Hinos Órficos - Parte 1
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Uma parte da excelente tradução dos Hinos Órficos por Ordep Serra para a editora Odysseus...
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SÉRIE KOÚS
9 HINOS ÓRFICOS: PERFUMES
HINOS ÓRFICOS: PERFUMES
Introdução, radução comentário e notas: Ordep Serra
Série Koúros
2015
ODYSSEUS
.
Dads Internacoais Ctaogação na Pubiaç (CIP) 074h
Hs Ós: fms ; ç, má s Op S. - S l Oysss E 15. (Sé Kú�s T ' Yµv SBN 978878763 L G ps 2 M G Of R A Hs ss G Op T S coo
88
Ís p ssmá ps
88
Pa Marina Martinelli Serr SÉRIE Koúos
e Carlos Martinelli Serra Lemos,
Todos os dretos desta edição reseados à: © 2015 Odsseus Editora Ltda.
criatus esplêndidas que têm os olhos a músia de Orfeu.
Tíulo orgna: 'pw Yµv Tradução: Ode Sera Resão, Jaez Oera Pedro Usen Caa: Tago Crilo / ST Edo: Stanos Tsirakis dyeu do da. Ra dos Macuns 495 05444-00 São Pauo/SP Tel/fax: (11) 38160835 ema edora@odsseuscob odsseuscombr ISBN, 978-857876037
Edção, Ano 205
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SUMÁRIO
Sére Koiíros 9 Abrevatus e sglas 13 Índce de lustções 16 Invenção de Orfeu
21
Hinos Órfcos 1- 87
SOBRE TRADUR
ÜRDEP RRA, Bacharel em Letras e Mestre em Antropoogia Socia pela UnB,
doutor em Anropoogia pela USP, aposenou-se como Proessor Associado da FBA onde ainda aua em um programa de pósgraduação e em ois grupos de pesquisa. Iniciou sua carreira docente na UnB ensinando ngua Grega a aunos de graduação e psgraduação c omo insrutor sob a orien tação e Eudo e Sousa Em seu outorado, oi orientao na USP por Haiganuc Sarian e no Centre Louis ee da EHESS (onde esagiou a convite o Prof Pierre Veant) peo P f Pierre VidaNacquet É memb a Sociedae Brasieira de Estudos Clássicos da Associação rasilira de An poogia da SBPC e da Academa de etras da Baia Foi três vezes premiado em concursos nacionais de iteraura Tem dez livros de ensaios pubicados participação com capítulos em oito obras ensasticas coetivas e quatro obras iterárias éditas três deas premiadas Em periicos cienficos e de diusão utural já eu a ume mais de cinquena artigos Traduziu obras eruditas de Waler Oo Kar Kerényi E. Haveock Bruce . Trigger A Snograss. Traduziu ambém a tragédia Rei Édipo, de Soces o Hino Homérico a Hrms e o Hio Homro a Dmtr. r
r
r
r
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17
Comentários e noas 05
Bblografa
727
ndes de ttulos e subttulos 740 brevaturas de autores e obs antga t adas 7 Caderno de magens 75
4
SÉRIE KOÚROS
A Odysseus Editora lançou em 2007 os primeiros volumes da Série Koúos, que se propõe a apresentar ao público brasileiro traduções de textos importantes da cultura clássica grega. Ao leitor queremos fazer um pequeno reato de nossa motivação e de nosso projeto Hoe, mais de vinte séculos depois que grande parte daquilo que nos dispusemos a trazer a público foi escrito devemos nos perguntar qual é a importância ou a urgência que devemos dar à tarefa de ler os clássicos O leitor certamente deleitar-seá com os textos da cultura clássica. Primeiro, porque possibilitam que tomemos contato com as raízes da cutura ocidental uma época em que se lançavam as bases da filosofia do teatro do esporte e do pen samento potico e revelam as crenças e os valores da cultura clássica. Segundo porque nos permitem lançar um olhar sobre os dilemas e angústias da existência humana que muitos séculos depois permanecem Temos a convicção de que a cultra de nossos dias tem muito a ganhar debruçandose sobre os clássicos e assimilando se não como modelo ao menos como referência o pensamento e as realizações formidáveis do esprito humano durante a An tiguidade. Aquelas produções mostramse ainda ao homem de hoe como um farol que permite e norteia o navegar num mo
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9
mento d e grand es transformações e poucas referências sólidas
religiosas então
para guiarem seu caminh o .
novos refúgios Se a sac ralização d o labor a juou a d esenvolve r
Ler fio com
as a
tragédias e
os
Hinos Homécos nos permite reatar
Antiguidade e redescobrir nas obras
o
o
que não foi
as
dominantes
e d a are e a ciênca fizera mse
ciências, nas let r as e nas arte s plástica s temos
a
impr essão
e qe reina ho je um onanismo que par ece apenas testar se
escamoteado, mas exposto pelos gregos : as múltiplas facet as d o
capacidae
esprito e d a complexidade humana tratadas com surpreen dente
parece que não conseguimo s mais nos s eduzir com a beleza do
compaixão e benevo lência . A everência
pr óprio homem pois a beleza também foi t ocada pela mão de Mias e transformouse em algo não mais revelado pelo esprito,
de
aos d eu se s
é ante s
mais nada, a reverência às múltiplas e intrincaas aptões/
facetas
evelada como arra njos possíveis essas forças eternas que nos fascinam O que restou da imensa prod ução dos ntigos g r egos
que não corro mpe
aina
desejo e conhecimento fazemos g ratificantes viagens pelas
há de receber
o
da
pers ona lidad e humana nos é
Nã o construmos n ovos mtos e
mas a l_o que o vil metal diz alcançar Nós, o s leitores quando nos d eparamos com uma tradução
do
homem A riqueza
de sonhar subsiste
a
reconhecimento de inúmeras gerações
e inspirá-las até que coloquemos no céu novas constelaçõe s
realizações
dignas
mas fiel possvel
e guiarem nossos passos ne ssa jornada ou por que
não izer? nessa
od isseia
e nos imbumos
do
esprito humano Um texto bem traduzido e aos sentido s originais tor nase
o
fecuno nova
mente Quando percebem os os traços e arro jo e beleza ficamos
que é a vida .
Pod erí amo s ir além e e specula r que séculos d e divórcio entre filosofia e ciência somente acentuaram a separação entre os mundos d a pr odução material
do
os s entidos originais
então a imagina o encantamento e s uscito
os
efeitos que aquela obra
em seu público origin al
Queremos a graecer aos tradutores que antes e qualquer
e aquele das conquistas d o esp
rito E poemos d esejar a inda alcançar um ponto d e observação
outra coisa, são
privil egiado para melhor avaliarmos os ganhos e as perdas que
rastros que as ieias fundadas lá atrás deixaram na linguagem do
o
estu diosos que procuram como caçadores os
nosso tempo E para r ecupe r a r aquelas out ras concepções que
cristianismo propiciou ao esprito humanista O homem servo de deu, cristão, maniquesta, depois d e tentar
poucos ind cios
deixa ram os t radutores
armamse e palavras
exorcisar infinitos demôni os tornouse eunuco extirpou seu
como que e cinzéi s e e sculpem para nós os text os com g rande
próprio 1; afina l a concepção judaicocri stã
evoção Somos muito gratos pelos d eleites para o espírito que
do
homem
como a lgo para s empre corrupto traz pouca coragem e luz ao es
essa
empreitada junto a e ss es homens tem nos propiciado
prito O homem ocid ental empenha se, d esde o Renascimento,
Para terminar queremos agraecer à eitora grega Káktos e
em resgatar a herança clássica Apararamse arestas refundouse
a seu editor O dysseas H atzopoulos que há 5 anos se lançou
o d ireito d e livrepensamento numa d isputa com
à he r cúlea tarefa e tra duzir para o g r ego moern o um enorme
as concepções .
10
!!
tesouro: a totalidade dos escritos remanescente s da Antiguidade (ho je seu catálogo soma quase mil volumes, supera ndo em nú mero coleções como as da Belles Lettres e de Ox ford) - por terem prontamente incentivado nosso pro jeto e cedido os textos em grego antigo digitalizados, para que os incluís semos nesta série. Em sua homenagem e com seu consentime nto usaremos a logomarca da Káktos como sí mbolo da S éi e K oúr os.
ABREVIATUR AS E SIGLAS
•
S. T
Nesta relação, as siglas que correspondem a publicações estão acompanhadas dos títulos sumariamente indicados mas na Bibliografia encontra-se a referência competa às obras em questã� com a respectiva sigla no final OF e OT assinalam no texto, fragmento(s) ou testemunho(s) órfico(s) com os números correspondentes nas respectivas edições, indicadas por uma letra ou um nome Assim por exemplo, OF 10 K indica o fragmento órfico que re cebeu o número na edição de Kern; OT 1 Bernabé corresponde ao testemunho que na edição de Bernaé recebeu essa numeração. Essas edições de fragmentos e testemu nhos órficos se acham na presente relação assinaladas do mesmo modo que as outras obras nela evocadas a referência completa se encontra na Bibliografia. A indicação dos Hinos Homéricos e dos Hinos Órficos citados se faz com as siglas correspondentes (HH e HO) mais o número que tradcionalmente lhes é atriudo No caso dos Hinos Óricos, os números que identificam cada um acompanham o respectivo título. Quanto aos inos Homéicos tomouse o cuidado de indicar no próprio texto o nome do deus a que é dedicado para facilitar a consulta do leitor interessado As siglas TOA e og Epi eme tem a fragmentos editad os por 1
Roxana B Martinez Nieto (2000) como se indica nesta relação e se mostra no texto As obras clássicas são citadas em latim com as abreviaturas convencionais "
I2
IJ
ANET Ancient Near Eastern Texts elating to the Old Testament. ABV [BEAZLEY Attic Black Figue Vase Paintes ARV [BEAZLEY. Attic Red Fige Vase Paintes ARW Achiv fü Religionswissenschat.
•
WUNSCH Antike Zaubegert aus Pegaon.
AZP BCH CIG CQ
Copus Inscriptionum Graecarum Classical Quarely.
CVA
Copus Vasou Antiquom.
Buletn de Coespondance Hélenique
DELG CHANTRAINE] Dicionnaie Étymologique d e la Langue Gecque DEL
[ERNOUT & MEILLETJ Dictionnaire étyoogique de la langue !atine
K
[DIELS & KRANZ Die Fagente de Vosokatike DML [BRUNEL Dicionáio de Mitos Liteáios DKP Die Keine Pauy.
G HS
nscptiones Gaecae. ounal of Hellenic Studies ounal of Indo-European Studes
ES KPh ahbüche fü k lassische hilologie MC exicon conographicum Mythologiae Classicae [IDDELSCOT/OHSON A GeekEngish Lexicon S MH
Museu Helveticum
OF OT
= fagmento(s) ófico(s) Orphicorum testmonmla = testemunho(s) elativo(s) a Oreu ou a atéia ófica
Paa
BEAZEY Paalipomena
Orphicormfgmentumla
PGM Papyi Gaecae Magicae. PMG RE Rsher
Poetae Melici Gaeci Paulys Realencylopdie de Altetumswissenschaft Ausfhrlischer Lexikon de Giechischen und Romische Mythoogie
Fig
Etymologicu Magnu Genuinum Figua
Schol Escólio SI Sylloge lnscriptionu Gaecarm
Fag
Fagmento.
SVF Stoico Veterum Fragena Teog. Epi [MARTINEZ NETO Teogonia de Epimênides.
EG
Die Fagente de Giechischen Histoike GRBS Geek, Roman and Byzantine Studies HH Hino Hoéico HO Hino Ófico FGrH
ThesCRA Thesauus Cultus et Rituum Aniquom TOA Teogonia Ófica Antiga (Matinez Nieto) ZPE
Zeitschift f Papyrilogie und Epigaphik
HOUASS Dicionáio Houass da Língua Potuguesa "
I4
15
ferdo no peito por uma mulher que o ataca com um chuço o herói se apoa no solo com a mão esquerda e com a d ireta ergue a lra. Outras damas se aproxmam erguendo pedras a im de lapidá-lo (nem todas são visíveis nesta reprodução da magem do aso). CVA 4 p 20. C. LIMC, art. Orpheus, cat 39.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES (Cadero d Imagns, pp. 753-68)
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e Oreu coroado de louros a tocar sua lira entre guerreiros trácios. Cratera ática de iguras vermehas de meados do século V a.C. Pintor de Nápoes. Hamburgo Museum ür Kunst und Gewerbe 196870 Para 450.21 423. C. LIMC s.v Orpheus, cat. 8.
e Morte de Oreu Ânora de Nola iguração do Pin tor de Nápoles, obra datável de circa 450 a.C. Nápoes Museo Nazonale H 314. Mulheres armadas atacam o poeta que ergue sua lra já aindo. ARV' 852 2 LMC s.v. Orpheus cat. 44.
e ' Oreu coroado de hera a tocar sua l!ra entre guer reros trácios Cratera ática de iguras vermelhas datvel de circa 450 a.C. procedente de Gela. Pintor de Oreu Berlin Antke Sammlung Staatlche Museen V. I. 3172 AR 1103-1104. C. LIMC, s.v Orpheus cat 9
e A cabeça de Oreu é encontrada por um homem (na praia de Lesbos? em presença da Musa Calíope Hídria ática de guras vermelhas datável de circa 440 a.C Autoria presumida de pintor do grupo de Poignoto. Baseia Antikenmuseum und Sammlung Ludwg. Número no Beaey Archiv: 37 35. LIMC s.v. Orphe, cat 68
2
e Oreu a tocar entre guerreiros trácios Cratera ática de guras vermelhas crca 430 aC Imagem atribuída ao Pintor da Centauromaquia do Louvre Museo Archeologico Regionale di Paermo 5502 (2562. AR 109040. C. LMC sv Orpheus, cat 1. e Oreu junto a guerreiro trácio que se volta para mulher armada Cratera ática em orma de sno em iguras vermelhas circa 440 a.C. atribuída ao Pintor de Londres Me tropolitan Museum o Art New York n. 24 9730. C. LIMC s.v. Orpheus cat. 26. e 5. Morte de Oreu. Stamnos ático de iguras verme lhas pintura de Hermonax circa 470 a.C. Paris Louvre, G. 416. 16
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e Estatueta mostrando Oreu a tocar a lira cercado de animais. Procedente de Egia século IV Hoje em exposição no useu Crstão e Bizantino de Atenas LIMC sv Orpheus, cat 143c. e Oreu e Eurídice Reevo romano em mármore da época imperial (quçá do século II de nossa era cpia de um a obra grega do século VI a.C possível componente do altar dos doze deuses da ágora ateniense Louvre inv. MR 702 e Oreu e as sereias. Lécto ático de iguras negras datável de circa 580 a.C. Bremmer 1991 p. 23 Cerqueira 2003 p 76 e p 84 17
Imagem Orfu nos infrnos tocr lir. Crtr d vo luts, tribuí o Pintor d Drio, circa 330 Nápols Muso zionl 8166 (H3222) LMC s.v Orpheus, ct. 83
Máic d Péro. Mornd, 2001, p. 202, Image m 8 T ábul
Imagem ' Orfu rodo por niis tocr lir Mosico d pvinto rono do prodo ipri• Plro, Muso Ar choloico Rionl di Plro Cf. LIMC sv Orpheus ct 06
plt dos frscos do s ão 5, uro Imagem A Squênci co i. Pompa Data provávl ntr 60 norte , da V ila di Mistr
Imagem Dioniso nino ntronizdo sduzo pr ort plos Titns. Pxid d rfi d Bolonh século V d noss r Muso Archoloico Cvco di Bolon inv. no. PCR12 Krényi 2002, fi 66b MC sv. nysos/Bacchus n. 267 Imagem Orfu nos infrnos tocndo ctr dint d u inicido. Ânfor ápul fiurs vrlhs Pintor d nids, circa 325 C Bsili Antikusu und Luwi Slun S 40 LMC sv Orpheus ct 88. Imagem Orfu nos infrnos co u fli d inicios Crtr ápul d voluts fiurs vrlhs. Obr o Pintor dos nfrnos, dtávl d 330310 .C Musu d Muniqu, Anti knslun, insr. 3297 (.849) Cf. Pns, 1970, fi 5; Srin, 1990, p 40 fi 3 Imagem Orfu nos infrnos prsntndo u dfunto. O vt posts dint do plácio d Prséfon fc d éct Vês is ci Dic (ou Euric?) brir u port. Fr Fnici (Ncrópol d Ruvo) MC s.v. Orpheus ct. 83.
pi 5.
50 antes de Cristo.
do cubiculu d V ill di Image m A'. do V lho Silno 60 50 nts d Cristo Mistri Pope i Dt prováv nt do cubculu d V ill Image m A3 do Dionso Moço 60 50 nts d e Mistri Pop i. Dt provávl ntr Cristo
Imagem Doysos Maó1eos: o dus dlirnt dspdçr u crvo titud d dnç Stnos áico d furs vr lhas, 480 C British Musu, Londrs, tcul BME 439 Cf. A 298643 CVA 3 t 19 174) LMC , 1 p 414-514 ct 151 Imagem Cristo Orfu d Ctcub d Pdro Mrclino. htp/coons.wikidiorwiiFl:ChristOphus_fro Roctcobj p
Imagem a aa "Cn d ctqus do frsco d Vill di Mistri slão 5 uro nort Popi Dt provávl ntr 60 e 50 C.
magem Protóono Rlvo Módn século d noss r Mon, Muso Civico Archoloico inv 2676
I8
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1
INVENÇÃO DE ORFEU Re f lexão sobr e os hinos ócos e seu p oêmo 10 Liv o dos P ems
O du verorener Gott! u, Unendiche Spur Nur weil dch ressend zuletz die Fendschaft verteite Sind wir d Hõrender jetzt und ein Mund der Natur. - Rainier Maia Rlke De Sonete an Ophus, XXVI
Orfeu é símbolo do fazer criativo que os gregos chamavam de poíesis, uma atividade que dá frutos em todas as esferas da imaginação. Assim a imagem ele atravessa os tempos e ressurge inúmeras ees, na literatura na msica no teatro na dança nas ares plásicas na fiosofia no cinema A invenção de Orfeu 1
' Gandes atista têm gaantido a pemanência de Ofeu no mundo modeno. Na liteatua, podemos cita poetas como Hugo Aponaie Valéy Rlke Piee Emanuel e Joge de Lima ente outos muitos outos pelo mundo aoa N tato b asta que se ecodem os damas de Victo Sgalen Jean Cocteau Jean Anouilh e Tns Wiiam po exemplo Na música já celebaram o poeta sagado os compoitoe Lizt Oenbach Gluc Montevedi Stawinsky Bo hilip Glass No cinema deam-lhe vida noa Cocteau e Macel Camu paa ica só com eses Nas ates páticas destaco Düe, lge Chaga e oudelle ent os muitos que nos to ueam nova imagns do canto abuloso A magníica "Geação de Oeu blhou em otuga com poetas do quilate de Fenando essoa e Máio de Sá Caneio alm de gandes pntoe a eemplo de Amadeo de Sousa Cadoo e Santa Ra into Uma elação de atitas ascinados po Oeu no mundo contempoâneo não cabeia nstas págnas Iso vem
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21
não acaba nunca: é infinita e ubíqua, segundo bem mostou o nosso poeta Jorge de Lima. Dela fazem pate os hinos aqui apesentados. Eles tazem o nome do misteioso poeta Ofeu é misteioso no sentido oiginal do temo, que e mete a Mistéios, a cultos de Mistio adjetivo "místico" tem a mesma aiz fala do silêncio em que se envolvia essa modali dade de culto. Ambas as palavas se viam empobecidas, a igo amesquinhadas com a edução do misteioso ao enigmático, do místico ao vago e obscuro. Tona-se impeativo emonta à fonte O culto de Mistéios envolvia iniciação, alentada pela espe ança de comunão com a divindade Enceava a pomessa de uma ligação adical com deuses a um tempo queidos e temidos Esta foma de culto distinguiase de todas as outas, na Gcia Antiga, pelo impeativo do segedo O nome substantivo mystéria que sempe se egista assim, no plual nos documentos mais antigos tal como seus cognatos mye ("nicia") e my'sthai (se iniciado") deiva de uma aiz *mu [pesente no latim mutus done o potuguês "mudo"] que tem o significado básico e "fecha". O mjses, o iniciao, alguém que mantem os lábios ceaos, guadando o segedo eligioso. A iniciação nos Mistéios constituía um ito de passagem Seguno podemos vislumba po meio de testemunhos sem pe incompletos, fequentemente elusivos, esse ito evocava a angústia da mote e sugeia um enascimento espantoso, capaz de longe. Para o Ocdente, Orfeu "enasceu no sculo XVI com Masio Fcno e co della Mrandla no despona de um noplatonsmo recrado em cepa cstã. Fcno raduzu os Hinos Ôrfics e des se valeu como músco e mago pos acedtava que ao entoá-los com seu mto muscal poda cua maes do corpo e peturbações da ama
2 2
e estenese paa am os iites da exstência uana, das fonteias qe sepaa vida e mote Cumpio esse ito e passae novos atos de sagação e novas ceebações tinam uga eguaente paa os mistas, compondo as leaí. 2
•
•
Vae a pena epensa a noção de mistio. Convém pati o qe gee os signos d a expeiência mstica pesentes no pensaento os antigos elenos na sua poesia pincipamente. ssi talve se tone possíve da outo alcance ao conceto nováo o um toque do antigo valo, emboa não se tate e ua vota ao sentio inicia Se a qeemos empega coo euso de pensamento paa a iluminação a vida pesente, o eseável que a ieia e mistio" vá aém do campo eligioso, aano mas ultapassando a foça poética dessa oigem. Deaado o popósito, diei como a paava meece se 2
Um rameno de uarco (168 = Stob Ah V, 52, 49) qe evoqu e traduz
em outro estudo (Serra 200, az anaoga ent o transe da more e a ncaão nos stéros Dse uma claa correspondênca ente a more e a ncaão t os nomes se aproxmam d utarco, ev ocando a semelança enr os noms â e 'morrer e ncarse. Na squnca le desdoba a anaoga: pncípo udo são errncas, penoso moverse em ccuos e deambuar pela escurdão por ncras vas e descamnos; em seuda, bem pero do m, oda espce d teror e mor, suores e caaros xtremo embarao De súbto pom, es que uma u maravlosa vem ao encontro do errante acodoes, espaos puos se descornam vergs em que eles dscernem voes suaves coros de danas procamas sagradas e sanas vses Ee vêse então, peretamente ncado e camna em lbedade despenddo d todo ao, a stejar cm outras pessoas sanas e puras coroado de lores E abao a seus ps dvsa os nã ncados, multdão mpua que se comprm merguando na brma e na ama .
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usada: mistéio deve chama-se o que só o silênco sabe dze. Mas há que escutálo Pos este sênco canta. Tem a mú sca de Ofeu hamona de magens, atos damátcos e vozes a comunica o dvno deikhnúmena, drómena, legómena. Caso me peguntem se sso faz setdo, se vale a pena da ouvdos a mstéo pestando atenção, de um modo novo, ao que há muto tanscoeu (ou se magnou) em ccunstâncias paa nós ecupeáves só tenho um jeto de ustfcálo peço que se econheça a foça nspadoa dos tos antgos maca dos po este nome Ela fez oa muta poesa e alentou o voo de um pensamento cativo Em testemunho dsso, basta que se eco�deuma passagem decsva, matz de um gande legado, de cua qeza anda nos valemos A fim de evocáo, apelae ao testemunho de Pau Fedaende (1928) confome ee bem mostou (dando a mas caa expessão a uma tese de Ds), Platão, em sua exubeante oba flosófca, eazou uma transposição intelectual dos Mistérios 3
3 A propósito, ver Eudoro de Sousa 197, p 245-256 No seu brihante estudo denomiado "Mto e dialética em Patão", que tem como subtítulo Da tranposição intelectual do Mistério o grande erudito brasilero cta em epgrafe, traduzdoa uma paagem admrável do lvro Platon de Paul Friedndr: Um camino da obs curdade para a cladade camho ecalonado viávl não sem dpêndo de mutos eorço mas em cujo término uma dvndade se mostra a nossos olos envota em luz desumbrate; a meta suprema cercada de um mistéro que não é mposto arb traramente e de qu não é preco cuidar que seja proanao por paavra. pos por palavras não pode ser expreso Abragedo de reace estes traços da ilosoa e do enso platôn cos como ão reconhecer a sua mutas aind ade com o mistéros, sobretudo os de Elêusis? (N 8 Em Elêusis como se sabe também loresceram o germes ricos) Logo no primero parágrao do etudo que tem essa epgrae Eudoro de Soua eclarece reumndo a eposção de redlander "Seja qua or o uo que
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Hoe poucos o questionam Mas uma advetência fazse neces sáia a iquea de Orfeu não se esgotou nessa tansposção Tampouco a aegoese neoplatônca a consumu O dálogo ente osofia e poesia que assim teve uga fo futífeo, poém a onte de que bebeam os pensadoes fascinados po Ofeu não se conteve em seus domnos Tansbodou Anda tansboda • • Oeu é um evelado que se ocuta pofundamente Ee não é menconado nos poemas de Homeo nem nas obas de Hesodo A pimea efeênca a seu nome que chegou até nós se enconta no fagmento 26 do poeta Íbico de Régio, de in cios do sécuo VI aC Segundo a sumáia sentença de Íbco Oeu ea um poeta de gande nomeada (onomaklytós) potanto á consagado naquela altua É cto nfe desse testemunho que obas do vate acamado á cculavam no sécuo VII Mas po que o sêncio pecedente? Afna, quem ea mesmo esse gande poeta que a pimea notca nos evela famoso Teá ee existido como um de nós, como um homem de cane e osso?
almete e ponuce sobre o que latão deve a tágora e a Oreu verdade bem a eguada que o grade dcpulo de Scrates no dálogos do período ntermedáro leou delibeadamete a m e a cabo uma raspoição ndcua o mtéo." etaquei redlade e Eudoo de Sousa por conta de ua rcas releõe sobre o assuto ma de uta ecoece que ea deia remonta a A i 192) e eu oje clássico Ao o Recetemete, Albeto Bernab 201) ez uma demontração cabal dea tee em um etudo muto agaz, percucete erudito e competo
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De um modo gera, os gregos antigos acreditavam que sim. A maioria dos modeos sustenta que não É que a figura de Orfeu tem inegáveis contornos míticos Seja como for, não se pode negar realidade à fonte primeira dos textos órficos ou seja, à imponderável matriz dos textos mais antigos dentre os tantos que produziram a nomeada de Orfeu Ao que tudo indica, essa fonte obscura terá sido bem remota Resuta difíci locaizá-la no tempo, situáa no espaço. Entendase: várias obras foram atribuídas a Orfeu em escri tos que se distribuem ao ongo de muitos séculos Essa atribuição se fez de duas maneiras Na mais simples, um deterinado autor cita uma teogonia, um hino, uma sentença, u receito ou um ensinamento que credita a Orfeu Às vezes porém, sucede coisa diferente: apresenta-se como Orfeu um autor que de outro modo não se dá a conhecer, mas pode ser situado no tempo, em gera a uma distância consideráve das mais antigas obras onde se lê o nome e se proclama a autoria do herói-poeta Em todo o caso, sempre se trata de alguém situáve a uma distância ainda 4
• Uma exceção notável com respito ao ponto de vista que prvalcia entre os antigos fo Aristótees, para qem Orfeu nnca existu: qem o dz é Cícero no D, 1at
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