História Da América

April 11, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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HISTÓRIA AMÉRICA DA

Professoraa Dra. Verônica Karina Ipólito Professor

GRADUAÇÃO

Unicesumar

 

Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Fabríci o Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff  Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolviment D esenvolvimento o Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Coordenador de Conteúdo Priscilla Campiolo Manesco C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; IPÓLITO, Verônica Karina.   História da América. Verônica Karina Ipólito. Maringá-Pr.: UniCesumar, UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2019.   223 p. “Graduação - EaD”.   1. História. 2. América. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0204-1   CDD - 22 ed. 980 CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por:

Design Educacional Yasminn Zagonel Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Robson Yuiti Saito Revisão Textual Ana Caroline de Abreu Ilustração André Luís Onishi

 

Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada.

 

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compacompatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”.

Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.

 

      A       R       O       T       U       A

Professo Professora ra Dra. Verônica Karina Ipólito Possui graduação em História e Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá. Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá (2009).Ciências Especialista em Concepções em Ética e Política pela Faculdade de Filosofia, e Letras de Mandaguari (2010). Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Estadual do CentroOeste (2010). Trabalhou como professora colaboradora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) entre os anos de 2010 e 2012. Atuou como docente em alguns cursos de especialização na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari (Fafiman) e no Instituto Dimensão. Tutora presencial do curso de Pedagogia (EaD/UEM) entre os anos de 2014 e 2015. Doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp-Assis). Possui experiência nos seguintes temas: DOPS, PCB, movimentos sociais e políticos.

 

APRESENTAÇÃO

HISTÓRIA DA AMÉRICA SEJA BEM󰀭VINDO󰀨A󰀩! Caro(a) acadêmico(a), é com satisfação que apresentamos a você este livro, o qual servirá de base e suporte para o desenvolvimento dos conteúdos da disciplina de “História da América”, do curso de graduação em História. Apresentaremos uma série de conteúdos que visam fornecer a você uma abordagem holística e ampla sobre a história do continente americano, desde as civilizações pré-colombianas até as transformações sociais e a internacionalização da economia ocorrida ao longo do século XX. O desafio que se apresenta é expor os conteúdos que compõem esta área do conhecimento de forma harmoniosa e coerente, versando sobre os temas de seu interesse e que contribua para a formação e informação no interior do curso ora em desenvolvimento. Foi realizado um esforço para trazer conteúdos atualizados, inseridos em debates historiográficos recentes, discutidos pelos principais professores e pesquisadores da área, de forma a confeccionar um texto moderno e completo completo.. Assim, começamos nosso trabalho com o estudo das civilizações pré-colombianas da América Portuguesa, Hispânica e Saxônica. Esse tema permite aprofundar os conhecimentos dos povos nativos das Américas compreendendo-os como sujeitos históricos e agentes sociais. O estudo desses povos é relevante, pois a partir deles é que teremos a base para analisar as próxim próximas as unidades. Na sequência, analisaremos o Período Colonial na América Hispânica e Saxônica de forma a conhecer os conflitos culturais entre nativos e colonizadores, a organização econômica, política e social. Conduziremos nosso estudo de modo a compreender a crise do sistema colonial que derivou nos processos de independência da América Espanhola e Inglesa. Posteriormente, analisaremos a formação e consolidação dos Estados Nacionais na América Latina e os fatores que transformaram os Estados Unidos em uma potência industrial em fins do século XIX. Para tornar o estudo mais interessante, abordaremos a internacionalização da economia e as transformações sociais nas Américas durante o século XX, objetivando a compreensão de movimentos revolucionários, regimes de exceção e a influência estadunidense nas continentais. Também seránadiscutido Também desenvolvimento da redemocratização,relações globalização e do neoliberalismo AméricaoLatina. Esperamos que você tenha êxito nesta nova caminhada e que possa, de forma autônoma e objetiva, fazer bom uso deste material. Sucesso e vamos ao estudo!

 

SUMÁRIO

UNIDADE I

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ󰀭COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA E SAXÔNICA 15

Introdução  Introdução 

16

Os Povos Indígenas da América Portuguesa Portuguesa  

22

As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

36

Os Povos Ameríndios da América Saxônica Saxônica  

42

Considerações Finais Finais  

UNIDADE II

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA 51

Introdução  Introdução 

52

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

72

A Colonização da América Hispânica: Economia, Governo e Sociedade Sociedade  

78

A Colonização da América Inglesa: Economia, Governo e Sociedade Sociedade  

84

Considerações Finais Finais  

󰀰󰀹

 

SUMÁRIO

UNIDADE III

AMÉRICA FRENTE À CRISE DO SISTEMA COL COLONIAL ONIAL E OS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA 93

Introdução  Introdução 

95

A Crise do Sistema Colonial Espanhol e as Alteraçõe Alteraçõess do Século XVIII

106

Os Proce Processos ssos de Emancipação Política na América Espanhola Espanhola  

114

A Independência da América Portuguesa Portuguesa  

120

O Processo de Independênc Independência ia da América Inglesa Inglesa  

125

Considerações Finais Finais  

UNIDADE IV

A FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS 135

Introdução  Introdução 

136

A Formação dos Estados Nacionais (1825-186 (1825-1860) 0)  

148

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-189 (1860-1890) 0)  

161

Os Estados Unidos em Fins do Século XIX

164

Considerações Finais Finais  

 

SUMÁRIO

󰀱󰀱

UNIDADE V

SÉCULO XX: INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS 173

Introdução  Introdução 

174

As Nações Americanas em Princípios do Século XX (1914-192 (1914-1929) 9)  

183

As Transformações Ocorridas entre a Grande Depressão à Segunda Guerra Guerra   Mundial (1929-1945)

185

Os Movimentos Revolucioná Revolucionários rios de Primórdios da Guerra Fria na América Latina (1945-1961)

190

As Transformações Ocorridas com o Fim da Guerra Fria na América Latina

193

(1961-1989) O Poder de Influência Estaduniden Estadunidense se e as Relações Continentai Continentaiss 

197

Redemocratização, Redemocra tização, Globalização e Neoliberalismo Neoliberalismo  

201

Considerações Finais Finais  

209 211 217

CONCLUSÃO REFERÊNCIAS GABARITO

 

Professora Professo ra Dra. Verônica Karina Ipólito

AS CIVILIZAÇÕES CIV ILIZAÇÕES PRÉ󰀭COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA E SAXÔNICA

      E       D       A       D       I       N       U

Objetivos de Aprendizagem ■  Conhecer os povos nativos da América Portuguesa, compreendendo-os como sujeitos históricos e agentes sociais. ■  Entender a importância histórica dos incas, maias e astecas na América Hispânica.

I

■  Analisar as especificidades dos povos pré-colombianos da América Saxônica.

Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  Os povos indígenas da América Portuguesa ■  As civilizações pré-colombianas da América Hispânica: incas, maias e astecas ■  Os povos ameríndios da América Saxônica

 

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INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Iniciamos a primeira unidade do livro apresentando as civilizações pré-colombianas da América Portuguesa, Hispânica e Saxônica. Você irá notar que não houve a intenção de abordar todos os grupos nativos da América antes da conquista e colonização europeia. A primeira finalidade é levá-lo(a) a refletir sobre os modos mo dos de vida e as distintas formas culturais existentes no continente americano. Em seguida, será detalhada a estrutura sociocultural dos povos ameríndios da América Portuguesa, Portuguesa, recorrendo-se, para isso, a uma abordagem que compreenda o indígena como um sujeito histórico e agente social. Na sequência, analisaremos as chamadas altas culturas da América Hispânica (incas, astecas e maias), assim conhecidas

por seu grau de complexidade. O objetivo é compreender a singularidade desses povos bem como o conjun conjunto to de instituições, regras e va valores lores capazes de diferenciá-los dos demais grupos ameríndios do continente. Por fim, apreciaremos os povos pré-colombianos da América Saxônica, de maneira a conhecer suas formas de adaptação a diferentes tipos ambientais, muitas vezes inóspitos à presença humana. Acredito que, se você compreender a organização dos povos nativos localizados na América Portuguesa, Hispânica e Saxônica no período pré-conquista e colonização, poderá pode rá acompanhar melhor as outras unidades, cujas temáticas estão vinculadas a desdobramentos ocorridos regiões e estreitamente relacionados a tais grupos nativos abordados nestanessas unidade. A intenção do conteúdo abordado nesta unidade é prepará-lo(a) de forma que entenda e contemple a História da América. Apesar disso, certamente cer tamente haverá momentos nos quais você precise de materiais extras para auxiliá-lo(a). Isso é natural, uma vez que você está iniciando os estudos nessa disciplina! Convido-o(a) a viajar pela p ela América Pré-colombiana! Uma excelente leitura!

Introdução

 

󰀱󰀶

UNIDADE

I

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ󰀭COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA E SAXÔNICA

   s    n    o    m    m    o     C    a     i     d    e    m     i     k     i     W     ©

Figura 01: Índios upinambás upinambás no Brasil. Gravura do sséculo éculo XVI

OS POVOS INDÍGENAS DA AMÉRICA PORTUGUESA Você sabia que os grupos indígenas, independente da conjuntura, foram de suma importância para a implantação e manutenção do sistema colonial? Ainda assim, a sua participação não foi legitimamente considerada pela historiografia que versa sobre a América Portuguesa. Na maioria dos casos, prevaleceu a visão circunscrita da presença dos índios e o seu primeiro contato com os lusitanos e, na medida em que a colonização se tornava uma realidade concreta, explorou-se a interpretação de indígenas vitimados por guerras, doenças variadas, excesso de trabalho e miscigenação com outras categorias sociais. Entretanto,  AS CIVILIZAÇ CIVILIZAÇÕES ÕES PRÉ-COLOMBIANAS PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

nas últimas décadas, a influência de conceitos teóricos provenien provenientes, tes, sobretudo da antropologia, sociologia e etno-história, contribuiu para que os pesquisadores do assunto deixassem para trás a ótica, até então predominante, da extinção física e cultural dos nativos e adotasse um olhar que compreendesse o indígena como um agente social e sujeito histórico. Em 1500, quando os portugueses chegaram à América, havia uma imensidão de povos nativos, alguns dos quais testemunharam a vinda dos lusitanos e estabeleceram os primeiros contatos com eles. De forma especial, o litoral, de onde hoje se encontra o Brasil, era ocupado por “povos semissedentários”, os quais sobreviviam da caça, da coleta, da pesca e da agricultura. agric ultura. Possuíam aldeias e campos cultiváveis, algo fundamental para a sua manutenção. No entanto os locais de cultivo não permaneciam p ermaneciam os mesmos e as aldeias, consequentemente,

mudavam com frequência de local. Enquanto os indivíduos inclusos em grupos sedentários, independente do sexo, dedicavam sua vida à agricultura, entre os povos semissedentários havia uma divisão: as mulheres eram as principais responsáveis pela prática agrícola e os homens, muito embora também pudessem contribuir na limpeza da terra, se destacavam como caçadores e guerreiros. Outras características apontadas por Stuart B. Schwartz e James Lockhart (2010, p. 75) dão maiores detalhes da organização desses povos semissedentários: Mesmo no nível da aldeia, o pagamento de tributos e o trabalho comunitário rotativo não eram conhecidos, nem havia um chefe forte encarregado de exigir impostos; pode ter havido um líder em alguns casos, mas sociais ele estava mais preocupado com cerimônias ounem comnobres, a guerra. Classes especializadas não costumavam existir, plebeus ou dependentes, embora alguns povos tivessem cativos temporários tomados dos inimigos, nem havia altos sacerdotes e templos especiais. Embora o senso de etnia fosse forte, a organização da aldeia era frouxa e instável; não só sua localização mudava de tempos em tempos como, em muitos casos, as linhagens lin hagens individuais constituintes constituintes iam e vinham à vontade. As confederações de aldeias eram efêmeras, para fins defensivos ou ofensivos específicos. Acima de tudo, não havia uma unidade provincial de bom tamanho com forte coesão, permanência e identificação com um território nuclear compacto e específico, ou seja, não havia base potencial para encomendas no sentido usual. Não só havia pouco excedente de produção como não existiam mecanismos capazes de entregar produção e mão-de-obra a um grupo conquistador conquistador,, nem intermediários para canalizá-las. Os Povos Indígenas da América Portuguesa

 

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UNIDADE

I

No caso da América Portuguesa, sobretudo no que diz respeito ao litoral do que atualmente é o Brasil, e onde se iniciou o processo de colonização, estava localizado o grupo cuja língua pertencia ao tronco linguístico Tupi-Guarani. Alguns estudiosos acreditam que os tupis-guaranis são oriundos da região amazônica. Inicialmente, os upis-G upis-Guaranis uaranis abandonaram as terras onde moravam para ssee fixarem em direção ao litoral. Esse deslocamento ocorreu em função do aumento populacional e da escassez es cassez da caç caça. a. T Tal al processo provocou a divisão eem m dois grandes grupos: os Tupis e os Guaranis. Quando chegaram à América, os portugueses se depararam com os upis, ocupando quase que integralmente a imensa costa brasileira, sobretudo a região compreendida compr eendida entre os atuais estados de São Paulo e do Ceará, ao a o passo que os Guaranis estavam concentrados ao sul, nas regiões aproximadamente onde hoje se localizam os litorais l itorais de São Paulo e Rio Grande do Sul. Além dos u upis pis e dos Guaranis, havia outros povos, dentre os quais podemos destacar os Jê, Karib, Pano,,  Pano ukano ukano e Ar Aruák, uák, situados mais no interior da América Portuguesa (consultar o mapa 1). odos esses povos possuíam costumes e cultura própria. Por se diferenciarem dos Tupis, foram denominados por eles, genericamente, de de ve ter notado, o primeiro contato dos porTapuias. Entretanto, como você já deve tugueses ocorreu com povos que residiam no litoral. Os Tupis Tupis acreditavam que os povos que não falavam a sua su a língua (os Tapuias) eram considerados “bárbaros”. Entre eles, era nutrida a percepção de que possuíam uma cultura superior aosrelacionada demais povos. A ideia de de guerra, um cosmos dividido entre “nós” e os “outros” estava ao espírito pois os upis consideravam os Tapuias seus inimigos congênitos. O conflito era algo relati vamente natural para os u upis, pis, tanto que era comum haver desentendimentos entre os membros da mesma aldeia. Não raro, muitos desses se aliavam em torno de um objetivo comum, mas, tempos depois, se desuniam e, em alguns casos, lutavam entre si. Entre os upis, upis, a família era o centro da vida ttribal ribal e as atividades estavam, geralmente, articuladas de acordo com o sexo e laços de parentesco parentesco.. Desse modo, os homens de uma mesma família caçavam, pescavam, guerreavam contra os

inimigos e construíam moradias. Às mulheres competia o cultivo da terra, a preparação dos alimentos, a confecção de utensílios de cerâmica, bem como o CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

cuidado com as crianças. A produção era de subsistência, sendo dividida para os membros da tribo de acordo com as suas necessidades. As aldeias tupis, conhecidas como tabas, estavam estruturadas de forma a proteger seus moradores em caso de d e guerra. Habi Habitualmente tualmente eram cercadas por troncos de árvores e construídas de forma circular, disposição que oferecia maior segurança a seus membros. As ocas, edificadas por fibras vegetais e apoiadas por uma armação em madeira, possuíam o chão de terra terr a batido, além de abrigarem dezenas de pessoas. Seu formato variava muito segundo a tradição e cultura de um povo. Os upis, por exemplo, construíam suas ocas em formato cilíndrico. Em cada uma dessas ocas, havia um líder (principal), os quais se reuniam periodicamente para tomar decisões conjuntas sobre assuntos pertinentes à aldeia. Por mais que cada taba tivesse um chefe ( morubixaba ), podemos dizer que não havia um poder centralizado, pois os principais (líderes das ocas) se reuniam para discutir assuntos importantes das aldeias. Para se tornar um morubixaba, o aspirante à função deveria ser s er forte, provar valentia e ser fisicamente robusto.

Morubixaba vem do tupi-guarani e significa “grande líder”, ou seja, aquele que exerce a liderança “política” em uma taba (aldeia tupi). Fonte: a autora.

As guerras Tupis Tupis estavam relacionadas a sentime sentimentos ntos como vingança e honra, não havendo registros de sua manutenção, estritamente por bens materiais. Depois de capturados, os inimigos eram, geralmente, mortos, esquartejados e devorados pelos guerreiros. Tal ritual antropofágico era necessário na sua cultura, pois acreditavam que a intrepidez e bravura do devorado seriam incorporadas a quem o consumiu.

Os Povos Indígenas da América Portuguesa

 

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UNIDADE

I

Os Tupis Tupis quase sempre se deslocavam em busca de locais que fornecessem caça e pesca em abundância, além de condições propícias para a prática da agricultura. Entretanto estavam à procura da tão sonhada “Terra sem mal”, lugar ausentetambém de sofrimento e onde os guerreiros que demonstrassem bravura seriam automaticamente transportados após a morte. Fonte: a autora.

Você já deve ter notado que os habitantes do que se designou como América Portuguesa formavam uma população heterogênea, que variava entre 3 a 5 milhões de pessoas, distribuídas entre múltiplos povos, tais como: Tupi, Tupi, Guarani, Jê, Aruak, Karib, Pano, Tukano, Charrua, dentre outros, conforme podemos conferir no mapa 1. Apesar de muitas vezes estarem localizados próximos uns dos outros, tais povos p ovos falavam línguas diferentes e possuíam hábitos distintos.

Mapa 01: Distribuição aproximada dos povos indígenas à época da chegada dos europeus Fonte: Arruda (1996). CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1 1    8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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Os europeus souberam da existência desses povos bem como a forma como  viviam, por meio de relatos relatos do século XVI. Missionários, náufragos e viajantes, viajantes, os quais tiveram contato com as tribos tribo s litorâneas, sobretudo os Tupis, Tupis, registraram os traços culturais de forma generalizada, fator que contribuiu para que durante muito tempo os indígenas fossem considerados todos semelhantes. Entretanto sabemos atualmente que os povos nativos não poderiam ser configurados como homogêneos, muito embora compartilhassem várias características entre si. Residentes em locais hostis por conta de densas florestas, os indígenas possuíam o conhecimento e domínio da natureza. Não era rara a utilização de várias plantas para a cura de determinadas doenças bem como o uso de algumas espécies que tinham o poder de envenenamento. Era comum a aplicação dessas plantas nos rios com o objetivo de intoxicar o peixe e facilitar a sua captura. Alguns  venenos também eram usados na caça, a exemplo do curare, o qual era colocado na ponta da flecha e poderia paralisar e matar por asfixia o animal ferido. No âmbito artístico, os diferentes povos indígenas da América Portuguesa confeccionavam, confecciona vam, em geral, objetos de uso cotidiano (como potes e urnas) e enfeites para acompanhar os rituais (pinturas e plumas etc). Nas tribos, era comum a fabricação de esteiras, redes e cestos dos mais variados formatos. Algumas cores, como o preto do pó de carvão, o vermelho do urucum, ur ucum, azul-escuro do jenipapo e o branco do calcário eram utilizadas utiliz adas nas pinturas corporais. As pinturas estavam, estavam, geralmente, associadas com o papel so social cial do indivíduo ou com o ritual a ser praticado. desenhos possuí am formas geométricas, as quais possuíam também eram utilizadas emOs peças de cerâmica. O conhecimento indígena bem como a sua familiaridade com a natureza foram inclusos na cultura que formou a difusão portuguesa na América, principalmente nas primeiras décadas da colonização.

Os Povos Indígenas da América Portuguesa

 

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UNIDADE

I

AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA HISPÂNICA: ASTECAS, INCAS E MAIAS A rica variedade de povos que ocuparam o que chamamos de América Espanhola chama a atenção por seus modos distintos de convivência: costumes, línguas, ecoe conomias, meio ambiente e sistemas sociopolíticos. Entretanto devemos suprimir a nossa análise ao momento do contato com os espanhóis de forma a compreender como alguns elementos que marcaram o encontro entre espanhóis e ameríndios tiveram desdobramentos em acontecimen acontecimentos tos futuros. Certamente você já ouviu falar das civilizações pré-colombianas, também referenciadas como altas culturas americanas. Dentre essas, as que mais apresentaram uma organização socioeconômica e política invejável foram os incas e astecas, a ponto de alguns autores, a exemplo de Stuart B. Schwartz e James Lockhart (2010, p. 59), denominarem essas estruturas de “povos imperiais”. al designação se deve ao fato de que essas civilizações não se caracterizaram somente por sua vida sedentária, mas por se organizarem em meio a um con junto de insti instituições tuições cujas regras e valores valores ppróprios róprios eram in indeléveis. deléveis. Criara Criaram m um rígido sistema tributário e se alimentaram dele, além de suas fronteiras serem bem delimitadas, fatores que os diferenciavam dos demais povos que se fixaram na América antes da chegada dos espanhóis. Os astecas ocupavam a região da Mesoamérica entre os séculos XIV e XVI (conferir o mapao03) se constituíram uma importante civilização que consolidou seuepoderio medianteem a submissão de diversos povosguerreira confederados vizinhos. No século XIV XIV,, fund fundaram aram  enochtitlán, enochtitlán, atual Cidad Cidadee do México (capital (capi tal do México), em uma área pantanosa, próxima ao lago excoco.

CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

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Desde princípios do século XV, a área do México Central apresentava-se reunida por uma confederação de cidades-estados. Entre elas, destacava-se Tenochtitlán, território pertencente per tencente aos astecas, povo p ovo de língua nahuatl . Os astecas, também conhecidos como mexicas, estabeleceram a hegemonia na região por volta de 1425, momento em que submeteram a cidade de Atzcapotzalco sob o seu domínio. A rígida hierarquização social entre os astecas é uma herança proveniente dos séculos I a VIII, período em que a região era controlada por eotihuacán, outra cidade-estado e bberço erço das grandes civilizações que se desen volveram no México México pré-colom pré-colombiano. biano. De forma geral, pode-se dizer que o tributo é o elemento central para a compreensão do império asteca bem como o sustentáculo de todo o aparato socioeconômico socioe conômico empregado na Mesoamérica (BARTRA, 1975, p. 214). Em cada uma das cidades-estados havia uma elite composta por burocratas, sacerdotes e guerreiros, os quais sobreviviam sobreviviam em função do sobretrabalho aldeão. Conforme Vainfas (1984, p. 24), a civilização asteca organizou-se por meio de uma rede de cidades-estados dominadas por Tenochtitlán. Para essa última, eram canalizados os impostos cobrados de camponeses e demais contribuições de outras cidades que estavam sob o seu poder. Em consonância com Schwartz e Lockhart (2010), havia um sistema de trabalho rotativo denominado de coatequitl  (veremos  (veremos que entre os incas havia uma prática similar chamada de mita). Essa obrigação “passava de distrito a distrito e de aldeia a aldeia, e os plebeus trabalhavam em suas

unidades a supervisão conjunta de seusp.próprios líderes e dos homens dofamiliares governo” sob (SCHWAR; LOCKHAR, 2010, 61). A região do México Central era uma das mais povoadas da América Améric a pré-colombiana. Por meio da análise de fontes diversificadas, sobretudo de listagens relacionadas às cobranças de tributo, é possível estimar que a concentração demográfica dessa região fosse de 25 milhões de pessoas em 1519, momento em que o conquistador espanhol Hernán Cortez organizou a primeira expedição rumo a essa área. De forma significativa,  enochtitlán enochtitlán concentrava 300 mil habitantes nesse mesmo ano, se configurando como uma cidade maior do que muitas da Europa.

As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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Incas e astecas estavam representados não somente por governantes como também por uma nobreza, a qual pode ser definida como uma linhagem em que seus membros estavam acima da plebe. Entre seus privilégios, podemos destacar a vestimenta diferenciada, os deveres mais amenos, o desfrute de altos cargos governamentais e religiosos, bem como o controle de terras e seguidores. No caso específico do México pré-colombia pré-colombiano, no, onde o centro so sociopolítico ciopolítico estava concentrado em enochtitlán, enochtitlán, havia uma monarquia eletiva liderada por um soberano (Tlatoani) proveniente dos mais destacados guerreiros de origem asteca. O Tlatoani era auxiliado por um conselho tribal, denominado denomi nado de Tlatocán, o qual era composto por chefes das aldeias e que formava a base para a escolha e sucessão do soberano. sob erano. A partir ddoo século XV XV,, com o crescimento da influência de enochtitlán, o Tlatoacán foi paulatinamente deixado para segundo plano. A burocracia de Estado que cingia, ou seja, que rodeava o imperador, sofreu um aumento significativo nesse momento e assumiu as funções de assessoria até então designadas ao Tlatocán. De acordo com Vainfas (1984, p. 25), tal processo estimulou o afastamento entre os dirigentes e a população aldeã. Uma das fontes fontes para compreender as divisões so sociais ciais da sociedade socie dade asteca é a obra “Historia General de las Cosas de Nueva España”, escrita pelo ffrei rei Bernadino de Sahagún. Nela, o clérigo afirma que os membros da nobreza estavam dispensados de trabalhos, além de exibirem distintivos e vestuários que indicavam a sua posição social. Estavam inclusos nesse grupo os cobradores de impostos, os chefes os como sacerdotes do sol e da chuva, além de algumas agremiaçõesadministrativos, militares de elite, os guerreiros-jaguar e guerreiros-águia.

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Ficou curioso sobre sobre Bernadino de Sahagún? Saiba que ele era pertencente à ordem dos franciscanos, chegou à região asteca em 1529 e permaneceu na América até falecer, no ano de 1590. Sahagún escreveu um manual no qual pretendia descrever o universo cultural pré-hispânico na Mesoamérica, no intuito de que os demais missionários pudessem investigar a permanência de resquícios da antiga religião, podendo pregar contra ela, quando fosse necessário. Fonte: a autora.

Em sua “Breve y Sumaria relación de los señores y maneras y diferencias que había de ellos em la Nueva España” (1993), Alonso de Zurita, advogado e escri-

tor que se destacou pelas crônicas que produziu sobre o Novo Mundo, explica que a elite asteca era sustentada pelos camponeses que trabalhavam em certas propriedades diante dos olhos fiscalizadores do império. Eram terras do palácio, do templo, da guerra e do próprio soberano. Havia casos em que o imperador concedia terras, em caráter vitalício ou hereditário, a funcionários ou guerreiros que se destacavam em suas funções. Nos casos de concessões hereditárias, o trabalho era, geralmente, executado por camponeses que não possuíam direito a terra de subsistência, denominados de mayeques. Entretanto, em épocas de carestia, o império realizava a redistribuição de alimentos excedentes às populações camponesas. Havia, ainda, os camponeses (macehualtin) que estavam organizados em comunidades conhecidas como calpullis. Considerado por alguns autores (CARDOSO, 1981; VAINFAS, 1984; SCHWARZ; LOCKHAR, 2010) como a unidade social básica dos astecas, o calpulli pode ser definido como um território compartilhado com direitos comuns sobre a terra, além de contar com uma organização administrativa, militar, militar, judiciária e fiscal própria. Em cada calpulli  havia um chefe (calpullec), normalmente eleito pelos membros da comunidade, mas que nutria estreitos laços com o soberano asteca. O calpulli era formado por terras repartidas entre as famílias para o usufruto hereditário.  ais ais propriedades eram coletivas e utilizadas para a subsistência aldeã. Nelas, cultivavam os mais As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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diversos produtos alimentícios, como o milho, o feijão e legumes. Entre as técnicas rudimentares de cultivo desses alimentos, estão a coivara, a irrigação por canais e as ilhas flutuantes ( chinampas), as quais eram muito comuns no lago excoco. Além de darem conta de suas funções, os camponeses deveriam trabalhar nas terras do Estado e executar serviços públicos, como o recrutamento militar (cuatéquil ) realizado periodicamente. A sociedade asteca dos primeiros anos do século s éculo XVI não se reduzia a uma divisão entre camponeses e burocratas. No circuito das elites governantes governantes,, havia privilégios significativos, enquanto entre os camponeses surgiam novas categorias sociais, contribuindo para tornar ainda mais complexa a compreensão dos desníveis característicos dos trabalhadores dessa natureza. Como já demonstrado anteriormente, os mayeques se distinguiam dos demais camponeses por não possuírem terras e, para sobreviver, deveriam trabalhar nas propriedades dos burocratas astecas. Em enochtitlán, havia ainda os trabalhadores urbanos  vinculados quase sempre a trabalhos artesanais, como tecelões, oleiros e ourives. Como se tratava de uma função exercida no interior da cidade, esses trabalhadores estavam, geralmente, desvinculados de suas comunidades de origem e se organizavam em corporações. Na configuração social asteca, os escravos (tlacoili) eram utilizados como servos de altos funcionários e eram tratados como criados, não sendo incumbida a missão de lavorar nas propriedades agrícolas. Uma sociedade multifacetada e uma hierarquia rígida. Essas eram as característi-

cas astecas às impacto vésperasna daestrutura conquistasocial hispânica. A presença espanhola nãosociais apenasdos causou forte d os mesoamericanos dos como aproveitou apro veitou essa estrutura para estabelecer as bases do processo colonizador colonizador,, um assunto que trataremos adiante. No âmbito âmbito religioso, os astecas adoravam vários deuses deus es oriundos de tradições tradiçõe s mesoamericanas ancestrais, veneravam as forças naturais e dos astros, além de praticarem cultos familiares. Acreditavam Acreditavam que a origem do universo se baseava em um casal proveniente de uma força sobrenatural, sendo ambos os responsáveis pela criação de todos os seres vivos e inclusive dos deuses! Esses, por sua  vez, teriam realizado uma de suas mais importantes atitudes ao terem criado o sol, o qual, conforme reza a lenda, foi formado por uma casualidade casualida de dos deuses. Nanauatzin , um deles, teria se lançado em uma fogueira durante uma reunião  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS

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de divindades realizada em  eotihuacán, eotihuacán, ação que llhe he rendeu a sua transformação em sol. Criou-se a ideia de que tal astro deveria se alimentar de sangue a fim de manter o seu fluxo contínuo contínuo.. Diante dessa concepção, os próprios deuses teriam se sacrificado e ofertado o seu coração ao astro recém-nascido. A partir desse mito, os astecas acreditavam na necessidade de uma oferta sequencial de sacrifícios envolvendo sangue (VAINFAS, 1984, p. 27). No panteão asteca, se destacava Huitzilopochtli, o deus sol, também considerado a divindade dos guerreiros. Para estender seu manto protetor sobre a agricultura e, sequencialmente, sobre a fertilidade e os camponeses, os astecas renderam culto a Tláloc, o deus da chuva. Havia, ainda, o culto a Quetzalcóatl , serpente emplumada dos toltecas, povo ancestral dos astecas. Essa divindade era considerada o “herói civilizador”, a quem se atribuíam os costumes, a arte e a criação do calendário. Os astecas acreditavam no mito de que Quetzalcóatl   retornaria pelo oeste e traria o fim dos d os tempos e o encerramento do império do Sol. al lenda coincidiu com a vinda dos conquistadores, os quais vieram pelo oeste, fator que, como veremos na unidade II, acelerou as instabilidades da civilização asteca e provocou o seu declínio. Diferente dos astecas que estavam concentrados na Mesoamérica, os incas localizavam-se na região andina e, embora não dispomos de estudos confiáveis sobre a concentração demográfica em seu império, é possível, de acordo com Vainfas (1984, p. 28), que a população estivesse eestimada stimada nos 20 milhões de habitantes, dispersa pelas queehoje compreendem o Equador, Bolívia, Peru, sul da Colômbia, parteregiões do Chile da Argentina. Em 1530, essas áreas estavam dominadas pelo Tahuantinsuyo, denominação também utilizada para se referir ao império inca, um dos mais centralizados da d a América Hispânica. Os incas falavam a língua quíchua e se expandiram significativamente por volta de 1438, portanto, antes antes da conquista espanhola, ocorrid ocorridaa na transição dos sécu séculos los XV ao XVI. Apesar disso, os incas não apresentavam uma organização urbana e estatal de base sólida, como pudemos observar com os astecas na Mesoamérica. ais condições facilitaram a unificação, promovida por Cusco, a qual se destacou pela absorção de reinos, como o Tiahuanaco, Huari e Chimus. Entretanto é inegável que a ampliação territorial, bem como a significativa centralização política e administrativa, rendeu ao império incaico uma singularidade especial na As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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história andina. O representante supremo e também responsável pelo governo do império era o Inca. De acordo com a tradição, o Inca era o governante máximo das quatro regiões do império, denominadas suyos, além de ser considerado o filho do sol. Normalmente, as alianças políticas eram construídas por meio do casamento de soberanos Incas com filhas de confederações confederaçõ es vizinhas (F ( FAVRE, 1987). Apesar disso, a sucessão do poder entre os incas não estava bem determinada. Por isso, eram comuns as disputas entre os supostos herdeiros h erdeiros dos tronos (filhos, irmãos, sobrinhos etc). O império inca (Tahuantinsuyo ) estava subdividido em quatro regiões, quais sejam: Chinchaysuyo (terra do norte), An  Antisuyo tisuyo (terra do leste), Contisuyo (terra do oeste), Collasuyu (terra do sol), como podemos observar no mapa a seguir:

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Mapa 02: As quatro regiões do ahua ahuantinsuyo ntinsuyo (Império Inca)  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS

 

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Fonte: a autora.

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Segundo alguns pesquisadores (VAINFAS, 1984; FAVRE, 1987), essas regiões eram governadas por parentes próximos ao Inca, os quais residiam em Cusco. A expansão de cada uma dessas regiões dependia da quantidade de reinos ou confederações anexadas. Tais territórios tinham como base da administração os ayllus, os quais podem, de forma geral, ser definidos como aldeias camponesas compostas por famílias ligadas por laços de parentesco e gerenciadas pelos Kuracas. Em consonância com Schwartz e Lockhart (2010, p. 60), essas comunidades eram consideradas entre os incas como o “microcosmo da vida social” social”,, ou seja, a representação de uma unidade local mínima que nos permite falar em sedentarização do povo incaico. Tal organização foi de suma importância no momento da conquista espanhola. A distribuição de vários ayllus e a forma como estavam dispostos em aldeias locais em um imenso império facilitou a manutenção da integridade territorial mesmo após a conquista. Os hispânicos fizeram uso da estrutura do ayllu por este manter a unidade e se apropriaram de sua composição para implantar os dispositivos que permitiram a concentração da influência e presença europeia. As diferenças sociais do império podem ser mais bem compreendidas por meio da obra “Comentarios Reales acerca de los Incas”, escrita pelo cronista Garcilaso de la Vega e publicada em 1609. As funções próximas ao Inca, como os burocratas, sacerdotes e guerreiros especiais, eram sustentadas pelo sobretrabalho aldeão e formavam o topo ddaa hierarquia. Durante o século XV XV,, os Kuracas  (governantes ddos (governantes os ayllus) tiveram um reconhecimento diferenciado dos demais aldeões e foram realocados para o grupo dos dirigentes do império ( kapa). A partir desse momento, foi atribuída aos Kuracas a função de administradores do Inca na esfera local e regional. Semelhante aos astecas, essa camada social não estava baseada na propriedade privada. Suas benesses, b enesses, enquanto uma categoria prestigiada socialmente, eram oriundas da coerção militar que intermediava: o império concedia proteção aos aldeões e, em troca, realizava a redistribuição de excedentes agrícolas em momentos de escassez de alimentos.

As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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Garcilaso de la Vega era um escritor de origem inca. Nasceu em 1539, na região do atual Peru e faleceu na Espanha, em 1616. Era filho do conquistador espanhol Sebastián Garcilaso de la Veja e da princesa inca Chimpo Ocllo, por isso recebeu a alcunha de “O Inca”. No século XVII, lançou um projeto historiográfico ambicioso que se baseava no passado americano, sobretudo da região andina. Entre os seus trabalhos mais relevantes está ““Comentarios Comentarios   Reales acerca Reales  acerca de los Incas”, Incas”, cuja primeira parte foi publicada em Lisboa, no ano de 1609, e a segunda, definida como “História Geral do Peru” Peru”,, foi publicada postumamente na Espanha (1617). Fonte: a autora.

A sustentação social do império era formada pelos ayllus. Considerada a orga-

nização comunitária aldeã nos Andes, os ayllus eram formados por meio da distribuição periódica de terras entre as famílias. Essa E ssa repartição era organizada pelo kuraca, o qual concedia áreas para o plantio de culturas de subsistência, bem como terras para o uso comum. Na produção, destacavam-se principalmente o milho e a batata, dentre outras variedades de tubérculos. Mesmo utilizando técnicas rudimentares no trato com a terra e com a presença de terrenos montanhosos que dificultavam dific ultavam ainda mais a prática agrícola, os incas desenvolveram habilidades para o cultivo c ultivo de produtos agrícolas em terrenos extremamente extremamente inclinados. Uma dessas práticas foi a implantação de canais de irrigação, irr igação, construídos por meio da colaboração aldeã. No pastoreio, pastoreio, os incas se destacaram na criação da llhama, hama, importante meio de transporte, além de abastecer a população andina com sua carne, couro e lã. Os camponeses trabalhavam nas terras que lhe foram distribuídas e, além disso, deveriam fornecer sua mão-de-obra ao Estado, seja prestando serviços nas terras pertencentes aos chefes reais ou aos Incas bem como contribuindo com a construção de obras de uso coletivo. A essa oferta de serviços periódicos dava-se o nome de mita. Conforme ressaltou Ciro F. F. Cardoso (1981 (1981), ), a vida agr agrícola ícola dos incas estava fundamentada na ajuda mútua, não havendo outras formas de pagamentos de impostos in natura além do trabalho. O kuraka concentrava mais riqueza do que qualquer outro integrante integrante do ayllu por meio desses trabalhos forçados (mita). Em períodos de apuros, ele deveria fazer uma repartição de seus  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r 

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bens. No entanto essa redistribuição era limitada, fator que confirmava a existência de um fosso social entre os homens comuns daqueles poderosos ou que ocupavam uma posição de destaque. d estaque. Em consonância com Vainfas Vainfas (1984 (1984), ), apesar de sua divis divisão ão em quatro grandes províncias (Chinchaysuyo, An  Antisuy tisuyoo, Contisuyo, Collasuyu), os incas consolidaram um império integrado e coerente, características as quais os astecas não conseguiram atingir. Construíram um sistema de estradas que unia todo o território (VAINF (V AINFAS, AS, 1984, p. 28-32). Havia o fornecimento de alguns sserviços erviços públicos, como correios, depósitos de alimentos e armas. Implantaram Implantaram um sistema de contabilidade registrado pelos quipos (cálculos com nós, feitos em cordas), c ordas), por meio do qual controlavam o pagamento de tributos e a população de cada aldeia. No âmbito governamental, contavam com a chefia do Inca, filho do Sol e símbolo máximo da burocracia imperial, mas essa era dependente da burocracia local, representada represen tada pelos Kurakas regionais ou das aldeias (CARDOSO, 1981). É importante enfatizar que os incas não se limitaram a cobrar o sobretrabalho aldeão. Investiram no aplainamento de terrenos inclinados, típicos das regiões montanhosas, montanh osas, contribuindo para a ampliação da área ccultivável ultivável bem como para a divulgação de certos produtos alimentícios em áreas onde eram pouco conhecidos, a exemplo do milho nas regiões mais altas e da batata na costa peruana. Esse sistema agrícola funcionava por meio da mitmaq, ou seja, da mudança de aldeias inteiras de uma região para a outra, muito embora alguns autore autoress defendessem que essa transmigração ocorria como punição para as comunidades aldeãs que resistissem ao poder po der do Inca (V (VAINF AINFAS, AS, 1984, p. 30). Ao que parece, na região andina, o objetivo era que cada ayllu tivesse um conjunto conjun to de terras distribuídas em diversos microclimas. Em alg algumas umas áreas dos Andes, as variações de altitudes possibilitavam a existência de áreas diferentes, mas próximas umas das outras, cada qual com um clima propício para o cultivo de determinados alimentos necessários para a subsistência da civilização incaica. Como nos diz Schwartz e Lockhart (2010, p. 70), um grupo se fixava em terras baixas, próximas ao Pacífico, “para plantar algodão, terras de altitude mediana para o milho, terras ainda mais altas para batatas e produtos semelhantes, planaltos desolados para criar lhamas e alpacas e a terra úmida de encosta dos Andes para plantar coca” coca”.. T Tal al sistema sis tema de integração integraçã o configurou-se config urou-se no que Joh John nV V.. Murra As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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(1978, p. 135-259) denominou de “andares “andares ecológicos” e fazia parte da tradição tra dição andina de rotatividade e colonização. Mesmo com a sedentarização dos povos

andinos e com a confirmação de do suaenorme terr itorialidade, territorialidade, as migrações deixarame de ser uma prática usual diante desafio ambiental quenão assumiram da aplicação de práticas agrícolas em áreas tão íngremes. Segundo Vainfas (1984, p. 30-31), em princípios do século XVI, às vésperas da conquista espanhola, a composição da sociedade so ciedade incaica se tornou ainda mais complexa. Isso porque surgiram grupos ligados por relações pessoais de servidão, nos quais se incluíam indivíduos desligados das relações entre a burocracia incaica (Kuraka, Inca etc) e camponeses aldeãos, além de artesãos. Entre esses grupos, estavam, por p or exemplo exemplo,, os yanac  yanacona ona, reduzidos a “servos hereditários” da nobreza inca e, ainda, as “virgens do Sol” (aclla) formadas por tecelagens ligadas aos nobres e ao Inca. Não obstante, a essência da estrutura da civilização incaica continuava continuava fundamentada nos tributos firmados entre o Estado e os ayllus, baseada no uso coletivo da terra e no aproveitamento de seus recursos naturais. As regiões dominadas pelos incas tiveram de deixar de cultuar deuses locais para render culto ao Sol (Inti), considerado o deus soberano. Enquanto os astecas buscavam expandir o poder de atuação de eotihuacán e se consideravam legítimos herdeiros dele e, consequentemente, das áreas dominadas, os incas, de modo distinto, eram vistos pelos povos subordinados como organizadores do caos mundano. No testemunho de Garcilaso de la Vega, há indícios dessa

“missão” supostamente designada aos incas: “Nosso pai, Inti, ordena-nos que fiquemos neste vale e aqui nos estabeleçamos e reinemos”. Nesse trecho, o cronista transmite as palavras de  Ma  Manco nco Capac, o primeiro inca, simbolizando a tarefa do chefe Inca, filho do Sol, em levar a civilização para áreas distantes de seus domínios. Como relata Vainfas (1984, p. 31), alguns estudiosos acreditam que Viracocha seria a divindade incaica de maior projeção e lhe concediam a função de criar os o s elementos da natureza, como a terra, o céu e, inclusive inclusive,, o Sol.

CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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“Pues soy indio, que en esta historia yo escriba como indio con las mismas letras que aquellas tales dicciones se deben escribir.” Fonte: Vega (1609, p. 17).

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A sobreposição do culto ao Sol em relação às divindades locais não eliminou o antigo hábito de cultuá-las. Os wakas ou huacas eram considerados uma força sobrenatural capaz de encarnar em um determinado objeto ou local. Sua adoração continuou frequente e era, normalmente, realizada em locais considerados sagrados, como grutas, riachos, pedras, dentre outros. Os incas não viam essas divindades como concorrentes ao culto cu lto solar, muito pelo contrário, de forma geral, aceitaram a continuação dessas práticas em relação aos wakas a ponto de levarem objetos que representassem essas crenças ancestrais para Cusco, centro do império. al al prática era compreendida como uma submissão dessas divindades locais ao deus Sol. oda essa organização fez com que as crenças dos antepassados, cultivadas desde antes da dominação dominaçã o incaica, não se perdessem p erdessem no tempo, de modo que a sua força marcasse presença mesmo após a conquista hispânica, a ponto de se constituir como uma das formas de resistência cultural à colonização espanhola. Os maias, por sua vez, era um povo pré-colombiano que habi habitou tou as regiões do atual sul do México México,, Guatemala, leste de Honduras, El Salvador, Salvador, Belize e nordeste da Nicarágua. Algumas partes do território pertencente per tencente a esse povo viveram seu período áureo o século VII até aproximadamente o ano 1000. Alguns autores, como Paul Gendrop (2005), por exemplo exemplo,, defendem a ideia de que quando os espanhóis vieram para a América encontraram apenas vestígios dessa grande civilização, a qual teria finalizado o seu apogeu no século IX. Muitos arqueólogos corroboram com essa ideia, pois acreditam que, no século s éculo XVI, momento da  vinda de espanhóis para a América, os resquícios dos maias eram re representados presentados por singelos agricultores ligados por rituais religiosos ancestrais. Enquanto os maias entravam em decadência, por volta do século XII, os astecas, localizados mais ao norte do atual México (conferir o mapa 03), começavam a despontar como uma rica e promissora civilização. As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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Mapa 03: Localização aproximada das altas civilizações pré-colombianas da América Hispânica Fonte: a autora.

A unidade entre os maias nem sempre foi a sua característica característic a principal. Eles, por exemplo,, não estavam unidos por um único idioma, tanto que os atuais remanesexemplo centes dos maias são identificados por falarem f alarem seis dialetos principais, os quais, às vezes, são similares entre si, mas, em muitos casos, apresentam variações significativas. Entre os seus registros, merecem destaque as inscrições inscriçõ es estampadas nas paredes de templos e palácios. Boa parte de tais textos já foi decifrada e destacam, geralmente, a história das dinastias maias, as guerras e incursões contra as cidades rivais, bem como o sacrifício de inimigos como forma de agradecimento aos deuses. As cidades maias eram consideravelmente grandes para a época, com algumas abrigando até 50 mil habitantes. Mesmo sendo consideradas independentes, algumas delas lideravam federações que tinham poder sobre vastos territórios. Dentre as cidades de maior destaque, d estaque, estavam Palenque, ikal e Copán. Apesar disso, havia diferenças sociais: os mais abastados residiam em palácios e templos construídos com pedras, enquanto os menos favorecidos moravam em cabanas de madeira. A base da economia maia era a agricultura, principalmente o milho, que era considerado um alimento sagrado. Na prática agrícola, utilizavam instrumentos CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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rústicos, sobretudo a queimada para limpar o terreno e torná-lo próprio para o cultivo.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Grande parte da população era composta tciedade rabalhadores agrícolas, denominados de mazehualob . Em termos políticos, adesociedade sotrabalhadores maia era representada por um monarca, o qual contava com vários auxiliares nas funções administrativas, militares e religiosas. Tal monarquia tinha caráter hereditário e possuía forte apelo religioso. Os maias acreditavam que a vida era gerida por deuses, os quais eram cultuados em templos suntuosos. O pouco que se sabe sobre a religião maia é que esse povo acreditava que a maior parte dos deuses estava representada por elementos naturais, a exemplo do vento, da chuva ou do sol. Apesar disso, rendiam culto a Hunab, considerado o deus criador criad or do mundo.

De forma geral, os maias se destacaram ao desenvolverem avanços significativos em cálculos matemáticos e observações astronômicas. Já sabiam, por exemplo, o conceito do número zero, compreendido pelos europeus apenas mais tarde. Além disso, organizaram o tempo por meio de um calendário composto por 260 dias, orquestrados segundo os complexos movimentos de astros. Na arquitetura, construíram obras monumentais e elaboradas, a exemplo de cerca de 600 pirâmides edificadas na cidade de Teotihuacán. Em Tikal, outra cidade maia, foi erigido um templo de mais de 70 metros, considerado o maior da América pré-colomb pré-colombiana. iana. Mediante o que foi analisado até aqui, você deve ter notado que astecas e incas protagonizaram as cenas dos mais significativos e sólidos impérios impér ios pré-colombianos. Em ambos, a centralização político-administrativa é surpreendente. Entretanto,, entre os astecas, havia uma maior autonomia das cidades ppertencenEntretanto ertencentes à confederação, fator que impossibilitou a unificação total da Mesoamérica. A preocupação principal residia em cobrar tributos em gêneros das cidades, além de fomentar o comércio a longas distâncias, fatores que deram certo prestígio à propriedade privada e atenderam aos anseios dos grupos dirigentes. Muito pro vavelmente  vavelmen te as exigências em relação ao trabal trabalho ho foram menos intensas do que no caso inca, o que facilitou a relativa liberdade das cidades que formavam a confederação asteca. De modo mo do distinto, o império inca vivenciou a intensa presença governamental a partir de Cusco. Essa característica facilitou ao poder central As Civilizações Pré-Colombianas da América Hispânica: Astecas, Incas e Maias

 

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expandir o trabalho coletivo sobre as comunidades aldeãs existentes em seu território de atuação, além de restringir o comércio em prol das práticas de redistribuição e, consequentemente, obstruirem a formação propriedades particulares. O culto ao sol era algo recorrente ambas asde civilizações e era representado por divindades, o que realçava ainda mais o poder atribuído a esse astro. Entre os astecas, Huitzilopochtli  alimentava a sede pela guerra em nome de novas conquistas e do triunfo desse povo em relação às demais cidades da confederação. No império inca, Inti era a sustentação do poder e base da autoridade e integração política. Ainda assim, é possível verificar a presença de tradições ancestrais entre as duas civilizações. Na Mesoamérica, havia a lenda de Quetzalcóatl , enquanto que, nos Andes, reinava a figura mitológica de Viracocha. Em ambos, havia a relação profunda do homem em sintonia com a natureza, algo distante da pregação corpo/alma implantada pelo cristianismo no período da conquista.

OS POVOS AMERÍNDIOS DA AMÉRICA SAXÔNICA Os povos pré-colombianos da América Saxônica (região compreendida onde, hoje, se localizam o Canadá C anadá e os Estados Unidos) também se destac destacaram aram por sua

imensa diversidade diversi dade cultural. Tal variedade se sobressai no âmbito da arte, da confecção de instrumentos e utensílios, da religiosidade religios idade e dos padrões de alimentação. Essa multiplicidade ganhou conotação em períodos consideravelment consideravelmentee adjacentes, pois, de acordo com Cardoso (1981), durante os anos anos de 8.000 e 5.000 a. C., momento em que as geleiras retrocederam para o extremo norte da América, a região era ocupada tão somente por esquimós. ais grupos residiam em uma área que se estendia do Alasca à Groenlândia. A sua subsistência era feita por meio da caça e pesca. Utilizavam como vestimenta materiais como o couro e a pele, os quais ajudavam a suportar as baixas b aixas temperaturas a que eram expostos. Residiam em habitações chamadas iglus e no campo religioso eram adeptos do animismo.

CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    .1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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De forma geral, considera-se animismo toda a manifestação religiosa que atribui aos elementos dos cosmos (sol, lua, estrelas), a determinados seres vivos (como os animais, as árvores e as plantas) e aos fenômenos naturais (a exemplo da chuva, do dia e da noite) uma causa primária de característica vital e pessoal, chamada de “anima”. Esta, por sua vez, simboliza a energia que movimenta o cosmos, o qual, em uma visão antropológica, significa espírito e, na teocêntrica, é associado à alma. Fonte: a autora.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1     d    e     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Durante os séculos XVI e XVII, momento em que os europeus colonizaram de forma mais sistemática a América, houve ampla utilização do cavalo e de armas de fogo, fator esse que contribuiu para a modificação das formas de subsistência dos índios que habitavam a região das pradarias localizadas lo calizadas na Grande Planície da América do Norte. Alguns povos nativos, a exemplo dos sioux , consumiam a carne do búfalo, capturado geralmente por meio da caça, além de cultivarem alguns alimentos, como o feijão, o milho e a abóbora. A vegetação também sofreu alterações consideráveis. Em alguns locais, os campos deram lugar às florestas, ao passo que certas regiões bem irrigadas deram lugar a terrenos semidesérticos. O processo de sedentarização ganhou força com a exploração de moluscos no litoral e o recolhimento de sementes s ementes em locais semiáridos, atividades essas que se somaram com as já existentes (caça e coletas primitivas). O trabalho mais cuidadoso na confecção de instrumentos de pedra permitiu o aperfeiçoamento dessas ferramentas bem como a adoção do método de polimento. Nas regiões cobertas por florestas, predominava predominava a caça e a coleta. Era comum o consumo de carne de animais silvestres, a exemplo do veado e do coelho. O recolhimento da abóbora, do milho selvagem, dentre outros, era uma prática adotada na alimentação a limentação de povos nativos que habitavam essas áreas. Residentes nas florestas Orientais da América do Norte (atual Península do Labrador e Rio São Francisco), os iroqueses era um desses grupos da floresta. Suas vestimentas eram confeccionadas com tecidos a base de lã, moravam em casas de madeira localizadas em aldeias fortificadas, viviam da agricultura, da caça e da pesca e, no âmbito religioso, combina combinavam vam o animismo com práticas politeístas. Os Povos Ameríndios da América Saxônica

 

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Migraram para os Apalaches até chegarem ao litoral, onde praticavam a caça, a pesca e a horticultura. A irrigação, vez, foi o elemento primordial para a difusão dacomo agricultura e indicoupor um sua perfilhamento mais complexo da organização social, dos pueblos, grupo que habitava a região dos rios Colorado e Grande. Residiam em cavernas rochosas e em habitações semissubterrâneas, apoiadas por adobe ou pedra. De forma geral, tais abrigos possuíam um formato semicircular, em cujo centro havia uma praça na qual eram realizadas as cerimônias religiosas. Utilizavam Utilizav am técnicas de irrigaçã irrigaçãoo no cultivo do milho, além de confeccionarem a cerâmica e o tecido de algodão. Os navarros, assim como os pueblos, se fixaram nas regiões desérticas do exas e da Califórnia. Praticavam a caça e a agricultura, além de confeccionarem vestimentas de couro e tecido de lã. Os navarros

construíam suas cabanas com barro e, no âmbito religioso, comungavam do animismo e do politeísmo. Em consonância com Betty J. Maggers (1985), havia pelo menos três modelos diferentes de habitat na América Saxônica, quais sejam: a floresta, o deserto  e as grandes planícies. Apesar da distinção da oferta de recursos para a sobre vivência nesses ambientes, é imperativo reconhecer que em todos eles existe uma multiplicidade notável de alimentos, compostos por animais selvagens e plantas, além de proporcionar condições para o desenvolvimento da agricultura intensiva. Segundo Meggers (1985), nos três tipos de habitats existem pressões adaptativas que convergem convergem no surgimento de configurações culturais, nas quais o desenvolvimento histórico e atributos gerais são especialmente similares. A exploração da potencialidade de cada um dos do s tipos ambientais está relacionada relacionada aos vínculos estabelecidos com as áreas centrais, locais de onde vieram plantas que se adaptaram aos mais diversos climas. Também são provenientes dessas regiões algumas práticas e fundamentos religiosos bem como os mais diversos traços culturais adotados. As regiões de floresta na América Saxônica, localizadas no leste dos Estados Unidos e Canadá, abrigavam dois dos principais sistemas fluviais do hemisfério. Em tais zonas florestais, era comum a ocorrência de enchentes, as quais alagavam as terras mais baixas. Quando a inundação recuava, deixava para trás lagos rasos, algo que facilitou o encalhamento de peixes e a formação de pântanos. Havia a CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS  AS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 

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predominância do clima temperado, caracterizado por invernos frios e verões quentes. Nesse ambiente, ambiente, o solo era drenado e produtivo, não sendo necessária a

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

utilização da irrigação. florestas orientais, houve uma significativa à alimentação selvagem,Nas fator que reforçou refor çou a segurança deadaptação grupos nativos dependentes do cultivo agrícola. Há cerca de 10 mil a. C., a sobrevivência era garan garantida, tida, sobretudo, com o cultivo do milho, da abóbora e do feijão. Além disso, as populações nativas já faziam uso de d e uma estrutura urbanizada embrionária e de uma política centralizada, fatores que evidenciavam uma clara organização social, muito provavelmente provavelmente com a execução ddee práticas religiosas. Exemplo disso são s ão os funerais: em cadáveres supostamente pertencentes a grupos abastados foram encontrados ornamentos de luxo, ao passo que, em outros, provavelmente provavelmente pertencentes a grupos comuns, não há indícios de objetos dessa natureza. Nesse universo, a difusão da cultura mississipiana representava o desbaratamento de um grupo cujas técnicas agrícolas eram consideradas superiores a de outras populações que habitavam as zonas florestais. De forma geral, nas florestas, a caça e a coleta eram práticas dominantes, principalmente com o consumo de carne de veado e coelho, a fartura de milho e abóboras selvagens. Dentre os grupos florestais, podemos destacar os iroqueses, os quais se fixaram nos Apalaches e região litorânea após após se deslocarem de sua região de origem, ao oeste do Mississipi. Em suas terras, cultivavam práticas rudimentares de horticultura, a pesca e a caça. As regiões de desertos da América Saxônica apresentavam uma variedade considerável de áreas ecológicas, o que motivou o surgimento de uma multipliconsiderável cidade de culturas. Os mongollon, por exemplo, residiam nas encostas e vales localizados a mais de 2.000 2 .000 metros de altura. Onde atualmente se encontram os estados de Utah, Arizona, A rizona, Novo México e Colorado era o habitat natural dos anasazi. Os honokam, por sua vez, ocuparam o deserto do sul do Arizona e Novo México.. É notável que o processo de sedentarização tenha ocorrido México ocorr ido por volta de 500 a. C., por meio do cultivo agrícola, mediante a irrigação. As concentrações populacionais somente se sedimentaram em razão desses avanços na tecnologia agrícola. Outras inovações incrementaram esse refinamento tecnológico, tais como a edificação de barragens de retenção, as quais canalizavam a água da chuva e dos rios para serem aproveitadas no processo de irrigação. Segundo Os Povos Ameríndios da América Saxônica

 

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alguns arqueólogos, esses indícios simbolizam a existência de uma organização sócio-política estratificada. Apesar da influência das altas culturas mesoamericanas, pode-se dizer que os grupos que habitavam as regiõesResidiam dos rios Colorado e Grande desenvolveram uma sociedade e cultura próprias. em locais lo cais apoiados sobre rochas e em abrigos semissubterrâneos sustentados por construções de adobe e pedra. Era comum a existência de uma praça central, local onde se realizavam os cultos religiosos. Além de cultivarem o milho de forma intensiva, tais populações também confeccionavam tecidos, algodão e utiliza vam o sistema de irrigação. Sobre o tipo ambiental das Grandes Planícies, o pouco que se sabe é que, neste período, o padrão de vida foi nômade, dada a existência de grupos grup os caçadores e coletores. Com a introdução da cerâmica nas florestas do leste, aumentou consideravelmente a quantidade de registros, fator que permitiu consideravelmente p ermitiu detalhar as formas como esses grupos viviam. viv iam. Dessa forma, os pesquisadores pes quisadores concluíram que a caça e a pesca enriqueceram a alimentação desses povos, aliados à coleta de raízes, sementes, amoras e frutos silvestres. Por volta de mil anos atrás, houve uma mudança significativa, o que provavelmente resultou na formação da cultura mississipiana. sissipia na. Aldeias compostas ppor or cabanas de terra multiplica multiplicaram-se, ram-se, indicando traços de uma comunida comunidade de mais sedentária, alicerçada no cultivo de feijão feijão,, milho e abóbora em vales próximos. A concentração populacional em áreas específicas especí ficas ficou mais evidente há 15 mil anos atrás, quando algumas aldeias visivelmente maiores cresceram, enquanto as aldeias menores desapareceram. Muito Muito prova velmente, a intensificação da agr agricultura icultura foi fator pujante para esse fenômeno. Antes de conhecerem o cavalo, as caças eram realizadas em regiões circunvizinhas e limitadas. Por esse motivo, os acampamentos eram mudados com certa frequência, no intuito de manter o acesso à caça. Anteriormente a vinda dos colonizadores, as caças eram realizadas com

AS CIVILIZAÇ CIVILIZAÇÕES ÕES PRÉ-COLOMBIANAS PRÉ-COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

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 AS CIVILIZAÇÕES CIVILIZAÇÕES PRÉ COLOMBIANAS COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

 

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instrumentos rústicos, a exemplo das pontas de projétil. Entretanto, nos séculos XVI e XVII, os europeus introduziram as armas de fogo e os cavalos, fatores que

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

facilitaram dos índios.aoAlém de caçarem animais comoeos búfalos, esses gruposa subsistência nativos se dedicavam plantio de abóbora, do milho feijão. No século XIX, doenças europeias atingiram fatalmente essas populações e devastaram comunidades inteiras do oeste e norte da América Saxônica. Pelo o que você aprendeu anteriormente, pode notar que os diversos povos que habitavam a América Saxônica eram semelhantes em seus modos de vida, apesar de se localizarem, muitas vezes, em tipos t ipos ambientais distintos (florestas, (florestas, desertos e grandes planícies). As atividades mais recorrentes e executadas pela maioria dos grupos que habitavam essa região eram a agricultura, com o cultivo cu ltivo de milho principalmente, além da utilização da caça e pesca bem como a coleta de sementes para a manutenção das aldeias. Muito embora tais grupos não tenham se estruturado de forma tão complexa quanto às altas culturas que se desenvolveram na Mesoamérica e região andina, compartilhavam entre si uma organização sociopolítica e religiosa religios a parecida. Partilharam mudanças significativas, como a assimilação de técnicas, a exemplo do uso de irrigação, que favoreceram e aperfeiçoaram a agricultura. Com o que você conheceu até aqui, pode-se afirmar que cada cultura vivenciou momentos de adaptação a um meio ambiente específico e com um pensamento próprio. De todas essas transformações, podemos compreender que as trocas culturais resultantes do contato entre os grupos sejam por meios amistosos ou das conquistas de um povo por outro, significam que tradições sociais distintas podem-se desdobrar em uma cultura mista, na qual possivelmente coexistem princípios das antigas e novas sociedades.

Os Povos Ameríndios da América Saxônica

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Na primeiraHispânica unidade, os povos pré-colombianos da América Portuguesa, His pânica econhecemos Saxônica, os quais talvez você já tenha ouvido falar ou conhecido em sua formação. É importante lembrá-lo(a) que os conteúdos que  vimos não tem como finalidade apenas a confecção de trabalhos acadêmicos,  visto que em vários momentos do nosso cotidiano nos deparamos com notícias relacionadas a remanescentes desses povos ou a descobertas científicas, mediante as quais se torna necessário analisá-las sobre um viés crítico baseado em um conhecimento de causa. Na realidade, os seres humanos sempre dependeram, em maior ou menor grau, das organizações para a sua sobrevivência. Conforme analisamos ao longo dessa unidade, as estruturas dos povos pré-colombianos variavam de acordo com o tempo e espaço, adquirindo um nível de complexidade maior em algumas regiões da América Hispânica. Nas demais regiões (América Portuguesa e Saxônica), a convivência de diversos grupos nativos, cada qual com seus hábitos, cultura e liderança, revelou um caráter descentralizado e, de certa forma, independente de relações hierárquicas. Evidentemente, Evidentement e, os grupos g rupos humanos que compunham a América pré-colombiana eram múltiplos e cada qual possuía características próprias. De forma geral, podemos dizer que, durante o processo de conquista e colonização, os europeus concentraram suas ações de forma desproporcional e em áreas cuja população nativa estava praticamente praticamente sedentarizada. Os ppovos ovos semissedentários despertaram um interesse secundário, sendo que a tentativa de negociação com grupos móveis foi realizada apenas em últimos casos. Por isso, as terras ocupadas por povos sedentários, em razão de toda a sua estr estrutura utura complexa e organizacio organizacional, nal, se constituíram em um terreno fértil para o crescimento crescim ento da sociedade americana no século XVI, momento de conquista e colonização dessas áreas.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 AS CIVILIZAÇÕES CIVILIZAÇÕES PRÉ COLOMBIANAS COLOMBIANAS DA AMÉRICA PORTUGUESA, HISPÂNICA HISPÂNICA E SAXÔNICA SAXÔNICA

 

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A UNIDADE DAS ALTAS CULTURAS PRÉ-COLOMBIANAS Entendemos por  Altas Culturas Pré-colombianas as Pré-colombianas as civilizações americanas localizadas no México atual, na região norte da América Central e na faixa que se estende desde a Colômbia até o Chile, acompanhando a orla marítima do Oceano Pacífico. Pacífico. Um observador atento poderá perceber de imediato que as regiões acima assinaladas como Altas como  Altas Culturas, Culturas, compreendendo respectivamente a Confederação Asteca, as Cidades-Estado maias e o Império Inca, são zonas onde hoje impera o “subdesenvolvimento”, enquanto a América de língua inglesa, localizada fora desse mapa, parece ter-se ““desendesenvolvido”. Por que o norte se desenvolveu e o sul se subdesenvolveu? Por que as regiões outrora “ricas” são hoje as mais pobres? Ou, por que as regiões antes mais “pobres” são hoje as mais poderosas economicament economicamente? e? A ideologia colonialista resolveu aparentemente o problema, remetendo-o ao estigma da inferioridade racial do índio americano e do negro escravo, à miscigenação racial, aos impedimentos geográficos e a outras teorias mais ou menos exóticas. Essas teorias têm em comum a premissa de que o continente americano necessitou da presença do branco europeu para penetrar na história dos povos civilizados, e afirmam que quanto mais nos aproximamos desse modelo capitalista mais seremos “felizes”. Como os colonos ingleses construíram na América do Norte uma sociedade “à imagem e semelhança” da europeia, seu desenvolvimento foi muito mais rápido do que o das regiões da Confederação Asteca, das Cidades-Estado maias e do Império Inca, reafirmam tais teorias. Essa explicação leva a um raciocínio formal assustador: se no passado os povos americanos não foram capazes de se desenvolverem sem a tutela dos europeus, hoje, continuam precisando da tutela dos mais desenvolvidos para mostrarem o caminho da superação do subdesenvolviment subdesenvolvimento. o. Mas a ciência moderna tem sido incapaz de provar efetivament efetivamentee a suposta inferioridade americana, ou ainda de demonstrar que o fator geográfico é determinante para o desenvolvimento econômico. econômico. Não podemos aceitar a existência de povos inferiores ou povos sem história (nós, latino-americanos) e povos com história (as sociedades capitalistas avançadas). Esse dualismo é artificioso e não explica a realidade. A história tem demonstrado que o desenvolvimento de uns está condicionado ao subdesenvolvimento de outros (...). Está claro para a história que todos os povos são potencialmente iguais, mas não basta dizer simplesmente isso. Para abandonar explicações metafísicas, devemos inserir os povos nas estruturas socioeconômicas, no terreno das particularidades regionais, nas diferentes formas de desenvolvimento, nas formações sociais. Fonte: PEREGALLI, E. A unidade das altas culturas Pré-Colombianas. In: PINSKY, J. et al. História da América através de textos . 11. ed. São S ão Paulo: Contexto Contexto,, 2013, p. 9-11.

 

1. Em 1500, quando os portugueses chegaram à América, havia uma imensidão de povos nativos, alguns dos quais testemunharam a vinda dos lusitanos e estabeleceram os primeiros contatos com eles. De forma especial, o litoral de onde, hoje, se encontra o Brasil era ocupado por “povos semissedentários”, os quais sobreviviam da caça, da coleta, da pesca e da agricultura.  Faça uma reflexão desse tema e assinale a alternativa correta sobre os povos pré-colombianos que habitavam a América Portuguesa: a) Os únicos povos indígenas à época da chegada dos europeus eram os Tupis-Guaranis. b) Quando chegaram à América, os portugueses se depararam com os Tupis, ocupando quase que integralmente a região próxima à Linha do Equador, sobretudo a área compreendida entre os atuais estados de Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. c) Além dos Tupis e dos Guaranis, havia outros povos, dentre os quais podemos destacar, os Jê, Karib, Pano, Tukano Tukano e Aruák, situados no interior da América Portuguesa. d) Os TTapuias apuias acreditavam que os povos que não falavam sua língua (os Tupis) Tupis) eram considerados considera dos “bárbaros” “bárba ros”.. e) Entre os Tupis, a hierarquia era o centro da vida tribal e as atividades estavam, geralmente, articuladas de acordo com a classe social que ocupavam. 2. Os maias estavam organizados de form formaa descentralizada, dividindo o poder político entre várias cidades-estados. Além disso, são lembrados por diversas inovações consideradas avançadas para a época. Sobre os maias, é correto afirmar que: a) Era um povo pré-colombiano que habitou as regiões desérticas da América Saxônica. b) Assim como os astecas e os incas, a unidade foi a característica principal dos maias. c) Segundo informações recentes, fornecidas por arqueólogos, o topo da hierarquia da sociedade maia era ocupado por grupos de sacerdotes pacifistas e observadores de astros, sustentados por camponeses. d) A organização militar era feita de acordo com a necessidade e por meio de recrutamentos. Os armamentos utilizados eram sofisticados para a época, compostos por canhões e armas de fogo. e) Destacaram-se nos cálculos matemáticos e em observações astronômicas. Além disso, já sabiam o conceito do número zero, organizaram o tempo por meio de um calendário e construíram obras monumentais e elaboradas.

 

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3. Os povos pré-colombianos da América Saxônica (região compreendida onde, hoje, se localizam o Canadá e os Estados Unidos) se destacaram por sua imensa diversidade cultural. Tal variedade se sobressai no âmbito da arte, da confecção de instrumentos e utensílios, da religiosidade e dos padrões de alimentação. Sendo assim, analise as afirmações abaixo e assinale V para as opções verdadeiras e F para as falsas: ( ) Grande parte desses po povos vos eram adeptos do animismo. ( ) Nas reg regiões iões cobertas po porr florestas, predominava a caça e a coleta. A irrigação, irrigação, entretanto, foi o elemento principal para a difusão da agricultura. ( ) Entre os principais povo povoss nativos que ocupavam a América Saxônica, Saxônica, podemos destacar: os Sioux, os Iroqueses, os Navarros, os Pueblos, os Mongollon, os Incas, os Anasazi e os Honokam. ( ) A pesquisado pesquisadora ra Betty J. Maggers Maggers (1985) classificou os povos pré-colombianos da América Saxônica de acordo com os seus habitats, quais sejam: a floresta, o deserto e as grandes planícies. ( ) As atividades mais rrecorrentes ecorrentes entre esses grupos er eram am a agricultura, agricultura, a caça, a pesca e a coleta de sementes para a manutenção das aldeias.

A sequência correta é: a) V, V, V, F e V. b) V, V, F, F e V. c) V, V, F, V e V. d) F, V, F, V e V. e) V, V, V, F e F. 4. É correto afirmar que os Tupis-Guaranis exploravam o mesmo pedaço de terra por muitos anos? Analise e confronte as atitudes dos nativos no cultivo da terra com os seus hábitos de moradia. 5. Os astecas possuíam uma organização social vinculada pela posição política e econômica, mas que ao mesmo tempo se caracterizou por sua complexidade. Diante disso, explique por que, às vésperas da conquista hispânica, a sociedade asteca era considerada multifacetada e com uma hierarquia rígida. 6. A sustentação social do império inca era formada pelos ayllus, considerada a organização comunitária aldeã nos Andes. Assim sendo, reflita: por que, entre os incas, os ayllus eram considerados o “microcosmo “microcosmo da vida social”?

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEME COMPLEMENT NTAR AR

Título: História dos índios no Brasil Autor: Manuela Carneiro da Cunha (organizadora) Editora: Companhia das Letras Sinopse: A obra reúne 27 pesquisadores que atuam nas mais distintas áreas, como Antropologia, História, H istória, Linguística e Arqueologia. TTrata-se rata-se de um esforço para divulgar os mais recentes conhecimentos sobre a história dos índios, com ênfase para a população indígena da Amazônia. Oferece, ainda, informações vinculadas à presença de povos indígenas no Brasil, a exemplo das novas teorias relacionadas à origem do homem americano.

Título: A conquista da América Latina vista pelos índios: relatos astecas, maias e incas Autor: Miguel León-Portilla Editora: Vozes Sinopse: Trata-se Trata-se de um clássico da historiografia sobre o assunto. A obra privilegia o ponto de vista dos povos pré-colombianos da América Hispânica, que foram conquistados e dizimados pelos europeus.

Título: Enterrem meu coração na curva do rio Autor: Dee Brown Editora: L&PM Editores Sinopse: Trata-se Trata-se de um clássico dos anos de 1970 que chocou a opinião pública nos Estados Unidos. A obra relata de forma sistemática a destruição dos índios na América do Norte. O autor fez uma pesquisa minuciosa e utilizou autobiografias, depoimentos, documentos oficiais e descrições para fundamentar a sua pesquisa.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEMEN COMPLEMENT TAR

: Aguirre, a cólera dos deuses Título Ano: 1972 Sinopse: O filme relata a busca desenfreada de ouro por uma expedição espanhola no século XVI. A história se passa na região andina e mostra as dificuldades em enfrentar a floresta e como os europeus eram vulneráveis a ela. Comentário: Trata-se Trata-se de um filme importante para compreender a saga dos primeiros conquistadores espanhóis desejosos por encontrar ouro em terras americanas.

Título: A conquista do paraíso Ano: 1992 Sinopse: O filme retrata vinte anos da vida de Colombo, perpassando as suas pesquisas que constataram que o mundo era redondo bem como a sua luta para conseguir convencer a Coroa Espanhola a financiar a sua expedição para a América. Além disso, é retratado o encontro de Colombo e seus acompanhantes com os nativos do Novo Mundo, sua luta pela colonização, até encerrar com sua decadência e velhice.

No documentário indicado a seguir seguir,, o líder indígena Ailton Krenak apresenta como vivem e pensam os índios de nove grupos dispersos pelo território brasileiro. Vale a pena assistir! Índios do Brasil: quem são eles? Disponível em: .. Acesso em: 28 set. 2015.

Material Complementar

 

Professora Professo ra Dra. Verônica Karina Ipólito

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA Objetivos de Aprendizagem

      E       D       A       D       I       N       U

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■  Compreender Compreender as relações e conflitos culturais entre Espanha e América durante o Período Colonial. ■  Conhecer a forma de organização econômica, política e social durante o período de colonização da América Hispânica.

■  Analisar a configuração da economia, do governo e da sociedade durante a colonização da América Saxônica.

Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  O conflito de culturas entre Espanha e América durante o Período Colonial ■  A colonização da América Hispânica: economia, governo e sociedade   A colonização da América Inglesa: economia, governo e sociedade ■

 

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INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A segunda unidade do livro apresenta a conquista e colonização da América Hispânica e Inglesa. Você Você irá notar que não houve a intenção de abordar minuciosamente os detalhes de tais processos em razão da quantidade limitada de páginas. No entanto houve um esforço para concentrar informações, bem b em como um debate historiográfico e indicações de leitura, filmes e materiais diversos sobre esse assunto assunto.. O primeiro objetivo é conduzi-lo(a) a refletir sobre s obre as versões da conquista e colonização da América Espanhola, seja na produção especializada especi alizada mais recente ou por meio da utilização de documentos de época. Em seguida, será apresentada a estrutura socioeconômica socioe conômica e política da América Hispânica, recorrendo-se, para isso, a uma abordagem voltada para as diferentes formas de relações de trabalho desenvolvidas entre espanhóis e nativos. Posteriormente, analisaremos a estrutura socioeconômica e política da América Inglesa. O objetivo é compreender as diferenças desses modelos de colonização: de um lado, a América Hispânica estava amarrada à burocracia da Coroa; por outro lado, a colonização da América Inglesa foi um trabalho articulado por particulares e pelas Companhias de Comércio, quase não havendo participação da Coroa. Acredi Acredito to que, se você compreender o sistema de colonização da América Espanhola e Inglesa, poderá acompanhar melhor as outras unidades, cujas temáticas estão  voltadas às crises do sistema colonial e aos movimentos de emancipação política de suas metrópoles. O objetivo dos temas trabalhados nesta unidade uni dade é conduzi-lo(a) a uma melhor compreensão compr eensão sobre o pperíodo eríodo colonial na América Hispânica e Saxônica, muito embora seja imprescindível a pesquisa e leitura sobre o conteúdo proposto proposto,, bem como o acesso ao material. Espero que a viagem sobre esse conteúdo seja enriquecedora e prazerosa! Vamos lá?! Uma excelente excelente leitura a você!

Introdução

 

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A 

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Figura 02: Quetzalcoatl, divindade das culturas mesoamericanas mes oamericanas

O CONFLITO DE CULTURAS ENTRE ESPANHA E AMÉRICA DURANTE O PERÍODO COLONIAL Você sabia que antes de iniciarmos o período per íodo colonial na América Hispânica e Saxônica tivemos, na maior parte dos d os casos, um processo ddee conquista de determinados povos? Entretanto é importante lembrar que os colonizador colonizadores es europeus traziam em sua bagagem anseios que faziam parte do contexto de expansão territorial vigente na Europa dos séculos XIV, XIV, XV e XVI. Em suma, po podemos demos dizer que conquista e colonização eram fenômenos que se completavam, pois, na medida em que os europeus iam conquistando determinada região, já eram implantadas ou reaproveitadas as bases para a materialização do sistema colonizador.

 t    .r  1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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Para compreendermos o processo de conquista e colonização da América Hispânica, devemos refletir, inicialmente, sobre o que John H. Elliot (1998, p.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

135) chamou de “antecedentes”. “antecedentes”. O senti sentido do da colonização e conquista da América Espanhola em fins do século XV pode ser visto como sinônimo de expansão da fé, tal como ressaltou Francisco López de Gómara, um dos primeiros relatores da conquista, ao afirmar que: “sem colonização não há uma boa conquista e se a terra não é conquistada, as pessoas não serão convertidas. Portanto, o lema do colonizador deve ser colonizar” (apud ELLIO ELLIO,, 1998, p. 135). O sentido da colonização também pode estar vinculado à obtenção de riquezas ri quezas materiais, como deixou claro Hernán Cortés, conquistador dos astecas, quando canonizou sua ambição revelada na frase: “ nós nós , espanhóis , sofremos  de uma doença do coração cujo remédio específico consiste no ouro”. ouro”. Diante dessa multiplicidade de fatores que motivaram o estabelecimento de espanhóis no Novo Mundo, podemos afirmar que a conquista não foi um hiato antes da colonização, mas parte integrante e vital dela. Conquista e colonização foram processos simultâneos e dependentes entre si. Nesse sentido, Elliot (1998) afirma que os sentidos da conquista e colonização espanhola priorizavam a ocupação, exploração da terra, concediam poder e riqueza (ouro, pilhagem de objetos fáceis de transportar...), além de ser um prato cheio para as possibilidades de elevação social, como o desejo desej o de conquistar honras (títulos de fidalguia, nobreza...) e de “valer más”   em em uma sociedade fortemente ligada a uma hierarquia de posições e atenta a ideia de reputação.  ais ais anseios eram rapidamen rapidamente te conquistados com a espada, já que toda a honraria e valor se originavam de atos e serviços ao rei. No entanto os sentidos de conquistar e colonizar se incluem em um contexto muito mais amplo e complexo, que remonta ao processo de Reconquista da Península Ibérica empreendida pelos cristãos contra os muçulmanos durante os séculos VIII ao XV XV.. Foi nesse último século, marcado por importantes avanços dos espanhóis na expansão ultramarina, que houve a consolidação do que Elliot (1998, (199 8, p. 135) chamou de “Estado “Es tado feudal renovado” renovado”, figurado na união u nião entre Isabel de Castela e Fernando de Aragão, em 1469. Ess Essaa junção entre reinos representou não somente o esboço de formação do estado espanhol como fomentou as expedições de exploração marítima em uma época em que acumular ouro e prata consistia em um dos principais objetivos dos estadistas. Em consonância

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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com Elliot (1998), no caso específico da Espanha, essa questão vai ainda mais além quando consideramos que a Reconquista dos Reinos Cristãos para o sul foi uma guerra que ampliou os limites da fé e eliminou, durante séculos, a fronteira que dividia o cristianismo do Islã. É isso que justifica, em parte, a caracterização da Espanha como uma sociedade s ociedade agressiva, sequiosa em expandir os limites de sua influência. Nesses moldes, à medida que a expansão interna se consolidou, as forças dinâmicas da sociedade ibérica medieval começaram a buscar novas fronteiras no além-mar, dentre as quais figuraria a América. Perry Anderson (1985) também considera que o absolutismo espanhol, às  vésperas da conquista e colonização da Amér América, ica, teve sua origem na união ddee Castela e Aragão, efetivada pelo casamento de Isabel I e Fernando II. O Estado tomou para si o controle dos benefícios eclesiásticos, separando s eparando o aparelho local da Igreja da competência do papado. O suprimento de imensas quantidades de prata das Américas tornou-se um importante meio para o enriquecimento do Estado espanhol em ambos os sentidos s entidos do termo, pois provia o absolutismo hispânico com um rendimento extraordinário e abundante que se situava totalmente totalme nte fora do âmbito convencional das receitas estatais na Europa. Ao tratar especificamente da concentração de poder espanhol entre os sécuséc ulos XIV e XV, Perry Anderson afirma que a monarquia hispânica tornou-se poderosa principalmente com a apropriação de metais preciosos retirados das colônias conquistadas. A pilhagem das Américas foi, para o autor autor,, um do doss atos mais espetaculares de acumulação de capital primitivo durante a Renascença. Assim, para Perry Anderson A nderson (1985), o absolutismo esp espanhol anhol buscou forças tanto no legado interno do engrandecimento com a aquisição de territórios e influências pela dinastia dos Habsburgos1 – que acarretou um artefato supremo dos mecanismos feudais para a expansão política – como no saque ultramarino de capital extrativo.

Que governou a Espanha de 1516 até 1700.

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1

A dinastia dos Habsburgos governou a Espanha de 1516 a 1700, porém sua origem é alemã e comandou a Áustria em fins do século XIII, até 1918. O poderio dos Habsburgos teve o seu momento áureo no século XVI, com Carlos V, então imperador do Sacro Império Romano-Germânico e rei da Espanha. Suas terras incluíam toda a Europa, exceto a Inglaterra, a França e a Rússia. Os soldados de Carlos V conquistaram ricos impérios na América (Incas e Astecas). Antes de falecer, Carlos repartiu seus domínios entre o irmão e o filho, criando-se dois ramos dos Habsburgos. Um deles governou a Espanha até 1700, o outro comandou o restante do império. Em 1804, os domínios comandados pelos Habsburgos ficaram conhecidos como Império Austríaco. Fonte: a autora.

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Em sintonia com as práticas mercantilistas, a monarquia espanhola tinha interesse em concentrar tesouro em seu território territóri o (metalismo) e incentivar o comércio nacional, por meio do d o investimento nas manufaturas como uma forma de competir com outras nações. Assim, a concentração econômica, o protecionismo e a expansão comercial engrandeceram o Estado feudal tardio, ao mesmo tempo em que beneficiaram a burguesia emergente. Por isso, Perry Anderson (1985) afirma que, a partir de 1560, o Novo Mundo passou cada vez mais a determinar o futuro do absolutismo espanhol. Mas, apesar dessa circunstância, o caráter irredutivelmente irredutivelme nte feudal do absolutismo permanecia.

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Em resumo, para Perry Anderson (1985), a Espanha era um estado fundamentado na supremacia social da aristocracia e que buscava todas as formas para garantir os privilégios das classes tradicionais. tr adicionais. Portanto Portanto,, o absolutismo espanhol na época da conquista (fins do século XV a início do XVI) era, segundo Perry Anderson (1985), um estado feudal “reformado”, “recolocado”, pois teria surgido em substituição ao feudalismo com o objetivo de continuar garantindo que a aristocracia permanecesse no poder e submetesse aos seus interesses tanto camponeses quanto a recém emergente burguesia. Foi esse “estado feudal renovado”, segundo Elliot, ou “reformulado “reformulado””, na visão de Perry Anderson, que impôs conceitos medievais à nova terra, como a afirmação da soberania, o estabelecimento estabelec imento da fé e pretensões de domínio amplo da terra e do povo.

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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A caracterização da sociedade hispânica como “feudal renovada” pode ser muito bem exemplificada na literatura da época, com destaque especial para as

novelas de cavalarias, prosas típicas da Idade Média e presentes da Península Ibérica desde o século XI. As narrativas lendárias e de aventura expr expressas essas nesse estilo literário motivaram muitos homens no século XV e XVI a se lançarem na navegação marítima. Na Espanha, Miguel de Cervantes fez uma sátira bem humorada das novelas de cavalaria e criou o personagem Dom Quixote e seu escudeiro, Sancho Pança, Pança, na famosa obra Dom Quixote de La Mancha. Embora tenha sido escrita em princípios do século XVII, Cervantes C ervantes denuncia o continuísmo social pautado nas honrarias e no enriquecimento fácil, não dispensando uma leitura irônica do contexto espanhol dos séculos anteriores e apontando diversos comportamentos, figuras representativas e relatos históricos, como a guerra da Reconquista. Na obra supracitada, o personagem Dom Quixote era um fidalgo, filho de pais ricos. No entanto, durante sua vida, perdeu toda a riqueza, pagando dívidas e comprando livros. Por isso, mergulha na literatura em busca da solução dessa dificuldade. Além de perder sua riqueza, Dom Quixote começa a agir como um cavaleiro em busca de uma mudança, uma nova vida. Ele já tinha uma idade relativamente avançada e vivia muito só. Por isso, deixa-se levar pela imaginação e passa a viver em um mundo ilusório.  odas odas essas atribulações vivenciadas pelo personagem mostram que ele próprio é um retrato da época épo ca representado, muitas vezes, pela nobreza decadente que vê na expansão ultramarina u ltramarina possibilidades de enriquecimento enr iquecimento fácil e sonha em encontrar um “eldorado “eldorado”” por influência das frequentes leituras das novelas de cavalaria. A ilusão está presente em Dom Quixote, pois vê o mesmo mundo que todos, mas sob uma perspectiva perspect iva muito própria e marcada pela medievalidade que se imprime nos contos de cavalaria que, de tão lidos, teriam o levado à loucura (tanto que seus livros foram queimados pelo padre, com apoio de sua família). ais contos retratam de forma fantasiosa f antasiosa heróis épicos e míticos medievais. Assim, Dom Quixote pode ser considerado uma sátira à novela de cavalaria. Esse gênero literário foi mais desenvolvido na Idade Média e não existia mais na época de Cervantes, mas estaria marcado na subconsciência da sociedade, que não permitia avanços no pensamento crítico e “atrasava” a mentalidade espanhola. Na verdade, Quixote vive entre o delírio

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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e sensatez e encarna em seus discursos a voz crítica de Cervantes e sua ironia, como, ao inventar nomes espetaculosos, ridicularizando muitos sobrenomes da fidalguia.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

“À força de tanto ler e imaginar, fui me distanciando da realidade ao ponto de já não poder distinguir distingui r em que dimensão vivo” vivo”.. Fonte: Dom Quixote (1605).

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e

Sancho Pança, fiel escudeiro de Dom Quixote, era um trabalhador honesto que, às vezes, tentava lhe mostrar outra visão que fugisse da fantasia, contudo acaba acreditando em Quixote, que o convenceu convenceu a ser o governador de uma ilha imaginária. A mentalidade frágil, porém p orém honesta, represen representada tada na figura de Sancho Pança, e o desejo de ascensão social a partir de títulos de nobreza proveniente do domínio de terras, assim como a fama trazida por isso, também são, simbolicamente, aspirações essenciais do inconsciente coletivo do reino. Cervantes explora muito esses aspectos para criticar também os costumes reais. Esses “delírios queixotescos” queixotescos” eram comuns na época da conquista. Colombo,

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por exemplo, teve grande êxito em suas navegações pelo fato de haver encontrado um novo continente, mesmo que inconscientemente, inconscientemente, pois morre sem saber do achado, acreditando apenas que tinha conseguido um novo caminho para as Índias. Quando chegou à região caribenha, interpretava à sua maneira todos os costumes e línguas dos indígenas, vendo só o que desejava ver e escutando apenas o que queria, chegava até a achar que os índios falavam certas palavras em sua língua.

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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UNIDADE

II

Indo para além da crítica social, Sérgio Buarque de Holanda (1995) afirma que a América, como um todo, é produto de uma conquista do “aventureiro”,

cabendo ao “trabalhador” papel muito limitado, “quase nulo”. Em se tratando da diferença da colonização portuguesa na América espanhola, o autor escreve o capítulo “O semeador e o ladr ladrilhador” ilhador”.. Nessa parte do ensaio, Holanda critica o desleixo dos portugueses para com a colônia, pois estes, tal como um semeador, realizavam suas tarefas sem uma organização necessária. Somente após encontrarem ouro no Brasil é que decidiram efetivar a colonização e explorar ao máximo as matérias-primas e mão-de-obra, o que acabou gerando diversas revoltas por exploração, seja por poder e/ou por reconhecimento social. Ainda assim, segundo Holanda, as construções das vilas e cidades não seguem um projeto colonizador, sendo formadas de acordo com a conveniência e, despro vidas de planejamento, seguem o curso dos rios e das minas. Mesmo com essa maior presença do Estado, os colonizadores buscavam lucros imediatos sem uma maior organização. Como você deve ter notado até aqui, Holanda (1995) defende a tese de que o processo de conquista e colonização na América orquestrada pela Espanha foi mais organizado se comparado com Portugal. Tal como “ladrilhadores”, os espanhóis costuraram a conquista e a colonização apoiando-se nas cidades como centro administrativo sistemático. sistem ático. No No Novo vo Mundo, os espanhóis tiveram como meta transplantar e consolidar as estruturas que compunham a organização social na Espanha para a América, desenvolvendo uma espécie de “nova Espanha”. Organizaram-se em cidades, construíram universidades e o ensino era basicamente cristão. Holanda (1995) argumenta ainda sobre a diferença da postura colonizadora dos países ibéricos na América. O autor cita que os espanhóis adotaram um método mais severo, s evero, possivelmente pelo fato de encontrarem encontrarem rapidamente muita prata e terem que organizar um sistema de controle mais rigoroso na extração. Depararam-se também com sociedades portadoras de estruturas mais complexas, que exigiram um maior controle e “mão forte” da Igreja com a Inquisição. Já os portugueses eram conservadores e prezavam pelo desleixo, pelo ócio, não pelo trabalho. Eram desprovidos de planejamento e não arquitetavam o futuro. Holanda faz essa distinção tratando com certo desprezo a colonização lusitana,

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A 

 t    .r  1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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pois, segundo ele, o que a sociedade sociedad e brasileira tem de malefícios é devido às raízes portuguesas perpetradas no país.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Em relação às altas culturas e o processo de conquista, podemos dizer que as regiões do México e do Peru eram estratégicas, pois p ois eram formadas por povos centrais e completamente completamente sedentários. Além do mais, essas áreas também abrigavam grandes depósitos de metais preciosos, mercadoria americana que tinha maior demanda na Europa da época. Dessa forma, essas duas regiões receberam a maior parte da imigração europeia do século XVI, seguidas da criação rápida de redes sociais, econômicas e instituciona institucionais is de estilo europeu, enquanto a imigração, para todas as outras áreas, era pequena e a mudança mais lenta até um período posterior. Por Por isso, para Schwartz e Lockhart (2002, p. 155), os espanhóis foram “os “os primeiros a levar a América a sério e, ppor or isso, foram eles que ocuparam o México e o Peru e que construíram estruturas complexas e de grande escala esc ala que atingiram a maturidade precoce bem antes do final do século XVI”. Nesse sentido, os autores concordam com Sérgio Buarque de Holanda, para quem os espanhóis teriam instalado toda uma estrutura colonial eficaz e produtiva. No entanto Schwartz e Lockhart (2002) vão ainda mais longe ao destacar que os espanhóis se empenharam no processo de conquista e colonização em lugares onde havia índios sedentários e riqueza mineral; todo o resto de seu território permaneceu abandonado, ainda mais que a América portuguesa. Em consonância com Schwartz e Lockhart (2002), por mais que a conquista

fosse um episódio espetacular, ela também contou com alguns componentes importantes, como o estímulo ao capitalismo comercial e de colonização permanente. Os grupos de conquistadores transmitiram os costumes de sua área de base para a nova área, onde se tornaram encomenderos mais antigos e poderosos, tendo o poder de impor sua vontade aos recém-chegados da Espanha. Ações como a fundação de grandes cidades e a instalação de jurisdições foram realizadas pelos conquistadores no curso normal de suas atividades. Por isso, para Schwartz e Lockhart (2002, (20 02, p. 156), “a conqui conquista sta não foi um hiato antes da colonização, mas parte integrante e vital da colonização colonização””, pois, ao mesmo tempo em que se descobriam e dominavam novos povos e terras, estabelecia-se estab elecia-se toda uma estrutura colonial, baseada no reconhecimento da soberania espanhola.

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

Em “Os mecanismos da conquista colonial: os conquistadores” (1973), o historiador Ruggiero Romano trabalha com as formas, a evolução e a herança da conquista hispanoamericana, se preocupando em demonstrar as estruturas segundo as quais tais acontecimentos se desenvolveram, se inter-relacionaram e que choques provocaram. Sem querer abraçar a “le “lenda nda negra”, negra”, o autor afirma com precisão que as formas, os métodos, as maneiras da conquista “não continham em si nenhum germe de desenvolvimen des envolvimento to positivo, pois estavam destinados a mais completa involução” involução” (ROMANO, 1973, p. 12), cujas consequências teriam afetado tanto vencidos quanto vencedores. Nesse sentido, Romano difere de Serge Gruzinski (2003) (ver a indicação de livros ao final desta unidade), para quem, a conquista não deve ser vista como uma luta entre “perdedores” e “vencedores”, mas como um processo de “trocas culturais”, em que houve contribuição e participação tanto de indígenas quanto de espanhóis.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A 

 t    .r  1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

A “leyenda “leyenda negra” (lenda negra) da conquista da América Hispânica foi inaugurada pelo Frei Bartolomé de Las Casas, que, na primeira metade do século XVI, lutou contra o modo pelo qual os indígenas estavam sendo tratados pela administração colonial. Os escritos de Las Casas denunciavam as atrocidades dos conquistadores contra os índios e encontraram grande eco entre os opositores do colonialismo praticado pela Espanha no continente americano. Fonte: a autora.

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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Para Romano (1973, p. 79), a vitória dos espanhóis em

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e

relação aos indígenas vai além de explicações psicológicas, de superioridade bélica e até mesmo do uso de cães especialmente especialme nte treinados para eliminar o inimigo. Segundo o autor, esquece-se muito facilmente o fato de que os espanhóis ao se baterem con03: Pintura de Teodor de Bry (1528-1598) inspirada nos tra grandes exércitos puderam Figura relatos de Bartolomé de Las Casas contar com a ajuda de numerosos “colaboradores”. Assim, por exemplo, a vitória de Cortés sobre Montezuma (e o “império” mexica (como também eram chamados os astecas)) só pode ser compreendida se lembrarmos da aliança do conquistador com o chefe dos laxtaltecas, inimigos tradicionais tr adicionais dos mexicas.

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   s    s    e    r    g    n    o     C     f     O    y    r    a    r     b     i     L   −     C     O     L     ©

Figura 04: O encontro entre Cortés e Montezuma (Artista Desconhecido − século XVIII)

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O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

Além do mais, Romano (1973) (1973 ) pondera que a falência da d a religião indígena ajudou na disseminação do cristianismo. Alega ainda que a descrença da religião indígena tornou-se um fato consumado e foi facilitada na medida em que, para os nativos, a autoridade religiosa e a autoridade política estavam frequentement f requentementee confundidas em uma mesma pessoa física, acarretando a queda do poder leigo, leigo, o desmoronamento desmoronamen to do ppoder oder religioso e dos valores que este representava, muito embora o autor reconheça que a penetração da nova religião tenha ocorrido de “maneira formal e superficial”. Muitas vezes, como apregoa ele, a religião resultou em fracasso, pois, em vários casos, utilizou-se a violência na evangelização.   Portanto, na visão de Romano (1973), o que constituiu o quadro dos elementos perturbadores da conquista foram a carga tributária, a desordem e a injustiça. Concordando com Alonso de Zorita (pequeno colonizador fracassado de fins do século XVI), esse autor diz que para uma melhor exploração dos índios, teria sido preciso não quebrar a sua ordem: não os tirar de seu meio natural, de seu ritmo de trabalho t rabalho e de sseus eus critérios de alimentação. Para o auto autorr, não podemos conceber aculturação como algo que fez parte da d a conquista, pois, nesse caso, não houve um encontro, mas um choque entre dois d ois mundos muito diferentes. Quando as diferenças são grandes demais, ao nível da organização política, social e econômica, no plano da “cultura material, ao nível cosmogônico etc., não se s e dá aculturação, mas somente a predominância de uma cultura sobre a outra” outra” (ROMANO, 1973, p. 22). Nesse senti sentido, do, para Romano, a conquista

é na realidade um mecanismo extremamente e xtremamente complexo, no qual, em pro proporções porções distintas, entraram em combinação alguns elementos (psicológicos, proféticos, superioridade bélica, epidemias, sobrecarga de trabalho ao nativo etc). O autor supracitado destaca também a herança negativa deixada pela conquista. Citando acontecimentos envolvendo brancos e índios no século XX – quando, em 1969, três antropólogos escandinavos denunciavam inutilmente às Nações Unidas a exterminação de índios do Peru, da Venezuela Venezuela e da C Colômbia olômbia – ele quer mostrar que certas constantes que existem na América do século XVI persistem até o momento em que ele escreve (década de 1970), inclusive de maneira até mais enriquecida. Não se trata, segundo o autor autor,, de identificar os brancos como “malvados” e os índios í ndios como os “bons”. “bons”. O problema para Romano (1973) não é o da bondade ou da maldade, mas do contraste entre forças de dois

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 t   r   . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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tipos de economia e, portanto, port anto, de sociedades estruturalmente distintas. A primeira falha no sistema de conquista, segundo o autor, autor, foi forçar rude-

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

mente os índios ao trabalho. Como consequência, o índio se recusa a trabalhar mais porque acha que não tem necessidade de produzir um esforço superior ao que está habituado a produzir “no quadro de sua civilizaçã civilizaçãoo ancestral” (ROMANO (ROMANO,, 1973, p. 24). O Estado, por sua vez, com o desejo exclusivo de satisfazer os interesses privados, oferece a possibilidade de reequilibrar a situação obrigando os índios a trabalhar traba lhar.. Outro mecanismo part particular icular,, portanto, o do endividamento endividamento,, foi posto em ação. Primeiro, para obrigar os índios a continuar a trabalhar, e depois, a labutar praticamente praticamente sem salário, uma vez que as dívidas, dívid as, em sua maioria, se não em e m sua totalidade, jamais são contraídas em dinheiro, mas em gêneros alimentícios. O endividamento se torna, assim, um instrumento de fixação a terra para uma importante massa de homens. Não era permitido afastar-se de uma zona determinada e nem mesmo prestar serviços a outro proprietário da mesma zona enquanto o índio estivesse endividado. O endividamento acabou por representar o caráter verdadeiro da economia imposta pelos descendentes dos conquistadores. Em suma, para o autor, a conquista lançou premissas de um sistema econômico do qual todos os defeitos, inconsistências e contradições ainda são sentidas s entidas atualmente. Em consonância com Marianne Mahn-Lot (1990, (1990 , p. 11), três t rês fatores favore favore-ceram a conquista da América espanhola: 1) os “traumas biológicos” biológicos” (em função

das doenças que os invasores trouxeram) e “mentais” (algumas civilizações, como os astecas e incas, apreenderam inicialmente os “brancos” como mensageiros de divindades, o que não tardou a ser desmistificado de modo violento); 2) a superioridade das armas (já que os espanhóis contavam com ““espadas, espadas, lanças, balestras, arcabuzes e cavalos” cavalos”,, e os nativos, por outro lado, não dispunham montaria e combatiam com “flechas e frondas”); 3) as “cumplicidades indígenas com o invas invasor” or”.. Indo mais além nessa questão, Héctor Bruit (1992), em seu capítulo intitulado “O visível e o invisível na conquista hispânica da América”, publicado em 1992, por ocasião o casião dos quinhentos anos da “descoberta “descoberta”” da América, afirma que a conquista, no seu sentido mais amplo de dominação total, de substituição de uma cultura por outra, de aculturação, de eliminação dos vencidos, não chegou

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

a realizar-se. Esse fracasso do vencedor vencedor,, o qual Bruit chama de ““oo processo invisível da conquista”, é representado pela questão da miscigenação, que permitiu o nascimento de uma nova sociedade, o que significa repensar que a conquista hispânica concretizou-se plenamente. plenamente. Dentre os objetivos dos colonizadores do século XVI, como civilizar os índios de acordo com os padrões peninsulares; evangelizá-los a fim de extinguir as religiões americanas; transformá-los em verdadeiros vassalos do rei e conseguir todo o metal precioso possível. De acordo com Bruit (1992), na prática, só o último objetivo foi alcançado, pois os outros se realizaram de forma precária. Esse relativo fracasso não pode ser visto apenas como obra dos conquistadores, segundo a ideia muito difundida de que só se preocuparam em extrair o ouro e explorar os índios. Muito se deve também a ação dos nativos, que opuseram diversas formas de resistência, resistência, como a militar e até mesmo no boicote em relação à comunicação verbal. Divergindo de Ruggiero Romano (1973), para Héctor Bruit (1992), o fator mais importante não é discutir se a conquista foi positiva ou negativa, se o colonialismo, em função da superioridade técnica, cultural, religiosa e política – o que pode ser s er questionado – foi uma forma de integração e comunicação entre e ntre os povos. É mais relevante, para o autor autor,, mostrar que mesmo conquistados e colonizados, os índios não perderam sua condição de agentes sociais ativos, capazes de inibir os valores impostos pelos vencedores. Desse modo, mo do, retira-se da análise a visão negativa projetada sob o indígena pela maior parte dos cronistas, a come-

çar por Bartolomé de Las Casas (1984). Assim, o eclesiástico espanhol esp anhol Francisco López de Gómara dizia que os índios eram preguiçosos e bêbados, visto que eles estavam também revelando uma forma de resistência à conquista. Em contrapartida, quando Las Casas (1984) afirmava que eram muito humildes e obedientes, obe dientes, querendo impedir o massacre, no fundo sugere que essa postura não era mais que um disfarce. Os índios, segundo Las Casas (1984), mentiam ao conquistador para defenderem-se; para p ara confundi-lo, simulavam obediência, ingenuidade e passividade. Isso ilustra, de acordo com Bruit (1992), o processo invisível na história da conquista, ou, parafraseando p arafraseando o autor autor,, a “dialética do visível e do invisível”” praticada ppelos sível elos indígenas.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A 

r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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Para Bruit (1992), os índios não foram tão pacíficos e obedientes, tal como retratados por Las Casas (1984). Na verdade, a destruição e a mortandade foi

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

resultado, dentre outras causas, de uma relação de guerra que se desenvolveu porque existiam combatentes de um lado e de outro. Porém, após essa fase de confrontos, os índios praticaram o que Bruit denominou de uma “resistência camuflada”. A primeira arma dessa resistência foi o silêncio. Desde a época do governador Bobadilla, na Hispaniola, os índios se negavam a falar com os espanhóis. A rainha Isabel ordenou ao governador que obrigasse os o s índios a conversar com os espanhóis. Por seu lado, Las Casas (1984, p. 157) se mostrou partidário do silêncio, alegando que “para viver, ser cristãos e de bons costumes, convinha que não conversassem com os espanhóis, primeiro pelos vexames, roubos e danos que sempre lhes fizeram (...); segundo, por suas obras más e desordeiras desordeiras””. Portanto, a conquista em seu sentido mais amplo, de dominação total, de aculturação e de uma eliminação dos vencidos, de acordo com Bruit (1992), não chegou a realizar-se. Mesmo derrotados, explorados, usurpados de suas terras, os nativos tornaram, até certo ponto, o processo de colonização instável. Para o autor, apesar da destruição e do genocídio, os índios ainda sobrevivem física e culturalmente, e a sua presença é, de algum modo, marcante em quase todas as sociedades do continente americano americano.. Partindo para as análises de documentos de época, representados inicialmente pelas cartas e relatos do navegador genovês Cristovão Colombo (1998), principalmente os diários da segunda viagem (1493-1496), e pelos relatos do chefe de expedição que dominou os astecas, Hernan Cortés (1985; 1996), escritos na primeira metade do século XVI, podemos po demos observar que ambos possuíam um objetivo de conquista das terras do novo mundo e da difusão da fé cristã, no entanto diferenciavam-se diferenciavam-se no modo, na escolha de prioridades e na competência de execução de seus respectivos objetivos. Em Colombo (1998), evidencia-se o deslumbramento diante das terras que encontrou e, desse modo, é compreensível certo sentido de preservação dos lugares, como quando afirma que os reis católicos não consentiam que naquelas terras viessem estrangeiros, salvo católicos cristãos, com o objetivo de preservar a natureza e o índio, inserindo este último, contudo, contudo, no projeto de cristianização.

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II

Colombo, ao contrário de Cortés, não lucrou em efetivar os seus objetivos. Prejudicou-se talvez pelo pioneirismo e pelas inúmeras possibilidades que as

terras americanas pareciam dispor (considerando-as um “paraíso terrestre”), tornando sua administração um tanto sobrecarregada.  udo udo somado, não manteve o prestígio adquirido na primeira viagem. Isso também pode ser compreendido pelo fato de Colombo ser se r genovês. Tendo Tendo em vista que a aversão ao estrangeiro e strangeiro na sociedade espanhola era uma marca profunda (como na perseguição aos judeus e muçulmanos) e que ia além da questão religiosa, é compreensível compreensível que, em um segundo momento, Colombo tenha sido desprezado pela Coroa. Já Cortés pôde ser mais efetivo que Colombo, embora tenha se beneficiado das descobertas anteriores. Dirigiu-se Dirigiu-s e à América Espanhola determinado a sobre viver pela p ela conquista e descoberta de ouro, metas ocultadas por uma suposta evangelização daqueles povos, circunstâncias que nunca foram de seu interesse. Nota-se que sua tentativa mais evidente de fazer prevalecer a fé cristã é questionável: narrou, em sua segunda carta (de 30 de outubro de 1520), que, na visita à grande mesquita, derrubou os ídolos astecas dos seus assentos e os fez descer por escada abaixo, limpando o lugar do sangue dos sacrifícios e mandando colocar imagens de Nossa Senhora e de outros santos (CORÉS, 1985). Na verdade, pelo relato de Bernal Dias de Castillo Castil lo (1998, p. 46), conquistador e cronista espanhol que o acompanhou durante a conquista dos astecas, Cortés apenas insinuou a Montezuma que os deuses ali expostos eram “cosas malas que se llal laman diablos...” e sugeriu fixar uma cruz e a imagem de Nossa Senhora em um oratório do templo. ais ais sugestões, aliás, foram logo rebatidas por Montezuma, que afirmou que seus deuses eram bons e lhe davam saúde e boas colheitas. odo o episódio, a mentira relatada ao rei Carlos V (que governou a Espanha de 1516 a 1556) é representativa da determinação de Cortés em vencer e con vencer a qualquer qualquer custo custo,, pois o su suposto posto ato de derrubar ídolos, lim limpar par o sangue dos sacrifícios humanos e cristianizar “bárbaros” demonstraria ao rei o quanto era válida a sua empreitada por aquelas terras e o fato de ele ser o chefe militar adequado para consumá-las.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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“Primeiro, porque estávamos lutando contra um povo bárbaro para espalhar “Primeiro, nossa fé; segundo, para servir a Vossa Vossa Majestade; terceiro, nós tínhamos que proteger nossas vidas; e por último, muitos dos nativos eram nossos aliados e nos auxiliaram” auxilia ram”.. Fonte: Hernan Cortés (1985).  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Se observarmos a descrição feita de Tenochtitlán, antiga cidade asteca, por Cortés (1985), veremos que sua visão de mundo traz, em essência, uma mentalidade de poder,, ligada a então recente formação da Espanha como país representant poder representantee da fé cristã e baseada na expulsão dos mouros do território espanhol, que deixam evidentes dois objetivos principais, os quais estão presentes em todas tod as as suas cartas: a conquista das terras americanas e a legalização legalizaç ão desse feito pelo rei espanhol. É explícita em seus relatos a descrição das conquistas das terras, visando o convencimento e, sobretudo, o apoio do rei nessa empreitada. Isso pode ser exemplificado quando Cortés (1985) fala dos templos astecas, chegando mesmo a compará-los às mesquitas muçulmanas e os deuses daqueles povos, à ídolos desencadeadores da barbárie e sacrifícios humanos. No pensamento de Cortés, as descrições de templos e ídolos, deslocadas para o universo das guerras santas medievais, promoveriam uma reação, um impulso, por uma nova expansão da fé cristã empreitada pela Espanha. O convencimento do rei pode ser captado também nas comparações que Cortés (1985) fez da d a cidade asteca com cidades espanholas: enochtilán enochtilán era tão grande como Sevilha e Córdoba; a mes mesquita quita principal possuía uma torre maior que a torre da igreja principal de Sevilha. Essas Ess as comparações provocariam talvez um medo pelo estranho, uma ameaça contra a grandeza da Espanha e a qual o rei Carlos V certamente cer tamente deveria combater. Ainda havia o ouro, a disponibilidade do metal e joias, prata e cobre também tinha a intenção de firmar o convencimento do rei pela facilidade e abundância de riquezas.

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

Por fim, havia o convencimento pela beleza da cidade, e Cortés não deixou de sugerir que a suntuosidade dos lugares era digna da realeza. Porém o aspecto

da beleza da cidade foi o menos considerado e não evitou a sua destruição, embora Cortés (1985, p. 67), em alguns momentos, lamente a destruição, como quando, na terceira carta, afirma que, para assustar os índios, “mandei pôr fogo nas suas casas e templos, embora isto me causasse grande pesar, pois em algumas dessas casas Mont Montezuma ezuma cultivava tod todas as as espécies de aves” aves”.. Cor Cortés tés (1985) caracteriza a capital dos astecas como uma rica cidade dominada por bárbaros. Uma cidade com características idênticas aquelas dos idólatras muçulmanos e, como estes últimos, deveria ser submetida à grandeza da Espanha e à fé cristã, representadas na figura do rei espanhol que manifestava o seu poder mediante o seu maior enviado, ou seja, o próprio Cortés. Cor tés. A descrição apresentada por Cortés (1985) confirma, entre outras coisas, a intenção da conquista pela desqualificação do nativo. A cultura asteca também é vista sobre a ótica da dominação a ser praticada e, dentro desse aspecto, tornou-se objeto de trama e questionamen questionamento. to. Um exemplo que ilustra essa questão foi o uso da profecia que previa a volta do Deus Quetzalcóatl, um dos quatro criadores do mundo. Cortés (1985), que foi confundido com o Deus, soube da perspectiva perspec tiva criada e usou essa agitação em seu benefício. Por fim, a própria cidade enochtilán foi pensada como uma forma de, mais do que legitimar, coroar o projeto da conquista, que se efetivaria na derrubada da cidade. A obra “Historia verdadera de la conquista de la Nueva España”, concluída provavelmen prov avelmente te em 1568, de Bernal B ernal Díaz Del Castillo (1998), testemunha os acontecimentos e exalta a figura dos soldados soldad os de Hernan Cortés, que conquistaram o México.. Bernal Diaz Del Castillo es México escreveu creveu seu livro como forma de reparar parcialidades publicadas na “Historia general de las Indias y conquista de México ”, do eclesiástico espanhol Francisco López de Gómara, em 1552. A obra de Gómara enaltecia Cortés e deixava de lado os soldados que o ajudaram na empreitada. Díaz del Castillo deu seu testemunho, desmentindo afirmações de Gómara, que classificava de exageradas. É importante ressaltar que tanto Cortés quanto Bernal Diaz del Castillo (1998) – que o serviu e relatou a conquista espanhola no México liderada por Cortés – acreditavam na predestinação para a conquista da região asteca, sem

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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descartar o sentimento de heroísmo nesse empreendimento. Mesmo servindo Cortés, Del Castillo (1998) diverge em vários pontos em relação às descrições

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feitas pelo chefe da expedição que dominou os astecas. Del Castillo (1998) (1998 ) apresen apresenta ta a lógica ddas as reações humanas diante de situações limites, expondo exp ondo que a ação dos espanhóis não foi tomada sem perplexidade. perplexidad e. Essa reação, aliás, foi sentida até mesmo por Cortés (1985), como no episódio da decisão sobre a prisão de Montezuma, momento em que percebeu o tamanho do atrevimento ao aprisionar o imperador asteca. Na realidade, segundo Del Castillo (1998), Cortés teria sido convencido da necessidade do enclausuramento do líder asteca por pressão de outros capitães que o acompanhavam. O relato de Bernal Diaz Del Castillo C astillo (1998) demonstra que Cortés não determinou sozinho o rumo da guerra e que algumas passagens, narradas nas cartas do conquistador, conquistador, foram inventadas, como a derrubada dos ídolos astecas na mesquita maior. maior. Aborda ainda que os espanhóis, inclusiv inclusivee Cortés, tinham simpatia por Montezuma, como descrito no trecho “esto digo que em aquel tiempo todos nosotros e aun el mismo Cortés, Corté s, cuando parábamos del delante ante del gran M Montezuma ontezuma le hacíamos reverencia com los bonestes de armas” (CASILLO, 1998, p. 134), o que torna mais incompreensível a destruição da cidade de enochtilán, enochtilán, ocorrida nos meses seguintes. s eguintes. Na verdade, o rela relato to de Bernal Dias Del D el Castillo (1998) termina por comprovar que o caminho da história não é feito, muitas vezes, por atos conscientes. A história se manifesta pelo imprevisí imprevisível vel (como a varíola, que

eliminou grande parte dos astecas), sendo s endo questionável atribuir a alguém o papel de protagonista de qualquer acontecimento acontecimento..

“Essa doença era desconhecida (...) e quando as varíolas atingiram os índios, foi tamanha a moléstia e tal a pestilência em toda a terra que, na maioria das províncias, metade da população morreu (...).” Fonte: Toríbio de Motolínia (1540).

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

Em contrapartida com Bernal Diaz Del Castillo (1998) (1998 ) e Hernan Cortés (1985), podemos notar em Bartolomé de Las Casas (1984), um frade dominicano que

relatou em vvárias relatou árias obras o processo de conquista, uma visão bastante diferenciada entre índios e espanhóis. “Brevisima relación de la destruición de las Índias Índias”” foi escrita por Las Casas, C asas, em 1542, provavelmente como reação reação ao fato de que nesse mesmo ano foram publicadas as “Leis Novas”, as quais, embora determinassem as restrições das encomiendas e a escravidão de índios, não agradaram plenamente o frade dominicano. Nessa obra, Las Casas (1984) descreve os espanhóis como cruéis e ambiciosos e os índios como seres simples e sem maldades. As conquistas do Novo Mundo são relatadas praticamente por um único prisma: o da destruição. O religioso buscou, por meio disso, afastar qualquer relação entre os indígenas dos bárbaros e escravos naturais, associando-os a exemplos expressivos expressi vos da perfeição divina. Essa crença permitiu com que Las L as Casas (1984) relacionasse o novo continente ao paraíso terrestre, os indígenas aos inocentes que habitavam habitavam as terras agra agradáveis dáveis e prazerosas e os espanhóis aos terríveis destruidores do paraíso descrito.

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A encomienda encomienda era,  era, em síntese, uma forma de trabalho compulsório indígena, realizado nas zonas rurais, no qual a força de trabalho era trocada pela evangelização. Devemos lembrar que naquela época a forma de trabalho escravo era proibida pela Igreja (para os não-negros). Ao receberem ensinamentos religiosos, a Igreja se contentava e dizia que eles estariam ganhando a cristianização em troca de seu trabalho. Fonte: SlidePlayer (online).

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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Nos relatos da “Brevíssima relação da destruição das Índias Índias””, frei B Bartolomé artolomé de Las Casas (1984) imprime certa homogeneidade nas descrições descriçõ es das novas terras,

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

dos indígenas, com destaque aos astecas e seus conquistadores. Os indígenas, independentemente da região em que vivem, apresentam sempre as mesmas características: não conhecem a guerra, recebem os espanhóis com muita felicidade, vivem em grande pobreza e não dão valor ao ouro nem aos bens materiais. As descrições paradisíacas das novas terras repetem-se ao longo da narrativa, estas sempre são descritas como férteis, com abundância de frutas, sempre s empre muito prósperas, além de clima ameno. Já os conquistadores são apresentados como cruéis, sem piedade e gananciosos pelo p elo ouro. Diferentemente do objetivo de Las Casas (1984) de exaltar e xaltar os nativos americanos, Cortés (1985) pretendia convencer o rei Carlos V a validar a sua investida militar no México, convencendo-o ainda de que ele, Cortés, era o homem adequado para completá-la. Assim, para que seu objetivo fosse aceito pelo rei, os relatos precisavam precisavam esconder a crueldade dos atos do conquistador (mui (muito to embora, em alguns momentos, ela tenha sido exposta) e ressaltar não o lado guerreiro, mas a possível glória da coroa espanhola em sua su a tentativa de expandir a fé cristã. Las Casas (1984), embora deixe claro nos relatos de horror e desumanidade em seus escritos, ao denunciar o extermínio dos índios, também acreditava na possibilidade de cristianização daqueles nativos como uma saída possível para a salvação daquelas almas.

“Os espanhóis, esquecendo que eles eram homens, trataram essas inocentes criaturas com crueldade digna de lobos, de tigres e de leões famintos.” famintos.” Fonte: Frei Frei Bartolomeu de Las Casas, O Paraíso Destruído (1552).

O Conflito de Culturas Entre Espanha e América Durante o Período Colonial

 

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II

Se compararmos Las Casas (1984) com Colombo (1998) notaremos que, para ambos, o índio americano possuía uma docilidade para a fé, uma alma pura, sem  violência − nem armas conheciam, afirmou Colombo, logo que os encontrou. No entanto, para Colombo (1998), o índio poderia ser inserido como escravo em um projeto de exploração econômica e conômica das Índias, embora a hipótese devesse de vesse ser aplicada apenas a supostos canibais (como os caraíbas). Essa possibilidade, sugerida aos reis espanhóis em sua segunda viagem para a América, seria ser ia inadmissível para Las Casas, não só pelo preceito cristão de respeito ao próximo, mas também por julgar que a natureza do índio era outra: algo delicado, não destinado ao trabalho.

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA HISPÂNICA: ECONOMIA, GOVERNO E SOCIEDADE O sistema colonial implantado na América Espanhola estava vinculado a uma economia de exportação. Os principais produtos comercializados estavam restritos à produção de gêneros tropicais ou metais preciosos, mercadorias de procura intensa no mercado europeu. Cada região da América Hispânica destacava-se por fornecer produtos tropicais diversos. O México, por exemplo, fornecia a cochonilha e o açúcar açú car a partir do século XVI. A América Central, sobretudo a região de El Salvador, disponibilizava o anil. Desde fins do século XVI, o algodão passou a ser cultivado na costa peruana e em algumas áreas do continente. No século XVIII, as Antilhas, principalmente Cuba, especializaram-se na produção açucareira. Durante esse mesmo período, aumentaram as exportações do cacau da Venezuela e do tabaco t abaco da Colômbia para os portos espanhóis. Um fator fator de peso durant durantee o período colonial foram os metais preciosos oriundos de diversas regiões da América Hispânica. O ouro foi extraído das Antilhas até 1530, em partes da Venezuela, no Peru, no Chile e em algumas minas da Colômbia. Muito embora o ouro tivesse um valor de mercado maior, o metal

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mais produzido na América Hispânica, desde meados do século XVI, foi a prata. Os dois polos principais de extração foram o México e o Peru, regiões que se

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tornaram essenciais na manutenção do sistema colonial hispano-americano. É importante ressaltar que a economia colonial da América Hispânica não ficou restrita à produção exportadora. Havia, internamente, a necessidade de manutenção da população local. Nesse sentido, existiam núcleos subsidiários ligados à produção de mantimentos e criação de gado. No caso da América Espanhola, tal produção era facilmente encontrada em comunidades indígenas localizadas na região andina e no México. Esses povoados se destacaram como núcleos de abastecimento, sobretudo durante o século XVI. O emprego da mão-de-obra perpassava diferentes modalidades, quais sejam: servidão pessoal, escravidão plena e, em menor medida, o trabalho livre. As diferentes formas de trabalho compulsório (servidão pessoal, pesso al, escravidão plena, dentre outras) foram as mais utilizadas por conta da própria logística do sistema colonial. Assim, uma das principais atitudes dos espanhóis, e spanhóis, ao submeter as populações autóctones aos seus interesses, foi explorar o trabalho desses nativos. Nas Antilhas e em outras áreas cujos habitantes pertenciam a grupos nômades ou seminômades, a providência tomada foi a escravização dos índios. Nas regiões centrais (Andes e Meso-América), houve a adaptação à economia de mercado de tributos praticados até então, já que, nessas áreas, o nível de organização das comunidades agrícolas se apresentava de forma mais elaborada. Nos

locais onde a população nativa foi praticamente dizimada ou a densidade demográfica era menor antes da conquista, os colonizadores espanhóis implantaram a escravidão africana, afr icana, caso a região apresentasse atributos comerciai comerciais. s. Você deve ter notado, conforme exposto anteriormente, que a organização socioeconômica da América Hispânica variou de acordo com os recursos naturais disponíveis em cada região e em consonância com os grupos g rupos populacionais que foram acometidos pela conquista. Em razão dessa diversidade, iremos nos concentrar nas áreas mais complexas e que se configuraram como centros do império colonial espanhol: a Meso-América e os Andes And es centrais.

A Colonização da América Hispânica: Economia, Governo e Sociedade

 

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Dentre as estruturas socioeconômicas que se desenvolveram na América Hispânica, é inegável que a mais relevante e, portanto, lucrativa, foi a mineração, principalmente a extração da prata. T Tal al atividade impulsionou a colonização de forma a expandi-la no espaço, seja por meio da construção de cidades ou da diversificação da economia colonial. Pode-se dizer que, a princípio, a economia mineradora da América Espanhola não estava baseada integralmente na propriedade privada, pois todo o território era considerado domínio da Coroa hispânica. O sistema de ocupação para fins produtivos dessas terras estava estava baseado em concessões perp perpétuas étuas realizadas pelo poder régio a investidores mineiros. Estes, por sua vez, se localizavam em diversos setores sociais, podendo ser o rei e funcionários do primeiro escalão até grupos de colonos compostos por homens simples e índios. A partir part ir de fins do século XVI, a exploração mineradora exigiu uma tecnologia capaz de concentrar e aprofundar as escavações. Dentre os mecanismos que mais lograram êxito no processo de extração da prata, está a introdução do amálgama de mercúrio. Esse sistema, porém, resultou na hierarquização entre os mineradores, ou seja, os pequenos e médios méd ios produtores de metais vendiam o minério explorado de suas minas para os empresários de grande porte, os quais monopolizavam o processo do amálgama. A extração da prata era controlad controladaa de forma mais intensa pelo capital comercial, isso significa que sua produção era, geralmente, direcionada para a Europa, sobretudo Espanha e, posteriormente, drenada para outros centros financeiros europeus. Além disso, a Coroa Hispânica cobrava, na forma de imposto, 20% de toda a produção de prata (o quinto). Apesar de a extração da prata ser um dos vetores da economia colonial hispano-americana, é importante ressaltar que não foi o único. No setor agrícola, por exemplo, predominaram dois sistemas diferenciados: a hacienda e a comunidade indígena. Apesar de coexistirem durante todo o período colonial, houve a predominância da primeira em relação à segunda, sobretudo para manter o abastecimento na medida em que as comunidades indígenas declinavam. A agricultura nativa carregou o quanto pôde a dupla tarefa da economia colonial, que exigia os mantimentos para o abastecimento interno. Sem trabalhadores, a agricultura aldeã sucumbiu e se deslocou do mercado mantendo-se apenas para

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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a subsistência. Em meio a esse processo, a hacienda assumiu a função de abastecedora monopolizando a unidade de produção da colônia. De forma geral,

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pode-se dizer que a hacienda abrigava diversos tipos de produção, desde uma agricultura de subsistência até um subsistema de agricultura/criação vinculados a mercados locais. Em síntese, podemos dizer que a hacienda foi uma unidade produtiva que atendia aos interesses do mercado. Dessa forma, era responsável pela produção de mercadorias para o consumo local. Algumas vezes sua produção destinava-se a produtos exportáveis, export áveis, como o aç açúcar úcar.. Em consonância com V Vainfas ainfas (1984, p. 60), a hacienda foi uma importante ferramenta de “monopolização fundiária fundiária”” e simbolizou “uma solução socioeconômica para o desequilíbrio entre a oferta de terras (abundante) e a oferta de trabalho (escassa) capaz de garantir a disponibilidade de mão-de-obra para o conjunto da economia colonial” colonial”.. Além disso, convém frisar que a mineração foi responsável pelo surgimento de relevantes núcleos de produção artesanal e manufatureira. A economia colonial hispano-americana era composta por várias formas de trabalho, dentre as quais: o trabalho compulsório na maioria dos casos e, de forma reduzida, o trabalho livre e assalariado, caso aplicado a alguns setores especializados (a exemplo dos mestres do açúcar e técnicos do amálgama), e a certos núcleos artesanais urbanos, e a atribuições intermediárias de administrador ou feitor (mayordomo).

No que se refere ao trabalho escravo, é importante frisar que essa modalidade não foi utilizada por longos períodos, sendo adotada apenas durante o “ensaio antilhano”, em princípios do século XVI. A escravidão indígena foi um recurso utilizado em regiões habitadas por “índios bravos” bravos” (a exemplo dos araucanos e chichimecas) que eram reduzidos à escravidão quando eram capturados. c apturados.

A Colonização da América Hispânica: Economia, Governo e Sociedade

 

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II

Em outro caso, a escravização do gentio era utilizada quando este revelava um comportamento rebelde, não aceitando, por exemplo, a doutrina cristã imposta pelos colonizadores. Nesse caso, o índio era submetido à escravidão por meio da “guerra justa” justa”, uma das únicas maneiras de legitimar legiti mar a escravid escravidão ão indígena, já que desde cedo a Coroa e a Igreja optaram pela condenação de tal modalidade de trabalho aplicada aos ao s nativos. Entretanto é importante ressaltar que tal política obteve êxito pelo fato de já existirem sistemas de extração do sobretrabalho aldeão sem recurso a escravidão nos núcleos centrais (região do México, América Central e Andes). A escravidão africana, por sua vez, se manteve presente em diversas áreas, sobretudo em partes do Peru, V Venezuela, enezuela, Cuba, Colômbia, ddenentre outras regiões. De acordo com Ciro C iro FF.. Cardoso (19 (1975, 75, p. 79), durante todo o período em que vigorou o trabalho africano, afr icano, a América Espanhola recebeu apenas 1/15 dos escravos es cravos enviados para as colônias.

“Ensaio antilhano” é um termo que se refere ao modelo espanhol implantado por Cristóvão Colombo, em 1492. Fonte: a autora.

Um dos sistemas de trabalho adotado pelos colonizadores espanhóis foi a encomienda. Criada no período da Reconquista Ibérica, a encomienda é genuinamente uma instituição hispânica que sofreu mudanças ao ser s er implantada nas colônias. No caso da América Espanhola, Esp anhola, tal prática foi regulamen regulamentada tada no século XVI entre os povos sedentários. De forma geral, a encomienda consistia no processo de divisão das aldeias entre os conquistadores, os quais passaram a explorar o sobretrabalho dos nativos sem, entretanto, condicioná-los à escravidão. Normalmente, os encomendeiros exigiam impostos em gêneros ou em prestações de trabalho, mas, na maioria dos casos, não tinham direito à terra dos índios. Essa relação entre os encomendeiros e as aldeias era estabelecida graças à intermediação das chefias comunitárias. Todavia, Todavia, durante o século XVI, a Igreja e a Coroa se posicionaram

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O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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contra a encomienda, impedindo as prestações de trabalho e submetendo as aldeias ao controle da administração colonial.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A decadência da encomienda, na segunda metade do século XVI, foi acompanhada pela alteração das aldeias indígenas, colocando-as na condição de “corregimientos de índios”, situados próximos às minas e cidades. ais comunidades passaram a ofertar mão-de-obra por meio de outro sistema, denominado repartimiento. De acordo com essa metodologia de trabalho, cada comunidade iria ofertar, de tempos em tempos, uma quantidade de trabalhadores para se dedicarem a atividades coloniais. Em consonância com Vainfas (1984, p. 62), “pelo trabalho no repartimiento, cujo tempo variava de semanas a meses, os índios deveriam receber um salário, parte do qual obrigatoriamente em moeda (ou metal) a fim de que pudessem pagar o tributo régio” (VAINFAS, 1984, p. 62-63, grifo nosso). Embora variasse de uma região a outra, pode-se pode-s e afirmar que o repartimiento  transformou-se na forma de trabalho predominante na América Hispânica até meados do século XVII, principalmente na mineração. Outra prática utilizada, sobretudo na hacienda, foi a peona  peonaje je, sistema pelo qual os trabalhadores criavam uma dívida no armazém da propriedade a fim de retê-los nela. As contas eram controladas de forma a torná-las iliquidáveis, ficando o trabalhador obrigado a pagar com o seu trabalho. Assim, as relações de trabalho t rabalho atuantes na América Hispânica eram múlti-

plas e complexas, agregando formas formas tributárias, práticas frágeis de assalariamento assal ariamento no sentido de sujeitar pessoalmente os trabalhadores, tr abalhadores, criando, em alguns casos,  vínculos que mais se aproximavam aproximavam da ““servidão” servidão”..

A Colonização da América Hispânica: Economia, Governo e Sociedade

 

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UNIDADE

II

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA: ECONOMIA, GOVERNO E SOCIEDADE A América Inglesa, composta pelo Canadá e Estados Unidos, foi colonizada pelos ingleses em princípios do século XVII, muito provavelmente com a fundação da colônia de Virgínia. Com essa informação, você pode refletir sobre a premissa de que os ingleses não foram os pioneiros na América. Além disso, de modo distinto da colonização portuguesa portugue sa e espanhola no Novo Mundo, Mundo, a Coroa não foi responsável pela colonização, pois esse trabalho foi articulado por particulares e pelas Companhias de Comércio. Por isso isso,, para Le Leandro andro Karnal, Sean Purdy,, Luiz E Purdy Estevam stevam Fernandes e Marcos Viníc Vinícius ius de Morais (KARNAL, 2007, p. 35), ao contrário da América Ibérica, houve na América Inglesa “uma colonização de empresa, não de Estado”. Mas o que levou os ingleses a aceitarem abandonar sua terra de origem e se aventurarem a ocupar regiões que mal conheciam? É importante destacar que, nesse momento, a Inglaterra passava por crises cri ses conjunturais: por um lado, as perseguições políticas e religiosas e, de outro, as implicações da expropriação dos camponeses, um processo que ficou conhecido como “cercamentos”. Diante da intensificação das perseguições religiosas do século XVI e os encalços políticos do século XVII, momento em que figuraram conflitos entre o Parlamento e os reis Stuart, os ingleses viram vi ram o fato de migrarem para a Amé América rica como uma das alternativas. A prática dos cercamentos e a situação de miséria instalada em razão desse dess e processo apenas agravou o cenário caótico da Inglaterra seiscentista. al al fenômeno resultou na expulsão e confisco de terras do campesinato inglês, fator que os levou a migrarem forçosamente para a América em busca de melhores condições de vida. O processo de migração de ingleses para o Novo Mundo serviu de combustível para fomentar a colonização na região setentrional do continente. Quanto à organização do sistema colonial na América Inglesa, existem divergências na literatura especializada especializad a sobre o assunto. Alguns historiadores falam na organização de três áreas principais (as colônias do norte, centro e sul), ao passo que outros insistem na existência de duas regiões colonizadas de forma distinta (as colônias do norte e sul). Vamos aqui optar pela segunda interpretação.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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Mapa 04: Distribuição geográfica das treze colônias inglesas na América Fonte: Wikimedia Commons (online).

As colônias do norte são: Pensilvânia, Nova Jersey, Nova York, Delaware, Connecticut, Rhode Island, Massachussets e Nova Hampshire. As colônias do sul, por sua vez, são classificadas classific adas na seguinte ordem: Maryland, Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia. Ge órgia. As colônias do norte foram destinadas ao povoamento de refugiados enquadrados nos casos citados anteriormente. Essa região, banhada pelo Oceano Atlântico,, apresenta o clima temperado, similar ao europeu. ais características Atlântico facilitaram o desenvolvimento de um núcleo de povoamen p ovoamento to baseado na policultura de subsistência e no mercado interno, já que não foram encontrados metais preciosos e nem produtos agrícolas em abundância para o mercado europeu.

A Colonização da América Inglesa: Economia, Governo e Sociedade

 

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UNIDADE

II

O trabalho familiar, concentrado em pequenas propriedades, foi predominante. Alguns cereais, como o milho, foram cultivados por esses grupos. Além disso, na região setentrional s etentrional dessas colônias, mais conhecida como Nova Inglaterra, desenvolveu-se uma produção de navios significativa. Esses estaleiros foram bem sucedidos em razão da abundância de madeiras existentes na região e tais grupos familiares confeccionavam embarcações embarcações destinadas aos mais diferentes fins, bem como para o comércio triangular (KARNAL, 2007, p. 47).

Ficou curiosointerligava para sabertrês o que foi o comércio triangular? Saiba que tipo de comércio pontos que envolviam um conjunto deesse interesses e negociações entre África, América e Europa. Fonte: a autora.

No caso das colônias do norte, o comércio triangular era muito utilizado na compra de cana e melado das Antilhas, os quais seriam transformados em rum. al bebida era transportada para a África por p or meio de embarcações provenientes da Nova Inglaterra. Nesse continente, era usualmente trocada por escravos. Esses cativos eram comercializados pelos proprietários de terras das Antilhas e Colônias do Sul. Seguido desse dess e processo de venda de mão de obra escrava, novamente os navios retornavam para a Nova Inglaterra carregados de melado e cana para a produção de rum. al comérc comércio io envolvia geralmente a Europa para onde rumavam os navios com açúcar das Antilhas, os quais retornavam com produtos manufaturados manufaturados para se serem rem comercializados nas colônias inglesas na América (KARNAL, 2007, p. 47). Além dessas atividades, as Colônias do Norte adotaram a pesca para p ara complementar a economia local. Localizadas Localizad as próximas a um dos maiores pesqueiros do mundo (erra (erra Nova), tais colônias tiveram condições de explorar fart fartamente amente as atividades pesqueiras bem como a venda de peles, as quais eram adornos fundamentais nos vestuários da época, épo ca, além de proteger do rigoroso inverno europeu.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

O PERÍODO COLONIAL NA AMÉRICA HISPÂNICA E SAXÔNICA

 

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Em termos políticos, a região da Nova Inglaterra se mostrou bastante organizada, apresentando governos com larga participação p articipação popular. Mesmo com as

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

proibições da população, cada colônia possuía relativa autonomia e chegaram a construir pequenas manufaturas, além de realizarem o comércio entre outras regiões que não fossem a metrópole e não possuíam o seu aval. De forma distinta, as colônias do sul desenvolveram uma economia mais condizente com os interesses europeus. Desde cedo, cultivaram o tabaco e o fumo, sendo que o primeiro exigia uma expansão agrícola contínua, tamanha a sua capacidade de esgotamento do solo. Muito embora a mão de obra servil branca fosse muito utilizada no século XVII, é fato que o aumento da área de tabaco exigiu um número significativo de mão de obra escrava (KARNAL, 2007, p. 49). Como consequência, a sociedade ficou marcada por ampla desigualdade e resistiu mais ao pensamento de independência por estar vinculada a interesses externos, isso porque p orque os latifundiários meridionais temiam que uma ruptura com a Inglaterra significasse um corte com a sua estrutura econômica. Era comum algumas pessoas reafirmarem a dependência das colônias do sul com a Inglaterra, como no fato de que quase todas as roupas eram provenientes de lá, mesmo o sul sendo o grande responsável por produzir linho e algodão. Outras, por sua vez, não escondiam o espanto de que mesmo a região sendo rica em madeira houvesse a importação de cadeiras, bancos e cômodas (KARNAL, 2007, p. 49).

As colônias centrais estariam mais vinculadas à agricultura, agri cultura, com enfoque na produção de cereais e, assim como c omo o norte, desenvolveram pequenas propriedades e manufaturas. Essas colônias surgiram posteriormente, já que, a princípio, esse território era utilizado para separar as colônias do norte e do sul. Dentre essas, podemos destacar a Pensilvânia, fundada pelos quackers, um grupo que surgiu após a Reforma e que se baseava na igualdade entre homens e eram contrários a toda e qualquer forma de violência, sobretudo as guerras. Em função dessa plêiade de ideias, os quackers sofreram perseguições perseguiçõ es diversas na Inglaterra e viram na América uma forma de fugir da violência. Como um dos grupos que surgiram após a Reforma, suas ideias voltadas para, afator igualdade os homens, se opondo a qualquer tipo deestavam ttratamento ratamento coercivo coercivo, que lheentre renderam inúmeras perseguições na Inglaterra.

A Colonização da América Inglesa: Economia, Governo e Sociedade

 

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UNIDADE

II

De forma distinta dos ingleses, a colonização francesa fr ancesa na América ocorreu de forma tardia, ficando restrita, em um primeiro momento, a viagens e conquistas. Apesar de os franceses se fazerem presentes na América Améric a ao longo do século XVI, tal ação não significou uma atitude sistemática e precisa desenvolvida pela Coroa. A sua atuação no Novo Mundo estava mais restrita à participação de corsários e aventureiros, aventureiros, como em incursões na América do Norte e em outras regiões ao sul da América, a exemplo de ocupações de parte do litoral brasileiro no intuito de encontrar pau-brasil e em algumas visitas mais ousadas, como quando tentaram fundar a chamada França Antártica, Antárt ica, no Rio de Janeir Janeiro, o, em 1555. Outra tentativa de inaugurar uma colônia francesa na América do Sul ocorreu no século XVII, quando implantaram a França Equinocial ou Equatorial, no Maranhão, de onde foram expulsos. Foi somente nesse mesmo século, sécu lo, durante o reinado de Luís XIII e de seu primeiro ministro Richelieu, que a colonização da América pelos franceses assume um caráter mais incisivo. A ocupação do Canadá e de algumas ilhas da América Central, a exemplo de Guadalupe, Haiti e Martinica, sinaliza a fase decisiva da colonização francesa no Novo Mundo (MORON, (MOR ON, 1989, p. 9). No Canadá, os ffranceses ranceses se dedicaram à prática de uma agricultura de subsistência e ao comércio de peles, com ampla procura no mercado europeu. Nas Antilhas, por sua vez, a produção açucareira tornou-se a base da economia de exploração e gerou uma substancial acumulação de capitais, principalmente por utilizarem a mão de obra escrava africana. ais conquistas, porém, não ppermaneceram ermaneceram por muito tempo nas mãos dos franceses. A rivalidade com os ingleses aumentou de forma significativa e esse fator conduziu os franceses a perderem Martinica, Guadalupe e o Canadá, em função da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), para os britânicos. Das colônias francesas na América, restaram somente o Haiti, a Guiana Francesa e a Luisiana (parte central da América do Norte, mas que foi vendida aos norte-americanos no século XIX).

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Você sabia que a Guerra dos Sete Anos foi uma série de conflitos internacionais, ocorridos entre 1756 e 1763? Esses confrontos envolv envolveram eram diversos reinos europeus e também se estenderam para as colônias da Ásia, África e América do Norte. O atrito que resultou nesse evento bélico foi liderado por dois blocos: de um lado, os franceses e seus aliados (Reino da Suécia, Reino da Saxônia, Reino da Espanha, Reino de Nápoles, Ducado de Württemberg, Império Austríaco e Império Russo); por outro lado, liderados pela Inglaterra, estavam o Reino da Prússia, Reino de Portugal, Reino de Hanôner, Ducado de Brunsvique e Estado de Hesse-Cassel. Fonte: a autora.

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Pelo o que você viu até aqui, pôde notar que a colonização inglesa na América desenvolveu-se à parte da Coroa britânica. As treze colônias gozavam de um grau de independência considerável entre si, estando cada uma delas, também, t ambém, autônomas, em certa medida, da metrópole. Conforme salientamos, a colonização ocorreu a partir da iniciativa privada, o que explica o desenvolvimento de um elevado grau administrativo, econômico e político, caracterizado, sobretudo, pela ideia do autogov autogoverno. erno.

A Colonização da América Inglesa: Economia, Governo e Sociedade

 

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UNIDADE

II

CONSIDERAÇÕES FINAIS Na segunda unidade, estudamos a conquista e a colonização colonizaç ão da América Hispânica e Saxônica durante o período compreendido, “grosso modo”, entre os séculos XVI e XVIII. O assunto analisado teve como objetivo a conscientização dos d os processos de conquistas e da formação de estruturas coloniais que se firmaram na América. Quase sempre ouvimos ou lemos em noticiários e periódicos diversos temas vinculados  vinculados  a esse período, seja no âmbito de descobertas científicas ou nos mais diversos setores de atuação da vida social, mediante as quais se torna necessário lançar um olhar crítico. Foi possível notar que vários países americanos experimentaram, ao longo de sua trajetória histórica, processos socioeconômicos e políticos semelhantes, apesar das singularidades pertinentes a cada processo. A América se apresenta dessa forma: terra de contrastes, contestações e antagonismos que se desenvoldes envol veram de norte a sul. Você pôde conhecer as múltiplas versões da conquista e colonização da América Espanhola, seja por meio da produção especializada mais recente ou pela utilização de documentos de época. Posteriormente, trabalhamos a estrutura socioeconômica e política da América Hispânica, recorrendo-se, para isso, a uma abordagem voltada para as diferentes formas de relações de trabalho desenvolvidas entre espanhóis e nativos. nativos. Por fim, foi analisada a estrutura sociosocio econômica e política da América Inglesa. ais informações são relevantes para compreendermos a formação socioeconômica e política atual dos países que compreendem compr eendem tais regiões. As nações que formam, nos dias de hoje, as regiões conquistadas e colonizadas pelos espanhóis e ingleses possuem uma singularidade própria, mas que encontra raízes no passado. al fato nos permite compreender porque existem diferenças culturais, sociais, econômicas e políticas tão gritantes no continente americano. Em muitos casos, como o de algumas regiões da América Espanhola, é possível notar que os laços de colonização não foram efetivamente apagados.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   .

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Bartolomé de las Casas e a simulação dos vencidos: ensaio sobre a conquista hispânica da América (...) seria possível um comportamento tão passivo, tão destituído de caráter, tão servil, por parte dos ameríndios, perante a invasão de seus territórios? (...) Em outras palavras, a imagem acerca dos índios contém duas vertentes ver tentes aparentemente contraditórias, mas que se juntam numa concepção surpreendente do processo histórico da conquista. Por um lado, os índios aparecem derrotados e conquistados com relativa facilidade, e sua passividade lhes tira a condição de sujeitos ativos e centrais do processo,, ficando assim fundada a ideia de que o processo social do continente, já desde processo o início de sua modernidade, foi feito pelas minorias. No entanto a ideia da simulação nos apresenta uma maioria que age por vias diferentes das comuns, que resiste silenciosamente à dominação e acaba distorcendo o processo como um todo. (...) Dessa maneira, podemos recuperar, como formas históricas da resistência indígena à invasão, fenômenos sociais como a embriaguez, a indolência, a mentira etc. O que mais chama a atenção em todo esse processo da conquista americana é a atitude dos indígenas em relação ao cristianismo. Documentos diversos atestam que os índios simulavam ser cristãos por meio dos significados das formas, rituais e gestos da nova religião, mas no fundo a simulação lhes permitia encobrir suas crenças idolátricas (...). (.. .). Como defensor dos índios e denunciante das atrocidades dos conquistadores, frei Bartolomé de Las Casas desenvolveu a imagem da “destruição das Índias”, que era produto da preocupação do frade com o futuro da sociedade que se organizava: a nova sociedade começava distorcida, prenhe de desequilíbrios e de injustiças, carente dos mais elementares direitos. Com exceção de Las Casas, no século XVI prevaleceu a visão otimista da conquista: acreditava-se que a nova sociedade era inteiramente benéfica para os aborígenes, pois se partia da premissa de que a civilização europeia era superior à civilização americana. O importante era o resultado final, a propagação de valores cristãos e a organização de uma sociedade alicerçada nesses valores. Fonte: adaptado de BRUIT, H. H. Bartolomé de las Casas e a simulação dos vencidos : ensaio sobre a conquista hispânica da América. Campinas, SP: Editora da Unicamp; São Paulo: Iluminuras, 1995, p. 14-17, 55.

 

1. Durante o texto, você deve ter notado que existem múltiplas interpretações sobre a conquista da América Espanhola. Estabeleça uma comparação do olhar da conquista feita por Hernan Cortés, Bartolomé de Las Casas e Cristóvão

Colombo. 2. Uma das principais estruturas socioeconômicas que se desenvolveram na América Hispânica foi a mineração, principalm principalmente ente a extração da prata. A partir dessa assertiva, descreva sobre a economia mineradora na América Espanhola. 3. A organização do sistema colonial da América inglesa estava baseada na existência de duas regiões colonizadas de forma distinta (as colônias do norte e sul). Com base na leitura desta unidade, analise a estrutura socioeconômica de cada uma dessas áreas. 4. A encomienda foi um dos sistemas de trabalho adotado pelos colonizadores espanhóis na América. De forma geral, a encomienda tinha como objetivo: a) A divisão de cidades e vilas entre os conquistadores, os quais passaram a explorar a mão de obra escrava do nativo. Normalmente, os encomendeiros encomendeiros exigiam  exigiam impostos em trabalhos pesados e, na maioria dos casos, tinham direito à terra dos índios. b) A divisão de grupos de indígenas entre os conquistadores, os quais passaram a explorar o sobretrabalho dos nativos sem, entretanto, condicioná-los à escravidão. Normalmente, os encomendeiros encomendeiros exigiam  exigiam impostos em dinheiro e, na maioria dos casos, tinham direito à terra dos índios. c) A divisão de trabalhos entre os conquistadores, os quais deixaram os nativos livres, sem submetê-los a qualquer contrato de trabalho ou servidão. Normalmente, os encomendeiros encomendeiros trabalhavam  trabalhavam por conta e tinham direito à terra dos índios. d) A subtração das terras dos nativos e a sua distribuição aos colonizadores espanhóis. Em relação aos nativos, os encomendeiros encomendeiros exigiam  exigiam impostos em gêneros ou em prestações de trabalho e tinham direito às suas terras. e) A divisão das aldeias entre os conquistadores, os quais passaram a explorar o sobretrabalho dos nativos sem, entretanto, condicioná-los à escravidão. Normalmente, os encomendeiros encomendeiros exigiam  exigiam impostos em gêneros ou em prestações de trabalho, mas, na maioria dos casos, não tinham direito à terra dos índios. 5. No processo de colonização da América Inglesa, a Coroa não foi responsável pela colonização, pois esse trabalho foi articulado por particulares e pelas Companhias de Comércio. Dentre os fatores que levaram os ingleses a abandonarem sua terra de origem e se aventurarem a ocupar regiões do Novo Mundo estão: a) As perseguições políticas,que religiosas e as implicações da expropriação dos camponeses em um processo ficou conhecido como “cercamentos”.

 

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b) As perseguições culturais, religiosas e as implicações da expropriação dos burgueses em um processo que ficou conhecido como “aburguesamento”. c) As batalhas políticas, econômicas e as implicações das mortes de mulheres e crianças no episódio conhecido como Noite dos Cristais. d) O genocídio decorrente de perseguições políticas, econôm econômicas icas e a expropriação de bens da nobreza. e) As batalhas religiosas em busca de novas terras e a mortandade de ingleses nas guerras travadas com o Oriente. 6. A “leyenda negra” negra” (lenda (lenda negra) da conquista da América Hispânica foi inaugurada pelo frei Bartolomé de Las Casas na primeira metade do século XVI. Assinale a alternativa correta com relação a esse tipo de pensamento : a) Hernan Cortés e Cristóvão Colombo po podem dem ser considerados adeptos desse tipo de pensamento, pois criticavam a colonização desenfreada em busca do ouro e tinham como objetivo proteger os nativos. b) Os escritos do frei Bartolomé de Las Casas denunciavam as atrocidades dos conquistadores contra os índios e encontraram grande eco entre os opositores do colonialismo praticado pela Espanha no continente americano. c) Similar à lenda rosa, a lenda negra afirmava a importância da colonização espanhola como base para a instalação do cristianismo na América a qualquer custo. d) A lenda negra tinha como objetivo legitimar o poderio da Coroa espanhola entre os nativos. Por isso, os adeptos desse pensamento eram favoráveis à implantação do trabalho forçado, bem como a cobrança de impostos, dentre eles, o “quinto”, tributo retirado de metais preciosos encontrados na América Espanhola. e) A lenda negra tinha como objetivo construir aldeias para onde deveriam se refugiar os nativos que sofressem com a atuação da colonização espanhola. O seu objetivo,, portanto, não era de denúncia das atrocidades acometidas em relação objetivo aos índios, mas de efetivar, na prática, medidas que inibissem a exploração decorrente do processo de colonização.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEME COMPLEMENT NTAR AR

Título: A conquista da América: a questão do outro Autor: Tzvetan Todorov Editora: Litoral Edições Sinopse: o autor toma como exemplo o encontro entre os europeus e os nativos americanos desde 1492, procurando analisar a influência cultural entre as duas sociedades, e também minimizar a ideia de que somente os nativos foram aculturados. TTodorov odorov retrata momentos históricos vivenciados por essas sociedades, como, as dificuldades encontradas por Colombo durante a viagem (a partir da análise do seu diário de bordo) e o primeiro contato com os nativos, a visão que cada um constrói do outro etc. O choque do exótico com o convencionalment convencionalmentee determinado padrão tradicional do viver, ver e conviver.

Título: A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização do México espanhol (séculos XVI-XVIII) Autor: Serge Gruzinski Editora: Companhia das Letras Sinopse: a proposta do livro não se concentra em relatar a destruição, nem resistência, mas apreender os variados processos de transformação transformaçã o cultural que caracterizam o mundo colonial. O autor buscou, portanto, ressaltar o México colonial no que considera como “aspectos positivos”. Gruzinski parte do princípio de que, no momento histórico de mudanças espetaculares e violentas, a conquista da América hispânica não pode ser sintetizada apenas como ruína de ricas culturas pré-colombianas, nem como o embrião de sociedades europeias muito menos decadentes e de difícil localização, pelo contrário, o mundo colonial mexicano aparece como “mesclado” ou “mestiço”, palavra usualmente empregada pelo autor.

Título: Uma nova história dos Estados Unidos: a era colonial Autor: Herbert Aptheker Editora: Civilização brasileira Sinopse: a obra faz uma análise a respeito da hegemonia comercial britânica e o choque de interesses com as colônias americanas. americanas. Além disso, é abordado o momento de transição do capitalismo mercantil ao industrial e o que essas mudanças trouxeram na esfera política.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEMEN COMPLEMENT TAR

Título: A conquista do oeste Ano: 1962 Sinopse: o filme descreve os perigos e aventuras vividos pelos desbravadores desbravador es pioneiros do Oeste americano. Esta saga é contada por intermédio da história de três gerações da família Prescott. Comentário: um filme relevante para compreendermos os anos de expansão americana em direção ao Oeste, entre 1830 e 1880, a corrida pelo ouro, a guerra civil americana e a construção de ferrovias.

Título: A letra escarlate Ano: 1995 Sinopse: o filme descreve a busca pela liberdade das pessoas que fugiam da perseguição religiosa na Inglaterra durante o domínio do rei Carlos II. Mostra principalmente os detalhes da situação da mulher na sociedade vigente. Comentário: um material importante para auxiliar na compreensão da perseguição religiosa ocorrida na Inglaterra durante o século XVII.

Neste documentário, é retratada a conquista dos astecas pelos pe los espanhóis, com destaque para a vida pessoal de Hernan Cortés e Montezuma. O trabalho foi baseado nas cartas escritas por Cortés e enviadas à Coroa espanhola. Vale Vale a pena conferir! Hernan Cortés: a crônica de uma conquista Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2015.

Material Complementar

 

Professora Professo ra Dra. Verônica Karina Ipólito

AMÉRICA FRENTE À CRISE DO SISTEMA SIS TEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA Objetivos de Aprendizagem

      E       D       A       D       I       N       U

III

■  Compreender Compreender a crise do sistema colonial que derivou nos processos de independência da América Espanhola.

■  Analisar os acontecimentos que resultaram na emancipação política da América Portuguesa. ■  Conhecer os fatores que aceleraram a independência da América Inglesa.

Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  A crise do sistema colonial espanhol e as alterações do século XVIII ■  Os processos de emancipação política na América Espanhola ■  A independência da América Portuguesa ■  O processo de independência da América Inglesa

 

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INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Caro(a) leitor(a), a terceira unidade do livro aborda os processos de independência das Américas Hispânica, Portuguesa e Inglesa do jugo dos domínios metropolitanos. Não foi nossa intenção trabalhar minuciosamente os detalhes que resultaram nas emancipações políticas no Novo Mundo, em razão da quantidade limitada de páginas. p áginas. Entretanto Entretanto procuramos filtrar as informações e elencar o que julgamos imprescindível para o conhecimento desse tema. O primeiro objetivo é conduzi-lo(a) a refletir sobre a crise no sistema colonial da América Espanhola no contexto de transição do século XVIII para o XIX. Em seguida, serão apresentados os múltiplos e variados processos de independência hispano-americanos. Posteriormente, analisaremos a conjuntura social, política e econômica que resultou na emancipação da d a América Portuguesa. Na sequência, serão exploradas as mudanças contextuais que aceleraram a independência dos Estados Unidos. O objetivo é compreender que, salvo exceções, o domínio metropolitano foi substituído pelo domínio da elite colonial, quase sempre atrelada ao capital estrangeiro e a interesses próprios, sendo a principal princ ipal responsável ao fornecimento de matérias-primas para o mercado mundial e consumidora de produtos manufaturados, provenientes provenientes da Grã-Bretanha. Acredito que, se você compreender o contexto de fins do século XVIII e início do XIX, que resultou nos processos processos de independência das Américas Hispânica, Portuguesa e Inglesa, poderá po derá acompanhar melhor a próxima unidade, cujas temáticas estão voltadas para a formação e consolidação dos Estados Nacionais entre os séculos XIX e XX. A intenção do conteúdo abordado nesta unidade é prepará-lo(a) de forma que entenda e aprecie a História da América. Convido-o(a) C onvido-o(a) a conhecer as independências da América! Pronto(a) para mais uma viagem rumo ao conhecimento?! Desejo-lhe uma leitura prazerosa!

Introdução

 

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UNIDADE

III

AMÉRICA FRENTE À CRISE DO SISTEMA COLONIAL E OS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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Figura 05: Documento da Declaração de Independência dos Estados Unidos

 AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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A CRISE DO SISTEMA COLONIAL ESPANHOL E AS ALTERAÇÕES DO SÉCULO XVIII

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Durante os séculos XVII e XVIII, a Europa sofreu mudanças significativas que resultaram em transformações nas mais distintas áreas e influências substanciais em todo o mundo ocidental. John Lynch (2001) retrata as causas que propiciaram a independência da América Hispânica, atribuindo um papel especial às reformas bourbônicas e suas consequências como uma das forças propulsoras que incentivou o processo de independência na América Hispânica. Assim, analisaremos agora esse assunto em questão. Na segunda metade do século s éculo XVIII, a Espanha bourbônica pretendia reformular as estruturas existentes ao invés de criar outras novas. Inicialmente, as colônias eram praticamente um reflexo da metrópole, porém as duas economias diferenciavam-se em uma atividade fundamental: a produção de metais preciosos pela colônia. Houve um grande crescimento populacional, que, somado a uma demanda crescente por produtos agrícolas – na Espanha e mercado internacional –, aumentou a procura por terra nas colônias. Era vital melhorar as técnicas, comercializar a produção e remover os obstáculos ao crescimento. Foram feitas leis – por exemplo, a Lei do Milho de 1765 –, uma limitada distribuição de terras e regulamentação do comercio libre. ais ais medidas contribuíram para um crescimento econômico, o que não significou mudança social, de forma que o próprio comercio libre foi questionado sobre quais benefícios realmente traziam as colônias – ele realmente estimulava uns poucos setores da produção colonial, porém deixava o monopólio legalmente intacto, de forma que as barreiras ao comércio internacional permaneciam as mesmas. Enquanto a Espanha permanecia com uma economia essencialmente agrária, a economia inglesa passava por mudanças revolucionárias devido à revolução industrial. A principal consequência desse processo foi que o comérc comércio io inglês com as colônias aumentou muito. muito. O mercado da América espanhola era importante de ser expandido sempreBritânico. que possível, porém não era otão vital contraste a ponto deentre ser incorporado ao Império De qualquer forma, visível Inglaterra e Espanha, representado pelas antíteses de crescimento e estagnação,

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teve um efeito poderoso na mente dos colonos. Apesar disso, eles não eram consultados sobre a política exterior espanhola, tendo que pagar na forma de taxas os custos da guerra contra a Inglaterra. A partir de 1765, a resistência à taxação imperial se tornou constante e, às vezes, violenta. Politicamente, o império espanhol na América se baseava bas eava em uma balança de poder entre grupos poderosos pode rosos divididos na administração, igreja e elite local. Os Bourbons centralizaram centrali zaram os mecanismos de controle e modernizaram a burocraci burocracia, a, criando novos vice-reinos e outras unidades de administração (intendentes). O que a metrópole achava que era um desenvolvimento racional, as elites coloniais interpretavam interpretava m como um ataque ao aoss interesses locais. A ordenança de intendentes foi um instrumento básico de reforma bourbônica, ocasionando mudanças estruturais e uma nova legislação. Mesmo havendo essa reforma administrativa, isso não necessariamente funcionou na América Espanhola. Esp anhola. Os colonos acharam essa nova política inibidora e resistiram à intervenção da metrópole. Dessa forma, ficou explícito que a metrópole apenas se preocupava consigo mesma e com o seu s eu próprio crescimen crescimento. to. O papel da América ppermaneceu ermaneceu o mesmo, consumindo exportações espanholas, produzindo minerais e alguns produtos tropicais. Nessas condições, o comercio libre era o elo de dependência entre a metrópole e a colônia. T Todos odos esse essess fatores juntos, adicionados à profunda crise de 1808, criaram na América uma crise de legitimidade política e poder. ambém houve a ausência do monarca espanhol durante determinado período, per íodo, o que agravou ainda mais a crise política. O progresso feito pela reforma bourbônica da Espanha regrediu devido a Revolução Francesa, dando às colônias mais um motivo concreto para se tornarem independentes.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A crise de 1808 advém da invasão das tropas napoleônicas a alguns países europeus, como Portugal e Espanha, em virtude da guerra que ocorria naquele continente, durante a qual a França decretou o Bloqueio Continental contra a Inglaterra. A ocupação do território espanhol pelas tropas de Napoleão Bonaparte favoreceu o movimento de independência das colônias da América porque enfraqueceu o poder da metrópole. Em 1808, Napoleão ocupou Madri, destronou o rei espanhol Fernando VII e colocou em seu lugar o irmão José Bonaparte. Com a deposição de Fernando VII, os hispano-americanos experimentaram uma nova fase política, que abriu caminhos para os movimentos de independência na América Espanhola. Também em 1808, a família real portuguesa precisou fugir da Europa em virtude das ameaças de invasão das forças napoleônicas. Os lusitanos não poderiam aderir ao Bloqueio por causa de suas relações econômicas com o reino britânico. Fonte: a autora.

Na opinião de Lynch Lynch (2001), era e ra claro o subdesenvolvimento da Espanh Espanhaa em uma Europa cada vez mais ciente da Revolução Industrial. Além disso, novas ideias mercantilistas e político-filosóficas fermentavam na Europa, fazendo com que os Bourbons resolvessem revitalizar suas colônias na América a partir de meados do século XVIII, seguindo seus próprios preceitos, ou seja, invocando as ideias dos fisiocratas para reafirmar o papel do Estado e garantir a agricultura como base econômica, recorrendo-se ao mercantilismo para justificar uma exploração mais eficiente dos recursos coloniais e buscando no liberalismo lib eralismo econômico uma base para eliminar as restrições ao comércio e à indústria.

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Em consonância com Lynch (2001), o alto crescimento demográfico na Espanha gerou uma nova procura por terras. As taxas ta xas de arrendamento da terra na Espanha subiram muito mais que o preço dos produtos, em razão da alta taxa de natalidade. A resolução bourbônica foi criar as regras do comercio libre 789, na Ve Venezuela nezuela e  y protegido protegido, em 1778, em Buenos Aires, Chile e Peru e, em 11789, México, acabando com muitas das restrições do comércio da própria Espanha com a América Hispânica em favorecimento dos primeiros. Isto é, para Lynch (2001), o principal intuito do comercio libre era o de desenvolver a Espanha e não a América. Gaspar de Jovellanos (apud LYNCH, 2001, p. 33), um economista liberal espanhol, por exemplo, elogiou o decreto de 1778, por dar maiores oportunidades à agricultura e à indústria espanholas, em um mercado que justificava sua existência, memedida mediante diante oem consumo de produtos espanhóis,seguro ao dizer quea “as colônias são úteis na que oferecem um mercado para produção excedente da metrópole”.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9 

Ficou curioso para saber o que foi a fisiocracia? Saiba que os fisiocratas afirmavam que toda a riqueza era proveniente da terra, da agricultura. São considerados membros da primeira escola de economia científica, que surgiu antes até mesmo da teoria clássica de Adam Smith. Foi criada no século XVIII, o seu idealizador foi François Quesnay, Quesnay, médico da cor corte te do rei francês Luís XV. Trata-se, Trata-se, portanto, de uma teoria econômica criada para fazer oposição ao mercantilismo mercantilismo.. Fonte: a autora.

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Conforme Lynch (2001), foram feitas muitas restrições e exigências à América espanhola, muitas impossíveis de serem realizadas, contudo, inicialmente, não

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

geraram qualquer tipo de insatisfação. Isso porque, na visão de Lynch (2001), a América hispânica era semelhante à sua metrópole. Assim, os produtos exportados pela Espanha, muitas vezes, já competiam com os próprios produtos existentes na América, por serem, em sua maioria, de procedência agrícola. Em outras palavras, os dois mercados já competiam entre si e a influência do comercio libre tardou a ser percebida. Embora encontremos o desenvolvimento de manufaturas em Barcelona, a produção espanhola era essencialmente agrícola. Por isso, para Lynch, as diferenças entre a Espanha e suas colônias eram poucas ou praticamente nulas. Se, em um primeiro momento, fator coloniais não causou po steriormente, posteriormente, foi sendo um motivador paraesse tensões queinsatisfações, começam a insurgir insurgir. . O novo impulso dado ao comércio espanhol logo saturou esses mercados, de modo que as colônias se defrontaram com um problema frequente: lucrar o suficiente para pagar as crescentes importações. import ações. No entanto as falências no Novo Mundo se repetiam: a indústria local declinou; mesmo os produtos agrícolas, como o vinho e o conhaque, estavam sujeitos à concorrência das importações e os metais preciosos se escoaram nessa luta desigual. Nesse sentido, segundo Lynch (2001), o comercio libre era favorável à Espanha em todos os sentidos, em detrimento de uma América abandonada e cada vez mais ciente da necessidade de ser s er independente. Essa autonomia pretendida se  via invadida invadida pela ação espanhola contr contra, a, até mesmo, mesmo, o desenvolviment desenvolvimentoo de indústrias na América. Existiam manufaturas já em Puebla, Quito e Querétaro, obrajes  em Cuzco e ucumán. odas odas entraram em decadência em razão das imposições da metrópole que, não bastando, era incapaz de abastecer a América de produtos industriais próprios.

A Crise do Sistema Colonial Espanhol e as Alterações do Século XVIII X VIII

 

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A Espanha, mesmo adotando uma política de reexportação de produtos industriais, enfrentava alguns dilemas. Um exemplo seria o caso das oficinas têxteis do México e de Puebla, que produziam o suficiente para pôr em alerta os manufatureiros de Barcelona, os quais, frequentemente se queixavam dos efeitos da concorrência local sobre suas exportações e tentavam, junto a Coroa, ordens mais rigorosas para a imediata destruição das fábricas têxteis instaladas nessas colônias. Cedendo às pressões, foram lançados os decretos reais de novembro de 1800 e outubro de 1801, que proibiam a constituição de fábricas na América espanhola. Para a Espanha, era muito mais importante que a colônia se voltasse à produção agrícola e extração de minérios do que para o desenvolvimento de uma

indústria aperfei çoamentoosdotêxteis mercado. A guerrajádaque Espanha a Inglaterra entre 1796oue aperfeiçoamento 1802 favoreceu americanos, isoloucom as colônias hispano-americanas da Espanha. O retorno das atividades dos manufatureiros americanos se deu a partir de 1804, enfrentando a oposição dos manufatureiros localizados na Espanha. Os embates entre a Espanha e a Inglaterra demonstraram a superioridade no comércio marítimo britânico, superando a Espanha no momento de seu embate (a partir de 1796) no comércio com a América. O comércio da América Espanhola com estrangeiros estrangeiros era impossível de ser evitado, já que a Marinha espanhola encontrava-se completamente debilitada. Novos mercados se abriam para a América espanhola no momento dos embates: Estados Unidos e outros países neutros aproveitaram-se aproveitaram-se dessa oportunidade, reexportando até mesmo produtos manufaturados na Inglaterra. A Paz de Amiens, em 1802, ofereceu uma oportunidade de recuperação das exportações espanholas, mas 54% dos produtos enviados à América eram de procedência estrangeira. Para Lynch (2001), a situação se complicou ainda mais em 1804, quando houve uma nova declaração de guerra por parte da Inglaterra contra a Espanha. De acordo com o autor, a Grã-Bretanha estava sedenta pelo mercado americano, principalmente após o fechamento dos portos europeus e o impedimento da entrada de produtos britânicos ao mercado europeu por Napoleão. É nesse ponto que, segundo Lynch (2001), o controle político espanhol entrava em crise. cr ise.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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Os dados demográficos eram favoráveis aos criollos, em detrimento dos peninsulares. Lynch (2001) suscita dúvidas com relação à igualdade legal entre esses

dois grupos, mas é certo cer to que nas colônias a Espanha desconfiava dos americanos enquanto enquan to seus administradores. Em razão disso, os excluiu dos postos de responsabilidade, da ocupação dos mais altos cargos ou do comércio transatlântico na América. O objetivo espanhol era o de desamericanizar a América, com medo de perdê-la e, ao mesmo tempo, garantir lucro aos cofres reais. Daí a nomeação dos peninsulares para todos os o s cargos de confiança em que se exige liderança.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Criollos eram descendentes de espanhóis nascidos na América. PeninsulaCriollos eram res, por sua vez, eram espanhóis nascidos na metrópole e viviam temporariamente nas colônias. TTambém ambém eram conhecidos como chapetones. Fonte: a autora.

Os peninsulares se consideravam superiores aos brancos (descendentes (des cendentes de europeus) nascidos na América, como podemos observar na análise de Alexander  von Humboldt (apud LYNCH, 2001, p. 46): “O europeu mais baixo e com menos educação e cultura acredita ser superior ao branco nascido no Novo Mundo.” Mas, de certa forma, a moderna historiografia em muitos momentos encontra alianças entre peninsulares e criollos em torno de interesses, funções e parentesco, diminuindo em certos aspectos a dicotomia d icotomia apontada por Humboldt. Os problemas enfrentados pela Espanha Espan ha eram muitos. Não Não havia uma estruturação com relação ao desenvolviment desenvolvimentoo industrial tardio t ardio,, nem mesmo motivação. Não havia interesse em acumular capital capital para ssee implantar na indústria. O objetivo maior era o de adquirir mais terras e artigos luxuosos importados. Não havia um mercado nacional para a indústria: o sistema de transportes em fins

do século XVII na Espanha não comportava a demanda populacional nem tampouco a transferência transfe rência de produtos de um lad ladoo a outro do país. Por mar, mar, era muito mais simples adquirir-se um produto (ultramarino) do que por terra, como nas

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cidades do interior da Espanha. Isso deixava cidades litorâneas, como Barcelona e Cádiz, mais estruturadas e receptivas ao comércio do que Castela, localizada no interior da Espanha. Com isso, a Espanha E spanha perdia inúmeras oportunidades comerciais de exportação em razão dessa limitação estrutural. Apesar de o interior espanhol ser autossuficiente autossufic iente no gênero alimentício, muitas das cidades do litoral tinham que importar seus cereais e alimentos em geral. Cuba é um exemplo de colônia que se volta aos EUA em razão da deficiência espanhola em abastecê-los com farinha de trigo. Carlos III (que governou de 1759 a 1788) é o primeiro dos Bourbons a se encarregar das políticas de modernização comercial e colonial da Espanha. O

comércio marítimo seria um uma essencial exportador do excedente da Espanha (embora encontremos estruturação d as manufaturas das deagrícola Barcelona). No governo de Carlos IV (1788-1808), (1788-1808 ), a Revolução Francesa foi responsável por gerar temor na Monarquia espanhola, ocasionando uma reação sem precedentes na Espanha e, consequentemente, nas colônias americanas. A nomeação do Primeiro-Secretário, Manuel Manuel God Godoy oy,, por Carlos IV IV,, é um sintoma do retorno à  velha Casa dos Habsbur Habsburgos: gos: Godoy cconsiderava onsiderava a A América mérica Latina uma mera font fontee de metais preciosos e de pagamento de tributos. A prata da América Hispânica, importante dizer, dizer, também interessava interessava à Inglaterra, que vivia o auge da Revolução Industrial (com exportação de 1/3 de sua produção). A partir da receptividade dos colonos, nota-se o quanto a Espanha era frágil perante à Inglaterra e seus produtos, além dos britânicos encontrarem um campo propício propício para a ddisseminação isseminação de seus ideais de lib liberalismo eralismo econômico. No período anterior às reformas bourbônicas, havia um equilíbrio de poder na América entre a administração (que detinha o poder político, mas não o poder militar), a Igreja (que possuía uma hegemonia econômica e jurídica) e a elite local (formada de uma minoria de peninsulares e de uma maioria de B ourbons, a quem criollos). Porém essa organização não foi bem recebida pelos Bourbons, era comum a compra e troca de cargos. Sua política de reformas administrativas pôs em xeque toda a estrutura oficial até então. O afastamento da classe governante local fora uma das primeiras ações de Carlos III. Criaram-se ViceReinados e novas ordenações administrativas, pois uma vigilância vi gilância mais rigorosa

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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sobre os hispano-americanos era fundamental nessa nova política. A partir de tal modificação, modificaç ão, os intendentes substituíram os corregidores. Os corregidores se

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

 viram prejudicados, pois p ois apesar de se dedicarem por anos a conciliar diversos setores na América, se viram alijados, de uma hora para a outra, de todo o processo administrativo administrativo.. Por meio do repartimien repartimiento to de comercio, pretendia-se atender diversos grupos de interesse na América Latina, principalmente a comercian comerciantes tes e governadores locais. Os índios foram libertos, liberto s, mas incentivados a pegarem dinheiro emprestado com tais repartimientos, no intuito de plantar para exportação (ou apenas consumir). Esse fato, bem como a intervenção da metrópole, met rópole, tal como veremos na sequência, motivou a rebelião indígena de 1780, no Peru. Em 1784, no Peru, etosem 1786, no México, a Ordenação dos Intendentes põe fim aos repartimien, substituindo-se os corregidores  por intendentes.

O repartimiento repartimiento de  de comercio, também conhecido como o reparto de mercancías,, foi uma das práticas mais abusivas do colonialismo espanhol nos cancías Andes. Governadores provinciais (corregedores (corregedores)) forçavam os índios a comprar bens de qualidade duvidosa a preços abusivos. Fonte: a autora.

Conforme dito anteriormente, anteriormente, a intervenção direta da metrópole na administ administraração colonial, por meio das reformas bourbônicas, gerou grandiosa insatisfação entre muitos criollos e peninsulares na América Latina. Breves períodos de agitação na América geraram sabotagens à política dos Bourbons B ourbons em suas colônias. Emergiram insatisfações de todos os setores sociais.

A Crise do Sistema Colonial Espanhol e as Alterações do Século XVIII X VIII

 

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Após quase duzentos anos de restrições espanholas sob a dinastia dos Habsburgos (que governou a Espanha de 1516 a 1700), as colônias americanas adentraram o século XVIII em um novo período da sua história, que viria se estruturar a partir do “absolutismo ilustrado ilustrado”” implantado com a ascensão da dinastia dos Bourbons Bourb ons ao trono espanhol. Por isso, os Bourbons realizaram uma série de reformas, entre as quais podemos destacar: criação de companhias de comércio para monopolizarem certos produtos coloniais, intervenção maior da metrópole nos assuntos coloniais, criação das intendências para tornar a administração colonial eficiente, expulsão dos jesuítas para tornar o Estado e a educação laicas, aumento de impostos e das forças militares (BRADING, 1997). À medida que a nova política, de cunho reformador e inspiração iluminista, ia sendo aplicada, o processo de enfrentamento com o clero, que passava pela rupturaaumentava de privilégios e imunidades. A Coroa, interessada nos bens da Igreja, passou a confiscar as riquezas que esta havia acumulado com as doações dos fiéis e das autoridades. No reinado de Carlos III, os jesuítas j esuítas tinham seus privilégios suprimidos na Espanha e, em 1767, eram expulsos da América Espanhola. Para os Bourbons, a Igreja tinha um poder que representava uma força paralela ao governo imperial, representava repres entava um perigo iminente imine nte que a Coroa precisava controlar controlar (PEREIRA, 2007). Muitos jesuítas nascidos na América e exilados exi lados na Europa tornaram-se propagandistas da América Espanhola, divagando em suas obras sobre as riquezas de sua terra de origem. A posse de haciendas no Paraguai e diversas posses na América conferiam aos jesuítas certa independência econômica. Suas vastas e ricas terras, além de outras propriedades, foram vendidas (ou leiloadas) para os grupos sociais mais ricos da colônia, como os criollos. Ainda assim, a expulsão dos jesuítas foi vista por muitos hispano-americanos como a expulsão de compatriotas de seus próprios países. Aos reformadores Bourbons não interessava uma reformulação da doutrina Católica, mas a diminuição de seu poder econômico como fator essencial para a sua política de centralização econômica. Esperavam pôr as mãos nos bens da Igreja após seu enfraquecimento. Houve reações, pois muitos súditos “(...) opuseram-se à política da Coroa e em muitos casos receberam o apoio de leigos devotos” (LYNCH, (LYNCH, 20 2001, 01, p. 27 27). ).

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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O Exército era outro exemplo de desarticulação espanhola na América. As milícias coloniais eram formadas por americanos, sendo s endo reforçada reforçadass por peninsu-

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

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lares. A partir de 1760, com a instituição do fuero militar, muitos criollos e mesmo mestiços que estavam a procura dos benefícios fornecidos a um militar tornaram-se a maioria entre a milícia e geraram futuros problemas à Espanha. Em  janeiro de 1780, quando eclodiu a rebelião indígena no Peru, a milícia não ofereceu nenhum tipo de resistência, gerando críticas crític as à sua ação. A Espanha notou, a partir desse episódio, o risco que representava incluir entre os combatentes grupos insatisfeitos de criollos e mestiços. Para arrefecer os rebeldes índios, foi enviada ao litoral uma tropa real formada por peninsulares, índios leais, negros e mulatos fiéis aos Bourbons. A partir de então, formou-se um Exército regucriollos lar na América,evitando-se barrando os peninsulares), rebeliões. de promoções militares (a cargo dos fiéis

Fuero militar eram privilégios corporativos Fuero militar corporativos,, com tribunais especiais, adquiridos pelos militares. Fonte: a autora.

A Crise do Sistema Colonial Espanhol e as Alterações do Século XVIII X VIII

 

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III

OS PROCESSOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA NA AMÉRICA ESPANHOLA Os séculos XV e XVI foram marcados pela conquista e colonização de nações europeias em solo americano. A Espanha, principalmente, foi responsável por essas ações na maior parte da América, seguida seg uida por Portugal. A França, França, Inglaterra e Holanda chegaram anos mais tarde, ocupando áreas da América do Norte ou disputando pontos de ações táticas na região do Caribe. Os acontecimentos na Espanha da segunda metade do século XVIII e primeiros anos do século XIX influenciaram diretamente a situação na América Hispânica. Hispânic a. A ocupação do território espanhol pelas tropas de Napoleão Bonaparte

favoreceu o movimento de independência das colônias da América Améric a porque enfra-o queceu o poder da metrópole. Em 1808, Napoleão ocupou Madri, destronou rei espanhol Fernando VII e colocou colo cou em seu lugar o irmão José Bonaparte. B onaparte. T Todo odo esse contexto provocou provocou reações não somente na Espanha como ttambém ambém em sua colônia americana. Com a deposição de Fernando VII, os hispano-americanos experimentaram uma nova fase política, que abriu caminhos para a construção de novos conceitos, palavras e projetos. Os movimentos de independência na América Espanhola se manifestaram rapidamente e simultaneamente no ano de 1810, dois anos após a invasão francesa ao território espanhol. Esses movimentos se propagaram do México (vice-reino da Nova Espanha) a Buenos Aires (vice-reino do Rio da Prata), apesar das distâncias geográficas e das anêmicas condições de comunicação. Essa dinâmica não foi somente influenciada por acontecimentos internos e revelou o surgimento de vários posicionamentos no interior da elite colonial que buscava colocar em prática seus respectivos projetos políticos, visando administrar o território espanhol na América. Em fins do período colonial, a sociedade da América Hispânica contemplava uma divisão estamental: dos 18 milhões de habitantes em 1810, cerca de oito milhões eram índios, um milhão de negros e cinco milhões milhõ es de mestiços. Em menor parte estavam os brancos, que contabilizavam cerca de quatro milhões e se subdividiam em peninsulares e criollos. Ao contrário dos peninsulares, os criollos estavam excluídos de plena participação no poder político e ocupavam

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o escalão inferior no governo e na Igreja.  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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Após vivenciar um período considerável de gestação de um projeto político, ilustrado durante a segunda metade do século XVIII e os primeiros anos

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

do século XIX, como a liberdade de pensamento, igualdade e representação constitucional, o que se via na colônia era justamente o contrário. A prática de monopólios, controle econômico e restrições administrativas e sociais exercidas pelos espanhóis representava as fontes de queixas, principalmente dos criollos. Estes ainda estavam descontentes com a ausência de mobilidade social so cial e reivindicavam a abolição da diferença existente entre eles e os peninsulares. A abdicação forçada de Fernando VII fez com que americanos e peninsulares peninsu lares assumissem o poder, dando oportunidade a esses de discutirem conceitos como soberania, concepção de nação, representatividade e a possibilidade de redação aideário uma nova constituição de punho Logo, esses homens redefiniram monárq monárquico uico ao darem corpo aliberal. uma nova modernidade ppolítica olítica que resul-o taria em ideias e ações a ções empregadas em uma nova prática política nas colônias. Entre os processos de emancipação política que ocorreram na América durante os séculos XVII e XIX, um particularmente chamou a atenção: o Haiti, um pequeno país do Caribe. Inicialmente, a região foi colonizada pelos espanhóis e, posteriormente, pelos franceses, os quais fundaram na área a Colônia de São Domingos. O Haiti contou com a influência do Iluminismo e dos ideais de Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade) para ser s er o primeiro país latino-americano a se tornar independente. No final do século XVIII, a região abrigava cerca de 80% de negros, os quais, em sua maioria, trabalhavam como escravos. Muitos Mui tos desses lideraram a rebelião que pô pôss fim ao jugo ffrancês rancês na ilha. A insurreição iniciou-se em São Domingos, no ano de 1791, no mesmo momento em que a França debatia a possibilidade de abolição da escravidão em suas colônias. O ex-escravo ex-e scravo T Toussaint oussaint Louverture comandou os rebeldes e liderou  várias ações arquitetadas pelos revoltosos, como a destruição de plantações, os saques a engenhos e assassinatos de colonos. O conflito se pulverizou em outras partes da ilha, principalmente após a decisão de abolir a escravidão das colônias francesas, por meio de uma resolução decretada pelo governo jacobino durante o episódio conhecido como  error error da Revolução Francesa.

Os Processos de Emancipação Política na América Espanhola

 

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III

O Terror da Revolução Francesa ou, simplesmente, O Terror foi uma fase compreendida entre os anos de 1792 a 1794. Durante esse período, o governo revolucionário dos jacobinos suspendeu as garantias civis, além de perseguir e assassinar muitos de seus opositores. Apesar da imprecisão dos números, estima-se que foram guilhotinadas entre 16 a 40 mil pessoas. Fonte: a autora.

A liberdade conquistada pelos haitianos foi ameaçada quando Napoleão Bonaparte tomou o poder França. Como consequência, o exército napoleônico invadi a ilha em 1802 enacapturou oussaint, o qual foi levado como prisioneiroinvadiu para ua França, onde faleceu em 1803. A declaração de independência veio apenas em 1 de janeiro de 1804, sob a liderança do ex-escravo Jean-Jacques Dessalines, o qual, após o processo de emancipação, tornou-se o primeiro chefe de Estado E stado do país. A França reconheceu a independência haitiana somente em 1825, mediante o pagamento de uma alta indenização. Os processos revolucionários que conduziram os processos de independência na América Hispânica se organizaram entre fins do século XVIII e início do século XIX, em sua maioria influenciados pelos ideais oriundos da Revolução Francesa e das emancipações políticas do Haiti e Estados Unidos. Geralmen Geralmente, te, tais processos foram comandados por setores dominantes, aborrecidos pela impossibilidade de conseguirem desfrutar das regras do sistema colonial.

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Mapa 05: Independências dos países latino-americanos Fonte: Wikimedia Commons (online).

No caso da América Espanhola, a figura protagonista dos processos de independência foi a elite criolla, influenciada pelo pensamento liberal importado da Europa. Entretanto, Entretanto, de forma distinta do Velho M Mundo, undo, o projeto adotad adotadoo pela elite criolla não previa alterações profundas na sociedade. Salvo alguns casos raros, o intuito era conseguir a autonomia em relação à metrópole e solidificar o poder da elite política e econômica nos países recém-libertos.

Os Processos de Emancipação Política na América Espanhola

 

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III

“O Haiti saiu do mercado mundial do açúcar (...). De colônia mais produtiva das Américas passou a país independente pauperizado e fora de um intercâmbio favorável na economia internacional” (JACOB GORENDER, 2004, p. 300). A revolução de escravos ocorrida no Haiti em 1804 e que culminou com a independência deste do jugo francês f rancês parecia sorrir aos haitianos. Entretanto as nações do mundo todo boicotaram a nova república, alegando não concordar com esse modelo revolucionário. O país ficou impedido de importar e exportar. De 1915 a 1938, o Haiti ficou sob o domínio estadunidense, os quais, mesmo tendo abandonado o território na década de 1930, financiaram governos violentos e corruptos. Estes estavam mais preocupados em reprimir do que em investir em indicadores sociais. Isso contribuiu para que o Haiti nutrisse índices alarmantes de pobreza e educação. De “joia “joia das Antilhas” durante o período colonial, o Haiti aparece hoje como o país mais pobre da América Latina. Fonte: a autora.

Como você já deve ter notado, nesse ponto os liberais e conservadores comunga vam de um mesmo objetivo: a continuidade da subordinação e dependência das camadas mais pobres aos setores dominantes. Os grupos majoritários, compostos pelos mais humildes, lutavam muitas vezes pela emancipação, pois acreditavam que, por meio de sua consolidação, iriam conquistar o direito a terra e o término do trabalho forçado. Para estes, o que im importava portava era conseguir mudanças substanciais em sua vida, mais do que implantar um projeto político que separasse as colônias da metrópole. A elite criolla, composta em sua maioria por grandes proprietários rurais, ansiava por uma maior liberdade em relação ao comércio exterior, eliminando a interferência das companhias de comércio metropolitanas. Entretanto, apesar de empunharem a bandeira do liberalismo e incorporarem incorp orarem muitos dos ideais iluministas, ignoravam as reivindicações dos setores mais humildes. Desde fins do século XVIII a princípios do século XIX, os criollos organiza vam várias manifestações contrárias ao regime colonial e, para isso, contavam com o apoio irrestrito da Inglaterra. Interessados em ampliar o comércio com a América para escoar as mercadorias produzidas durante a era industrial, os britânicos não mediram esforços para incentivarem movimentos de caráter

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emancipacionista.  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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A resistência da Coroa espanhola à prolif proliferação eração dos ideais de liberdade individual e política nas colônias sofreu um golpe em 1808, quando Napoleão Bonaparte

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confiscou o trono espanhol, até então pertencente à dinastia dos Bourbons, e entregou-o aos cuidados de seu irmão, José Bonaparte. Como forma de resistirem a essa usurpação de poder, as autoridades hispano-americanas se negaram a acatar as ordens provenientes do governo espanhol. al cenário foi utilizado pelos criollos como justificativa para se rebelarem contra a metrópole. Por isso, os processos de emancipação da América Espanhola ocorreram quase ao mesmo tempo e contaram com ampla participação dos cabildos, unidades administrati vas similares às câmaras municipais municipais de hoje. Na região que compreende o atual México México,, o movimento de independência

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

assumiu, a princípio, um caráter popular, fator que diferenciou dos processos de emancipação das demais colônias espanholas naoAmérica (ANNA, 2001). A independência foi liderada pelos padres Miguel Hidalgo e José Maria Morelos, More los, a ppartir artir de 18 1810. 10. Inicialmente, Hidalgo formou um E Exército xército de rebeldes, composto por homens livres, pobres, mestiços e indígenas. Entretanto os revoltosos revolt osos foram derrotados por tropas a serviço da Coroa e o seu líder (Hidalgo) foi preso e executado. Assumindo a liderança do movimento movimento,, o padre p adre Morelos declaro declarouu a indepenindep endência do México e implantou um governo popular. Meses mais tarde, forças em nome da Coroa e de colonos abastados retiraram Morelos do poder e deterd eterminaram sua execução. Por isso, alguns historiadores classificam essa fase mais como revolução social do que uma luta anticolonial. A luta contra o domínio espanhol foi retomada uma década mais tarde e passou a ser liderada pela elite colonial. O militar Augustín de Iturbide assumi assumiuu a liderança do movimento quando quando,, em 182 1821, 1, apresentou o Plano de Iguala aos setores mais ricos da sociedade mexicana. O projeto propôs a criação de uma monarquia católica independente, fator que agradou agra dou tanto a Igreja quanto a elite criolla. Nesse mesmo ano, o México conseguiu sua independência e Iturbide foi nomeado imperador, permanecendo nesse cargo por dois anos, momento em que foi deposto por uma república proclamada no país.

Os Processos de Emancipação Política na América Espanhola

 

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III

As independências na América do Sul, por sua vez, contaram com o protagonismo de duas lideranças militares: José de San Martín (1778-1850) e Simón Bolívar (1783-1830). O primeiro, apesar de prestar serviços à Coroa C oroa espanhola, foi responsável pelos processos processos emancipacionistas dos territórios que qu e hoje compreendem a Argentina, o Chile e o Peru. A independência do que se convencionou chamar de Províncias Unidas do Rio da Prata foi decretada em 9 de julho de 1816, por um Congresso reunido em Tucumán (Argentina). Aproveitando Aproveitando a ocasião, ocasi ão, San Martín arrebanhou apoio para a independência do Chile, ocorrida em abril de 1818, após a Batalha de Maipú. Dois anos mais tarde, San Martín se retirou do Chile para liberar o território peruano do jugo espanhol. No Peru, conseguiu apoio popular e proclamou a independência em 28 de julho de 1821.

A denominação Províncias Unidas do Rio da Prata foi utilizada até 1826, ano em que a Argentina adotou o nome de República Argentina. Fonte: a autora.

Simón Bolívar, como representante da elite criolla, concentrou suas ações na região setentrional da América do Sul. Em dezembro de 1819, conseguiu proclamar a independência da República da Colômbia (Grã-Colômbia) após a vitória de suas tropas na fronteira da atual Colômbia com a Venezuela. Venezuela. A Grã-Colômbia permaneceu coesa até 1830, quando houve o desmembramento em três países: a Venezuela, Venezuela, o E Equador quador e a Colômbia. Bolívar e seu exército ainda lutaram no Peru, em 1824, a fim de assegurar a independência peruana, e se dirigiram para a Bolívia, contribuindo para o seu processo de emancipação que ocorreu em 1825. 1825 . Como reconhecimento de suas ações, Bolívar se tornou o líder político das repúblicas da Grã-Colômbia e do Peru, além de ser considerado, após a sua morte, um símbolo sí mbolo nacional da eman-

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cipação política, sobretudo na Venezuela, onde até hoje é tratado pela alcunha  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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de “libertador”. “libertador”. Seu lega legado do inclui a defesa de uma América livre e unificada em uma confederação que compreendia os atuais territórios que se estendem da

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r

Bolívia ao Panamá. A independência cubana, por sua vez, pode ser considerada mais traumática, pois se iniciou efetivamente em 1868 e somente se concretizou após duas guerras estabelecidas contra a Espanha. A primeira durou dez anos e encontrou forte resistência da metrópole, disposta a lutar para evitar a emancipação de sua última colônia americana. Com o triunfo espanhol nesse primeiro momento, a retomada pela independência ocorreu somente s omente na década de 1890 e contou com o apoio de José Martí. Enrijecidos pelas ideias de autonomia, amplos setores setores da sociedade cubana (negros libertos, liber tos, profissionais liberais e trabalhadores rurais) saíram às ruas em prol da independência. O confronto com as forças hispânicas contou com várias baixas, dentre as quais temos a de José Martí, morto em combate, em 19 de maio de 1895. O movimento pela emancipação política ganhou novo fôlego com a interferência estadunidense a partir de 1898. O motivo para essa ess a ação seria o naufrágio, por forças hispânicas, de um navio de guerra norte-americano norte-americ ano ancorado no porto de Havana, em Cuba. Após um curto período de conflitos, as forças beligerantes assinavam um tratado de paz em Paris, por meio do qual os espanhóis reconheceram a independência de Cuba ao mesmo tempo em que cederam algumas possessões aos Estados Unidos.

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No acordo assinado em Paris, os espanhóis cederam Porto Rico (América Central) e Guam (Micronésia), além do controle das Filipinas aos Estados Unidos. Fonte: a autora.

Os Processos de Emancipação Política na América Espanhola

 

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III

A maioria dos países recém-independentes da América Espanhola adotou o regime republicano, republicano, com exceção do México, que conviv conviveu eu com um curto período de regime monárquico (1821-1823). De forma geral, o domínio metropolitano foi substituído pelo jugo da elite criolla, aliada ao capital estrangeiro e principal responsável pelo fornecimento de matérias-primas ao mercado mundial e consumidora dos produtos manufaturados oriundos da Inglaterra. Em síntese, os processos de independência indepe ndência da América Espanhola não trouxeram, no seu bojo, mudanças profundas na esfera social, política e econômica, pois houve um continuísmo do modelo colonial pactuado no abastecimento do mercado externo com matérias primas provenien provenientes tes dessas regiões.

A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA PORTUGUES PORTUGUESA A O século XVIII pode po de ser caracterizado como um período de grandes dificuldades econômicas para Portugal. A descoberta descobert a de ouro e diamantes não foi suficiente para contornar essa situação, uma vez que parte substancial desse produto era destinada a quitar dívidas que a Coroa lusitana havia contraído com a Inglaterra. O ouro restante era gasto na manutenção do luxo e opulência da nobreza ou era guardado em cofres particulares. Assim, o ouro escorria pelas mãos da Coroa portuguesa sem ao menos ser investido na metrópole, fato que caracterizava o quanto o reino lusitano era muito dependente de suas colônias. O quadro caótico da economia portuguesa pode ser mais bem compreendido quando, no século XVII, os portugueses p ortugueses perderam o monopólio comercial das Índias e várias possessões coloniais no Oriente. Como se isso não bastasse, o preço do açúcar sofreu quedas drásticas no mercado internacional em função da concorrência com o açúcar produzido nas Antilhas.

A fim de engordar seus cofres, a Coroa portuguesa adotou, na segunda metade do século XVIII, uma série de medidas, dentre as quais estavam inclu-

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 .A A   r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

sas a ampliação da fiscalização e controle de sua colônia na América. Para isso  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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foi estipulado um conjunto de medidas que visavam combater o contrabando, ampliar os lucros por meio do comércio e mineração e conseguir aumentar a

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

receita do governo português. Em 1750, o rei D. José I nomeou Sebastião José de Carvalho e Melo, historicamente conhecido como Marquês de Pombal, ao cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.  al al nomeação veio reforçar reforçar,, de forma rigorosa, o controle da política colonial portuguesa. As reformas de Pombal tiveram como pressuposto a modernização da economia portuguesa. Dentre as medidas tomadas, estavam a criação das companhias de comércio, a execução de mudanças educacionais a fim de retirar o ensino do controle do clero, o estímulo a implantação de fábricas no reino bem como a articulação articulaç ão de uma classe

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r

manufatureira e mercantil por todo o Império Português. manufatureira A queda na produção de ouro na América Portuguesa ocorreu em meio à administração pombalina. Em função disso, Pombal dedicou total atenção à região mineira. A maioria de suas medidas desagradou os colonos portugueses, p ortugueses, tais como a derrama e a cobrança de 100 arrobas anuais de ouro em 1750. Além disso, em 1759, o ministro expulsou os jesuítas de todo o Império Português e optou, em 1763, por transferir a capital da América Portuguesa de Salvador para Rio de Janeiro.

   p    e     R

A derrama foi um imposto colonial criado em meados do século XVIII. “Cada região deveria pagar 100 arrobas de ouro por ano para a corte portuguesa”. No caso de alguma região não conseguir ““arrecadar arrecadar essa quantidade, soldados entravam nas casas das pessoas que moravam na região e retiravam a força, objetos de valor até completar o imposto devido”. Fonte: Melo (online).

A Independência da América Portuguesa

 

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III

A expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses em 1759 garantiu, de fato, a laicização do Estado tal como almejavam as reformas pombalinas? Fonte: a autora.

Pombal administrou os domínios lusitanos lus itanos até 1777, ano em que D. José I faleceu. Mesmo com essas reformas, reformas, a economia portuguesa continuou frágil. A cris crisee na produção aurífera desacelerou a arrecadação das 100 arrobas anuais estipulada pelo governo português. Além disso, a Coroa portuguesa por tuguesa decretou uma série de medidas restritivas na colônia. A crise se tornou ainda mais caótica caótic a em 1788, momento em que Luís Antônio Antônio Furtado Mendonça, o Visconde de Barbacena, ocupou o cargo de governador da capitania de Minas Gerais com a missão de ampliar a receita e aumentar o controle da Coroa portuguesa na colônia. Competiria ao governador, ainda, aplicar a derrama e a cobrança do quinto em atraso. Tais medidas soaram de forma negativa entre os habitantes da capitania, gerando um clima propício para um movimento insurgente, que ficou conhecido como Conjuração C onjuração Mineira ou Inconfidência Mineira. Em grande parte, os conjurados eram membros da elite colonial. Entre os rebeldes, havia mineradores, funcionários públicos, padres, fazendeiros, militares de alta patente e advogados. Dentre os conjurados, podemos destacar os poetas Inácio José de Alvarenga Peixoto, Peixoto, o jurista Claudio Manuel da Costa, os padres José da Silva de Oliveira Rolim e Luís Vieira da Silva, o advogado José Alvares Maciel, os contratadores contratadores João Rodrigues de Macedo e Joaquim Silvério dos Reis e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, popularmente conhecido como Tiradentes. ais revoltosos estavam influenciados pelos ideais iluministas e pretendiam tirar a vida do governador e proclamar uma república na capitania de Minas Gerais. No entanto Joaquim Silvério dos Reis delatou d elatou os seus companheiros em troca do cancelamento de sua dívida com a Coroa e uma premiação por sua lealdade. Denunciados por Silvério, os insurgentes foram presos e transferidos para a capital da colônia (Rio de Janeir Janeiro), o), onde aguardaram seus julgamentos.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   .A A   r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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Em 1790, o processo contra os conspiradores foi aberto. Os acusados foram considerados culpados pelo crime de lesa-majestade e onze dos réus foram sen-

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

tenciados à morte. Somente iradentes foi executado e esquartejado. Partes do seu corpo ficaram expostas pela região como uma forma de intimidação. Os outros condenados obtiveram a conversão de pena para o exílio perpétuo para o continente africano, além do confisco temporário dos bens. b ens. Além da Inconfidência Mineira, destacaram-se outros movimentos separatistas, como a Conjuração Baiana, também conhecida por Conjuração dos Alfaiates (Bahia, 1798), e a Insurreição Pernambucana (1817). Apesar dessas agitações, costuma-se atribuir o início do processo de independência do Brasil a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808. Essa mudança atribuiu ao Brasil uma transferência de papéis: de simples colônia ao principal centro de decisões da Coroa portuguesa. Embora preparada, a vinda da família famí lia real portuguesa para o Brasil foi antecipada em função da invasão do exército napoleônico no território português. D. João não aceitou o Bloqueio Continental à Inglaterra, proposto por Napoleão, o qual, como forma de se vingar, ordenou a invasão do território lusitano lusitano.. Protegido pela marinha britânica, o príncipe regente D. João, a corte portuguesa e a família real deixaram Lisboa em novembro de 1807 e chegaram ao Rio de Janeiro em 1808, após uma escala em Salvador. No Brasil, D. João adotou algumas medidas que mudaram radicalmente a política e a economia da colônia. Dias depois ao chegar à Bahia, D. João decretou a abertura dos portos às nações amigas, pondo fim ao pacto colonial. Posteriormente, já no Rio de Janeiro, o príncipe príncip e cancelou o Alvará de 1785, o qua quall impedia a instalação i nstalação de manufaturas na colônia, e em 1810 aprovo aprovouu dois acordos com a Grã-Bretanha: o de Aliança de Amizade e o de Comércio e Navegação. Esses tratados davam aos comerciantes ingleses tarifas alfandegárias em condições especiais. Dessa forma, a taxa de importação aos produtos ingleses seria de 15%, 16% para p ara os produtos portugueses e 24% de mercadorias de outras nações. Além disso, a Coroa portuguesa se comprometia a extinguir paulatinamente o tráfico de escravos para o Brasil, em conformidade com as exigências feitas pelos britânicos.

A Independência da América Portuguesa

 

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UNIDADE

III

Com a estadia da família real no Rio de Janeiro, uma série de medidas foram tomadas no intuito de substituir a máquina administrativa colonial por p or um verdadeiro aparelho de Estado, uma vez que a sede da monarquia portuguesa havia se estabelecido naquela cidade. Foi instalada, por exemplo, a Biblioteca Real, com o material oriundo da Real Biblioteca de Lisboa, implantaram-se gráfica e demais serviços até então inexistentes. Além disso, foi fundado o primeiro jornal editado no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro. Tais transformaçõ transformações es não resolveram os problemas da cidade carioca. car ioca. A ausência de um planejamento urbano contribuía para o aumento do mau cheiro e a proliferação de doenças, em razão da inexistência de um sistema de esgoto. Para complicar ainda mais a situação, a falta de água e alimentos era recorrente, fator que pode ser compreendido graças ao intenso aumento populacional. A mudança da família real portuguesa para p ara o Brasil e, consequentemente, a transferência da sede administrativa do Império Lusitano de Lisboa para o Rio de Janeiro trouxe insatisfações para os portugueses. Após a derrota d errota do Exército napoleônico pelas tropas luso-brasileiras, Portugal passou a ser administrado por uma junta de governo britânico que prestava satisfações a D. João João.. A maior parte dos portugueses não escondia o seu descontentamento, principalmente pelo fato de eles terem sido relegados a um papel secundário no momento em que o Brasil foi elevado, durante o Congresso de Viena (1814-1815), a categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Diante desse clima, foi iniciado um movimento revolucionário na cidade do Porto, por meio do qual se exigia a volta imediata do príncipe regente D. João para a Europa e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, responsável por elaborar uma nova Constituição para Portugal e decretar o fim do absolutismo monárquic monárquico. o. al movimento ganhou forte apoio da sociedade lusitana a ponto p onto de formar um Governo Provisório disposto a convocar convocar as Cortes para dar início à redação redaçã o da Carta Magna. Conhecido como a Revolução Liberal do Porto, essa insurreição possibilitou, de forma contraditória, a emancipação política do Brasil, isso porque, ao dar início ao processo de redução do Brasil à categoria de colônia, as Cortes iniciaram um projeto que pôs fim a dominação lusitana na América.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   .A A   r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1 

 9   8   .

Mediante tanta pressão pressão das Cortes e dos portugueses, D. João VI voltou voltou para  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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Portugal em 25 de abril de 1821, deixando o seu filho D. Pedro como príncipe regente do Brasil. Contudo, assim que chegou a Portugal, D. João foi cada vez

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

mais pressionado pelas Cortes para tomar providências enérgicas em relação ao Brasil. Dentre outras coisas, determinou-se o encerramento das atividades de importantes órgãos públicos, além do retorno imediato de D. Pedro a Portugal. Temerosos em perder p erder muitos dos privilégios conquistados em 1808, a aristocracia brasileira brasilei ra manifestou a sua opinião, sendo contrária às ordens provenientes de Lisboa. Nesse cenário, formaram-se, no Brasil, dois grupos com ideários distintos, os quais não podem ser considerados partidos políticos da forma como entendemos uma organização como essa nos dias de hoje. Por um lado, havia o Partido Português, formado por comerciantes lusita-

nos e demais pessoas pesso as interessadas nos privilégios garantidos pela manutenção da estrutura colonial. Dentre os adeptos dessa vertente, havia aqueles que defendiam a volta de D. Pedro a Portugal e a reimplan reimplantação tação de práticas colonizadoras. Por outro lado, organizou-se o Partido Brasileiro, o qual reunia comerciantes proprietários de terras, investidores urbanos, advogados e burocratas, nascidos no Brasil ou em Portugal. al grupo era composto, no geral, por pessoas que usufruíam de privilégios com a vinda da família real portuguesa ao Brasil. Além da redução de impostos e liberdade de comércio, os adeptos a essa tendência luta vam pela manutenção da igualdade jurídica e políticas, conquistadas em 18 1815, 15, por ocasião da elevação ele vação do Brasil a Reino Unido Unido.. Posteriormente, alguns aderentes a esse grupo fundaram o Partido Liberal Radical, defensor da ruptura com Portugal e a implantação de uma república em terras tupiniq tupiniquins. uins. Os interesses dos liberais brasileiros confrontariam com a intenção das Cortes portuguesas. portuguesas . De início, os primeiros tinham considerado a Revolução do Porto como um movimento em defesa de maior liberdade econômica e política. p olítica.

A Independência da América Portuguesa

 

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UNIDADE

III

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Figura 06: Independência ou morte, de Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888)

Diante desse quadro de interesses conflitantes, D. Pedro recebeu, em 9 de janeiro de 1822, uma petição pública composta por 8 mil assinaturas. O objetivo do documento era pedir para que o príncipe regente permanecesse no Brasil e fizesse parte do projeto de independência. Firmando Firm ando um compromisso com os brasileiros, D. Pedro determinou que nenhuma ordem proveniente das Cortes lusitanas fosse cumprida sem a sua autorização. M Mediante ediante a agitação crescente no Rio de Janeiro,, D. Pedro finalmente oficializou a emancipação política do Brasil em 7 de Janeiro setembro de 1822, sendo Coroado em dezembro desse mesmo ano como imperador do país p aís recém-independente.

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   .A A   r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   8   .

O PROCESS PROCESSO O DE INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA INGLESA Na segunda metade do século XVIII, as treze colônias inglesas iniciaram um movimento que resultou na sua emancipação em relação à Coroa britânica.  al al processo se multiplicou por toda a América, segundo as especificidades de d e cada local. A crise nas treze t reze colônias iniciou-se principalmen principalmente te por conta de medidas

coercitivas adotadas pela Inglaterra. Os colonos gozavam de certa autonomia,  AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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todavia as ações da Coroa C oroa britânica, para tentar controla controlarr a sua possessão posses são americana, causaram discórdia, a exemplo do controle metropolitano sobre o comércio

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

colonial. al al iniciativa foi adotada para subsidiar a Revolução Industrial inglesa, a qual implantou um modelo de desenvolvimen desenvolvimento to capitalista cujo objetivo principal era expandir o mercado consumidor. Diante desse cenário, as colônias representavam represen tavam um importante celeiro de venda de mercadorias manufaturadas. Além do mencionado desgaste oriundo do controle comercial metropolitano, a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), responsável por envolver diversas metrópoles europeias e suas colônias, também contribuiu para os processos de emancipação ocorridos no Novo Mun Mundo. do. Na América, o reflexo substancial da Guerra dos Sete Anos ocorreu por meio

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

da concorrência entre os colonos franceses residentes no Canadá e os colonos ingleses das treze colônias, ambos dependentes do mercado de peles e pesca. O conflito cessou com a vitória dos britânicos. Entretanto, mesmo tendo sido beneficiada pelo resultado do confronto, sobretudo com a anexação de territórios franceses, a Inglaterra saiu desse episódio enfraquecida financeiramente. Em razão dos gastos com a guerra, os cofres ingleses se esvaziaram e a recuperação das finanças dependia do aumento da arrecadação tributária, medida tomada na época. De forma geral, as treze colônias foram uma das que mais se beneficiaram com a Guerra dos Sete Anos, pois, além de anexarem o Canadá, até então pertencente aos franceses, conseguiram se armar, adquirir munição e experiência bélica. A assinatura do ratado de Paris, em 1763, entre os britânicos e franceses, transformou esses últimos em aliados, na causa separatista sep aratista norte-americana, fator que foi visto como uma revanche contra os britânicos. A fim de repor os gastos com a Guerra dos Sete Anos, o governo inglês impôs uma série de tributos tri butos para ampliar sua receita. Dentre os mais conhecidos estão: a Lei do Açúcar (Sugar Act ) – destinado a aumentar a taxa em relação ao café, açúcar e outros produtos – e a Lei do Selo (Stamp Act ) – o qual estabelecia que as correspondências, sobretudo os documentos legais e oficiais, fossem obrigadas a ser seladas.  al al cobrança gerou tensão entre os colonos, que alegavam a legavam ser cidadãos ingleses, mas sem representatividade.

O Processo de Independência da América Inglesa

 

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UNIDADE

III

Em 1767, a carga tributária inglesa aumentou significativame significativamente nte com o lançamento dos Atos Townshend, um conjun conjunto to de leis que objetivava aumentar as

taxas de importação do vidro, papel, chumbo e chá. Essa medida não tardou para se tornar impopular, a ponto de a Coroa ter de invalidar a aplicação desses novos tributos, com exceção dos impostos destinados ao chá. Para complicar ainda mais a situação, o governo inglês concedeu à Companhia das Índias Orientais o monopólio da venda de chá para as colônias, em 1773. Ao fim desse mesmo ano, um grupo de colonos, disfarçados de índios, despejaram no mar cargas de chá trazidas pela Companhia das Índias Orientais, um episódio episó dio que passou para a história como a Festa do Chá de Boston (Boston Tea Party )).. Como reação, a metrópole optou por decretar as Leis Intolerá Intoleráveis veis. Dentre essas, destacavam-se o fechamento do Porto de Boston até o pagamento total do chá lançado ao mar e a obrigação das autoridades de abrigarem os soldados ingleses. Essa plêiade de medidas fez com que as treze t reze colônias da América Inglesa se unissem contra o poderio colonial britânico, por mais que não compartilhassem o mesmo modelo socioeconômico socioe conômico e nem defendessem o mesmo projeto político. A primeira iniciativa dos colonos ocorreu em 1774, quando foi organizado o Primeiro Congresso Continental C ontinental da Filadélfia. al evento solicitou o término das medidas que impediam o desenvolvimento das treze colônias. Nesse primeiro momento, os colonos almejavam a ruptura com o Império Britânico, mas tencionavam fazer um acordo para diminuir a exploração dos colonos ingleses. Contrariando as visões visõ es mais otimistas, a metrópole aumentou a repressão repressão e, como forma de reagir a tal medida, os setores conservadores do sul, composto geralmente de latifundiários e escravocratas, concordaram que a única saída era apoiar a independência. Após esse ato de resistência da Coroa Britânica, ocorreu o Segundo Congresso Continental da Filadélfia, ocasião em que foi redigida a Declaração de Independência. Sob a liderança de Tomas Jefferson, tal documento foi inspirado nos ideais iluministas de John Locke e foi finalizado em 4 de julho de 1776, data d ata que simboliza historicamente a independência estadunidense do jugo britânico.

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 AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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George Washington Washington foi designado ao cargo de comandant comandantee das tropas insurgentes. Para não perder as treze colônias, a resistência britânica resultou em lutas

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que se estenderam até 1783, momento em que a Coroa reconheceu a independência dos Estados Unidos da América por meio do ratado de Paris. Mesmo com a emancipação, as lutas continuaram, mas dessa vez estavam restritas a projetos políticos a serem implantados pelo Estado recém-fundado. As propostas estavam divididas basicamente em duas: a federalista e a antifederalista. Os federalistas defendiam um executivo forte e centralizado, capaz de representar represen tar diplomaticamente os anseios do ppovo ovo e responsável pela criação e a prática de leis. Em oposição, os antifederalistas defendiam a atuação do governo somente como administrador, sem interferir na criação de leis ou nas relações comerciais de cada região. O dilema sobre essas duas propostas foi encerrado em 1787, por meio da aprovação da Constituição dos Estados Unidos, ocasião em que o projeto federalista foi eleito como a melhor opção, permanecendo até hoje na organização política dos Estados Unidos. Além disso, a Carta Magna de 1787 garantia a divisão do Estado em três poderes (legislativo, judiciário e executivo) e estabeleceu a república presidencialista como regime governamental, governamental, além de primar pelas liberdades individuais. Porém, Porém, apesar de incluir o ideário iluminista na organização do Estado, optou-se pela continuidade do trabalho escravo es cravo no país, o qual somente foi abolido em 1 de janeiro de 1863, apesar de ter sido oficialmente proibido por meio da 13ª Emenda Constitucional, de dezembro de 1865.

O Processo de Independência da América Inglesa

 

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III

“Não haverá (...) sossego na América enquanto o negro não tiver garantidos os seus direitos de cidadão. A luta dos negros (...) ainda está longe do fim.” Fonte: Martin Luther King, um século após o fim da escravidão (1963).

Você sabia que surgiram grupos especializados em exterminar os negros? Saiba que o Ku Klux Klan foi uma dessas organizações. Criado em 1866, no Tennessee (EUA), tal grupo se caracterizou por seu caráter racista e secreto. Seus primeiros integrantes eram soldados que lutavam ao lado do Sul na chamada Guerra Civil Americana (1861-1865), justamente o lado derrotado do conflito. O KKK, como ficou conhecido, empunhou uma bandeira de resistência à política liberal, levada a cabo pelos representantes do Norte após a Guerra Civil, a qual defendia, dentre outras coisas, o cumprimento da abolição da escravatura. O grupo visava manter a supremacia branca no país e, para isso, seus membros prom promoviam oviam atos de violência, dentre os quais se destacavam a perseguição e intimidação de negros libertos. A fim de atingir esse objetivo, adotaram trajes fantasmagóricos, no intuito de esconder sua identidade e amedrontar as vítimas. Fonte: a autora.

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 AMÉRICA FRENTE À CRISE DO DO SISTEMA COLONIAL COLONIAL E OS MOVIMENTOS MOVIMENTOS DE INDEPENDÊNCIA

 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Chegamos ao fim de mais uma jornada! Nesta unidade, conhecemos os processos de independência das Américas Hispânica, Portuguesa e Inglesa, ocorridos, em sua maioria, durante o século XIX, como resultado de crises coloniais que se multiplicaram ao longo do século XVIII por todo o continente. O assunto analisado não teve como objetivo somente a conclusão de uma unidade do livro da disciplina, mas a conscientização dos processos de emancipação política e o estabelecimento de estruturas que resultaram na formação e consolidação dos Estados Nacionais entre os séculos XIX e XX, assuntos tratados na próxima unidade. Você teve a oportunidade de conhecer os variad variados os processos de independência das Américas Hispânica, Portuguesa e Inglesa, cada qual com sua particularidade e vinculado a sua conjuntura. Analisamos a crise do sistema colonial que resultou na emancipação política da América Espanhola, bem como as peculiaridades de inúmeros casos que que compunham eessa ssa região. Posteriormente Posteriormente,, foi apresentado o complexo processo que resultou na independência do Brasil e dos Estados Unidos, recorrendo-se, para isso, a uma abordagem dialógica e de fácil compreensão, com o objetivo de facilitar a identificação dos atores sociais envolvidos e de seus respectivos interesses. T Tais ais informações são relevantes para compreendermos a formação e consolidação dos Estados Nacionais entre os séculos XIX e XX, que será tema de nossa próxima unidade. Evidentemente, as emancipações políticas nas Américas não trouxeram transformações profundas na esfera social, política e econômica, pois se constatou que, na maioria dos casos, houve um continuísmo do modelo colonial baseado no abastecimento do mercado externo com matérias-primas provenientes do próprio território americano. Espero que tenha gostado de nossa viagem! Até a próxima!

Considerações Finais

 

‘Deem-me a liberdade ou deem-me a morte!’. Essa frase foi dita por um (...) americano (...). Ela representa muito do crescente estado de espírito que as leis inglesas iam provocando nas colônias. (...) É importante lembrar que não havia na América do Norte, de forma alguma, uma nação unificada contra a Inglaterra. Na verdade, as treze colônias não se uniram por um sentimento nacional, mas por um sentimento antibritânico. Era o crescente ódio à Inglaterra, não o amor aos Estados Unidos (...) que tornava forte o movimento pela independência. Mesmo assim, esse sentimento a favor da independência não foi unânime desde o princípio. (...) O sul era mais resistente à ideia da separação. E tanto entre as elites do norte como as do sul, outro medo era forte: O de que um movimento pela independência acabasse virando um conflito interno incontrolável, em que negros ou pobres interpretassem os ideais de liberdade como aplicáveis também a eles. (...) As sociedades secretas foram uma das primeiras reações dos colonos contra as medidas inglesas. A mais famosa delas foi Os Filhos da Liberdade, que estabeleceu uma grande rede de comunicações, em muito facilitando a articulação ar ticulação entre os colonos. Os Filhos da Liberdade também eram uma escola de política, pois seus membros liam as principais obras políticas (...) para darem base intelectual ao movimento. Houve também um grupo feminino intitulado Filhas da Liberdade, com o mesmo propósito. As mulheres também organizaram Ligas do Chá com o objetivo de boicotar a importação de chá inglês. Nas grandes cidades como Nova Y York ork e Boston, mulheres encabeçavam campanhas contra produtos elegantes importados da Inglaterra e incentivavam produtos feitos em casa (...). Na Carolina do Norte, um grupo de mulheres chegou a elaborar um documento chamado Proclamação Edenton, dizendo que o sexo feminino tinha todo o direito de participar da vida política. Mais tarde, quando a guerra entre colônias e a Coroa britânica começou, as colonas demonstraram mais uma habilidade: foram administradoras das fazendas e negócios enquanto os maridos lutavam. Fonte: KARNAL, formação nação. KARNAL,, 2008, L. et al. dos: das origensL.aoAséculo XXI.da São Paulo:In:Contexto, Contexto p. História 82-83. dos Estados Uni-

 

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1. A conjuntura espanhola da segunda metade do século XVIII para os primeiros anos do século XIX influenciou os processos de emancipação política na América Hispânica. A partir dessa informação, produza um texto dissertativo apon-

tando as mudanças desse contexto e relacionando-as com os processos de emancipação política na América Espanhola. 2. Alguns historiadores costumam atribuir o início do processo de independência do Brasil a chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808. Diante dessa constatação, explique a conjuntura que resultou na elevação do Brasil em simples colônia para o centro de decisões da Coroa portuguesa. 3. Mesmo com a emancipação das Treze Colônias inglesas, as lutas não cessaram, mas dessa vez estavam restritas a projetos políticos divergentes que disputavam a preferência como alternativa a ser adotada pelo Estado recém-fundado. Com base na leitura desta unidade, apresente e explique as duas propostas políticas que surgiram após a independência das colônias britânicas na América. 4. Alguns ideários estimularam os processos de independência na América. De forma geral, os pensamentos que instigaram a emancipação política no Novo Mundo estão vinculados: a) Aos ideais da Guerra do Vietnã e Revolução Praieira. b) Aos ideais iluministas e da Revolução Francesa. c) Aos ideais da Revolução Científica e da Primavera Árabe. d) Aos ideais do Stalinismo e das Revoluções Com Comunistas. unistas. e) Aos ideais da Revolução Bolivariana e Revolução Hoplítica. 5. Na segunda metade do século XVIII, as treze colônias inglesas iniciaram um movimento que resultou na sua emancipação em relação à Coroa britânica. Sobre a independência dos Estados Unidos, em 1776, é correto afirmar : a) Ampliou os direitos político políticoss de índios e mulheres, que se igualaram aos grandes proprietários de terras. b) Caracterizou-se por ser uma revolução política e econômica que alterou profundamente as bases da sociedade. c) Simbolizou a liberdade para toda a população, incluindo a abolição da escravidão africana. d) Resultou no genocídio decorrent decorrentee de perseguições políticas, econômicas e a expropriação de bens da nobreza. e) ProcessouProcessou-se se como a primeira revolução que acabou com a dominação colonial na América.

 

6. Mesmo se valendo de um discurso que proclamava a libertação dos povos americanos da dominação espanhola, salientando que haveria melhoria nas condições de vida e liberdade, os líderes das independências ocorridas na América Hispânica defendiam, na realidade, a manutenção das antigas estruturas coloniais de modo a beneficiar apenas as elites coloniais. Qual das alternativas abaixo indica, de forma correta, o nome pelo qual ficaram conhecidas essas elites ? a) Peninsulares. b) Chapetones. c) Índios. d) Criollos. e) Burgueses.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEMEN COMPLEMENT TAR

Título: Estados Unidos: a formação da nação. Da colônia à independência Autor: Leandro Karnal Editora: Contexto Sinopse: trata-se de uma obra com linguagem acessível que aborda desde a formação dos Estados Unidos durante o período colonial até o processo de independência.

Título: A formação das nações latino-americanas Autora: Maria Lígia Prado Editora: Atual Sinopse: a obra aborda a formação dos Estados nacionais da América Latina, englobando o seu processo de independência.

Título: A viagem marítima da família real: a transferência da corte portuguesa para o Brasil Autor: Kenneth Light Editora: Zahar Sinopse: resultado de dez anos de pesquisa, a obra em tela retrata a transferência da corte portuguesa para o Brasil, detalhando os fatos corriqueiros, embarcações, embarcações, os alimentos e o cotidiano da viagem.

Material Complementar  

MA MATERI TERIAL AL COMPLEME COMPLEMENT NTAR AR

Título: O Patriota Ano: 2000 Sinopse: o filme retrata que, depois de muito sofrimento e batalhas, os colonos recebem ajuda do exército francês impondo a derrota aos ingleses. O conflito entre ingleses e colonos, liderados por Benjamin Martin, ocorre dentro do contexto da guerra pela independência das Treze Treze Colônias, mostrando a participação da região da Carolina do Sul na guerra de independência. O resultado de todo esse fato histórico no qual está inserido o filme é o surgimento dos Estados Unidos da América. Comentário: este filme apresenta, de forma clara, um conflito entre ingleses e os colonos que resultou no processo de emancipação que deu origem aos Estados Unidos.

Título: Independência ou Morte Ano: 1972 Sinopse: o filme inicia com a fuga da corte portuguesa para o Brasil provocada pela invasão das tropas de Napoleão Bonaparte, depois que Portugal aliou-se a Inglaterra. O povo, não satisfeito com tudo o que Portugal estava fazendo, pediu a independência. Este filme traz uma visão heroica do processo de emancipação política do Brasil. Comentário: apesar de importante para a compreensão de mudanças que ocorreram durante o século XIX, o filme atribui a apenas um homem (D. Pedro I) o feito da independência do Brasil. Ainda assim, é um clássico relacionado ao tema da emancipação brasileira.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEMEN COMPLEMENT TAR

Título: Carlota Joaquina, princesa do Brasil Ano: 1995 Sinopse: retrata, de forma irônica e humorada, os acontecimentos que resultaram na vinda da família real portuguesa ao Brasil, enfatizando o comportamento e costumes da princesa e de seu marido D. João durante sua estadia na América. Comentário: apesar dos exageros relacionados aos hábitos da família real portuguesa, este filme é importante para compreender o processo que resultou na vinda da família real portuguesa no Brasil, em 1808.

Neste portal, há várias informações culturais sobre a América Latina. O internauta possui acesso às publicações do site, como a Revista “Nossa América”, a qual traz uma coletânea de artigos sobre arte, ar te, economia, política e história dos países latinoamericanos. Venha conferir você também! Memorial da América Latina Disponível em: . Acesso em: 01 out. 2015.

Material Complementar

 

Professora Professo ra Dra. Verônica Karina Ipólito

A FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS

      E       D       A       D       I       N       U

ESTADOS EST ADOS NACIONAIS NACIO NAIS Objetivos de Aprendizagem

IV

■  Compreender Compreender a formação dos Estados Nacionais na América Latina entre os anos de 1825 a 1860. ■  Analisar a consolidação dos Estados Nacionais entre as décadas de 1860 a 1890.

■  Conhecer os fatores que transformaram os Estados Unidos em uma potência industrial, em fins do século XIX.

Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  A formação dos Estados Nacionais (1825-1860) ■  A consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890) ■  Os Estados Unidos em fins do século XIX

 

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INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A quarta unidade do livro apresenta a formação e consolidação dos Estados nacionais latino-americanos bem como os Estados Unidos, em fins do século XIX. Não foi nosso objetivo abordar todos os o s inúmeros casos dos países latino-americanos, contudo contudo houve um esforço para concentrar concentrar informações e reflexões sobre tal assunto assunto.. O primeiro objetivo é levá-lo(a) a refletir sobre o processo de definição dos territórios e da soberania dos países recém-emancipados, bem como de suas relações com o mundo exterior exterior,, outorgando-lhes uma identidade nacional que foi construída ao longo desse processo histórico. Além disso, é necessário compreender que as primeiras décadas foram marcadas pela disputa interna entre diferentes elites regionais, econômicas, sociais e políticas (exemplos: caudilhos no Rio da Prata, disputas regionais na América Central...), incluindo a onipresença de várias potências estrangeiras, como Inglaterra, Estados Unidos e, em menor medida, França. Em seguida, analisaremos os processos de consolidação dos Estados latino-americanos, os quais, como na dinâmica internacional, figuravam como países exportadores de matéria-prima e importadores de produtos manufaturados, comandados por oligarquias locais. Por fim, conheceremos a estabilização dos Estados Unidos como uma superpotência industrial em fins do século XIX. O objetivo é compreender que, apesar da conjuntura, cada país tem suas particularidades, mesmo pelo fato de nutrirem pontos em comum. Penso que se você compreender a formação e consolidação dos Estados Nacionais melhor entenderá a hegemonia exercida até os dias de hoje por alguns países. O intuito é contribuir no entendimento do período pós-independência até fins do século XIX. Para contribuir com os seus estudos, é necessária ne cessária a consulta de materiais (livros e filmes) recomendados ao fim desta unidade. Vamos visitar o sséculo éculo XIX latino-americano? Aguardo a sua visita! Uma excelente excelente leitura a você!

Introdução

 

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UNIDADE

IV

A FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d 

   s    n    o    m    m    o     C    a     i     d    e    m     i     k     i     W     ©

Figura 07: Soldado paraguaio p araguaio de sentinela durante a Guerra da ríplice Aliança, também chamada de Guerra do Paraguai (1864-1870)

A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS (18251860) A formação estrutural dos Estados nacionais na América Latina foi um processo espinhoso e violento. A derrota empunhada aos países metropolitanos na primeira metade do século XIX não foi suficiente para limitar as fronteiras dos territórios recém-independentes, muito menos foi capaz de estabelecer e legitimar regimes políticos duradouros. Muitos escritores de caráter nacionalista espalhados pelo continen continente te buscaram ignorar tais problemas e reforçaram o pensamento de que a identificação das nacionalidades já era consistente no final do período colonial. Essas interpretações representam um olhar dos processos de independência, vinculando-o à sua realidade.

 a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A visão de união pintada por essa historiografia pode ser mais bem exemplificada pelo escritor argentino Ricardo Rojas, o qual, em sua obra Blason de Plata  (1910), dissertou que “índios, negros, gaúchos e mulatos todos tod os marcharam com o criollo burguês contra a oligarquia exótica – fundidos em multidão, fundidos em exército, fundido em povo, fundidos em nação, pelo fogo sagrado do indianismo”” (ROJAS, 1946, p. 119). Os autores desse perío nismo período do consagraram a ideia de “nação” como um dos elementos em construção no momento de confecção e execução do projeto autonomista. Entretanto a noção de identidade embutida no ideário emancipacionista deve ser vista de forma múltipla e diversa, muito distinta, portanto, da unanimidade pregada por Rojas e em conformidade com a citação supracitada. A pluralidade da América Hispânica era visível desde a sua organização política. A colônia americana devia, teoricamente, obediência à Coroa espanhola. Tal confiança foi abalada por meio da crise cri se gerada com a prisão de Fernando VII pelas tropas napoleônicas. Diante desse cenário, os governos locais da América argumentaram que mediante a ausência de uma soberania política legítima, como no caso do governo monárquico, o poder retroagia aos súditos, no caso, aos representantes municipais da América Hispânica. A reclusão de Fernando VII pode ser considerada, portanto, como uma primeira ação que resultou nas declarações de autonomia. No entanto a ausência de um governo centralizado, ainda que sediado na metrópole, resultou em outro problema: a fragmentação sem fim da legitimidade política, pois cada cidade tinha autorização, na falta de um poder legal, de se declarar como um organismo político soberano, uma vez que o pacto estabelecido com a coroa espanhola havia se rompido mediante a captura do rei. Cidades menores e algumas províncias não concordavam com a autoridade auto ridade delegada às antigas capitais vice-reinais ( cabeceras) quando da ausência do poder imperial e, como consequência, esses fatores abriram espaço para a pulverização da guerra entre cidades e províncias durante processos de independência e mesmo após o seu encerramento.

A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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UNIDADE

IV

Esse ambiente de conflitos generalizados perdurou durante quase todo o século XIX, trazendo a tona diversas limitações durante o processo de construção dos Estados nacionais, como: a ausência de tropas regulares na América hispânica; a formação de rivalidades regionais; a persistência de velhas práticas e estruturas corporativas; a falta de organização fiscal dos Estados ainda em fase de formação; dificuldades de acesso aos locais mais isolados; relutância quanto à institucionalização de práticas políticas, mesmo com a elaboração de constituições em muitos casos; isolamento de comunidades indígenas de participação política e a ausência de uma aceitação de autoridade política. Apesar de caótico, esse quadro estimulou debates a respeito de uma organização formal no pós-independência. A princípio princípio,, defendeu-se um regime político que pregava pela autonomia local (confederação). al modelo foi proposto nos primeiros anos de pós-independência, atendendo, principalmente, às cidades e províncias menores menores como forma de se defenderem do poderio das cidades maiores, a exemplo de Buenos Aires e Caracas. Em algumas regiões, como no Rio R io da Prata, os delegados provinciai provinciaiss eram enviados mais como representante representantess de um Estado do que propriamente como membro de uma “nação”; “nação”; a “nação” em si era um termo muito difícil de ser definido. Essa conjuntura explica a fragilidade das tentativas de construção dos Estados nacionais sob os auspícios de um governo central. As tentativas de organização de projetos federalistas encontravam grande resistência provincial, provincial, pois tais planos eram associado associadoss a conspirações voltadas para o domínio de cidades maiores. Se o quadro era instável politicamente, o que dizer então da cultura nacionalista? Encontrar práticas e representações que se aproximassem aproximassem do que se ppode ode chamar de “nacional” era uma tarefa árdua, baseada, geralmente, em histórias compartilhadas. Por outro lado, encontrar esse elemento na trajetória histórica de muitos desses países tornou-se uma tarefa complexa, sobretudo por parte das elites culturais e políticas, principais interessados a desenvolver um movimento dessa natureza. Dentre os países recém-emancipados na América hispânica, podemos considerar que o México tenha tido uma tarefa bem sucedida sobre esse assunto, quando houve um resgate do passado indianista como forma de criar uma cul-

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 a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

tura identitária singular, muito embora estivesse atrelada a retomada do passado p assado  A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

pré-colombiano para reforçar os valores do cristianismo em terras mexicanas. alvez, com exceção do México México,, os outros países não possuíam lideranças locais que se sentissem atraídos pela utilização da memória indígena como forma de embasar um projeto de nação. Muitos desses líderes estavam estavam alinhados ao pensamento iluminista e, como tal, defendiam um projeto de nação em sintonia com os ditames do progresso e da modernidade, enxergando o passado americano como obsoleto e turbulento. Um dos líderes com maior participação nas lutas emancipacionistas, Simón Bolívar, por exemplo, exemplo, condenava o passado pré-colombiano e não conseguia filtr filtrar ar lições positivas dele para as futuras nações, opinião que contribuiu contribuiu para semear dúvidas sobre o papel das populações mestiças nos novos regimes políticos. Em

sua visão, era mais proveitoso inspirar-se no sistema republicano europeu do que se espelhar no passado de opressão e colonização. O fosso gerado com as tentativas de praticar algumas teorias importadas, muitas delas incoerentes com a realidade social americana, dificultou ainda mais a construção de um imaginário nacionalista que se popularizasse. O exemplo clássico da dificuldade de construir um ideário voltado para o sentido de nação foi a Argentina. Os conflitos emancipacionistas foram mais acirrados nessa região em virtude de disputas localizadas pela soberania, além da população mestiça e dos índios nômades serem alijados de qualquer decisão, prevalecendo a vontade das elites modernizadoras em primeiro plano. Alguns autores auto res revelam a frustração sobre a possibilidade de gaúchos e índios argentinos construírem uma nação republicana. Dois dos mais conhecidos que compartilhavam esse pensamento pe nsamento foram os escritores Domingo Sarmiento, cuja principal obra foi “Facundo”, e Juan Bautista Alberdi. Ambos são considerados autores clássicos do liberalismo platino e afirmavam, apesar de suas peculiaridades, o homem interiorano (gaúcho), geralmente nômade, como incapaz de conviver com regras e instituições, por ser classificado por tais escritores como individualista e ameaçador a estabilidade de um projeto de nação. Para essa visão, o gaúcho não tinha condições de assumir um papel representativo da nação, pois não atendia às características idealizadas por essa perspectiva romântica de se transformar em um típico personagem nacional.

A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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UNIDADE

IV

Apesar de atualmente associarmos o homem dos pampas p ampas com a representação nacional argentina, torna-se relevante compreender como foi árdua a decisão de sua aceitação como componente simbólico da paisagem portenha. A produção cultural platina do século sé culo XIX, entre as quais se incluem inclu em “Facundo “Facundo”” e diversas obras de arte de pintores itinerantes, censura a figura do gaúcho, retratando-o, muitas vezes, como um nômade das planícies árabes, de forma a transmitir a ideia de que ele não era integrante do que consideravam como modelo irrefutável de nação. O fato de ignorarem o gaúcho levou a solução imigratória como um requisito para edificarem uma nação nos moldes europeus. Os adeptos a essa perspectiva acreditavam que populações transplantadas de países modernos trat rariam energia e civilidade necessárias para a formação de uma nação saudável.

É importante ressaltar que os processos de independência tinham como principal objetivo a libertação liber tação dos americanos e não de nações previ previamente amente constituídas. Diante dessa constatação, podemos considerar natural o processo árduo de formação das nações com seus símbolos, práticas e representações. representações. A propagação de elementos que constituíram constituíram o imaginário social (hinos, bandeiras etc) somente foi empregada empregada após décadas ddee lutas contra a hegemonia espanhola. Mesmo com a rápida delimitação fronteiriça, é fato que o reconhecimento dos governos centralizados se configurou em um longo processo de aceitação, o qual foi alcançado apenas no fim do século XIX em alguns casos. Buenos Aires, por exemplo, somente foi definida como capital argentina em 1880. Durante anos após as lutas emancipacionistas, muitos argentinos faziam referência ao local onde nasceram em vez de relacionar o seu nascimento com a “nação “nação”” argentina. Tal exemplo ilustra como a elite política nacionalista, de forma contraditória, estruturou uma nação com base no projeto imigratório, em vez de valorizar as particularidades da história local. Nesse cenário, o critério de nacionalidade prevaleceu como um requisito forte na inclusão ou não de pessoas no projeto político. Esses fatores devem ser levados em conta para melhor compreendermos o significado de d e Estado nacional após as lutas emancipacionistas.

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 a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

 A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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O processo de formação dos Estados nacionais na América Latina, salvo s alvo suas peculiaridades, é acompanhado pela aparição do sentimento de pertencimento a uma “nação”? Fonte: a autora.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Os movimentos de independência trouxeram a necessidade necessi dade de reconhecimento. Em alguns casos, caso s, foram enviados representantes à Europa no intuito de pressionar a Espanha a reconhecer a emancipação de suas colônias americanas. Além disso, fazia-se necessário conseguir ajuda econômica e reestruturar as relações produtivas e comerciais comerciais que foram abaladas com a guerra. No plano interno, os novos países tiveram que escolher seus sistemas de governo, estabilizar a produção, reestabelecer o comércio local e externo, bem b em como resolver conflitos para definir suas fronteiras. O período caracterizado pela formação dos Estados nacionais (1825-1860) foi marcado por constantes lutas civis, resultado de distintos projetos políticos que não lograram êxito. O cenário que se desnudou nos recém-formados recém-formados Estados nacionais americanos estava ilustrado por uma série de instabilidades políticas. Uma dessas posições políticas antagônicas foi o chamado projeto bolivariano. Após a independência da Bolívia e do Peru, Simón Bolívar se preocupou em concretizar um sonho que nutria desde 1821: o de formar uma aliança defensiva. Em 1824, convocou todas as nações para um Congresso com o objetivo de unir os territórios em confederações. A Grã-Bretanha foi convidada, pois dela dependia a sustentabilidade política polític a e econômica desses países. países . T Tal al evento, conhecido como o Congresso do Panamá (1826), contou com a ausência da maioria dos países latino-americanos, como Argentina, Chile, o Paraguai, a Bolívia, o Brasil e o Uruguai Uruguai.. Compareceram a esse evento a Grã-Colômbia, Peru, México e América Central.

A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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UNIDADE

IV

Menos de quinze dias após o início do Congresso foi emitido um ratado de União, União, Liga e C Confederação onfederação Perpétua, por meio do qual os países assinantes se comprometiam a oferecer ajuda mútua. No entanto o Congresso teve mais efeito simbólico do que prático, tendo em vista a difícil e quase impossível missão de unir esses países em um u m momento em que nem eles próprios conseguiam manter a unidade interna de seus territórios. Contudo o projeto de defesa de seus interesses econômicos mantém-se até os dias de hoje e considerou o ano de 1810 como referência do reconhecimento das independências. O processo de formação dos Estados E stados nacionais no Rio da Prata, por p or sua vez, contou com uma disputa acirrada e conflituosa de distintas posições políticas. Nessa área, os primeiros países a se libertarem do jugo metropolitano foram o Paraguai e o Rio da Prata.  al al região contava com rios navegávei navegáveiss e boa comunicação, todavia esses rios desembocavam na Prata, onde estava localizada Buenos Aires. Em função de sua localização, Buenos Aires controlava todo o comércio exterior,, gerando alguns conflitos. exterior No atual Paraguai, Paraguai, por exemplo, José Gaspar Rodri Rodriguez guez de Francia foi designado Ditador Perpétuo em 1814, optando pelo isolamento, implantação implantação de uma economia de subsistência e por uma política exterior direcionada apenas para entrada e saída de estrangeiros. Francia se dizia liberal, mas aplicava como método de governo o Catecismo Pátrio. Nesse sistema, Francia aparecia como ditador, justificando seu poder absoluto,, pois acreditava que os paraguaios ainda não estavam prontos para um absoluto governo participativo par ticipativo.. Em consequência, a economia estava sob controle quase exclusivo do Estado: monopólio com propriedade de terra e dos escravos, quase inexistência de comércio exterior, exterior, predominância do comércio regional de venda de er erva-mate va-mate e maiores gastos militares. Províncias Rio-pratenses, próximas próximas aos rios Paraná e Uruguai Uruguai,, reclamavam pela abertura do comércio exterior, mas adotavam, ao mesmo tempo, práticas protecionistas. No entanto entanto a existência de chefes loc locais ais (caudilhos) acabaria com as divergências de opinião existentes entre uma região e outra, tanto que, entre

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 a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

1820 e 1862, a região da atual Argentina, formada por estados paralelos, se uni ram a partir de 1862. No Uruguai, ao contrário, os caudilhos marcaram disputas  A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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que dividiram historicamente o país entre dois partidos: Branco e Colorado. De forma geral, após as lutas de independência, os países da América Latina buscaram incentivar a produção de matérias-primas para a exploração, sobretudo para a Inglaterra. O Brasil, por exemplo exemplo,, continuou a tradicional aliança com os britânicos e a monarquia viu-se diante de diversas manifestações de descontentamento. Surgiram vários movimentos separatistas, dos quais o mais intenso foi a Revolução Farroupilha (1835-1845). Na região andina, além das instabilidades políticas, o período entre os anos de 1825 a 1860 foi marcado pela tentativa de reuniões de diferentes Estados, os quais  visavam se unir para se tornarem mais fortes no âmbito político e econômico. Diante desse quadro, o Peru, logo após a independência, em 1824, destacou-se

por brigas sucessivas, evidenciando evidenci ando a instabilidade existente (conservadores ver liberais/ monarquistas sus versus republicanos). Após a sua independência em 1825, a Bolívia, Bolívi a, por sua vez, se s e declarou autônoma tanto tanto do Peru quanto do Rio da Prata, adotando um ano mais tarde t arde o sistema republicano como regime político. Entre os anos de 1836 a 1839, foi firmada a Confederação Peruano-Boliviana, Peruano-B oliviana, uma iniciativa de Santa Cruz, então presidente da Bolívia. O objetivo era concretizar a unidade política de uma grande região andina, que compreendia os atuais Estados do Peru, Bolívia e norte do Chile. Apesar da existência efêmera, a Confederação fundou bases administrativas e jurídicas de seus territórios, superando em parte a anarquia administrativa consequente da guerra da independência e substituindo a legislação espanhola por novos códigos. O Chile, por sua vez, via a união entre a Bolívia e o Peru como uma forte ameaça a seus interesses econômicos e políticos. políti cos. Por esse motivo, declarou guerra, em 1836, alegando incidentes fronteiriços e acusações de interferências, mas acabou sendo derrotado. rês anos antes desse incidente, o Chile promulgou sua Constituição, o que lhe garantiu estabilidade capaz de solidificar as bases políticas, econômicas e militares, que transformaram o Chile no país mais forte da região andina. Situação contrária estava ocorrendo na Grã-Colômbia, Venezuela e Nova Granada, onde houve, em 1830, um período de desintegração definitiva definitiva.. Os moti-

 vos para essa fragmentação foram as guerras de independência e desencontros entre as propostas centralistas e federalistas. A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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IV

Em 1847, o governo peruano convocou vários países sul-americanos para um Congresso de Lima. Na ocasião, apenas Brasil, Argentina e Venezuela não compareceram. Os países andinos assinaram um Tratado de Confederação e Navegação, com o propósito de formar uma liga defensivo-ofensiva dos países do Pacífico, mas a proposta não passou de lei morta. A América Central, por sua vez, sofreu um processo de fragmentação após a independência, em 1821. No ano seguinte, uniu-se ao México, México, mas optou pela separação em 1823. Em 1824, foi iniciada a Constituição Federal da Confederação Centro-Americana, porém a inexistência de comunicações internas dificultava uma verdadeira união dos interesses das elites regionais. odo esse contexto foi palco de disputas internas, marcadas principalmente pela oposição entre os dois grupos: conservadores centralistas versus liberais federalistas. Em 1839, houve a desintegração, em definitivo, da Confederação Centroamericana em vários países: El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica e Honduras. Com a pulverização da América Central, a presença inglesa tornou-se constante, o que não foi visto com bons olhos pelos Estados Unidos. Durante o século XIX e início do XX, imperava nos Estados Unidos duas noções básicas: primeiro, o Destino Manifesto, voltado para a expansão territorial; segundo, a Doutrina Monroe, pautada na defesa dos Estados latino-americanos contra a intromissão de forças extracontinentais. extr acontinentais.

A Doutrina Monroe foi promovida pelo presidente James Monroe (18171825) por meio de uma mensagem enviada ao Congresso, no dia 2 de dezembro de 1823. A síntese do documento está baseada na famosa frase “A América para os americanos”. Seu pensamento estava fundamentado em três aspectos principais: primeiro, o impedimento de criação de novas colônias nas Américas; segundo, a não intervenção em assuntos internos dos países americanos e, por fim, a proibição da interferência dos Estados Unidos em confrontos relacionados aos países europeus, como guerras entre suas colônias e países.

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Fonte: a autora.

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Figura 08: ela de John Ghast conhecida como “Progresso Americano” (American Progress)

A imagem de número 08 retrata alegoricamente o Destino Manifesto. O progresso representado pela mulher angelical (identificada por alguns como “Colúmbia”, uma referência aos Estados Unidos do século XIX) segura um livro e supostamente conduz a “civilização” “civilização” até o oeste, acompanhada de colonos americanos e instalando fios telegráficos. Em contraste, animais e indígenas fogem, como se estivessem sendo expulsos de um lugar que era deles. As interferências internacionais e disputas por territórios da América Central entre Estados Unidos e Inglaterra Ingl aterra resultaram no Tratado Clayton-Bulwer. Clayton-Bulwer. Assinado em 1850 entre os dois países em tela, esse documento firmou o comprometimento e a convivência com o equilíbrio e quilíbrio de forças na região. A América Central em meados do século XIX encontrava-se dividida em  vários Estados, disputados pela Inglaterra e os Estados Unidos para a construção de uma passagem que comunicasse os oceanos oce anos com o comércio de ultramar. ultramar. De modo semelhante, o Caribe também sofreu disputas pelas potências mundiais. Cuba era um dos alvos perfeitos para esses países por ser uma região de posição estratégica e também pelo fato de se tornar um importante centro de produção açucareira. açucareira. Alguns expansionista expansionistass estadunidenses viam no Caribe uma extensão natural dos Estados Unidos, tanto que em duas oportunidades (1848 e 1854) os norte-americanos ofereceram à Espanha a compra da ilha. Os sulistas estadunidenses visavam incorporar Cuba como reduto escravista, ao passo

que os nortistas norte americanos preferiram manter as negociações diplomá ticas com a Espanha. A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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IV

A presença constante dos Estados Unidos na formação dos Estados nacionais também atingiu o México. Esse país tornou-se independente em 1821, momento em que os Estados Unidos atravessavam um período de estabilidade político-econômica. Aproveitando a inexperiência das autoridades mexicanas, os estadunidenses reconheceram a independência do México em 1822, mas com o intuito de expandir os seus territórios. Foi realizada uma política de migração de cidadãos norte-americanos para o estado mexicano do  exas. exas. O México ratificou esse acordo acordo no qual eram dadas terras aos colonos e em troca estes deveriam respeitar as leis mexicanas, como a proibição da escravidão, por exemplo. Contrariando a proposta, os colonos entraram no território mexicano em grande número, estabeleceram suas leis e implantara implantaram m o sistema escravista. Em 1830, o novo presidente do México, Anastásio Bustamante, quis impor uma política nacionalista na economia e na sociedade. s ociedade. Para fazer isso, Bustamante limitou a imigração de estadunidenses. Essa medida foi tomada porque os colonos estrangeiros predominavam e seus hábitos estavam se sobrepondo aos costumes dos nativos mexicanos. Entretanto, Entretanto, já em 11831, 831, os colonos americanos nutriam uma consciência separatista, arquitetando estratégias para a emancipação do Texas. Como reação à imposição dos estadunidenses, o governo mexicano decretou a abolição da escravidão, em 1835. Um ano depois, os mexicanos protestaram protest aram contra a medida do governo e proclamaram a independência. independê ncia. Para a manutenção da emancipação, os colonos texanos contaram com o apoio dos Estados Unidos, o qual anexou o território ter ritório do  exas. exas. Como ônus da incorporação ddoo  exas exas pelos Estados Unidos, o México resolveu romper as relações diplomáticas diplomátic as com esse país, o que resultou em uma declaração de guerra por parte dos norte-americanos. Em 1848, o México reconheceu reconhe ceu a perda do Texas e sua anexação aos Estados Unidos. Como consequência da derrota, o México foi obrigado a vender parte do seu território (do oeste do  exas exas até o Pacífico) para os estadunidenses, além de ter que aceitar a proposta americana de estabelecimento das fronteiras, f ronteiras, resultando na perda de metade de seu território.

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Mapa 06: Perda do exas para os Estados Unidos Fonte: Mexican History (online).

Conforme você pôde notar, durante a primeira metade do século XIX e logo após os processos de emancipação política, a América Latina estava formando os seus Estados nacionais, fator que trouxe uma série de instabilidades e indefinições territoriais, bem como a precariedade nas relações econômicas e políticas p olíticas com o resto do mundo. Em contraste, na segunda metade do século XIX, a estabilidade se instala aos poucos, ao passo que o controle das finanças vai sendo retomado e as administrações vão se reestabelecendo.

A Formação dos Estados Nacionais (1825-1860)

 

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A CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS DO S ESTADOS ESTADOS NACIONAIS (1860-1890) Como você deve ter aprendido até aqui, as guerras pelas independências se caracterizaram por serem longas e árduas. Além disso, as consequências para os novos Estados foram lastimáveis e marcadas por grandes prejuízos, tais como: economia instável, endividamento e desarticulação desarti culação da produção agrícola. V Vários ários estudiosos sobre o assunto relataram as dificuldades da d a América L Latina atina durante o período de formação de seus Estados nacionais. Sem dúvida, uma leitura considerada indispensável sobre o assunto são os escritos de Maria Lígia Prado (1999), nos quais estão retratadas as desilusões do período pós-emancipação.

Na concepção dos letrados liberais, a liberdade, a justiça, o progresso e a riqueza deveriam florescer na América. Entretanto, a guerra nas colônias espanholas foi longa e cruel, e o sofrimento e empobrecimento  visíveis. Assistia-se ao espetáculo da ruína econômica e da devastação geral. Muitas das riquezas produzidas tinham sido destruídas: plantações, criação de gado, minas. Os tesouros públicos encontravam-se encontravam-se esgotados, os líderes políticos disputavam o poder, divididos em facções. De repente, tudo parecia ter sido em vão, especialmente para aqueles que haviam se empenhado tanto nas lutas (PRADO, 1999, p. 68-69).

Além disso, a militarização da sociedade so ciedade e do pod poder er político constituiuconstituiu-se se como uma herança das guerras de emancipação. em ancipação. Túlio Túlio Halperin Donghi (1975) afirma que essa militarização não é resultado de poder e prestígios oriundos de líderes militares, mas das elites civis que não dispensaram o apoio dos militares para a preservaçãoo da ordem que era mais conveniente e atendia aos ditames desse grupo. preservaçã O peso das forças das armas (...) é inicialmente um aspecto do processo de democratização, mas, bem cedo, transforma-se numa garantia contra uma extensão excessiva desse processo. Por isso (e não porque pareça inevitável) é que mesmo os que deploram algumas de suas manifestações fazem pouco para acabar com eles (DONGHI, 1975, p. 99).

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Muitos daqueles que se diziam liberais e que estavam encabeçando o movimento pela emancipação política foram designados como líderes das recém-criadas repúblicas da América Latina. A exclusão das massas no processo econômico social de seus governos contribuiu para a instalação da desordem infraestrutural, sobretudo após séculos de colonização e do destrutivo período das guerras de independência. Na visão de John Charles Chasteen (2001), a herança colonial inviabilizou a implantação de governos liberais. l iberais.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Os sonhos liberais de novos países prósperos e progressivos logo se dissolveram em frustração e fracasso f racasso econômico. Esperanças de verdadeira democracia foram esmagadas pelos velhos hábitos da hierarquia conservadora. Padrões recorrentes de violência política e corrupção alienaram a maioria do povo dos governos que supostamente o representavam. A dos política tornou-se, de tudo, uma busca dos pós-cobenefícios pessoais cargos públicos.acima Em suma, a primeira geração lonial (1825-1850) não viu a América Latina progredir em nenhuma direção (CHASEEN, 2001, p. 101-102).

De forma geral, os liberais, normalmente compostos por membros das elites crioulas, vinculados ao comércio exterior exterior,, foram golpeados por caudilhos militares. Esses caudilhos eram, grosso modo, proprietários rurais que haviam posto à disposição suas corporações corporaçõ es privadas para engrossarem as fileiras dos exércitos de libertação. Por essa atitude, foram designados a assumir os altos cargos da hierarquia militar. militar. No período da pós pós-independência, -independência, adotaram medidas que tornaram evidentes suas manobras para permanecerem no poder. Em alguns casos, optaram pela usurpação do trono de governos eleitos e a revogação de constituições liberais, quando não tiravam vantagens da fragilidade institucional que os novos regimes republicanos possuíam, utilizando, para isso, o “voto de cabresto” cabresto” para se eleger.  ais ais ações demonstram como o personalismo foi (e ainda é) uma das marcas centrais da cultura dessas sociedades. so ciedades.

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)

 

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Ficou curioso para saber o que foi o voto de cabresto? Saiba que essa modalidade de voto recebeu esse nome por meio se tratar de um sistema nodo qual há forte controle de poder político, seja por da compra de votos, abuso de autoridade ou utilização do poder público para favorecimento pessoal ou de simpatizantes. Fonte: a autora.

De forma semelhante, multiplicaram-se multiplicaram-se as guerras ao longo do século XIX e no início do século XX. A região do Rio da Prata é um exemplo de conflitos dessa natureza. Em 1825, os portenhos entraram em confronto com o Império brasileiro disputando o controle sobre o Uruguai (mais conhecido como Província Cisplatina ou Banda Oriental), em um episódio episódi o conhecido como Guerra Cisplatina (1825-1828), o qual resultou na independência do Uruguai do poder imperial brasileiro,, em 1827. brasileiro Entre os anos de 1851 e 1852, novamente portenhos e brasileiros brasi leiros lutaram pelo domínio na região. O fim do confronto coroou na vitória brasileira, brasi leira, a qual acab acabou ou com os planos do caudilho Juan Manoel de Rosas de unir os países da área, com o objetivo de reintegrar o antigo Vice-Reinado sob o controle de Buenos Aires. Anos mais tarde, entre 1865-1870, ocorreu a Guerra da Tríplice Aliança, na qual estiveram envolvidos três países (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai. Tal acontecimento marcou para a história a Guerra do Paraguai, responsável por aniquilar a população paraguaia e arrasar a economia do país, destinando-o ao subdesenvolvimen subdesenvolvimento. to.

Portenhas são pessoas nascidas ou originárias de Buenos Aires, capital da Argentina. Fonte: a autora.

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 A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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Além desses, outros confrontos agitaram a região sul-americana, a exemplo da Guerra da Confederação Peruano-Boliviana (1836-1839), marcada pelo p elo fato de o Chile não aceitar a união do Peru com a Bolívia, os quais voltaram a se separar após o episódio; episódio; e a Guerra do Pacífico (1879-1883), por meio da qual o Chile derrotou o Peru e a Bolívia, que disputavam uma área ao norte do Chile, resultando na vitória deste último; por fim, a Guerra do Chaco (1932-1935), a qual envolveu o Paraguai e a Bolívia, sendo este último derrotado e forçado a ceder a região do Chaco.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Mapa 07: Conflitos ocorridos na América Latina durante os séculos XIX e XX: Guerra do Pacífico (1879 a 1883), Guerra do Chaco (1932-1935) e a Guerra do Paraguai ou Guerra da ríplice Aliança (1864-1870) Fonte: Chasteen (2001, p. 145-146).

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)

 

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Passado o período de instabilidade do pós-independência, houve algumas transformações nos países latino-americanos. Os sonhos que apregoava o pensamento liberal não pareciam estar mais tão distantes. De forma geral, os governos conservadores não encontravam mais argumentos convincentes que os mantivessem no poder. A esfera social caracterizou-se pela ascensão dos do s mestiços aos setores médios quase sempre s empre atraídos pelas promessas dos liberais. No âmbito econômico, econômico, constatou-se constato u-se certo crescimento em razão da reorganizaçã reorganizaçãoo das atividades econômicas, bem como de oportunidades que surgiram por meio de laços comerciais abertos pelos investidores estrangeiros. A Inglaterra estava disposta a investir na América Latina em função de capitais excedentes adquiridos por meio da indústria. Diante desse cenário, os liberais se tornaram a opção mais aceitável, fator que proporcionou avanços econômicos durante a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX.

Podemos afirmar que, em fins do século XIX a início do século XX, houve na América Latina o predomínio dos liberais, que haviam derrotado as forças conservadoras (Igreja). Os liberais defendiam, dentre outras questões, a legitimação da propriedade privada como direito do indivíduo. Fonte: Hale (1991).

Em conformidade com Rubim Aquino (2000, p. 296-297), houve a persistência da herança colonial no sentido econômico, ou seja, manteve-se na América Latina uma economia produtora de gêneros alimentícios e matérias primas prim as para o mercado externo. A divisão de mercados mundiais entre os países capitalistas desenvolvidos (Estados Unidos, França e Inglaterra) resultou na formação de economias periféricas e/ou dependentes na América Latina. Esse quadro estimulou a criação de grupos capitalistas, responsáveis por instigar a agricultura

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de exportação e a exploração de recursos minerais, fator que ativou o comércio de exportação e importação, criação de companhias de seguros, redes ferroviárias, bancos etc.  A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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Paralelo a isso, alguns países haviam sido reduzidos reduzid os a uma economia de subsistência, o que gerou um quadro de empobrecimento. Tal Tal desigualdade desigua ldade econômica, em consonância com Aquino (2000, p. 296-297), era uma estratégia necessária do capitalismo internacional, ao qual não interessava que os países latino-americanos tivessem condições condiç ões de um desenvolvimento capitalista autossustentado. autossustentado. Essas características impediram a modernização mod ernização e, consequentemente, o surgimento de uma burguesia nacional nesses países. Os poucos grupos capitalistas que surgiram eram muito frágeis e, por isso, não conseguiram impor domínio político à região. De acordo com Aquino: A massa da população, majoritariamente majoritariamente camponesa e analfabeta, vivia sob um sistema de relações pré-capitalistas, uma espécie de semi-ser vidão, e não consti constituía tuía mercado consumidor apreciáv apreciável el para artigos artigos industrializados. As classes dominantes eram formadas pelas oligarquias agroexportadoras cada vez mais dependentes da aliança com o imperialismo – e pela p ela burguesia mercantil – esta localizada em centros bem definidos, como as cidades portuárias de Montevidéu, Buenos Aires, Valparaíso (AQUINO, 2000, p. 297).

De acordo com esta citação, as contradições do liberalismo latino-americano eram moldadas e estavam destinadas a alimentar o capitalismo central. A concentração de terras era evidente. O século XIX evidenciou avanços sobre as terras da Igreja e das comunidades agrícolas. A princípio, os liberais viam nas comunidades um símbolo de atraso, o que os levou a dividir as terras comunais em pequenas propriedades familiares, as quais foram incorporadas pelos latifúndios, fator que levava o indígena a um quadro quadro de servidão por dívidas. Os latifúndios que exploravam essa mão de obra estavam vinculados a uma produção para o mercado externo. externo. Por essas características, podemos dizer que o neocolonialismo encontrou, na América Latina, um campo propício para o seu desenvolvimento. O período de consolidação dos Estados nacionais, também conhecido como neocolonialismo latino-americano, foi marcado pela incorporação da região ao capitalismo mundial. Caracterizou-se ainda por transformações que, de forma mais intensa ou não, modernizaram a infraestrutura e inauguraram os pilares da industrialização na primeira metade do século XX. Algumas dessas mudan-

ças foram retratadas por Chasteen:

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)

 

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Ocorreram mudanças verdadeiras e maciças, que afetaram a vida de todos, ricos e pobres, urbanos e rurais. r urais. As grandes cidades latino-americanas perderam as pedras de cantaria coloniais, as paredes do emboço branco e os telhados de telhas vermelhas, tornando-se metrópoles modernas, comparáveis aos gigantes urbanos de qualquer parte (...). As ferrovias multiplicaram-se fabulosamente, assim como as exportações de açúcar, café, cobre, cereais, nitrato, estanho, cacau, borracha, bananas, carne, lã e tabaco. As instalações portuárias totalmente inadequadas de Buenos Aires e outras partes foram substituídas. Os proprietários rurais e a classe média urbana prosperaram, mas a vida da maioria rural latino americana melhorou pouco, se é que melhorou. Pelo contrário, contrário, o capitalismo agrário devastou dev astou o interior e destruiu destr uiu modos de vidas tradicionais, empobrecendo a população rural espiritual e materialmente. E o progresso trouxe uma nova espécie de imperialismo da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Os mesmos países que serviriam de modelo para oforam Progresso da América LatinaAajudaram estabelecê-lo ali e, às vezes, seus praticantes pratican tes diretos. influênciaa estrangeira foi tão disseminada e poderosa po derosa que os historiadores latino-americanos chamam os anos de 1880 a 1930 de seu período neocolonial (CHASEEN, 2001, p. 149).

Dessa forma, grandes centros, como Rio de Janeiro, Salvador, Buenos Aires, Lima, Caracas, Cidade do México, Havana, para não citar outras, se desenvol veram e muitas delas adotaram traçados semelhantes aos das grandes cidades europeias. al mudança urbana acompanhou os anseios das elites liberais, que buscavam imitar a arquitetura europeia e norte-americana. Em contraste, o interior não se desenvolveu, mesmo com a capitalização do campo, a qual, na realidade, somente foi aplicada em áreas exportadoras. As linhas férreas ligavam as regiões produtoras aos portos e não eram construídas construídas para ligar uma cidade cid ade a outra. Por isso, isso, não houve integração nacional, já que a modernidade ficou restrita apenas a alguns núcleos centrais. Se antes espanhóis e portugueses peninsulares desembarcavam com seus ares irritantes de superioridade e suas nomeações reais firmemente na mão, agora era um mister  de  de língua inglesa que chegava com ares semelhantes de superioridade e somas vultuosas vu ltuosas para emprestar ou in vestir em bancos, ferrovias, ou instalações portuárias (...) Em última instância, o próprio status e prosperidade das pessoas respeitáveis estavam associados aos forasteiros forasteiros e eles sabiam disso. Noventa por cento de sua riqueza advinha do que vendiam nos mercados europeus e

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 a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

norte-americanos, e suas próprias pretensões sociais, seu próprio ar de superioridade em casa advinham da tez portuguesa, dos cristais austrí-

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acos, da familiaridade dos filhos com Paris. O neocolonialismo, além de uma relação entre países, também era um fenômeno interno e familiar,, na América Latina liar L atina (CHASEEN, 2001, p. 150).

A imigração de europeus empobrecidos e mpobrecidos para o novo mundo tornou-se uma prática recorrente. Como afirma Chaunu (1983), tal movimento acontecia porque esses imigrantes tinham esperanças de construir uma vida próspera no continente americano.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A América Latina foi profundamente modificada na sua estrutura humana. Era um continente índio e negro até o meio do século XIX. Depois, o fluxo da imigração branca submergiu a sua zona temperada: a Argentina, o Uruguai e o Brasil receberam uma massa de imigrantes que modificou a natureza das suas populações. O fluxo de imigrantes que a Europa a partir de 1850 dirigiu-se para ospara Estadosdeixou Unidos (26.180.000 fixam-se aí entre 1820sobretudo e 1930) e depois a América Latina (cerca de 6.000.000). Diferentemente da ida para os Estados Unidos, esta imigração é essencialmente proveniente dos países latinos do sul da Europa, menos da Espanha e Portu Portugal gal que da Itália, a qual forneceu os maiores batalhões. Esta segunda conquista humana da América Latina pela Europa afeta em cheio os países temperados: a Argentina, o Uruguai, o Sul do Brasil e, em menos escala, o Chile, precisamente a fração do Continente que a conquista ibérica, ávida de metais e de especulações agrícolas, negligenciara (CHAUNU, 1983, p. 101).

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Mapa 08: Mapa da imigração na América Latina

Fonte: Chaunu (1983, p. 102).

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Os regimes liberais, em sua maioria, comemoram essas ondas migratórias de fins do século XIX, pois acreditavam que esse movimento teria forças suficientes para “embranquecer” “embranquecer” os países. Aliás, os discursos discu rsos pregados pelo liberalismo político se esvaíram, mantendo apenas o seu conteúdo econômico por intermédio da implantação de governos corruptos e mesmo ditatoriais.  ais ais elites usavam a estrutura estatal no intuito de defender os o s seus interesses, já que o patrimonialismo foi uma das marcas deixadas pela herança colonial ibérica.  .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

O liberalismo político teve como base o discurso liberal clássico, mas foi acrescido por debates entre o pensamento radical e reformista durante o século XIX. As críticas resultantes dessas discussões destacavam a necessidade de contemplar com direitos políticos todos os grupos sociais, rompendo, assim, com o elitismo defendido pela tradição liberal clássica. O resultado desse processo foi a formação da liberal-democracia, sistema político que fundamentou os Estados democráticos democráticos ao longo do século XX. O liberalismo econômico, por sua vez, visa a liberdade na aquisição de bens, garantido pelo direito à propriedade privada. Fonte: a autora.

A exportação de matérias-primas realizadas por grande parte das economias latino-americanas propiciou a ampliação da burocracia e do setor de serviços: funcionários públicos bem como profissionais liberais (médicos, advogados, engenheiros etc) se resguardavam resguardavam para usufruir de parte da riqueza oriunda do solo de seus países.

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)

 

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A grande demanda de exportações de fins do século XIX e primeiras décadas do XX fez com que os países se dedicassem a produtos específicos: no Brasil, principalmente o café, a borracha e o cacau; no México, prata, açúcar, café e petróleo; no Peru, o guano ; em Cuba, o açúcar; na Bolívia, B olívia, o estanho; no Chile, o nitrato, o cobre e o ferro; na Bolívia, o estanho; na Argentina, trigo, carne e couros; na América Central, as bananas e o café e assim por diante. Sem exceção, todos os países experimentaram, exper imentaram, cada qual com o seu sabor s abor,, o grande fluxo de exportações do período. O crescimento das exportações levou cada vez mais os grandes proprietários a adquirirem novos lotes, geralmente oriundos de camponeses, indígenas ou pequenos proprietários, os quais se sentiam pressionados em razão da hipervalohiper valorização das terras, ou sendo s endo expulsos legal ou ilegalmente de suas propriedades. Portanto,, podemos afirmar que parte ssignificativa Portanto ignificativa dos latifúndios latifúndi os estava nas mãos de estrangeiros ou de grandes companhias. Não raro, os trabalhadores de monoculturas ou mineração ganhavam salários baixos, sem direitos e em péssimas condições. Não havia mais como viverem independentes desse sistema, pois a concentração de terras nas mãos de ppoucos oucos impedia o acesso ao solo que antes era responsável por garantir-lhes a subsistência. A associação das elites governamentais a fraudes ou por interesses fazia com que as autoridades fechassem os olhos diante desse quadro de exploração estrangeira. Um exemplo foi a United Fruit Company , considerada a maior exportadora latino-americana de bananas, concentrando suas atividades principalmente na América Central. Sua grande projeção econômica deu margem para que atuasse incisivamente incisivamen te na política, depondo ou nomeando governantes em consonância com os seus próprios interesses. Agia subornando opositores para que derrubassem presidentes julgados inconvenientes pela exportadora.

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Mapa 09: Economia de exportação e investimentos estrangeiros na América Latina (início do século XX) Fonte: Atlas Atlas da História do Mundo (1995, p. 222).

A Consolidação dos Estados Nacionais (1860-1890)

 

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Apesar disso, podemos dizer que a política latino-americana na transição do século XIX para o X XX X caracterizou-se por momentos estáveis que contrastavam com um conjunto de golpes e mandonismos locais. Alimentados pelo comércio exterior, muitos países equiparam forças armadas que mantiveram os opositores afastados do cenário de disputas políticas. Um exemplo foi a ditadura de Porfírio Diaz (1876-1911), no México. Seu governo, mais conhecido como Porfiriato, sustentava um conselho técnico responsável por administrar e estimular a economia exportadora. As classes médias foram inclusas no projeto socioeconômico do Estado, Esta do, uma vez que o governo contava com generosos recursos para mantê-las em uma u ma zona de conforto. Algumas concessões foram feitas para grupos estrangeiros, como o consentimento dado à empresa norte-americana Standart Oil  de  de explorar o petróleo que abastecia a industrialização nos EU EUA. A. Os camponeses foram alijados desse processo. Estavam proibidos de participar da política, pois havia restrições censitárias e a exigência de serem alfabetizados, alfabe tizados, requisitos requisi tos que a maioria esmagadora do campesinato não conseguia cumprir cumprir.. A corrupção e manipulação dos do s votos concedia ao Porfiriato uma imagem ““demodemocrática”” e simultaneamen crática simultaneamente te auxiliava na sua perpetuaçã perpetuaçãoo no poder. Mesmo com essa estrutura, Porfirio Diaz não conseguiu industrializar o México, o qual qual permaneceu atrelado aos laços de dependência característicos caracterí sticos da herança colonial e a reboque de uma economia dependente do exterior, sobretudo dos grandes centros europeus e dos Estados E stados Unidos. Em alguns países, como o México, Argentina e o Brasil, o sistema embrionário da industrialização ocorreu no início do século XX, principalmente pela impossibilidade de grandes economias oferecerem seus produtos na época da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) pelo p elo fato de esses países estarem e starem envolvidos no conflito. Tal Tal contexto propiciou o surgimento da chamada industrialização por substituições de importações, todavia esse processo já anunciava o desmoronamento moronamen to do sistema nacional ou ppelo elo menos a criação de certa autonomia das economias latino-americanas. Como nos diz Stein (1976, p. 106), “não será

assim, surpreendente surpre endente constatar que a América Latina não logrou iniciar inici ar a moder-

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nização de sua economia via industrialização um século após a independência” independência”..

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A formação bem como a consolidação dos Estados nacionais latino-americanos, durante os séculos XIX e XX, trouxeram, no seu bojo, traços traço s de exclusão e dependência em meio a um cenário que prometia o oposto dessas características. Esse quadro de contradições dará suporte para a eclosão de insurreições nacionalistas e anti-imperialistas que sacudiram a América Latina L atina durante todo o século XX.

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

OS ESTADOS UNIDOS EM FINS DO SÉCULO XIX A primeira metade do século séc ulo XIX marcou para os Estados Unidos um momento de prosperidade econômica, expansão territorial e crescimento populacional populacional,, em razão dos fluxos migratórios ao longo do século XIX e das taxas crescentes de natalidade. odos odos esses aspectos contribuíram para formar uma cultura estadunidense diversa, vista como símbolo do progresso, da expansão de oportunidad oportunidades es e do local loca l onde o espírito capitalista protestante conseguiu transformar a sociedade agrária do século XVIII em uma potência industrial durante o século XIX. O período posterior à Guerra de Secessão (1861-1865) foi marcado por amplo desenvolvimento econômico. O término do conflito acelerou a industrialização e estimulou a necessidade de interligar i nterligar as novas terras ao Oeste por meio de linhas férreas. Para se ter uma ideia, durante a década de 1860, foi construída uma imensa ferrovia que ia da co costa sta do Atlântico a ddoo Pacífico.  al al fator era de suma importância para o escoamento da produção, bem como para a expansão fabril, sobretudo nos setores de metalurgia e siderurgia.

Os Estados Unidos em Fins do Século XIX

 

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A Guerra de Secessão (1861-1865) foi um confronto entre os estados do norte e do sul dos Estados Unidos. Conforme analisamos anteriormente, ambas as regiões possuíam características socioeconômicas distintas. De um lado, os sulistas defendiam a permanência do latifúndio como unidade de produção e a continuidade da mão de obra escrava. Por outro, os habitantes do norte, cuja principal função econômica era o desenvolvimento industrial, descartavam a escravidão como caminho para o crescimento econômico. A divergência de projetos para orientar o progresso econômico no país foi fundamental para a eclosão do conflito. O término da guerra civil foi marcado pela vitória do norte, garantindo a emancipação dos escravos e a hegemonização econômica da “União”, seguindo o modelo socioeconômico e político da burguesia industrializante do norte. Fonte: a autora.

O fim da Guerra de Secessão incentivou a mecanização fabril, fator que beneficiou economicamente os industriais que dispunham de capitais. Também se tornou recorrente a fusão de empresas, elemento que fortaleceu a expansão de grandes grupos industriais, dispostos a reconstruírem as áreas destruídas pela guerra e a adquirirem pequenas empresas, estimulando investimentos em tecnologia e a procura por mercados externos. Do quinto lugar como potência industrial, em 1840, os EUA, que até a Guerra de Secessão foram um país de pequenos negócios, saltaram para o quarto em 1860 e para o segundo em 1870, quando o processo de concentração e centralização da economia, impulsionado pelo crack  de 1873, começou a produzir novas formas de associação empresarial –  pools, trustes, cartéis e sindicatos – com o objetivo de monopolizar mercados e fontes de matérias-primas, bem como controlar preços e exportar capitais. Em tais circunstâncias, com as forças produtivas do capitalismo desbordando os limites do estado nacional, a América Latina, agrícola e atrasada, se configurava como a continuidade natural do seu espaço econômico (BANDEIRA, 1998, p. 24).

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“Ao eclodir a Guerra de Secessão, o crescimento econômico dos Estados Unidos havia sido estimulado (...) a Guerra de Secessão abrira o caminho para a industrialização norte-americana”. norte-americana”. Fonte: Stein (1976, p. 101).

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Desse modo, a ampliação do d o capitalismo nacional estadunidense estava intimamente vinculada à expansão territorial. Quanto mais terras fossem incorporadas, mais matérias-primas iriam abastecer o setor industrial norte-americano, mais

empregos seriam gerados e mais imigrantes seriam seri am atraídos para fornecerem sua mão de obra e, assim, contribuir com o crescimento desse segmento. Conscientes de seu desenvolvimento, os estadunidenses assistiram a uma conjuntura favorável ao seu crescimento durante o século XIX. Por isso, iniciaram o século XX como uma das superpotências mundiais e utilizaram esse rótulo para exercer hegemonia política e econômica em grande parte par te do continente americano.

Os Estados Unidos em Fins do Século XIX

 

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, foi possível conhecer o processo de definição dos territórios e da soberania dos países p aíses recém-emancipados, bem como de suas relações com o mundo exterior, de modo a outorgar-lhes uma identidade nacional que foi construída ao longo desse processo histórico. Além disso, compreendemos que as primeiras décadas foram marcadas pela disputa interna entre diferentes elites regionais, econômicas e políticas, incluindo a onipresença de algumas potências estrangeiras, como os Estados Unidos. Também foi possível explorar os processos de consolidação dos Estados latino-americanos e como, na dinâmica internacional, figuravam os países exportadores

de matéria-prima e importadores import adores de produtos manufat manufaturados, urados, comandados por oligarquias locais. Por fim, apreciamos a estabilização dos Estados Unidos como uma superpotência industrial em fins do século s éculo XIX. O objetivo foi compr compreeneender que, apesar da conjuntura, conjuntura, cada país tem suas particularidades, mesmo pelo fato de nutrirem pontos em comum. A configuração da América atual, rica em diversidades, culturas, histórias, ambientes, povos e línguas, é fruto de seu passado colonial, bbem em como está além dos movimentos pela independência, da formação e consolidação dos territórios nacionais, momentos nos quais cada país estruturou sua economia, governo e sociedade. Em meio a esses processos, muitas nações obtiveram êxitos e outras não foram tão bem sucedidas. Como vimos, os processos de formação e consolidação dos Estados nacionais nas Américas não trouxeram transformações profundas, pois se constatou que, ao longo do século XX, X X, novos mecanismos ideológicos, arquitetados pelos Estados Unidos, possibilitaram o continuísmo do modelo colonial baseado no abastecimento do mercado externo com matérias-primas provenientes provenientes do próprio território americano. Espero que você tenha gostado de aprender um pouco mais sobre a formação e consolidação dos Estados nacionais latino-americanos! Estude, pesquise, questione e explore mais sobre o assunto!

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 A FORMAÇÃO FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO CONSOLIDAÇÃO DOS ESTADOS ESTADOS NACIONAIS NACIONAIS

 

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Muitas das análises correntes sobre o imperialismo tendem a mostrá-lo como força extremamente poderosa, que a tudo domina e subordina. Para essas análises, o centro econômico e determinante de todos os acontecimentos está fora da América Latina, e esta, humilde e passiva, não tem outra opção senão ceder e obedecer. Diversas e variadas críticas têm sido feitas a essa interpretação. Do ponto de vista histórico, como entender então as revoluções cubana e nicaraguense? Como esses países puderam ‘livrar-se’ ‘livrar-se’ do domínio do imperialismo norte-americano? Se existem forças externas que tudo determinam, não há como fugir a seus efeitos. Se o imperialismo norte-americano tomou e continua tomando posições claramente contrárias a essas revoluções, ‘eles’ não teriam ‘permitido’ nem mesmo que ‘elas’ acontecessem. É evidente também que o imperialismo tem tentado por todos os meios derrubar os regimes que lhes são contrários, mas o êxito não tem sido o único resultado. Estou me referindo a essas revoluções – que não pretendo analisar aqui – como tendo um evidente caráter anti-imperialista, porque nesses dois países, Cuba e Nicarágua, a penetração dos interesses imperialistas e, mais que isso, a intervenção armada de forças norte-americanas atingiu níveis raras vezes observados na América Latina. Uma abordagem do tema da formação desses Estados nacionais pode trazer elementos interessantes para a reflexão sobre a problemática das relações entre o imperialismo e as forças sociais internas. Ao analisar as relações entre as forças econômico-políticas externas e internas, não se pode reduzi-las a uma simplificação mecânica ou a uma visão unilateral dos fenômenos. De modo geral, durante o século XIX, os interesses ingleses foram os predominantes na América Latina, enquanto, no século XX, os capitais norte-americanos suplantaram os ingleses e tornaram-se hegemônicos. Mas esses predomínios não foram iguais em todos os países, nem se fizeram sem oposições internas e sem divergências de interesses. Um exemplo interessante é o do Brasil no começo do século XIX. Tendo Tendo em vista as relações econômicas entreestes a Inglaterra e Portugal, a subordinação dos interesses tugueses aos ingleses, obtiveram grandecom facilidade para estabelecer tratadosporde comércio e ‘amizade’ ‘amizade’ com o Brasil antes mesmo da independência política. Com a Espanha, a Inglaterra mantinha relações de inimizade secular, e as tentativas de invasão de Buenos Aires em 1806 e 1807 mostraram esse antagonismo. Ainda que depois da independência da América espanhola houvessem sido estabelecidos tratados de comércio e ‘amizade’’ co ‘amizade com m os novos países independentes, esses tratados nunca tiveram as mesmas facilidades que as encontradas no Brasil. Passando a discutir a questão da formação do Estado Nacional e das forças econômicas e políticas externas, temos algumas questões centrais a serem apresentadas. Os Estados nacionais mais bem organizados, que traduziam assim interesses de grupos econômicos homogêneos, puderam afirmar sua soberania sem fazer muitas concessões. Mas, quando como Cuba e Porto Rico, no Caribe, ou Nicarágua, na América Central, atomamos situação países muda de figura.

Central, a situação muda de figura. Fonte: PRADO, PRADO, M. L. A formação das nações latino-americanas . 11. ed. São Paulo: Atual, 1994, p. 57-58.

 

1. A formação dos Estados nacionais na América Latina não trouxe consigo a ideia de pertencimento a uma “nação”. A partir da leitura desta unidade, escreva sobre a fragilidade das tentativas de construção dos Estados nacionais sob os cuidados de um governo central. 2. O período de consolidação dos Estados nacionais também ficou conhecido como neocolonialismo latino-americano. A partir da leitura desta unidade, caracterize esse período. 3. Durante todo o século XIX, os Estados Unidos assistiram a uma conjuntura favorável a seu desenvolvimento. A partir dessa assertiva, caracterize os Estados Unidos de fins do século XIX. 4. Sobre o “catecismo pátrio”, método utilizado pelo ditador paraguaio José Gaspar Rodriguez de Francia, é correto afirmar que: a) Era um misto de poder divino com nuance nuancess de sentimentos de amor à pátria. b) Era uma forma de o ditador justificar o seu poder absoluto, já que acreditava que os paraguaios ainda não estavam prontos para um governo participativo. c) Era uma forma de o ditador justificar o seu poder republicano, já que acreditava que os paraguaios ainda estavam prontos para exercerem a democracia. d) Era uma forma de o ditador justificar o seu poder monárquico, já que acreditava que os paraguaios ainda não estavam prontos para um governo participativo par ticipativo.. e) Era uma forma de o ditador justificar o seu poder teocrático, já que acreditava que os paraguaios ainda não estavam prontos para um governo participativo par ticipativo.. 5. No período pós-independência, vários confrontos sacudiram a região sul-americana. Tais conflitos ocorreram, geralmente, por questões territoriais. Assinale a

alternativa que contenha os confrontos dessa conjuntura: a) Revolta dos Cravos, Guerra do Ópio e Revolução Cultural. b) Revolução Mexicana, Guerra de Secessão e Guerra de Fron Fronteiras. teiras. c) Guerras Púnicas, Guerra do Peloponeso e Guerra dos Trinta Anos. d) Revolução Mexicana, Guerra de Secessão e Revolução Chilena. e) Guerra da Confederação Peru Peruano-Boliviana, ano-Boliviana, Guerra do Pacífico e Guerra do Chaco.

 

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6. A Guerra de Secessão (1861-1865) foi um confronto entre os estados do norte e os do sul dos Estados Unidos. Sobre esse conflito, é corretor afirmar que : a) Os defendiam a permanência do latifúndio como unidade de produção e a sulistas continuidade da mão de obra escrava. b) Os nortistas defendiam a permanência do latifúndio como unidade de produção e a continuidade da mão de obra escrava. c) Os sulistas, cuja principal função econômica era o desenvolvimento industrial, descartavam a escravidão como caminho para o crescimento econômico. d) Os nortistas, cuja principal função econômica era agroexportadora, apoiavam a escravidão como caminho para o crescimento econômico. e) Os nortistas, cuja principal função econômica era alimentar os mercados de escravos, apoiavam a escravidão como caminho para o crescimento econômico. econômico.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEME COMPLEMENT NTAR AR

Título: Maldita Guerra: nova história da Guerra do Paraguai Autor: Francisco Doratioto Editora: Companhia das Letras Sinopse: trata-se de uma obra que desvenda muitos mitos da Guerra do Paraguai, além de defender que a guerra seria essencialmente produto da formação e definição do caráter dos Estados nacionais.

Título: A Guerra de Secessão (1861-1865) Autora: Farid Ameur Editora: Edições 70 Sinopse: retrata a guerra civil norte-americana, norte -americana, destacando a formação da nação americana na segunda metade do século XIX, bem como as divergências existentes entre nortistas e sulistas.

Título: Marcha dos Heróis Ano: 1959 Sinopse: filme inspirado em fatos reais com base na Guerra de Secessão. O longa-metragem conta a história de uma tropa de soldados da União que vai até o território sulista para destruir a fortaleza de Newton Station. Comentário: apesar da narração heroica, o filme retrata o contexto da Guerra de Secessão (1861-1865), conflito ocorrido entre os estados do norte e estados do sul dos Estados Unidos.

 

MA MATERI TERIAL AL COMPLEMEN COMPLEMENT TAR

: Conspiração Americana Título Ano: 2010 Sinopse: o filme traz como pano de fundo a Guerra de Secessão e o assassinato de Abraham Lincoln em 1865, por meio do qual sete homens e uma mulher foram presos e acusados de conspiração para matar o presidente. Comentário: um material importante para compreender o assassinato do então presidente Abraham Lincoln logo após o fim da Guerra de Secessão, em 1865.

Neste site, está hospedado o documentário “A Saga dos EUA – Guerra Civil”, o qual retrata o confronto entre nortistas e sulistas que sacudiu os Estados Unidos durante os anos de 1861 a 1865. Convido você a prestigiar essa produção que mescla narrativa histórica com cenas cinematográficas! Vamos assistir?! Disponível em: . Acesso em: 02 out. 2015.

Material Complementar

 

Professora Professo ra Dra. Verônica Karina Ipólito

SÉCULO XX: INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇ TR ANSFORMAÇÕES ÕES SOCIAIS

      E       D       A       D       I       N       U

Objetivos de Aprendizagem

V

■  Compreender Compreender as mudanças que ocorreram nas nações aamericanas mericanas em princípios do século XX. ■  Analisar as transformações ocorridas entre o período conhecido como Grande Depressão até a Segunda Guerra Mundial.

■  Conhecer os movimentos revolucionários de primórdios da Guerra Fria na América Latina. ■  Entender a instalação de ditaduras militares na América Latina.

■  Avaliar o poder de influência estadunidense e as relações continentais. ■  Compreender Compreender o período de redemocratização, globalização e o neoliberalismo na América Latina.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■  As nações americanas em princípios do século XX (1914-1929) ■  As transformações ocorridas entre a Grande Depressão à Segunda Guerra Mundial (1929-1945) ■  Os movimentos revolucionários de primórdios da Guerra Fria na América Latina (1945-1961) ■  As transformações ocorridas com o fim da Guerra Fria na América Latina (1961-1989) ■ O poder de influência estadunidense e as relações continentais

  O poder de influência estadunidense e as relações continentais ■  Redemocratização Redemocratização,, globalização e neoliberalismo (1989-2000)

 

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INTRODUÇÃO

 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A quinta e última unidade do livro explora as transformações ocorridas nas Américas durante o século XX. Infelizmente, não temos condições de abordar a história de todos os países ao longo desse período, contudo foi realizado um esforço para concentrar informações e reflexões sobre esse conteúdo. O primeiro objetivo é levá-lo(a) a refletir sobre as mudanças que ocorreram nas nações americanas em princípios do século XX. Em seguida, analisaremos as transformações ocorridas entre o período conhecido como Grande Depressão até o término da Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, conheceremos os movimentos revolucionários que ocorreram em princípios da Guerra Fria na América Latina. Na sequência, entenderemos a instalação e o enraizamento de ditaduras militares no continente americano. Após Após isso, serão avaliados o poder de influência estadunidense e as relações continentais.  Subsequentemente, você será convidado(a) a analisar o período de redemocratização, de globalização e desenvolvimento do neoliberalismo na América Latina. O objetivo é compreender a ingerência direta ou indireta dos Estados Unidos sobre a América Latina na maior parte do século séc ulo XX. Entretanto E ntretanto as décadas finais desse século assistiram um revigoramento de movimentos sociais, tamanha a pressão que exerceram por uma luta pelo desenvolvimento autônomo e

contra a desigualdade social. Pensodoque, s e você se as transformações ocorridas nas Américas ao longo século XX,compreender poderá acompanhar melhor as discussões sócio-políticas ocorridas ocorrid as atualmente. A intenção do conteúdo abordado nesta unidade é de conduzi-lo(a) a uma melhor compreensão e entendimento da História da América. Apesar disso, certamente haverá momentos nos quais você precise de materiais extras para auxiliá-lo(a). Por isso, a consulta de materiais diversos, tais como filmes e livros, é de extrema relevância para enriquecer ainda mais os seus s eus conhecimentos. Vamos lá?! Uma excelente excelente leitura a você!

Introdução

 

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UNIDADE

V

SÉCULO XX: INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇÕES TRANSFORMAÇ ÕES SOCIAIS

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Figura 09: Greve geral realizada em 1969 como forma de protesto contra as decisões políticas e econômicas da ditadura militar em Córdoba, na Argentina

AS NAÇÕES NAÇÕES AMERICANAS EM PRINCÍPIOS DO SÉCULO XX (1914-1929) O regime de exceção na Argentina foi implantado em 1966 e permaneceu até 1973, se configurando em um dos mais violentos da América Latina, com a estimativa de 30 mil civis mortos. Conforme analisamos na unidade anterior, os recém-formados Estados latino-americanos foram marcados por duas características: a permanência das relações de trabalho herdadas do período colonial e o ajustamento das economias desses países aos interesses e determinações da lógica de circulação de

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

produtos do capitalismo no final do século sécu lo XIX. Nesse contexto, novos vínculos de dependência se formaram, sobretudo com os Estados Unidos, e em menor medida com a Inglaterra. SÉCULO XX: INTERNACION INTERNACIONALIZAÇÃO ALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇ TRANSFORMAÇÕES ÕES SOCIAIS

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f

   e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

Pelo fato de não haver mais a intervenção da Espanha, as elites locais se mobilizaram de forma a buscarem mais espaço no mercado mundial. As condições eram propícias para atingir esse objetivo: mão de obra abundante e barata, fartas terras próprias para o cultivo, c ultivo, prod produtos utos agrícolas de grande aceitação e instituições políticas anêmicas. Nessas condições, as novas economias atendiam às necessidades dos principais centros centros do Ocidente: a Inglaterra e os Estados Unidos. Empresas das duas potências instalaram-se na América Latina, Latina , a qual fornecia matérias-primas e consumia os produtos industrializados, porém esse conjunto de regras e princípios não impediu que alguns países conhecessem um robusto crescimento econômico no período. Um dos casos mais extremos de expansão econômica, entre fins do século XIX até as primeiras décadas do século XX, ocorreu na Argentina. Composta de comerciantes e criadores de gado, a elite de Buenos Aires desejava ampliar as exportações, expandir o mercado interno e a oferta de mão de obra. Empregou, com esse objetivo, uma prática econômica ec onômica de incentivo à produção e firmou acordos internacionais que ampliavam ampliavam a sua participação no mercado de grão grãoss e no fornecimento de carne dos pampas argentinos para o mercado internacional. Tal política econômica ec onômica foi bem sucedida. sucedida . Assegurou o fortalecimento fortalecim ento da produção nacional de cereais (trigo e milho, mil ho, principalmente) e o aprimoramento da pecuária (ovinos e bovinos), ainda entre as décadas de 1870 e 1880. Ao mesmo tempo, a Argentina acolhia um fluxo significativo imigrantes, especialmente italianos, os quais aumentaram em quatro vezes adepopulação entre os anos de 1869 e 1914. Esse cenário possibilitou à Argentina tornar-se uma das maiores economias do mundo, no início do século XX, X X, a ponto de ser considerada como uma das fortes candidatas ao cargo de futura potência internacional. O processamento de matérias-primas e a mecanização da agricultura fez progredir a capacidade de produção e estimular a entrada de recursos e tecnologia estrangeira no país. A intensificação e disponibilidade de capitais c apitais tornaram tornaram possível a criação de fábricas e um avanço significativo no setor industrial, na primeira década do século XX.

As Nações Americanas em Princípios do Século XX (1914-1929)

 

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UNIDADE

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Mudanças foram sentidas também no âmbito social. A modernização econômica deu condições para o crescimento do operariado, o qual se organizou em federações e sindicatos que contavam com influência anarquista, socialista e sindicalista revolucionária. Tais Tais instituições lutavam basic basicamente amente pela ampliação de salários e melhores condições de trabalho. A modernização, contudo, era limitada, uma vez que se concentrava na intensificação da produção e movimentação de mercadorias as quais não eram acompanhadas por renovação tecnológica tecnológica ou melhorias sociais. A legislação trabalhista criada nesse período não foi suficiente para garantir estabilidade aos trabalhadores, o que demonstrou a pouca vontade das elites em dividir dividi r os lucros obtidos com a expansão econômica. Esse crescimento, no entanto, era dependente de países ricos, uma vez que a economia argentina tinha como base de sustentação a agropecuária exportadora. A quebra da Bolsa B olsa de Valor Valores es de Nova Y York, ork, ocorrid ocorridaa em 1929, desencadeou d esencadeou uma crise financeira sem precedentes, o que impediu de forma brusca o crescimento da maioria dos países condicionados aos Estados Unidos. A redução do mercado internacional, por sua vez, afetou diretamente a Argentina, que sofreu com as bruscas que-

das na exportação, fator que abalou profundamente sua economia (GAGGERO; MANTIÑAN; GARRO, 2004).

R   e  p r   o  d   u  ç   ã   o  p r   o i     b  i     d   a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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Figura 10: Multidão reunida em Wall Street após a crise no mercado de ações em outubro de 1929

de ações em outubro de 1929

SÉCULO XX: INTERNACION INTERNACIONALIZAÇÃO ALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇ TRANSFORMAÇÕES ÕES SOCIAIS

 

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 .     8     9     9     1    e     d    o    r     i    e    r    e    v    e     f    e     d     9     1    e     d     0     1     6  .     9     i    e     L    e     l    a    n    e     P    o    g     i     d     ó     C    o     d     4     8     1  .    t    r     A  .    a     d     i     b     i    o    r    p    o     ã    ç    u     d    o    r    p    e     R

A queda da Bolsa de Valores de Nova York é parte integrante da Crise de 1929 ou Grande Depressão e causou muitos prejuízos tanto para investidores como para pessoas que dependiam direta ou indiretamente da economia. Durante a década de 1920, os americanos compraram muitas ações de empresas. Repentinamente, essas ações começaram a declinar, gerando desespero nos investidores que queriam vendê-las, sem, no entanto, não ter ninguém para comprá-las. Esse cenário caótico desembocou na chamada “Quinta-feira negra” negra” (24/10/1929), momento em que a bolsa sofreu a maior baixa da história. Fonte: a autora.

O México, por sua vez, sofreu com as disputas políticas entre liberais e conservadores durante durante quase todo o século XIX. Por um lado, os conservadores, formados por grandes proprietários rurais, representavam os interesses da Igreja. De outro lado, estavam os liberais, defensores de um projeto que incluía a liberdade de comércio, de expressão e igualdade jurídica. Além disso, se opunham aos latifúndios, declarando-se favoráveis a uma extensa reforma agrária, bem como à modernização no trabalho e na produção. Tantomosuma liberais quanto conservadores conser vadores os Estados Unidos amargara amargaram derrota queosresultou na perdalutaram de 40%contra do México em 1848. Doise anos mais tarde, os liberais chegaram ao poder e aprovaram uma Constituição em 1857, que legitimava a laicidade do Estado mexicano, além de expropriar expropriar as terras indígenas e da Igreja. O intuito era criar um grupo de pequenos proprietários, objetivando inovar a agricultura e, desse mo modo, do, implantar o capitalismo moderno. Mesmo com essa iniciativa, a crise política de anos posteriores anulou a Carta Magna e fez com que a Igreja preservasse a sua força e suas propriedades. Em contraste, as aldeias indígenas foram paulatinamente eliminadas e suas ter-

ras, incorporadas aos latifúndios, ampliando o poderio político e econômico dos grandes proprietários rurais.

As Nações Americanas em Princípios do Século XX (1914-1929)

 

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No ano de 1876, Porfírio Diaz se tornou presidente, cargo que ocupou por 35 anos seguidos, em um período que ficou conhecido como porfiriato. Tal regime destacou-se pela intensa concentração de terras, entrada de capitais estrangeiros e renovação dos meios de transportes e comunicação, além da inauguração de ferrovias em grande parte do território. O México de Porfírio integrava o quadro de divisão internacional do trabalho, processo pelo qual o país oferecia matérias-primas e comprava produ produtos tos industrializados, conservando um modelo baseado na concentração agrária, na articulação entre Igreja Católica e latifundiários, além da violência exercida contra os movimentos camponeses. A abertura ao capital estadunidense, a ampliação do setor industrial e o

estímulo das atividades mineradoras concederam ao México setentrional características que o distinguiu do restante do país, principalmente da região central, onde os camponeses se mostravam mais ativos, e também do sul, área composta por aldeias indígenas que ainda mantinham as propriedades coletivas como base de sua subsistência. Trabalhadores, indígenas e camponeses não eram muito receptivos às m mediedidas de controle social e repressões adotadas por Porfírio Diaz. De forma geral, os movimentos trabalhistas ao norte do país eram contidos por tropas federais. No restante do país, explodiam insurreições camponesas e indígenas duramente rurales, grupos que agiam nos campos de forma truculenta. reprimidas pelos O sistema eleitoral fraudulento mexicano garantia a perpetuação de Porfírio Diaz na presidência. Em 1910, Porfirio Diaz, então com 80 anos, se candidatou novamente às eleições. Francisco Madero, seu opositor político, conquistou grande apoio popular, fator que o levou à prisão, pois foi acusado pelas forças do porfiriato de incitação à rebelião. A prisão do opositor e um sistema eleitoral fraudulento deram a vitória a Porfírio.

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 d  i     a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

SÉCULO XX: INTERNACION INTERNACIONALIZAÇÃO ALIZAÇÃO DA ECONOMIA E TRANSFORMAÇ TRANSFORMAÇÕES ÕES SOCIAIS

 

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Na imagem, Porfírio, que Governou o México em 1876-1911. A pintura em tela não foi bem sucedida, pois as honras militares estão no lado errado do uniforme. Após a eleição, Madero foi libertado e decidiu exilar-se nos Estados Unidos, local em que escreveu o Plano de San Luis Potosí, documento em que conclamava os mexicanos a se rebelarem contra o governo porfirista. Em 1910, uma série de levantes estourou por todo o país. Ao norte, uniram-se à causa madeirista o líder camponês Pancho Villa e o general Pacual Orozco. Villa se tornou um dos principais líderes da Revolução e se manteve ao lado de Madero durante toda a luta. Seu exército, organizado ao norte do

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Figura 11: José de la Cruz Porfirio Díaz Mori (Oaxaca, 15

país, resistiu bravamente até 1915.

de setembro de 1830 − Paris, 02 de julho de 1915)

As Nações Americanas em Princípios do Século XX (1914-1929)

 

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Figura 12: Os chefes da Divisão do Norte (Pancho Villa) e do Exército do Sul (Emiliano (Emi liano Zapata), acompanhados do general Urbina, Rodolfo Fierro, Rafael Buelna e outros, em 06 de dezembro de 1914, na Cidade do México.

O grande Pancho Villa foi recrutado pelos homens de Madero durante a Revolução Mexicana, tornando-se um temido general dos exércitos revolucionários (...). Quando os emissários de Madero o visitaram, ele se deixou persuadir prontamente, principalmente porque era o único bandido local que desejavam recrutar para a causa (...). Sendo o próprio Pancho Villa um homem do povo, um homem honrado, e cuja posição no banditismo era exaltada com aquele convite, como poderia hesitar em colocar seus homens e suas armas a serviço da revolução? Bandidos menos eminentes podem ter aderido à causa da revolução por motivos muito semelhantes. Não porque compreendessem as complexidades da teoria democrática, socialista ou mesmo anarquista (...), mas porque a causa do povo e dos pobres era obviamente justa e porque os revolucionários demonstravam serem dignos de confiança através (...) do sacrifício e da devoção.

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 d  i     a   . A  r   t    . 1   8  4   d   o  C   ó   d  i     g  o P   e n  a  l     e L   e i     9   .  6  1   0   d   e 1   9   d   e f     e v   e r   e i    r   o  d   e 1   9   9   8   .

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