IGBA ORI

April 23, 2017 | Author: wendertierinle | Category: N/A
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IGBA ORI O ori é o nosso orixá pessoal. É ele que determina tudo em nossa vida, é ele que nos dá prosperidade, que abre nossos caminhos e que nos proteje do mal e da feitiçaria. Existem diversos odù e mito que falam disso e o principal é que ori está à frente de qualquer orixá. Eu sempre digo que para um abian, um não iniciado, o seu orixá é ori, e fim. Não tem essa de um não iniciado estar preocupado em qual é o seu orixá se dizendo de oya, oxun, xango, etc... Isso não tem propósito, é um mico. Se você não é um sacerdote ou aspirante a sacerdote pode passar a sua vida toda cultuando apenas o seu ori, o seu orixá pessoal. Quando precisar de alguma coisa e recorrer a um oráculo, um odù ou um orixá, por intermédio de seu ori irá se colocar para ajudá-lo, o que não significa que aquele é o odù da sua vida ou que o orixá que respondeu é o seu orixá. Naquele momento aquela foi a ajuda que recebeu, isso é o que é importante. Mas certamente isso não interessa a nenhum pai-de-santo ou santeiro, quanto mais orixá e exu ele colocar para voc~e mais ele vai cobrar. O seu ori é composto de 2 partes. A primeira é a sua individualidade. A segunda e uma parte da matéria que faz parte da sua ancestralidade e a terceira é o seu orixá. Cada um tem no seu ori a matéria do seu orixá e esse conjunto de coisas determina o seu axé, sua força e suas interdições. Existem pessoas que reconhecem que além disso você tem ainda um odù que é colocado e tanto o seu odù como o seu orixá são os elementos que vão ajudá-lo a cumprir a sua missão no aiye ou seu objetivo nessa vida já que missão pode trazer aquela ideía idiota de Carma e não temos Carma na nossa religião. A questão do orixá que faz parte do ori é interessante porque eu vejo 2 correntes. Uma acredita que o orixá que você tem no ori é parte de sua ancestralidade, você recebe porque seu pai e mãe tem o seu e isso seria uma herança, com possíveis variações. Outra corrente acredita que a escolha de orixá não tem relação com isso, e você poderia ter qualquer um que for o mais adequado para o seu objetivo de vida. Ainda não tenho nenhuma indicação de qual a visão correta, as 2 são coerentes. Assim essa composição do ori explica o que ocorre de verdade com a gente aqui na terra e a forma como somos tratados pelas liturgias. O mais importante eu volto a afirmar é que nada ocorre na nossa vida que que ori permita e ele é o orixá mais importante. Existe a necessidade de repormos axé. O axé é perdido por nossa atividade, quando ajudamos outros e pela ação dos outros contra a gente. É claro que ele se repõe mas as liturgias de ori são destinadas a acelerarmos isso trazendo assim prosperidade e saúde para nós. Todos sabem que para determinados problemas de saúde a melhor indicação é um bori com resultados impressionantes, eu já vi coisas incríveis. O igba ori não é obrigatório como resultado de um bori. Ele existe durante mas não necessariamente depois. É claro que é um hábito tê-lo.

O sentido de ter um igba ori está ligado ao próprio sentido de um igba, e nesse caso Lenny, tem que se entender o que é um igba, conforme é feito no Candomblé, porque é no candomblé que nasce o igba ori. o Igba é o elemento de ligação entre o orun e o aiye. É um local de concentração de energia e ele leva a sua assinatura pessoal. A chave de um igba é o otá e não existe igba sem otá. Sem otá vira um assentamento qualquer. infelizmente não posso explicar mais sobre o otá, mas é ele o que importa no igba, o resto é decoração. Nesse ponto existe uma divergência entre candomblé e santeria e até mesmo entre algumas tradições de candomblé como o ketu, o nago e o jeje. A forma como é preparada o igba é diferente e isso traz consequencias para a vida posterior dos iniciados, mas, não importa aqui. No caso do igba ori ele é o nosso elemento de ligação entre o nosso ori na terra e o ori no orun, o nosso duplo. É um elemento de concentração de energia assim ele facilita a troca e reposição de axé. Com um iga ori de uma pessoa, mesmo que ela não esteja presente pode-se fazer liturgias para ajudá-la e transmitir axé para ela. Essa é a força e fraqueza do igba ori alias como de qualque igba, mas do igba ori principalmente. Ter um igba ou igbas significa cuidar deles porque eles estão diretamente ligados a você. O igba ori dessa maneira não é o seu ori e sim a ligação entre orun e aiye. Uma iyalorixa me explicou que devemos pelo menos 1 vez por mes deitar com nosso iga ori, na mesma esteira. Devemos semanalmente sentar na frente dele e conversar com ele. Devemos toda vez que precisarmos de ajuda ou de tomar uma decisão deitar com ele mas antes pedir que ori nos oriente na melhor decisão. Isso funciona 100%. Em função disso eu não vejo sentido de iga ori guardados em ile axé ou de qualquer outro. Igba ori só tem sentido quando mantido junto com o seu dono. seim com a iniciação um iyawo é considerado um igba vivo, mas não prescinde dos igba do orixá. Mas como eu disse qualquer igba facilita e acelera é a ligação orun aiye, torna as coisas mais simples, rápidas e efetivas. É por isso que todo mundo tem e se muda de casa e perde eles tem que refazer. Nosso ori é nosso e o igba é igba. Como eu citei nem todos os igba tem otá que é a maior força de uma igba. Nem todo mundo dá isso para a pessoa. O dos africanos não tem, geralmente só tem uns búzios. Tem muita gente aqui que em lugar do igba ori dá a penas uma quartinha com o material usado no bori. Em Ifa desconheço o igba ori. Você vai ter os bori, porque como eu disse a religião é a mesma e mesmo variando a liturgia não se pode inventar o que não existe. A solução de nossos problemas passa por ori. Mas, mesmo no candomblé, dar um bori ou um orogbo é alimentar um ori. Tudo passa por perguntar o que aquele ori quer.

Motivos econômicos podem estar forçando os babalorixá a sempre fazer bori completo nos "crientes" mas nem sempre isso é necessário. Contudo, as vezes, ele nem aprendeu como se faz diferente. No caso do Candomblé que existem as cerimonias mais elaboradas você tem 2 tipos, o bori d'agua, como alguns chamam onde só entra o obi e o bori ejé que é o principal e o que todo mundo gosta de fazer e receber. O bori ejé é uma cerimonia linda, a mais bonita do candomblé, mas é feita com anos de intervalo. Ela só é feita quando o ori pede. Se a pessoa é um sacerdote e trabalha muito para os outros pode querer receber com mais frequencia, mas uma pessoa normal vai fazer alguns ao longo de sua vida. Não existe no Candomblé essa coisa de se auto-fazer um bori, é sempre outra pessoa que o faz e normalmente alguém mais antigo de santo que você. Essa é a tradição. Normalmente somente o seu babalorixá é que vai lher dar os bori mas nada impediria que outra pessoa o fizesse uma vez que ele não gera ligação. Essa coisa de não gerar ligação é interessante porque todo mundo sabe disso, mas faz questão de não comentar e criar a tal ligação. Outra forma de criar essa ligação é incluir orixá no bori, fazendo um assentamento ou uma oferenda com ejé para o orixá. Sou contra isso e acho que é uma falta de ética. Existe ainda o costume de se mastigar o obi quer vai no ori e nos pontos de axé o que criaria o vinculo de transmissão de axé, o próprio atim que vai na massinha que se faz com a saliva e o ejé aumentaria essa ligação, assim, não se pode negar que se está criando um vínculo. Mas tudo poderia ser feito sem isso. Assim um bori feito para uma iniciação poderia ter esses elementos mas um bori feito para uma pessoa que é abian ou apenas "criente" da casa poderia omitir esses elementos. Como eu disse tudo uma questão de ética. Já em Ifá é diferente o bori é uma coisa muito mais simples, similar ao bori d'agua, mas até mais simples. De fato existe o habito salutar da própria pessoa fazer em si a cerimonia, mas ela tem que ser iniciada, tem que ter essa mão. Existem signos que requerem que a pessoa faça isso de 3 em 3 meses por exemplo. Como eu disse ori é ori, mas cada tradição tem suas liturgias com seus formatos e elementos. Mas indo ao núcleo da sua pergunta, não, não necessariamente deve haver essa transmissão de axé da casa ou do babalorixá no bori. Isso pode ser feito sem problemas mas a pessoa deveria poder optar por isso ou não. Bori não deve gerar vinculo com o babalorixá e com a casa. Mas todo mundo faz o possível para criar isso. Até mesmos os obaoriate cubano que aprenderam a fazer bori aqui para ganhar dinheiro dos gringos lá estão inventando essa coisa de padrinho de bori, que não existe. Mas aqui como lá, vai se fazer o possível para gerar esse vinculo. Nesse ponto que acho corretíssimos os babalawo que na hora do bori de colocam para mastigar o seu obi e você mesmo colocar na sua cabeça.

Mas veja, se for um caso de doença e a pessoa estiver percisando receber esse axé ai pode ser adequado e necessário essa transimissão de axé. as coisas não são padronizadas. Da mesma forma que se tem que perguntar ao ori o que ele quer receber, cada caso indica uma forma, etc.... E como o assunto é Ori, gostaria de saber se aquilo que se chama de Amaci em Umbanda é um tipo de ritual a Ori... e mesmo se o Amaci substitue de alguma forma o Bori? Lenny, Sim, o amaci faz as funções de bori. Mas isso tem sutilezas. Já houve boris que antes de fazer abrindo o obi para definir de fato o que ia naquele ori, muitos responderam apenas com o banho de ervas e as folhas, não aceitando nem obi, nem orogbo e nem acaça. Isso tem haver com o tipo de trabalho que aquela pessoa fará no futuro ou mesmo o seu envolvimento com a espiritualidade, assim, apesar de um bori poder ser dado a qualquer pessoa isso vai trazer ligação com um lado da espiritualidade enquanto que as folhas comente com outro. Se adotada a pratica de perguntar imediatamente antes o que vai ser o resultado poder ser bem melhor do que a pessoa ligar o piloto automático. A gente tem que respeitar cada Ori. Mas além do amaci que em princípio abre os caminhos espirituais e da quartinha de anjo da guarda, a umbanda ainda tem a "deitada" que é um ritual muito similar ao Bori, iniciando com o amaci e a pessoa deita rodeada com a comida e/ou folha de todos os orixás que fazem a sua coroa. Veja são similares mas não iguais, acredito que esses rituais de umbanda melhoram a espiritualidade, mas não substituem de fato um Bori quando ele se faz necessário. Uma cabeça de oxalá tavez vá mais para o lado do ori do que o amaci.

Rogerio Luiz, Realmente a questão do Otá no ibá ori é polêmica. A propósito, o que não é polênico na nossa relaigião?! Bem, eu acredito ser importante o Otá no assentamento de Ibá Orí. Sei de casos que só colocam o otá, em outros casos só idés e búzios sem otá e etc. São várias combinações que fazem utilizando esses materiais. Além disso, sei de casos que o otá do orí da pessoa está dentro do ibá do orixá. Neste caso eu discordo!

Quanto as definições que você está me pedindo, na verdade você já as definiu no seu post anterior. Simplesmente peguei carona na sua linha de raciocínio.

Marcos Luiz, essa coisa da origem é interessante. Quisera que a coisa pudesse ser tão simples assim. Existem muitas liturgias que se perderam lá, na origem. A Nigéria é o maior pais mulsumano na Africa, segundo ouvi. Muitos dos que hoje estão fazendo cerimonias lá estão usando o que esta escrito em livro de antropólogo. O Verger, que você gosta tanto foi um dos que no século passado participou de um processo na universidade de Lagos, junto com o Abimbolá para reconstituir textos e conhecimento. Isso antes do Abimbolá sacanear ele e expulsar ele e os outros estrangeiros de lá, da Nigéria, quando ele, Abimbola achava que não precisava mas do pessoal de fora. Existem cultos de orixá que só tem aqui, assim não dá para querer usar a fonte. Em relação a ori, conheço uma iyalorixá brasileira que morou 10 anos nos Eua e o que ela mais fez foi Bori em babalawo Africano e Cubano. Os Cubanos não tem a menor idéia de ori e os que estão fazendo isso é porque vieram aqui e já fizeram uns 3 para poder decorar e repetir tudo. Os Nigerianos pediam por favor para ela dar bori neles e fazer um igba ori, com ota e tudo o mais. O ile Ori não é desprovido de ota. De fato os ile ori comum não o tinham. Os dos Oba sempre tinham ota. Todo igba é mais do que uma respresentação, é um elemento de concentração de energia e um elemento de canalização de ligação do orun com o aiye. Quando uma pessoa é feita ela se transforma em um igba vivo do orixá mas nem por isso ela deixa de ter igba e esse igba ter okuta. Quando uma pessoa vai embora uma casa, a abandona, ela as vezes deixa para trás o seu igba, com tudo dentro ou recolhe o seu igba mas o PDS retira o okuta. Isso não retira orixá dessa pessoa, o orixá não esta no okuta do igba. Mas no okuta nós acreditamos repousa o axé que foi dado a aquela pessoa e contém principalmente sua identidade ou assinatura espiritual. O okuta é uma "bateria" para o axé ou um portal para o orun e de todos os elementos é nele em que colocamos todo o oro, toda a liturgia. Apesar de toda a louça receber o éjé é o okuta que recebe a essência da pessoa, o éjé vivo passa pelo ori e vai ao okuta criando o vinculo e a relação. Ele não é a pessoa e nem o seu orixá e pode ser dispensado, perdido ou refeito, mas sempre será o elemento de ligação com essa pessoa.

Quando uma pessoa tem problema ou precisa de ajuda, é através do seu igba ou melhor do seu igba ori que podemos remotamente, sem a presença desta fazer qualquer tipo de liturgia. Igualmente pode-se prejudicar alguém usando o seu igba ori. A casa branca, se nãome engano, monta o igba ori para o bori mas o despacha no fim porque antigamente as FDS usavam os igba ori para prejudicar outras FDS. O ori é parte da gente, nunca se separa, mas o orixá também. Ele está presente no Ori e assim nunca estamos sem ele. Não precisamos de nada para eternizá-lo, mas, o okuta e o igba são os instrumentos que os iniciados tem para maximizar o que fazem e o que recebem. Quando por consequencia de uma jogo fazemos algo para alguém no caminho de um orixá ou do ori, fazemos isso independente da pessoa ter assentamentos. mas se uma pessoa tem assentamentos, igba, é nele que vamos fazer, isso é um privilégio de iniciados. Assim eu não vejo o okuta como algo dispensável de um igba e também não vejo distinção de um igba de orixá ter okuta e o do ori não ter. Quando fazemos um assentamento de orixá para alguém, não igba, não precisamos colocar um okuta. O sentido do okuta no igba ori é o mesmo de em qualquer igba. Nós temos ori assim como também temos orixá. Tudo no igba pode ser dispensado, menos o okuta, mantê-lo é preservar a identidade e vinculo que foram cuidadosamente elaborados. Da mesma forma como no igba de orunmila, o que você precisa guardar e carregar são os ikins, no igba é o okuta. É claro que se pode fazer louça sem okuta, na umbanda se faz isso e muito. A louça passa a ser o elemento de ligação, a quartinha de anjo da guarda não deixa de ser uma igba ori, justamente um sem okuta.... Ori & orunmila conhecem o nosso destino, de fato mas são divindades com atribuições diferentes. A definição completa de Ori passa por mais palavras que em breve vou postar (ainda não acabei a pesquisa), mas, é nossa divindade pessoal. Nada ocorre em nossa vida sem que ele permita e nenhum orixá esta acima de ori. Assim quando se consulta ori através de um Obi por exemplo estamos tratando de fato do nosso objetivo de vida, das coisas que são melhores para nós. Além disso é ele que nos protege do mal e do infortúnio. Mas sua atuação é entre nós e ele. Orunmilá é uma divindade com um escopo amplo de atuação. Ele conhece o nosso destino e assim representa Olodumare em nossa vida e destino. Quando consultamos Orunmila sobre nossa vida através de Ifá e de um babalawo, estamos estabelecendo um processo mais amplo. Nós recorremos a Orunmila quando temos uma dificuldade que não conseguimos remover ou uma situação que não

encontramos solução. Orunmila como elerin ipin ira nos responder através de um Odù, e um Odù é uma resposta de Olodumare ao nosso problema. Odù não é apenas um símbolo com um significado é também um "container" de axé, uma "cabaça" de axé que recebemos, uma energia primária que imediatamente já ira influenciar nossa vida. Cabe ao babalawo manipular a resposta de orunmila, através dos orixá e de suas rezas e ebó para que essa energia se movimente positivamente na nossa vida. Assim uma consulta a Ifá já coloca em ação as forças divinas que vão nos socorrer. Ao sentar de frente a um babalawo você já terá através da consulta o início da solução dos seus problemas. O Odù é axé e é por isso que dizemos que não se deve invocar um odù sem saber o que se esta fazendo e sem ter a capacidade de conduzi-lo para a obtenção de um resultado positivo A gente e Ifa não inventa mito e o nosso cuidado com Odù e com uma consulta pe devido a isso. Então eu vejo assim coisas distintas. Com Ori & Orunmila tratamos de nosso destino e do que é melhor para nossa vida mas somente Orunmila tem a capacidade de materializar a resposta de Olodumare através do Odù. Assim consultar nosso ori com um obi é uma atividade que podemos fazer diariamente sem nenhuma consequencia maior.

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