História de Pedro Abelardo e Heloisa – Heloisa – História do Ressurgimento da Lógica no Século XII
Homero Fraga Bandeira de Melo Professor de Filosofia
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“O universal não é mas signi!ica" #ão é uma coisa nem signi!ica uma coisa" Sim$lesm Sim$lesmente ente signi!ica um modo de ser" Por e%em$lo o universal &omem não signi!ica uma coisa mas o modo de ser $ró$rio do &omem 'esse hominem(" O modo de ser segundo o )ual todos os &omens são iguais é algo a$enas $ensado* '+OS,A -... $$" /.("
“Queremos que os nomes universais existam quando, tendo sido destruídas as suas coisas, eles já não sejam predicáveis a respeito de muitos, porquanto eles não n ão são comuns a quaisquer coisas, como ocorre com o nome da rosa, quando já não existem mais rosas, o que, entretanto, ainda é significativo em virtude do intelecto, embora careça de denominação, pois de outra sorte não haveria a seguinte proposição nenhuma rosa existe! " LÓGICA PARA PRINCIPIAN!", Cf. !d. #s Pensadores$ %ol. &II$
'a.ed.$ '()*$ ++. ,-, A+/d0 C#"A$ 1os2 "il%eira da$ '(*34. # $scolástica %ristã &edieval . Rio de 1aneiro0 1.". da Costa$ '((($ ++. -56
História de Pedro Abelardo e Heloisa
Pedro A8elardo foi /m grande +rofessor de dial2tica. Nascido em '5)($ na +e9/ena localidade de Le Pallet$ +erto de Nantes$ Fran:a$ foi /m homem de consider;%el c/lt/ra. !ntre os al/nos de A8elardo encontra%a4se Heloisa$ mo:a de grande 8eleo de A8elardo +ela ?o%em 2 tamanha 9/e os o/tros al/nos come:am a ressentir4se. A +ai=>o arre8atadora de 9/e foi %tima A8elardo fe< com 9/e ele dei=asse em seg/ndo +lano a filosofia e a escola. A rela:>o entre os dois 2 conhecida +or todos$ menos +elo cnego F/l8ert$ tio de Heloisa.
História de Pedro Abelardo e Heloisa F/l8ert 2 ad%ertido do 9/e se +assa +elos amigos e se torna mais atento. Come:a a es+ionar e a mandar es+ionar A8elardo. Conseg/e$ ent>o$ s/r+reender os dois amantes. F/l8ert se indigna com a sit/a:>o e fa< com 9/e os dois amantes se se+arem. Heloisa ref/gia4se na casa da irm>. Astrol;8io$ fr/to do amor entre A8elardo e Heloisa %em ao m/ndo$ ent>o.
História de Pedro Abelardo e Heloisa
A8elardo +lane?a casar4se secretamente e %ia?a +ara a Bretanha$ onde se encontra Heloisa. "/r+reendentemente$ a amante rec/sa a +ro+osta. Alega 9/e se/ tio n>o admitiria /m casamento secreto e /m casamento +8lico seria incon%eniente +ara os dois. # m/ndo inteiro iria maldio im+ortante. Por o/tro lado$ Heloisa +ensa 9/e casar4se n>o con%2m a /m filDsofo$ +ois o go%erno de /ma casa 2 incom+at%el com o est/do e o ensino. Preferia ser amante e n>o es+osa$ +ara 9/e as alegrias 9/e eles e=+erimentassem fossem tanto mais intensas 9/anto mais raros os encontros.
História de Pedro Abelardo e Heloisa “ Abelardo era clérigo apenas no sentido de receber uma bolsa da Igreja através da escola episcopal de Notre Dame, mas sem nenhuma obrigação quanto ao celibato. Entretanto, procurou evitar a publicidade do casamento com eloisa para não prejudicar a !ama que j" alcançara como pro!essor e intelectual de sucesso. Não queria # e eloisa era a maior de!ensora desse ponto de vista # comprometer a sua aura de !il$so!o com as preocupaç%es corriqueiras da vida de um homem casado. &as o c'nego (ulberto, tio e respons"vel pela moça, não se convenceu dessa e)plicação e vingou*se cruelmente de Abelardo, mandando castr"*lo enquanto dormia+ (COSTA, 1999, pp. 36 e 37).
História de Pedro Abelardo e Heloisa
Assim como a +ersonalidade e o +ensamento de "anto Anselmo marcam o +erfil do s2c/lo EI$ o +erfil do s2c/lo EII tem a marca inconf/nd%el de Pedro A8elardo$ /ma fig/ra contro%ertida e +olmica$ +or2m 8rilhante e at/ante no am8iente c/lt/ral do se/ tem+o. # as+ecto mais marcante$ em A8elardo$ e 9/e 2 t+ico de s/a +ost/ra intelect/al 2 o do %alor h/mano atri8/do in%estiga:>o e refle=>o filosDfica. Pedro A8elardo +erseg/i/ e a+rof/ndo/ a e=igncia anselmiana de f/ndamentar racionalmente toda e 9/al9/er %erdade 9/e +retenda a+resentar4se e im+or4se como tal +ara o homem.
História de Pedro Abelardo e Heloisa
A8elardo radicalio$ a %ida acadmica. Por2m$ as calamidades n>o cessam de se a8ater so8re s/a %ida. !m s/ma$ s/as o8ras s>o condenadas ao fogo +or decreto +a+al. Falece no dia ,' de a8ril de ''-,$ de+endendo da caridade alheia. A Igre?a$ infal%el e eterna na eternidade$ tri+/dio/ so8re o homem A8elardo$ +or2m$ s/a +essoa se erg/e so8re os tem+os.
História de Pedro Abelardo e Heloisa
A +arte mais +rod/ti%a do +ensamento filosDfico de A8elardo origino/4se de s/a ati%idade como +rofessor de lDgica. Como todos os est/diosos da filosofia da +rimeira metade do s2c/lo EII$ o +rinci+al +ro8lema +or ele tratado foi a 9/est>o dos /ni%ersais. # +ro8lema tem s/as origens na Gr2cia antiga$ 9/ando "Dcrates afirma%a contra os sofistas 9/e o %erdadeiro o8?eto do conhecimento 2 a9/ilo 9/e e=iste de com/m em todos os seres indi%id/ais de determinado gr/+o$ e n>o a9/ilo 9/e disting/e +artic/larmente cada /m deles.
História de Pedro Abelardo e Heloisa
# 9/e %imos at2 a9/i Fomos a+resentados$ imediatamente$ ao entrar na a/la de ho?e$ a /m +ro8lema filosDfico. !sse +ro8lema 2 o +ro8lema dos /ni%ersais$ o/$ ainda$ a chamada 9/erela dos /ni%ersais. !sse +ro8lema marca +rof/ndamente a !scol;stica e a mant2m oc/+ada nele$ +elo menos$ at2 o s2c/lo E&. No s2c/lo E&I$ Cartesi/s m/da o foco do +ensamento do homem +ara o ser. e toda forma$ em +ensadores escol;sticos da at/alidade como Manoel Garcia Morente e 1os2 Ferrater Mora nos defrontaremos com a at/alio dessa 9/est>o. #/tra forma$ tam82m$ de at/alio 2 cons/ltar o C/rso de Filosofia &ater $clesiae de om !ste%>o Betenco/rt e 8/scar ?/nto a Bi8lioteca de A/tores Cristianos$ em Madrid$ %ia internet$ o 9/e se tem de mais no%o acerca da 9/est>o e ordenar a im+orta:>o. Jm +ortal interessante +ara manter4se informado acerca de ass/ntos relacionados a eologia$ Filosofia !scol;stica e Neo4omismo 2 a +;gina K 'te ad (homam 9/e$ atra%2s do +ainel KHome do Face8oo$ nos mant2m informados acerca dos lan:amentos da BAC0 htt+0OOO.face8oo.com+agesIte4ad4homam',,(*)-)3- .
História de Pedro Abelardo e Heloisa
Mas$ afinal$ 9/e s>o os /ni%ersais Q/ando "Dcrates di< 9/e o conhecimento %erdadeiro 2 a9/ilo 9/e e=iste em com/m em todos os seres indi%id/ais de determinado gr/+o$ "Dcrates transforma o conhecimento em /m o8?eto$ n>o 2 mesmo Jm o8?eto a8stracto acerca do 9/al +odemos$ at2 mesmo$ formar /ma imagem dele$ de%ido ao fato de nosso intelecto tra8alhar com a8stra:es de forma a dar sentido a /m m/ndo 9/e n>o +ode a+reender. !nt>o$ 8aseados na afirma:>o de "Dcrates +odemos dio anterior$ n>o 2 assim #/tra forma de com+reendermos os /ni%ersais$ e$ +or conseg/inte$ o m2todo escol;stico$ 20 se 9/eremos est/dar algo como a ?/sti:a$ +or e=em+lo$ necess;rio 2 %isar a ?/sti:a em geral /m /ni%ersal6. A+Ds isso$ +osso +artic/lario$ ?; 2 /m +ro8lema. Posteriormente$ a defini:>o socr;tica$ 9/e a+resentei a %ocs nesses slides mais recentes6$ foi a+erfei:oada +ela lDgica do !stagirita. e+ois$ Porfrio ,*,4 *5- A..6$ coloco/4se a seg/inte 9/est>o0 os /ni%ersais +oss/em %erdadeira e=istncia na realidade o/ s>o meros +rod/tos do +ensamento h/mano !=em+lificando0 e=iste a animalidade em geral o/ somente e=iste /m animal em +artic/lar # atri8/to Kanimalidade n>o +oderia ser /ma a8stra:>o do intelecto a fim de conferir /ma M;9/ina de "al%ar as A+arncias #+erati%a com a finalidade$ de em tratando as +artic/laridades como /ma coisa sD$ Kefeti%ar /ma +r;=is no m/ndo0 o/ se?a$ %i%er f/ncionalmente #s Medie%ais tentar>o$ de dentro das 8i8liotecas dos mosteiros$ e refletindo acerca dessas 9/estes$ a+resentar sol/:es assemelhadas a /m em+irismo transcendental e ao modo aristot2lico.
História do Ressurgimento da Lógica no Século XII # +ro8lema dos /ni%ersais$ o/ a 9/erela dos /ni%ersais$ rece8e/ d/as sol/:es o+ostas$ dadas +elos filDsofos. A +rimeira sol/:>o fico/ conhecida como Krealismo e te%e como /m de se/s re+resentantes nosso 9/erido "anto Anselmo. A seg/nda chama4se Knominalismo e te%e como defensor e=tremado Roscelino. Nos +rD=imos momentos %amos nos esfor:ar +ara recriar a histDria desses conceitos.
História do Ressurgimento da Lógica no Século XII A8elardo identifica%a o real ao +artic/lar e considera%a o /ni%ersal como sendo o sentido das +ala%ras em si mesmas nominum significatio6$ re?eitando o nominalismo. essa forma$ o significado dos nomes +ermitiria esclarecer os conceitos$ de forma a emanci+ar a lDgica da metafsica$ tornando4a /ma disci+lina a/tnoma.
História do Ressurgimento da Lógica no Século XII Antes de prosseguirmos, porém, preciso expic!r ! "oc#s o $ue é “re!ismo%. A&in! do $ue Ansemo de C!ntu'ri! e edro Ae!rdo tr!t!m* !&in!, o $ue, em +tim! instnci!, de&endem- O “re!ismo% é um! concep/o &ios0&ic! segundo ! $u! se cr# muito &ortemente existir um! re!id!de exterior. O “re!ist!% !credit! mesmo $ue ! re!id!de exterior existe e $ue ! mesm! independe do conecimento $ue ten!mos de!. 2sto posto, os re!ist!s !credit!m com muit! &or! $ue o “conecimento "erd!deiro% é ! coincid#nci! entre os nossos u45os e ess!, supost!, re!id!de. O re!ismo puro, como "oc# ' notou, é um! teori! p!r!dim!tic!mente &r!c!, pois &ios0&ic! (e p!r!dim!tic!mente &!!ndo) ninguém consegue pro"!r $ue !! re!id!de !gum! e ninguém prope "i! segur! de !cesso ! ess! c!m!d! “re!id!de%. nt/o, ! supost! correspond#nci! entre “re!% e “mente% é &ruto de um! potente e oper!ti"! 8'$uin! de S!"!r !s Ap!r#nci!s, $ue por su! "e5, é !pen!s um re&exo d! “8ente, ens!mento e ingu!gem% (outr! m'$uin!) !rticu!dos com ! &in!id!de de emprest!r sentido !o $ue n/o se conece e se con"encionou c!m!r “re!id!de% (:;o %ertical$ a8?/ro/ s/a +rD+ria do/trina no Conclio de "oissons$ em '5(,.
História do Ressurgimento da Lógica no Século XII
! 9/em$ afinal de contas$ foi G/ilherme de Cham+ea/=
Bis+o$ lDgico$ teDlogo e filDsofo francs.
G/ilherme de Cham+ea/= f/ndo/ a Vcole de "aint4&ictor$ em Paris. !sse filDsofo fico/ conhecido como o mais im+ortante defensor da teoria realista dos /ni%ersais de ascendncia +latnica. !st/do/ teologia so8 a orienta:>o de Anselmo de Laon$ 8is+o de Chalons e 9/e ha%ia sido disc+/lo de "anto Anselmo. G/ilherme de Cham+ea/= foi +rofessor de Pedro A8elardo de+ois$ Pedro A8elardo se tornaria se/ inimigo$ +ois Cham+ea/= n>o tolero/ o fato de A8elardo ter acrescentado teoria dos /ni%ersais o Kconceit/alismo6. "ed/