enfermeira de reabilitação, uma das intervenientes activas e com papel fundamental na promoção da mobilidade das pessoas idosas.
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1.2 Objectivos Ao desenvolver este projecto, tendo como população alvo as pessoas idosas inscritas no Centro de Saúde do Caniço e suas famílias, tenho como objectivo geral: Aprofundar as minhas competências teóricas e teórico-práticas sobre promoção da mobilidade na pessoa idosa Aspiro, portanto, compreender o papel do enfermeiro de reabilitação na promoção da mobilidade da pessoa idosa, aprender a identificar as alterações na mobilidade da pessoa idosa, as evidências que demonstram os problemas e os factores que influenciam a mesma. Ambiciono melhorar a minha actuação em conformidade com o conteúdo funcional do enfermeiro de reabilitação. Pretendo também conhecer e praticar a elaboração de sessões de educação para a saúde, técnicas, actividades, intervenções de comunicação e relacionais de forma a promover a qualidade de vida da pessoa idosa e dos seus cuidadores. Terei então como finalidades: Educar a pessoa idosa/cuidador sobre a importância da mobilidade, treinando técnicas e estratégias durante as actividades de vida diária e/ou outras actividades que promovam a mobilidade na pessoa idosa. Promover junto dos colegas enfermeiros e outros profissionais de mim dependentes a importância e as estratégias e actividades a desenvolver para promover na mobilidade na pessoa idosa. Para tal encetarei diferentes actividades e pesquisa teórica as quais abordarei nos subcapítulos seguintes.
1.3 Revisão de literatura Após a uma pesquisa exaustiva verifiquei existem estudos sobre a mobilidade da pessoa idosa e sobre a actividade física no idoso, encontrando-se alguns artigos em suporte digital, sendo mais abundantes a nível internacional do que em Portugal. No entanto é de realçar, que encontrei poucos projectos ou programas de longa duração sobre a mobilidade no idoso. O que poderá indicar, que, de acordo com os estudos que encontrados, estão documentados as vantagens dos exercícios de mobilização da pessoa idosa, mas ainda é diminuta a prática regular de exercício físico na pessoa idosa. Importa também salientar o facto de não ter encontrado trabalhos ou projectos desenvolvidos por enfermeiros de reabilitação. No entanto e como veremos adiante, existem artigos descritivos sobre a mobilidade da pessoa idosa. De seguida exponho os projectos e estudos que seleccionei daqueles que encontrei na pesquisa bibliográfica, já que melhor se enquadram na temática que estou a desenvolver. O Projecto Idade Maior surgiu em 2005 no seguimento de um alerta da Organização Mundial de Saúde em que afirmou que os centros de saúde são um factor crítico na manutenção do estado de saúde e da qualidade de vida da população mais idosa e que o exercício físico, mesmo quando iniciado em idades mais avançadas, é um forte factor promotor de ganhos em saúde. O projecto ―idade maior‖, é desenvolvido numa parceria entre a Direcção Geral de Saúde a faculdade de motricidade humana, da Universidade Técnica de Lisboa (FMHUTL) e os laboratórios Pfizer e é um dos galardoados na categoria da ―Educação‖ da terceira edição dos Prémios Hospital do Futuro. A terceira edição dos Prémios Hospital do Futuro de 2007 recebeu 155 candidaturas de mais de 70 organizações e profissionais de saúde. A iniciativa conta com 15 categorias. O ''Hospital do Futuro'' é um Fórum independente, organizado pela groupVision Saúde, que visa encorajar e dar suporte à geração de conhecimento, num sector de actividade que intersecta a política, a tecnologia e a inovação.
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O projecto promove o envelhecimento activo e mais saudável nos idosos e tem como objectivo promover comportamentos saudáveis que visem a melhoria da qualidade de vida dos adultos de maior idade (50 ou mais anos), pretende melhorar os conhecimentos dos adultos de idade maior sobre as vantagens da prática regular de exercício físico. Os criadores do projecto, propuseram-se formar profissionais de saúde dos cuidados primários para que assumam o papel de agentes de promoção de saúde e implementem actividades deste género, incluindo exercício físico ajustado à idade e patologia, para adultos de idade maior. Em Outubro de 2005 aconteceu a primeira formação nacional em Exercício e Saúde inserida no Projecto Idade Maior. A partir desta proporcionaram-se sessões semanais de Exercício Físico, orientadas por especialistas em Exercício e Saúde, em dois Centros de Saúde do país: Centro de Saúde dos Olivais (Lisboa) e Centro de Saúde de Águas Santas (Porto). Em Maio de 2006, realizou-se a primeira ―Feira do Movimento‖ do Projecto Idade Maior para comunicar com a comunidade idosa e informar sobre o impacto positivo do exercício físico na condição física e na qualidade de vida. O evento aconteceu nos Jardins de Belém com a participação de cerca de 500 adultos de idade maior e 50 monitores da Faculdade de Motricidade Humana. Em Junho de 2007 foi aberto ao público um circuito de promoção do exercício físico no Jardim da Estrela em Lisboa. Quem tiver mais de 50 anos pode treinar gratuitamente nos 16 equipamentos disponíveis no circuito, que foi desenhado de forma a permitir o acesso a pessoas portadoras de deficiências motoras. Os aparelhos foram criados especificamente para cada grupo muscular, com vários graus de dificuldade, de forma a adequar-se às exigências de cada sénior. Em todos os pontos de paragem está disponível informação de leitura fácil sobre o modo mais adequado de praticar cada exercício e o potencial impacto dessa prática no seu estado de saúde. A socialização e a redução dos níveis de sedentarismo são outras das finalidades do circuito, como referiu o director médico do laboratório Pfizer, Aleixo Dias, um dos promotores da iniciativa. "A morte para a vida começa muito cedo e é preciso criar estímulos para os mais velhos praticarem alguma actividade física orientada por profissionais de saúde e desporto", acrescentou Aleixo Dias. Para a professora Helena Santa Clara, da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa, com exercício os praticantes estarão "mais aptos para o desempenho das tarefas quotidianas com autonomia, melhorando a sua qualidade de vida". "A maioria dos adultos de idade avançada têm como grande meta manter a sua autonomia e funcionalidade até o mais tarde possível no decurso das suas vidas" e isso pode ser conseguido através do desporto, sustentou. Segundo Helena Santa Clara, os equipamentos inseridos no circuito vão proporcionar exercícios de força muscular, de flexibilidade, de coordenação, de equilíbrio e postura. Este projecto foi divulgado na Madeira, através dos delegados de informação médica dos laboratórios da Pfizer, tendo sido iniciado um projecto-piloto no concelho de Machico, estando neste momento suspenso. Na minha opinião este é um projecto inovador no cuidado dos idosos, em todos os aspectos do cuidar da pessoa idosa, compreende a problemática da pessoa idosa e actua de modo a promover um envelhecimento activo, procurando envolver a pessoa idosa os técnicos de saúde e os cuidadores. O Enfermeiro especialista em reabilitação é um dos técnicos por excelência para trabalhar num projecto como este, já que ele impulsiona a mobilidade no idoso, como um dos principais componentes para um envelhecimento saudável. A prevenção e o ensino á pessoa idoso e seus cuidadores são inerentes ao papel do enfermeiro de reabilitação. Kuhnen et al desenvolveram, um estudo, integrado no Curso de Licenciatura em Educação Física da UFSC, Brasil, sobre a influência do exercício físico na força de membros das pessoas idosas. Trata-se de um estudo descritivo e transversal que envolveu 200 idosas. Foram utilizados os testes de rosca directa para membro superior e o teste de levantar e sentar na cadeira em 30 segundos para membros inferiores. Os resultados apontam uma melhora no nível de força dos membros inferiores e superiores, portanto um planeamento adequado de exercícios físicos contribuirá significativamente em ganhos de força muscular. Concluiu-se que os ganhos
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conseguidos a nível de foça muscular poderão interferir no desempenho das actividades diárias relacionadas com essa qualidade física, como agachar e levantar, subir e descer escadas, vestir-se, carregar peso, entre outros. Portanto, possibilitando a conquista de mais autonomia para a realização das actividades da vida diária da pessoa idosa, o que possivelmente interferirá directamente na qualidade de vida da mesma. Kuwano, V. & Silveira, A. M., professores de educação física, por seu lado estudaram em 2002, ―A influência da actividade física sistematizada na auto percepção do idoso em relação às actividades da vida diária‖. Os autores constituíram uma amostra de 40 indivíduos do sexo feminino, com idade acima de 50 anos. Destes, 20 idosos frequentaram as aulas de hidroginástica duas vezes por semana, e 20 indivíduos não praticavam actividade física, ou seja, eram sedentários. A pesquisa caracterizou-se como descritiva, e como instrumento de medida utilizou-se um questionário com 40 perguntas, proposto por Andreotti e Okuma (apud MATSUDO, 2000), o qual se refere às várias actividades realizadas durante a rotina diária do idoso. Para tratamento dos dados, foi utilizada a escala proposta por Andreotti e Okuma (apud MATSUDO, 2000), a estatística descritiva e o teste ―t‖ de Student. Foram comparados os dados de indivíduos que praticavam hidroginástica durante um ano ou mais e os dados de indivíduos sedentários. Os resultados apontaram que os indivíduos praticantes de actividade física melhoraram em relação aos aspectos físico, psíquico e social e receberam um conceito de ―muito bom‖, pontuação máxima na escala proposta pelo estudo, enquanto os indivíduos sedentários receberam o conceito de ―bom‖. Houve diferença estatisticamente significativa p
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