Historia Das Sociedades I

September 15, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Manual d e Lic Licenciatu enciatura ra em em Ensino de d e Histó História ria   Manual de Curso de

HO1666 - HISTÓR HO16 HISTÓRIA IA DA DASS SOCIEDA SOCI EDADES DES I Cultura, Cultur a, Da Da origem das sociedades s ociedades pré-clássicas até ao século XV

Universid ade Cat Universidade Católica de Mo çambique Centro Ce ntro de Ensino à Distância CED

 

 

Direitos Dire itos de autor autor (copyright) (copyrig ht) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique   Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a  processos judiciais.

Elaborado Por dr Jacinto Música, Licenciado em ensino de História pela UP, Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino de História no Centro de Ensino à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM. 

Universidade Católic Católic a de Moçambique Ce Centro ntro de Ensino à Distância-CED  Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa· Moçambique-Beira Telefone: 23 32 64 05 Cel: 82 50 18 44 0

Fax: 23 32 64 06 E-mail: ced @ ucm.ac.mz Website: www. ucm.ac.mz

 

 

Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual, dr. Jacinto Jacinto Música, gostaria de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela Coordenação e edição

dra.Georgina Nicolau

 

 

HO166 - HISTÓRIA DAS SOCIEDADES I Cultura, Da origem  sociedades edades pré-cl pré-clássicas ássicas até ao século XV origem das soci

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Índice Visão geral



Benvindo a HISTÓRIA DAS SOCIEDADES II. A Colocação Co locação do Homem no centro centro da atenção e o Renascimento Cultural ................................................................................ 1 

 

Objectivos da estudar cadeira este .................................................................................................... Quem deveria módulo ................................................................................ 21   Como está estruturado este módulo................................................................................ 3  Ícones de actividade ...................................................................................................... 3   Acerca Acer ca dos ícon ícones es.................. .................................... ................................ ........................... ............................... ......................... .......4   Habilidades de estudo .................................................................................................... 4  Precisa Preci sa de apoio?.................. ............................. ............................. ................................ ................................ ............................... ............................ ...............5  Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 6  Avaliação Avali ação ........... ......................... ................................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ................ 6 

Unidade Unid ade I



Introdução ao Estudo da História das Sociedades............ ....................... .................... ....................... ........................ ............. ... 9  Introdução Intro dução ............ ......................... ............................... ................................ ............................... ............................... ................................ ............................. ...........9  1.1. Conceito de Sociedade de Natureza Cultura ............................................................ 1.2.  Noção de Grupo Social e esua ........................................................ 119   1.3. Características dos Grupos ........................................................................... 12   1.4. As Categorias do Social ............................................................................... 13   Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............14  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 14 

Unidade Unid ade II

16 

Padrões Cultu Culturais. rais............... ........................... ............................... ................................ ................................ ............................... ........................... ..............16  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 16  2.1. Os Tipos de Padrões Culturais ..................................................................... 16  2.2. Os Vários Conceitos de Cultura ................................................................... 17   2.3. Dinâmica da Cultura – algumas considerações importantes.......... ........................ .................. 20  2.4. Conceitos básicos dentro do Contexto Cultural .......... ........................ ....................... .................... ........... 20  2. 4.1. Os Níveis da Cultura ................................................................................ 24   2.4.2. Aprendendo Conceitos: ............................................................................. 27   Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............29  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 30 

Unid ade III

31 

A Exaltação de uma Nova Época ................................................................................. 31   Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 31  3.1. Processo de Surgimento do Homem ............................................................. 32  3.2. A Expansão ................................................................................................. 33  

 

 

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ii

Sumário .............. Sumário ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............34  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 34 

Unid ade IV

36 

O Facto Social, a Unicidade do social e a Politicidade do social. ................................. 36   Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 36 

 

4.1. facto social: so cial: definição, natureza e identificação. ........... ....................... ..................... ................ ....... 37 36  4.2. O Características do facto social ...................................................................... 4.3. A Unicidade do social e a politicidade do social .......................................... 39  4.4. Implicações Antropológicas da d a Sociabilidade do ser Humano .......... .................... .............. 41  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............42  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 42 

Unidade Unid ade V

44 

O Lugar da História Social S ocial e Cultural nas Ciências Sociais ............. ........................ ................... .................. .......... 44  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 44  5.1. A História Social e a Demografia ............. ....................... ................... ................... ...................... ...................... ............ 44  5.2. A História Social e a Geografia Humana ........... ....................... ..................... ................... .................... .............. 45  5.3. A História Social com a Etnologia ............................................................... 45   5.4. História social social com e a economia ........................................................................ 5.5. História a sociologia ................................................................... 45 46   5.6. História social com ciências políticas ........... ....................... ..................... ................... .................... ................. ....... 46  5.7. A Interdisciplinaridade das Ciências Sociais .............. ........................ .................. ................... ................ ..... 47  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............49  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 49 

Unidade Unid ade VI

51 

Organização Social das Comunidades de Caçadores e Recolectores ..................... ........... ................. ....... 51  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 51  6.1. Organização Social So cial das Comuni Comunidades dades de Caçadores e Recolectores ........... ............... 51  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............54  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 54 

Unid ade VII

56 

As Primeiras Representações dos Padrões Sócio - Culturais ........................................ 56  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 56  7.1. As Primeiras Representações dos Padrões Sócio-Culturais.................... Sócio-Culturais.......... ................. ....... 56  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............58  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 58 

Unid ade VIII

60 

A Hierarquização das Sociedades e a Formação de Classes Sociais ..................... ......... .................... ........ 60  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 60  8.1. A Hierarquização das Sociedades e a Formação de Classes Sociais no  Nordeste de África: ............................... .................... .................... ...................... ........................ ...................... ..................... ................. ....... 60 

 

 

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8.1.1. O Egipto ................................................................................................... 60   8.1.2. O Méroe ................................................................................................... 62  8.1.2.1 Organização político-social ..................................................................... 62   8.1.3. O Reino de Axum ..................................................................................... 62  8.1.4.. Sumér 8.1.4 Suméria ia ............. ........................... ................................ ............................. ............................. ................................ .......................... ............ 65  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............68  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 68 

Unid ade IX

70 

O Processo Dinástico na China Antiga ........................................................................ 70   Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 70  9.1. O Processo Dinástico na China Antiga ............ ....................... .................... ....................... ........................ ............ 70  9.2. Condições Naturais da China Antiga............................................................ 70   9.3. O Poder do Estado e a Estratificação Social .......... ........................ ....................... .................... ................ ..... 71  9.4. Classes sociais ............................................................................................. 72  9.5. A Relig Religião ião .............. ........................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... .........73  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............73  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 73 

Unidade Unid ade X

75 

O Sistema de Castas na Índia na Índia Antiga .............................................................. 75   Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 75  10. As Sociedades Fluviais Antigas .................................................................... 75  O Vale do Indo e a Índia Antiga ......................................................................... 75   10.1. Situação Geográfica ................................................................................... 75  10.2. Condições Naturais: ................................................................................... 76   10.3. População e a Conquista Ariana ............. ....................... ................... ................... ...................... ...................... ............ 76  10.4. A Sociedade e a Estratificação Social: ....................................................... 77  10.5. A Formação de Estados e a Unificação da Índia ........... ...................... ..................... ................... ......... 78  10.6. O Império Mauria ...................................................................................... 78  10.7. A Dinastia Gupta ....................................................................................... 80  10.8. A Religião ................................................................................................. 81   10.8.1 A Religião dos Brâmanes (O Bramanismo ou o Hinduismo) ............. .................... ....... 81  10.9. A Arte e Literatura ..................................................................................... 82  10.10. 10.1 0. Ciên Ciências cias .............. ........................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ......... 83  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............83  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 83 

Unidade Unid ade XI

85 

Desenvolvimento e Diferenciação das Sociedades de Agricultores em Moçambique: Mo çambique: as comunidades aldeãs e a formação das estruturas sociais na África Austral e em Moçambique Moçambi que............ .......................... ............................. ............................... .................................. ............................. ............................. .......................... ........ 85  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 85  11.1. As Comunidades Aldeãs e a Formação das Estruturas Sociais na África Austral ........... ......................... ............................. ............................... .................................. ............................. ............................. .......................... ........ 85  11.2. principais características das primeiras sociedades região Austral de Africa Afri caAs ............. ........................... ............................. ............................... .................................. ............................. ............................. .......................... ........ 88 

 

 

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11.3. As Principais Diferenças Sócio-Políticas entre o Norte e o Sul de Moçambique Moçamb ique ............ ......................... ............................... ................................ ................................ ............................... ........................... ..............92  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................... .............95  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ....................... ..... 95 

Unid ade XII

97 

  As Civilizações ......................................................................................... Introdução Intro duçãoAmeríndias ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. ..................... ... 97  12.1. As Civilizações Ameríndias ....................................................................... 97  12.2. Organização Social .................................................................................... 98  12.3. O Desenvolvimento Socio-Económico do Império Inca ............................. ..................... ........ 99  12.4. Decadência do Império Inca............. Inca........................... ................................ ............................... ........................ ........... 100  12.4.1 Causas da Decadência do Império Inca .................................................. 100  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 101  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 101 

Unid ade XIII

102 

Valores Culturais das Sociedades Pré-Clássicas ......................................................... 102  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 102  13.1. Valores Culturais das Pré-Clássicas ........... ...................... ................. ....... 102    13.2. O desenvolvimento daSociedades escrita no nordeste, no próximo próxim o ..................... e no médio oriente104 13.2.1. O desenvolvimen desenvolvimento to da escrita no nordeste de África (Egípto)........... ................ ..... 104  13.2.2.- A decifração do hieroglífico ................................................................ 105  13.3. O Cuxe-Méroe ......................................................................................... 106  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 107  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 108 

Unid ade XIV

109 

Expressões sócio-econímicas e culturais das civilizações pré-clássicas da mesopotâmia109  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 109  14.1. A Sociedade e Economia ......................................................................... 109  14.2. A Decifração da Escrita das d as Civilizações Mesopotâmicas (a Escrita Cuneiforme) Cunei forme) ................ .............................. ............................. ............................. ................................ ............................... ........................ ........... 111  14.3.1. Hamurabi, o fundador do Império Babilónico .............................. ................ ....................... ......... 113  14.3.2. Era Assíria ............................................................................................ 115   Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 116  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 117 

Unid ade XV

118 

Outras Expressões Culturais Pré-Clássicas no Médio e no Próximo Oriente............... Oriente...... ......... 118  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 118  15.1. A fen fenícia ícia........................ ......................................... ............................... ................................ ............................... ......................... ............118  15.2. A Pérsi Pérsiaa ........... ........................ ............................... ................................ ................................ ............................... ......................... ............119  15.3. As manifestações culturais da d a China antiga .............. ........................ .................. ................... .............. ... 120  15.4. Manifestações culturais da civilização indiana ............. ......................... ................... ................ ......... 121

 

 

 

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Sumário .............. Sumário ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 121  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 121 

Unid ade XVI

123 

A formação de sociedades escrav escravocratas ocratas no med mediterrâneo: iterrâneo: As civilizações Grega e Romanaa .............. Roman ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 123 

  Introdução Intro ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 124 123  16.1.dução A civilização grega .................................................................................. 16.1.1. A cidade de Atenas ............................................................................... 127   16.2.1. Historial ................................................................................................ 127   16.3. Períodos Históricos .................................................................................. 128  16.5. A decadência da Grécia ........................................................................... 130   Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 130  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 131 

Unid ade XVII

132 

A Civilização Romana ............................................................................................... 132  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 132  17.1. Fundação de Roma .................................................................................. 132  17.2. Períodos civilização ................................................................ 17.4. As guerrasdapúnicas (264romana – 146 a.n.e.) ............ ....................... .................... ....................... ....................... ......... 133 135   17.5. Decadência de Roma ............................................................................... 136  Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 137  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 137 

Unid ade XVIII

138 

A Idade Média e a formação do Sistema Servil na Europa – caso da França F rança .............. 138  Introdução Intro dução ........... ......................... ............................... ............................... ................................ ............................. ............................. .................... 138  18.1. O Absolutismo Francês ............................................................................ 138  18.2. A Dinastia Bourbon ................................................................................. 139  18.3. O Teocratismo Francês. ........................................................................... 142   Sumárioo .............. Sumári ............................ ............................. ............................. ................................ ............................... ............................... ............................. ........... 143  Exercícios... Exerc ícios................. ............................ ............................... ............................... ................................ ............................... ............................... ..................... ... 143  Referências Bibliográficas ......................................................................................... 145  

 

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Visão geral Benvin Benv indo do a HISTÓ HISTÓRI RIAA DAS SOC SOCIED IEDADES ADES II. II. oAda Colocaç Colatenção ão edoo Homem no centro centr aocação tenção Renascim enascimento ento Cultural

Objectivos da cadeira Quando terminar o estudo de História das sociedades II – A colocação do homem no centro da atenção e o renascimento cultural; o cursante será capaz de:

 

Objectivos

Identificar os factores da variabilidade da cultura humana;

 

Explicar a natureza e identificação do facto social;

 

Descrevern o processo de socialização e politicidade nas comunidades humanas;

 

 posicionar a história social e cultural no contexto das d as outras ciências sociais;

 

Explicar a interdisciplinaridade das ciências sociais;

 

Explicar a organização social das comunidades de caçadores e recolectores;

 

Identificar as primeiras representações dos padrões sócio-culturais;

 

Explicar a hierarquização das sociedades;

 

Descrever o Processo Dinástico na China Antiga;

 

Explicar a formação das estruturas sociais na África Austral e em

 

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2

Moçambique;  

Caracterizar as Civilizações Ameríndias;

 

Explicar os Valores Culturais das Sociedades Pré-Clássicas

 

Identificar os valores culturais das sociedades pré-clássicas;

Relacionar as civilizações da mesopotâmia com as do vale do Nilo; Nil o; A formação de sociedades escravocratas no mediterrâneo;  

 

Identificar as expressões sócio-econímicas e culturais das civilizações  pré-clássicas da mesopotâmia; mesopotâmia;

 

Outras expressões culturais pré-clássicas no médio e no próximo oriente;

 

Identificar as manifestações culturais que marcaram a presença de agricultores na zona austral de África;

 

Caracterizar a civilização grega;

 

Descrever a organização político-social da cidade de Atenas;

 

Identificar o mérito romano no desenvolvimento político-social e económico;

 

Destacar a Idade Média e a formação do Sistema Servil na Europa – caso da França.

Quem deveria estudar este Quem módulo Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser  professores da disciplina de História, que estão a frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de História, do Centro de Ensino a Distancia. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a História das sociedades.

 

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Como está estruturado estrut urado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Univ ersidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas Páginas introdutórias  

Um índice completo.

 

Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.  

Conteúdo do curso / módulo Conteúdo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá in cluirá uma introdução , objectivos da unidade, conteúdo  da unidade incluindo activid ades de aprendizagem, um summary  da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação.  Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas d e avaliação e/ou Auto -avaliação Tarefas -avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do modulo. Comentários e sugestões Esta éaa estrutura sua oportunidade para do noscurso dar sugestões fazer sobre e o conteúdo / módulo.eOs seuscomentários comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade activ idade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

 

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Acerca dos ícones Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e ainda ain da se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os  bons resultados apenas se s e conseguem com estratégias eficazes e ppor or isso é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que  possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o

 

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utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado desconhece;

Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacte o pessoalmente. Os tutores tem por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores tem por obrigação facilitar a interacção, em caso de  problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa n uma fase  posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente.

 

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As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu  próprio saber e desenvolva suas competências. competências.

Tarefas (avaliação e autoTarefas auto avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do  período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor\docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)  palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o  período presencial pr esencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com  base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos t rabalhos de campo por ti

 

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desenvolvidos, durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões  presenciais, eles representam 60%, o que adicionado adicionad o aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2 (dois) teste e 1 (um) exame. Não estão previstas quaisquer avaliação oral.

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os.

 

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Unidd ad e I Uni Introdução ao Estudo da H Hist istória ória das Sociedades Introdução  Nesta unidade u nidade pretende-se que os estudantes saibam o que é sociedade e cultura, formas de organização social e categorias dos grupos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Definir sociedade e cultura;

 

Enumerar as formas de organização social;

 

Explicar a natureza de grupo Social;

 

Caracterizar os grupos sociais.

1.1. Conc onceito eito ddee SSociedade ociedade e de C Cult ultura ura Sociedade: conjunto de pessoas que vivem em estado gregário, ou

é o conjunto de indivíduos unidos pelas leis comuns para atingir um fim determinado.

Cultura: é um sistema complexo de códigos e padrões partilhados

 por uma sociedade ou um grupo social e que se manifesta nas normas, crenças, valores, criações e instituições que fazem parte da vida individual e colectiva dessa sociedade ou grupo. (In Dicionário da Língua Portuguesa, 2004, p.458).

Sociedade humana: é o conjunto de grupos sociais, compostos de

 pessoas unidas por laços de interdependência e sociabilidade, cujo

 

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comportamento predominante é regulado por uma estrutura social dinâmica resultante das acções dos vários agrupamentos que a constituem, especialmente dos mais poderosos ou influentes.

A própria natureza humana exige que os Homens se agrupem. A vida em sociedade é condição necessária à sobrevivência da espécie humana. É neste sentido que os seres humanos organizam-se de muitas maneiras  para poderem viver viv er e trabalhar trabal har juntos dentro da sociedade. Segundo Karl Maunheim, os contactos e processos sociais que aproximam ou afastam os indivíduos, provocam o surgimento de formas diversas de agrupamentos sociais. Tais formas são os grupos sociais e os agregados sociais.

Formas de organização social

Agregados sociais

Grupos sociais

*Multidão * Público * Massa Primários

Secundários

* Permanentes

* Permanentes

* Estáveis

* Transitórios * Instáveis

Os grupos sociais são mais duradouros, resultam em formas mais estáveis de integração social. Nos grupos sociais há normas, hábitos e costumes

 

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 próprios, divisão de funções e posições sociais bem definidas. Por exemplo, na família, na escola, na igreja, i greja, no clube, no estado, etc.

Muitos grupos sociais formam-se a partir do próprio lugar geográfico onde as pessoas existem. Outros grupos têm um número reduzido de membros e possuem um objectivo bastante específico, sendo que outros  possuem uma grande variedade de metas. metas. Em geral, os grupos que normalmente as pessoas fazem parte, já existiam antes que elas entrassem e continuam existindo mesmo depois de elas se retirarem dos mesmos.

Grupo e indivíduo.

O grupo é uma realidade vital com profundo efeito sobre o comportamento dos indivíduos em todas as situações sociais. Se afastássemos um Homem de todas os laços de grupo em breve ficaria doente e possivelmente morreria; e se o integrássemos na lealdade de grupo, sua resistência e sacrifício seriam quase inacreditáveis.

Podemos então admitir que o comportamento do indivíduo é controlado  pelas experiências de grupo.

1.2. Noção de Grupo Social e sua Natureza Geralmente quando falamos de grupo, automaticamente queremos indicar uma junção de pessoas que ocupam determinado lugar. Esta definição seria muito limitada para o grupo social em termos concretos e apelando a análise de vários sociólogos; pelo que podemos dizer que o  grupo

 social  é   é a reunião de duas ou mais pessoas associadas pela interacção e,  por isso capazes de realização de acção conjunta visando atingir um objectivo comum. Ao longo da vida o indivíduo participa de vários grupos sociais.

Segundo Fichter, os grupos sociais formam uma colectividade identificável, estruturada, contínua de pessoas sociais que desempenham  papeis recíprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais, para a consecução de objectivos comuns. O que quer dizer que

 

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não é somente um termo aplicado à mera colecção de pessoas que espontaneamente se encontram em determinado lugar sem que estejam relacionadas entre si, mas sim a uma colecção de pessoas que respondem a certos critérios.

1.3.. Característic 1.3 Características as dos Grupos Os grupos apresentam diversidades entre si, não só na forma de recrutamento como também na organização, finalidade e objectivos. A maioria dos autores destacam como características dos grupos sociais as seguintes: identificação, estrutura social, papeis individuais, relações recíprocas, normas comportamentais, interesses e valores comuns, finalidade social e permanência.

Identificação:  o grupo deve ser identificado como tal pelos seus

membros e pelos elementos de fora. As pessoas envolvidas devem ter consciência de que são membros do grupo. Os grupos sociais são superiores ao indivíduo, isto é, quando uma pessoa entra no grupo, ela já existe; ao mesmo tempo o grupo é exterior ao indivíduo, quer dizer quando a pessoa sai do ele continua a existir;

Estrutura social:  No grupo cada componente ocupa uma posição

relacionada com a posição dos demais.

Papeis individuais: constituem a condição essencial para a existência do

grupo e sua permanência como tal, pois cada um dos seus membros tem uma participação determinada;

Relações recíprocas:  As pessoas que constituem um grupo devem

interagir mutuamente de modo directo e indirecto; Normas comportamentais:  são certos padrões, escritos ou não que

orientam a acção dos componentes do grupo e determinam a forma de desempenho do seu papel;

 

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Interesses e valores comuns: o que é considerado bom, desejável, aceite

e compartilhado pelos membros do grupo. Os membros unem-se em torno de certos princípios e valores, para atingir um objectivo de todo o grupo. Existe de algum modo uma interdependência – o que acontece  para um afecta o outro. Os indivíduos envolvidos em um grupo devem  procurar alcançar os objectivos estabelecidos; estabelecidos; Finalidade social: é a razão de ser e do objectivo do grupo (ex.

económica, religiosa, cultural, filantrópica, corporativa, etc.);

Permanência: Para que um grupo seja considerado como tal, é

necessário que a interacção entre os membros se prolongue durante determinado período de tempo (semanas, meses ou anos). As interacções  passageiras não chegam a formar grupos sociais organizados, forma sim si m os chamados (agregados sociais – público, multidão, massa), que se  podem reunir reu nir em eventos de pouca po uca duração. Ex. E x. comícios, espectáculos, greves, etc. 

1.4.. As Categor 1.4 Categorias ias do Social Os dados estatísticos, principalmente os obtidos através dos censos, constituem fontes para o estabelecimento de categorias sociais. Essa formação é um processo mental, apesar de as categorias não serem imaginárias: “Uma categoria social é uma pluralidade de pessoas que são consideradas como uma unidade social pelo facto de serem efectivamente semelhantes em um ou mais aspectos” (Fichter, 1973:85) – Não há necessidade de proximidade ou contacto mútuo para as pessoas  pertencerem a uma mesma categoria social, exemplo: adolescente, operários, soldados, analfabetos, etc. Um destes grupos corresponde a uma categoria social. Em relação aos aspectos semelhantes entre as  pessoas, só nos interessam aquelas que têm significação sociológica, mesmo estas, variam de acordo com o objectivo do estudo, exemplo: se quisermos analisar os padrões de comportamento religioso, a classificação abrangeria as categorias de ateus, crentes, cristãos, judeus,  budistas e outras; homens, mulheres, jovens, adultos e idosos. As

 

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categorias estudadas pela sociologia são as que implicam valores sociais:  parentesco, riqueza, ocupação, educação, religião, religião, factores biológicos.

Sumário

Sociedade,  conjunto de pessoas que vivem em estado gregário, ou é o conjunto de indivíduos unidos pelas leis comuns para atingir um fim determinado.

Cultura, é um sistema complexo de códigos e padrões partilhados por uma sociedade ou um grupo social e que se manifesta nas normas, crenças, valores, criações e instituições que fazem parte da vida individual e colectiva dessa d essa sociedade ou grupo.

Sociedade humana, é o conjunto de grupos sociais, compostos de pessoas unidas

por

laços

de

interdependência

e

sociabilidade,

cujo

comportamento predominante é regulado por uma estrutura social dinâmica resultante das acções dos vários agrupamentos que a constituem, especialmente dos mais poderosos ou influentes.

grupo social , ,  é a reunião de duas ou mais pessoas associadas pela interacção e, por isso capazes de realização de acção conjunta visando atingir um objectivo comum. Ao longo da vida o indivíduo participa de vários grupos sociais.

Exercícios 1.  O que é a sociedade so ciedade humana? R:  Sociedade humana:  é o conjunto de grupos sociais,

compostos de pessoas unidas por laços de interdependência e sociabilidade, cujo comportamento predominante é regulado por uma estrutura social dinâmica resultante das acções dos vários agrupamentos que a constituem, especialmente dos mais poderosos ou influentes. i nfluentes.

 

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2.  a) Quais são as principais formas de organização social?  b) Dentro da organização social das sociedades primitivas, detalha a diferenciação entre os homens e as mulheres.

3.  Que diferença encontra entre grupo e indivíduo? indivídu o? 4.  Defina grupos socais segundo Fichter. 5.  Mencione as principais características dos grupos sociais e caracterize dois. 6.  Os grupos sociais subdividem-se em primários, intermédios e secundários. - Caracterize os primários.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação. Auto-avaliação

Entregar os exercícios: 2 e 6. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidd ad e IIII Uni Padrões Culturais Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam os padrões culturais, saibam conceitualizar a cultura e compreendam a dinâmica da Cultura.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

 

Definir padrões culturais; Conceitualizar a cultura;

 

Explicar a dinâmica da Cultura;

 

Identificar os factores da variabilidade da cultura humana.

2.1.. Os 2.1 Os Tipos de Padrões Cultu Culturais rais Quando se fala de cultura, a tendência tem sido de modo geral pensar nas grandes artes ou em alto conhecimento intelectual, como a literatura,  pintura, esculturas, etc.

 Não falamos aqui de cultura neste sentido, mas sim cultura num termo inclusivo. Cultura não é sinónimo de perfeição, erudição, alfabetização ou estudos universitários. Também os analfabetos são sujeitos de cultura. Todos os povos ou grupos sociais são cultos segundo seus padrões culturais – se pensarmos que o outro não tem cultura ou se considerarmos que a sua cultura é inferior como se processaria a inculturação? Ninguém aceita ser racista, mas todos se acham culturalmente superior.

 

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2.2.. Os 2.2 Os Vários Conceitos de Cultura - Cultura:  é um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte moral, leis e costumes e qualquer outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo indivíduo como membro da sociedade (E.B. Taylor – 1871)

- Segundo Alex Inkeles – 1964, cultura é o total de todos os objectos, ideias, conhecimentos, maneira de fazer as coisas, hábitos, valores e atitudes que cada geração na sociedade transmite a outra.

- C. Geertz – 1973, define a cultura  como um modelo de significados incorporado em símbolos (...) sistema de conceitos expressados através de formas simbólicas pelos quais as pessoas se comunicam, perpetuam e desenvolvem (...), atitudes em relação a vida. - Toynbee – 1961, define a cultura  como um conjunto de símbolos, estórias, mitos e normas que conduzem e orientam uma sociedade ou grupo cognitivamente, afectivamente e comportamentalmente no mundo na qual existe.

 Nas várias definições acima a cima citadas, um dos elementos indispensáveis foi a sociedade. Esta é o critério ou resultado da cultura. Também é correcto dizer que a cultura é aprendida pelo indivíduo como membro da sociedade e que esta é consequência da partilha que o indivíduo faz de sua cultura.

Uma coisa, porém, é fundamental. Para se criar a cultura necessitamos do trabalho. Será somente através do trabalho que as pessoas irão realizar cultura? Pode-se perguntar: se numa sociedade escravocrata o trabalho é injusto, é uma forma de exploração, como então o trabalho poderá ser fonte de cultura? É importante lembrar que uma cultura não é necessariamente boa ou justa. Se uma sociedade se baseia num trabalho de dominação, a cultura também pode ser de d e dominação.

 

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Se existe várias culturas, pode haver aquelas que sejam superiores ou inferiores? Não! Uma cultura não pode ser inferior nem superior a outra. Elas são apenas diferentes. A cultura urbana, por exemplo, não é inferior nem superior da cultura da zona rural, porque são dois modos de vida diferentes, cada uma tem seus valores, com suas necessidades e sua lógica.

Qualquer cultura ou subcultura contém três elementos: o símbolo, mitos e rituais. - Símbolo: é qualquer realidade que pelo seu próprio dinamismo ou força conduz ou guia em direcção, isto é, faz a pessoa pensar em imaginar, entrar em contacto com, (ou a alcançar algo) ao mais profundo e frequentemente mais misterioso dentro da realidade através da comunhão com o que o símbolo oferece e não somente pela mera explicação verbal. O símbolo tem duas qualidades particulares: de dar um sentindo porque o símbolo transmite uma mensagem a respeito de algo; este pode causar uma reacção de sentimentos positivos ou negativos;

-  Mito:  são símbolos na forma narrativa – por exemplo, a estória da criação no livro Génesis. Estas são estórias ou tradições que buscam de maneira imaginativa e simbólica, apresentar uma verdade fundamental sobre o mundo e a vida humana;

-  Rituais: são as maneiras visíveis de representar ou dramatizar o mito e estes são muitos e variáveis, assim como as necessidades humanas.

O termo MITO vem do grego e etimologicamente significa fábula, lenda,  palavra, fala ou dizer. (A ciência que estuda os mitos é a MITOLOGIA). Os mitos não são pura invenção da imaginação, mas reflectem sim o  ponto de vista dos homens dos tempos antigos sobre a natureza, a vida, as crenças religiosas, as ideias morais da sociedade primitiva; são, portanto rudimentos do conhecimento pré-científico, reunindo imagens fantásticas e elementos cognitivos. Os mitos despertavam a energia da colectividade

 

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e foram instrumentos de desenvolvimento cultural. O “material” dos mitos era as imagens (o do pensamento racional são as noções e conceitos). O objecto do mito são as forças sobrenaturais e os produtos da fantasia em geral (o objecto do pensamento racional é o mundo real). É a diferença entre a lógica simbólica ou figurada e a lógica abstracta.

Detalhando diríamos que o mito é um sistema total de interpretação da realidade, cuja base eram duas abordagens interligadas: a mitológica e a mágica. A primeira

ocupava-se da esfera sobrenatural e da sua influência

sobre o homem e a sociedade, constituindo uma história sagrada, explicativa e normativa. A segunda abordagem, a mágica, elaborava o "modelo" sobre o mundo (macro e microcosmo). Ao nível mitológico   pertenciam os deuses, os heróis, os ídolos, os espíritos e as outras o utras forças sobrenaturais actuando no cosmo. Ao nível mágico  pertenciam a natureza, o espaço, os outros seres humanos e os meios e os símbolos mágicos (gestos, exorcismos, amuletos etc.). Este nível constituía quase toda a esfera espiritual do mundo de então. Era acessível a cada um, enquanto que os mitos eram "exercidos" só pelos mais velhos. Por MAGIA entende o homem comum (sentido corrente) a manipulação das

 propriedades das coisas, o uso do meio de influência de uum m homem sobre outro ou a provocação de certos fenómenos e acontecimentos.

Mas no sentido científico  significa aquilo que era o antigo modelo integrado do mundo, que actuava segundo normas, era uma visão do mundo e uma tentativa de toma consciência sobre as leis do cosmo. O mito explicava a origem das coisas e exercício a influência espiritual no mundo, enquanto que a magia explicava o  funcionam  funcionamento ento desse mundo, as linhas força espirituais, as interpretações dentro da realidade, e também constituía as interpretações e as ideias "educativas", era a rede ou teia que unia os fenómenos no mundo. A magia era mais constante e estável e era uma solução definitiva dos problemas, embora do ponto de vista actual a classifiquemos como fenómeno anacrónico e extraordinário de âmbito religioso, contrario às leis da natureza. Historicamente ela teve,  porém uma razão de ser e uma função função no avanço da Humanidade.

 

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2.3.. Dinâmica 2.3 Dinâmica da Cultur Culturaa – algumas con considerações siderações imp import ortantes antes 1. Cultura é orgânica e supra orgânica Orgânica: porque não há cultura sem os seres humanos e supra orgânica, porque cultura vai além fora do indivíduo e para além dos tempos. 2. Cultura é aberta e coberta: Aberta quando consideramos os artefactos como casas, roupas e formas de linguagem que podem ser observados diariamente. Coberta, quando consideramos atitudes em relação ao mundo e a interpretação do mesmo.

3. Cultura é explícita e implícita; É explicita quando consideramos aquelas acções que podem ser explicadas ou descritas facilmente por aqueles que a produzem. Implícita quando consideramos as coisas que fazemos, mas não somos capazes de explicá-las a pesar de acreditarmos nelas.

A cultura é ideal e manifesta, pois é ideal porque envolve a maneira como as pessoas deveriam se comportar ou o que deveriam acreditar de fazer; e manifesta as coisas que realmente são feitas e reconhecidas pelos outros; isto é, o que q ue é visto pelos outros.

2. 2.4. 4. C Conceitos onceitos bbásicos ásicos dentro do Conte Contexto xto Cultural Subcultura: são as diferenças significativas que aparecem no interior da

cultura (grupos que se distinguem no interior de uma sociedade, jovens que apresentam costumes diferentes dos da população adulta, afirma-se que criam uma Subcultura). O uso do termo Subcultura não significa que se trata de uma cultura inferior. Esta não tem uma conotação conot ação valorativa.

Também devemos dizer que não está unida ao problema de espaço. A Subcultura que sempre se identifica com a cultura regional ou com parte

 

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da cultura nacional. A Subcultura pode estar ligada a certas castas ou classes sociais. As Subculturas são partes constitutivas da cultura global considerada Subcultura, portanto, é um segmento da sociedade que no seu interior é constituída de modos específicos de comportamentos, normas e valores que diferem da grande sociedade.

Enculturação:  é um conceito sociológico que refere-se ao processo de

aprendizagem cultural. Processo pelo qual o indivíduo é inserido em sua cultura. É um conceito que está relacionado com a socialização da cultura ou endoculturação. Enculturação inclui um processo formal de ensino –  aprendizagem. Porém, em sua compreensão geral, este é largamente informal e mesmo uma experiência inconsciente. Em geral um indivíduo ensina a si próprio de um processo adaptativo da aprendizagem, de regras que são dadas por uma sociedade. As imagens ou símbolos de uma cultura são em si mesmas didácticas. Elas ensinam ao indivíduo a construir suas próprias categorias ou mesmo transcende-las no acto  próprio de construi-las. Portanto, o modo em que q ue um indivíduo aprende a experiência, é essencialmente ligado com a cultura “(DAN Sperber – Epidemiologia de Representações); John Henry New Man – Gramática Cultural)” In Curso de Sociologia e Política.

Aculturação:  entende-se como o encontro de uma cultura com a outra ou

encontro de culturas. Talvez este seja a principal causa da mudança cultural. É um processo que está necessariamente ligado com a própria cultura. Os seres humanos possuem a liberdade colectiva de modificar sua tradição particular através de contactos com pessoas de outras culturas.

 Naturalmente, é um contacto entre diferentes conjuntos de signos e concepções, diferentes interpretações de experiências, diferentes identidades sociais. Aculturação é um processo histórico. Portanto, encontro de culturas é um fenómeno dinâmico e diacrónico e não estático ou sem mudanças.

 

  I Cultura, Da origem  sociedades edades pré-cl pré-clássicas ássicas até ao século XV HO166 - HISTÓRIA DAS SOCIEDADES origem das soci Dominação

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cultural:  tem várias designações – transculturação,

imperialismo cultural, alienação cultural. Todos estes termos expressam a ideia de uma cultura dominando outra ou várias culturas. Dominação significa a hostil transferência dos elementos da cultura estrangeira: símbolos, significados, comportamentos de uma cultura para outra. Esta transferência pode ocorrer pelo simples facto de uma cultura sufocar a outra: tecnologia superior, ideias atraentes, meios de comunicação, etc.

Inculturação: podemos definir a Inculturação como um diálogo contínuo

entre fé e cultura ou culturas. Mais profundamente esta é a relação dinâmica entre a mensagem cristã e outra cultura ou culturas (Pe. Pedro Arrupe S. J) define a Inculturação como sendo encarnação da vida cristã e da mensagem cristã num contexto cultural particular, de tal forma que esta experiência encontra expressão não somente através de elementos  próprios da cultura, mas que se tornem o princípio que anima, dirige e unifica a cultura, transforma-a e remodelando-a para que uma “nova criação aconteça”.

Choque cultural: é quando imerso numa cultura ou ambiente diferente o

indivíduo poderá se sentir desorientado, incerto, fora do lugar e até mesmo em pânico. Estas podem ser indicações que alguém pode experimentar que um sociólogo poderá interpretar como choque cultural.

Etnocentrismo: William Grahan Summer (1906), refere que “muito do

que dizemos diariamente reflecte a atitude de que nossa cultura é a melhor. Diz ainda, que usamos termos como subdesenvolvido, atrasado ou primitivo quando referimos a outras sociedades”. (“nós acreditamos a creditamos na religião; eles acreditam em superstição”).

William usa o termo Etnocentrismo para referir-se a tendência de assumir que a própria cultura ou modo de viver é superior a de outras. O Etnocentrismo vê seu próprio grupo como centro e ponto de definição de cultura.

 

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Pluralismo cultural:  a dificuldade de definir cultura acaba gerando a

descoberta do pluralismo cultural, onde a diferentes maneiras de servirse, das coisas, de expressar-se, de praticar a religião, de estabelecer as leis e instituições jurídicas, de cultivar as artes e a beleza. Onde cada povo tem seu estilo característico de vida – conhecer o pluralismo cultural e dizer que não há culturas superiores. São profundamente questionados os conceitos de “civilização”, de “culturas avançadas”. Posicionar-se em frente a uma cultura como superior é uma atitude de arrogância e tal atitude carrega consigo com um desejo de uniformismo cultural. A observarmos a história perceberemos o quanto esse desejo de uniformismo cultural atrapalhou a caminhada de diferentes povos, quanta destruição semeou ou continua semeando. O  pluralismo cultural remete-nos a outra realidade: as diferentes atitudes tomadas pelos povos no choque de relação entre culturas. Os deslocamentos geográficos, imigrações, etc., colocam culturas frente a outras culturas. Quais as atitudes daí decorrentes: Como podemos notar, a aproximação cultural tem vários níveis. Não existe cultura modelo ou cultura pura. Quem quer construir cultura pura si tornará destrutor da cultura.

*  A endoculturação ou socialização cultural, por exemplo, é o

aprendizado da própria cultura. A primeira aproximação cultural acontece no aprendizado da nossa própria cultura em casa, na rua e na escola.

 

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2. 4.1. 4.1. O Oss Níveis ddaa Cultu Cultura ra Nível superficial da cultura 

Esfera pratica da cultura 

1 2

4

 Á  Áre rea as dos valo lore ress 3

Esfera interior - cognitiva

A Variabilidade da Cultural Humana

A cultura é no sentido sociológico uma criação humana formada por todo um conjunto de elementos de ordem material (ciência, técnica, arte, etc.) e mental (costumes, leis, crenças, ideologias, etc.) e que se mantém em determinadas condições sociais.  No que concerne a variabilidade cultural, tem-se por afirmar que, este facto deve-se a vários elementos como: o pensamento humano e o meio ambiente.

 

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O pensamento

 No tocante t ocante ao a o factor pensamento, este inclui na medida em que torna-se  base para a existência ou surgimento de uma cultura que possa ser diferente de uma outra segundo o poder inventivo inv entivo do Homem.

O Homem tem a capacidade de inventar, criar, modificar o meio cultural em que se encontra, fazendo-se diferente dos outros. A variabilidade cultural humana deve-se aos seguintes aspectos que podem ser sistematizados em: Cognitivos: linguagem, conhecimento e crenças;  Normativos: valores, normas, leis;  Afectivos: sentimentos e realidade;  Estéticos: beleza e diversão; Comportamentais: Costumes, estilo de vida, padrões de comportamento.

Cada um destes factores admite variações discretas entre as diversas culturas, de tal forma que, o mundo tem uma diversidade cultural difícil de abarcar.

Mas, não se julgue que basta introduzir uma inovação para que a cultura se modifique automaticamente. Torna-se necessário, efectivamente, que essa inovação seja aceite, não por um grupo restrito de indivíduos, mas  por toda a colectividade.

É ainda evidente que uma colectividade aceitará as inovações mais ou menos facilmente, de acordo, não só com as características da própria inovação.

O meio ambiente

O meio ambiente é um dos factores determinante na variabilidade da cultura humana, na medida em que força o homem a pensar e agir de acordo com as condições do meio em que se encontra, de modo a que se

 

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 possa adequá-lo. O modo de vestir, de se abrir, depende maioritariamente da questão ambiental em que o homem se insere e que, o torna diferente do outro, num meio em que as condições co ndições climáticas são antagónicas.

Portanto, ao que se refere a distinção do clima, pode-se verificar nas diferentes sociedades uma cultura de produção agrária e outra diferente de acordo com as condições da região. Segundo Ki-Zerbo (pp. 26-27), “em etnologia ou antropologia, o método consiste em nos basearmos nos traços culturais para seguir a evolução da sociedade e as relações entre elas. Com efeito, o caso de parentesco das formas, há apenas três hipóteses: dupla invenção automática, origem comum ou transmissão” trans missão”

A existência de subculturas impõe-se também ao observar que verifica-se a coexistência numa mesma sociedade global (nação), variações culturais importantes de região para região, de uma camada social para a outra, de uma grande cidade para uma pequena cidade, da cidade para o campo, etc., por vezes com um certo grau de incomunicabilidade. Deve então, falar-se pelo menos de subculturas.

A estas variações culturais dentro da mesma sociedade global que se traduzem em padrões sociais de comportamento vividos por certos grupos que se acham, assim separados em termos culturais, gerais, ao resto da sociedade dão-se o nome de subculturas.

Podemos ainda afirmar que a cultura evolui quer por acréscimo de elementos novos, quer por substituições de uns elementos por outros, e que toda a criação cultural (uma lei, por exemplo) não é obra de um só indivíduo, mas é resultante da aglutinação de vários tipos de mentalidade e interesses, de acções, de reacções e de reivindicações diversas, de concepções científicas e técnicas, de influências doutrinais e ideológicas. i deológicas.

Seguindo de perto a linha de pensamento expressa por A. Sedas (pp. 184IBIDEM) “há em todas as sociedades um ritmo de evolução mais ou

 

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menos rápido que abarca não apenas as transformações de culturas, mas também, de estruturas, de organização e de vida social”.

A variabilidade da cultura deve-se aos factores já citados, surgindo neste contexto a cultura africana, europeia, asiática, americana e outras.

2.4.2 2.4 .2.. Aprendendo Conceitos: 1. Cultura material e não material

1.1. Cultura material : consiste em todo o tipo de utensílios, ferramentas, instrumentos, máquinas, etc., utilizados por um grupo social. Por exemplo: a grande maioria do povo moçambicano come farinha de milho como alimento básico, e grande parte das pessoas dormem em esteiras e muitas das suas casas são construídas em material local (estacas, barro, caniço ou palmeiras)

1.2. Cultura não material:  abrange todos os aspectos não materiais da sociedade, tais como: regras morais, religião, costumes, ideologias, ciências, etc. Por exemplo: a maioria da população moçambicana faz cerimónias em respeito aos seus antepassados falecidos, não há pena de morte na legislação moçambicana e embora proibido por lei, o regionalismo é bastante evidente no país. Existe uma interdependência entre cultura material e não material. Por exemplo: a apresentação duma orquestra, as músicas são o produto da criatividade de um ou mais músicos (cultura não material). Entretanto, para comunicar a sua música aos outros, os artistas (músicos) valem-se de instrumentos musicais (cultura material). Da mesma forma as religiões de modo geral necessitam de templos, altares e outros elementos materiais para que  possam ser praticadas.

 2. Elementos da cultura: a cultura é um sistema, um todo, um conjunto de elementos ligados uns aos outros. Esses podem ser decompostos em  partes. Os mais simples são os traços culturais, as unidades de cultura. Por exemplo: uma ideia, uma crença, um carro, um lápis, uma capa, uma  pulseira, um anel, etc. Os traços culturais só têm significado dentro de

 

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uma cultura específica. Por exemplo, um colar pode ser simples adorno  para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou religioso.

 2.1. Complexo C omplexo cultural:   o futebol, por exemplo, é um complexo cultural que pode ser decomposto em vários traços culturais: o campo, a bola, o  juiz, os jogadores, a torcida, as regras do jogo, o técnico, etc.

 3. Padrão cultural:  é uma norma de comportamento estabelecido pela sociedade. Os indivíduos normalmente agem de acordo com padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem> Quando Qua ndo os membros de uma sociedade agem da mesma forma estão a expressando os padrões culturais do grupo.

 3.1. Área cultural:  é uma região em que predomina determinados complexos culturais. É a área geográfica por onde se distribui uma cultura.

 4. Crescimento do património cultural:  cada geração passa por um  processo de aprendizagem, apr endizagem, no qual assimila a cultura do d o sseu eu tempo t empo e se torna apta a enriquecer o património cultural das gerações futuras. Isso se faz por dois processos: a inovação e a difusão. di fusão.

 5. Retardamento R etardamento cultural:  as mudanças dos diversos elementos culturais não acontecem ao mesmo ritmo: alguns se transformam mais rapidamente que os outros. As invenções, por exemplo, trazem mudanças mais aceleradas na cultura material que na cultura não material. É o exemplo da mudança nas máquinas em relação a mudanças na religião.

6. Marginalidade cultural:  quando duas culturas entram em contacto  podem correr-se além da aculturação uma série de conflitos mentais nos indivíduos pertencentes a essas culturas. Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da

 

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sua. Aqueles que não conseguem se integrar completamente em nenhuma das culturas que os redeiam, ficam a margem da sociedade (índios Caingangues de Tupã – mansa e tristes).

7. Contracultura: Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores culturais vigentes, opondo-se radicalmente a eles num movimento chamado contracultura.

8. Socialização ou inculturação: processo através do qual o ser humano cresce no interior da cultura da sua comunidade de origem.

 9. Integração social:  mecanismos através dos quais um grupo ou uma sociedade recebe um novo membro ou é o processo vivido por uma  pessoa que quer vir a aceder à condição de participação pela numa sociedade ou numa organização.

10. Adoptação social:  entende-se os mecanismos através dos quais o indivíduo se torna apto a pertencer a um grupo.

Sumário A cultura é um sistema, um todo, um conjunto de elementos ligados uns aos outros. Esses podem ser decompostos em partes. Os mais simples são os traços culturais, as unidades de cultura.

Alguns dos conceitos básicos dentro do Contexto Cultural são a Subcultura; Enculturação; Aculturação; Domínio cultural; Inculturação; Choque cultural; Etnocentrismo e Pluralismo cultural.

 

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Exercícios 1. Dentro das categorias do social Diferencie: dinamismo, progresso, diversidade e complexidade.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação. Auto-avaliação

Entregar os exercícios: exercícios: 7. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade III A Exaltação de uma Nova Época Introdução  Nesta unidade pretende-se que q ue os estudantes conheçam o surgimento da humanidade e da sociedade. Como é sabido, a História do ser humano é marcada por uma luta constante para manter-se como espécie e assegurar sua reprodução.

 Na arena científica as teses fixistas sobre o processo de hominização1  foram sendo cada vez mais abandonadas. Em seu lugar, ganharam aceitação àquelas que apresentam o Homem como fruto de um processo metamorfósico milenar.

A África é tida como Berço da Humanidade, na medida em que, por um lado, registos fósseis indicam que o primeiro hominídeo – australopithecus2 – surgiu na África há cerca de um milhão de anos; alias, as condições de então apresentavam-se mais favoráveis relativamente às outras regiões; foi em África onde, com a prospecção arqueológica, se descobriu a mais numerosa, mais completa e mais contínua série de vestígios pré-históricos; é em África, sobretudo nos planaltos orientais e meridionais, que se encontram todos os elos que ligam aos mais longínquos “antepassados” ou “parentes” presumíveis do Homem (os grandes macacos de África: o gorila e o chimpanzé). Por estas razões, Darwin declarou que “é provável que os nossos antepassados tenham vivido em África, em vez de qualquer outra parte” e Chardin escreveu que “deve ter sido no coração de África que o Homem emergiu pela  primeira vez”.

1 2

 Tal como a de Teilhard Chardin que acredita na criação do Homem por (Deus)  Australopithecus – do latim australis (sul) (sul ) e pithecus (macaco)

 

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Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:  

Explicar o surgimento da humanidade e da sociedade;

 

Diferenciar a teoria fixista ou criacionista da evolucionista ou transformista;

Objectivos  

Explicar a importância que teve a libertação das mãos e o domínio do fogo para o Homem Ho mem pré-histórico. pré-histórico.

3.1.. Proc 3.1 Processo esso de Surgi Surgimento mento do Homem O processo de surgimento do Homem terá provavelmente começado durante a Era Primária, quando certos vertebrados, tendo desenvolvido  pulmões, abandonaram o seu habitat – o mar – e deslocaram-se deslocaram-se para a terra firme, onde deram origem a animais mais complexos, como os répteis e as aves. Na Era Secundária predominaram na Terra os anfíbios e os répteis, alguns enormes, como os dinossauros. Possivelmente, os répteis de dimensões menores e de sangue quente deram origem os mamíferos propriamente ditos, que predominavam na natureza durante a Era Terciária.

Entre os mamíferos primitivos encontram-se os primeiros representantes dos primatas que, no curso da evolução, adquiriram maior capacidade de mover os membros, de fazer uso do dedo polegar e de manter o tronco erecto e desenvolveram o cérebro, o que levaria ao aparecimento de formas superiores como a dos antropóides e posteriormente dos Australopithecus (durante a Era Quaternária). Estes desenvolveram algumas características, como um cérebro mais desenvolvido, uma dentição semelhante a do Homem actual, o andar bípede, postura erecta e a capacidade de uso de instrumentos rudimentares que os diferenciavam de outros ramos dos primatas.

Vestígios fósseis indicam a existência, há cerca de 500 mil anos, do Homo erectus, a partir do qual evoluiu o Homem actual. A sua evolução física contribuiu para que houvesse mudanças de comportamento, as

 

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quais levaram a alterações anatómicas, num lento processo que culminou no Homo sapiens, espécie a que pertencemos.

A primeira transformação decisiva que o hominídeo sofreu foi a  possibilidade de se manter permanentemente erecto nos membros  posteriores, o que permitiu à libertação das mãos da marcha. Com a libertação da mão, o homem pré-histórico desenvolveu os centros sensitivo motores e, portanto, o volume do cérebro, sobretudo na parte anterior do córtice, a libertação das cordas vocais, possibilitando a linguagem.

A libertação da mão possibilitou igualmente o fabrico de utensílios que materializavam a inteligência, do mesmo modo que a inteligência deu forma aos utensílios. Outro passo importante foi o domínio do fogo. O fogo não só servia para alumiar a caverna e aquecer os seus ocupantes, como também servia para a defesa. Com o fogo o homem dissipava o medo e, durante o aquecimento, estimulava a vida social, importante para o progresso e eclosão da inteligência e da linguagem ao mesmo tempo que desenvolvia a vontade de comando.

3.2. A Exp Expansão ansão Por volta de 100 000 a.n.e, com o fim da última era glacial ocorreram  profundas alterações climáticas e ambientais que estimularam a migração de animais e seres humanos. Foi assim que os homens primitivos, surgidos em África, foram ocupando, ainda que de maneira dispersa, as diversas regiões do Globo: da África à Europa, da Ásia à Austrália.

Tais transformações ambientais favoreceram também a sedentarização dos grupos humanos, ou seja, a sua fixação ao solo. Esta ocorreu, especialmente de 10 000 a.n.e., quando as condições se reuniram para que o Homem descobrisse a agricultura e aprende-se a dominar animais.

 

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Sumário Vestígios fósseis indicam a existência, há cerca de 500 mil anos, do Homo erectus, a partir do qual evoluiu o Homem actual. A sua evolução física contribuiu para que houvesse mudanças de comportamento, as quais levaram a alterações anatómicas, num lento processo que culminou no Homo sapiens, espécie a que pertencemos.

O fim da última era glacial, por volta de 100 000 a.n.e, trouxe profundas alterações climáticas e ambientais que estimularam a migração de animais e seres humanos. Possibilitando que os homens primitivos, surgidos em África, foram ocupando, ainda que de maneira dispersa, as diversas regiões do Globo: da África à Europa, da Ásia à Austrália.

Exercícios 1. Como explicas que os primeiros achados humanos tenham sido em África?

2. Quais os aspectos a considerar quando se fala do aparecimento do Homem?

3. Fale da importância da libertação das mãos e do domínio do fogo para o Homem pré-histórico.

4. Justifica a seguinte afirmação: «O bipedismo e a verticalidade foram dois elementos fundamentais da hominização»

5. Relaciona a Arqueologia com o conhecimento das origens do Homem.

 

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Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação. Auto-avaliação

Entregar o exercício: 3 e 4. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Uni dade IV O Facto Facto Social, Soci al, a Unicidade Unici dade do social e a Politi Politicidade cidade do social. Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes conheçam a natureza, identificação, características de um facto social e o processo de socialização e politicidade nas comunidades humanas incluindo as implicações antropologicas da sociabilidade do ser humano. h umano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Definir facto social

 

Explicar a natureza e identificação do facto social

 

Mencionar as características do facto social

 

Diferenciar socialização da politicidade;

 

Explicar as implicações antropológicas da sociabilidade do ser humano.

4.1.. O facto ssocial: 4.1 ocial: ddefin efinição, ição, naturez naturezaa e identific identificação ação. Segundo E. Durkheim é facto social toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência  própria, independente das manifestações individuais que possam ter (1966:12)

Em Lakatos, p. 42, são os modos de pensar e agir de um grupo social; embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele um poder coercivo, exemplo: usar uniforme escolar, içar a  bandeira em sentido, etc.

 

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A noção de coerção  está, pois, segundo o autor, intimamente ligada à noção de facto social. Com efeito, um facto social reconhece-se «pelo  poder de coerção externa que exerce ou é susceptível s usceptível de exercer sobre os indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela existência de uma sanção determinada ou pela resistência que o facto opõe a qualquer iniciativa individual que tende a violá-lo».

Viver em sociedade é assumir um conjunto complexo de obrigações sociais. Mas tudo o que ela (obrigação social) implica é que as maneiras colectivas de agir ou de pensar têm uma realidade exterior aos indivíduos que, em cada momento do tempo, a elas se conformam.

A causa determinante de um facto social deve ser procurada entre os factos sociais anteriores e não nos estados de consciência individual. i ndividual.

Assim, a função de um facto social deve ser sempre procurada na relação existente entre ele e um determinado fim social. Não basta, pois, explicar as causas de um fenómeno social. E. Durkheim afirma explicitamente que «quando tentamos explicar um fenómeno social, devemos investigar separadamente a causa eficiente que o produz e a função que ele desempenha». Mas a explicação funcional de um facto social deve examinar a sua utilidade para a sociedade, e não para os indivíduos. Deve determinar a forma pela qual serve «as necessidades gerais do organismo social», e não os objectivos ou necessidades dos indivíduos. O que é relevante é considerar o contributo de cada fenómeno social para a manutenção da ordem e da estabilidade social.

4.2.. Características 4.2 Características do ffacto acto soc social ial a)   Exterioridade – em relação as consciências individuais;  b)  Coercitividade  – a coerção que o facto social exerce ou susceptível de exercer sobre os indivíduos; c)  Generalidade  – generalidade – em virtude de ser comum ao grupo ou a sociedade.

 

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O conceito de exterioridade dos factos sociais baseia-se na concepção Durkheimiana da consciência colectiva por ele definida como conjunto das maneiras de agir, de  pensar e de sentir com um à medida dos membros de determinada sociedade e que compõe a herança própria dessa sociedade. Essa herança persiste no tempo transcendendo de geração para geração. As maneiras de agir, pensar e de sentir são exteriores às pessoas porque as precedem, transcendem e a elas sobrevivem. Exemplo, quando desempenhamos o nosso papel de cidadãos, de filhos, de adeptos de determinadas regiões ou de comerciantes, estamos participando em deveres definidos fora de nós e de nossos hábitos individuais no direito e nos costumes. É como cumprir deveres para com o estado que é anterior e independente da nossa existência  particular. Com a nossa morte essas instituições continuarão a existir. Essas características de anterioridade e posterioridade levam à conclusão de que os factos sociais transcendem os indivíduos e estão acima e fora deles sendo, portanto independentes do indivíduo em particular.

 

Coercitividade  – as normas de conduta ou de

 pensamento são além de externas aos indivíduos dotados dota dos de poder coercitivo (ou coercivo) porque se impõe aos indivíduos independentemente de suas vontades (usando medidas punitivas em certos casos)

 

Generalidade  – A consciência colectiva, isto é, o

conjunto das maneiras de agir, de pensar e de sentir, é característica geral de determinado grupo ou sociedade; dará feição particular a uma sociedade e permitirá distinguir, por exemplo, um brasileiro de um boliviano, um moçambicano de um zimbabweano; De acordo com a  pessoa, essa consciência individual pode ser mais desenvolvida. Entretanto, o que interessa ao analisar a

 

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característica da generalidade do facto social é que a consciências colectiva que é geral, pode impor-se as  pessoas com maior ou menor força. Isto é, deixando as consciências individuais com variados graus de autonomia. Nas sociedades primitivas a generalidade do facto social é vista com maior clareza, em virtude da homogeneidade dos seus grupos componentes e do facto da consciência colectiva dominar quase totalmente as consciências individuais.

4.3.. A Unicid 4.3 Unicidade ade do ssocial ocial e a politi politicid cidade ade do social A pertença de uma pessoa a uma sociedade ou a uma organização não é algo que esteja assegurado à partida, antes se obtém após processos complexos.

O ser humano não nasce membro de uma sociedade. A infância, a adolescência e a juventude são etapas de socialização e de maturação do ser humano que só podem ser compreendidos em referência ao contexto social em que são vividas.

A sociabilidade é a propensão do Homem para viver junto com os outros e comunicar-se com eles, torná-los participantes das próprias experiências e dos próprios desejos, conviver com as mesmas emoções e os mesmos  bens.

Com efeito, a sociedade actual, o processo de socialização nunca está acabado e mesmo aqueles que a sociedade sociedad e considera adultos vivem vários  processos de socialização. Muitos dos adultos actuais foram educados  para uma sociedade que, entretanto evoluiu muito, o que os obriga a viver outros tantos processos de socialização para poderem sobreviver no seio destas mudanças.

Podemos assim dizer que existe socialização desde que existem comunidades humanas, apesar da evolução que essa socialização foi revestindo. Com efeito, o processo através do qual o ser humano vai

 

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tendo acesso a etapas sucessivas da sua autonomia é fortemente marcado  pelas características culturais da sociedade em que vive (Erickson, 1972). Assim, podemos dizer que a socialização é um processo universalmente experimentado com as particularidades de cada contexto.

Desde há muito que comunidades diferentes se têm preocupado em organizar formas adequadas de socialização. Os ritos iniciáticos de sociedades sem escrita são um exemplo cabal deste facto.

Estudos antropológicos sobre os ritos iniciáticos de tribos africanas e australianas mostram como estas sociedades se preocupavam com a iniciação dos novos membros na cultura específica dessa comunidade. Na sociedade ocidental, de matriz cristã, podemos reconhecer que os ritos que conduziam os catecúmenos a uma plena integração na Igreja são outro exemplo de socialização organizada de forma bastante sistemática. sist emática.

A  politicidade é o conjunto de relações que o indivíduo mantém com os outros enquanto parte de um grupo.

A sociabilidade e a politicidade são, então dois aspectos correlativos de um único fenómeno.

Homem é sociável e, por isso, tende a entrar em contacto com os seus semelhantes e a formar com eles certas associações estáveis.

Acontece, porém, que ao fazer parte de grupos organizados o ser humano torna-se um ser político, ou seja, membro de uma Polis de uma cidade, de um estado, de uma nação, adquirindo certos direitos e assumindo certos deveres.

Assim, o fundamento da própria sociedade é a sociabilidade do ser humano. Já dizia Aristóteles que “O Homem é, por natureza, um animal  político (e então também sociável) ”. Aquele que q ue por natureza não possui p ossui

 

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estado é superior ou inferior ao homem, quer dizer, ou um Deus ou mesmo um animal.

O ser humano sente uma necessidade imprescindível de encontrar-se em relação com os outros seres da sua própria espécie e quando realiza essa disposição, sente um sentimento de grande satisfação. O ser humano é essencialmente sociável, sozinho não pode vir a este mundo, não pode crescer, não pode educar-se; sozinho não pode nem mesmo satisfazer suas necessidades mais elementares nem realizar as suas aspirações mais elevadas. Ele só pode obter tudo em companhia dos outros. Desde o início o ser humano é visto em grupos (família, clã, tribo, aldeia, cidade, sociedade global, tomando proporções planetárias). Os meios de comunicação encurtam distâncias unindo a humanidade numa autêntica “aldeia global”.

4.4. Implicações Antropológicas da Sociabilidade do ser Humano Podemos resumir as implicações antropológicas da sociabilidade do ser humano no seguinte: 1. O fenómeno da sociabilidade  é inato no ser humano e não uma manifestação causal e passageira. Assim, os que queriam fazer do ser humano um ser auto-suficiente e impermeável não conseguiram sustento  para as suas ideias. 2. A sociabilidade nos distingue dos animais que no máximo se agrupam  por instinto. i nstinto. A sociabilidade s ociabilidade humana supera infinitamente a dos animais  pela sua capacidade cognitiva, afectiva, linguística. O ser humano organiza instituições. 3. Pela sociabilidade o ser humano se enriquece dependendo da sociedade  para sobreviver. Por outro lado a sociedade não constitui uma realidade superior ao indivíduo, mas está ao seu serviço para que cada qual se realize plenamente. “A pessoa como tal é um todo. Dizer que a sociedade é um todo composto de pessoas quer dizer que a sociedade é um todo composto de muitos todos”. 4. O fenómeno da sociabilidade torna evidente autotranscendência. Este é um aspecto essencialmente conexo a sociabilidade, significa expansão em

 

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direcção ao outro, comunicação, associação (com a natureza e com outro).

 Nascemos dentro duma sociedade e consciente ou inconscientemente estamos sempre num processo de análise e avaliação das relações sociais em que estamos envolvidos.

Sumário Facto social, é toda a maneira de fazer, fixada ou não, susceptível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possam ter. E a função de um facto social deve ser sempre procurada na relação existente entre ele e um determinado fim social. A politicidade é o conjunto de relações que o indivíduo mantém com os outros enquanto parte de um grupo. A sociabilidade e a politicidade são, então dois aspectos correlativos de um único úni co fenómeno.

Homem é sociável e, por isso, tende a entrar em contacto com os seus semelhantes e a formar com eles certas associações estáveis. E ao fazer  parte de grupos organizados o ser humano torna-se um ser político, ou seja, membro de uma Polis de uma cidade, de um estado, de uma nação, adquirindo certos direitos e assumindo certos deveres.

Exercícios 1. O que é um facto social? s ocial? 2. A explicação funcional de um facto social deve examinar a sua utilidade para a sociedade, e não para os indivíduos. Comente

 

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3.  Mencione as principais características de um facto social e caracterize uma. 4. Porquê afirmamos que a socialização é um processo universalmente experimentado? 5. Como podemos resumir as implicações antropológicas da sociabilidade do ser humano? 6 - O sistema cultural africano, particularmente o da África propriamente dita, inicia e se consolida a partir da época em que o ferro chega na região das grandes florestas e a dos grandes lagos, vindo a atingir a África subsariana no século III d.c. - Sustenta esta afirmação a partir do teu conhecimento sobre a história dos bantu.

Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação. Auto-avaliação

Entregar os exercícios: 2 e 6. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo. Fazer os exercícios constantes na auto-avaliação. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Uni dade V O Lugar da His Histór tória ia Social e Cultural nas Ciências Sociais Introdução  Nesta unidade pretende-se que o estudante saiba posicionar a história social e cultural no contexto das outras ciências sociais. E Sumariamente, apresentam-se algumas relações de interdisciplinaridade das ciências sociais, cabendo ao caro estudante a tarefa de ver as restantes  possibilidades da relação que a História possa ter.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Objectivos

Explicar o posicionamento da história social so cial e cultural em relação as outras ciências sociais.  

 

Explicar a interdisciplinaridade das ciências sociais;

 

Mostrar como esta relação efectivamente efectivamente se efectua; efectua;

 

Demonstrar o impacto que os novos conceitos representam no aprendizado da história.

5.1.. A Hist 5.1 Históri óriaa Social e a Demografia Demografi a Se olharmos agora para a revolução industrial com os olhos da demografia, rapidamente verificaremos que ao contrário de que Malthus  profetizava, a mecanização e modernização da agricultura fizeram com que a produção aumentasse exponencialmente e não aritmeticamente (como previa Malthus), o que teve como consequências a melhoria dos hábitos alimentares, a redução das taxas de mortalidade e o aumento do ritmo de crescimento da população mundial.

 

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5.2.. A História 5.2 Históri a Social e a Geografia Humana A interdependência destas duas ciências dá-nos a visão de como foram importantes para a consolidação do capitalismo, a profunda restauração do regime e a distribuição da propriedade rústica das quais resultam, o aumento da produtividade agrícola a um ritmo e a uma escala até então desconhecidos, o despovoamento dos campos e a consequente aglomeração urbana, que é o mesmo que dizer mão-de-obra abundante nas cidades.

5.3.. A Histór 5.3 História ia Social com a EEtno tnologi logiaa A etnologia cultural estuda os usos e costumes dos povos ou etnias integradas no seu contexto natural; dá-nos a conhecer que outras sociedades ou etnias teriam solucionado problemas idênticos dos nossos de maneiras diferentes, provocando assim que as nossas soluções não são únicas nem provavelmente são as melhores. Desta feita, o método comparativo no estudo da busca de soluções para problemas que afectam uma determinada sociedade ou etnia a partir do seu modos-vivend, seria de recomendar aos investigadores de uma sociedade humana, pois embora afastados da sua, com o conhecimento da história do homem e dos seus hábitos, poderá interpretar e compreender aspectos da crise que escapam muitas vezes aos outros investigadores.

5.4.. Hist 5.4 Históri óriaa social e Sea economia economi a de visão for a economia, podemos constatar que o o nosso ângulo  poderio marítimo da Inglaterra (ou Grã-Bretanha se quisermos ser abrangentes) era enorme no século XVIII e possibilitou a circulação de capitais que gerou uma classe média significativa, acelerou a revolução agrícola, criou a Banca e companhias de seguros a níveis únicos a escala mundial; em suma, algum dos factores determinantes da revolução industrial. A revolução agrícola viria a ter como consequências, o emparcelamento de terras, leis de vedação, anexação dos baldios, etc.; criaram um êxodo rural e um exponencial crescimento das cidades, logo de mão-de-obra abundante. Por sua vez o domínio do comércio marítimo e as muitas colónias e feitorias davam a Grã-Bretanha um amplo mercado  para a colocação dos produtos manufacturados manufacturados no seu próprio solo,

 

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mercado esse que não era único, dado que se deu também a construção de estradas e canais o que possibilitou o desenvolvimento do comércio interno. Para além do extenso mercado já referido, o domínio dos mares  possibilitou uma fonte inesgotável de matérias-primas matérias-primas para a GrãBretanha.

5. 5.5. 5. H Históri istóriaa social com a sociol sociologia ogia A sociologia mostra-nos que o facto de o capital se encontrar maioritariamente nas mãos de grupos de negociantes e fabricantes, a quem uma longa experiência tinha dotado de sólidos hábitos de investimento e risco, foi determinante para o êxito da revolução industrial. Mas não foram somente estes grupos os importantes para o sucesso da industrialização. Outro grupo da classe média identificado com reforma social e religiosa (Spencer, pertencia a esse grupo) também foi vital para o desenvolvimento da sociedade capitalista. Este grupo devido ao elevado nível educacional e a um forte desejo de ascendência social, foi não só o construtor e divulgador da ideologia que deu suporte a sociedade industrial, mas também terá sido a sua face visível.

5. 5.6. 6. H Históri istóriaa social com cciências iências políticas Do exemplo da Grã-Bretanha com a revolução de 1688, a política de consolidação da unidade nacional e o papel do parlamento. Este era constituído pela nobreza, grandes proprietários e alta burguesia; mas a ideologia dominante era a burguesia. Assim foi possível ao parlamento determinar o regime de patentes decisivo na inovação técnica, dinamizar a construção de estradas, canais, emparcelamento agrícola, a vedação das terras. Por último, destruiu os principais obstáculos à livre iniciativa capitalista ao eliminar o que restava aos organismos corporativos (corporações de artes e ofícios), por estes serem verdadeiros entraves ao  progresso. Em resumo, foi sob a acção do parlamento que se deu a organização económica da sociedade britânica com particular destaque  para o apoio a invenção técnica e a difusão da cultura inglesa, levando  professores e investigadores universitários a colaborarem com fabricantes; (nesta fase ainda não se lhes pode chamar de industriais),

 

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criando uma nova mentalidade inovadora da ciência e das suas aplicações  práticas.

5.7.. A Interdisc 5.7 Interdiscipli iplinaridade naridade das Ciências Sociais A aplicação das técnicas quantitativas à História revela as possibilidades que a interdisciplinaridade pode oferecer à ciência. Ao utilizar métodos e conceitos de outras Ciências Sociais a História pode alargar significativamente o seu campo de acção, ao mesmo tempo que, mercê de recursos provenientes da Economia, Sociologia, Geografia, Antropologia, Linguistica, Psicanálise ou Informática entre outras, pode ampliar o seu corpo de conceitos de forma a elaborar novos modelos de interpretação.

 Nesta relação técnica entre a História e as outras disciplinas tem-se verificado uma contribuição e influência mútuas. Se a História tem recolhido importantes subsídios de outras Ciências Sociais, também tem enriquecido os seus modelos de análise formal e estrutural com uma melhor compreensão do tempo ou da singularidade.

Contudo, este diálogo entre a História e as outras Ciências Humanas ainda terá um longo caminho a percorrer, já que, apesar dos esforços feitos nesse sentido, nem sempre tem produzido um intercâmbio muito fecundo. As maiores dificuldades parecem residir nas relações com a Sociologia e a Economia onde, apesar do longo caminho já percorrido, tem sido difícil encontrar uma linguagem comum. No caso da Sociologia, é difícil para os historiadores aplicarem o seu discurso dogmático, filosófico e abstracto, enquanto que por seu turno os sociólogos continuam a considerar a História como uma ciência muito pouco conceptual. As dificuldades com a economia não surgem tanto a nível da conceptualização, mas mais na problemática do tempo, porque os estudos económicos têm tendência a manter-se no domínio da curta e média duração. Todavia, estas ciências continuam a revelar-se indispensáveis à História.

 

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Os recentes estudos de Geografia com uma nova problematização do espaço e uma melhor integração do tempo no estudo dos fenómenos espaciais deixam antever novas e mais fecundas relações da História com esta ciência.

 Não é de mais lembrar que a abertura ab ertura da História ao diálogo com outras ciências foi forjada na grande renovação levada a efeito pela equipa dos “Annales” e em torno desta revista. Por isso, além da Economia, Sociologia e Geografia, interlocutoras privilegiadas na óptica dos “Annales”, outras disciplinas passaram a ocupar posição destacada na colaboração entre a História e as Ciências Humanas. A Antropologia que  pouco peso tinha de início, passou a exercer uma considerável influência sobre os historiadores mostrando-lhes que, por vezes, se pode prescindir de documentos escritos, fornecendo assim instrumentos aos historiadores que se interessam por regiões, como a África, onde este tipo de fontes são raras ou inexistentes. Por sua vez, também no estudo de determinadas instituições como a realeza ou de outros aspectos da vida social, desde o casamento e divórcio, às revoltas e aos movimentos milenaristas, se  podem revelar de extrema importância os conhecimentos da Antropologia. De igual modo, os estudos antropológicos sobre as mentalidades primitivas podem fornecer preciosas indicações aos medievalistas.

 Neste sentido, embora a Antropologia e as outras Ciências Sociais  possam contribuir para p ara uma maior precisão científica da História, nunca  poderão substituí-la já que ao possuírem objectos diferentes se  perspectivam em ordem a fins fins diversos.

 No caso da Linguística, essa relação tem-se mostrado bastante frutuosa,  pois os progressos da Linguística levaram outros historiadores à constatação da necessidade de tirar partido das possibilidades de aplicação de métodos de investigação que permitam explorar de um modo muito mais profundo os documentos escritos. Georges Duby tem focado a necessidade de não se limitar o contributo da Linguística apenas ao aspecto lexical sugerindo que se utilize a análise de campos

 

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semânticos, o exame dos vocábulos na sua evolução secular de modo a descobrir e localizar as modificações do seu significado e as  possibilidades de d e captar e pôr em evidência evidên cia os termos mais significantes de determinada estrutura social.

Assim, ao longo da aproximação que se tem vindo a efectuar entre a História e a Linguística é indispensável ter em conta que a aplicação de métodos linguísticos, só por si, não nos pode dar a resposta a qualquer questão ideológica ou mental porque a análise da produção de qualquer discurso e da sua poderosa rede de inter-relações é, necessariamente, extra-linguística e entra no domínio da análise a nálise histórica.

Sumário O posicionamento da história social e cultural em relação as outras ciências sociais, mafifesta-se pela interdependência destas ciências ao dar-nos uma visão mais amplas da sociedade humana nos multiplos aspectos e particularidade. Sem querermos excluir as outras disciplinas ora mencionadas nessa relação queiram nos permitir concluir que a interdisciplinaridade tem proporcionado à história um novo corpo de conceitos que lhe têm permitido criar novos modelos de interpretação. Cabe ao professor estar atento aos seus alunos e às possibilidades do meio, para determinar até que ponto, o seu ensino, poderá utilizar na explicação histórica, os contributos de outros ramos do saber.

Exercícios 1.  A partir de exemplos concretos, tente tent e exercitar essa relação. 2.  Quais novos caminhos que se abrem à História nos nossos dias? 3.  Poderá a nova historiografia reflectir-se no ensino da história.

 

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Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1 e 3. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade VI Organização Social Organização Soci al das Comunidades Comuni dades de Caçadores Caçadores e Recolectores Introdução Com esta unidade pretende-se que o estudante saiba como era o modo de vida das comunidades primitivas para, de seguida, perceber da sua organização social.

Ao completar esta unidade / lição, l ição, você será capaz de:

 

Objectivos

Caracterizar o modo de vida dos homens do paleolítico ou  primitivo;

 

Explicar a organização social das comunidades de caçadores e recolectores.

 

6.1.. Organização 6.1 Organização Social das Comun Comunidades idades de Caça Caçador dores es e Re Recolect colectores ores É costume designar por paleolítico a primeira e a mais longa divisão da  pré-história: é a época da pedra p edra antiga, a ntiga, ou seja, s eja, da pedra lascada. l ascada. Mas o que verdadeiramente caracteriza o paleolítico e o define é, sobretudo, o modo de vida dos homens desse período. Muito dependentes dos rigores e variações do clima, os homens do paleolítico travaram uma luta constante contra dois inimigos mortais: o frio e a fome.

A caça, a recolha de vegetais (frutos, raízes, folhas e sementes) e a pesca constituíram, sem dúvida, os recursos alimentares dos homens do  paleolítico. Neste sentido, eles praticavam uma economia recolectora. recolectora.

 

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De facto, o homem ainda não produzia os alimentos de que necessitava. Limitava-se a apanhar (ou colher) os que a natureza lhe oferecia; deslocando-se para seguir a caça através de áreas mais ou menos extensas, eles iam apanhando de acordo com as estações do ano os frutos, as raízes, os rebentos, o mel e os ovos de algumas aves. Quando os locais o permitiam, dedicavam-se também a pesca e a apanha de mariscos.

Este género de vida exigia um apurado conhecimento da evolução das  plantas e do comportamento dos animais, dos pontos de água que frequentavam, dos caminhos que a eles conduziam. Assim, devido a  prática de uma economia recolectora e ainda as condições de modificações de clima o homem do paleolítico era obrigado a deslocar-se de região para região a procura de alimentos: por isso se diz que era nómada.

 No entanto, essas deslocações faziam-se dentro de uma determinada área territorial e não eram tão frequentes como se possa pensar. Essas deslocações frequentes determinavam também que os grupos não se fizessem acompanhar por muitos objectos. Para sobreviver em condições tão adversas, a espécie humana teve que fazer um maravilhoso esforço de adaptação. Sobreviver significava (alimentar-se,  proteger-se do frio e defender-se defender-se dos animais).

 Nos períodos p eríodos mais quentes, q uentes, o homem vivia no ar livre em cabanas feitas com ramos entrançados. Nas épocas mais frias disputava com as feras nas grutas ou nas cavernas e cobria-se com as peles dos animais que caçava.

A utilização do fogo provocou alterações físicas, demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades.

O convívio à volta da fogueira terá proporcionado um forte sentimento de união entre os elementos do grupo, contribuindo para a organização social e para o desenvolvimento da própria p rópria linguagem.

 

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As tarefas eram partilhadas, cada grupo constituía um clã, ou seja, um agregado social, ligado por laços de parentesco. par entesco.

O homem recolector–caçador vivia em bandos, em actividades de sobrevivência bem distintas das nossas. Embora com características de organização idênticas, o povo primitivo também tinha características  próprias: O tamanho dos bandos, as relações entre si, a solidariedade entre os seus membros; as guerras e as rivalidades entre os bandos devido as terras ricas.

Estas comunidades ditas rudimentares ou primitivas, o trabalho era colectivo, dividido em sexo e idade, e o produto era partilhado por igual. O que identifica de facto, estas comunidades é a sua economia recolectora, nomadismo e uso de instrumento de trabalho – a pedra.  

 Na fase primitiva não houve escravatura, mas não por as relações entre os homens primitivos terem sido exemplares, de perfeita comunhão ou harmónicas, como defende a corrente marxista. A guerra entre os bandos era vulgar, como indicam as pinturas rupestres e a pesquisa etnográfica sobre os primitivos actuais.

E, se nos primitivos não houve escravatura, como sublinha Eduardo J. Costa Reizinho, tal se deve às condições concretas em que viviam os homens de então, como por exemplo, o nomadismo, a instabilidade do quotidiano, a extrema penúria, impediam-no. Dentro do grupo, ninguém tinha meios materiais para escravizar os outros membros. As autoridades tinham um poder delegado pelo grupo. Os chefes eram um fruto da necessidade de o grupo ter um centro regulador e coordenador da sua vida colectiva. Estas as razões objectivas da não existência de exploração social.

 

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Sumário Os homens do paleolítico praticavam uma economia recolectora. Pois ainda não produzia os alimentos de que necessitava. Limitava-se a apanhar (ou colher) os que a natureza lhe oferecia; Quando os locais o  permitiam, dedicavam-se também também a pesca e a apanha de mariscos.

Este género de vida exigia um apurado conhecimento da evolução das  plantas e do comportamento dos animais, dos pontos de água que frequentavam, dos caminhos que a eles conduziam. Assim sendo, a  prática de uma economia recolectora e ainda as condições de modificações de clima o homem do paleolítico era obrigado a deslocar-se de região para região a procura de alimentos: por isso se diz que era nómada.

Exercícios 1. Imagina-te um caçador do Paleolítico. Descreve um dia de caça, indicando as armas e as técnicas utilizadas e os animais capturados. 2. Todas as actividades exigiam a cooperação de todos. - Como eram dividas as tarefas? tar efas? 3. A utilização do fogo provocou alterações físicas, demográficas e sociais na vida das primeiras comunidades. - Comente 4. Para o Homem primitivo o que significava sig nificava sobreviver? 5. Como estava organizada esta comunidade?

 

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Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar os exercícios: exercícios: 3 e 4. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade VII As Primeiras Prim eiras Representa Representações ções dos Padrõ Pa drões es Sóci Sócioo - Culturais Cultu rais Introdução  Nesta unidade pretende-se que o estudante conheça as primeiras representações dos padrões sócio-culturais, nomeadamente: a arte rupestre, os dolmens (antas), menires e as estatuetas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Objectivos

Demonstrar as primeiras representações dos padrões sócioculturais;

 

Caracterizar essas representações.

 

Explicar a influência dessas representações na vida dessas comunidades.

 

7.1.. As Prim 7.1 Primeiras eiras Re Representações presentações dos Pa Padrõ drões es Sócio-Cultu Sócio-Culturais rais As primeiras manifestações artísticas do Homo Sapiens Sapiens remontam a cerca de 35 000 a.C. e estendem-se por vários continentes: América, Ásia e Europa.

Existem dois tipos de arte do Paleolítico: a  arte rupestre  ou parietal (pinturas e gravação nas paredes, tanto em grutas como ao ar livre) e a

 arte móvel (pintura, gravação e escultura de objectos portáteis, com fins utilitários ou religiosos)

As mais importantes e ricas manifestações de arte, encontradas até hoje, concentram-se no sudeste da actual França e na região cantábrica Ibérica.

 

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As gravuras rupestres ao ar livre recentemente descobertas no Vale do Côa depressa se tornaram um conjunto dos mais célebres conjuntos de todo o mundo.

Os principais motivos pintados são os grandes animais: bisontes, renas e  bois selvagens, entre outros. A figura humana é rara. Quando aparece, é sob a forma de homens mascarados ou camuflados com peles. Surgem também elementos abstractos acompanhando as figuras: marcas, cunhas, ou mesmo impressões realçando os contornos da mão humana. Muitos arqueólogos encaram estes elementos como símbolos da natureza masculina ou feminina. Pensam também que junto às pinturas se realizavam  ritos mágicos: rituais de iniciação propiciadores de boas caçadas e de culto da fertilidade; as próprias pinturas teriam valor religioso e mágico.

As pinturas eram executadas com tintas feitas com pigmentos coloridos: o ocre (para fazer vermelho, castanho e amarelo) e os óxidos de manganésio (para produzir preto e violeta). Às tintas era adicionada uma mistura de seivas vegetais, gorduras animais ou mesmo gemas de ovos  para ganharem consistência; depois, eram aplicadas na parede com os dedos ou pincéis fabricados com fibras vegetais.

Quanto a arte móvel, os seus melhores exemplos encontram-se em utensílios de uso quotidiano, como nos arpões e nas zagaias, em que o artesão gravava motivos animais ou abstractos com valor decorativo. Porém, as peças que mais atraíram a atenção dos arqueólogos foram estatuetas femininas esculpidas em pedra, osso e marfim. Conhecidas entre os arqueólogos como Vénus, as estatuetas poderiam estar ligadas ao culto da fertilidade.

 Nos finais de Neolítico, surgiram na Europa numerosas construções ligadas a práticas religiosas e funerárias. Todas elas eram feitas com grandes blocos de pedra; por essa razão, os historiadores chamaram-lhes  megálitos.

 

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Existem dois tipos de monumentos megalíticos: os  Menires  e os

 dólmenes ou antas. Vejamos as características de cada um deles.

Os menires  são grandes pedras colocadas ao alto que aparecem ora isolados, ora agrupados em longas filas ou em círculos (Cromeleques). Pensa-se que tais monumentos estavam relacionados com cultos de fertilidade ou dos astros. Junto a eles efectuavam-se, decerto, cerimónias religiosas. Por exemplo, em Stonehenge, na Inglaterra, existe uma formação de menires que parece ter sido feita tendo em conta a posição do Sol, da Lua e das estrelas.

Por sua vez, os dólmes ou antas eram destinadas ao enterro dos mortos. Em geral, são constituídos por um corredor feito com lajes e uma ou duas salas cobertas, utilizadas como câmaras funerárias. Estas construções, depois de lá terem sido depositados os defuntos e efectuados os rituais religiosos, eram cobertas com pedras e terra. A entrada era fechada com uma laje.

Sumário As primeiras manifestações artísticas do Homo Sapiens Sapiens remontam a cerca de 35 000 a.C. e estendem-se por vários continentes: América, Ásia e Europa.

Existem dois tipos de arte do Paleolítico: a  arte rupestre  ou parietal (pinturas e gravação nas paredes, tanto em grutas como ao ar livre) e a

 arte móvel (pintura, gravação e escultura de objectos portáteis, com fins utilitários ou religiosos).

Exercícios 1. Existem dois tipos de arte do paleolítico. Diferencie-os

 

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2. Indique dois locais onde é possível encontrar vestígios da arte rupestre no nosso pais. 3. Como eram executadas as pinturas? 4. O que são megálitos? 5. Diz qual a finalidade da construção de um dólmen.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Entregar os exercícios: exercícios: 2 e 5. Auto-avaliação

Investigando: - Faz uma pequena investigação sobre povos de África que ainda sejam

recolectores. Procure saber as actividades a que se dedicam, os instrumentos que utilizam, como é o seu vestuário e a sua alimentação, se têm alguma forma de arte ou culto religioso. Elabora um dossier com os dados recolhidos. - Procure informar-te se existe algum monumento megalítico na tua

zona/localidade. Em caso afirmativo, visita-o e tire uma imagem e junte ao se dossier.

 

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Unidad Uni dadee VIII VIII A Hierarquização das Sociedades e a Form Formação ação de Classes Classes Sociais Soci ais Introdução  Nesta unidade u nidade pretende-se pret ende-se que o estudante conheça a hierarquização das sociedades e a formação de classes sociais no Nordeste da África, no Médio e Extremo Oriente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Explicar a organização político-social do Egipto;

 

Descrever a estrutura político-social de Méroe e Axum;

 

Caracterizar as condições naturais e a ocupação humana na Suméria;

 

Descrever a estratificação da sociedade Suméria.

 

8.1. A Hierarquização das Sociedades e a Formação de Classes Sociais no Nordeste de África: 8.1.1. 8.1. 1. O Egipt Egiptoo Os antigos habitantes do Egipto se estabeleceram no vale do Nilo, a nordeste do continente africano onde dedicavam a actividade agrícola.

O processo de unificação entre o norte e o sul levou ao aparecimento do 1º Estado Egípcio, tendo o Faraó como rei do Estado Unificado.

Portanto, a civilização egípcia é das mais brilhantes criações do espírito e da vontade do Homem. Muitas são as evidências que mostram a sua grandeza, mas nós cingir-nos - emos numa.

 

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Do ponto de vista sociológico, o Egipto distingue-se de outras civilizações pelo carácter hierárquico da sua sociedade: na base, encontrava-se o povo anónimo dos camponeses, com uma vida dura; no topo, estavam os Faraós, com uma vida requintada e dourada. Eles distinguiam-se dos homens comuns pela sua participação na divindade, com direito de vida e de morte.

Entre os dois extremos existiam várias classes, como os numerosos artesãos (sapateiros, ferreiros, ourives e joalheiros, padeiros, etc.) que se azafamavam em torno do povo; o Clero, classe devotada unicamente ao serviço dos deuses, vigilantes e cioso dos ritos e crenças; o Exercito, composto de unidades de piqueiros e arqueiros; os Escribas que eram cobradores de impostos e os homens das contas. Assim, o Faraó e a sua família, os altos funcionários, sacerdotes, escribas e guerreiros, eram o grupo privilegiado, beneficiando de riqueza e leis especiais. Mas a grande maioria da população egípcia era constituída por artesãos, pastores e agricultores, sem privilégios e responsáveis pela produção da riqueza. Os  primeiros viviam, sobretudo, nas cidades, onde exerciam os seus s eus ofícios; de entre eles, os que trabalhavam no Palácio e nos templos tinham uma  posição social mais favorecida.

Por sua vez, a vida dos agricultores e dos pastores era muito dura. Uns e outros trabalhavam nas terras dos poderosos e, anualmente, tinham de  pagar pesados p esados impostos. Durante o pperíodo eríodo das cheias, trabalhavam para o Faraó, construindo grandes obras públicas, como as pirâmides, os templos ou palácios.

 Na base da sociedade egípcia estavam os escravos, escravos, geralmente  prisioneiros de guerra. A estes, estavam reservados os ofícios domésticos, os trabalhos de exploração mineira e, de uma forma geral, todo o tipo de trabalhos duros e pesados. Eram considerados, não como seres humanos, mas como mercadoria. Apesar disso, o Egipto reservou-lhes o direito de apelar à justiça, sempre que fossem objecto de maus tratos por parte dos donos.

 

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Como verificaste, a sociedade egípcia estava organizada em estratos sociais diferenciados e hierarquizados. Os privilegiados, que detinham o  poder e a riqueza, e os não privilegiados, que produziam essa riqueza. riqueza.

8.1.2. O Méroe O reino de Méroe desenvolveu-se depois do declínio do império novo no Egipto e tinha como principais actividades económicas a agricultura, criação de gado, artesanato e o comércio.

Grande parte da cultura meroita teve a marca da civilização egípcia, embora tenha algo de original, como são os casos da criação do Deus local Leão Apedemak que, juntamente com Amon, era o Deus principal em Méroe.

8.1.2 8.1 .2.1 .1 Organiza Organização ção pol político-soc ítico-social ial A sociedade meroita estava dividida em duas classes sociais: a dominante, composta pelo rei, família real, clero e a nobreza. Estes grupos sociais desempenhavam importantes funções na corte e exerciam também funções de governadores provinciais.

A classe dominada formada pelos artesãos, comerciantes, camponeses e escravos, tinha como obrigações pagar impostos e prestar serviços a classe dominante.

8.1.3. 8.1. 3. O R Reino eino de Axu Axum m 1.3.1 Localização geográfica de Axum

O reino de Axum situava-se na área planáltica da actual Etiópia, limitado  pelo mar vermelho a leste, região sudanesa a ocidente e pelo reino de Méroe a noroeste.

 

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1.3.2 A Fundação do Reino de Axum

O reino de Axum, que mais tarde se tornou império da Etiópia, começou a crescer na sombra. As suas origens são pouco claras.

Desde o primeiro milénio a.C., tribos árabes do Íemen entravam no mar vermelho pelo estreito de Bab-el-Mandeb e instalavam-se nas encostas das montanhas próximas. Um dos seus clãs, os Habashats, deu nome de Abissínia a este reino.

Estes árabes encontraram na Etiópia, bem como em toda costa do corno de África, negroides de língua hamita, com os quais se misturaram intimamente dando origem a grupos negros-semiticos tão originais que são os etíopes e os somalis.

 Na fundação do reino de Axum, contribuiriam, entre outros factores, o declínio do reino de Méroe e o controlo de rotas comerciais pelos axumitas.

Diz a lenda que Menelique, filho da rainha Makeba de Saba e de Salomão de Juda, foi o fundador do reino rein o de Axum.

1.3.3 Principais Actividades Económicas do Reino de Axum

O território de Axum, situado num grande e elevado planalto, era sulcado  por vários rios, o que tornava o solo favorável a prática agrícola. Para melhor aproveitamento das condições naturais da região, construíram canais de irrigação, diques e tanques.

Produziam trigo, vinha e outros cereais. Nos trabalhos agrícolas, os camponeses utilizavam arado puxado por bois. O povo de Axum dedicava-se, também a criação de gado (bois, carneiros e cabras), domesticavam ainda elefante (reservado ao uso da família real).

 

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O artesanato e o comércio foram outras actividades económicas importantes. Graças a sua localização geográfica, Axum passou a constituir um ponto de encontro de rotas marítimas e de caravanas que ligavam o Egipto à Arábia.

 No séc. d.C., Axum já era um importante i mportante entreposto comercial. O tráfego marítimo no mar vermelho intensificou, tornando Adulis no centro de cruzamento de várias rotas que ligavam o mediterrâneo à Índia.

Entre os produtos em circulação, destaque vai para as exportações de marfim, chifres de rinoceronte, ouro, esmeraldas, perfumes, entre outros  produtos. Importavam artigos de vidros, tecidos jóias e produtos alimentares.

Toda esta intensa e dinâmica actividade comercial apoiava-se no uso da moeda que ostentava a face dos reis. Foi a partir destas moedas que se conheceram os nomes dos primeiros dezoito reis de Axum, entre eles Ezana e Caleb.

1.3.4 A Estrutura Político-social de Axum

A sociedade Axumita estava estratificada em várias camadas sociais, que se resumiam em duas: classe dominante e classe dominada.

A classe dominante eram composta pelo rei dos reis ou imperador, sacerdotes e a nobreza (grande parte parentes do rei). Eram os nobres que administravam os negócios públicos, cobravam impostos, faziam cumprir as leis, chefiavam o exército, entre outras actividades.

A classe dominada era composta por artesãos, comerciantes, camponeses (grupo social maioritário) e escravos.

1.3.5 Manifestações Culturais

 

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As manifestações artísticas e culturais estavam ligadas a evolução da vida económica e política de Axum.

Constituem principais manifestações culturais, as inscrições em blocos de  pedra consagradas aos deuses, em especial a Mahren (deus da guerra e da monarquia), inscrições reais em grandes monólitos que relatavam as vitórias alcançadas pelo rei, as estrelas colossais que se supõe terem carácter religioso, os palácios reais, etc.

Para além da originalidade da arte, a cultura de Axum também teve influência de outros povos, tais como de Méroe, Arábia, Índia e do Império Romano de Oriente.

Conclusão

O reino de Axum, que se supõem s upõem ter sido fundado pelo Menelique no séc. a.C., conheceu grande desenvolvimento graças a sua localização geográfica que o tornou num importante entreposto comercial.

8.1.4. Suméria A mais antiga das primeiras civilizações surgiu na Suméria, na zona sul do vale da Mesopotâmia3, actual Iraque. Sumariamente, vejamos então as condições geográficas desta região.

A Mesopotâmia era uma extensa faixa de terra banhada por dois rios: Eufrates e o Tigre. Delimitando-os a oeste temos o deserto arábico e a leste uma cordilheira montanhosa: ao montes Zagros.

Os rios Eufrates (2850Km de extensão) e Tigre (1050Km) nascem nas montanhas do Taurus, atravessam o planalto iraniano, percorrem as  planícies mesopotânicas e desaguam no Golfo Pérsico.

3

 Mesopotâmia: significa “entre rios”

 

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Da nascente das montanhas da Anatólia, o Eufrates vai descendo  precipitadamente para o vale, carregando na sua corrente neves derretidas e sedimentos orgânicos misturados com calcário. Chegado à planície, as suas águas transbordam facilmente, inundando as margens onde depositam os sedimentos (aluviões), irrigando e adubando as terras.

Os aluviões deram à Suméria uma paisagem natural muito característica. Abundavam os pântanos com canaviais onde se multiplicava uma fauna variada: búfalos, patos, pelicanos, gansos, flamingos-rosados e peixes.

Assim, desde o Neolítico, a fertilidade das margens do Eufrates e do Tigre, atraiu populações que aí se fixaram em aldeamentos; dedicavam-se à agricultura, à pecuária, à pesca e ao fabrico da cerâmica. A pouco e  pouco, estes povoados foram crescendo e deram origem a cidades. Por volta de 3500 a.C., os mais importantes centros urbanos da região eram: Uruk, Ur e Kish.

Grande parte da população Suméria vivia nos campos, dedicando-se à agricultura e à pecuária. Na agricultura produziam, sobretudo cereais (trigo e cevada); também cultivavam árvores de fruto e palmeirastamareiras.

 No domínio da pecuária, os sumérios produziam, sobretudo gado ga do bovino, criado nos pântanos que existiam nas margens do Eufrates e do Tigre.

Os Sumérios possuíam também uma bem organizada e próspera actividade artesanal. Nas cidades, os artesãos dedicavam-se à cestaria, à cerâmica, à tecelagem, à metalurgia do bronze e ao trabalho da pedra e da madeira; a maioria deles trabalhava em oficinas pertencentes aos templos ou ao palácio.

 Na Suméria praticava-se o comércio, tanto interno como externo. Como o  país era pobre em recursos naturais, tais como a pedra, a madeira e os

 

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metais (cobre, estanho, prata, ouro e lápis-lazuli), os Sumérios tinham de os importar de regiões distantes. Em troca, ofereciam os seus excedentes agrícolas (trigo e cevada) e produtos artesanais.

1.4.1 Estratificação da sociedade

Por volta de 3500 a.C., existiam na Suméria cerca de doze grandes cidades-estado – eram cidades independentes, com governo próprio, e exerciam domínio sobre uma vasta região rural circundante. Em termos físicos, as cidades eram cercadas por fortes e maciças muralhas; no espaço urbano abundavam as habitações de adobe e as ruelas eram apertadas e sinuosas. No centro situavam-se os edifícios públicos: o  palácio real e os templos. Neles estavam concentradas as mais importantes funções da cidade: a administrativa, a religiosa e a económica.

 Nos primeiros tempos da civilização Suméria, Suméria, as cidades parecem ter sido governadas por assembleias de anciãos; com o decorrer dos tempos, estes órgãos de poder perderam influência e foram substituídos por chefes individuais (monarcas), com origem na aristocracia guerreira. A estes monarcas os Sumérios chamavam En, Ensi ou Lugal. As suas funções mais importantes eram: administrar e defender a cidade e aplicar a  justiça. Para os ajudar no cumprimento destas terefas possuíam uma autêntica corte de funcionários.

Por outro lado, os monarcas das cidades Sumérias eram também encarados como representantes terrenos das divindades – tinham um  poder sacralizado. Daí que tivessem a seu cargo a direcção dos sacerdotes. Assim, para além das suas funções administrativas, tinham igualmente funções religiosas: orientavam os principais rituais religiosos e ordenavam a construção de templos.

Junto ao monarca, no palácio, viviam os mais poderosos aristocratas da cidade; estes, para além de possuírem propriedades agrícolas, dirigiam o exército.

 

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As guerras constantes entre as cidades-estado Sumérias favoreceram o crescimento de vastos exércitos, organizados e comandados por guerreiros profissionais.

 No interior i nterior de d e cada templo t emplo vivia uma comunidade comuni dade de sacerdotes, que se encarregava de executar rituais e sacrifícios à divindade.

Para além destas funções, os templos detinham e administravam  propriedades e bens b ens – tanto rurais como urbanos. Junto aos santuários e na sua dependência havia espaços reservados ao artesanato e ao comércio; ai trabalhavam imensos artífices e comerciantes.

Sumário Como se pode verificar, a hierarquização das sociedades e a formação de classes sociais é uma prática bastante antiga. Pois a sociedade no  Nordeste da África, no Médio e Extremo Oriente remo estava organizada em estratos sociais diferenciados e hierarquizados. Os privilegiados, que detinham o poder e a riqueza, e os não privilegiados, que produziam essa riqueza.

Exercícios

1. Constrói um esquema em que agrupes os vários elementos que formavam a sociedade egípcia, distinguindo os privilegiados e os não  privilegiados. 2. Se vivesses no Egipto durante a época que estás a estudar, a que grupo social gostarias de pertencer. Justifica. 3. Na primeira metade do séc. IV n.e., o rei de Axum, Ezana, e a família real converteram-se ao cristianismo. Que implicações isto teve? 4. Quais foram as causas que contribuíram para a decadência do império Axumita.

 

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5. «Altas águas o Tigre espalha sobre os campos, E eis que então tudo na terra se regozija; Os campos produziram grão abundante, a vinha e o  pomar deram os seus frutos, as colheitas foram armazenadas nos celeiros, o Senhor fez desaparecer o luto da terra, t erra, e encheu os espíritos de alegria.» a)  Lido o trecho, explica a importância do rio Tigre para a sobrevivência dos Sumérios. 6. Explica a ligação entre a produção de excedentes agrícolas e o desenvolvimento das actividades artesanais nestas civilizações.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar os exercícios: exercícios: 1, 3, 4 e 6. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Uni dade IX O Processo Dinásti Dinástico co na Chin Chinaa Antiga Introdução  Nesta unidade pretende-se que q ue os estudantes saibam explicar as grandes causas que concorreram para o desenvolvimento da brilhante civilização da China antiga.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Objectivos

Identificar as condições naturais que permitiram o nascimento da civilização da China antiga;

 

Explicar como nasceram as cidades-palácio e a proveniência do termo china;

 

Identificar as principais dinastias da China Antiga.

 

9.1.. O Proc 9.1 Processo esso Dinásti Dinástico co na China Anti Antiga ga A China Antiga estava localizada entre os rios Yang-Tse-Kiang e HoangHo ou Amarelo. É uma extensão que compreendia as montanhas de Tibete e a zona de Mongólia até ao deserto de Gobi.

9.2.. Condições Naturais da China Antiga 9.2 Anti ga Os primeiros habitantes da China estabeleceram-se na grande planície que se estende pelos vales dos rios Hoang-Ho (rio amarelo) e Yang-tsekiang (rio azul). Estes rios desempenharam na vida dos antigos chineses um importante papel como aquele que o rio Nilo, Tigre e Eufrates tiveram em relação as populações que junto deles viveram. viv eram. A agricultura desenvolveu-se, sobretudo nas margens do rio amarelo, que durante as cheias do verão a sua corrente arrasta um limo expeço e fertilizante de cor amarela (loas), que proporciona abundantes colheitas.

 

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As mais antigas comunidades rurais cultivavam cereais em pequenos campos de forma quadrada e redonda de canais de irrigação. Nos terrenos mais elevados plantavam cânhamo. Eram também criadores de gado  bovino. 

9.3.. O Poder 9.3 Poder ddoo Estado e a Estratifi Estratificação cação Social

 No início do segundo milénio a.C., existiam inúmeras comunidades aldeãs organizadas em clãs. A comunidade dos Chang, estabelecida na região de honão, dominou todas as outras e estendeu o seu domínio às regiões centrais e inferiores do rio amarelo. A dinastia Chang dominou entre (1600 a1122 a.C.). Nos finais do século doze, a comunidade Tchen, um povo que se localizava em chensi, invadiu o estado Chang e anexou-o. Contudo, o poder da dinastia Tchen não abrangeu todo o território, pois, alguns clãs organizaram-se em cidades-

 palácio (conjunto ( conjunto de cidades amuralhadas e centros militares e religiosos de poder autónomo em relação ao governo central); e constituíram reinos independentes. Daí, lutas constantes e uma longa época de anarquia conhecida por período dos reinos combatentes (500 a 221 a.C.). A dinastia Tchen dominou no período entre (122 a 247 a.C.).

Entre estes reinos destacou-se o reino do Tsin, (palavra de que deriva o termo China), que dominou toda a região desde as estepes mongois até a região montanhosa (rio azul). Com a dinastia Tsin, a coroa tomou várias medidas para modificar o estado chinês: 1º - Dividiu o reino em circunscrições administrativas direitamente dependentes do governo central; 2º - Impôs uma moeda e escrita única em todo o país; 3º - Construiu grandes estradas, edifícios e fortificações como a grande muralha; 4º - Reorganizou a sociedade em duas categorias (os nobres e os homens do povo).

Assim, nos finais do século III a.C., os Tsin conseguiram tornar a China num estado unitário e centralizado. O seu monarca Qin ou Huang-Ti, em 221  a.C. proclamou-se no primeiro imperador da China. Adoptou uma

 

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 política expansionista anexando o Vietname. Apesar das medidas tomadas, o império Tsin teve uma curta duração.

Á dinastia Tsin, sucedeu a dinastia Han (206 a.C. à 220 d. C.). Menos autoritário, que a anterior lançou a China a um período de grande desenvolvimento económico, urbano e militar, com carácter expansionista. As actividades económicas consistiam no desenvolvimento do comércio a longa distância com o resto da Ásia e o mediterrâneo; existiam propriedades fundeais, e havia monopólio do estado sobre algumas actividades económicas e alto desenvolvimento urbano.

 Nos dois primeiros pri meiros séculos da nossa era verifica-se um declínio do poder central: crise, sublevações, greves, aparecimento de vários territórios dirigidos por grandes latifundiários, os quais passaram a organizar a sua  própria defesa com construções de muralhas e a criação de milícias  privadas e armadas.

9.4.. Classes 9.4 Classes sociais A estrutura de classes sociais foi modificada ao longo do desenvolvimento da China antiga. Na dinastia Han a classe dominante era composta pelo: 1º - o imperador; 2º - nobres; 3º - latifundiários; 4º - grandes comerciantes. comerciantes.

A classe dominada era constituída por: 1º - camponeses; 2º - artesãos e pequenos p equenos mercadores; e 3º - escravos.

 

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9.5. A Religi Religião ão Os chineses como todos os povos da antiguidade, veneravam a natureza e a diferentes espécies de espíritos (politeísmo). O culto dos antepassados ocupava lugar de destaque na religião. Para os chineses, os antepassados vivem invisíveis a volta dos seus descendentes a quem auxiliam no diaa- dia.

A moral e a religião chinesa foram muito marcadas pela influência de determinados pensadores como: Confúcio (551-479 a.C.) e Lao-Tsu (cerca de570-490 a.C.). Confúcio, defensor do culto dos antepassados, criou um sistema de moral e de conduta dos homens assente no respeito  pelos mais velhos e no cumprimento dos deveres d everes sociais de cada um: u m: que o rei seja rei; o pai seja pai; o filho seja filho. A doutrina de Lao-Tsu (o taoísmo) defendia a necessidade de o homem viver em harmonia com a natureza (Tau) a fim de conseguir a salvação.

Sumário A estrutura de classes sociais foi modificada ao longo do desenvolvimento da China antiga. Na dinastia Han a classe dominante era composta pelo: 1º - o imperador; imperador; 2º - nobres nobres e 3º - latifundiários; latifundiários; 4º grandes comerciantes.

A classe dominada era constituída por: 1º - camponeses; 2º - artesãos e  pequenos mercadores; e 3º - escravos. escravos.

Exercícios 1-  Faça uma descrição sobre a fundação da China antiga. 2-  A partir dos acontecimentos da fase dos reinos combatentes, explique como surgiu o termo china. 3-  Faça uma retrospectiva sobre as filosofias de Lao-Tsu e Confúcio.

 

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4. Segundo a religião da antiguidade chinesa, ”os antepassados vivem invisíveis a volta dos seus descendentes a quem auxiliam no seu dia a dia”. Como moçambicano explique segundo a tradição local.  

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 2 e 4. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Unid ade X O Sis Sistema tema de Castas Castas na Índia na na Índia Antiga Introdução  Nesta unidade u nidade pretende-se que o estudante conheça a civilização indiana in diana e como esta estava organizada.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Situar geograficamente a Índia Antiga;

 

Identificar os povos que fundaram a antiga civilização indiana; india na;

 

Descrever o papel desempenhado pelos arianos aquando da sua invasão à Índia;

 

Caracterizar as classes sociais da Índia;

 

Identificar as causas da decadência do império Máuria.

 

10. As Sociedades Fluviais An Antigas tigas O Vale Vale do Ind Indoo e a Índia Ant Antiga iga 10.1. Situação Geográfica O vale do Indo está localizado na Ásia meridional, na região que é hoje a Índia. A norte a região é dominada pela cordilheira dos Himalaia (cordilheira mais alta do mundo cujo ponto mais alto é o monte Chilomungma no Evereste). A sudeste e sudoeste é percorrido por uma costa de cerca de quinhentos e quarenta e sete quilómetros entre o golfo de Bengala e o mar arábico que se convergem a sul desta grande  península.

 

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10.2. 10. 2. Condiçõ Condições es Naturais: Três grandes regiões se distinguem na península do Indostão: 1ª - A região das planícies Indogangéticas, altamente férteis devido as inundações regulares dos rios Indo e Ganges; 2ª - A região do planalto do Decão no centro. 3ª - A região sul peninsular.

A planície indogangética sofre modificações periódicas, o que lhe  proporciona vegetação abundante e um solo s olo fértil. Foi nesta região, nas margens dos rios Indo e Ganges, que nasceu e se desenvolveu a civilização indiana antiga – A civilização do Indo.

10.3. 10. 3. PPopu opulação lação e a Conq Conquist uistaa Ariana Os habitantes mais antigos da Índia são os drávidas; povo de pele escura, agricultores e criadores de gado. Os drávidas desenvolveram no vale do Indo uma brilhante civilização, sobressaindo as cidades de Mohenjo-garo e Harappa.

Cerca de quatro mil a.n.e., bandos de Indo-europeus de pele clara  principiaram migrações da Ásia central para o sudeste alcançando o Indostão. Eles chamavam a si próprios de arianos ou nobres. nobr es.

Até mil e duzentos a.n.e., os arianos tinham esmagado a civilização do vale do Indo e reduzido a escravidão os seus fundadores (os drávidas), devido a sua superioridade militar (uso de armas de bronze e carros de guerra puxados de cavalos). Os invasores ocuparam tão rapidamente as férteis planícies do norte e, daí, vieram a fundar a civilização de toda a Índia.

De princípio eram pastores nómadas vivendo em tribos. A sua principal fonte de riqueza era o gado de que utilizavam como valor de troca.

 

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Entretanto, os arianos passaram gradualmente a assimilar a superior cultura drávida e se tornaram agricultores sedentários. Da população drávida uma parte foi eliminada, a outra reduzida a escravidão e era tratada com estrema crueldade...

Durante o primeiro milénio, os arianos avançaram até as regiões do sul da Índia e conquistaram as populações locais. Contudo, vários conflitos se registaram pela posse de pastagens, minando a unidade entre as tribos. tri bos.

10.4. 10. 4. A Sociedade e a Estr Estratific atificação ação Social: A base da sociedade indiana era o sistema de castas. Segundo os (vedas)4, havia quatro categorias sociais ligadas a divisão social do trabalho, designadas por varnas: A primeira varna era composta por sacerdotes e veio a formar a casta dos  brâmanes. A segunda varna era constituída por guerreiros, chefes (rajás) (rajás) e reis. Veio a formar a casta dos xatrias. A terceira varna era composta por comerciantes, artesãos e camponeses. Veio a formar a casta dos vaixias. A quarta varna era composta por servidores e pela maioria da população local submetida e formava a casta de sudras. Fora deste sistema social, e  por não pertencerem p ertencerem a nenhum dos d os grupos mencionados, encontravam-se encontravam-se (os párias ou os intocáveis) – grupo formado por criminosos, escravos e marginais.

Progressivamente as varnas foram-se transformando em castas. Isto é, em grupos fechados sem possibilidade de casamentos entre si, regidos por leis de conduta muito rígidas. A casta passou a ser hereditária: O filho de um brâmane é um brâmane e dum xatria, vaixia, sudra necessariamente um sudra. Cada casta a sua própria administração e exercia uma profissão  bem determinada. Os seus membros membros obrigavam-se a uma solidariedade; executavam em comum o culto religioso, observavam as normas estabelecidas pela lei.

4

 Vedas: Livros sagrados Indos escritos em sãnscritos (antiga língua l íngua dos

Brâmanes)

 

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Progressivamente as castas transformaram-se por sua vez em classes sociais, a partir do momento em que as castas superiores da sociedade hindu (brâmanes e xatrias),passaram a viver na base do trabalho  produtivo das massas(vaixias e sudras). Os sudras estavam subdivididos s ubdivididos em vários grupos. O sub-grupo mais desfavorecido de todos eram os chamados párias descendentes dos drávidas, a quem os membros das outras castas nem podiam tocar.

A escravatura indiana era doméstica. Os arianos escravos por dívidas, cumpriam a escravatura temporária e podiam se casar com mulheres livres da sua casta.

10.5. 10. 5. A Form Formaçã açãoo ddee Estados e a Unif nificação icação da Índ Índia ia  No decorrer do primeiro milénio a.n.e, os chefes das aldeias foram adquirindo mais poderes passando viver dos tributos pagos pelos camponeses e dos despojos de guerras. Certos chefes mais poderosos transformaram-se em príncipes ou rajás que organizavam destacamentos armados para conquistar novas regiões. Assim se formaram vários estados que lutavam uns com os outros para conquistar a hegemonia. h egemonia.

 No século sé culo VI a.n.e. a Índia era constituída por vários estados os maiores dos quais eram Magadha e Koçala, situados nos troços centrais do Gange e a noroeste respectivamente. A luta entre estes dois estados terminou no século V a.n.e com a vitória de d e Magadha. Nos meados do séc. IV, o ppoder oder dos reis de Magadha estendia-se por todo o vale do Gange e por uma  parte da Índia central. Magadha tornou-se assim o estado principal da Índia.

10.6. 10. 6. O Império Ma Maur uria ia  No século IV a.n.e, a parte noroeste da Índia foi conquistada por Alexandre Magno (o grande) da Macedónia. Depois da retirada deste da Índia, surgiu um movimento de libertação sob a chefia de Chandragupta Máuria (321-297 a.n.e). Chandragupta fundou um poderoso estado que

 

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teve o seu nome depois duma vitoriosa campanha militar contra um dos comandantes de Alexandre Magno (Seleuco Nicator) que foi obrigado a entregar-lhe uma grande parte do seu território. Mais tarde, Chandragupta conquista o reino de Kalinga, Kali nga, conseguindo assim unir quase toda a Índia.

 Na Índia unificada num estado centralizado. O rei passou controlar quase quas e todas as actividades económicas: comércio, estabelecimento de preços dos produtos, fabrico de tecidos, extracção mineira, bosques e pastos. Todas as infra-estruturas para actividades

económicas tornaram-se

 propriedade do estado. A construção de obras hidráulicas e abertura de caminhos eram de direito exclusivo do estado. Para garantir a nova fonte de rendimentos, o rei cria funcionários locais:  peritos em geometria que mediam terras para a agricultura (agrimensores); cobradores de impostos que iam desde moedas pedras  preciosas, arroz, cabras etc. e escribas que q ue escreviam e faziam cálculos e registavam os pagamentos de impostos com símbolos semelhantes aos nossos números árabes.

Deste modo Chandragupta dominou facilmente e governou o seu império através de conselhos pessoais e funcionários com ajuda dum exército  profissional e um serviço secreto. Empreendeu a construção de d e uma vasta rede de estradas que facilitavam a comunicação na administração do seu vasto território.

Além disso, soube conquistar a massa de agricultores ao mandar construir represas, poços com vista a irrigação dos campos. Com este governo estável, intensificou-se a actividade comercial que passou para actividade  principal e maior fonte de riqueza do império.

O império Máuria atingiu o seu apogeu no reinado de Açoka seu neto. Açoka destacou-se pelo seu governo tolerante. Assustado pelo derramamento de sangue provocado por uma guerra vitoriosa no  princípio do seu reinado, Açoka não fez quaisquer novo esforço para alargar o seu império pelas armas. Açoka nunca forçou os seus súbditos

 

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 brâmanes a seguirem a sua fé budista. Esforçou-se por consolidar a unidade territorial pregando um código moral chamado Dharma (lei de  piedade), exaltando a verdade, tolerância de todas t odas as crenças religiosas, o respeito pelos pais e por todas as coisas vivas.

Contudo, os éditos de Açoka unir os povos no sentido que ele esperava. Depois da sua morte, cerca de 236 a.n.e, uma administração cada vez mais deficiente acabou por afundar o governo centralizado. Cerca de 180 a.n.e, um oficial rebelde assassinou o último rei mauriano. Assim, a Índia entrava num período de desagregação política que durou cinco séculos.

10.7. 10. 7. A Dinast Dinastia ia Gup Gupta ta Das muitas pequenas nações nascidas das ruínas do império mauriano, destacou-se uma grande família dirigente. Conhecida por dinastia Guta, forjou o segundo império indiano, tendo sido nele que a cultura hindu atingiu o apogeu. A dinastia guta começa em 330 com Chandragupta I.

 No espaço de um século, os seus sucessores tinham conquistado uma extensa faixa de terras que se estendiam na direcção este-oeste através do Indo e parte do Decão. Os guptas para administrarem o território que era extenso, eram auxiliados por oficiais imperiais formados por príncipes feudais chamados Samantas, cujos territórios oscilavam em extensão.

O principal dever dos Samantas para com o seu imperador era o  pagamento parcial dos impostos que eram pagos pelos camponeses, de acordo com a sua qualidade agrícola e produção. A terra representava uma maior fonte de rendimento. As áreas férteis multiplicaram-se com o auxílio de machados de ferro cada vez mais vulgar, e uso de arado com a  ponta de ferro. Assim, a agricultura florescente estimulou o crescimento do comércio e as cidades. Entretanto, a dinastia guta desaparecia por volta do ano 500 em consequência dos vigorosos ataques das tribos normandas vindas de noroeste.

 

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10.8. 10. 8. A Religi Religião ão Como outros povos no mesmo grau de desenvolvimento, os habitantes mais antigos da Índia acreditavam em deuses ligados aos fenómenos naturais que eles não conseguiam explicar. Entre outros deuses, destacavam-se os deuses como varuna (deus do mar); suria (deus do sol) Indra (deus da chuva) e Agni (deus do fogo).

Estas crenças dos arianos foram mais tarde fixadas em textos sagrados vedas que

significa saber. O desenvolvimento destas crenças

acompanhou a consolidação do poder da casta dos sacerdotes brâmanes, os únicos que tinham direitos de interpretar int erpretar livros sagrados vedas.

10.8. 10. 8.11 A Re Relig ligião ião do doss Brâmanes (O Bramanismo ou o Hind induism uismo) o) Desempenhou um papel muito importante na vida do povo. Os deuses eram considerados os protectores do rei e da nobreza. Assim, os  brâmanes servindo-se da religião deixavam de trabalhar no campo, fazendo crer ao povo que a religião não lhes permitia manejar ardo ou abrir um poço. Todo o conjunto das ideias religiosas brâmanes  justificavam a divisão da sociedade em castas, como algo estabelecido  pelos deuses.

Para os brâmanes o homem morria e a sua alma a outro corpo humano ou animal. Para atingir o paraíso, junto do brama, era necessário viver várias vidas virtuosas. A este processo de purificação através de reincarnação chamava-se metempsicose. Embora a maioria dos arianos aceitasse o  bramanismo, alguns sentiam que o seu dogma deixava sem resposta grandes questões morais e filosóficas. É o caso de Siadharta Gautama filho do rei do norte.

Este príncipe meditou sobre a causa da infelicidade humana e concluiu que a mesma provem do desejo egoísta de grande variedade de objectivos desde a riqueza á imortalidade. Ele proclamou que o homem só podia encontrar a felicidade desde que renunciasse a seus desejos e tivesse uma

 

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vida moderada (livre de perturbações ambiciosas, assim cada ser humano  podia entrar no grande todo universo...).

Gautama atraiu muitos que se puseram ao seu lado pela simplicidade da sua doutrina que não obrigava a qualquer crença em deuses invisíveis, a quaisquer complexos rituais ou a qualquer rígido sistema de casta. Os seus discípulos chamaram-lhe de Buda ou iluminado. Foi assim que nasceu na Índia outra tendência religiosa que se opunha ao bramanismo ou ao hinduismo o Budismo.

Os brâmanes odiavam e temiam o budismo porque lhes parecia ameaçar o seu poder e as crenças tradicionais. Oficializado no reinado de Açoka no século III a .n. e ., o budismo veio a ser aproveitado aproveitado pelas classes dominantes pois, as ideias e princípios, levavam os homens a conformarem-se com a sua sorte e não lutarem contra as classes dominantes.

10.9. 10. 9. A Arte e Li Literat teratur uraa Tal como na mesopotâmia, na Índia a arquitectura produziu pro duziu belos templos e estátuas ricamente esculpidas. Trabalhavam grandes templos na rocha sólida e cobriam as suas superfícies com belas e inspiradas cenas das vidas tradicionais de Buda e dos deuses hindus, e desenvolveram as artes  plásticas, sobretudo a escultura e pintura a fresco. Inventaram o alfabeto com 50 letras e, cada uma representando um som diferente.

Quanto a literatura, no século I da nossa da nossa era, foram redigidos em sãnscrito (língua literária da Índia antiga) o Mahabarata e o Ramayana  poemas épicos, que relatam feitos heróicos e contem lendas que inspirara. Poetas e artistas de gerações posteriores. Das obras literárias destaca-se a obra do dramaturgo Kalidasa que escreveu no século V a formosa Sakuntala uma Peça romântica que ainda figura em primeiro lugar entre todas as obras teatrais indianas.

 

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10.10. 10. 10. Ciênci Ciências as Os antigos indianos também tinham conhecimentos básicos. Neste campo inventaram a forma de contar mediante dez algarismos. Sabiam extrair a raiz quadrada e cúbica e tinham conhecimentos de geometria. Na astronomia elaboraram um calendário que dividia o ano em doze meses de trinta dias e acrescentavam mais um mês no fim de cinco anos. No campo da medicina alcançaram um grande avanço no que diz respeito às técnicas utilizadas na cirurgia, na anatomia humana e fabrico de produtos farmacêuticos.

Por seu turno, nasceu na Índia uma filosofia materialista que combatia a teologia e o idealismo. Os seus partidários afirmavam a realidade do mundo e negavam a imortalidade da alma (a metempsicose e a vida extraterrestre), pondo em questão os ritos e os sacrifícios sagrados.

Sumário A base da sociedade indiana era o sistema de castas. Segundo os vedas, havia quatro categorias sociais ligadas a divisão social do trabalho, designadas por varnas. E fora deste sistema social, e por não pertencerem a nenhum dos grupos mencionados, encontravam-se (os párias ou os intocáveis) – grupo formado por criminosos, escravos e marginais.

Progressivamente as varnas foram-se transformando em castas. Isto é, em grupos fechados sem possibilidade de casamentos entre si, regidos por leis de conduta muito rígidas. A casta passou a ser hereditária.

Exercícios 1-  Identifique os primeiros habitantes da Índia antiga. 2-  O que entende por bramanismo? 3-  Identifique os princípios negativos do bramanismo. 4-  Identifique as castas de que a sociedade indiana estava dividida e a constituição de cada uma delas.

 

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5-  Qual era a casta mais desfavorecida e quem a constituía? 6-  Faça um pequeno resumo sobre a formação do império Máuria. 7-  Todo o conjunto das ideias religiosas brâmanes justificavam a divisão da sociedade em castas, como algo estabelecido pelos deuses. Comente. 8-  O que entende por metempsicose? 9-  Explique como surgiu o Budismo.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar os exercícios: exercícios: 3, 7 e 8. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Uni dade XI Desenvolvim Desenvol vimento ento e Diferenci Diferenciação ação das Sociedade Sociedadess de Agricult Agri cultores ores em Moçambique: Moçambique: as comuni c omunidade dadess aldeãss e a formação aldeã for mação das estruturas sociais na África Austral Aus tral e em em Moçambique. Moçambi que. Introdução  Nesta unidade pretende-se que o estudante conheça o processo que conduziu ao desenvolvimento e diferenciação das sociedades de agricultores em Moçambique, ou seja, as comunidades aldeãs e a formação das estruturas sociais na África Austral e em Moçambique e que saibam caracterizar a sociedade de agricultores de Moçãmbique e diferenciá-los da anterior pastoril.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Identificar as principais três rotas que levaram a introdução da técnica da metalurgia de ferro do próximo oriente até a austral;

Objectivos

 

Identificar as razões da migração bantu em direcção ao sul e não  para o norte;

 

Explicar as diferenças da estrutura sócio-políticas entre o norte e o sul de Moçambique.

 

11.1. 1.1. As Com Comunid unidade adess Ald Aldeã eãss e a Formação das Estr Estrutur uturas as Sociais nnaa África Austral Os primeiros habitantes da África Austral ou a população mais antiga da África austral foram provavelmente os falantes da língua koisan, cujos sobreviventes são os koi-koi ou (hotentotes) de pequena estatura e pele

amarelada, e os bosquimanos (San). A distinção entre ambos situa-se

 

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 basicamente no nível cultural. Segundo Fage p:121, os koi-koi ou hotentotes eram pastores e dominavam as técnicas da olaria, cestaria, tecelagem e metalurgia, enquanto isso os San (bosquímanos) eram caçadores recolectores nómadas na idade de pedra.

É possível que fosse genericamente este o estado cultural dos koisan quando os bantus entraram em cena.”O termo koisan deve sem dúvida ser  preferido, pois resulta das designações d esignações que q ue os hotentotes e bosquímanos bosquí manos se atribuíam a si próprios – koi e San respectivamente.” (Fage,1995,  p:20).

Assim sendo, a sua densidade populacional teria sido inferior à densidade até então alcançada pela comunidade de agricultores bantus, tendo como consequência a sua incapacidade de resistir ao avanço destes últimos. Terão sido exterminados, influenciados ou assimilados pela sociedade e  pela cultura dos grupos bantu, ou empurrados para zonas que não interessavam aos bantu.

“Os bantu não estavam nada interessados em colonizar terras onde a agricultura não assegurasse a subsistência, o que era corrente, em virtude de um índice de pluviosidade anual inadequada ou insuficiente”. (Fage 1995, p:121). Para efeitos de constituição de núcleos próprios, certos grupos koisans foram se fixar na região cada vez mais árida no extremo sudoeste do continente, que culmina no deserto da Namíbia e no deserto vizinho do calaari.

Hoje em dia, quase todos os sobreviventes se encontram distribuídos em redor das franjas desta região e é no próprio calaari que os poucos San que sobreviveram caçam e colhem. “A sul dos 20º de latitude sul, mais de metade das terras do do interior recebe recebe em média menos menos de 400mm de  precipitação por ano, sendo por conseguinte, pouco propícias para a agricultura”.(Fage, 1995, p:122).

 

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Deste modo e muito embora existam bons vestígios arqueológicos de os agricultores da idade do ferro haviam atravessado o Limpopo e se começaram a se instalar no Transvaal, Suazilândia e Natal a partir do século IV, o seu subsequente avanço na África meridional foi relativamente lento.

O gado passou a ter uma importância cada vez maior na sua economia e sociedade, e a colonização centrou-se nas planícies costeiras melhor irrigadas, antes de avançar para o interior. A sedentarização nas terras altas de pastagens da savana só se terá iniciado cerca de 1300, e no litoral os bantos podem só ter alcançado o rio kei próximo do século XVI (altura em que dispomos de fortes indícios da sua presença através das narrativas dos marinheiros portugueses naufragados).

É por esta razão que as línguas bantu localizadas a mais sueste terão sofrido uma influência tão significativa do discurso koisan; pois, a sua expansão final teria se registado num processo lento e experimental por  parte de d e pequenos p equenos grupos de pessoas, e grande parte desse avanço se ter  processado através da absorção de muitos habitantes que qu e falavam koisan nas suas próprias estruturas sociais.

Civilizações que floresceram pelo domínio da técnica da metalurgia de ferro e prática da agricultura e pastorícia

África herdou a técnica da metalurgia de ferro a partir do próximo oriente, donde foi difundido há mais ou menos antes de cristo (1200 a .c.); mais tarde chegou ao Egipto e, no século seguinte espalhou-se pelo norte do nosso continente. Do Sudão (termo etnográfica aplicado a todo o conjunto do s territórios de uma estreita faixa ao sul do Saara, que os primeiros geógrafos árabes considerava terra habitada por povos negros), o ferro subdividiu-se em dois ramais: o primeiro ramal dirigiu-se a região dos grandes lagos e o segundo para a região das grandes florestas equatorial.

 

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Em seguida as rotas unificaram-se e tomaram rumo sul a partir dos núcleos proto-bantu-um, proto-bantu-dois e proto-bantu-três. Já na região Austral de África, o ferro teria dado lugar ao surgimento de novas formações políticas e etnolinguísticas.”O povoamento banto da África austral teria sido iniciado num processo de expansão encetado na orla noroeste das grandes florestas congolesas há cerca de três mil anos para a  bacia do Congo e África oriental, e de uma migração relativamente rápida  para o sul. A difusão quase simultânea da nova tecnologia de ferro na zona dos grandes lagos e África austral (...) teria acelerado o processo (...)”.(J.H. Greenherg, In Serra 2000,p:12).

O conhecimento e difusão da técnica da metalurgia de ferro; o aumento da produção e da população levando a expandir as terras de agricultura e  pastagens; as disputas territoriais pela posse de terras férteis; são mencionadas como principais causas da expansão dos bantos para o sul de África.

11.2. 1.2. As pr princi incipais pais característic características as das das pri primeiras meiras soci sociedade edadess região Austral de Africa - No âmbito da produção  

É claro que a prática da agricultura requeria relações de produção e  práticas organizadas com certa sistematização e permanência. Se por um lado o parentesco constituía um sistema das relações de produção, por outro ele era o conjunto de laços que uniam geneticamente (por filiação ou descendência ou ainda, voluntariamente por aliança ou pacto de sangue) um certo número de indivíduos.

O parentesco é essencialmente uma relação e nunca coincide completamente com consanguinidade, isto porque, com o parentesco  biológico, cada indivíduo i ndivíduo teria efectivamente um número muito elevado de parentes.

 No fundo desde que se rebuscasse, de d e forma profunda, as raízes de ca cada da um dos membros de uma sociedade, em particular nas sociedades

 

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 pequenas, chegar-se-ia a conclusão de que todas t odas as pessoas p essoas são parentes. parent es. Pois, na prática, o número de parentes de um indivíduo duplicaria em cada geração e todos aqueles que descendem de um ramo ou de outro destes múltiplos pares de avós seriam parentes, o que não é verdade.

Assim deluido, indiferenciado e generalizado, o parentesco não poderia ser uma base de classificação dos indivíduos no sentido de grupos de  parentesco diferentes e até opostos e, consequentemente, o parentesco não poderia ser um princípio de organização social.

Para que o parentesco possa ser um princípio lógico de classificação quer de uns indivíduos em relação aos outros, quer dentro de cada grupo de  parentes e de um grupo de parentes parent es em relação a outro o utro grupo no seio da sociedade, é necessário que nem todos os consanguíneos sejam conhecidos como tal.

Certas categorias destes devem ser excluídos do parentesco. Assim podese considerar uma linha de ascendência com a exclusão das outras, isto é, uma filiação unilinear em linha paterna ou materna. Também podem ser consideradas as duas linhas atribuindo-lhes funções distintas, resultando a dupla filiação unilinear ou filiação bilinear. Também pode reconhecer-se ao mesmo tempo o parentesco do lado paterno e do lado materno constituindo filiação indiferenciada ou bilateral ou ainda ai nda cognática.

(Considerava-se linhagem um grupo de parentes que descendiam de um antepassado comum através de uma filiação paterna ou filiação materna). Faziam parte da linhagem também os parentes que entravam por casamento e que constituam elementos indispensáveis para a população e reprodução biológica.

A linhagem era conhecida como entidade autónoma na sociedade. Cada linhagem era dirigida por um chefe com poderes político, jurídico e religioso. O chefe da linhagem era coadjuvado por um conselho de

anciãos. O conjunto dos chefes das linhagens e dos clãs formava a

 

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aristocracia

dominante,

enquanto

que

as

comunidades

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aldeãs

(camponeses, e artífices) constituíam a classe dos subjugados e súbditos.  Não obstante, a diferença de linhagem matrilinear ou patrilinear, em ambas as comunidades aldeãs, as funções políticas eram (e ainda são até hoje) exercidas pelos homens; razão pela qual são consideradas ambas de machistas.

Em Moçambique, na definição de parentesco, o princípio mais generalizado é o da filiação unilinear, isto é, privilegia-se uma única linha, podendo ser paterna (no sul) ou materna (no norte de Moçambique). É importante referir que não existe uma filiação unilinear  pura; todas as sociedades admitem de certo modo, o pparentesco arentesco nas duas linhas.

Contudo, em regime de filiação unilinear, a tónica é posta numas duas linhas de modo que, neste aspecto, a exclusão do parentesco é muito importante. Os parentes do lado materno num sistema patrilinear, ou os  parentes do lado la do paterno num sistema matrilinear embora não constituam um grupo em si, não deixam de exercer um papel importante nas relações entre grupos de filiação unilinear.

O parentesco do lado não predominante influi no estatuto dos indivíduos no que diz respeito a herança de bens, transmissão de funções, valorização do estatuto dos filhos etc. Face a natureza polémica desta classificação, alguns autores preferem de sociedade com predominância  patrilinear ou sociedade com predominância matrilinear. matrilinear.

Partindo deste sistema de parentesco, surge nestas sociedades um sistema de organização da produção, a terra é tida como património da sociedade e não uma propriedade e produziam essencialmente cereais (milho e mexoeira) para a alimentação das comunidades. A agricultura era fundamentalmente uma actividade feminina; a recolecção caça e pesca era praticada pelos homens e que serviam como complemento da dieta alimentar. Também se praticava a pastorícia (criação de gado bovino),

excepcionalmente a sul do Save. Outras actividades eram a olaria, a

 

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metalurgia e produção têxtil com o fim de suprir as necessidades domésticas e os excedentes entrava no circuito de trocas.

- Organização política, social e económica. 

Verifica-se que dentro das linhagens e das famílias alargadas nas  primeiras sociedades, cristalizavam-se as políticas das relações de  produção. Á frente de cada linhagem li nhagem ou família alargada estava um chefe com poderes políticos, jurídicos e religiosos e com um conselho de anciãos. As funções políticas eram exercidas pelos homens. Sendo a terra  património da linhagem li nhagem ou da família, fa mília, cabia ao chefe a sua distribuição e estabelecer relações e alianças de matrimónio (pelo lobolo no sul de Moçambique).

Particularmente em Moçambique, uma linhagem comportava um grupo de parentes que descendiam de um antepassado comum através de uma filiação materna (no norte) e paterna (no sul). Esta realidade conferiu o surgimento consuetudinário dos órgãos de poder e da hierarquia política nas antigas sociedades da África Austral e de Moçambique em particular.

- Ideologia 

As

crenças

mágico-religiosas

e

outros

aspectos

ideológicos

desempenharam nessas sociedades um papel muito importante, constituindo uma arma fundamental do poder, da coesão e de aparente imobilidade. Os chefes das linhagens e os chefes territoriais imploravam aos antepassados para si e para o seu povo, as chuvas, saúde, protecção, etc. Para tal existiam cultos como: mhondoro, que era o culto territorial desenvolvido nas regiões de Tete, Manica e Sofala; e mwari, entre os karanga-shona. Tais cultos eram assistidos por especialistas como os swikiro que deviam conhecer profundamente a história genealógica dos Mwenemutapas (caso do centro de Moçambique); estes contavam a história do império e memorizavam os acontecimentos relativos a história dos familiares dos chefes e a sua sucessão.

 

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O ancião mais velho das mushas era conhecido por mukuru ou (mwenemusha). As residências desses chefes constituíam-se em centros com funções centrais; (Zimbabwe) entre os shonas; (mandlakazi ou manjacaze) entre os ngunes. Estes centros resumiam-se em residências dos chefes ou fortificados ou ainda capitais.

11.3. 1.3. As Prin Princip cipais ais Diferenças Sócio-Políticas ent entre re o Norte e o Sul de Moçambique As diferenças sócio-políticas entre o norte e o sul de Moçambique surgiram através das condições naturais das comunidades. Ao norte do Zambeze, as florestas com mosca tsé-tsé, dificultaram o desenvolvimento da

actividade

pecuária

(actividade

essencialmente

masculina),

 privilegiando a agricultura dedicada a actividade feminina. Partindo do  princípio segundo o qual o poder económico é basilar b asilar para o poder sócio político, o grupo parentesco no norte do Zambeze passou a ser matrilinear. Enquanto isso, no sul do Zambeze a criação de gado teve mais peso e, sendo actividade essencialmente masculina, surgiu pelas razões acima referidas uma comunidade patrilinear.

- Os primeiros centros urbanos em Moçambique

-  Noção: Centros urbanos são povoações com uma população mais numerosa do que é comum para aldeias da população rural e com funções centrais.

Características de centros urbanos:  

Existência de uma administração pública com funções tributárias;

 

Possibilidades mais amplas dos habitantes na participação na vida política e social;

 

Beneficiação directa ou indirecta da redistribuição dos impostos e tributos;

 

Participação mais directa dos habitantes na vida social e económica de elite;

 

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Como centro comercial, administrativo e religioso, exerce funções para a área circundante.

 Desde os tempos remotos os gr grandes andes centro de Moçambique fora foram: m:

a) A capital do Zimbabwe, que foi permanente por mais de um a dois séculos.  b) A capital dos Mutapas, que permaneceram por mais ou menos um reino. c) A capital de Gaza e Mataca, que duravam por mais ou menos cinco anos. d) Os vários centros costeiros e junto dos rios, que eram mais  permanentes. Antes da chegada dos portugueses existiam centros como: Chibuene (sul de Vilanculos); Sofala; Ilha de Moçambique; Quirimbas; Ilha de Vamizi (sul de Cabo Delgado); e Somana (na baia de Nacala). Os portugueses continuaram a utilizar alguns destes centros. Depois da separação administrativa de Moçambique da Índia, em 1752, foi introduzido o municipalismo em sete povoações entre 1762 e 1764: Inhambane, Sofala, Tete Sena, Quelimane, Moçambique e Ibo. Em 1818 a Ilha de Moçambique foi elevado a cidade com cinco cin co mil habitantes

11.4 11.4.. As primeiras sis sistematiza tematizações ções cultu rais entre agri agriculto cultores res em Moçambiq Moçambique ue Segundo Serra, desde cercade 1700 anos, novos grupos etnolinguísticos (Bantos), começaram a povoar a região austral de África. Desses novos grupos fazem parte os actuais habitantes de Moçambique.

Contrariamente aos anteriores habitantes da região (hotentotes e  bosquímanos) que eram recolectores e caçadores, os bantos praticavam prati cavam a agricultura de itinerância e a pastorícia. O trabalho e especialização nos objectos de metais principalmente o ferro, constituiu o maior factor que os levou a dominar facilmente as ntigas populações que encontraram.

 

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O grande Zimbabwe e particularmente as estações arqueológicas de Manhiquene, Matola, Xaixai, Vilanculos, Bajone, Monapo e outras que ainda requerem trabalho de campo, demonstram de forma viva o alto nível de civilização a que essas comunidades tinham atingido.

A maior parte dessas estações, tiveram na altura funções centrais de um conjunto de populações que escolheram os planaltos e principalmente as  planícies costeiras para a sua gradual progressão em direcção ao sul, atingindo a baía do Maputo por volta do ano 200 n.e. Nestas sociedades de classes em Moçambique, a prática da agricultura requria relações de  produção e práticas organizadas em certa certa sistematização e permanência.

Se por um lado o parentesco constituia um sistema de relações e  produção, por outro ele era o conjunto de laços que uniam un iam geneticamente (por filiação ou descendência ou ainda voluntariamente por aliança ou  pacto de sangue) um certo número de indivíduos, formando linhagens isto é grupo de parentes descendentes de um antepassado comum através de uma filiação paterna no sul do zambeze e materna no norte deste rio.

A linhagem era uma entidade autónoma na sociedade e era dirigida por um chefe com poderes políticos, jurídico e religioso. As manifestações mágico-religiosas  nos váriosgrupos etnolinguísticos de Moçambique

quer no sul, centro e quer no norte, revelaram e revelam até hoje questões similares ao politeísmo, venerando a vários deuses, simbolizados por diferentes animais que identificam a cada linhagem: os njovos, veneram a elefante; os ngonhamos assim como os inhamundas veneram a leões; os simangos assim como dhalacamas veneram a macacos ou mapossas, veneram a porco espinho; os muchangas ou dubes, veneram a zebra, os moianes, a ovelha ou cordeiro. Sendo seus deuses são proibidos de os consumir. Pela mestiçagem de linhagens, triboes e diversas culturas rássicas essas tradições são hoje pouco respeitadas...

Apesar dessas várias divindades, cada unidade política sempre venerou de forma colectiva os deuses venerados pela a aristocracia dominante da

sua unidade política pois foi sempre ao chefe a quem coube suplicar aos

 

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deuses pedindo para si e para o seu povo as chuvas, a abumdância das colheitas etc. Por exemplo, o chefe tradicional da Beira Zingombe, ou (a grande vaca), é junto a este que o povo da beira venera ao zingombe  pedindo as chuvas, o fim de tempestade etc.

Sumário Desde cercade 1700 anos, novos grupos etnolinguísticos (Bantos), começaram a povoar a região austral de África. Desses novos grupos fazem parte os actuais habitantes de Moçambique.

Contrariamente aos anteriores habitantes da região (hotentotes e  bosquímanos) que eram recolectores e caçadores, os bantos praticavam prati cavam a agricultura de itinerância e a pastorícia. Os primeiros habitantes da África Austral ou a população mais antiga da África austral foram provavelmente os falantes da língua koisan, cujos sobreviventes são os koi-koi ou (hotentotes) de pequena estatura e pele amarelada, e os bosquimanos (San). A distinção entre ambos situa-se  basicamente no nível cultural. Em Moçambique, na definição de parentesco, o princípio mais generalizado é o da filiação unilinear, isto é, privilegia-se uma única linha, podendo ser paterna (no sul) ou materna (no norte de Moçambique). É importante referir que não existe uma filiação unilinear  pura; todas as sociedades admitem de certo modo, o pparentesco arentesco nas duas linhas.

Exercícios 1. Segundo Serra. A partir do ano 200 n.e., a região austral de África foi envadida por povos de origem banto. Indica três características dessas comunidades. 2. Qual foi a grnde razão que permitiu a dominar facilmente os antigos habitantes da região? Quais são as principais manifestações culturais dos bantos no campo: sócio-político; económico e religioso.

 

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4. 

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Porque razão o uso de ferro é tido como a causa da formação de

unidades política e etnolinguísticas na África austral? 5. 

O que são centros urbanos e quais são as suas características?

 

6. Explica as diferenças da estrutura sócio-políticas entre o norte e o sul de Moçambique

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 3 e 4. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade XII As Civilizações Civilizações Amerí Am eríndias ndias Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam que antes da chegada dos europeus os povos americanos tinham alcançado um nível de evolução socio-política, económica e organizacional bastante elevado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Identificar as regiões onde se desenvolveram as principais civilizações ameríndias.

Objectivos  

Identificar as principais estratégias usadas pelos imperadores incas para a submissão dos seus inimigos.

 

Mostrar as causas que levaram à decadência do império inca.

 

Mostrar as semelhanças das práticas mágico-religiosas entre os estados da África (Egipto e Monomotapa) e o império i mpério inca.

 

12.1. 12. 1. As Civi Civilizações lizações Amerínd Ameríndias ias Quando em 1492, Colombo, representando a monarquia espanhola, descobriu o novo mundo (mais tarde América), teve contacto com uma  população indígena que recebeu o nome de índios, porque erradamente, os primeiros espanhóis que desembarcaram na América julgaram ter chegado ás índias. Uma parte dessa população formava pequenas tribos dispersas, mas no México e no Peru chegaram a atingir um estado de civilização bastante adiantado, tal como aconteceu com Astecas (no actual território do México), a dos Maias (na actual península do Lucatão na América central), a dos Incas (na actual cordilheira dos Andes).

 

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É sobre esta última civilização cujos vestígios materiais nos lembram a sua existência, sua organização política e social que interessam o conhecimento da humanidade. Até a descoberta dos Incas, este povo constituía-se num grande império situado no planalto dos Andes, sensivelmente no território hoje ocupado pelos estados do Equador, Peru, Bolívia e norte do Chile.

Os Quíchuas eram a classe dominante, a que pertencia a dinastia inca, que era reinante. Inicialmente o nome inca abrangia um grupo de tribos que vivia na vizinhança de Cuzco, antes do século XV e que foi usado de várias maneiras. Calcula-se que o início da dinastia inca em Cuzco tivesse tido lugar por volta de 1200 da nossa era. era.

Tal como a maioria dos povos da América, os incas viviam em regiões montanhosas de difícil acesso, e, segundo as fontes disponíveis, a civilização inca teria surgido da fusão de várias tribos formando assim um vasto império. As grandes conquistas incas começaram após a corporação de Panchacuti, como se crê, em 1438.

Entretanto, as conquistas incas nem sempre precisaram de lutas. As estratégias usadas pelos incas foram geralmente a diplomacia, as  promessas e as ameaças através de um exército altamente organizado. Esta estratégia bastou frequentemente para conseguir a submissão dos seus inimigos, e se tornar num grande império cuja civilização foi admirada.

12.2. 12. 2. Organização Soci Social al O império inca tinha uma organização social piramidal hierarquicamente estratificada: Á cabeça estava o imperador, monarca absoluto chamado Sapa inca o que significa (único inca). O imperador tinha para além do cognome Sapa inca, outros cognomes como intip cori (filho do sol), em homenagem a sua suposta descendência directa do sol; pelo que o adoravam como um Deus a semelhança dos Faraós egípcios em África do nordeste que por sua vez eram intitulados de filhos do sol.

 

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Sapa inca tinha uma esposa principal (a coya). A semelhança dos monomotapas na África austral que, na altura do seu empoçamento para o cargo de imperador praticavam o incesto com sua familiar próxima ou mesmo com uma sua irmã que passava posteriormente a ser a sua  principal esposa, e para além dos monomotapas também serem considerados de origem divina, coya era a irmã ir mã germana do Sapa inca.

Sapa inca podia como também se reporta entre os monomotapas, possuir várias outras mulheres secundárias que davam vários filhos. Para conseguir a maior perfeição em todas as actividades civis, o imperador exercia sobre os súbditos uma autoridade depóstica.

Para além do monarca (imperador), a classe dominante era constituída  por sacerdotes e sacerdotisas (asa virgens do sol), mais um grupo aristocrático de guerreiros, cujas actividades eram os serviços religiosos, militares, intelectuais e burocráticos. A grande maioria constituída por camponeses, artesãos, pastores e outros, faziam parte da classe dominada. A sua função principal era trabalhar para sustentar a classe dominante.

A forma normal de tributação era o trabalho agrícola; mas havia também um imposto especial de trabalho (o mit”a)- no exército nas estradas, nas minas e noutros trabalhos públicos. O poder estava centralizado nas mãos do monarca. Este governava o império a partir de Cuzco, a capital, por meio de funcionários reais.

12.3. 12. 3. O D Desenvolvi esenvolvimento mento Socio Socio-E -Econ conómic ómicoo do Império Inca Dedicava-se a várias actividades económicas:  Agricultura  -

Cultivavam milho, feijões, abóbora etc. A terra era uma

 propriedade colectiva col ectiva e o produto do trabalho era familiar com a mesma descendência. Auxiliavam-se mutuamente no cultivo da terra e trabalhavam nas terras de viuvas, idosos e de pastores ausentes.

 

  HO166 - HISTÓRIA DAS SOCIEDADES I Cultura, Da origem  sociedades edades pré-cl pré-clássicas ássicas até ao século XV XV origem das soci  Artesanato  -

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produzia objectos de cerâmica. Tal como acontecia nas

sociedades africanas e asiáticas, os incas dedicavam-se também a construção de canais de irrigação para a agricultura a construção de templos, palácios, túneis e ddee vasta rede de estradas que ligava as diferentes partes do império, facilitando a administração do vasto império.

12.4. 12. 4. De Decadência cadência do Império Inca Com a chegada dos colonizadores europeus, a partir dos finais do século XV, as civilizações da América entrara em declínio. A política dos espanhóis para a conquista foi o saque, pilhagem e extermínio dos povos autóctones. Os colonizadores destruíram tudo o que simbolizava estas civilizações: Templos, palácios etc. Grandes quantidades de objectos de valor em ouro, prata foram roubados. O império inca estava ainda em evolução quando o fim chegou...

12.4.1 Causas da Decadência do Império Inca O império sofria de duas grandes debilidades:

1º - Falta de método fixo para a designação do sucessor do imperador. Quando Huayna Capac morreu subitamente sem deixar designado o seu sucessor, surgiu o conflito de sucessão entre dois príncipes cada um apoiado por uma facção poderosa, o que deixou o império enfraquecido. Esse enfraquecimento enfraquecimento foi aproveitado pelos espanhóis na sua chegada. 2º - A excessiva centralização do poder no imperador e pouca unidade entre os altos funcionários da mesma graduação. Por motivos destas duas debilidades Cuzco ( a capital) foi destruída pelos espanhóis em 1534, e grande parte da sua população foi decapitada. Os espanhóis ganharam força rapidamente e as antigas civilizações dos Andes centrais desapareceram para sempre...

 

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Sumário O império inca tinha uma organização social piramidal hierarquicamente estratificada: Á cabeça estava o imperador, monarca absoluto chamado Sapa inca o que significa (único inca). O imperador tinha para além do cognome Sapa inca, outros cognomes como intip cori (filho do sol), em homenagem a sua suposta descendência directa do sol; pelo que o adoravam como um Deus a semelhança dos Faraós egípcios em África do nordeste que por sua vez er eram am intitulados de filhos do sol.

Exercícios 1.  Qual é razão que levou Colombo a chamar os americanos de índios? 2.  Porque é que aquelas regiões ocidentais acabaram sendo chamadas de América? 3.  Quais são as grades semelhanças no contexto de organização  político-social entre o império Ínca com os monomotapas e o estado egípcio?

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 3. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidad Uni dadee XIII XIII Valores Valor es Cul Culturais turais das d as Soci Sociedade edadess Pré-Clássicas Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam o que são sociedades  baseadas no regime de servidão. servidão.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Identificar as regiões onde se desenvolveram as sociedades  baseadas no regime de servidão; servidão;

Objectivos  

Enumerar as civilizações que praticaram este tipo de regime;

 

Caracterizar as sociedades baseadas no regime da servidão.

 

13.1. Valores Culturais das Sociedades Pré-Clássicas  Na antiguidade, a dissolução das comunidades primitivas resultou na criação de duas formas principais de organização sócio-económicas: As sociedades baseadas no regime de servidão colectiva (sociedades asiáticas); e as sociedades escravocratas (especialmente as sociedades clássicas gregas e romanas). As aldeias, as vilas neolíticas especialmente onde havia a agricultura intensiva, evoluíram para formação de cidades, e resultaram na formação das primeiras grandes civilizações da humanidade.

 Nos vales val es de importantes i mportantes rios, floresceram estas primeiras culturas como na mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates; a egípcia, no rio Nilo; a indiana, nos rios Indo e Gange; e a chinesa, nos rios Amarelo e Azul.

 

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Essas sociedades orientais da antiguidade, especialmente a egípcia, e a mesopotâmia,

desenvolveram-se

em

regiões

semi-áridas

que

necessitavam de grandes obras hidráulicas para o cultivo agrícola. Assim a organização político-social, acabou-se estruturando em torno da terra e dos canais de irrigação. O estado organizava a produção comunitária das aldeias, controlando diques e canais; aproximava-se por meio da tributação dos escedentes produzidos e realizavam obras públicas e serviços administrativos.

Segundo CLÁUDIO 2002:19-20, nessas sociedades onde predominava a servidão colectiva, o indivíduo explorava a terra como membro da comunidade e servia ao estado, proprietário absoluto dessa terra,  personificado no Egípto pelo faraó e, na Mesopotâmia pelo imperador.

 Nessas comunidades o comércio e o artesanato tinham função secundária, apresentando-se pouco dinâmicos. A essa estrutura sócio-económica baseada no estado despótico e no controlo da produção agrícola comunitária, sustentada sustentada por grandes obras hidráulicas, dá-se o nome de (modo de produção asiática ou sistema de servidão colectiva). Este sistema identifica sociedades a que denominamos de pré-clássica.

Ao contrário dessas sociedades da antiguidade oriental, nas sociedades clássicas como a grega e romana em que a metalurgia tivera grande desenvolvimento, a superação das comunidades colectivistas do neolítico levou ao surgimento da propriedade privada e consequentemente, a utilização da mão-de-obra escrava.

O estado constituía nessas sociedades o principal instrumento de poder do grupo privilegiado, assegurando e ampliando seu predomínio. Neste  período (na antiguidade clássica) em que se desenvolveram as sociedades grega e romana, as cidades tornaram-se grandes centros de prosperidade material e intelectual, além de importantes i mportantes núcleos políticos.

 

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As bases desse progresso encontravam-se no campo, cujas actividades económicas principalmente a produção de trigo, azeite e vinho enriqueciam os proprietários agrários e impulsionavam as actividades urbanas como as trocas comerciais e o artesanato. O comércio interregional de produtos agrícolas e objectos artesanais como vasos, ânforas, estátuas, tornou-se muito dinâmico.

A navegação por consequência adquiriu grande importância, passando o mediterrâneo a constituír o mais importante canal de comunicação da antiguidade. A produção de excedentes necessária para intensificação das trocas comerciais era garantida pela ampla utilização da mão-de-obra escrava. O desenvolvimento do modo da produção escravista, que atingiu sua plenitude em Roma, está intimamente relacionado ao carácter expancionista das sociedades-estados gregas e do estado romano.

“ Foi a conquista permanente de outros territórios e a escravização dos  povos vencidos que posibilitou a manutenção do modo de produção escravista.” (CLÁUDIO, 2003:20).

13.2. 13. 2. O de desenvolv senvolvimento imento da escrita no no nordeste, rdeste, no próximo próxim o e no mé médio dio oriente 13.2. 13. 2.1. 1. O desenvolv desenvolvimento imento ddaa escrita no nor nordeste deste de Áfric Áfricaa (E (Egípto gípto)) O Egípto antigo desenvolveu três tipos ti pos de escritas: a) – A sagrada chamada hieroglífica, inventada no período pré-dinástico (altura da unificação do Egípto cerca de 3200 a.n.e., e que possuía mais de 600 sinais). Cada sinal tinha uma explicação enigmática de carácter religiosa para a invocação aos deuses.  b) – A hierática; mais usada para documentos e era uma forma mais símples e derivada da anterior. c) – Por fim existia a demótica, a escrita popular nascida bem mais tarde e constitui a simplificação da hierática com cerca de 350 sinais.

 

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13.2. 13. 2.2. 2.-- A decifração ddoo hhierogl ieroglífico ífico A partir do séc. XVIII, em 1799, conscidindo com a expedição de  Nampoleão Bonaparte B onaparte ao Egípto (1798-1799), foi encontrada em R oseta à 70km de Alexandria, por um jovem oficial de engenharia (Bouchard), uma estala com uma longa inscrição em três tipos de escritas e duas línguas entre as quais o grego. O interesse e a curiosidade pela descoberta são enormes. De facto, a partir daquele momento tornou-se possível decifrar a escrita dos antigos egípcios, a escrita hierogláfica.

Resurge assim um mundo que tinha praticamente desaparecido no séc. IV a.n.e., de facto em 391, o imperador romano Teodósio tinha descoberto o encerramento de todos os tempos não cristãos do império. A escrita hieroglífica ainda em uso no Egípto pelos seguidores de alguns cultos foi rapidamente e, por fim deixou de ser compreendida. Do Egípto, tinham por isso, ficado as descrições que dele tinham deixado na idade clássica, historiadores e viajantes gregos e romanos: o historiador Heródoto, tinha feito um relato da sua viajem ao Egípto efectuada por volta do ano 450 a.n.e., a este pode-se recordar por exemplo o de Estrabão (romano) que escreveu em grego a cerca da sua viajem efectuada em 30 d.c., num Egípto agora dominedo pelos romanos ou o de Plutarco historiador grego que viveu entre 46 e 125 d.c., que nos deixa notícias de de um dos cultos mais conhecidos o de Ísis e Osiris. Na antiguidade, portanto, o Egípto é visitado e contado, depois, a partir do séc. IV d.c., tem como um eclípse. Em 641, com a chegada dos árabes o Egípto tornou-se muçulmano e difícil aos europeus visitá-lo, e, seja como for, as inscrições hieroglíficas naqueles momentos já não são compreendidos.

Os viajantes da baixa idade média (séc.: XI a XV) e no renascimento (séc. XVI), espalha-se quando muito pela zona mais próxima do mediterrâneo que, todavia, não é para senão uma etapa em direcção aos lugares de peregrinação na palestina. No entanto, porque se fala do Egípto na bíblia, sobretudo no antigo testamento, estando a sua história

ligada à dos hebreus, a partir do segundo milénio a.n.e., com os séculos

 

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XVII e XVIII, são sobretudo os missionários católicos a deslocar-se ao Egípto e a contá-lo.  Não faltam, todavia, viajantes como Barão Francês Vivant Vi vant Denon (17471825), que visita o país na sequência da expedição de Nampoleão Bonaparte. O Barão leva para sua pátria muitas obras egípcias e no fim deixa um livro bem ilustrado, que conheceu uma difusão e êxito em toda a Europa, contribuíndo bastante para a renascente paixão para o Egípto. Ela concretiza-se numa obra monomental (a descríption de 1’Egípto),  publicada em 24 volumes em 1809. Coube ao Francês Jean-françois Champolion (1790-1832) que em 1822, com os seus trabalhos veio a decifrar a escrita hieroglífica. As inscrições misteriosas tornaram-se compreensíveis e a egiptologia (ciência do Egípto) afirma-se defitivamente...

 No séc.XVIII o Egípto é estudado e saquiado. Belíssimas obras são levadas para Europa para serem examinadas e exposta em muséus mais importantes. O Francês Augusto Mariette (1821-1881), consegue pôr travam à fuga das obras e, estimulando campanhas de buscas bus cas e escavação, funda no cairo um museu inteiramente ao antigo Egípto.

Em 1992, a descoberta do túmulo do faraó Tuntakhamon pelo inglês Haward Carter, com o apoio financeiro de Lord Carnavon, é de certo um dos achados mais famosos e mais fascinantes da arqueologia do séc. XX.

13.3. O Cuxe-Méroe A partir do ano 1.100 1.1 00 a.n.e., começou no Egípto uma fase de ppertubarções ertubarções e de guerras civis em que os líbios interviram formando mais tarde uma dinastia Líbia. Devido a este caos, que ameaçava o Egípto, os vice-reis de Cuxe apoiados pelas forças núbis e pelos sacerdotes tebanos tomaram a maior parte do Egípto a partir de 1068 a.n.e.

Com o aparecimento da dinastia Líbia em 950 a.n.e., dinastia mal vista

 pelos sacerdotes de teba, Cuxe tornou-se praticamente refúgio da legitimidade egípcia perante os estrangeiros do norte; e a partir da década

 

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de 660 a.n.e., os reis de Cuxe intitularam-se reis do Alto e Baixo Egípto, chegando em 500 a.n.e. a transferir a capital do reino de Napata para Méroe, mais a sul, devido a pressão, ao agravamento do clima e ao facto de as rainhas vindas de sul preferirem viver e ser sepultadas na sua terra natal.

O reino de Cuxe encontrava-se na primeira catarata e foi povoado por um fluxo de povos que fugiam das zonas em vias de desertificação. Porém este paí era menos favorecido pela natureza devido a maior seca e numerosas catarata por causa do relevo ocidental e pedregoso. p edregoso.

Daí, que a Núbia se toenou num teritório de exploração permitindo que mais tarde com o declínio egípcio, viesse a impôr o seu domínio em todo o vale do Nilo.

Sumário  Na antiguidade, a dissolução das comunidades primitivas resultou na criação de duas formas principais de organização sócio-económicas: As sociedades baseadas no regime de servidão colectiva (sociedades asiáticas); e as sociedades escravocratas (especialmente as sociedades clássicas gregas e romanas). As aldeias, as vilas neolíticas especialmente onde havia a agricultura intensiva, evoluíram para formação de cidades, e resultaram na formação das primeiras grandes civilizações da humanidade.

 Nessas comunidades o comércio e o artesanato tinham função secundária, apresentando-se pouco dinâmicos. A essa estrutura sócio-económica baseada no estado despótico e no controlo da produção agrícola comunitária, sustentada sustentada por grandes obras hidráulicas, dá-se o nome de (modo de produção asiática ou sistema de servidão colectiva). Este sistema identifica sociedades a que denominamos de pré-clássica.

 

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Exercícios 1-  O continente asiático foi o timoneiro do regime de servidão. Fala das características desse regime. 2-  Identifique as regiões de África onde se desenvolveu o regime de servidão. 3-  O que entendes por civilizações fluviais antigas e em que regiões se desenvolveram? 4-  O Egípto foi uma civilização altamente esclavagista. O Egípto não foi uma civilização altamente esclavagista – escolha a frase verdadeira e justifique. 5-  O Cuxe chegou a ser o refúgio da legitimidade egípcia. Justifique  porquê? 6-  O Egípto constituíu referência no desenvolvimento de civilizações a ele visinhas. Indica essas civilizações e em que campos ele tanto influenciou? 7-  Identifica o tipo de escrita desenvolvida pelos egípcios, fale do  processo que levou a sua decifração.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1,3,4 e 7. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade XIV Expressões culturais cultu rais dassócio-econímicas civiliza civil izações ções pré- e clássicas da mesopotâmia Introdução  Nesta unidade pretende-se que q ue os estudantes saiba saibam m descrever o tipo de vida das civilizações da mesopotâmia e sua relações com os outros povos e descrever as contradições surgidas na mesopotâmia e o processo que levou a fundação do império babilónico.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Caracterizar uma cidade-estado;

 

Explicar o mito sobre a torre de Bubel;

 

Relacionar as civilizações da mesopotâmia com as do vale do  Nilo;

 

Descrever as tradições dos povos da mesopotâmia.

 

Enumerar as causas que levaram união das cidades-estados sumerianas e fundação do império babilónico;

 

Identificar os principais feitos do rei hamurabi;

 

 justificar as vantagens da lei de hamurabi para os mesopotâmicos e para as sociedades posteriores.

 

14.1. 14. 1. A Soci Sociedade edade e Econo Economi miaa A estrutura produtiva mesopotâmica, tal como a do Egípto, inseria-se no modo de produção asiática, tendo a agricultura como actividade principal

e a população submetida ao sistema de servidão colectiva. A unidade económica da cidade-estado ou do império dependia do templo, (eixo da

 

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religião entre a população e a autoridade política, - o patesi ou o imperador).

Como as terras pertenciam aos deuses, os seus representantes (políticos e religiosos), administravam essas terras e dominavam camponeses, artesãos (padeiros, oleiros, tecelões, ferreiros etc.), soldados e serviçais menores, obrigados a produzir, defender e a trabalhar nas obras públicas.

Uma aristocracia de governantes, socerdotes e funcionários públicos, através do estado, controlava a construção de reservatórios de água, diques, canais de irrigação, estradas e depósitos de alimentos, além de impôr tributos sobre quase tudo o que era produzido. Também contavam com a mão-de-obra escrava, constituída dos vencidos nas guerras.

 Nos celeiros públicos, os conhecidos estoques, definia-se o critério, de distribuição dos excedentes agrícolas obtidos da população. Oartesanato e o comércio mesopotâmico atingiram um alto grau de desenvolvimento, com seus negociantes, organizando caravanas que iam da Arábia à Índia,  buscando ou levando produtos como lã, tecidos, t ecidos, cevada, e minerais entre outras mercadorias. Quando utilizavam os rios Tigre e Eufrates E ufrates ou o mar alcançado através do golfo pérsico, frequentemente contavam com navios tripulados por marinheiros fenícios. A intensidade das actividades económicas da mesopotâmia chegou a transformar muitas das suas cidades em grandes entrepostos comerciais, destacando-se a Babilónia. A estrutura social mesopotâmica também assemelhava-se a do Egípto, tendo no topo uma pequena elite poderosa concentradora de previlégio e da força sustentada pela esmagadora maioria da população submetida a servidão imposta por um governo depótico e teocrático. A cultura mesopotâmica descendia em grande parte dos sumérios destacando-se especialmentea escrita cuneiforme.

 

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14.2. 14. 2. A De Decif cifração ração da Escri Escrita ta das Civil Civilizações izações Me Mesopo sopotâmicas tâmicas (a Escrit Escritaa Cuneiforme) Foram os sumérios, povo da mesopotâmia, que inventaram a primeira escrita no quarto milénio antes da nossa era. A escrita mesopotâmica, denominada (cuneiforme), era grafada da esquerda para a direita e foi uma das mais importantes do mundo antigo composta de vogais e consoantes.

A sua decifração foi possível a partir do século dezoito, quando o alemão Georg Friederich Grotefend, com genial intuição lançou as bases b ases com que ela seria decifrada, partindo de incrições copiadas em 1765 em persépole  pelo alemão Niebuhr.

Grotefend formulou os princípios da decifração, apresentando os seus resultados à academia de Gottingen em 1802 onde on de estudava a filosofia.

As pesquisas que Grotefend compreendera e que tinha sido escolhidas de início com algum cepticismo, foram a seguir retomadas por diferentes especialistas entre os quais se destaca o inglês Henry H enry Creswicke Rawlson. Rawlsion nasceu em 1810.

Enviado como cadete à Índia e depois ao Irão, encarregado de orgizar as tropas do chá, começou então a interessar-se pelas escritas cuneiformes, empenhando-se em copiar a célebre incrição que se encontra no baixo relevo do Dário I, chamado Beistum no território iraniano, na via que liga Bagdá à Teerão.

Foi aí que Rawlson, com risco de vida copiou as inscrições para depois decifrá-las. Em 1846 publicou um livro de grande valor “ A inscrição  pérsica cuneiforme de Beistum Beistum .”

 

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Religião – a religião mesopotâmica foi herdade dos sumérios e ampliada

 pelos seus sucessores. Tinha inúmeros deuses que representavam fenómenos da natureza.

Actualmente são conhecidos cerca de 3000 deuses. A religião era vista como meio de obter recompensas terrenas imediatas pois, ao contrário dos egípcios, os mesopotâmicos não acreditavam na vida após morte.

Mesmo assim, na Assíri e na Babilónia, a religião evoluiu para a crença de que os mortos deveriam receber boas sepulturas para nunca abandonarem o seu mundo de sombras. Do contrário, eles achavam que a alma não encontraria a paz e ficaria vagando etrnamente e provocaria desgraças.

Para alcançar as vantagens terrenas, os mesopotâmicos submetiam-se aos rituais religiosos, comandados pelos sacerdotes, o que fazia dos templos o centro de toda a religiosidade. Estes templos podiam abrigar també o celeiro e as oficinas integrando inclusive a torre do d o ziguarta .

Arte – os mesopotâmicos sobressaíram-se nas ciências, na arquitetura e

na literatura. Observando o céu, especialmente a partir das suas torres e buscando decifrar a vontade dos deuses, os sacerdotes desemvolveram a astrologia e a astronomia, conseguindo atingir um amplo conhecimento sobre os fenómenos celestes como o movimento de planetas e strelas e a previsão de eclípses.

Apriorando o conhecimento de astronomia, avançaram no domínio da matemática que também servia às necessidades da vida económica. Foram os inventores da álgebra, desenvolvendo cálculos de divisão e multiplicação, incluindo a criação da raíz quadrada e raíz cúbica. Também dividiram o círculo em 360 graus e criaram um calendário com

o ano de doze meses, dividido em semanas de sete dias e estes em  período de doze horas.

 

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 Na arquitetura, os mesopotâmicos foram inovadores com aplicação de arcos; na escultura e pintura, enfatizaram a estatuário e elaboração dos  baixos-relevos com sentido decorativo, especialmente para templos e  palácios. Na literatura, constituída principalmente pri ncipalmente de poemas p oemas e narrativas épicas, destacam-se duas obras sumerianas: a epopeia de Gilgamés, a mais antiga narrativa sobre o dilúvio e o mito da criação.

 Na primeira, Gilgamés é apresentado como rei de uruk que busca a imortabilidade acompanhado em suas aventuras por enkidu. E uma de suas passagens, o poema assemelha-se intensamente à posterior descrição do delúvio no antigo testamento não deixando dúvida de que os autores do génesis alí se inspiraram. No poema sumeriano o herói é Utanapishtim, enquanto no Génesis é Noé.

14.3 14.3.. A Mesopotâmia e o Império Babilónico Babilón ico 14.3. 14.3.1. 1. H Hamurabi, amurabi, o fundador fundado r do Império Babilónico Babiló nico  No final do período neolítico, os povos sumerianos, vindos do planalto do Irão, fixaram-se na Caldeia (média e baixa mesopotâmia) e fundaram diversas cidades autónomas, verdadeiros estados independentes, como Ur, Uruk, Nipur e Lagash. Cada uma delas era governada por um patesi, supremo sacerdote e chefe militar absoluto.

Pela influência sumeriana, os deuses eram considerados os proprietários de todas as terras a quem os homens sempre deviam servir, sendo as cidade suas moradas terrenas. Junto aos templos das cidades homenageando o seu deus patrono, não raramente eram erigidas ziguartes- pirâmides de tijolos maçios que serviam de santuários acesso dos deuses quando desciam até seu ao povo.

Diferentemente do Egípto, os governantes mesopotâmicos, salvo rars excepções só depois de mortos, não eram tidos como deuses mas sim seus s eus

intermediários e representantes. Empreendedores e criativos os sumérios,

 

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como vimos anteriorimente inventaram a escrita cuneiforme que foi utilizada por todas as civilizações vizinhas.

Enquanto cidades-estados sumerianas viviam constantemente em guerras  pela supremacia na região, os acadinos, povo de origem semita, ocupavam a região central da mesopotâmia. Por volta do ano 2300 a.c., o rei acadiano Sargão I politicamente o centro e o sul da mesopotâmia dominando os sumérios, tornando-se conhecido como o soberano dos quatro cantos da terra.

Ao mesmo tempo, o império acadino incorporou a cultura sumeriana com destaque para os registos da nova língua semitica em carácteres cuneiformes. Devido as revoltas, internas e as invasões estrangeiras, o império enfraqueceu-se por volta de 2100 a.c., permitindo o breve reerguimento de algumas cidades-estados sumerianas como Ur.

Dos invasores que destruíram o império acadiano, destacam-se os amoritas vindos do deserto da Arábia e fundaram a cidade da Babilónia. A disputa disputa da babilónia com

demais cidades-estados cidades-estados para para além de

invasões levou a lutas quase ininterruptas até ao início do século XVII a.c., quando o rei hamurabi rei da babilónia realizou a completa unificação da mesopotâmia, ao ter dominado toda a região desde a Assíria ao norte até a Acádia no sul, fundando o primeiro império  babilónico.

Rapidamente a capital babilónica transformou-se num dos principais centroos urbanos da antiguidade, convertendo-se no eixo cultural e económico da região do crescente fértil...hamurabi também elaborou o  primeiro código de leis completo de que se tem notícia assentando nas antigas tradiçcões sumérias. O código de hamurabi apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama de crimes partindo a maior parte delas do princípio (olho  por olho, e dente por dente).

 

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O código de hamurabi decorria da lei de Tailão que preconizava que as  punições fossem idénticas ao délito cometido. O códigoabarca  praticamente todos os aspectos da vida babilónica, passando pelo comércio, propriedade, herança, direitos da mulher, família, adultéerio, falsas acusações, e escravidão. As punições variavam de acordo com a  posição social da vítima e do infractor.

Hamurabi também empreendeu uma ampla reforma religiosa, transformando o deus Marduk da Babilónia no primeiro deus da Mesopotâmia. Á Marduk levantou-se um templo junto ao qual foi erguido o o ziguarte de Babel citado no livro do génesis bíblia como uma torre para se chegar ao céu.

Com a morte de hamurabi, várias rebiliões e sucessivas invasões levaram a sua decedência e a ascensão dos assírios em 1300 a.c.

14.3.2 14. 3.2.. Era As Assíri síriaa Os assírios teriam chegado na Mesopotâmia por volta de 2500 a.c. . O domínio e o uso de armas de ferro com carros de guerra, permitiu o seu avanço expancionista tendo conquistado várias regiões vizinhas incluindo a média mesopotâmia e boa parte da Síria e Palestina.

Os assírios ficaram famosos pela crueldade com que tratavam os vencidos: cortavam suas orelhas, órgãos genitais e narizes ou mesmo esfolamento vivo daqueles que ousassem ameaçar o seu domínio,  buscando assim a total intimidação dos conquistados.

 No reinado de Sergão II dominaram Israel e, no reinado de Tiglat Falasar, a cidade da Babilónia. Atingiu o seu auge no séc. VII a.c., com Senaqueribe e Assurbanipal, dominando uma área que ia desde ogolfo  pérsico à Ásia menor, e do Tigre ao Egípto.

Senaqueribe transferiu a capital para Nínive. Assurbanipal, para além de

grande guerreiro, era um entusiasta da ciência e literatura o que a criação de uma grande biblioteca na nova capital assíria (a bibliotecade Nínive)

 

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que reuniu um amplo acervo cultural de toda a região formada por dezenas de milhares de tijolos de argila.

Sumário A estrutura produtiva mesopotâmica, tal como a do Egípto, inseria-se no modo de produção asiática, tendo a agricultura como actividade principal e a população submetida ao sistema de servidão colectiva. A unidade económica da cidade-estado ou do império dependia do templo. As terras  pertenciam aos deuses, os seus representantes representantes (políticos e religiosos). Existia uma aristocracia de governantes, socerdotes e funcionários  públicos, através do estado, que controlava a construção de reservatórios de água, diques, canais de irrigação, estradas e depósitos de alimentos, além de impôr tributos sobre quase tudo o que qu e era produzido. Também contavam com a mão-de-obra escrava, constituída dos vencidos nas guerras.  No final do período neolítico, os povos sumerianos, vindos do planalto do Irão, fixaram-se na Caldeia (média e baixa mesopotâmia) e fundaram diversas cidades autónomas, verdadeiros estados independentes, como Ur, Uruk, Nipur e Lagash. Os governantes mesopotâmicos, salvo raras excepções só depois de mortos, não eram tidos como deuses mas sim seus intermediários e representantes. Dos invasores que destruíram o império acadiano, destacam-se os amoritas vindos do deserto da Arábia que fundaram a cidade da Babilónia. E o rei hamurabi, rei da babilónia realizou uma completa unificação da mesopotâmia, ao ter dominado toda a região desde a Assíria ao norte até a Acádia no sul, fundando o primeiro império  babilónico. Transformando-se rapidamente a capital babilónica num dos  principais centros urbanos da antiguidade, convertendo-se no eixo cultural e económico da região do crescente fértil.

 

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Exercícios 1-  um

dos

méritos

dos

povos

da

mesopotâmia

foi

o

desenvolvimento da escrita. a)  diferencie a escrita mesopotâmica e egípcia 2-  O que significa a palavra mesopotâmia? 3-  Indica as grandes descobertas dos mesopotâmicos no campo das artes e ciências. 4-  Indica as funções económicas e religiosas dum ziguarte. 5-  Assurbanipal para além de ser guerreiro era entusiasta a ciência. Qual é a razão desta afirmação? 6-  O mito religioso sobre as diversidades das línguas está ligado a hamurabi. Justifique a afirmação.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1, 3,5 e 6. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidade Unid ade XV XV Outras Expressões Culturais PréClássicas no Médio Médio e no Próximo Próxim o Oriente Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam interpretar a  brilhante vida marítima dos fenícios povos que dominou o mediterrâneo. mediterrâneo.

Ao completar esta unidade / lição, l ição, você será capaz de:

Objectivos

 

Identificar a região da fenícia e a Pérsia;

 

Identificar as actividades desenvolvidas pelos fenícios;

 

Mencionar as causas que levaram a sua prosperidade.

 

15.1. 15. 1. A feníci feníciaa

Os fenícios acreditavam em várias divindades identificadas com forças da natureza, especialmente as que servião de orientação aos navegadores e as que garantiam a fecundidade da terra. Em cada cidade-estado cultivava-se uma divindade principal além de outras comuns a todos fenícios, e também divindades estrangeiras. A  principal em cada cidade era geralmente chamada de Baal, representando o sol, e a deusa estartéia, a (fecundidade), muitas vezes representada pela lua. Outras deusas a exemplo de Dagon, o deus do trigo, revelavam as  primitivas origens agrárias da Fenícia. Em seus cultos religiosos não

raramente realizavam sacrifícios humanos. O templos fenícios como era

 

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comum durante a antiguidade oriental controlavam vastas propriedades e domínios e os sacerdotes formavam uma elite associada á cúpula governamental da cidade.

A agricultura e especialmente o progresso da navegação, permitiu o desenvolvimento da astrnomia e da matemática, ligadas ao cálculo do movimento dos astros. A matemática serviu as actividades comerciais,  base do desenvolvimento económico fenício.

Contudo, foi a elaboração de um sistema de escrita símples e prático, fundamentado num alfabeto de vinte e duas letras que constituiu o seu maior legado para as civilizações posteriores. Adoptado e apropriado por gregos e romanos, este alfabeto é a matriz da nossa escrita actual. As artes apresentaram grandes desenvolvimento. A escultura tinha uma funçãodecorativa sobressaindo-se os baixos revelos.

A arquitetura destacou-se com a construção de palácios reais, como os de Susa e Persépolis, contando com forte influência dos povos dominados, a exemplo dos egípcios e mesopotâmicos. Na época de Dário ficaram famosos os parisidaeses, (jardins murados e protegidos dos fortes ventos e da areia do deserto, que frente a beleza e contraste com as restante da  paisagem, serviu de matriz para o significado da palavra paraíso.). paraíso.).

Os fenícios devido a sua localização e devido a pobreza do seu solo, desenvolveram uma cultura ligada ao mar, tendo se destcado como os melhores navegadores da idade pré-clássica.

15.2. A Pérsia Com um território mais vasto que as anteriores civilizações, supõe-se que os persas por se terem surgido mais tarde na arena civilizacional, não  puderam elaborar algo al go de vulto com sua s ua originalidade senão na religião terem inventado os seus próprios deuses: o deus do bem ( Ahura-Mazda)

e deus do mal (Arimã).

 

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Os persas viam o rei o representante r epresentante do bem a quem adoravam para evitar o triunfo das trevas. Os cultos religiosos não requeriam templos. Esperavam pela vinda de um messias que um dia salvariaos homens  justos. Os persas desenvolveram várias setas religiosas que tiveram influentes quer no oriente quer no ocidente. É o caso do Matrismo que supervalorizava o bem e a vida pós-morte e repugnava a mentira. Os seguidores já comemoravam o nascimento do mitra antes donascimento de cristo.

A outra ceita era o gnosticismo do gnose-conh gnose-conhecimento ecimento que buscava o conhecimento total através da iluminação da graça divina e não pela reflexão. Ainda outra foi o maniqueismo que sobrevalorizava a luz e o  bem contra as trevas.

As artes representavam grandes desenvolvimento como herança dos fenícios e outras civilizações que precederam a civilização persa.

15.3. 15. 3. As m manifestações anifestações cu culturai lturaiss da China antiga  Na comunidade da China antiga, havia uma divisão sexual do trabalho. Os tecidos de talo, cânhamo ou seda, eram a principal riqueza das  populações. A história da china antiga divide-se em períodos pe ríodos a que se dá o nome de dinastias. As constantes lutas dinásticas, levaram ao surgimento de grandes latifundiários os quais passaram a organizar a sua  própria defesa por amuralhados e a criação de milícias privadas e armadas. As lutas constantes entre as dinastias por hegemonia política levou mais tarde a unificação e posterior criação do império i mpério chinês.

Já na dinastia Hang, o império chinês era um estado bem hierarquizado existindo a classe dominante composta por imperador, nobres, latifundiários, e grandes comerciantes. E a classe dominada composta por camponeses, artesãos e escravos.

Quanto as obras públicas, escultura, arquitetura e escultura, são conhecidos como os construtores da muralha mais comprida do mundo,

 

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construtores de magníficos palácios, esculpiram estátuas diversas em obras de ferro, marfim, pedras preciosas etc. Na escrita usaram hieroglífico como no Egípto, descobriram o papel através de usos de trapos, cortiça e bambu. Nas ciências, as obras de pensadores chineses constituem-se em doutrinas idealistas.

15.4. 15. 4. M Manifestações anifestações cu cultu lturais rais ddaa civi civilização lização indiana Os indianos foram grandes escultores de vales de irrigação se notabilizaram na agricultura e pastorícia, construtores de grandes celeiros e se notabilizaram também na tecelagem, foram grandes comerciantes,  particularmente o comércio á distância com a Mesopotâmia e Afeganistão.

Sumário Os fenícios acreditavam em várias divindades identificadas com forças da natureza, especialmente as que servião de orientação aos navegadores e as que garantiam a fecundidade da terra.

Os persas viam o rei o representante r epresentante do bem a quem adoravam para evitar o triunfo das trevas. Os cultos religiosos não requeriam templos. Esperavam pela vinda de um messias que um dia salvariaos homens  justos.  Na comunidade da China antiga, havia uma divisão sexual do trabalho. Os tecidos de talo, cânhamo ou seda, eram a principal riqueza das  populações.

Exercícios 1-  Descreva as condições naturais da região onde surgiu a Fenícia. 2-  Porque razão a Fenícia se tornou numa civilização próspera? 3-  Identifica a principal razão que levou a Pérsia a não ter grandes

invensões.

 

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Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 2 e 3. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidad Uni dadee XVI XVI A formação de sociedades escravocratas escravocrat as no mediterrâneo: mediterrâneo: As civi c ivilizações lizações Grega e Romana Romana Introdução  Nesta unidade pretende-se p retende-se que q ue os estudantes saibam explicar o processo pro cesso que permitiu o desenvolvimento duma civilização tão brilhante numa região tão montanhosa e de solo infértil. E que saibam descrever o  processo da fundação da cidade de Atenas e o tipo da sua organização  político-social.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Caracterizar a civilização grega;

 

Descrever o processo da ocupação da Grécia por vários povos indo-europeus;

 

Descrever o papel dos dórios no desenvolvimento da brilhante civilização grega;

 

Identificar o grande papel dos gregos no desenvolvimento das ciências, artes e obras públicas;

 

Reconhecer as influências do talento dos gregos à todas as civilizações posteriores.

 

Identificar os povos que fundaram a cidade;

 

Diferenciar as cidade de Atenas da cidade de Esparta;

 

Caracterizar a sua estrutura político-social. políti co-social.

 

 

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16.1. A civilização grega Provavelmente os primeiros povos da Grécia foram os pélagos ou  pelágicos. Ao que tudo indica, por volta de 2000 a.c., esses povos organizados em comunidades colectivas ocupavam a zona litorânea e mais alguns pontos isolados da Grécia continental. Foi aproximadamente nessa época que teve início na Grécia, um grande período de invasões que se prolongam até 1200 a.c.

Povos indo-europeus provenientes das planícies euro-asiáticas chegaram em pequenos grupos subjugando lentamente os pelágicos. Os primeiros invasores foram os aqueus (200-1700 a.c.). Foram os fundadores do Micenas o berço da civilização creta-micénica.

Entre 1700-1400 a.c., outros povos (eólios) atingiram a Grécia ocupando Tessália e outras regiões. Oterceiro grupo foi o dos jónicos que se fixaram na Ática onde viriam a fundar a cidade de Atenas. A partir de 1400 a.c., com a decadência da civilização cretense Micenas viveu grande desenvolvimento até 1200 a.c., quando se iniciaram as invasões dos dórios.

Os últimos invasores indo-europeus à Grécia foram os dórios povo essencialmente guerreiro. Ao que parece, foram eles os responsáveis da destruição da civilização micénica e pelo consequente deslocamento de grupos humanos para o continente e para as diversas ilhas do Egeu e costa da Ásia menor. (Esse processo de dispersão foi conhecido por  primeira diáspora).

Após o esplendor da civilização micénica seguiu-se o processo de regressão a uma fase primitiva e rural. As cidades foram saqueadas, a escrita desapareceu e a vida política e económica enfraqueceu.

Desse período (XII a VIII a.c.), nada se tem em registro excepto os  poemas de Homero.

 

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Por esta razão este período das invasões dos dórios é denominada de (tempos homéricos); enquanto o período anterior a este, a 1200 a.c., é denominado de (tempos pré-homérico).

O período homérico foi também conhecido por período das comunidades gentílicas pois a divisão das comunidades em genos ou famílias colectivas no período pré-homérico, nessa altura os genos já constituíam a forma predominante de organização social. Por sua vez o geno constituía uma unidade económica, política e religiosa e era liderada por um patriarca (o pater).

A propriedade não tinha carácter individual (a terra, sementes, objectos, alimenros) eram colectivos. O pater era a autoridade máxima (juíz, chefe religioso e militar). A posição dos indivíduos na comunidade era defenida  pelo seu grau de parentesco com o pater. pat er. No final dos tempos helénicos séc. VIII, devido ao crescimento populacional e ao aumento do consumo, iniciou-se o processo de dissolução dos genos.

A falta de terras férteis levou a luta entre os genos. Para enfrentar o inimigo comum, alguns genos se uniram formando uma fratia. Reunidas as fratias constituíam uma tribo  a qual se submetia à autoridade do Fiobasileu, o supremo comandante do exército. A união de várias tribos

deu origem ao demos povo ou povoado que reconhecia como seu líder o

Basileu.

A crise da sociedade gentílica alterou prondamente a estrutura interna dos gregos. A terra deixou de constituir propriedade colectiva sendo dividida de forma desigual. As melhores terras foram tomadas pelos parentes mais  próximos do pater (os eupatridas ou bem nascidos). As restantes foram divididas entre os georgois (agricultores), e nada restou para os thetas (marginais).

Essas transformações levaram a várias tensões e conflitos que resultaram numa nova dispersão a segunda diáspora. Foi assim que os menos

 

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 beneficiados na sua dispersão foram fundar várias colónias ao longo da costa mediterrânea e, por questões de segurança várias trbos se uniram formando comunidades independentes que deram a polis ou cidadeestados.

A contínua transformação da sociedade levou a passagem de economia doméstica para a economia de mercado local e mais tarde virada para o exterior. A partir daí a riqueza determinava a posição dos indivíduos na sociedade. No âmbito político a monarquia substituiu-se pela oligarquia (governo de poucos).

A Grécia possuiu mais de cem cidades-estados; dessas iremos tratar de duas as mais evoluídas: Esparta e Atenas _ a cidade de Esparta  _ localizada na península do Peloponeso, na planície da licónia foi fundada no século IX a.n.e., nas margens do rio Eurotas. Até mais ou menos séc. VII parece ter seguido a evolução semelhante as demais cidades dórias.  Nesse período conquistou a região da messênia, solidificou o seu carácter guerreiro vindo a desenvolver-se deforma peculiar e distinta das de mais Polis gregas.

Estrutura social_ existiam três classes sociais principais: 1- Espartanos – descendentes dos conquistadores dórios, eram os únicos detentores da cidadania e com direitos políticos, religiosos e militares: 2- Periecos  – eram habitantes dos aredores da cidade provavelmente descendentes das  populações nativas que se submeteram pacificamente aos dórios (eram livres). 3- Hilotas  – servos pertencentes ao estado, prováveis descendentes da população conquistada pelos dórios, eram mantidos em obediência pelo terror.

A legislação espartana baseava-se num código de leis atribuídos a licurgo. Essa legislação preservava a sociedade guerreira (espartanos), totais direitos, e, politicamente Esparta organizava-se sob uma diraquia (dois reis) que tinham funções religiosos e guerreiras. As funções

executivas eram exercidas pelo eforato composto por cinco eleitos

 

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anualmente que administravam negócios públicos e fiscalizavam a vida dos cidadãos. Havia ainda gerúsia composta por vinte e oito membros de aristocracia com idade superior a sessenta anos com funções legislativos e de corte suprema que controlava a actividade das diarcas. Ao contrário doutras  polis gregas, Esparta manteve-se oligárquia. Não se admitia debilidade física. As crianças depois dos sete anos eram entregues aos cuidados do estado.

16.1.1 16. 1.1.. A ci cidade dade de At Atenas enas 16.2.1. Historial Localizada na Ática, foi ocupada inicialmente por aqueus e depoi por eólicos e jónicos. Fundada principalmente por jónicos, foi poupada a ocupação dória graças a sua localização natural (cercada de montanha e mar). No final da época homérica sofreu como Esparta profundas transformações. “ Na cidade de Atenas foi instituída a democracia sob acção de Clistones, que moldou um sistema político do qual participavam todos os cidadãos atenienses (homens adultos, filhos de pai e mãe ateniense)”.

 No entanto a democracia ateniense at eniense é considerada limitada pois estavam exluídos os escravos, os estrangeiros e as mulheres. “(história univarsal 1991:104)”. Atenas atingiu o seu auge de desenvolvimento económico, político militar e cultural no período compreendindo entre 461 e 429 na altura do governo de Péricles, tendo se tornado na cidade mais importante da Grécia. Nã obstante, o desenvolvimento da democracia em Atenas  praticava-se o ostracismo, isto é, pena da cidade que qu e se constitui no exílio  por um período de dez anos a todos os que pusessem em perigo a democracia de Atenas.

 

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16.3. 16. 3. PPeríodos eríodos His Histór tóricos icos Período clássico V a IV a.c. Foi um período caracterizado pelos persas a enveredarem pela política expancionista lutando contra os gregos (guerras púnicas, isto é, guerras levadas a cabo com descendentes dos fenícios).

Período helenístico IV a II a.c. É o período caracterizado pela expansão da pequena cidade grega da macedónia por toda a Grécia e Ásia menor e Egípto, onde se funda a alexandria pela acção de Alexandre Magno. (helenismo: expansão cultural da antiga Grécia fruto da fusão da cultura grega com a orienta  pela acção e campanhas de Alexandre Magno). Magno).

O helenismo trouxe grande impulso às ciências. Na astronomia Ptolomeu defendeu a tese do sistema geocêntrico, segundo a qual o sol girava a volta da terra apesar de errada, esta tese já dava indícios de que a terra é um corpo que habita no espaço.

 Na matemática e na física destacaram-se Euclides que criou as bases b ases da geometria e Arquimedes que deu os princípios básicos da alavanca e da roldana e formulou leis da flutuação dos corpos. Na geografia, Erastóstenes calculou a medida da circunferência da terra. Na filosofia, criaram-se novas doutrinas. O estocismo fundado por Zenão que  propunha que a felicidade estava na obtenção de um perfeito equilíbrio interior, capaz de permitir ao homem aceitar com a mesma serenidade a dor e o prazer, a aventura e o infortúnio e o epicurismo epicurismo criado por Epicuro, que sustentava que a felicidade do homem consistia apenas na  busca de obtenção do prazer, enquanto tranquilidade da alma.

 

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16.4. A cultura na Grecia Cultura grega: Teatro – era basicamente dividida em tragédia e comédia e era acessível a toda a população, sendo de grande importância para a educação dos jovens. Destacaram-se como grandes teatrólogos o Esquilo; e Eurípedes.

História: os gregos são considerados como os primeiros a tratarem da história com espírito científico, separando as lendas dos factos, tendo se destacado Heródoto de halicarnasso (o chamado pai da história); prosador das guerras médias Xenofonte e Tucídides; o autor (de guerra do Peloponeso).

Poesia – desataram-se os poemas de Homero, que permitiram a reconstrução da história grega anterior VII a.n.e.,; Píndaro, que enalteceu os jogos olímpicos; Hesíodo, que ecreveu o trabalho e os dias.

Filosofia – neste campo campo os gregos buscavam respostas às às questões mais diversas e os filósofos (phileo – amigo e sofia - saber) portanto, amigos da sabedoria. Com espírito crítico, destruíram crenças, mitos e construíram teorias e as suas linhas de pensamento que influenciaram correntes filosóficas dos séculos seguintes. Destacaram-se os filósofos como Tale de mileto, que considerava a água como origem de todas as coisas; Anaxímenes e Anaximandro, Pitágora, Heráclito, que defendia o devir; os sofistas, grupo que valorizava o argumento sendo um dos seus  protagonistas Protágora autor da fase – o homem é a medida de todas as coisas; Sócrates, Platão, defensor da virtude pela justiça; Aristóteles pai da lógica e autor da política...

Religião – os gregos eram politeístas e os seus deuses eram antropomorfos (deuses que se asselhavam aos homens) pois, os gregos  possuíam franqueza, paixões e virtudes humanas. Deus grego Zeus era o

senhor de todos os deuses do mundo, Hera, esposa de Zeus era a  protectora da família; Hades era deus do mundo dos mortos; Atenas, filha

 

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de Zeus, era a deusa da sabedoria; Apolo era deus da luz; Dionísio era deus do vinho; Afrodite era deusa do amor e da beleza femenina; Pesídon era deus dos mares e da guerra.

16.5. 16. 5. A decad decadência ência ddaa Grécia  Nos fins do século V e, durante o século IV a.n.e., a história grega foi caracterizada por conflitos armados entre cidades mais importantes, especialmente Esparta e Atenas. Tais conflitos como (a guerra do Peloponeso), arrastou para a crise económica a maior parte dos estados gregos e, consequentemente, a divisão interna entre os gregos. gregos. Essa Essa divisão e debilidade económica, possibilitou a sua conquista por parte de Roma.

Sumário O período homérico foi também conhecido por período das comunidades gentílicas pois a divisão das comunidades em genos ou famílias colectivas no período pré-homérico, nessa altura os genos já constituíam a forma predominante de organização social. Por sua vez o geno constituía uma unidade económica, política e religiosa e era liderada por um patriarca (o pater). Fundada principalmente por jónicos, foi poupada a ocupação dória graças a sua localização natural (cercada de montanha e mar). No final da época homérica sofreu como Esparta profundas transformações. “ Na cidade de Atenas foi instituída a democracia sob acção de Clistones, que moldou um sistema político do qual participavam todos os cidadãos atenienses (homens adultos, filhos de pai e mãe ateniense)”.  No entanto a democracia ateniense é considerada limitada pois estavam exluídos os escravos, os estrangeiros e as mulheres.

 

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Exercícios 1. Os gregos foram umpovo cuja civilização é reconhecida com admiração até aos nossos dias. Diga porque razão se diz que a história tem as suas raízes na Grécia?

2. Mencione os os grandes feitos dos gregos no campo das ciências ciências e artes.

3. Indica duas duas diferenças diferenças existentes entre entre os tempos tempos pré-homéricos e homéricos.

4. Como outros outros povos da antiguidade, os gregos veneravam a vários vários deuses. Identifique os principais deuses gregos e sua importância. 5.O que entende por período helénico? 6. Identifique alguns filósofos gregos que conheces e o seu mérito.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1 e 4. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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 

Uni d ade XVII Unid XVII A Civilização Civi lização Romana Romana Introdução  Nesta unidade pretende-se p retende-se que q ue os estudantes saibam descrever as razões que levaram Roma a se tornar num grndioso império da antiguidade. antigui dade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 

Caracterizar o império romano;

 

Identificar as razões e causas da expansão romana;

 

Identificar o mérito romano no desenvolvimento político-social e económico.

 

17.1. 17. 1. Fundação de Roma roma fica situado no mediterrâneo oriental. Três mares banha as costas desta península: a oriente o mar Adriático; a sul o mar Jónico e a ocinte, o mar Tirreno. Ao norte a península separa-se do resto da Europa pelos montes Alpes.

Fundação de Roma

A lenda que os romanos orgulhosamente contavam sobre a sua cidade refere que seu fundador foi Rómulo, filho de Deus Marte, em 753 a.n.e, após ter escapado m miraculosamente com seu irmão gémeo Romeo por terem sido amamentados por uma loba.

 

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“Roma foi fundada no lácio junto do rio tibre por volta do ano 1000 a. n.e., contudo a lenda contada na obra Eneida do poeta Virgílio refere que Eneas; príncipe troiano filho de Vénus fugindo da sua cidade destruida pelos gregos chegou ao Lácio e se casou com uma filha de um rei latino. Os seu descendentes Rómulo e Remo, foram lançados ao tibre por ordem de Amúlo, rei de Alba longa; mas foram salvos por uma loba que os amamentou,tendo em seguida encontrados por camponeses.

Quando adulto os dois irmãos voltaram a Alba longa, depuseram Amúlio e fundaramRoma em 753 a.n. e. Após desenvolvimentos. Rómulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de Roma”. (VICENTINO,1991, in história universal: 109). Segundo Fernando e Reis, R eis, a data tradicional da fundação de Roma 753 não é data real.

17.2. 17. 2. PPeríodos eríodos da ccivi ivilizaçã lizaçãoo rom romana ana 1- O período monárquico - da fundação até 509 a.n,e. – durante o  período monárquico o rei acumulavam as funções executivos, jurídicas e religiosas embora os  poderes fossem limitados li mitados nas funçãos legislativas, reservadas ao senado (conjunto de chefes das gemas ou ao conselho de anciãos), que tinham odireito de veto e de sanções das leis apresentadas pelo rei.

2- O período da república - De 509 a 27 a. n. e.-Em 509 foi derrubado o rei Traquino que governava de forma despótico. Deu-se assim o fim da realeza romana, e entra o poder do senado que se sobrepunha aos aos demais. O senado transformou-se no orgão máximo da república controlando toda a administração, finanças e decidindo sobre a guerra ou a paz.

A grande maioria da sociedade romana era constituida pelos plebeus . Devido as exigéncias e revoltas da plebe, em 450 elaborou-se a lei das 12 tábuas. Ainda no periódo da república assistiu-se aos triunviratos

(governo de 3 reis). No período da transição para o império ( do século

 

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XII ao século I a. n. e), graças ao exércitos hábil e discplinado, Roma lançou-se a conquista do Mediterrâneo ocidental:

Conquistou oCartago e a Cicília em três longas guerras ( as guerras  púnicas). Anexou a norte e estendeu a sua dominação à Espanha. A GrãBretanha e a gália.

3 - O período imperial - de 27 a. n. e a 476 n. e . Com o império, reorganizou-se a estrutura política romana, encontrando se toda a autoridade nas mãos do imperador. Este período divide se em alto império e baixo impér i mpério. io. Alto império - do século I a. n. e , a século III n. e. –durante este período Roma lança o seu apogeu devido ao seu modo produção assente no esclavagismo e nas conquistas territorias, alcançando riquezas e poder como a nenhuma outra civilização. 4 - Baixo império  – do séc. III n.e. ao séc. V n.e., foi marcado pela decadência do império, pelas grandes crises e pela anarquia devido  principalmente pela interrupção das conquistas o que arruinou a economia imperial baseada no trabalho esclavagista.

Durante este período, o império constantino através do edil de Milão, concedeu liberdades de culto aos cristãos já importantes em número e influência e fundou uma segunda capital do império situado no oriente (Constantinopla antes bizânica).

O primeiro imparador foi Otávio César Augusto (27 a.n.e, a 14 n.e.). Durante o seu governo, nasceu Jesus Cristo, em Belém de Judá, o fundador de uma nova religião o cristianismo.

 

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17.3. 17. 3. Acultu ra Romana Cultura romana – o código de leis foi o mais importante legado romano

às civilizações posteriores. Este código dividia-se em: Jús naturales (direito natural) – compêndio de filosofia jurídica; Jus gentium (direito das genes) – compilação das leis abrangentes, isto é, que não levam em conta as nacionalidades; jus civile (direito civil) – conjunto de leis aplicáveis aos cidadãos de Roma.  Literatura  – na literatura destacam-se Cícero, o maior orador romano;

Virgílio, o autor de Eneida; Tito Lívio, autor de arte de amor. Religião  – essencialmente essencialmente politeísta, era uma adaptação dos mitos e

crenças gregas: Júpiter, o principal deus dos romanos, correspondia a Zeus dos gregos; Juno, deus protectora da família, correspondia a Hera; Baco, deus do vinho, correspondia a Dionísio; Vénus, deusa da beleza correspondia a Afrodite... Resumindo causas e razões da expansão romana  

Roma no tempos mais primitivosestava rodeada de povos aguerridos que esperavam uma ocasião para a dominar, por issoteve de se antecipar, submetendo os vizinhos. Outras causas:o interesse económico de vários grupos sociais e ambição

dos chefes romanos (principalmente sobre a Sicília e suas terras férteis, a rica Cartago com o seu ouro, marfim, estanho, e interesses de todos em viver dos bens provenientes das terras conquistadas. A grande razão das vitórias romanas foi a existência de um exército numeroso, bem organido e disciplinado e que tinha por base a legião.

17.4. 17. 4. As guer guerras ras ppún únicas icas (26 (2644 – 14 1466 a.n.e a.n.e.).) São as três guerras travadas em Rom e Cartago pela hegemonia do comércio no Mediterrâneo. Este conflito estendeu-se por mais de cem anos de 246 a 146 a.n.e. O termo púnico ou punicus vem da palavra poeni nome que os romanos davam aos cartagineses descendentes dos fenícios (em latim phoníciu). As guerras terminaram com a destruição de Cartago e a venda dos sobreviventes como escravos. Esta guerra é caracterizada em três etapas:

 

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1o de 246 a 241 a.n.e. – Nesta fase a Sicília, Sardenha e Córsega foram anexados por Roma e restringida a influência cartaginesa ao norte de África. 2o durou de 218 a 201 a.n.e. – Nesta fase Cartago tomou Sagutum, cidade espanhola aliada de Roma e consequentemente cidades do norte da Itália chegando até as portas de Roma mas por falta de reforços cercados e derrotados tendo passado para a defensiva. 3o de 149 a 146 a.n.e., comandado por Cipião (o africano), terminou com a destruição de Cartago.

17.5. 17. 5. Deca Decadênc dência ia de Roma Foram diversos os factores determinantes para a decadência do império romano: O imperialismo romano e as guerras civis – geraram corrupções, descontrolo político, queda de valores tradicionais; A anarquia militar – as legiões entronavam e destronavam os imperadores segundo interesses imediatos, o que contribuía para o acirramento de crises; A crise do esclavagismo – ocasionada pelo fim das guerras de conquistas que fez escassear os prisioneiros escravizados que se tornou obstáculo da  produção; A difusão do cristianismo – que se opunha a estrutura militar e esclavagista sustentáculo do império romano; A crise económica – advinda da crise esclavagista resultando na diminuição de receitas para cobrir os gastos com a manutenção da  burocracia e do exército; O retorno a uma economia rural de subsistência – o que provocou isolamento da população rural em vilas autónomas auto-suficientes e autónomas para enfrentar a crise; As invasões bárbaras – que vieram minar as forças imperiais já agonizantes, tomando pouco a pouco os seus territórios, pondo fim ao

império romano em 476 d.c.

 

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Sumário A civilização Romana contem 4 períodos destintos, d estintos, respectivamente: 1- O período monárquico - da fundação até 509 a.n,e. 2- O período da república - De 509 a 27 a. n. E. 3 - O período imperial - de 27 a. n. e a 476 n. e . 4 - Baixo império – do séc. III n.e. ao séc. V n.e.,

Exercícios 1-  Roma foi fundada por Rómulo irmão de Remo em 753. Roma foi fundada a mais ou menos 100 anos a.n.e.- Justifique as duas afirmações. 2-  O que entende por legião? 3-  Jesus Cristo nasceu no império romano e contribuiu deveras na decadência desteimpério. Explique como? E em que reinado ele nasceu?

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1 e 3. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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Unidad Uni dadee XVII XVIIII ASistema Idade Média doso Servilil ena Serv n aa Euro Eformação uropa pa – caso ca da França Introdução  Nesta unidade pretende-se que os estudantes saibam identificar e explicar o período do início da centralização política na França. A Idade Média e a formação do Sistema Servil na Europa – caso da França: A formação do sistema servil na França e a estrutura social.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 

Identificar o período da centralização política da França;

 

Destacar as dinastias que reinaram nesta época e as suas respectivas políticas;

Objectivos

 

Explicar de forma convincente as contradições havidas nas épocas entre a nobreza com a burguesia e a religião. reli gião.

18.1. 18. 1. O AAbso bsoluti lutismo smo Francês O início de centralização na França remota ao período dos capetíngeos, na baixa idade média, tendo se acelerado depoi da guerra dos cem anos (1337 - 1453), com a dinastia seguinte a dos Valois. O apogeu do absolutismo, entretanto, só se configuraria com a dinastia dos Borbons.  Na época dos Valois, o cenário político francês foi dominado pelas guerras de religião destacadamente durante o século XVI, dificultando a completa centralização política.

Burgueses, nobres e populares, uns sob a bandeira e outros sob a católica, disputava espaços na sociedade e na política, envolvendo os próprios soberanos Valois

 

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Além das questões religisas, católicas e protestantes discordavam quanto a limitar ou apoiar as prerrogativas do rei e quanto a manter ou conquistar libardades. Durante o governo de Carlos IX (1560 - 1574), acirrou-se a luta entre católicos uguenotes e protestantes prot estantes calvanistas.

A facção católica liderada pela família Guise, que tinha o apoio de Catarina de Medicis mãe do rei, e a buguenote dirigida pelos bourbon, colocaram em confronto a nobreza católica defensora dos antigos  privilégios feudais e a burguesia mercantil calvanista.

O ponto máximo dessa luta foi a noite de São Bartolomeu; (24 de agosto de 1572), em que foram massacrados milhares de protestantes. Dentre os seus líderes hugunotes mortos nesse massacre estava o almirante Coligny, que foi decapitado e seu corpo arrastado pelas ruas de París.

Dois anos depois da morte de Carlos IX, subiu ao trono seu irmãoHenrique III, que governou até 1589. Durante o seu governo, o católico Henrique Guise disputou a hegemonia política com o próprio Henrique III, que era apoiado pelo protestante de Navarra Bourbon.

Essas disputas conhecidas como guerra dos três Henrique terminaram com o assassinato de Henrique Guise e vitória do protestante Henrique de  Navarra, definido como herdeiro e sucessor de Henrique III. Começava a dinastia bourbon, durante a qual o absolutismo francêss alcançaria o seu auge.

18.2. 18. 2. A Dinastia BBour ourbon bon Henrique de Navarra protestante teve de enfrentar a oposição dos católicos para ser coroado rei da França. Os conflitos armados estenderam por todo o país, e Henrique H enrique e seus adeptos conseguiram tomar

Pris. Contudo, os católicos obtiveram ajuda militar de Filipe II de Espanha e Henrique teve de abandonar a capital sofrendo sucessivas derrotas.

 

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Buscando compor-se com os católicos e conseguir transformar-se no rei dos franceses, Henrique abandonou o protestanismo, proferindo a frase “Paris bem vale a missa”. As portas de Paris foram abertas a Henrique e ele subiu da ao trono da França em 1589, com o título de Henrique IV, reinando até 1610.

Em 1598, para encerrar a quase secular divergência religiosa na França,  promulgou o edito de Nantes que concedialiberdades de culto aos  protestantes. Com a pacificação do paísfoi possível a consolidação do absolutismo na França.

Após a morte de Henrique IV, assume o trono francês aos nove anos de idade Luís XIII (1610 - 1643), ficando a regência com sua mãe Maria de Médicis. Em 1612, foi convocado estados gerais, o que indicaria que os  bourbon, absolutistas por excelência dispensavam as influências dos deputados dos estados gerais.

Durante o reinado de Luís XIII, destacou-se a actuaçõ do ministro de estado cardeal Richelieu (1624 - 1642). Buscando enfraquecer a influência política da nobreza cassou direitos dos que se opunham ao rei, chegando mesmo a atacar seus castelos.

De outro lado, possibilitou o acesso da burguesia a cargos da administração pública e, apesar de garantir liberdade religiosa, perseguiu  protestantes, limitando seu poderio. No plano internacional a acção de Richelieu também foi marcante tornando a França uma das grandes  potências da época. Visando a hegemonia política na Europa, Richelieu levou a França a intervir na guerra dos trinta anos a nos (1618 - 1648).

Defrontaram-se católicos habsburgos (Áustria-Espanha) e protestantes da

Boémia, Dinamarca, Suécia, Holanda e principados alemães. A França interveio na guerra lutando contra os católicos a fim de enfraquecer os

 

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habsbugos. A guerra terminou em 1648, já no reinado de Luís XIV, com a vitória da França.

Com a vitória, a França recebia Alsácia e lorena, além dos bispados de Metz, Toul e Verdum. O absolutismo francês se deu no reinado de Luís XIV (1643 - 1715) “o rei sol”, tendo o ministro cardeal Mazarino. Aplicando uma eficiente política centralizadora, Mazarino eliminou frondas (associações de nobres e burgueses opositores do absolutismo) e especialmente revoltados com os crentes tributos para recuperar o tesouro  público francês após a guerra dos trinta anos.

A vitória de Mazarino representou o fim da última ameaça à consolidação do absolutismo. E a partir de 1660, quando Luís XIV assumiu  pessoalmente o comando político passou a aplicar a sua máxima “L etat cest moi”. Com morte de Mazarino em 1664 Luís XIV entregou o ministério das finanças a Jean Baptise Clbert que desenvolver a  basemercantilista do d o absolutismofrancês que fez prosperar a burguesia e dotou o govrno de recursos que garantiam seu poderio. p oderio.

Promoveu-se o desenvolvimento das manufactras e navegação conquistando territóris na Ásia e América, criando-se companhias de comércio incentivadas pela coroa, espalhando a grandiosidade económica e política do estado. Luís XIV transferiu sua corte para Versalhes; um grande conjunto arquitectónico constrído entre 1661 e 1674 atraiu as atenções de toda Europa.

Esse período foi de maior efervescência cultural na frança destacando-se importantes pensadores e artistas como Descartes, Pascal, La fontaine, Racine e moliere. Na políltica externa, buscando garantir sua hegermonia territorial, Luis XIV envolveu-se em conflitos militares que abalaram as finanças do estado.

 

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Para solucionar suas dificuldades financeiras, mantinha a politica de aumento da impostos, descontentando a burguesia e atraindo críticas e oposiçõa. Em 1685, fiel ao seu caracter despótico e fundamentalmentem no  princípio (um rei uma lei, uma fé). Luis XIV reformulou a política religiosa nacional, revogando o edito de Nantes.

A perseguição religiosa desencadeada levou milhares de huguentos em geral burgueses a emigrar, arruinando a economia mercantil e abrindo espaço `as primeiras criticas ao regime absolutista. A supramacia françesa na europa começava a se fragmentar dando lugar a hegermonia inglesa.

Esse processo acerelou-se durante os governos de Luis XV (1717-1774) e de Luis XVI (1774-1792), nos quais a asfixia financeira do estado e da nação agravou-se devido aos gastos excessivos da corte, aos ilimitados impostos sobre a burguesia e a população e aos fracassos militares. A guerra dos sete anos (1756-1763) e a guerra de independência dos Estados unidos da América (1776-1781) ajudaram a acerelar a decandência do estado absulutista francês.

18.3. 18. 3. O TTeocr eocratis atismo mo Fr Francês. ancês. A igreja cristã tornou-se a maior instituição feudal do ocidente europeu. A sua incalculavel riqueza, a sólida organização hieráquica e a herança cultural greco-romanoa permitiram-lhe exercer a hegermonia ideológica e cultural da época, caracterizada pelo teocentrimo.

Actuando em todos os níves da vida social, a igreja estabeleceu normas, orientou comportamentos e, sobretudo imprimiu nos ideais do homem medieval os valores teológicos, isto é, a cultura religiosa. Envolto pelo idealismo religioso, o clero transmitiua a população uma visão do mundo que lhe era conveniente e adequado ao período: um mundo divididoem

estamentos necessariamente desiguais. “ Deus quis que entre os homens uns fossem senhores e outros servos, servos, de tal maneira que os senhores

 

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estejamobrigados a venerar e amar a Deus, e que os servos estejam obrigados a amar e venerar seu seu senhor ...”(ANGER; ...”(ANGER; St. Loud de . In Freitas Gustavo de. 900 textos e documentos de história. Lisboa plântano 1975).

Coube assim ao clero, forjar a mentalidade da época, reforçando  predomínio dos senhores feudais (clero obreza), justificando os  privílegios estabelecidos e oferecendo ao povo em troca a promessa do  paraíso celestial. Embora tenhamos visto que os aspestos asp estos economicos e socias articularam-se aos aspectos culturais e ideológicos, é preciso considerar que o modo de produção feudal não existiu de maneira estanque e homogénea em todas as regiões da europa, tendo sido na realidade, um processo contínuoda ascensão à decandência.

Sumário O início de centralização na França remota ao período dos capetíngeos, na baixa idade média, tendo se acelerado depoi da guerra dos cem anos (1337 - 1453), com a dinastia seguinte a dos Valois. O apogeu do absolutismo, entretanto, só se configuraria com a dinastia dos Borbons.  Na época dos Valois, o cenário político francês foi dominado pelas guerras de religião destacadamente durante o século XVI, dificultando a completa centralização política.

A igreja cristã tornou-se a maior instituição feudal do ocidente europeu. A sua incalculavel riqueza, a sólida organização hieráquica e a herança cultural greco-romanoa permitiram-lhe exercer a hegermonia ideológica e cultural da época, caracterizada pelo teocentrimo.

Exercícios 1-  Explica por tuas palavras como surgiu o feudalismo na Europa?

2-   Na época dos volois o cenário político foi dificultado por guerras. indica as causas dessas guerras.

 

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3-  Justifique por tuas palavras o surgimento da noite de são Bartolomeu. 4-   Na dinastia dos Bourbon, Henrique IV enfrentou dificuldades  para ser eleito rei de d e frança. Explique Expliq ue as causas e o processo que o levou a chegar ao poder. 5-  Explique as razões segundo as quais se afirma que a religião cristã se tornou na maior maior instituição feudal da Europa ocidental? 6-  O absolutismo francês consolidou-se no reinado de Luis XIV. Cite a expressão desse monarca que demostra a sua máxima.

Fazer actividades constantes na auto-avaliação Auto-avaliação

Entregar o exercício: 1, 2, 3, 4 e 6. Em quatro páginas faça um breve resumo da unidade em estudo.

 

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