História A 12º ano (resumo de toda a matéria by SQ)
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Resumos de 21 páginas de toda a matéria do 12º ano....
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Apontamentos de História 12º ano
As transformações das primeiras décadas do século XX Um novo equilíbrio global A Primeira Guerra Mundial decorreu entre 1914 e 1918. Em 1919 começaram a celebrar-se os primeiros acordos da paz (participando apenas os países vencedores). A Conferencia da Paz pretendia, assim, lançar as bases de uma nova Europa, através do estabelecimento de uma nova ordem internacional que garantisse a convivência pacífica entre as nações, surgindo um novo mapa geopolítico da Europa. As principais transformações ocorridas foram o desmembramento dos impérios, criação de novos países e alteração de fronteiras: Após a transformação do império russo (domínio do czar) num estado soviético (revolução bolchevique, 1917), é a vez dos restantes impérios (Alemão, Austro-húngaro e Otomano) se desmoronarem e darem origem a novos estados-nação: Finlândia, Estónia, Letónia e Lituânia (que faziam parte da Rússia), Polónia, Checoslováquia, Hungria, Jugoslávia (da Áustria); Os países vencedores (tais como a França, a Itália, a Bélgica) viram as suas fronteiras ampliadas ao contrário dos países derrotados (como a Áustria, Alemanha, Bulgária, Turquia), aos quais foram retirados vastos territórios. Com o desaparecimento dos impérios, a maior parte dos estados optam pela democracia liberal sob a forma de regimes republicanos (à excepção da Rússia soviética) A Alemanha foi a grande perdedora: perdeu 1/10 da sua população, ficou desmilitarizada (exército e armamento reduzido), perdeu todas as colónias, foi-lhe retirada territórios, mas sentiu-se, sobretudo, alvo de uma grande humilhação, pois foi considerada a principal responsável pela guerra e foi obrigada a pagar indemnizações aos países vencedores.
A Sociedade das Nações Em Abril de 1919 surgiu, sob projecto do presidente Wilson e com a esperança de que não houvesse outro conflito mundial, a Sociedade das Nações (SDN). A SDN tinha como objectivos principais manter a paz e fomentar a entreajuda a nível internacional, através da cooperação económica e financeira entre os estados membros, promoção do desarmamento e a resolução dos conflitos pela via pacífica. Esta organização, no entanto, estava condenada ao fracasso, pois: os países vencidos foram excluídos, quer dos tratados de paz, quer da SDN; alguns dos países vencedores não estavam satisfeitos com as resoluções dos tratados de paz; os EUA não integraram a SDN, contribuindo para o descrédito da organização. Como consequência, a SDN mostrou-se incapaz de desempenhar o papel de organizadora da paz.
A difícil recuperação da Europa e a dependência em relação aos EUA Durante a guerra, os EUA eram o principal fornecedor em bens e serviços à Europa. No final da guerra, perante uma Europa destroçada (estava arruinada, tanto material como humanamente), a perda da hegemonia europeia agravou-se em favor da ascensão dos EUA. No período pós-guerra, a Europa enfrentou graves problemas como a inflação, desvalorização da moeda, desemprego, enfim, um colapso económico. Evidenciou igualmente grandes dificuldades em reconverter a economia, o que agravou a sua dependência em relação aos EUA, aumentando os níveis de endividamento. A desvalorização da moeda e a inflação surgiram pois houve um recurso à emissão massiva de notas de modo a fazer face ás dividas, o que provocou uma desvalorização que se reflectiu numa subida generalizada de preços (inflação), agravando mais as condições de vida das populações. Os EUA iniciaram, então, um período de franca prosperidade, são os designados “Loucos Anos 20” por viver um clima de euforia, optimismo e confiança no futuro. Em consequência, os países europeus ficam mergulhados em dívidas ao estado americano que afirmou a sua supremacia. A eventual recuperação da Europa deveu-se á ajuda dos EUA.
A Implantação do marxismo-leninismo na Rússia A Revolução de Fevereiro de 1917 (Revolução Burguesa) Os antecedentes para a Revolução Russa de Fevereiro de 1917 foram: O império russo era chefiado pelo czar Nicolau II sob a forma de uma autocracia, isto é, detinha o poder absoluto, o que provocava desagrado; Ao defender a liberalização do regime, o descontentamento do povo manifestou-se sob várias formas (surgiram as primeiras assembleias de operários, os sovietes), sendo a Revolução de 1905 (Domingo Sangrento) uma delas, que originou uma certa abertura politica por parte do czar (convocou eleições para o Parlamento (Duma), criou partidos políticos e aboliu certos privilégios da nobreza); O descontentamento face ao regime político agravou-se com a participação da Rússia na primeira guerra mundial (milhares de mortos e desorganização da já débil economia russa); A sociedade russa era composta maioritariamente por camponeses, a burguesia ansiava para modernizar o país e por um governo parlamentar, o operariado era um grupo minoritário. Sendo tão desigualitária, não deixou de provocar anseios revolucionários. Em Fevereiro de 1917, estavam reunidas as condições para acontecer uma revolução, onde a Burguesia ascende ao poder (daí a se designar Revolução Burguesa), pondo fim ao czarismo e instaurando um regime republicano na Rússia. Os revolucionários exigem a abdicação de Nicolau II e formam um Governo Provisório, constituído por Kerensky e Lvov (que governam sob uma republica de tipo liberal). Veremos que será deposto pela revolução socialista de Outubro de 1917, feita pelos comunistas.
A Revolução de Outubro de 1917 (Revolução Soviética) No período entre Fevereiro e Outubro de 1917, a agitação social não diminuiu. Já não havia czar, mas a Rússia continuava na guerra e os problemas económicos mantinham-se. A nível político, a Rússia vivia numa dualidade de poderes (os governos liberais, por um lado, e os sovietes, por outro, que eram contra o Governo Provisório). Em consequência, em Outubro de 1917, os bolcheviques, com o apoio dos sovietes, conduziram à Revolução Soviética, onde o Governo Provisório foi substituído pelo Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lenine. Trotsky e Estaline também foram figuras importantes na revolução. A Rússia transformou-se numa Republica não parlamentar e deu-se início a uma guerra civil (“Exercito Vermelho” – comunistas, “Exercito Branco” – liberais). Esta revolução foi responsável pela retirada da Rússia da guerra, e a nível ideológico foi responsável pela implementação dos princípios marxistas, através de Lenine. As suas ideias e a sua acção originaram o marxismo-leninismo. Os representantes do proletariado conquistavam o poder politico. Marxismo-leninismo Aplicação prática das ideias de Marx por Lenine. Defendia que o proletariado era o que conquistava o poder (ditadura do proletariado), e igualava o poder do Estado ao Partido Comunista (Partido Único).
A democracia dos sovietes A Revolução de Outubro foi vitoriosa graças ao apoio da população mais pobre da Rússia – camponeses, operários, etc. – organizada em assembleias denominadas sovietes. No dia seguinte á revolução, Lenine fez aprovar decretos revolucionários, no II Congresso dos Sovietes (Um Governo quando inicia as suas funções, tem que lançar decretos): decreto sobre a paz (convidava aos povos em guerra, á paz) decreto sobre a terra (aboliu a propriedade privada, entregando-a aos sovietes) Instaurando a paz e propriedade comunitária, os bolcheviques conseguiam, através dos decretos revolucionários, responder aos anseios dos sovietes que tanto haviam contribuído para o sucesso da revolução. Esta legislação revolucionária servia, assim, de instrumento para a criação de uma democracia dos sovietes, um sistema político que atendia ás necessidades do proletariado.
O comunismo de guerra e a ditadura do proletariado De acordo com a teoria marxista, a ditadura do proletariado é a etapa de transição entre a sociedade capitalista e a edificação do comunismo (sociedade sem classes). No decurso dessa etapa, o proletariado (classe dominante), deveria “abater os opressores”, retirando todo o capital á burguesia, centralizando os meios de produção nas mãos do Estado. Assim se chegaria a um ponto onde já não havia desigualdade social, e o Estado (sendo um instrumento de domínio), deixaria de fazer sentido e cessaria de existir, e aí tornar-se-ia possível falar de liberdade. A ditadura do proletariado é uma etapa imprescindível para a construção de uma sociedade comunista, marcada pela supressão do Estado e pela eliminação da desigualdade social. A etapa final é então o comunismo. Comunismo Etapa final da revolução proletária que se caracteriza pela extinção do Estado e pelo desaparecimento das classes sociais. O conjunto de medidas que conduziram á instauração da ditadura do proletariado denomina-se de comunismo de guerra (assim chamado devido ao facto de ter sido instaurada durante a guerra civil, 1918-1921). O comunismo de guerra sucedeu à democracia dos sovietes, substituindo os decretos revolucionários por novas medidas, mais radicais. toda a economia foi nacionalizada (fazendo parte do Estado); institui-se um regime de partido único, o Partido Comunista; O Terror institucionalizou-se com o estabelecimento da censura e a criação da Tcheca, policia politica.
O centralismo democrático Em 1922 foi criada a URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas). A organização do Estado comunista da Rússia Soviética denominou-se de centralismo democrático, sistema que assentava nos seguintes princípios: o poder partia da base das sociedade, os sovietes. Os sovietes eram eleitos pela população por sufrágio universal, e a partir deles elegiam-se os poderes superiores; a organização do Partido Comunista seguia a mesma estrutura, as bases do partido elegiam os organismos superiores; não existia separação clara dos poderes legislativo, executivo, judicial; apenas o Partido Comunista era permitido, pois considerava-se que era o único capaz de representar o proletariado, ou seja, proibiam-se todos os outros; o Estado era controlado pelo Partido Comunista.
A NEP (Nova Politica Económica) A NEP consistiu numa viragem da economia, no sentido de superar a terrível crise económica herdada da guerra civil. Considerando que o comunismo teria de ser construído com base no progresso económico, Lenine passou a defender medidas do tipo capitalista (recuo estratégico, para o socialismo não se edificar sobre ruínas) para estimular a produção: Estabeleceu um imposto a pagar, em vez dos camponeses entregaram todos os seus excedentes; permitiu a venda directa dos produtos dos camponeses; aceitou a ajuda do estrangeiro; eliminou o trabalho obrigatório. A NEP (1921-1927), resultou numa melhoria assinalável dos níveis de produção.
A regressão do demoliberalismo Os anos que se seguiram á Primeira Guerra Mundial trouxeram á Europa profundas dificuldades económicas e financeiras. Esta situação leva a um descontentamento generalizado que se traduz em greves e o espírito revolucionário estende-se por todo a Europa, isto é, o desespero das populações perante a crise leva à procura de novas soluções politicas e à adesão de projectos políticos extremistas, quer de esquerda, quer de direita: Os partidos de esquerda intensificavam a sua acção, denunciando os males do capitalismo. Na Alemanha, proclamou-se “uma república socialista”. Mesmo na França, na Grã-Bretanha e na Itália, a onda revolucionária de esquerda se fez sentir, inspirada pela III Internacional de Moscovo fundada em 1919 (que defendia a união do operariado a nível internacional, impondo o socialismo no mundo). Estes acontecimentos denunciavam as democracias liberais e a sua incapacidade em resolver os problemas económicos e sociais. No entanto, em países como a Alemanha e a Itália, o medo ao bolchevismo levou a que se apoiasse soluções politicas de extrema-direita, levando à adesão de regimes autoritários e fascistas (Jamais poderia agradar o controlo operário da produção à burguesia). A emergência dos autoritarismos, confirmava a regressão do demoliberalismo.
Mutações nos comportamentos e na cultura As transformações da vida urbana No início do século XX, havia cerca de 180 grandes núcleos urbanos (Londres, Paris, Moscovo, etc.). Esta crescente concentração populacional provocou significativas alterações na vida e nos valores tradicionais, ou seja, um novo modo de viver e de conviver no meio da multidão. Adquire-se novas formas de sociabilidade, tendo o crescimento urbano originado a criação de novos comportamentos que se massificaram (isto é, generalização dos mesmos hábitos e gostos). A racionalização e a redução do tempo de trabalho, assim como a melhoria do nível de vida permitiram dispor de dinheiro e tempo para o divertimento e prazer, fazendo com que a convivência entre os sexos se tornasse mais ousada e livre (que rompia completamente com as antigas regras sociais). Adere-se à prática do desporto e ao uso do automóvel.
A crise dos valores tradicionais Os tempos de optimismo, de confiança na paz, na liberdade, no progresso e bem-estar que caracterizaram a viragem do século, ruíram subitamente com o eclodir da Primeira Guerra. A morte de milhões de soldados, a miséria e a destruição visíveis gerou um sentimento de desalento e descrença no futuro, que afectou toda a sociedade. Por outro lado, a massificação urbana, a laicização social que terminara com a influência da Igreja, e as novas concepções científicas e culturais são igualmente responsáveis pela ruptura no padrão de valores e comportamentos sociais tradicionais. Deu-se uma profunda crise de consciência, que atinge toda a conduta social, falando-se assim duma anomia social (ausência de regras sociais). Esta crise de valores acentuou ainda mais as mudanças que já estavam em curso.
A emancipação da mulher A crescente presença da mulher em todos os sectores de actividade, mais notada a partir da Primeira Guerra, proporcionava uma relativa independência económica e esteve na origem de uma consciencialização de que o seu papel no processo económico não tinha correspondência a um estatuto social e politico dignos. No inicio do século XX, organizaram-se numerosas associações de sufragistas que lutaram pelo direito de participação na vida politica, etc. Contudo, só no final dos anos 20 foi reconhecido à mulher o direito ao voto e de exercício de funções politicas. Emancipadas e libertas de todos os preconceitos, as mulheres passam a adoptar novos comportamentos sociais: frequentar festas e clubes nocturnos, praticar desporto, fumar e beber livremente, etc. A valorização do corpo e da aparência conduziu ao aparecimento de uma nova mulher que usava o cabelo curto (à garçonette) e com as saias mais curtas e ousadas.
A descrença no pensamento positivista e as novas concepções científicas O Positivismo impusera a ideia de que a ciência tinha a resposta para todos os problemas da Humanidade. Mas, no início do século XX, verifica-se uma reacção anti-racionalista e anti-positivista, devido às teorias de alguns cientistas face à ciência (propunham o relativismo cientifico, segundo o qual a ciência não atinge o conhecimento absoluto): a teoria do intuicionismo, de Bergson, que defende que o conhecimento não era através da evidencia racional mas sim pela intuição; a teoria da relatividade, de Einstein, que demonstra que o espaço, o tempo e o movimento não são absolutos, mas relativos entre si (por exemplo, a massa do corpo depende do movimento); a teoria quântica, de Max Planck, que defende a existência de unidades mínimas de matéria que não se rege por leis rígidas (o que permitiu explicar o comportamento dos átomos); a teoria psicanalítica, de Sigmund Freud, que explicava que as neuroses (qualquer desordem mental) são resultado de traumas, feridas, isto é, impulsos, sentimentos, desejos, instintos naturais aprisionados no inconsciente. Criou um método terapêutico (psicanálise) que consistia em libertar o paciente dos seus recalcamentos (traumas), procurando trazê-los à consciência através da interpretação de sonhos. Todas estas novas teorias põem em causa as “verdades absolutas” que sustentavam o positivismo, influenciando os comportamentos no quotidiano, pois nada mais é visto como absoluto mas como questionável e discutível.
As vanguardas: rupturas com os cânones das artes e da literatura Nas primeiras décadas do século XX houve uma revolução imensa nas artes, criando-se uma estética inteiramente nova, que rompia com as tradições para mostrar uma nova visão da realidade. Esse movimento cultural ficou conhecido como o Modernismo (que revolucionou as artes plásticas, a arquitectura, a literatura e a musica). As principais vanguardas artísticas foram:
Corrente artistica
Principais características
FAUVISMO
colorismo muito intenso; pretendia transmitir serenidade e não a realidade, então utilizava a cor com total liberdade.
EXPRESSIONISMO
CUBISMO
ABSTRACCIONISMO
FUTURISMO
DADAÍSMO
SURREALISMO
arte muito ligada a sentimentos de angustia e critica social onde se evidencia um acentuado pessimismo, isto é, desenvolviam uma temática pesada, como o desespero, morte, sexo, miséria social. Geometrização das formas (em cubos); representação de vários ângulos do mesmo objecto, destruindo com as leis tradicionais da perspectiva e da representação; Pablo Picasso foi o principal pintor desta corrente. rejeita o tema ligado á realidade concreta, á descrição do visível; divide-se em abstraccionismo lírico (inspirado no inconsciente) e no geométrico (foca-se na racionalização, suprimindo qualquer emotividade pessoal) rejeita o moralismo e o passado, baseando-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos; também se baseava na guerra e na violência. caracteriza-se pela oposição á arte em si, pelo cepticismo absoluto, pela improvisação; A obra da Mona Lisa com bigode é um exemplo de dadaísmo. realça o papel do inconsciente na actividade criativa, combina o abstracto com o psicológico; procura abstrairse da racionalidade.
Exemplo
O agudizar das tensões politicas e sociais a partir dos anos 30 A GRANDE DEPRESSÃO E O SEU IMPACTO SOCIAL Nos anos 30, viveu-se uma trágica crise capitalista, iniciada nos EUA mas alargada ao resto do mundo, a que se deu o nome de “Grande Depressão”. Esta crise desencadeou-se a partir do crash bolsista de Nova Iorque (1929), que teve origem nos seguintes factores: na especulação bolsista ( na crise de superprodução (o estilo de vida americano foi generalizado, dando-se a quebra progressiva das compras aos EUA pelo aumento da produção europeia, o que originou uma acumulação de stocks, ou seja, superprodução). O crash da bolsa provocou a ruína de imensos investidores, o que significou a ruína dos bancos (falência). Muitas empresas acabaram por falir, o que provocou elevados índices de desemprego. Houve uma diminuição do consumo, os preços dos produtos agrícolas registaram uma quebra acentuada e destruíram-se produções. A nível social, teve efeitos desastrosos. A grande depressão não atingiu apenas os EUA. Os países que estavam dependentes de empréstimos e crédito dos EUA (Áustria, Alemanha), e os que exportavam matérias-primas (Austrália, Brasil, Índia) também sofreram, o que originou uma crise a nível mundial (excepção feita, á URSS, que não seguia o modelo económico capitalista). Em suma, os anos 30 foram tempos de profunda miséria e angustia: diminuição de investimento, produção, consumo, as falências, e o desemprego, além da queda dos preços (deflação). A gravidade da crise exigiu, como veremos mais á frente, medidas de intervenção do Estado na economia, instalando a descrença no capitalismo liberal.
AS OPÇÕES TOTALITÁRIAS Totalitarismo Sistema político que se opõe á democracia, pois concentra todos os poderes (legislativo, executivo e judicial) nas mãos de um chefe incontestado e de um só partido e que subordina os direitos individuais aos interesses do Estado, que se considera dono absoluto da verdade. Temos como regimes totalitários o caso da Rússia Soviética, da Itália Fascista e da Alemanha Nazi. Nas décadas de 20 e 30 do séc. XX, a vida política da Europa foi caracterizada por uma emergência de totalitarismos (tanto de esquerda como de direita). Vários factores contribuíram para a sua implantação: a crise económica e social (“Grande Depressão”); o ressentimento resultante da humilhação provocada pela derrota na guerra ou por uma vitória sem recompensas; o receio do avanço no comunismo (no caso dos regimes de direita); a fragilidade das democracias liberais
-FASCISMO E NAZISMO A ideologia fascista foi liderada pela Itália (fascismo) e Alemanha (nazismo), que tinha como características: o totalitarismo (primazia do Estado sobre o individuo) e o antiparlamentarismo (ao contrário do sistema pluripartidário, presente nas democracias, impunha-se o partido único); o culto do chefe/elites (a separação de poderes deixa de existir, centralizando-se na figura de um líder inquestionável que personifica a Nação. Adere-se á ideia do governos dos “melhores” (elites), que tinham que prestar adoração ao seu chefe incontestado) o culto da força e da violência (a oposição política é considerada um entrave, por isso, deve ser aniquilada pela repressão policial, logo, a violência está na essência dos regimes, valoriza-se o instinto e acção); a autarcia como modelo económico (implementação de uma politica económica de intervenção do Estado para se atingir um ideal de auto-suficiência e acabar com o desemprego); o nacionalismo exagerado (devia-se sacrificar tudo pela pátria); utilização da censura, polícia política e propaganda como meio de difundir os ideais do regime. Assim, os regimes nazi-fascistas opunham-se ao liberalismo e á democracia pois defendiam que o individuo e os seus interesses deveriam subjugar-se ao interesse supremo do Estado e não o contrário. Os fascismos atribuíam à fraqueza da democracia a incapacidade em dar resposta á grave crise económica. Defendia, por isso, a edificação de um Estado forte e a instauração do partido único. O Estalinismo (Rússia Soviética, URSS) apresenta diferenças dos outros regimes totalitários na medida em que, é um regime socialista e de extrema-esquerda (Os fascismos são de extrema-direita e opõem-se ao socialismo). No entanto, os princípios básicos são os mesmos. O Fascismo opunha-se aos princípios socialistas, ou seja, rejeitava a “luta de classes”, porque dividia a Nação e enfraquecia o Estado. Contrapunha-lhe um outro sistema baseado no entendimento entre as classes sujeito ao interesse do Estado, concepção que conduziu ao corporativismo.
Fascismo (1922-1945) Sistema político instaurado por Benito Mussolini, em 1922. Suprime as liberdades individuais, defende a supremacia do Estado, e é profundamente totalitário, autoritário e ditatorial, ou seja, anti-democrático e anti-socialista. O termo fascismo também pode ser aplicado a todos os regimes autoritários de direita que se seguiram ao fascismo italiano (como o nazismo). Nazismo (1933-1945) Sistema político imposto na Alemanha, criado por Adolf Hitler. Tem os mesmos princípios que o fascismo, acrescenta-se, porém, o racismo e anti-semitismo que foi praticado de forma violentíssima. Proclamou a superioridade da raça alemã, negando completamente outras etnias (daí as perseguições aos judeus).
Elites e o enquadramento das massas nos regimes fascistas
As elites, como já foi visto, eram compostas por membros considerados superiores, que tinham de ser respeitadas pelas massas (populações). A ideologia fascista difundiu-se através da propaganda, de modo a levar as populações a aceitar os valores fascistas. Surgiram diversas organizações com a finalidade de incutir os ideais fascistas nas populações (ou seja, enquadrar as massas): Organizações de juventude (As crianças (até ao estado adulto) integravam organizações onde lhes eram incumbidos os valores fascistas, como o culto do chefe e do Estado); Partido Único (a filiação no Partido Fascista (Itália) ou no Partido Nazi (Alemanha) permitia aos cidadãos o desempenho de cargos públicos, e o acesso a um estatuto superior)
A VIOLÊNCIA NOS FASCISMOS A ideologia fascista defendia a violência, pois achava que era nessa situação que o homem desenvolvia as suas qualidades. Assim, foi utilizada pelos fascistas para chegar ao poder, assim como para se manterem no poder. A violência fascista consolidou-se através do estabelecimento das seguintes organizações: Milícias armadas (grupos armados que aterrorizavam qualquer forma de oposição politica); Polícias políticas (que assegurava que não houvesse qualquer tipo de repressão ao regime); Campos de concentração (criados, na Alemanha, eram locais onde as vitimas do regime fascista eram sujeitas a trabalhos forçados, a tortura e ao assassínio em câmaras de gás)
- Violência racista nazi O desrespeito pelos direitos humanos atingiu os cumes do horror com a violência do seu racismo. Hitler colocou a raça ariana (alemães e austríacos) como superior às restantes. Esta sua tese foi desenvolvida na sua obra Mein Kampf, e obteve grande receptividade por parte dos nazis, o que levou ao maior desrespeito pelos direitos humanos. Obcecado pelo aperfeiçoamento da “raça ariana”, promoveu uma “selecção” de arianos (altos, louros, olhos azuis). Para tal, deveriam ser eliminados os “imperfeitos”, para além dos judeus (deficientes, velhos, doentes incuráveis, homossexuais), para se melhorar a raça (eugenismo). Os judeus tornaram-se o alvo preferido da perseguição nazi (pois eram considerados culpados pela derrota alemã na guerra e pelos problemas económicos sofridos) e sofreram na pele uma das maiores humilhações e torturas na História. (anti-semitismo termo que designa o ódio aos judeus). Passaram a não poder exercer nenhuma profissão, nem frequentar lugares públicos, foram obrigados a viver em guetos (bairros separados), e a usar uma estrela amarela para serem rapidamente identificados. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, os nazis causaram a morte de cerca de 6 milhões de judeus através da sua politica de genocídio (extermínio em massa) dos judeus. Pela dimensão das crueldades cometidas nos campos de concentração, este genocídio ficou conhecido como Holocausto.
Estalinismo O Estalinismo é uma outra vertente do totalitarismo, que ficou conhecida após a morte de Lenine (1924). O novo líder, Estaline, impôs a submissão violenta dos indivíduos ao Estado e ao chefe e empenhou-se na construção de uma sociedade socialista igualitária. Durante este regime, a economia soviética assentou em dois postulados: A colectivização dos campos (Pondo fim á NEP, Estaline ordenou que se expropriassem as propriedades criadas durante a NEP, para dar origem a quintas colectivas (kolkhozes), o que originou forte oposição por parte dos kulaks (proprietários agrícolas), levando Estaline a persegui-los e deportálos. Estaline defendia a colectivização dos meios de produção, pois no seu entender, era o que proporcionava uma efectiva igualdade social; A planificação económica (Estaline estabeleceu metas de produção para a economia, através dos planos quinquenais (5 em 5 anos). Cada plano definia os objectivos a atingir e os meios necessários para o efeito. Como consequência, temos o desenvolvimento de alguns sectores de industria pesada e dos transportes. Esta politica económica permitiu ao país recuperar do atraso económico e atingir acentuados níveis de crescimento da produção agrícola e industrial, factores que permitiram á URSS afirma-se como das grandes potencias mundiais. Em termos políticos, Estaline impôs um regime totalitarista extremamente repressivo, pois até á sua morte, Estaline perseguiu os seus opositores e impôs a sua supremacia, através dos seguintes pontos: purgas periódicas dentro do Partido, eliminando os elementos que o criticavam; os elementos considerados indesejáveis eram condenados a campos de trabalho forçado (Gulag); integração de crianças e jovens em organizações estalinistas; o Partido Comunista controlava tudo o culto da personalidade de Estaline, através da propaganda política
A resistência das democracias liberais O intervencionismo do Estado A dimensão que a crise de 1929 alcançou, fez aparecer opiniões/teses de economistas como John Keynes, que defendem que a única solução é uma maior intervenção do Estado, pondo em causa o sistema capitalista. Os EUA optam pela teoria de Keynes, que defendia que ao Estado deveria caber um papel activo de organizador da economia e regulador do mercado, através do New Deal (designação dada á politica implementada nos EUA, a partir de 1933, que através de reformas económicas e sociais, combateu a depressão dos anos 30), posto em prática por Franklin Roosevelt (presidente dos EUA na altura). As medidas implementadas pela New Deal (33-34) foram:
Financeiras
Sociais
Obras Públicas
Agricultura
Indústria
Reorganização da actividade bancária, desvalorização do dólar e controlo da inflação
Distribuição de dinheiro aos mais pobres, instituição de reformas por velhice/invalidez, fundo de desemprego, garantia de um salário mínimo e de liberdade sindical, redução para 40 horas de trabalho semanal.
Construção de estradas, vias férreas, escolas, hospitais (combate ao desemprego)
Concessão de empréstimos e de indemnizações aos agricultores
fixação de preços para os produtos industriais
A New Deal permitiu uma recuperação económica, superando a crise que afectou o mundo capitalista. O liberalismo económico passou a aceitar o intervencionismo estatal como estratégia de sobrevivência.
PORTUGAL NO PRIMEIRO PÓS GUERRA A 1ª República Portuguesa vigorou de 1910 a 1926 e foi um período conturbado pelos graves problemas sociais, económicos e políticos que, no entanto, também se faziam sentir por toda a Europa, mergulhada em difíceis condições de vida após o primeiro conflito mundial (1914-1918). Assim, o contexto políticoeconómico-social que Portugal atravessava, não favoreceu em nada a 1ª República, que sendo vista inicialmente como a salvação, rapidamente deixou de o ser, por não responder às questões levantadas pela crise: dificuldades económicas: Com a entrada de Portugal na Guerra, a situação económica agravou-se bastante, em que se assistia a uma indústria atrasada e insuficiente, ao predomínio da agricultura, ao aumento do custo de vida, à balança orçamental deficitária, à falta de bens essenciais que levou à subida dos preços, à desvalorização da moeda e a consequente inflação e aumento da dívida. instabilidade política: A guerra também trouxe consigo a instabilidade política. As divergências internas eram frequentes, o próprio Partido Republicano subdividiu-se em vários partidos e os governos continuavam a suceder-se. A instabilidade governativa era inegável, visto que em 16 anos de regime, houve 45 governos. A constante tentativa de derrubar o regime não ajudava. instabilidade social: a subida do custo de vida provocou um grande descontentamento social, ou seja, o regime republicano perdeu muito apoio, principalmente das classes médias e do operariado. Houve uma grande agitação social, verificando-se vagas grevistas e movimentos anti-republicanos. A República perdeu, ainda, grande parte do suporte popular devido às suas medidas anticlericais (separação total entre o Estado e a Igreja), o que teve efeitos catastróficos sobre a opinião pública, maioritariamente católica. Com um ambiente destes, tornou-se fácil o derrube da 1ª República através de um golpe de estado militar, que se deu a 28 de Maio de 1926. Este golpe pôs fim á República Portuguesa e deu-se início a um regime de Ditadura Militar que se manteve até 1933, altura em que é instaurado o Estado Novo de Salazar, e dá-se inicio a uma nova vida política em Portugal.
PORTUGAL E O ESTADO NOVO Tal como aconteceu noutros países, cujos regimes foram influenciados pela ideologia fascista, também em Portugal se verificou a progressiva adopção do modelo italiano através da edificação do Estado Novo. Designa-se, assim, por Estado Novo, o regime totalitário de tipo fascista que vigorou em Portugal de 1933 a 1974, caracterizado por ter um Estado forte, com supremacia sobre os interesses individuais, anti-liberal, anti-democrático e anti-parlamentar, autoritário e nacionalista. Em 1928, foi nomeado para o governo, a fim de exercer funções de ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar que, devido á sua acção, conseguiu um saldo positivo para o orçamento de Estado, tendo sido nomeado chefe do governo em 1932 devido a esse “milagre económico”, passando a controlar todos os sectores (daí a que o regime seja normalmente denominado por Salazarismo). Este projecto político de Salazar (1933) caracterizou-se por diversos aspectos: CARÁCTER ANTI-DEMOCRÁTICO Defendia um Estado forte (ditatorial, autoritário, anti-parlamentar e anti-democrático), que recusava as liberdades individuais e a soberania popular: “Tudo no Estado, nada Fora do Estado”. Salazar foi um forte opositor da democracia liberal e do pluripartidarismo. No entanto, também negava os ideais marxistas e a luta de classes. Na sua óptica, o interesse de todos devia sobrepor-se às conveniências individuais. Assim, os direitos individuais dos cidadãos não eram respeitados. Os opositores políticos eram perseguidos e encerrados em prisões políticas, o que demonstra o carácter repressivo do regime salazarista. Os meios repressivos utilizados pelo regime eram a censura e as polícias políticas. Prestavase o culto ao chefe, isto é, destacava-se a figura de Salazar, considerado “Salvador da Pátria”, que a propaganda política alimentava. Havia um partido único, a União Nacional.
CARÁCTER CONSERVADOR E NACIONALISTA Em relação ao conservadorismo, Salazar empenhou-se na recuperação dos valores que considerava fundamentais, como Deus, Pátria, Família, Paz Social, Moralidade, Autoridade, que não podiam ser postos em causa. A base da nação era a família, o homem era o trabalhador e o papel da mulher foi reduzido. Empenhou-se também na defesa de tudo o que fosse tradicional e genuinamente português, revestindo de importância a ruralidade e rebaixando a sociedade industrializada. Deu protecção especial à Igreja, baseado no lema "Deus, Pátria, Família". O carácter nacionalista destacou-se, pois louvou e comemorou os heróis e o passado glorioso da Pátria, valorizou as produções culturais portuguesas e incutiu os valores nacionalistas através das milícias de enquadramento das massas. Além disso, o regime salazarista utilizava as colónias em proveito dos interesses da nação, seguindo os parâmetros definidos pelo Acto Colonial de 1930. CARÁCTER CORPORATIVISTA O Estado Novo mostrou-se empenhado na unidade da nação e no fortalecimento da Nação. Defendia, assim, que os indivíduos apenas tinham existência para o Estado se integrados em organismos ou corporações pelas funções que desempenham e os seus interesses harmonizam-se para a execução do bem comum. CARÁCTER INTERVENCIONISTA A estabilidade financeira tornou-se numa prioridade. O Estado Novo apostou num modelo económico fortemente intervencionista e autárquico, que se fez sentir nos vários sectores da economia: Agricultura (Portugal era um país maioritariamente rural, assim, pretendia-se tornar Portugal mais independente da ajuda estrangeira, criando-se incentivos à especialização em produtos como a batata, vinho, etc. Um grande objectivo de Salazar, era tornar a economia portuguesa isolada de possíveis crises económicas externas. A construção de barragens levou a uma melhor irrigação dos solos.) Indústria (A indústria não constitui uma prioridade ao Estado Novo. O condicionamento industrial consistia na limitação, pelo Estado, do nº de empresas existentes e do equipamento utilizado, pois a iniciativa privada dependia, em larga medida, da autorização do Estado. Funcionava assim, como um travão á livre-concorrência. Mais do que o desenvolvimento industrial, procurava-se evitar a sobre produção, a queda dos preços, o desemprego e agitação social.) Obras Públicas (tinha como principal objectivo o combate ao desemprego e a modernização das infra-estruturas do país. A intervenção activa do Estado fez-se sentir através da edificação de pontes, expansão das redes telegráfica e telefónica, obras de alargamento nos portos, construção de barragens, expansão da electrificação, construção de edifícios públicos (hospitais, escolas, tribunais), etc. A política de construção de obras públicas foi aproveitada (politicamente) para incutir no povo português a ideia de que Salazar era imprescindível à modernização material do País.
O projecto cultural do Regime No contexto de um regime de tipo totalitário, a cultura portuguesa encontrava-se subordinada ao Estado e servia de instrumento de propaganda política. O Estado Novo compreendeu a necessidade de uma produção cultural submetida ao regime, por isso, pela via da persuasão, o Estado Novo concebeu um projecto que vai instrumentalizar os artistas para a propaganda do seu ideal. A este projecto cultural chamou-se de “Política de Espírito”. Foi o meio encontrado para mediatizar o regime, em que era proporcionado uma “atmosfera saudável” à imposição dos valores nacionalistas e patrióticos. Tudo servia para divulgar as tradições nacionais e engrandecer a civilização portuguesa (restauro de monumentos, festas populares, peças de teatro, cinema, etc.) Salazar defendia que as artes e as letras deveriam inculcar no povo, o amor da pátria, o culto dos heróis, as virtudes familiares, a confiança no progresso, ou seja, o ideário do Estado Novo.
NASCIMENTO E AFIRMAÇÃO DE UM NOVO QUADRO GEOPOLÍTICO A RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA - A definição das áreas de influência Ainda decorria a 2ª Guerra Mundial, e já os “Aliados” – EUA, URSS, Inglaterra -, confiantes na vitória, procuravam estratégias para estabelecer uma nova ordem internacional, e definir os termos da paz que se avizinhava, através da realização de conferências, onde se chegaram a alguns pontos: Conferência de Ialta (Fevereiro de 1945) Proposta de criação de uma organização mundial que fomentasse a cooperação entre os povos, que seria a ONU (Organização das Nações Unidas);
Desmembramento da Alemanha e confiá-la aos Aliados, consequentemente destruindo o regime nazi (estabelecimento da democracia na Europa) e imposição à Alemanha o pagamento das reparações da Guerra;
Definição das fronteiras da Polónia.
Conferência de Potsdam (Julho de 1945), com o objectivo de confirmar as resoluções em Ialta Confirmação da “desnazificação” e a divisão em 4 partes (pela URSS, EUA, Inglaterra e França) da Alemanha e da Áustria
Detenção dos criminosos de guerra nazis, que eram julgados no Tribunal de Nuremberga;
Especificação das indemnizações à Alemanha, isto é, o tipo e o montante.
No final do conflito, estava definido um novo mapa político europeu, marcada pela emergência de duas grandes potências, vencedoras da Guerra, perante uma Europa destruída e desorganizada, emergindo, então, um novo desenho geopolítico que se sustenta na formação de definição de duas grandes áreas de influência: a área soviética (URSS) e a área americana (EUA). A divisão da Europa reforçou a desconfiança e conduziu ao endurecimento de posições entre os dois blocos geopolíticos, que marcaria o período da Guerra Fria. A ruptura entre os EUA e a URSS deveu-se à extensão da influência soviética na Europa de Leste, ou seja, a extensão do comunismo provocou a crítica das democracias da Europa Ocidental e dos EUA. Churchill utilizou a célebre expressão “cortina de ferro” para se referir ao isolamento da Europa de Leste, que estavam fechados ao diálogo com as democracias ocidentais. - ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS A ONU foi criada em 1945, segundo o projecto de Roosevelt. Na Carta das Nações Unidas estão contidos os objectivos que presidiram à sua criação: Manter a paz e a segurança internacionais (para evitar novos conflitos), desenvolver relações de amizade entre as nações (baseada no principio de igualdade entre os povos), realizar a cooperação internacional (para promover e estimular o respeito pelos direitos humanos) e harmonizar os esforços das nações para concretizar estes objectivos (servir como mediador) - AS NOVAS REGRAS DA ECONOMIA INTERNACIONAL Havia consciência de que estava eminente uma grave crise económica, pois os países europeus encontravam-se arruinados e desorganizados. Assim, em 1944, na Conferência de Bretton Woods, um grupo de economistas reuniu-se a fim de estabelecer uma nova ordem económica e financeira internacional e relançar o comércio com base em moedas estáveis. As principais directrizes económicas que resultaram da conferência foram: A criação do: Fundo Monetário Internacional (assistência financeira aos países em dificuldades), do Sistema Monetário Internacional (que assentou no dólar como moedachave), do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (apoiava projectos de reconstrução das economias).
Apesar de todos os esforços para desenvolver a economia mundial, a Europa continuava frágil. Com receio que a crise europeia se estendesse aos EUA, os americanos decidiram tomar medidas imediatas. Surge, assim, o Plano Marshall (1947), que consistiu na ajuda prestada pelos EUA à Europa após a Segunda Guerra Mundial. Este programa de auxílio foi acolhido com entusiasmo pela generalidade dos países, e foi verdadeiramente essencial à recuperação europeia, pois os países beneficiários receberam 14000 milhões de dólares. Para operacionalizar esta ajuda, foi criada a OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica). Em 1949, dá-se a resposta da URSS ao Plano Marshall, com a criação do Plano Molotov e COMECON, que estabeleceu as estruturas de cooperação económica da Europa de Leste. A divisão do mundo em dois blocos antagónicos consolidou-se e os tempos da Guerra Fria estavam cada vez mais próximos…
O TEMPO DA GUERRA FRIA – A CONSOLIDAÇÃO DE UM MUNDO BIPOLAR “Guerra Fria” é a expressão que se atribui ao clima de tensão político-ideológico que no final da Segunda Guerra Mundial se instalou entre as duas superpotências (EUA e URSS), e que se estende até ao final da década de 80. No entanto, nunca houve um conflito directo, caracterizando-se apenas pela corrida aos armamentos, ameaças e movimentos de espionagem, conflitos locais, etc. Era uma “guerra de nervos”, sustentada pelo antagonismo de duas concepções diferentes de organização política (EUA – Liberalismo/Capitalismo; URSS – Socialismo/Comunismo). Assim, no tempo da Guerra Fria, assistiu-se á consolidação de um mundo bipolar. De um lado, um bloco liderado pelos EUA, politicamente adepto da democracia liberal, pluripartidária e economicamente defensor do modelo capitalista (assente na livre iniciativa e na livre concorrência). Do outro lado, o bloco liderado pela URSS, defensora do regime socialista, cujo modelo económico assentava nos princípios da colectivização e planificação estatal da economia.
O mundo capitalista Política de alianças O acentuar das tensões políticas conduziu á formação de alianças militares que simbolizaram o antagonismo militar, ou seja, os EUA e a URSS procuraram estender a sua influência ao maior número possível de países. Criou-se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderado pelos EUA (sendo o objectivo principal a segurança colectiva, isto é, ter a capacidade de resposta perante a um ataque armado) e, em resposta, foi constituído o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS, para a defesa militar do seu bloco. A prosperidade económica e a sociedade de consumo No decorrer de 25/30 anos após a guerra, os países europeus recuperaram e viveram uma excepcional recuperação económica (a produção industrial cresceu, houve uma revolução nos transportes, cresceu o numero de empresas, a agricultura modernizou-se, o sector terciário expandiu-se, etc.). Este desenvolvimento económico fez nascer a sociedade de consumo, isto é, as populações são incitadas a comprar um número crescente de bens que ultrapassam a satisfação das necessidades básicas (lar materialmente confortável, bem equipado com electrodomésticos, rádio, TV, telefone, automóveis, etc.), tudo isto possível devido ao pleno emprego e bons salários (resultados da recuperação económica). A forma que se arranjou para estimular o consumo, foi através da publicidade. A afirmação do Estado-Providência A Grande Depressão já tinha demonstrado a importância de um Estado económica e socialmente interventivo. O Estado torna-se, por esta via, o principal agente económico do país, o que lhe permite exercer a sua função reguladora da economia. O país pioneiro do Welfware State, isto é, o Estado do bem-estar (Estado Providência), foi o Reino Unido, onde cada cidadão tem asseguradas as suas necessidades básicas. Ao Estado caberá a tarefa de corrigir as desigualdades, daí o seu intervencionismo. As medidas principais do EP foram a nacionalização da economia e o garantir de reformas que abrangesse situações como maternidade, velhice, doenças. Este conjunto de medidas visa um duplo objectivo: por um lado reduz a miséria e o mal-estar social; por outro, assegura uma certa estabilidade á economia. O Estado-Providência foi um factor da prosperidade económica.
O mundo comunista O expansionismo soviético Após a 2ª Guerra, a URSS foi responsável pela implantação de regimes comunistas, inspirados no modelo soviético, por todo o mundo, ou seja, estendeu a sua influência à Europa, Ásia e África. Os países europeus que aderiram ao modelo soviético foram a Bulgária, Albânia, Roménia e Polónia. Estes novos países socialistas receberam a designação de democracias populares (designação atribuída aos regimes em que o Partido Comunista, afirmando representar os interesses dos trabalhadores, se impõem como Partido Único, controlando as instituições do Estado). Como resposta à OTAN, a URSS cria o Pacto de Varsóvia, com objectivos idênticos: a assistência mútua entre os países membros. Os países asiáticos que sofreram influência soviética foram a Mongólia, China e Coreia. O ponto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba, onde um punhado de revolucionários sob o comando de Fidel Castro e do Che Guevara derrubaram o governo apoiado pelos EUA. Opções e realizações da economia de direcção central No final da 2ª guerra, a economia soviética estava arrasada. Para afirmar o seu papel de superpotência, obtido com a vitória, havia que recuperar e rapidamente. Para tal, foi recuperada a planificação económica, onde foi dado prioridade à indústria pesada. Assim, a URSS e os países de modelo soviético registaram um crescimento industrial tão significativo que ascenderam à segunda posição da indústria mundial. No entanto, o nível de vida das populações não acompanhou esta evolução económica (faltavam bens de consumo, os horários de trabalho são excessivos, os salários são baixos, as populações amontoam-se em bairros periféricos, etc.) No entanto, as economias de direcção central (dirigidas pelo Estado) evidenciavam as suas debilidades: a prioridade concedida à indústria levou à falta de investimento em outros sectores; a planificação económica, o “jogar pelo seguro”, reduzia certos factores importantes, como o risco no investimento, o que revelou ser um entrave ao progresso. Destes bloqueios económicos resultou a estagnação da economia soviética. Apesar de inúmeras tentativas de a ultrapassar, estes bloqueios acabarão por conduzir à falência dos regimes comunistas europeus, no fim dos anos 80. A extinção da União Soviética deu-se a 1991.
PORTUGAL DO AUTORITARISMO À DEMOCRACIA Imobilismo político e crescimento económico do pós-guerra a 1974 Politicamente, após a Segunda Guerra Mundial, Portugal manteve a mesma feição autoritária, ignorando a onda democrática que inundava a Europa. No que se refere à economia, viveu-se um período conturbado na medida em que o atraso do país era evidente, não acompanhando o crescimento económico do resto da Europa, marcado pela estagnação do mundo rural e pela emigração. Por outro lado, também ocorreu um considerável surto industrial e urbano, e as colónias tornaram-se alvo das preocupações. A economia manteve estruturas que impossibilitaram o crescimento económico.
Estagnação do mundo rural e o surto industrial Apesar da agricultura ser o sector dominante, era pouco desenvolvida, caracterizada por baixos índices de produtividade, que fazia de Portugal dos países mais atrasados da Europa. O principal problema consistia na dimensão das estruturas fundiárias, no Norte predominava o minifúndio, que não possibilitava mecanização; no Sul estendiam-se propriedades imensas (latifúndios), que se encontravam subaproveitadas. O défice agrícola foi aumentando, e ao longo dos anos 60 e 70 e assistiu-se a um elevado êxodo rural e emigração, pois as populações procuravam melhores condições de vida, condenando a agricultura a um quase desaparecimento. Face a esta situação, a partir de 1953, foram elaborados Planos de Fomento para o desenvolvimento industrial. O I Plano (1953-1958) e o II Plano (1959-1964) davam continuidade ao modelo de autarcia e à substituição de importações, mas não contavam com o apoio dos proprietários. É só a partir de meados dos anos 60, com o Plano Intercalar de Fomento (1965-1967) e o III Plano (19681973), que o Estado Novo delineia uma nova política económica: - Defende-se a produção industrial orientada para a exportação; - Dá-se prioridade à industrialização em relação à agricultura; - Estimula-se a concentração industrial; - Admite-se a necessidade de rever a lei do condicionamento industrial (que colocava entraves à livre concorrência. O grande ciclo salazarista aproximava-se do fim). No decurso do II Plano, o nosso país viria a integrar-se na economia europeia e mundial, integrando a EFTA, a BIRD e a GATT. A adesão a estas organizações marca a inversão na política da autarcia do Estado Novo. Esta política confirmou a consolidação de grandes grupos económicos e financeiros em Portugal e o acelerar do processo industrial.
A emigração Enquanto que nas décadas de 30 e 40 a emigração foi bastante reduzida, a década de 60 tornou-se no período de emigração mais intenso da nossa história, pelos seguintes motivos: - a política industrial provocou o esquecimento do mundo rural, logo, sair da aldeia era uma forma de fugir à miséria; - os países europeus que necessitavam de mão-de-obra, pagavam com salários superiores; - a partir de 61, a emigração foi, para muitos jovens, a única maneira de não participar na guerra entre Portugal e as colónias africanas. Por essa razão, a maior parte da emigração fez-se clandestinamente. O Estado procurou salvaguardar os interesses dos nossos emigrantes, celebrando acordos com os principais países de acolhimento. O País passou, por esta via, a receber um montante muito considerável de divisas: as remessas dos emigrantes. Tal facto, que muito contribuiu para o equilíbrio da nossa balança de pagamentos e para o aumento do consumo interno, induziu o Governo a despenalizar a emigração clandestina e a suprimir alguns entraves.
A urbanização O surto industrial traduziu-se no crescimento do sector terciário e na progressiva urbanização do país. Dá-se o crescimento das cidades e a concentração populacional. Em Lisboa e Porto, as maiores cidades portuguesas, propagam-se subúrbios. No entanto, esta expansão urbana não foi acompanhada da construção das infra-estruturas necessárias, aumentando as construções clandestinas, proliferam os bairros de lata, degradam-se as condições de vida (incremento da criminalidade, da prostituição…). Mesmo assim, o crescimento urbano teve também efeitos positivos, contribuindo para a expansão do sector dos serviços e para um maior acesso ao ensino e aos meios de comunicação.
O fomento económico nas colónias Após a guerra mundial, o fomento económico das colónias também passou a constituir uma preocupação ao governo. Angola e Moçambique receberam uma atenção privilegiada. Os investimentos do Estado nas colónias, a partir de 1953, foram incluídos nos Planos de Fomento. O objectivo desta preocupação reforçada, era mostrar à comunidade internacional que a presença portuguesa era essencial ao desenvolvimento desses territórios, através de medidas como a criação de infra-estruturas, incentivos ao investimento nacional, estrangeiro e privado, criação do EPP (Espaço Económico Português, com vista à abolição de entraves comerciais entre Portugal e as suas colónias), reforço da colonização branca e desenvolvimento dos sectores agrícola, extractivo e industrial.
A radicalização das oposições e o sobressalto político de 1958 Em 1945, a grande maioria dos países europeus festejavam a vitória da democracia sobre os fascismos. Parecia, assim, que estavam reunidas todas as condições para Salazar também optar pela democratização do país. Salazar encenou, então, uma viragem política, aparentando uma maior abertura, a fim de preservar o poder: antecipou a revisão constitucional, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas, que Salazar anunciou “tão livres como na livre Inglaterra”. Em 1945, os portugueses foram convidados a apresentar listas de candidatura às eleições legislativas (para eleger os deputados da Assembleia Nacional). A oposição democrática (conjunto dos opositores ao regime no segundo pós-guerra) concentrou-se em torno do MUD (Movimento de Unidade Democrática), criado no mesmo ano. O impacto deste movimento, que dá início à chamada oposição democrática, ultrapassou todas as previsões. Oposição Democrática Expressão que designa o conjunto de forças políticas heterodoxas (monárquicos, republicanos, socialistas e comunistas) que, de forma legal ou semi-legal, se opunham ao Estado Novo, adquirindo visibilidade, face aos constrangimentos impostos às liberdades pelo regime, em épocas eleitorais. Para garantir a legitimidade no acto eleitoral, o MUD formula algumas exigências, que considera fundamentais, como o adiamento das eleições por 6 meses (a fim de se instituírem partidos políticos), a reformulação dos cadernos eleitorais e a liberdade de opinião, reunião e de informação. As esperanças fracassaram. Nenhuma das reivindicações do Movimento foi satisfeita e este desistiu por considerar que o acto eleitoral não passaria de uma farsa. A apreensão das listas pela PIDE permitiu perseguir a oposição democrática. Em 1949, aquando das eleições presidenciais, a oposição democrática apoiou o candidato Norton de Matos, que concorria contra o candidato do regime, Óscar Carmona. Era a primeira vez que um candidato da oposição concorria à Presidência da República e a campanha voltou a entusiasmar o País mas, no entanto, face a uma severa repressão, Norton de Matos apresentou também a sua desistência pouco antes das eleições. 1958 – Ano de novas eleições presidenciais. O Governo pensou ter controlado a situação até que, em 1958, a candidatura de Humberto Delgado a novas eleições presidenciais desencadeou um terramoto político. A sua coragem em criticar a ditadura, apelidou-o de “general sem medo”. O anúncio do seu propósito de não desistir das eleições e a forma destemida como anunciou a sua intenção de demitir Salazar caso viesse a ser eleito, fizeram da sua campanha um acontecimento único no que respeita à mobilização popular. De tal forma que o governo procurou limitar-lhe os movimentos, acusando-o de provocar “agitação social, desordem e intranquilidade pública”. O resultado revelou mais uma vitória esmagadora do candidato do regime (Américo Tomás), mas desta vez, a credibilidade do Governo ficou profundamente abalada. Salazar começou a tomar consciência de que se estava a tornar difícil continuar a enganar a opinião pública. A campanha de Humberto Delgado desfez qualquer ilusão sobre a pretensa abertura do regime salazarista. Humberto Delgado foi assassinado pela PIDE em 1965.
A questão colonial Tornou-se difícil para o Governo Português manter a sua política colonial. Depois da segunda guerra mundial, e com a aprovação da Carta das Nações Unidas, o Estado Novo viu-se obrigado a rever a sua política colonial e a procurar soluções para o futuro do nosso império. Em termos ideológicos, a “mística do império” é substituída pela ideia da “singularidade da colonização portuguesa”. Os portugueses tinham mostrado uma grande capacidade de adaptação à vida nas colónias onde não havia racismo e as raças se misturavam e as culturas se espalhavam. Esta teoria era conhecida como luso-tropicalismo. No campo jurídico, a partir de 1951, desaparece o conceito de colónia, que é substituído pelo de província ultramarina e desaparece o conceito de Império Português, substituído por Ultramar Português. A presença portuguesa em África não sofreu praticamente contestação até ao início da guerra colonial. Excepção feita ao Partido Comunista Português que no seu congresso de 1957 (ilegal), reconheceu o direito à independência dos povos colonizados. Entretanto, em 1961, no seguimento da eclosão das primeiras revoltas em Angola, começam a notarse algumas divergências nas posições a tomar sobre a questão do Ultramar. Confrontam-se, então, 2 teses divergentes: a integracionista e a federalista. A 1ª defendia a política até aí seguida, lutando por um Ultramar plenamente integrado no Estado português; a 2ª considerava não ser possível, face à pressão internacional e aos custos de uma guerra em África, persistir na mesma via. Defendia a progressiva autonomia das colónias e a constituição de uma federação de Estados que garantisse os interesses portugueses. Os defensores da tese federalista chegaram a propor ao Presidente a destituição de Salazar. Destituídos acabaram por ser eles, saindo reforçada a tese de Salazar, que ordenou que o Exército Português avançasse para a Angola, dando início a uma guerra que se prolongou até à queda do regime, em 1974.
A luta armada O negar da possibilidade de autonomia das colónias africanas, fez extremar as posições dos movimentos de libertação que, nos anos 50 e 60, se foram formando na África portuguesa. Em Angola, em 1955, surge a UPA (União das Populações de Angola) que, 7 anos mais tarde, se transforma na FNLA (Frente de Libertação de Angola); o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) forma-se em 1956; e a UNITA (União para a Independência Total de Angola) surge em 1966. A guerra inicia-se em Angola a 1961. Em Moçambique, a luta é dirigida pela FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) fundada em 1962. A guerra estende-se a Moçambique em 1964. Na Guiné, distingue-se o PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde) em 1956 e a guerra alastrou-se à Guiné em 1963. Portugal viu-se envolvido em duras frentes de batalha que, à custa de elevadíssimos custos materiais e humanos, chegou a surpreender a comunidade internacional.
O isolamento internacional A carta das nações unidas estabeleceu que todas as nações tinham o direito á sua autodeterminação. Contudo, Portugal recusou-se a aceitar esta ideia dizendo que as províncias ultramarinas faziam parte de Portugal. Tal postura conduziu, inevitavelmente, ao desprestígio do nosso país, que foi excluído de vários organismos das Nações Unidas e alvo de sanções económicas por parte de diversas nações africanas. A recusa de todas as ofertas e planos (como a ajuda americana por exemplo), remeteu Portugal para um isolamento, evidenciado na expressão de Salazar, “orgulhosamente sós”.
A Primavera Marcelista Em 1968, Salazar foi substituído Marcello Caetano, no cargo de presidente do Conselho de Ministros, que fez reformas mais liberais para a democratização do regime. Nos primeiros meses o novo governo até deu sinais de abertura, período este conhecido por “Primavera Marcelista” (alargou o sufrágio feminino por ex.). Contudo, o oscilar entre indícios de renovação e seguir as linhas do salazarismo, resultou no fracasso da tentativa reformista. A PIDE mudou o seu nome para DGS e diminuiu, ao início, a virulência das suas perseguições. No entanto, face ao movimento estudantil e operário, prendeu, sem hesitações, os opositores ao regime; A Censura passou a chamar-se Exame Prévio; se este, inicialmente, tolerou algumas criticas ao regime, cedo se verificou que actuava nos mesmos moldes da Censura; A oposição não tinha liberdade de concorrer às eleições e a política Marcelista era criticada como sendo incapaz de evoluir para um sistema mais democrático. Tudo isto levou á revolução de 25 de Abril de 1974.
Da revolução à estabilização da democracia O Movimento das Forças Armadas e a eclosão da Revolução O problema da guerra colonial continuava por resolver. Perante a recusa de uma solução política pelo Governo Marcelista, os militares entenderam que se tornava urgente pôr fim à ditadura e abrir o caminho para a democratização do país. A Revolução de 25 de Abril de 1974 partiu da iniciativa de um grupo de oficiais do exército português – O Movimento dos Capitães (1973), liderado por Costa Gomes e Spínola, que tinha em vista o derrube do regime ditatorial e a criação de condições favoráveis à resolução política da questão colonial. Estes acontecimentos deram força àqueles que, dentro do Movimento (agora passava-se a designar por MFA – Movimento das Forças Armadas), acreditavam na urgência de um golpe militar que, restaurando as liberdades cívicas, permitisse a tão desejada solução para o problema colonial. Depois de uma tentativa precipitada, em Março, o MFA preparou minuciosamente a operação militar que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado Novo.
Operação “Fim-Regime” A operação militar teve início com a transmissão, pela rádio, das canções-senha, que permitia às unidades militares saírem dos quartéis para cumprirem as missões que lhes estavam destinadas. A resistência terminou cerca das 18h, quando Marcello Caetano se rendeu pacificamente ao general Spínola. Entretanto, já o golpe militar era aclamado nas ruas pela população portuguesa, cansada da guerra e da ditadura, transformando os acontecimentos de Lisboa numa explosão social por todo o país, uma autêntica revolução nacional que, pelo seu carácter pacífico, ficou conhecido como a “Revolução dos Cravos”. A PIDE foi a última a render-se na manhã seguinte.
A caminho da democracia O desmantelamento das estruturas do Estado Novo O acto revolucionário permitiu que se desse início ao processo de desmantelamento do Estado Novo. No próprio dia da revolução, Portugal viu-se sob a autoridade de uma Junta de Salvação Nacional, que tomou de imediato medidas: O presidente da República e o presidente do Conselho foram destituídos, bem como todos os governadores civis e outros quadros administrativos; A PIDE-DGS, a Legião Portuguesa e as Organizações da Juventude foram extintas, bem como a Censura (Exame Prévio) e a Acção Nacional Popular; Os presos políticos foram perdoados e libertados e as personalidades no exílio puderam regressar a Portugal; Iniciou-se o processo da independência das colónias e organização de eleições para formar a assembleia constituinte que iria aprovar a nova constituição da República. A Junta de Salvação Nacional nomeou para Presidente da República o António de Spínola, que escolheu Adelino para chefiar o governo provisório.
Tensões políticas ideológicas na sociedade e no interior do MFA O período Spínola Os tempos não foram fáceis para as novas instituições democráticas. Passados os primeiros momentos de entusiasmo, seguiram-se dois anos politicamente muito conturbados, originando graves confrontações sociais e políticas. Rapidamente começaram as reivindicações, as greves e as manifestações influenciadas pelos partidos da esquerda. O governo provisório mostrou-se incapaz de governar o país e demitiu-se, o que fez com que o poder político se dividisse em dois pólos opostos. De um lado o grupo apoiante do general Spínola (procurava controlar o movimento popular que podia originar outra ditadura, desta vez de extrema-esquerda) Do outro lado a comissão coordenadora do MFA e os seus apoiantes (defendia a orientação do regime para um socialismo revolucionário. O desfecho destas tensões culminou com a demissão do próprio general Spínola, após o falhanço da convocação de uma manifestação nacional em seu apoio, e a nomeação de outro militar, o general Costa Gomes, como Presidente da República.
A radicalização do processo revolucionário No período entre a demissão de Spínola (Setembro 1974) e a aprovação da nova Constituição da República (1976), Portugal viveu uma situação política revolucionária repleta de antagonismos sociais. Durante estes dois anos, o poder esteve entregue ao MFA, a Vasco Gonçalves, que assumiu uma posição de extrema-esquerda e uma forte ligação ao Partido Comunista. A data-chave é 11 de Março de 1975: tentando contrariar a orientação esquerdista da revolução, António de Spínola tentou um golpe militar (fracassado). Em resposta, a MFA cria o Conselho da Revolução, ligado ao PCP, que passa a funcionar como órgão executivo do MFA e tornou-se o verdadeiro centro do poder (concentra os poderes da Junta de Salvação Nacional e do Conselho de Estado), e propõe-se orientar o Processo Revolucionário em Curso - PREC que conduziria o País rumo ao socialismo.
As eleições de 1975 e a inversão do processo revolucionário Das eleições de 1975, sai vitorioso o Partido Socialista, que passa a reclamar maior intervenção na actividade governativa. Vivem-se os tempos do Verão Quente de 1975, em que esteve iminente o confronto entre os partidos conservadores e os partidos de esquerda. É em pleno “Verão Quente” que um grupo de 9 oficiais do próprio Conselho da Revolução, encabeçados pelo major Melo Antunes, crítica abertamente os sectores mais radicais do MFA: contestava o clima de anarquia instalado, a desagregação económica e social e a decomposição das estruturas do Estado. Em consequência, Vasco Gonçalves foi demitido. Era o fim da fase extremista do processo revolucionário. A revolução regressava aos princípios democráticos e pluralistas de 25 de Abril, que serão confirmados com a Constituição de 1976.
Politica Económica anti-monopolista e intervenção do Estado a nível económicofinanceiro Os tempos da PREC tinham em vista a conquista do poder e o reforço da transição ao socialismo. Assim, nessa altura, tomaram-se um conjunto de medidas que assinalaram a viragem ideológica no sentido do marxismo-leninismo: o intervencionismo estatal (em todos os sectores da economia), as nacionalizações (o Estado apropriou-se dos bancos, dos seguros, das empresas, etc., passando a ter mais controlo da economia), a reforma agrária (procedeu-se à colectivização dos latifúndios do Sul e à expropriação e nacionalização pelo Estado e a constituição de Unidades Colectivas de Produção (UCP). Graças ao partido comunista foi aprovada a legislação para a reforma agrária com protecção dos trabalhadores e dos grupos económicos mais desfavorecidos através das novas leis laborais, salário mínimo nacional, aumento de pensões e reformas.)
A opção constitucional de 1976 Depois de um ano de trabalho, a Assembleia Constituinte terminou a Constituição, aprovada em 25 de Abril de 1976. A constituição consagrou um regime democrático e pluralista, garantindo as liberdades individuais e a participação dos cidadãos na vida política através da votação em eleições para os diferentes órgãos. Além disso, confirmou a transição para o socialismo como opção da sociedade portuguesa. Mantém, igualmente, como órgão de soberania, o Conselho da Revolução considerado o garante do processo revolucionário. Este órgão continuará a funcionar em estreita ligação com o presidente da República, que o encabeça. A nova constituição entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, exactamente dois anos após a “Revolta dos Cravos”. A Constituição de 1976 foi, sem dúvida, o documento fundador da democracia portuguesa.
O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o processo da descolonização O processo descolonizador A nível interno, a “independência pura e simples” das colónias colhia o apoio da maioria dos partidos que se legalizaram depois do 25 de Abril e também nesse sentido se orientavam os apelos das manifestações que enchiam as ruas do país. É nesta conjuntura que o Conselho de Estado reconhece às colónias o direito à independência. Intensificam-se, então, as negociações com os movimentos aos quais Portugal reconhece legitimidade para representarem o povo dos respectivos territórios. No entanto, Portugal encontrava-se num a posição muito frágil, quer para impor condições quer para fazer respeitar os acordos. Desta forma, não foi possível assegurar, como previsto, os interesses dos Portugueses residentes no Ultramar. Fruto de uma descolonização tardia e apressada e vítimas dos interesses de potências estrangeiras, os territórios africanos não tiveram um destino feliz.
O fim do mundo soviético A Era Gorbatchev – uma nova política No início dos anos 80, a União Soviética encontrava-se numa situação preocupante. Foi na conjuntura de crise que surge Mikhail Gorbatchev, eleito secretário-geral do PCUS em 1985. Sem querer por em causa a ideologia e o sistema político vigente, Gorbatchev entendeu, no entanto, ser necessário iniciar: um processo de reestruturação económica, perestroika (assiste-se a uma descentralização da economia, através da adaptação da economia planificada a uma economia de mercado, onde passa a ser reconhecida a livre iniciativa e a livre concorrência); uma política de transparência, glasnot (foi reconhecida a liberdade de expressão, aboliu-se a censura e acabou-se com as perseguições políticas, visando a participação mais activa dos cidadãos na vida política) Para além da reconversão económica e a abertura democrática, Gorbatchev também pretendia uma aproximação ao mundo ocidental, nomeadamente no sentido do desarmamento, para se chegar a um clima internacional estável.
O colapso do mundo soviético Entretanto, as reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto nos países de Leste europeu. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste, assistindo-se a uma subversão completa do sistema comunista : Na Polónia, Checoslováquia, Bulgária, Roménia, etc, os partidos comunistas perdem o seu lugar de “partido único” e realizam-se as primeiras eleições livres do pós-guerra. Assim, a “cortina de ferro” que separava a Europa, começa a dissipar-se: as fronteiras com o Ocidente são abertas e, nesse mesmo ano, cai o Muro de Berlim, reunificando a Alemanha (antes dividida em duas pelo muro). Ainda é anunciado, o fim do Pacto de Varsóvia e, pouco depois, a destituição do COMECON. A Checoslováquia divide-se em duas repúblicas – A República Checa e a Eslováquia. Origem de novos estados independentes, através da extinção da Jugoslávia, como a Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Croácia Nesta altura, a dinâmica política desencadeada pela perestroika tornara-se já incontrolável, conduzindo, também, ao fim da própria URSS. Gorbatchev nunca pretendia o fim do comunismo ou do socialismo, tenta parar o processo pela força, fazendo com que o apoio da população se concentre em Boris Ieltsin, que é eleito presidente da República da Rússia, em Junho de ’91 (que toma a medida extrema de proibir as actividades do partido comunista). No Outono de ’91, a maioria das repúblicas da União declara a sua independência. Em 21 de Dezembro, nasce oficialmente a CEI – Comunidade de Estados Independentes, à qual aderem 12 das 15 repúblicas que integravam a União Soviética. Estava consumado, assim, o fim do bloco soviético e da URSS.
Os problemas da transição para a economia de mercado A transição para a economia de mercado mostrou-se difícil e teve um impacto muito negativo na vida das populações. Perante o fim da economia planificada e dos subsídios estatais, muitas empresas faliram, contribuindo para o desemprego; a continuada escassez dos bens de consumo, a par da liberalização dos preços, estimulou uma inflação galopante (subida de preços), que não era acompanhada por uma subida de salários, lançando a população na miséria. Os países de Leste viveram também, de forma dolorosa, a transição para a economia de mercado. Privados dos importantes subsídios que recebiam da União Soviética, sofreram uma brusca regressão económica. De acordo com o Banco Mundial “a pobreza espalhou-se e cresceu a um ritmo mais acelerado do que em qualquer lugar do mundo”. A percentagem de pobres elevou-se de 2 para 21% da população total. O caos económico instalou-se e agravaram-se as desigualdades sociais.
Os pólos de desenvolvimento económico Profundamente desigualitário, o mundo actual concentra a sua força em 3 pólos de intenso desenvolvimento: os Estados Unidos, a União Europeia e a região da Ásia-Pacífico.
A hegemonia dos EUA Com o colapso do bloco soviético, os EUA passaram a reunir todas as condições para se afirmarem como a grande superpotência mundial. A hegemonia que os EUA detêm sobre o resto do mundo alicerça-se numa incontestada capacidade militar, numa próspera situação económica e no dinamismo científico e tecnológico que evidencia. O poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo económico e pelo investimento maciço no complexo industrial militar. Os EUA têm sido considerados os "polícias do mundo", devido ao papel preponderante e activo que têm desempenhado, afirmando a sua supremacia militar. A sua hegemonia assenta, igualmente, na prosperidade da sua economia. Os EUA afirmam-se como os maiores exportadores, devido ao dinamismo das suas empresas de bancos, turismo, cinema, música. O sector primário não foi, porém, abandonado. Em resultado da elevada produtividade, os EUA mantêmse como os maiores exportadores de produtos agrícolas. A sua indústria também revela grande dinamismo, tendo como consequência a liderança dos EUA em sectores de produção de automóveis, têxteis sintéticos, produtos farmacêuticos, etc. Durante a presidência de Bill Clinton, tornou-se prioridade o desenvolvimento do sector comercial, procurando-se estimular as relações económicas com a região do Sudoeste Asiático (criando a APEC Cooperação Económica Ásia-Pacífico), e estipulou a livre circulação de capitais e mercadorias entre os EUA, Canadá e México (através da NAFTA – Acordo de Comércio Livre da América do Norte) Finalmente, a hegemonia dos EUA resulta também da sua capacidade de inovar, reflexo do progresso científico-tecnológico que evidencia. São os que mais investem na investigação científica, desenvolveram os tecnopólos (parques tecnológicos, empresas ligadas à tecnologia). O sector terciário ocupa um enorme peso na economia americana (cerca de 75 %).
A União Europeia Desde a sua criação, em 1957, que a União Europeia (naquela altura, CEE) tem vindo a consolidar-se quer pela integração de novos estados-membros, quer pelo aprofundamento do seu projecto económico e político. Assim, integraram-na: Nos anos 70 – Inglaterra, Irlanda e Dinamarca (1973) – Europa dos 9; Nos anos 80 – Grécia (1981), Portugal e Espanha (1986) – Europa dos 12; Nos anos 90 – Áustria, Suécia, Finlândia (1995) – Europa dos 15. Recentemente entraram os Países Bálticos: Chipre, República Checa, Eslovénia, Eslováquia, Hungria, Polónia, Letónia, Lituânia, Malta (Europa dos 25). O principal objectivo da CEE era a união aduaneira, concretizada em ’68. No início dos anos 80 vigorava a Europa dos 9, porém, o projecto europeu encontrava-se estagnado. Decidido a relançar o projecto europeu, Jacques Delors, concentrou-se na renovação da CEE: Em '86 foi assinado o Acto Único Europeu, que previa o estabelecimento de um mercado único, onde, para além de mercadorias, circulassem livremente pessoas, capitais e serviços. Em '92 celebrou-se o Tratado da União Europeia (Tratado de Maastricht) que estabelece uma União europeia (UE), fundada em três pilares: o comunitário, de cariz económico e, de longe, o mais desenvolvido; o da politica externa e da segurança comum (PESC), e o da cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos. Foi instituída a cidadania europeia e definiu-se o objectivo da adopção da moeda única. A 1 de Janeiro de 1999, onze países inauguram oficialmente o euro, que completou a integração das economias europeias. O euro entra em vigor em 2002.
Dificuldades da união política Têm sido muitos os obstáculos à criação de uma Europa política: os países que não se identificam na totalidade com o projecto europeu, ou os que resistem às medidas que implicam a perda da soberania nacional, a integração de mais países (conjugar interesses de países diferentes), que não tem favorecido o caminho de uma Europa mais unida, a incapacidade da EU de resolver questões como o desemprego, etc.
O Espaço económico da Ásia-Pacífico O milagre japonês dos anos 50 e 60 deu início a um processo de desenvolvimento económico que iria, nas décadas seguintes, contagiar outros países asiáticos. Com efeito, o sucesso do Japão serviu de incentivo e de modelo ao desenvolvimento dos “quatro dragões”: Hong Kong; Singapura; Coreia do Sul; Taiwan. Os quatro dragões compensaram a escassez de recursos naturais com o esforço de uma mão-deobra barata e abundante, com o apoio do Estado (que investiu altamente no ensino, tendo em vista a qualificação profissional da população, apostou em políticas proteccionistas com vista a atrair os capitais estrangeiros e na exportação de bens de consumo). Em resultado, estes países conseguiram produzir, a preços imbatíveis, produtos de consumo corrente que invadiram os mercados ocidentais, promovendo sectores como o da indústria automóvel, construção naval, etc. Quando a crise afectou a economia mundial na década de 70, o Japão e os “quatro dragões” iniciaram um processo de cooperação económica com os membros da ASEAN (Associação das Nações do Sudoeste Asiático), que agrupava a Tailândia, Indonésia, Filipinas e Malásia. O desenvolvimento destes países resultou das necessidades de matérias-primas, recursos energéticos e bens alimentares, de que eram importantes produtores, por parte do Japão e dos “quatro dragões” que, em troca, exportavam bens manufacturados e tecnologia. Este intercâmbio deu origem a uma nova etapa de crescimento, mais integrado, do pólo económico da Ásia Pacífico. O crescimento teve, no entanto, custos ecológicos e sociais muito altos: a Ásia tornou-se a região mais poluída do Mundo e a sua mão-de-obra permaneceu, maioritariamente, pobre e explorada.
A questão de Timor Timor foi dos poucos casos na Ásia onde se instaurou uma democracia através de um processo de autodeterminação. Em 1974, a “Revolução dos Cravos” agitou também Timor Leste, que se preparou para encarar o futuro sem Portugal. Na ilha, onde não tinham ainda surgido movimentos de libertação, nasceram três partidos políticos (A UDT (União Democrática Timorense), que defendia a união com Portugal num quadro de autonomia; A APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), favorável à integração do território da Indonésia; E a FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor Leste Independente), com um programa independentista, ligado aos ideais de esquerda.) Esta última, em 1975, declara, unilateralmente, a independência do território, mas em Novembro, o governo indonésio ordena a sua invasão por tropas suas. Timor resiste, e a sua resistência continuou activa nos anos 80, encabeçada por Xanana Gusmão (líder da FRETLIN). Em 1991, a consciência da comunidade internacional foi despertada, através do visionamento de imagens de um massacre a civis timorenses. No fim da década, a Indonésia aceita finalmente que o povo timorense decida o seu destino através de um referendo, que fica marcado para Agosto de 1999. O referendo, supervisionado por uma missão das Nações Unidas, a UNAMET, deu uma inequívoca vitória à independência, mas desencadeou uma escalada de terror por parte das milícias pro-indonésias. Uma onda de indignação e de solidariedade percorreu então o Mundo e conduziu ao envio de uma força de paz multinacional, patrocinada pelas Nações Unidas. A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a República Democrática de Timor Leste.
Modernização e abertura da China à economia de mercado O arranque da China para o processo de modernização e abertura à economia de mercado teve início nos fins da década de 70, altura em que Deng assumiu o poder. O Líder chinês iniciou um processo de grandes reformas económicas, lançando as bases do desenvolvimento agrícola, industrial e técnico da China. Seguindo uma política pragmática, Deng dividiu a China em 2 áreas geográficas distintas: O interior, essencialmente rural, permanecia resguardado da influência externa; e o litoral abrir-se-ia ao capital estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado internacional. O sistema agrário foi reestruturado. Entre 1979 e 1983 as terras foram descolectivizadas e entregues aos camponeses, estes que podiam, então, comercializar os seus produtos num comércio livre. Assim, a produção agrícola chinesa cresceu 50% em apenas 5 anos. O sector industrial foi altamente modificado em favor da exportação. Em 1980, as cidades de Shenzhen, Zuhai, Shantou e Xiamen, passaram a ser “Zona Económicas Especiais”, eram favoráveis ao negócio pois o investimento estatal estava aí concentrado.
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